Revista [B+] Edição 23

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S UM ÁR IO

EDITORIAL 10 ONLINE E MURAL 12 FÓRUM DE LIDERANÇA [B+] 14 BLOCO DE NOTAS 16 IMÓVEIS+ 20 MÍDIA+ 24 NEGÓCIOS 27 LIDERANÇA NO FUTEBOL 30 [C] LIDERANÇA E AS VELHAS QUESTÕES DE GÊNERO 34 COMO NASCE UM LÍDER POLÍTICO? 36 [C] LAS VEGAS X SALVADOR 39 [C] VENEZUELA E HOLANDA 40 INTEGRAÇÃO DE EMPRESAS 41 [C] QUEM PRECISA DE PROGRAMA DE MILHAGEM? 42 ESPECIAL COPA DO MUNDO 44 As seleções visitam a Bahia A mobilidade de Salvador REVOLUÇÃO NAVAL COMEÇA AQUI 50

O APAGÃO DAS LIDERANÇAS 54 DUDA KERTÉSZ 58 EDUCAÇÃO 63 MELHORES MOMENTOS DO QUALIFICA ONLINE 64 COMO FORMAR NOVOS LÍDERES 66 PREMIAÇÃO EM MORRO DO CHAPÉU 70

SUSTENTABILIDADE 71 OURO VERDE 74 [C] O CICLISTA INVISÍVEL 76 [C] TRÊS REGRAS PARA SUSTENTABILIDADE 78

LIFESTYLE 79 O PRIMEIRO EMPREGO DOS LÍDERES 80 SABOR: CHEF DELIVERY 84 DECORAÇÃO: ARTE E INSPIRAÇÃO 88 [C] GILBERTO GIL, LÍDER DA ALMA 92 MOTOS ALÉM DAS 500 CILINDRADAS 94 NOTAS DE TEC 98

ARTE E ENTRETENIMENTO 97 ARENA FONTE NOVA COMPLETA UM ANO 100 APLAUSOS 103

CONTE AÍ 104

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E X PE DIE NT E

A edição 23 traz na capa a criação do baiano Cristiano Franco. As obras que ilustram as colunas desta edição são do artista plástico Ed Ribeiro. O baiano é pioneiro na técnica de derramamento de tintas e dispensa o uso de qualquer instrumento para realizar suas obras, senão suas mãos. Reconhecido nacional e internacionalmente, o artista já teve como clientes celebridades e políticos, como Ivete Sangalo, Jorge Aragão, Jorge Vercilo, Jaques Wagner, entre outros.

Tiragem: 10 mil exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Plural

[Presidente] Rubem Passos Segundo [Diretor Executivo] Claudio Vinagre (claudio.vinagre@revistabmais.com) [Editora--chefe] Núbia Cristina (nubia.cristina@revistabmais.com) [Diretora de Marketing] Bianca Passos (bianca.passos@revistabmais.com) [Repórteres] Carolina Coelho, Murilo Gitel e Pedro Hijo (redacao@revistabmais.com) [Projeto Gráfico e Diagramação] Person Design [Fotografia] Stúdio Rômulo Portela [Revisão] Rogério Paiva [Colaboradores] Ana Camila, Ana Paula Paixão, Carlos Eduardo Freitas, Edileno Capistrano Filho, Gustavo Castellucci, Larissa Seixas, Luciano Oliveira, Maria Clara Tarrafa, Renato Ato, Roberto Nunes, Uilma Carvalho [Colunistas] Ana Luisa Almeida, Camilo Telles, Fábio Rocha, Guilherme Baruch, Luiz Marques, Monique Melo [Portal] Enigma.net [Conselho Editorial] César Souza, Cristiane Olivieri, Fábio Góis, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Isaac Edington, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Masuki Borges, Reginaldo Souza Santos, Renato Simões Filho e Sérgio Nogueira [Conselho Institucional] Adriana Mira (Fieb), Aldo Ramon (Júnior Achievement), António Coradinho (Câmara Portuguesa), Antoine Tawil (FCDL), Felipe Arcoverde (Abedesign-BA), Jorge Cajazeira (Sindipacel), José Manoel Garrido Gambese Filho (ABIH-BA), Mário Bruni (ADVB), Laura Passos (Sinapro), Pedro Dourado (ABMP), Renato Tourinho (Abap), Wilson Andrade (Abaf)

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Realização Editora Sopa de Letras Ltda. CNPJ 13.805.573/0001-34 Reserva de anúncio publicidade@revistabmais.com SALVADOR - BAHIA 71 3012-7477 Av. ACM, 2671, Ed. Bahia Center, sala 1102, Loteamento Cidadela, Brotas CEP: 40.280-000

REPRESENTAÇÃO EM OUTROS ESTADOS Grupo Pereira de Souza www.grupopereiradesouza.com.br

PONTOS DE VENDA A Revista [B+] pode ser lida no site, iPad e encontrada nas principais livrarias e bancas de revista da cidade. Pergunte na banca mais próxima da sua casa.



E D I TO R IAL

REFLEXÕES SOBRE LIDERANÇA LÍDER É QUEM INSPIRA, QUALIFICA, CONQUISTA A ADESÃO DE PESSOAS EM TORNO DE UM PROJETO, UMA META OU ESTRATÉGIA. ALÉM DE SOMAR HABILIDADES E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA A POSIÇÃO QUE OCUPA, PRECISA TER VISÃO DE FUTURO E O DESEJO DE DEIXAR UM LEGADO. NESTA EDIÇÃO, A REDAÇÃO DA [B+] REUNIU OPINIÕES DE ESPECIALISTAS E HISTÓRIAS INSPIRADORAS PARA REFLETIR SOBRE ESTE TEMA FUNDAMENTAL. No processo de construção do conteúdo desta edição, alguns questionamentos surgiram: como o Brasil, a região Nordeste e principalmente o estado da Bahia podem superar o desafio do apagão de líderes? Um problema que tira o sono de empreendedores e gestores em todo o mundo. Estudo realizado pela consultoria Empreenda revela que, para 87% dos executivos, faltam profissionais que possam sustentar as estratégias de crescimento das companhias. O leitor vai constatar que, na atualidade, o processo de formação de lideranças começa na sala de aula, seja nas universidades, que oferecem cursos e programas específicos, seja nas escolas de ensino fundamental e médio. Empresas e governos também têm papel fundamental nesse processo. Ao lançar o Qualifica Online, portal de conteúdo que oferece qualificação profissional com foco em negócios, marketing e empreendedorismo, o Grupo [B+] dá sua contribuição no sentido de formar lideranças preparadas para atender às necessidades de um mercado em constante transformação. A reportagem que trata de liderança e política aponta que, historicamente, o surgimento de novos líderes na Bahia esteve vinculado à questão econômica. No entanto, existe uma mudança perceptível nesse cenário, com lideranças oriundas dos movimentos sociais e sindicais. No futebol, paixão nacional assumida, líder é quem leva o time para a frente, algumas vezes o carrega nas costas. É aquele que faz a equipe acreditar que é capaz de vencer, de levantar a taça. Quem não se lembra da elegância sutil de Bobô? Jogadorsímbolo do time do Bahia, campeão brasileiro de 1988. No momento em que Salvador foi anunciada como uma 10

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das cidades-sede da Copa do Mundo, criou-se a expectativa de que o campeonato poderia impulsionar soluções para o antigo problema da mobilidade na capital baiana. Qual foi o investimento nesse sentido? Nossa infraestrutura de transporte está preparada para receber 200 mil visitantes? Confira as reflexões no Especial Copa, que também mostra os diferenciais dos centros de treinamento que abrigarão as seleções da Suíça, Alemanha e Croácia. Uma feliz coincidência reuniu nesta edição três casos inspiradores de liderança feminina. Destaque especial para a entrevista exclusiva, com Maria Eduarda Kertész, presidente da divisão de consumo da Johnson & Johnson no Brasil. Nos três primeiros anos sob o seu comando, a empresa cresceu 70% a mais do que a média dos três anos anteriores. Há ainda as histórias de sucesso de Clarissa Modafferi, CEO do Grupo Lena Brasil, e Erlana Castro, líder das operações de marketing da Fiat em 29 países, em 2001, e hoje professora da Fundação Dom Cabral, demonstram que não apenas as mulheres, mas o ambiente de negócios e toda a sociedade ganham quando prevalece a meritocracia e o feminino conquista seu espaço. Tenho a felicidade de assinar este editorial pela primeira vez, na posição de editora-chefe da [B+], uma publicação que passei admirar antes mesmo de me tornar colunista, em 2012. Desde então, acompanho de perto a evolução da revista e do Grupo. Tenho total sintonia com o propósito desse time, que tem compromisso prioritário com o desenvolvimento sustentável do estado da Bahia, estimulando a inovação e uma nova geração de empreendedores. Há várias razões para ler esta edição por inteiro: mérito da equipe, que manteve a motivação em alta, e oferece ao leitor a oportunidade de refletir sobre os caminhos para vencer os problemas impostos pela escassez de líderes. Boa leitura!

Núbia Cristina, editora-chefe da Revista [B+]


o sonho de ver os filhos se formarem.

O Bompreço está há 17 anos na Bahia. E, pela 14ª vez consecutiva, é a marca mais lembrada no prêmio Top of Mind. É muito bom fazer parte da família baiana e saber que ela sempre se lembra da gente. Esse é o nosso maior prêmio. Vamos continuar oferecendo o menor preço para que você economize sempre e realize cada vez mais os seus sonhos.


O NLINE E MUR AL

COMENTÁRIOS ED.22

FOTO: Rômulo Portela

MATÉRIA “PAREM DE FALAR MAL DE SALVADOR!”

O problema não é se dá para morar mesmo assim, pois até nas palafitas dá para morar. O problema é: será que merecemos receber em troca de tantos milhões arrecadados de imposto o que recebemos do poder público? Será que não temos direito a uma cidade mais limpa, mais ordenada? A reclamação é por insatisfação, acomodação e aceitação do que é ruim, não tem a ver com não enxergar o lado bom e bacana de Salvador

“Adorei!”

DENIS GUIMARÃES, pelo site Salvador ficou cega por muito tempo, jogando um monte de problemas pra baixo do tapete em prol de suas maravilhas. Se a população agora começou a criticar, é o primeiro sinal de que mudanças sim precisam acontecer.

Essa foi a expressão utilizada por Nizan Guanaes, referindo-se à edição da Revista [B+] na qual ele é o destaque da matéria de capa.

CARTA DA EDIÇÃO Depois de ler quase todas as matérias, percebi, com satisfação, que a [B+] não é uma revista só para meninos. É para meninas também. Encontrei assuntos variados, abordados de maneira agradável, além das belas ilustrações de Iuri Sarmento. Parabéns.

CLEBER PARADELA, pelo site Fantástico! Amo minha cidade apesar de tudo e de todos! E não aquele amor sem graça. É tão intenso, colorido...

ADELIA XAVIER, por e-mail

BRENA SILVA, pelo twitter O maior motivo de infelicidade para qualquer morador de qualquer cidade do mundo é querer que ela seja o que ela não é. Morando longe, aprendi isso. É preciso manter vivo o amor pela nossa cidade acho que a transformação verdadeira vem desse sentimento.

AS MAIS CURTIDAS EM NOSSA FANPAGE [01] Parem de falar mal de Salvador! [02] Grupo [B+] apresenta o Qualifica Online [03] A incrível safra de marqueteiros made in Bahia! [04] Três chefs na cozinha

CAMILA LORDELO, pelo site ERRATA 12

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A foto que estampa a matéria “Nas mãos dele” foi creditada erroneamente. O autor da imagem é Rafael Martins.


DE CAMAROTE FOTO: Rômulo Portela

O carnaval ficou mais animado e cheio de informação com a presença da [B+] no camarote da promoter baiana Licia Fabio. Durante os dias da folia, um totem da [B+] ficou à disposição daqueles que quiseram posar para a nossa câmera e compartilhar no Facebook. Veja quem passou por lá!

[01] Fatinha Mendonça e Jaques Wagner; [02] Carlinhos Rodeiro; [03] Kiko Silva; [04] Simone e Isaac Edington; [05] Lila Lopes e seu filho; [06] Edinho Engel e Lícia Fábio; + no site: Veja todas as fotos em facebook.com/revistabmais

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FOTO: Rômulo Portela

QUEREMOS TE OUVIR A Revista [B+] abre espaço para que você, leitor, dê a sua opinião, crítica e sugestão sobre as nossas matérias. O que o agradou? O que poderíamos melhorar? Qual a sua dúvida? Queremos saber o que você tem a dizer para que o conteúdo da [B+] esteja sempre alinhado com o que você quer ler. Existem diversos canais pelos quais podemos manter este contato:

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SITE www.revistabmais.com E-MAIL redacao@revistabmais.com TELEFONE 71 3012-7477


FÓR UM D E LIDE R ANÇA

“IDEIA INOVADORA NÃO EXISTE; INOVAÇÃO É AÇÃO” Autor do livro “Novos Negócios (inovadores de crescimento empreendedor) no Brasil”, Silvio Meira conversou conosco em sua passagem pelo Fórum de Liderança [B+]

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no site:

ouça reportagens especiais sobre inovação feitas pela Band News FM

FOTO: Paulo Sousa

Por que escrever um livro sobre essa temática e para quem foi feito? Minha primeira preocupação foi tentar entender de forma sistematizada o que o grupo do qual faço parte há 30 anos está fazendo. Quem ler vai ter um painel de preocupações pelas quais eu acho que uma pessoa deve passar para descobrir as suas próprias respostas associadas a soluções para problemas no mercado. O que é uma ideia inovadora? Não existe ideia inovadora, ideias são ideias. Tem ideia velha e ideia nova. Ideia inovadora para mim não existe, porque inovação é uma ação, é a mudança efetiva do comportamento de agentes no mercado. Se você tem uma ideia inovadora, você tem uma ideia, apenas. Para colocar em prática, deve-se estudar o mercado. A vasta maioria das pessoas que tem uma ideia sobre qualquer coisa não tem a menor disposição de estudar o mercado para ver se um conjunto de produtos, serviços, métodos ou processos, associados ou derivados daquela ideia, teria lugar em algum mercado ou se precisaria ser criado um mercado para os resultantes daquela ideia. 14

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Quem trabalha com tecnologia da informação está condenado a crescer? Não. Na realidade, a maioria das empresas de tecnologia da informação encrua. O Brasil tem cerca de dez mil negócios de tecnologia de informação de software; desses, 9.500 são micro e pequenas empresas e quase todas indigentes. São empresas que não têm performance suficiente para tirá-las do chão e botar em níveis compatíveis com o investimento que foi feito nelas. Temos pouquíssimas empresas no Brasil nessa área que têm um faturamento médio de mais de R$100 mil por pessoas por ano, quando, na realidade, uma empresa boa nesse setor deveria estar falando de R$300 a R$400 mil. Após 14 anos de experiência com o Porto Digital de Recife, o que você pode dizer sobre os investimentos em inovação e tecnologia no Brasil? As políticas públicas são poucas e, pior, esporádicas. Se fossem poucas, mas constantes, seria minimamente previsível e poderíamos apontar para algum lugar e dizer nós estamos indo para lá, devagar, mas estamos. E, por causa disso, o setor privado brasileiro que investe na construção das empresas perde significativamente a competitividade ao ser comparado com os ambientes internacionais, onde esses investimentos acontecem.

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+ no site: confira outras fotos do evento

FOTOS: Paulo Sousa

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O cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.), fundador do Porto Digital de Recife e professor de engenharia de software da UFPE, Sílvio Meira, foi o palestrante do 11º Fórum [B+] de Liderança, realizado dia 25 de março, no Hotel Matiz, em Salvador. Empresários e estudantes do setor foram convidados a conhecer a temática acerca do seu novo livro, “Novos negócios (inovadores de crescimento empreendedor) no Brasil, que motiva o leitor a se fazer as perguntas necessárias e respondê-las antes de lançar uma ideia inovadora no mercado”. O 11º Fórum de Liderança [B+] contou com os patrocínios da Desenbahia, Sebrae e Caixa, com os apoios da Fieb, Central do Outdoor, Uranus2 e BandNews FM como parceiro de mídia.

[01] Emanuel Bezerra (Sebrae); [02] Rubem Passos, Maiara Liberato, Silvio Meira, Renato Simões Filho, Claudio Vinagre e Luiz Marques; [03] Cristiana Freitas (Desenbahia); [04] Marko Svec (Desenbahia); [05] Leonardo Teles (FCDL); [06] Décio Azevedo (Petrobras Distribuidora); [07] Isaac Edington e Camilo Teles; [08] Luis Blanc (ABIH-BA); [09] Lilia Lopes (Casa Digital); [10] Aldo Ramon (Junior Archiviement); [11] Carol Pondé (Band); [12] Roberto Sá Menezes (GACC-1); [13] Selma Calabrich (Pracatum); [14] Sergio Rabinovitz (artista plástico); [15] Yori Takakura (Guenki) w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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bloco de no ta s

868 É o número de voos extras que Salvador receberá durante a Copa do Mundo. A malha aérea tradicional da capital baiana terá um aumento de 38,8% durante o evento.

NOVO PRESIDENTE NA ADEMI-BA Luciano Muricy Fontes (quinto, da esq. para dir.) foi eleito o novo presidente da Ademi-BA (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia). O engenheiro ocupará o cargo para o biênio 2014-2016. Muricy já faz parte da equipe da entidade há mais de uma década. Foi conselheiro, diretor técnico e vice-presidente.

R$30

milhões É o valor que a Hapvida, operadora de saúde suplementar cearense, investirá na Bahia. A quantia representa 25% de todos os recursos nacionais previstos pela empresa.

Cozinhar, hospedar e gerar negócios

FOTO: Kin Kin

A CIDADE NÃO PARA! BELLINTANI APRESENTA AO TRADE TURÍSTICO EVENTOS PARA A BAIXA ESTAÇÃO A cada dois meses, o secretário Guilherme Bellintani, da Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Cultura do Município, se reunirá com representantes da hotelaria de Salvador e de entidades como Abrasel, Abav, Abeoc, FBHA e Sindihotéis para discutir os eventos que estão sendo preparados para animar a cidade na baixa estação. A programação se iniciou com o Festival da Cidade e seque com o Festival Artes do Sagrado durante a Semana Santa, e o Carnaval da Copa.

A dobradinha gastronomia e hotelaria promete turbinar os negócios do Nordeste e fidelizar os turistas que vão chegar para a Copa do Mundo. Serão 70 mil turistas estrangeiros, e cerca de três milhões de brasileiros que devem circular pelo Brasil durante o período, segundo o Ministério do Turismo. A feira Equipotel Nordeste 2014 que será realizada de 6 a 8 de maio em Olinda, Pernambuco, reunirá 650 empresas e mais de 13 mil visitantes para tratar sobre os assuntos. A chef baiana Tereza Paim será uma das convidadas para bater um papo enquanto cozinha. FOTO: Agnaldo Novais/Agecom

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bloco de no ta s AROMA DE LIDERANÇA A empresa O Boticário assumiu a liderança do mercado brasileiro de perfumaria em 2013, segundo balanço do Instituto Euromonitor, que estuda o segmento de higiene e beleza. Com essa conquista, a marca chega ao topo do maior mercado consumidor de perfumaria do mundo – posição que o Brasil ocupa desde 2010, quando superou os Estados Unidos no consumo de perfumes. O mercado nacional totalizou R$15 bilhões no ano passado.

DESENBAHIA FINANCIA PROJETOS DE INOVAÇÃO A partir de abril, a Desenbahia passa a atuar como repassadora do Programa Inovacred da Finep para financiar projetos de investimentos em inovação nas micros, pequenas e médias empresas. Com um volume inicial de recursos de R$80 milhões, a linha de crédito permite o financiamento entre R$150 mil e R$10 milhões, com juros reduzidos de 3,5% ao ano e prazo de até 96 meses. Em casos especiais, a linha também viabiliza a instalação de empresas no Parque Tecnológico da Bahia.

NOVAS CARAS NO CODES O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia (Codes) recebeu 45 novos membros da política e empresários baianos para contribuir com o Poder Executivo na decisão de estratégias voltadas ao setor das atividades econômicas da Bahia. Os conselheiros terão sua primeira reunião dia 26 de maio para articular com o governo assuntos de políticas públicas e ações para promoção do desenvolvimento sustentável da Bahia.

FOTO: Divulgação

Baianas dobram número de empreendedoras em três anos O empreendedorismo feminino está em alta na Bahia. De acordo com o Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas 2013, realizado pelo Sebrae e pelo Dieese, o número de microempreendedores individuais do sexo feminino, na Bahia, chegou a quase 34 mil em 2010, passando para pouco mais de 90 mil em 2012. O número é o maior entre os estados da região Nordeste, que soma um total superior a 260 mil microempreendedoras individuais.

FOTO: Rafael Martins

FOTO: Divulgação

PRÊMIO

INDÚSTRIA

MULHER

17 de fevereiro

10 de abril

31 de julho

Jorge Cajazeira, presidente do Sindpacel e diretor de Relações Institucionais da Suzano Papel e Celulose, recebeu a condecoração do Mérito Militar, oferecida aos que prestaram serviços relevantes à segurança pública no estado. 18

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Carlos Gilberto Farias tomou posse como novo presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). Na ocasião, ele reafirmou o compromisso de concentrar esforços para ampliar as ações de interiorização da Federação e apoiar micro, pequenas e médias empresas.

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Este é o prazo para as empreendedoras baianas se inscreverem no Prêmio Mulher de Negócios 2014, pela internet ou nos pontos de atendimento do Sebrae. As selecionadas nas categorias pequenos negócios, produtora rural e microempreendedora individual são reconhecidas com troféu, certificado e 16 horas de consultoria ou capacitação, além de representar o estado na etapa nacional.


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Em conformidade com a Lei nº 4.591/64, as perspectivas e fotos deste material são meramente ilustrativas. Registro de Incorporação no Cartório de Imóveis da Comarca de Mata de São João - Bahia, na matrícula do terreno de nº 15641 / R-6 de 11 de dezembro de 2009.


i móve is +

AS LIÇÕES DA NOVA GERAÇÃO por NÚBIA CRISTINA FOTO: Rômulo Portela

LIDERANÇA COM RAZÃO E SENSIBILIDADE O binômio razão e sensibilidade define o estilo de liderança da CEO do Grupo Lena Brasil, Clarissa Modafferi. Pragmática, ela tem foco no cumprimento de metas e resultados, no entanto, considera fundamental apoiar a equipe, mantendo o time motivado. Além disso, acredita na força da inteligência intuitiva, mais aguçada nas mulheres. “Nós conseguimos perceber além daquilo que não é falado ou escrito. Isso é um diferencial”, afirma. Em geral a mulher tem facilidade para se colocar no lugar do outro e costuma prestar mais atenção nas necessidades da equipe, até mesmo naquelas que não são explícitas. Neste momento, Clarissa tem algumas prioridades: “Minha meta principal é cumprir todos os objetivos que me comprometi com o Grupo Lena para o ano de 2014, mas quero iniciar um novo MBA no segundo semestre e manter toda a equipe do grupo motivada, com análise de satisfação superior a 80%”. Baiana, graduada em administração de empresas pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), com MBA em finanças corporativas pela Fundação Getúlio Vargas (FVG), em janeiro deste ano Clarissa assumiu a presidência da Comissão Executiva do Grupo Lena do Brasil. Há apenas duas mulheres no seleto time de 20 CEOs que o grupo português tem em vários países, e Clarissa é a única estrangeira. Decidida, ela começou sua trajetória profissional cedo. Aos 20 anos, venceu todas as etapas de uma seleção difícil, na Deloitte. Na época eram três mil candidatos para 11 vagas do programa Novos Talentos, em Salvador. Ressalta que nunca enfrentou preconceito por ser mulher. “Nessa empresa de auditoria e em toda a minha carreira profissional, sempre 20

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FOTO: Rômulo Portela

prevaleceu a meritocracia, com avaliações de desempenho e metas bem definidas. Quem vencia os desafios era promovido, independentemente do gênero ou idade. Porém a jovialidade de Clarissa e a aparência já lhe proporcionaram situações e comentários inusitados no ambiente de trabalho. “O que essa Paquita está fazendo aqui? Será que ela acha que vai aguentar o pique de auditoria?” Essa frase não foi dita a Clarissa, mas ficou na cabeça de uma auditora sênior da Deloitte depois do primeiro encontro com a jovem. “Mais tarde, ela se tornou minha melhor amiga e confessou que pensou, ao olhar para mim, que eu não aguentaria a pressão no trabalho”. Quando já estava no Grupo Lena, em atendimento a um casal que comprou um imóvel da Liz Construções, ela ouviu o seguinte comentário: “Você é tão nova, é filha do dono?” Na época era diretora financeira. Ela ingressou no Grupo Lena em 2008, como gerente de investimentos. Entretanto, sua aptidão para a área financeira e contábil logo foi percebida e em seis meses foi promovida a diretora financeira de todo o grupo. Depois de dois anos, a crise econômica global levou a uma reestruturação. Foi formada uma comissão executiva no Brasil com três pessoas: uma responsável pela área de engenharia e produção, outra pela área comercial. Clarissa passou a coordenar todas as outras áreas: financeira, contabilidade, RH, jurídica e TI. “Após três anos de liderança compartilhada, o grupo decidiu nomear um CEO em cada país e aqui no Brasil acabei sendo a pessoa escolhida”. Ela investe continuamente em qualificação profissional e se mantém atualizada, algo decisivo para as conquistas profissionais. A participação feminina em cargos de liderança vem crescendo no Brasil, mas o número de mulheres em posições de alta direção ainda é baixo. “Muitas vezes elas abdicam de oportunidades porque preferem ter uma vida profissional mais tranquila, para se dedicar à família. Porém, se a mulher quiser e for à procura de empresas que valorizam a meritocracia, certamente chegará lá”, afirma.

MELHORIA DE GESTÃO E PROCESSOS Contribuir para o aperfeiçoamento e a integração dos processos de gestão na indústria da construção civil. Esse é o propósito do vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), para o biênio 2013-2015, Rafael Filgueiras. Aos 30 anos, ele divide o tempo entre as atividades do sindicato e a rotina de trabalho na Sertenge, empresa na qual é diretor. “Os processos devem ser integrados e caminhar juntos. Precisamos investir na capacitação da mão de obra e nos aproximar das representações de classes, pois a cada dia surge uma nova legislação, regra, procedimento, que impactam diretamente no dia a dia das empresas”, pontua. Graduado em administração de empresas pela Unifacs, com MBA em finanças corporativas pela FGV, ele está começando um MBA em gestão de negócios de incorporação e construção imobiliária, na FGV. Filgueiras explica que a nova geração alia o vigor da idade à incansável vontade de aprender. “Buscamos soluções mais eficientes, voltadas para o conceito de sustentabilidade, aproveitando o convívio com os mais experientes”. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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i móve is + pe r f il LÍDER AOS VINTE E POUCOS ANOS Aos 23 anos, Rafael Valente, sócio-diretor do Grupo Civil, assume a diretoria de gestão sustentável da Ademi-BA para o biênio 20142016. Engenheiro civil graduado pela Ufba, ele está cursando MBA em gestão estratégica e econômica de negócios, na FGV, em São Paulo. “No primeiro momento, vou estudar a diretoria, objetivos, ações, planejamento, para então fazer um diagnóstico e depois atuar de forma incisiva nos pontos que precisam ser melhorados”, adianta. Para ele, a sustentabilidade é a única diretriz capaz de garantir o futuro e o presente da indústria da construção. “Precisamos satisfazer as nossas necessidades sem comprometer as gerações futuras”. Ele ressalta que essa deixou de ser uma questão apenas ambiental para se tornar uma questão econômica. “Conseguimos alcançar resultados contundentes, quando aliamos produtividade, mitigação de riscos, controle de custos, aumento de faturamento e saímos do clichê de que para gostar de sustentabilidade é preciso ser ambientalista”. FOTO: Divulgação

NOVIDADES NA VIA CÉLERE Motivada com o sucesso do residencial Versatto Jardins, seu primeiro empreendimento em Aracaju, a Via Célere Incorporações Imobiliárias planeja realizar dois lançamentos em Salvador até o fim do ano e está buscando novas oportunidades na capital de Sergipe. A empresa de matriz espanhola vai lançar um residencial na orla de Jaguaribe, em setembro, e deve iniciar a comercialização de um produto no bairro Cidade Jardim até o fim de 2014. Os dois produtos terão diferenciais para a classe média alta.

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MRV LANÇA SEIS EMPREENDIMENTOS NA BAHIA A MRV Engenharia vai lançar seis empreendimentos na Bahia até o final de 2014. No total serão 2.370 unidades, maior volume anual desde que a empresa iniciou a atuação no estado. Para Salvador, estão previstos dois lançamentos do Programa Minha Casa Minha Vida, um em Narandiba e outro nas proximidades do Salvador Norte Shopping. Em Lauro de Freitas, a MRV terá um novo produto no centro da cidade. O planejamento estratégico de 2014 também contempla um lançamento em Feira de Santana.

PRIMA LANÇA HORTO BARCELONA A Prima Empreendimentos Inovadores aposta no sucesso de vendas do Horto Barcelona, empreendimento de alto luxo com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$176 milhões, lançado recentemente em um dos bairros mais valorizados de Salvador. O projeto assinado pelo arquiteto Sidney Quintela contempla duas torres de 28 andares cada, sendo dois apartamentos de 204 metros quadrados de área privativa por andar. Além das unidades com quatro suítes, o empreendimento oferece mais duas opções de planta de três quartos. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m


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Fachadas

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(71) www.hortobarcelona.com.br Responsável Técnico: Sidney Quintela Oliveira, CAU 56527-0. Imobiliárias: BrasilBrokers Brito & Amoedo - CRECI PJ 1063, Ponto 4 - CRECI PJ 1195, Lopes - CRECI PJ 1122. Projeto Sidney Quintela. Em conformidade com a Lei n° 4591/64, as fotos e imagens utilizadas nesta peça são meramente ilustrativas. Alvará de licença de construção n° 20830. Registro de Incorporação Imobiliária protocolado sob n°322.062, no Cartório do 3° Registro de Imóveis de Salvador.


mí di a + MUDANÇA NA COMUNICAÇÃO Representantes do mercado publicitário e de comunicação prestam homenagem ao ex-secretário Robinson Almeida e defendem a regionalização da propaganda

4 PERGUNTAS PARA ANDRÉ HAJI, DA NET Este ano, a NET Serviços foi uma das patrocinadoras do Carnaval de Salvador, disponibilizando 180 pontos de wi-fi gratuito para os foliões terem acesso à internet. O gerente de operações da Bahia e Sergipe, André Luiz Haji, comenta sobre o interesse em investir no mercado baiano e o legado social deixado após o Carnaval. Quais têm sido os investimentos feitos pela Net em Salvador? Investimos na construção de mais de 1.300km de uma rede nova de fibra óptica, além de dois pontos extras de distribuição na cidade para a melhoria da mobilidade no atendimento aos clientes. Ao todo, já foram mais de R$70 milhões investidos no redimensionamento de produtos e pessoas. Que fatia do mercado baiano vocês querem atingir? Ainda somos novos em Salvador e Lauro de Freitas, temos apenas dois anos instalados aqui, então queremos expandir bem na capital antes de ir para o interior. Sabemos da importância de chegar a algumas cidades, como Feira de Santana, Vitória da Conquista e Camaçari, então acredito que a partir de 2015 vamos interiorizar. Qual é o diferencial da Bahia para o crescimento dos negócios da empresa? A capital tem um mercado grande, e, além disso, é uma das três maiores cidades do Brasil, então digo que é um mercado prioritário para a empresa em 2014. Qual foi o feedback da parceria com a prefeitura no Carnaval de Salvador? Acredito que fizemos o grande Carnaval da conectividade. Conseguimos registrar mais de 750 mil acessos nos 180 pontos dos circuitos durante o Carnaval. A festa acabou e deixamos 436 pontos por toda a cidade de acesso gratuito para os que são clientes. Além disso, a parceria com a prefeitura resultou em um projeto da NET com as escolas públicas de Salvador, que terão internet banda larga gratuita, beneficiando mais de 30 mil alunos. Mais de 30 escolas já estavam com a rede ativada em fevereio e até o final de março chegamos a 100 escolas. 24

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Entidades do mercado publicitário baiano e representantes de associações de jornalismo e comunicação homenagearam o ex-secretário Robinson Almeida, que deixou a Secretaria de Comunicação (Secom), no dia 4 de abril, para lançar candidatura a deputado federal. Após sete anos e três meses de gestão, Almeida, que é engenheiro eletricista, passa o comando da Secom para a jornalista Marlupe Caldas. A criação da própria Secom, em 2011, e do Conselho Estadual de Comunicação, em 2012, cuja proposta é discutir e implementar políticas públicas na área, além da interiorização das ações do governo e do esforço para uma distribuição mais justa das verbas, foram apontados pelas associações como marcos da administração do ex-secretário. No dia 26 de maio, a Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP) e a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) realizaram almoço festivo no restaurante Pobre Juan, com a presença de empresários, publicitários e autoridades. Apesar da resistência inicial


PARA GRUDAR NA CABEÇA

Renato Tourinho (Abap-BA), Robinson Almeida e Pedro Dourado (ABMP)

Jingles chiclete não faltam ao histórico da publicidade baiana e parece que mais um desses comerciais tem chances de cair na boca do povo. O bordão “tô de boa” falado nas ruas da cidade ganhou ritmo na campanha do Plano Ambulatorial Boa Saúde. Assinada pela Rocha Comunicação, o hit é cantado por Adelmo Casé e começou a ser veiculado em março.

quando assumiu a secretaria, pela sua falta de formação na área, Robinson conseguiu manter boa relação com agências, imprensa e toda a cadeia do segmento da comunicação enquanto esteve à frente da Secom. “A homenagem vem corroborar a tese de que ele é uma persona grata ao segmento”, diz Walter Pinheiro, presidente da Associação Baiana de Imprensa (ABI). Ele destacou o empenho do ex-secretário em criar políticas públicas para o segmento. Os agentes do mercado publicitário baiano têm a expectativa de que Robinson Almeida lute pela regionalização das verbas de propaganda, caso seja vitorioso. “Existe um desejo de que Robinson venha pleitear junto ao governo federal uma regionalização da distribuição da renda das verbas publicitárias em todo o país”, explica Pedro Dourado, presidente da ABMP. A solicitação está na lista das reivindicações feitas pelas agências publicitárias baianas, para fazer frente às dificuldades encontradas pelo setor, a exemplo da redução do peso da carga tributária. O ex-secretário afirma que assume o compromisso de “continuar defendendo a bandeira da regionalização da propaganda”. Ele ressalta que a transferência dos centros de decisão de muitas empresas para o eixo Rio-São Paulo reduziu drasticamente os investimentos locais, comprometendo a receita de agências e empresas de comunicação locais. “É mais uma distorção contra a qual temos de lutar”, diz. Almeida ressalta, inclusive, que seria preciso rever a postura dos governos em relação a isso. “Se a empresa recebe incentivos governamentais, o protocolo de intenções do governo deveria recomendar que as ações de propaganda fossem realizadas com empresas do estado onde ela está se instalando, gerando emprego e renda para o mercado local”, opina o ex-secretário. O ex-secretário também foi homenageado por outras entidades, como o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba).

QUEM NÃO SE LEMBRA?

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VERÃO NA BAHIA Assinada pela Propeg, a campanha estimulava o turista a vir à Bahia através das vozes das estrelas do axé. CHEIRO DE AMOR Duda Mendonça criou o jingle para o motel Le Royale. A música grudou tanto que ganhou versão de Maria Bethânia.

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NORDESTE EM TRÊS MINUTOS

FOTO: Divulgação

O crescimento das vendas de macarrão instantâneo no Nordeste abriu os olhos dos executivos da japonesa Nissin-Ajinomoto Alimentos para o público consumidor da região. Os números indicam a boa fase: o consumo de macarrão instantâneo cresceu 13,4% ao ano nos últimos dez anos na região e responde por 25% deste mercado no país, segundo dados da empresa, de 2012. Conversamos com Priscila Araújo, do marketing, sobre a importância da Bahia para os negócios da marca, e com Virna Miranda, da agência Tudo, responsável pela campanha Caravana Nissin Miojo. O PONTO DE PARTIDA [B+]: Qual é a importância do público consumidor baiano para a Nissin neste momento? Priscila Araújo: As empresas estão descobrindo o potencial do Nordeste. A Bahia representa um volume de vendas muito grande para a Nissin e tem crescido cada vez mais. O brasileiro não é todo igual, por isso criamos um projeto que tenta entender a cultura do baiano. Como conseguir inserir um produto como o miojo, que é muito ligado à ideia de praticidade, no dia a dia de um público que é tão apegado às tradições gastronômicas, como o nordestino? A Nissin desenvolveu produtos próprios para o público nordestino. Temos um miojo sabor carne do sol, por exemplo, que agrada a esse público. Para as caravanas, a solução foi contratar um chef que entendesse de culinária baiana, e que mantivesse a característica do tempero regional. 26

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A OPERAÇÃO [B+]: O projeto das caravanas começou em Pernambuco e um ano depois veio para a Bahia. Quais as diferenças de operação da campanha de um estado para o outro? Virna Miranda: A Tudo é responsável por todo o conceito, que inclui a identidade visual, e isso é replicado em Pernambuco com suas devidas adaptações ao público. A caravana é uma ação itinerante que, este ano, começou em março e vai até junho, levando atividades gratuitas para 22 cidades da Bahia. No ano passado, a caravana passou por 31 cidades em 100 dias. A meta para 2014 é atingir 50 mil pessoas em três meses de ação. Como as cidades recebem a caravana? Nós entramos em contato com a mídia local, criamos um espaço favorável para a instalação das tendas de atividades. Só depois de “aquecer” aquele lugar, montamos as nossas barracas com atividades diferentes e voltadas para a família. Na tenda “Cozinha”, um culinarista elabora receitas que envolvem o miojo e outros ingredientes do dia a dia do consumidor. Ainda tem dicas de maquiagem e beleza, espaço para as crianças, reciclagem... A ideia é mostrar que o miojo é um veículo para que o consumidor possa fazer uma comida gostosa com o que tem em casa. Como as cidades foram escolhidas? Essa campanha é muito baseada neste DNA nordestino de desbravar os caminhos, de caravana mesmo. Por isso, nós fizemos um mapeamento dos polos econômicos (cidades com potencial de consumo) e um estudo das peculiaridades de cada uma. Contatamos a mídia local para criar uma mobilização, uma preparação. A partir daí montamos as tendas, que ficam em cada cidade por dois dias.

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“Eu sozinho não sou nada. Se no jogo do ganhaganha eu quiser destruir você, se eu não fizer parceria com alguém, eu não vou para lugar nenhum, vamos todos perder. E isso vale para o Brasil”

Apoio:

Norberto Odebrecht, empresário fundador do Grupo Odebrecht

ARTE: Ed Ribeiro

NEGÓCIOS Os líderes do futebol 30 [c] Gênero versus liderança 34 Quais as raízes de um líder político? 36 [c] O que Las Vegas pode ensinar a Salvador 39 [c] Comércio internacional 40 Empresas integradas 41 [c] Marketing de relacionamento das empresas 42 Especial Copa do Mundo 44 Revolução naval na Bahia 50



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N E G Ó CIO S | f ute bol

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As diversas lideranças que tornam o futebol dinâmico, competitivo e apaixonante

Bobô

por GUSTAVO CASTELLUCCI ilustração MARIA CLARA TARRAFA

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colunista Zózimo certa vez escreveu uma nota dizendo que Bobô mais parecia um “nordestino vendedor de pente da Central do Brasil”. Na semana seguinte ele se retratou com o jogador, mas o episódio não foi esquecido pelo agressor, pelo agredido, e, muito menos, pelo torcedor tricolor. Raimundo Nonato Tavares da Silva é o maior ídolo da história do Bahia. Era ele o jogador-símbolo daquele time campeão brasileiro de 1988 e, coincidentemente vestindo a camisa 8, se tornou um exemplo para os colegas, relevando as críticas e marcando dois gols nos jogos finais contra com o Internacional. O carisma e o protagonismo do craque bonfinense ficaram eternizados, de uma maneira bem diferente da citação acima, por Caetano Veloso na música Reconvexo: “quem não amou a elegância sutil de Bobô?”. O comportamento elegante e educado em campo também podia ser visto fora dele. Por muitas vezes ele foi conversar com a diretoria sobre salários, prêmios e outras questões a pedido dos próprios companheiros – mostrando que essa é uma condição que não se impõe, mas se conquista. A primeira definição do dicionário Houaiss para “líder” é: indivíduo que tem autoridade para comandar ou coordenar outros. A quinta – e última – diz “indivíduo ou equipe que vem ocupando o primeiro lugar numa competição ou campeonato”. Em ambos os casos, aquele que lidera está em evidência. Na primeira situação, o líder é o exemplo a ser seguido. Na outra, o alvo a ser


“O mandatário de um clube de futebol, por exemplo, é como uma vidraça em meio a uma chuva de granizo”

batido. E, justamente para não perder esse posto, no esporte coletivo o líder precisa de outros líderes. O mandatário de um clube de futebol, por exemplo, é como uma vidraça em meio a uma chuva de granizo. Os acertos de hoje são esquecidos no primeiro erro de amanhã. As diversas funções costumam se misturar à vida pessoal e profissional, consumindo, às vezes, mais tempo do que deveriam. É o preço que se paga por estar à frente de uma nação formada por milhões de torcedores e pelo compromisso firmado com sócios, conselheiros e funcionários. O exemplo recente mais emblemático, polêmico e bonachão é Alexandre Kalil, presidente do Atlético Mineiro desde 2008. O amor pelo Galo vem de berço, já que seu pai, Elias Kalil, também era atleticano e também presidiu o clube, entre 1980 e 1985. Kalil é popular entre a torcida. Querido por muitos (mas também odiado por alguns outros), tem 231 mil seguidores no Twitter e utiliza a rede social para anunciar reforços ou elucidar polêmicas envolvendo o

time. Sempre de forma direta e sem papas na língua. Em junho de 2009 anunciou em primeira mão a contratação do melhor goleiro do Brasil à época: Victor. “Torcida mais chata do Brasil, se o problema era goleiro não é mais. Victor é do #Galo!”, tuitou. Mas Kalil não joga só para a torcida. A influência política do líder atleticano é grande a ponto de o clube ter o apoio de uma bancada de políticos que faz a interlocução dos dirigentes com o Governo para pedir a revisão no sistema tributário do futebol brasileiro. Atualmente, a contribuição patronal dos clubes corresponde a 5% da receita bruta, mas o desejo é reduzir esse percentual, já que alguns setores da economia chegam a pagar apenas 0,1 % da folha de salário. Nas décadas passadas, era comum um presidente de clube se perpetuar no poder. Um bom exemplo é o Vasco da Gama, que durante 25 anos teve apenas dois presidentes: Antônio Soares Calçada (83 a 2000) e Eurico Miranda (2001 a 2007). Na Bahia temos casos parecidos, com Paulo Carneiro presidindo o Vitória entre 1991 e 2000. Já Paulo Maracajá ficou à frente do Bahia entre 1979 e 1994. Os títulos conquistados em anos eleitorais, inclusive, costumavam impulsionar votações nos pleitos para vereador ou deputado. A liderança crescia e se multiplicava em diferentes esferas. Nos últimos tempos, as reeleições já não são permitidas em alguns clubes. Em outros há um limite. E, em alguns poucos, como Bahia e Internacional, as eleições diretas dão ao torcedor o poder do voto.

Péricles Chamusca e Luiz Felipe Scolari

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Ao contrário dos antigos presidentes, os técnicos nunca tiveram longos períodos para trabalhar. Toda a confiança depositada pela diretoria na capacidade do treinador em gerenciar o time costuma ir para o buraco na primeira série de três ou quatro derrotas. Inseguranças à parte, a função do treinador é importantíssima e nada fácil. Cabe a ele comandar as atividades futebolísticas e, fora de campo, ser um segundo pai, amigo, conselheiro, compadre, e o que mais se possa imaginar. Luiz Felipe Scolari é um bom exemplo. Com a “família” montada, conseguiu levar a Seleção ao pentacampeonato em 2002 apostando na motivação e na união do grupo. Naquele Bahia de 88, o time de Evaristo de Macedo era formado por craques locais como Zé Carlos, João Marcelo e Sandro; e o capitão Bobô. Os fatores observados para designar a braçadeira de líder dentro de campo são a experiência do atleta, a identificação com o clube, ou a influência dentro do grupo. Na verdade, geralmente os capitães reúnem um pouco de cada uma dessas características, mesmo sabendo que ele só tem uma função oficialmente: participar do sorteio de campo no início da partida. Mas eles costumam dirigir a equipe dentro de campo e argumentar com o árbitro sobre as marcações. O livro de regras cita o capitão em três oportunidades e, em uma delas, deixa claro que “o capitão de uma equipe não goza de uma categoria especial ou privilégios nas regras do jogo, mas ele tem certo grau de responsabilidade no que diz respeito à conduta de sua equipe”. Ou seja; ele não tem direitos, mas sim, deveres, como levantar o troféu caso a equipe seja campeã de um torneio.

“Cabe ao treinador ser um segundo pai, amigo, conselheiro e o que mais se possa imaginar”

Um dos últimos grandes capitães a atuar no futebol brasileiro foi o lateral-direito Alessandro, que entre 2008 e 2013 conquistou oito títulos com o Corinthians, entre eles a Taça Libertadores e o Mundial de Clubes, em 2012. Fato curioso é que durante um período em que Alessandro esteve machucado o então técnico Tite decidiu fazer um revezamento de capitães a cada partida, para que todos se sentissem importantes e contribuíssem com a equipe. Dentre os titulares, só o volante Ralf não assumiu a braçadeira por não se sentir à vontade para conversar com o árbitro durante o jogo. Mas em 2014 ele mudou de ideia e aceitou o desafio, tornando-se o capitão corintiano sob o comando de Mano Menezes. Talvez o colunista Zózimo tenha lido pouco um jornalista nordestino responsável pela venda de muitos jornais na Central do Brasil. Nelson Rodrigues certa vez escreveu que “em futebol, o pior cego é o que só vê a bola.” E essa mistura de responsabilidades e diversidades mostra que às vezes é preciso enxergar um pouco além. [B+]

Emerson Ferretti (de amarelo) e Alessandro



N E G Ó CIO S | dive rs i dade

ARTE: Ed Ribeiro

LIDERANÇA E AS VELHAS QUESTÕES DE GÊNERO por ANA LUÍSA ALMEIDA

Se você está esperando ler mais um texto que levanta a bandeira feminina como a solução para todos os problemas organizacionais e para todas as questões do mundo, ainda dá tempo de parar e procurar outra leitura. Não vou ficar aqui citando números, contabilizando o quanto avançamos ou o quanto ainda temos que avançar. Não vou listar gurus femininos, defender que o futuro na tecnologia será melhor com a Marissa Mayer ou a Sheryl Sandenberg. Ou ainda citar as lideranças femininas na política mundial como o maior avanço a que a história pôde assistir. Calma, esse também não será um texto machista e recalcado. Apenas não acredito que o gênero defina que uma liderança seja melhor ou pior do que a outra. A boa liderança se define na gestão, e não na fecundação. Sei que nós mulheres ainda precisamos de mais espaço, que estamos longe de corrigir a situação de desigualdade histórica em que nos encontramos. Mas não sou partidária de vender um estilo de gestão feminino como nosso principal diferencial. Sinceramente, não gostaria que nos tornássemos um clichê do feminino. Acho esses estereótipos muito chatos. Outra questão importante: pensar que mulheres no poder são capazes de uma mágica transformação nas organizações e no mundo é mais um peso nas nossas costas. Também podemos errar. Igualzinho a qualquer homem. Temos esse direito. Por isso, quando alguém me diz “vocês vão dominar o mundo; aí, sim, tudo vai melhorar”, eu fico apavorada. Como diz um amigo meu: menos over promisse, por favor. A todo momento, a neurociência atesta diversas distinções 34

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entre comportamentos femininos e masculinos, e, nessa guerra dos sexos, ora essas descobertas contabilizam no placar de um, ora contabilizam no placar de outro. Homens têm mais habilidades matemáticas e espaciais; ponto para eles. Mulheres têm mais habilidades para entender os desejos das equipes; ponto para elas. Pois é, essa matemática eu também acho chatíssima. Ora, tem alguém contando aí? Já temos um resultado? Quando se trata de exercício de poder, já vi líderes cometendo os mesmíssimos erros, independente de estarem de saias ou calças. Isso comprova que o calcanhar de Aquiles das organizações e do mundo não passa pelo gênero, mas sim pela própria condição humana. Saber lidar com nossa humanidade é o grande desafio de todos os líderes, sejam homens ou mulheres. Ética, arrogância, honestidade e vaidade são questões de gênero? A capacidade para inspirar, motivar e transformar equipes é questão de gênero? Nós, líderes, seremos melhores na medida em que aprendamos a lidar com as questões que nos fazem humanos, e não apenas com as que nos fazem homens e mulheres. Sófocles dizia: “O poder revela o homem”. É isso aí. O poder revela o homem. O poder revela a mulher. E, nessa hora, nem precisamos lutar pela igualdade: já somos mesmo todos iguais.

Ana é vice-presidente de criação da Propeg e lidera a criação dos quatro escritórios da agência (Bahia, Brasília, São Paulo e Ceará)

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N E G Ó CIO S | pol í ti ca

HEREDITARIEDADE OU MILITÂNCIA SOCIAL: COMO SURGEM AS LIDERANÇAS POLÍTICAS? A herança familiar pode determinar protagonistas na política da Bahia, mas há outros caminhos que também edificam essa conjuntura por CARLOS EDUARDO FREITAS

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erdeiro de um capital político, o jovem ACM Neto, prefeito de Salvador, defende: “Minha relação com a política é hereditária”. Em outra margem do oceano conjuntural da política no estado, um dos fundadores do Movimento Negro Unificado na década de 70, o deputado federal Luiz Alberto, diferencia: “Venho da militância num víeis político do movimento social”. No centro desta discussão, um mestre em história social faz uma análise aprofundada da política e atesta: “Em política, não existe vácuo, não existe espaço político que não seja ocupado”. Mas, afinal, como surgem as lideranças políticas em território baiano? Está na hereditariedade, flerta com o interesse financeiro ou perpassa pela militância social? José Carlos Peixoto Junior, mestre em história social, é enfático ao afirmar: “A política não é questão de sangue”. O especialista ainda propõe uma provocação: “É uma hereditariedade ser político ou é uma questão econômica ligada a famílias abastadas que leva à questão da reprodução política familiar?”. Ele mesmo responde: “É uma questão de ordem da economia política”. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m


“Minha relação com a política é hereditária. Nasci em uma família de políticos e sempre convivi com políticos” ACM Neto, prefeito de Salvador

FOTO LUIZ ALBERTO: Gustavo Bezerra/PT na Câmara; FOTO WALDIR PIRES: Reprodução Flickr; FOTO JOÃO DURVAL: Marcos Oliveira/Agência Senado; FOTO ACM NETO: João Alvarez/Sistema Fieb; FOTO OLÍVIA SANTANA: Ronaldo Silva; FOTO ANTONIO IMBASSAHY: Reprodução Flickr; FOTO CÉSAR BORGES: Reprodução Flickr; FOTO ACM: Reprodução Flickr; FOTO LUIZA MAIA: Carlos Eduardo Freitas

Para ele, em um país capitalista, o surgimento das lideranças políticas, mesmo aquelas advindas do campo da esquerda têm que ter o aval dos interesses econômicos, empresariais. Mas defende também, ao citar o historiador Antônio Guerreiro, que a conjuntura histórica e o tempo são igualmente um limiar ao surgimento de protagonistas na política. “Na Bahia, até os anos de 1990, não haveria como construir uma liderança política sem o aval ou acordo com os líderes políticos do interior. Quando vemos a mudança política processada na Bahia a partir da primeira eleição de Jaques Wagner, e vemos o panorama político hoje, essa tese de Guerreiro fica cada vez mais nítida”, diz. A análise política dá margem a ilustrações de casos no cenário baiano. De um lado, vindo da tradicional família Magalhães, que governou a Bahia por algumas décadas, o prefeito de Salvador, ACM Neto (Democratas), narra a construção de sua trajetória neste campo: “Nasci em uma família de políticos e sempre convivi com políticos. Lembro muito bem das reuniões que eram realizadas na casa do meu avô (o senador Antonio Carlos Magalhães) e na casa do meu tio (o ex-deputado Luís Eduardo Magalhães). Eu era criança e adolescente, mas prestava atenção em tudo e as pessoas falavam muito comigo. Depois, já na política, acompanhei os passos do meu pai (o empresário Antonio Carlos Magalhães Junior) no Senado. Portanto, sempre vivi no meio dos políticos e me sinto bem assim”. Diferente dele, o deputado federal Luiz Alberto (PT-BA) foi forjado politicamente nas bases de movimentos sociais. Além de atuar no movimento negro, que o conduziu às candidaturas políticas em 1986, como deputado Constituinte, e posteriores, militou na oposição sindical da Petrobras, onde batalhou contra a privatização da estatal. “Sempre trilhei um víeis mais da contextualização política através da discussão para a formação do MNU em 1978, ao lado de um trabalho que marcou a realidade política de Salvador, junto com várias organizações populares, partidos clandestinos na época, questionando a ditadura militar”, recorda. “Nunca saí desse foco, a luta contra o racismo no Brasil, a defesa dos trabalhadores... Entendo que o Estado tem um papel muito grande no combate à pobreza”, fala Luiz Alberto, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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Filho de marisqueira e de trabalhador rural de Maragojipe, no Recôncavo baiano, ele está no Congresso Nacional desde a década de 90. Mas políticos na Bahia também surgem “por acaso”, como a história do engenheiro elétrico e das telecomunicações, paulista erradicado no estado há 36 anos, Carlos Gaban. Líder do DEM na Assembleia Legislativa baiana, há 20 anos no Poder Legislativo, ele rememora: “Entrei na Telebahia como engenheiro e exerci todos os cargos técnicos, fui convidado, no governo de João Durval, para implantar o sistema de telecomunicações, depois fui chamado por ACM para seu governo. A partir daí, acabei entrando na política e ela entrou na minha veia”.

CONTRAPONTO No centro desses dois modelos de personagens políticos vigentes no país, José Carlos Peixoto Junior acredita que disparidades na construção de lideranças é um fenômeno presente no Brasil e que precisa de mudança “profunda”: “Sou da opinião que a República no Brasil ainda, de fato, não se instalou, está em processo. Para que isso ocorra, é preciso existir uma reforma política para frear o poder econômico nas decisões políticas e o patrimonialismo político do Brasil”. “A atual ascensão política do prefeito de Salvador é em decorrência da ocupação do espaço político que foi negligenciado pelos projetos que assumiram o poder e não souberam ocupar este espaço. Mas não creio que ACM Neto vai conseguir reproduzir o mesmo capital político e social e a mesma hegemonia que o avô dele conduziu no estado”, contrapõe Peixoto.

“Sempre trilhei um víeis mais da contextualização política através da discussão para a formação do MNU em 1978, ao lado de um trabalho que marcou a realidade política de Salvador...”

TOQUE FEMININO Um toque feminino neste campo político pode ser um caminho alternativo de constituição de lideranças. É nisto que acredita a deputada estadual Luiza Maia, do PT, autora da Lei Antibaixaria - que proíbe o governo do estado a contratar artistas que depreciem a imagem da mulher em suas músicas. A parlamentar tem um “sobrinho-filho” eleito vereador em Camaçari, município da Região Metropolitana, e defende que não importa a herança familiar da política, o que vale é o tipo de política feita. A deputada não titubeia ao falar sobre Otaviano Maia: “Filho de ‘peixe’, ‘peixinho é’. Se ele quer dar continuidade a uma política que busca acabar com as desigualdades, eu aplaudo”! [B+]

Luiz Alberto, deputado federal

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N E GÓ CIO S | ci dade s at raentes

ARTE: Ed Ribeiro

O QUE LAS VEGAS PODE ENSINAR A SALVADOR por CAMILO TELLES

O tripé que normalmente sustenta qualquer programa de incentivo público para empresas inovadoras ou de base tecnológica é a conexão com universidades, incentivos fiscais e acesso a investimento de risco. Las Vegas está com um projeto diferente para incentivar empresas inovadoras. Este projeto baseia-se, em parte, nas ideias de Richard Florida, sobretudo no conceito de classe criativa. A classe criativa, conforme definida por Florida, é composta por cientistas, engenheiros, programadores, advogados, profissionais de finanças e negócios e artistas. Richard Florida ajuda a identificar qual o tipo de cidade que a classe criativa almeja. Florida identifica uma série de características nas cidades mais atraentes para estes profissionais. Um ambiente artístico, diversidade cultural, vida noturna, áreas verdes, espaços abertos para convivência, locais para trocas de ideias como cafés, livrarias, universidades são itens que ele considera importantes para atração destas pessoas. Uma cidade que é boa para os seus moradores é boa para atrair estes profissionais. E a atração de profissionais é essencial, pois não existe nenhum grande polo econômico no mundo que dependa somente da população local. Qualquer grande polo econômico é antes de tudo um grande atrativo de talentos. Mais de 50% dos fundadores das empresas de sucesso do Silicon Valley são emigrantes. Um dado triste, porém emblemático, foi que na queda das torres gêmeas em Nova York morreram três mil pessoas de 85 nacionalidades diferentes.

A principal função de uma cidade que queira se destacar economicamente é ser atrativa para os melhores profissionais e as melhores cabeças. Salvador hoje exporta talento. Tony Hsieh é o criador da Zappos, marca online de calçados baseada em Las Vegas. Ele decidiu mudar a sede da sua empresa para o centro da cidade e iniciar o projeto Downtown Project, uma iniciativa privada de reurbanização do centro de Las Vegas. Alocou US$350 milhões para este projeto dividindo US$200 milhões para compra de imóveis e terrenos na região e US$150 milhões para investir em três setores de forma igual: artes e cultura, pequenos negócios e startups. A lógica é tornar o centro de Las Vegas um polo atrativo de gente. O objetivo é criar dez mil empregos diretos na região. Na grande maioria estas pessoas não moram em Las Vegas, pois Las Vegas não é reconhecida por sua geração de talentos. Do dinheiro que será investido nos negócios, somente um terço será dedicado para o investimento em startups. Dois terços serão dedicados a criar um ambiente que permita atrair as startups e as pessoas que trabalham nela. Estudar e acompanhar esta iniciativa de Las Vegas e autores como Richard Florida podem dar novas ideias para a nossa cidade. Obrigado a Fredie Didier.

Camilo é sócio da Agilize Contabilidade Online

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ARTE: Ed Ribeiro

VENEZUELA E HOLANDA por LUIZ MARQUES DE ANDRADE FILHO

Este título não tem nada a ver com a Copa do Mundo, pois a Venezuela não está na Copa. Me refiro aos problemas enfrentados pelo nosso vizinho, relacionados à onda de violência e estagflação (inflação com desemprego), depois de anos de autoritarismo bolivariano, briga com a imprensa e afronta à livre iniciativa, primeiro com Chávez e agora com Maduro. Existe uma teoria chamada de A Doença Holandesa, a Dutch Disease. Ela se refere a países que possuem amplas reservas de commodities minerais, o que implica elevado influxo de dólares via exportações, valorização do câmbio e ineficiência no setor industrial, levando à desindustrialização. Nos anos 60 e 70 a Holanda experimentou a descoberta de grandes jazidas de gás no Mar do Norte, que implicou elevadas receitas de exportação para aquele país. Com a forte entrada de dólares decorrente destas exportações, o dólar se desvalorizou frente ao florim holandês e, com a valorização do câmbio, a Holanda, mesmo sendo um país desenvolvido já à época, passou a ter problemas na sua indústria manufatureira, pois perdeu competitividade (era difícil exportar industrializados, mas muito fácil importar tais produtos). Talvez não haja melhor exemplo hoje desta doença que a Venezuela. Não obstante este país possuir uma das maiores reservas de petróleo do mundo, sempre foi tão fácil exportar petróleo lá que a Venezuela não desenvolveu outras cadeias produtivas. Na Venezuela se importa de tudo: de papel higiênico a pasta de dente, de iogurte a pneus. A brincadeira em Caracas era dizer que bastava dar um tropeço na praia da Baía de Maracaibo que um novo poço de óleo surgiria à tona. Junte este cenário aos anos populistas de Chávez – que usou os recursos tributários e as reservas geradas pela PDVSA para turbinar seu projeto socialista – e chegaremos aonde 40

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chegamos. Mesmo com a queda dos índices de pobreza, a violência urbana cresceu e a inflação explodiu. Lá também foi instaurado o populismo externo, exportando petróleo a preços irrisórios para países como Cuba, Bolívia, Paraguai e Uruguai: os venezuelanos agradecem ao seu governo. Atrelado a isto a Venezuela passou a ostentar os piores resultados fiscais da América: de acordo com o FMI, em 2012 e 2013 eles alcançaram déficit público nominal na ordem de 16% do PIB em média. É muita coisa, e boa parte deste déficit foi financiado por monetização, não é à toa que a inflação lá chegou ao nível de 57% de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014. Considerando a elevação dos índices de desemprego, estamos na estagflação, com hiperinflação: o pior cenário econômico. A Venezuela é um case de estudo. Não basta possuir recursos naturais abundantes, isto será uma maldição se nos viciarmos nos dólares fáceis gerados por estas exportações. É necessário o desenvolvimento de uma indústria local, para não sermos dependentes de importações. É necessário desenvolver inteligência local também. O tema desindustrialização passou a ser recorrente no Brasil. Perdemos participação no mercado internacional e nossas exportações industriais perderam fôlego nos últimos anos, por razões bem diferentes da Venezuela (aqui os vilões são a taxa de juros exorbitante, o câmbio valorizado na média dos últimos anos, e nossos gargalos logísticos e tributários). Precisamos ficar atentos e ter um projeto para nosso país, vamos aprender com os erros alheios e torcer que nossos vizinhos saiam desta.

Luiz é superintendente da Fundação Escola de Administração da Ufba (FEA) e professor de finanças e economia

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N E GÓ CIO S | e xpe ri ê n cia

JUNTOS SOMOS MAIS

Organizadas em redes, micro e pequenas empresas têm mais chance de competir no mercado, a exemplo da Rede Elos, que uniu cinco empresas de TI que fechou 2013 com um faturamento de sete milhões de reais fotos RÔMULO PORTELA

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or que ser uma se podemos ser várias? A lógica de unir pequenas e microempresas para enfrentar melhor a concorrência do mercado fez cinco companhias da área de tecnologia da informação se associarem para criar a Rede Elos, com soluções na área de tecnologia comercial. A junção, iniciada no segundo semestre de 2013, foi uma ideia dos proprietários das empresas, amigos há dez anos, que viram na integração uma vantagem para criar uma marca mais competitiva. “Não só é uma possibilidade de aumento de indicação de vendas, como nos sentimos mais seguros no mercado”, diz Adolfino Pereira, diretor da empresa Próton Sistemas. Segundo o Sebrae, nas duas últimas décadas a formação de redes de micro e pequenas empresas se tornou um instrumento-chave para a competitividade das MPEs no mercado nacional e internacional. A sanção da Lei Complementar 128/08, criada em 2008, que configurou as figuras jurídicas do microempreendedor individual (MEI) e da sociedade de propósito específico (SPE) era o que faltava para fomentar a atuação das redes e centrais de negócios. Fortalecidas, as redes ganham destaque no mercado nacional, como é o caso da BSG, Insix, Netstation, Próton e TW2, que juntas conseguem operar serviços para grandes marcas nacionais como O Boticário, Le Biscuit e A Geradora. A gama de especialidades oferecidas pelas cinco empresas atrai os 4 mil clientes da rede que procuram soluções diversificadas em um único lugar. “As redes dão mais musculatura para o mercado, e também temos mais dinheiro para fazer mídia frequente”, explica Humberto Guimarães, proprietário da BSG. O grupo fechou 2013 com um faturamento de R$7 milhões e aposta em triplicar as ações para 2014, com a entrada de novas empresas a partir do segundo semestre, após a convenção da Super Bahia. [B+] w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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N E G Ó CIO S | m arke ti n g

ARTE: Ed Ribeiro

QUEM PRECISA DE PROGRAMA DE MILHAGEM? por GUILHERME BARUCH

Programa de milhagem, cartão fidelidade, programa de incentivo/ pontos, os nomes são muitos para designar uma das mais interessantes ações do marketing de relacionamento nas empresas, mas será que é a melhor estratégia para o seu caso? A origem do termo programa de milhagem está, obviamente, nas companhias aéreas. Elas foram as pioneiras nesse tipo de programa e acabaram batizando o modelo de negócios, afinal, elas possuem uma das condições ideais de sua aplicação, que é uma grande diferença entre o custo do prêmio oferecido e o valor percebido pelo cliente. Para o cliente que resgata a passagem aérea, o valor percebido é alto, mas para a companhia aérea usar o assento que iria ficar vazio é pequeno. Se a sua empresa se propõe a dar vales-compra e a margem do negócio é de 10% sobre o custo, é preciso identificar outras oportunidades de prêmios para maximizar esse efeito. Essa é uma das chaves do sucesso dos programas de milhagem. Uma boa saída aqui é a busca de parceiros interessados em trocar prêmios por acesso ao banco de dados formado. Um ótimo exemplo disso é o Cartão Perini, em que aproximadamente 50% dos prêmios resgatados são de parceiros. Isso reduz drasticamente o custo anual de manutenção do cartão fidelidade. As empresas de varejo como supermercados, restaurantes ou postos de gasolina, precisam desse tipo de programa para identificar os clientes no ponto de venda, caso contrário pouca ou nenhuma informação sobre o consumidor final é registrada. Já outros segmentos dispensam a implementação dessa estratégia, pois identificam naturalmente seus clientes; concessionárias, clínicas ou agências de viagem são exemplos. Nenhuma clínica precisa de cartão fidelidade para montar uma estratégia completa de marketing de relacionamento, mas os restaurantes precisam. Numa empresa onde a identificação do cliente é natural ou possui programa de incentivo, existe uma riqueza de informações 42

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sobre os clientes que permite implementar facilmente as três estratégias de vendas exclusivas do Marketing de Relacionamento, a saber: up selling, cross selling e reativação de clientes. Nenhuma dessas estratégias pode ser alcançada através do marketing de massa ou publicidade, mas são amplamente reconhecidas pelo mercado como geradoras de receita. Além desse, muitos outros detalhes precisam ser pensados antes de se aventurar na montagem de um programa de milhagem. Uma boa ideia é fazer um benchmarking com empresas do mesmo segmento, mas só isso não vai expor todos os segredos por trás da estratégia. Então utilize essa lista com dez elementos que compõem um programa típico de milhagem para se inspirar em sua busca: 1. Barreira de entrada 2. Tabela de prêmios 3. Aceleradores 4. Benefícios indiretos 5. Subníveis 6. Vencimento de pontos 7. Serviços online 8. Medidas de segurança 9. Índices de medição de desempenho 10. Regulamento A maioria dessas informações será conseguida com uma leitura cuidadosa de regulamentos de programas existentes. É chato, mas muito útil.

Guilherme é bacharel em processamento de dados pela Ufba, especialista em administração pela Unifacs e em marketing pela FTE. Tem 13 anos à frente da Agente Marketing de Relacionamento

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N E G Ó CIO S | e s pe ci al copa

ELAS NÃO RESISTIRAM À BAHIA

Três das 32 seleções que disputarão a Copa do Mundo escolheram a Bahia como sede. Fomos atrás dos porquês que motivaram Suíça, Alemanha e Croácia a montar suas bases aqui no estado, e o quanto isso pode fazer bem à nossa economia por MURILO GITEL

SUÍÇA A seleção suíça se hospedará em um resort em Porto Seguro, sul do estado FOTO: Divulgação

A SUÍÇA NA BAHIA

HOTEL O La Torre é o hotel em que a seleção ficará hospedada

O CLIMA é o melhor para a recuperação física dos jogadores

A ESTRUTURA inclui um aeroporto pequeno e a mobilidade urbana é menos complexa

EM NÚMEROS O 7 de dezembro de 2013 seria mais um dia comum para o diretor do La Torre Resort, Luigi Rotuno, não fosse um telefonema que confirmava a escolha da seleção da Suíça pelo empreendimento situado na Praia do Mutá, em Porto Seguro, durante o período da Copa do Mundo da Fifa. Antes da euforia pela confirmação, o La Torre teve de passar por um longo processo de seleção, intermediado pela Match, uma empresa contratada pela Fifa para este fim. Eram 800 hotéis candidatos em todo o Brasil para servir às delegações que se hospedarão no país, dos quais ficaram apenas 64 e, posteriormente, 32 empreendimentos. “Dois motivos fundamentais para sermos escolhidos: a localização geográfica, que inclui um aeroporto pequeno, o que é uma vantagem em termos de praticidade, além da mobilidade urbana menos complexa, e o clima agradável do sul da Bahia”, enumera Rotuno. Segundo o diretor do La Torre, as condições meteorológicas de Porto Seguro são das melhores do Brasil para a recuperação física dos jogadores. Ao todo, a seleção suíça contará com 70 dos 256 apartamentos do resort - cada um deles tem 74 metros quadrados e dois quartos. Hospedados em uma ala especial do empreendimento, os suíços poderão desfrutar de seis piscinas e uma academia. Torcedores do país europeu não serão permitidos, observa Rotuno, mas haverá momentos nos quais os jogadores cruzarão com os demais hóspedes. 44

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70 dos 256 quartos do hotel serão ocupados pela Suíça

1.500 jornalistas internacionais serão recebidos

R$50 MILHÕES serão injetados por 1,5 mil hóspedes na economia de Porto Seguro e adjacências


“Vamos receber a imprensa suíça em outra ala do resort, que dá acesso à praia. Nossa estratégia foi pensada para que as entrevistas sejam feitas nesse espaço para ajudar a divulgar melhor a região em nível turístico”, projeta o diretor do La Torre. “Esperamos cerca de 1.500 jornalistas internacionais, além dos patrocinadores, portanto, as perspectivas são fantásticas e todos podem acabar se beneficiando.” Além de hospedar a Suíça, o La Torre também abrigará a partir de maio boa parte da delegação que compõe a seleção da Alemanha, que destinará o Camp Bahia, construído no povoado de Santo André, em Santa Cruz Cabrália (a 30km de Porto Seguro), apenas para os jogadores e membros da comissão técnica. “Muitos alemães ficarão aqui: membros da Confederação Alemã de Futebol e patrocinadores, por exemplo”, ressalta o diretor do resort. No dia 11 de junho, véspera da abertura da Copa, a Mercedes-Benz irá promover no empreendimento seu tradicional “Kick Off”, evento em que geralmente um novo carro é lançado antes do mundial. Outra multinacional que deverá usar o La Torre para divulgar sua marca é a Puma, fornecedora de material esportivo dos suíços. De acordo com Luigi Rotuno, 20 estudantes de turismo virão diretamente da Suíça para trabalhar no La Torre durante a Copa do Mundo. O resort, que tem planos de aumentar o faturamento em 35% em relação a 2013, tem 348 funcionários. As seleções de Camarões e Bósnia também pleitearam se hospedar no local, mas a Suíça agiu mais rápido. Os suíços treinarão no recémreformado Estádio Municipal de Porto Seguro (a 15 minutos do resort). Cabeças de chave do Grupo E, enfrentarão França, Equador e Honduras em Salvador, Brasília e Manaus, respectivamente. De acordo com o ex-secretário do Turismo, Domingos Leonelli, serão 1,5 mil hóspedes na região, o que injetará R$50 milhões na economia de Porto Seguro e arredores.

A Bahia deve receber aproximadamente 650 mil turistas durante o mês da Copa. Os dados são baseados em informações do Ministério do Tursimo. Mais de 130 mil turistas devem ser estrangeiros, os brasileiros de outros estados e os baianos de cidades do interior somam-se a esse número. A vinda deste grupo injetará R$1,3 bilhão na economia do estado

ALEMANHA Começando do zero. A seleção alemã preferiu construir suas acomodações em Santa Cruz Cabrália

+ no site: veja o projeto do Camp Bahia

FOTO: Divulgação

Uma das seleções favoritas ao título da Copa do Mundo, a Alemanha adotou a medida mais surpreendente entre as 32 seleções que disputarão o mundial: bancou a própria construção do complexo onde ficará instalada, no povoado de Santo André, em Santa Cruz Cabrália, a 30km de Porto Seguro. O Camp Bahia, nome atribuído pela Federação Alemã de Futebol (DFB) ao futuro “quartel-general” da equipe, será um complexo fechado de 15 mil metros quadrados, com 13 casas de dois andares, 65 quartos e uma “atmosfera de vila”, um centro de treinamento, um de imprensa, piscinas e até mesmo praia privativa. A previsão é que a construção seja concluída em abril. A DFB recebeu o apoio de vários patrocinadores para a construção do complexo, orçado em R$35 milhões, atribuída ao empresário alemão Christian Hirmer, de Munique (que teria mais dois sócios). “Os patrocinadores da federação ajudam financeiramente. Sei que a Mercedes [Benz] é uma”, confidencia o gerente de hotel de origem alemã, Siegfried Michler. Entre as prováveis apoiadoras estão a seguradora Allianz e a fornecedora de material esportivo Adidas. Só acessível por balsa, o local fica a 45 minutos do aeroporto de Porto Seguro, de onde a equipe alemã se deslocará para os jogos da primeira fase da Copa do Mundo – em Salvador (contra Portugal), Fortaleza (Gana) e Estados Unidos (Recife). Os locais ficariam a, no máximo, duas horas de voo. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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“Escassez” “A Copa de 2010 nos mostrou que distâncias pequenas entre a sede da equipe, os campos de treinamento e o centro de mídia são cruciais para todos os envolvidos. Foi importante para nós minimizar qualquer cansaço das viagens devido ao tamanho do país e às distâncias grandes entre as cidades”, justifica o gerente da equipe, o ex-atacante Oliver Bierhoff. Embora o jornal alemão Bild tenha levantado suspeitas de que o empreendimento fora construído sob encomenda pela federação alemã, Bierhoff alega que a escolha tenha sido feita devido à falta de opções com que se deparou no país. “No Brasil, simplesmente há menos hotéis ou resorts do que, por exemplo, na Alemanha. Tivemos dificuldade na procura por acomodação, como muitos outros países”, argumenta o dirigente. Segundo Bierhoff, os jogadores vão morar em uma espécie de república. Seis ou sete jogadores vão habitar cada casa. O contrato de arrendamento é acertado oficialmente, por meio da Fifa. “Tenho certeza que o centro será algo especial. Em cinco minutos, chegamos ao campo de treinamento e ao centro de imprensa”, completa. A Fifa informou que aceitou oficialmente o centro de treinamento dos alemães devido ao progresso nas obras, pois o complexo não estava inicialmente na lista de campos de treinamento da entidade. Depois da Copa, o local será transformado em condomínio, com a venda das casas. Chuvas pelo caminho As fortes chuvas que atingiram Santa Cruz Cabrália no começo de abril fizeram soar o sinal de alerta para a construção do Camp Bahia. Os estragos dos temporais deixaram cerca de 900 pessoas desabrigadas e as principais ruas do povoado de Santo André foram afetadas. Apesar da inundação, as obras do campo de treinamento e do condomínio onde a seleção alemã ficará hospedada foram retomadas e os responsáveis pela obra informaram que não haverá atrasos no cronograma, que prevê a entrega dos empreendimentos até maio.

AS MUDANÇAS NO POVOADO Habitada por cerca de 800 pessoas, a vila de Santo André atrai muitos turistas, principalmente no verão, quando o povoado localizado em uma área de proteção ambiental recebe pessoas em busca de um lugar tranquilo, isolado e paradisíaco. Todavia, com a construção do Camp Bahia, a característica pacata de Santo André deu lugar ao barulho de caminhões e máquinas 16 horas por dia. Semanalmente, 300 sacos de cimento cruzam o rio para suprir a demanda da obra. A população local cresceu cerca de 30% com a chegada dos 200 trabalhadores para tocar o empreendimento. Uma das três balsas que fazem a travessia entre a sede da cidade e a vila será de uso exclusivo da seleção alemã. Embora temam o avanço da especulação imobiliária, os nativos também alimentam a esperança por dias melhores com a chegada dos alemães, pois a apenas 5km do centro de treinamento, a falta de eletricidade é constante, a água é proveniente de poços e o descarte de resíduos é inadequado.

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“No Brasil, há menos hotéis do que na Alemanha. Tivemos dificuldade na procura por acomodação, como muitos outros países”, diz o gerente da equipe alemã EM NÚMEROS

15 MIL m² é o tamanho do complexo fechado ocupado pela Alemanha

R$35 MILHÕES É o valor orçado da construção

800 É o número de habitantes do vilarejo de Santo André

CROÁCIA O município de Mata de São João receberá a seleção croata Adversária do Brasil na partida de abertura da Copa do Mundo, a Croácia vai ficar concentrada na Praia do Forte, no município de Mata de São João (a 80km de Salvador). A delegação croata ficará hospedada no Tivoli Eco Resort, e utilizará o centro de treinamento já construído no local - famoso por sua paisagem paradisíaca e vocação turística. Afastado da Vila de Praia do Forte, o resort encontra-se situado em uma área mais reservada da região. O silêncio e a presença de pequenos animais, como pássaros e micos, são fatores agradáveis. As áreas verdes, os lagos e as piscinas chamam a atenção. Os quartos contam com bela vista e equipamentos de luxo, como banheiras. “Nosso técnico (Niko Kovac) tinha duas condições para escolher nossa base no Brasil. Nós queríamos um lugar não muito longe dos locais onde vamos jogar. Também


FOTO: Divulgação

OS PRAZERES DA CROÁCIA A delegação terá acesso a: [equipamentos de luxo] [áreas verdes] [ala exclusiva] [chef]

queríamos evitar grandes diferenças climáticas enquanto viajamos”, justifica Tomislav Pacak, porta-voz da Federação Croata de Futebol. A Croácia está no Grupo A, com Brasil, Camarões e México. Além da partida de abertura, em São Paulo, vai a Manaus e Recife para jogar. “Estamos satisfeitos com esta escolha. É um local magnífico, um dos melhores oferecidos no Brasil”, elogia o dirigente croata. Contudo, apesar do luxuoso resort, o centro de treinamento para a seleção da Croácia estava com as obras atrasadas até meados de março, quando nem o gramado havia sido finalizado. A previsão de entrega pelos organizadores é dia 15 de abril - depois desse dia, o objetivo é que somente obras de paisagismo sejam realizadas. “Vamos receber a Croácia dia 3 de junho, então tempos tempo. A obra em si começou em janeiro, atropelamos prazos”, pondera o prefeito de Mata de São João, Marcelo de Oliveira. A justificativa dada para os atrasos da construção (o prazo anterior era 31 de março) refere-se à demora em licitações e outras questões burocráticas, que prejudicaram no início. O diretor-geral do Tivoli Eco Resort, João Eça, explica que a ideia de contar com a preparação de uma equipe nasceu há três anos, quando a Fifa fez os primeiros contatos para o hotel receber representantes da entidade – a conversa seguinte com o prefeito de Mata de São João culminou com a construção do centro de treinamento na Praia do Forte. Privacidade A Croácia reservou cerca de 40, dos 287 quartos do Tivoli, e contará com uma ala exclusiva para a delegação. Os croatas terão academias e piscinas

para uso privativo em determinados horários do dia. “Está combinado com determinados locais em determinadas horas do dia para que eles possam preparar suas táticas para os jogos com privacidade, mas isso não vai influenciar os outros hóspedes”, garante Eça. Por iniciativa do próprio hotel, os torcedores croatas não terão acesso ao empreendimento. Segundo Eça, o local foi retirado da agência principal de passagens croatas no que diz respeito à vinda de fãs para a Copa do Mundo. Apesar da medida, as compras pela internet não controlam a nacionalidade do consumidor. Ainda sobre privacidade, outro fator que pode ser levado em conta é o fato de que, por ser adversária do Brasil, é possível que a delegação croata receba provocações de torcedores brasileiros que possam interagir com a seleção europeia. Eça minimiza: “Pode ter essa provocação, mas de brincadeira. Acho, sobretudo, que as pessoas são civilizadas e a privacidade será assegurada”. Moqueca? A direção do Tivoli também promete oferecer aos hóspedes da delegação o que a culinária baiana tem de melhor. “A Croácia certamente trará um chef para trabalhar em parceria conosco, mas não tenho dúvida de que poderemos introduzir coisas da culinária local no cardápio deles”, adianta o diretor do resort. “Certamente, vamos tentar introduzir uma moqueca no cardápio deles. Nosso chef, Josemar Passos, é premiadíssimo, e temos uma tradição muito forte na culinária”, garante João Eça. Será que Modric e seus companheiros de equipe resistiriam?

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COPA ESTIMULA MOBILIDADE Programa do Governo do Estado reúne um conjunto de obras e projetos para Salvador, com volume total de recursos de aproximadamente R$8,5 bilhões por NÚBIA CRISTINA

O Brasil foi anunciado como sede da Copa do Mundo em 2007 e naquele momento criou-se expectativa em torno do legado que seria deixado pelo mundial de futebol. Em 2010, surge a Matriz de Responsabilidades, documento com uma lista de todas as obras que deveriam ficar prontas para a Copa. Trazia uma relação de 51 projetos de mobilidade urbana, entretanto na atualidade existem apenas 35 obras na relação. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), em março deste ano, não chegava a 50% a quantidade de obras e projetos entregues à população. O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Neilton Dórea, vice-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil - Bahia, afirma que o mundial não funcionou como catalisador de projetos em infraestrutura nas 12 cidades-sede da Copa. “Essa é uma realidade e em Salvador, no que se refere à mobilidade urbana, estamos muito longe de começar a resolver os problemas que enfrentamos hoje”, opina. Em março deste ano, o Governo do Estado apresentou o Programa Mobilidade Salvador, que reúne investimentos de R$8,5 bilhões, alguns concluídos e outros em andamento, como a Via Expressa, Complexo Viário 2 de Julho, Viadutos do Imbuí, duplicação da Pinto de Aguiar, Viaduto de Narandiba e metrô. O secretário estadual da Copa, Ney Campello, afirma que o mundial de futebol contribui significativamente para alavancar projetos e acelerar a resolução dos problemas históricos de mobilidade em Salvador. “A Copa vai deixar um legado importante para a cidade também nesse aspecto. Claro que muitas obras não estarão prontas até lá, mas esses projetos já foram iniciados e vão beneficiar a população que vive aqui”. O governo e a CCR Metrô 48

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Obras do Complexo Viário do Imbuí e Narandiba foram divididas em cinco etapas

Bahia garantem que na Copa o metrô de Salvador estará em operação assistida, com trens circulando com volume menor de passageiros (250) do que sua capacidade (1.000), sem regularidade de horários e acesso gratuito. Será um trecho de 7,5km, que vai da Lapa ao Retiro. “Esse grande evento esportivo levou o Governo do Estado e a Prefeitura a buscarem solução para o metrô, que estava parado havia mais de uma década”, pondera o secretário. Canteiro de obras Quem trafega em Salvador tem a sensação de circular em um canteiro de obras. Em vários trechos da cidade projetos de mobilidade estão em andamento. Em março deste ano, o governador Jaques Wagner assinou ordem de serviço para execução de dois corredores transversais que cortam a capital baiana, do subúrbio até a orla atlântica. O primeiro vai da Avenida Suburbana até a orla de Patamares, passando pela Avenida Pinto da Aguiar, que está sendo duplicada (a estimativa é que a obra de duplicação seja concluída até o final de junho). O segundo corredor parte de Águas Claras, pela BR-324, atravessa a Luiz Vianna Filho (Paralela) e chega à Orlando Gomes. Além dos corredores, o projeto prevê a construção integrada de viadutos, túneis, faixas para BRT – Bus Rapid Transit, para carros e ciclovias.


FOTOS: Adenilson Nunes/GOVBA

Em novembro de 2013, foi inaugurada a Via Expressa Baía de Todos os Santos, um sistema viário formado por dez faixas, duas exclusivas para transporte de cargas, que contou com R$480 milhões em investimentos, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto, resultado de parceria entre governos federal, estadual e municipal, liga o Acesso Norte ao Porto de Salvador, no Comércio. Nessa via estima-se um tráfego de 3.500 veículos de cargas e 59,5 mil veículos leves e ônibus, o que deve gerar uma média de 63 mil veículos por dia. Plano de mobilidade O coordenador de planejamento de transportes da Prefeitura de Salvador, Francisco Ulisses Rocha, foi um dos gestores do Plano de Mobilidade na Copa, que teve a participação de vários técnicos e órgãos do município e do Governo do Estado. “Iniciamos esse trabalho em 2011, que contempla a utilização de vários modais de forma integrada, em Salvador e Região Metropolitana”. A Secopa estima que a capital baiana receba cerca de 200 mil visitantes durante o mundial, por isso o plano de ação exigiu um estudo detalhado dos deslocamentos de pessoas e veículos em Salvador e Região Metropolitana. Para o professor Neilton Dórea, Salvador deve fazer um planejamento de longo prazo, que

contemple investimentos em trens do subúrbio, melhoria do sistema de ônibus, do transporte marítimo e investimento em um metrô compatível com as necessidades da população. O secretário Ney Campello concorda: “Sempre defendi que os projetos deveriam contemplar a integração de vários modais e acho que a capital baiana dá um passo importante, à medida que estimula o uso da bicicleta, que investe em modernos corredores de ônibus, o BRT, que toca as obras do metrô”. Ele acredita que os atrasos em obras de mobilidade não comprometerão o evento, até porque nos dias de jogos haverá feriados escolares e servidores públicos serão liberados antes das partidas ou existirá ponto facultativo. “Os atrasos vão retardar os benefícios para a população, mas as melhorias para a cidade virão”, diz. [B+] w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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Nesta unidade, serão construídos os seis navios-sonda de perfuração offshore, do contrato firmado em 2012 com a Sete Brasil, no valor global aproximado de US$4,8 bilhões

por MURILO GITEL E PEDRO HIJO fotos LUCIANO OLIVEIRA

REVOLUÇÃO NAVAL Fruto de um investimento privado de R$2,6 bilhões, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu busca retomar as atividades da indústria naval baiana e impulsionar o desenvolvimento econômico do estado

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avegar é preciso”. Não é à toa que a expressão versada por Fernando Pessoa e atribuída ao escritor romano Plutarco (106-48 aC) tem atravessado os tempos. Seja para descobrir novos territórios e possíveis riquezas, como no século 16, ou mais recentemente para explorar o petróleo da camada pré-sal, tal atividade mantém sua importância e, para tanto, demanda investimentos consideráveis em infraestrutura. Prova disso é o estaleiro que está sendo construído em Maragojipe (cerca de 40km de Salvador), no Recôncavo baiano. Criado por meio da associação de quatro empresas (Odebrecht Participações e Investimentos S.A, OAS Investimentos S.A, UTC Participações S.A e Kawasaki Heavy Industries) com o objetivo de desenvolver a indústria naval brasileira, o empreendimento ocupa uma área de 1,6 milhão de metros quadrados, e conta com investimentos da ordem de R$2,6 bilhões - maior aporte de recursos privados na Bahia nos últimos dez anos. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m


Concebido com foco na construção e integração de unidades offshore, como plataformas, navios especializados e unidades de perfuração, a Enseada Indústria Naval S.A. conta com uma carteira de encomendas de US$6,5 bilhões. Nesta unidade serão construídos os seis navios-sonda de perfuração offshore, do contrato firmado em 2012 com a Sete Brasil, no valor global aproximado de US$4,8 bilhões. Com previsão de conclusão em 2015, o estaleiro foi idealizado para desenvolver projetos complexos de engenharia naval e processar até 36 mil toneladas de aço por ano, trabalhando em regime de turno único. “O estaleiro vai iniciar um novo ciclo econômico no Recôncavo baiano, estimulando o desenvolvimento de uma ampla cadeia de fornecedores e promovendo uma política responsável de desenvolvimento e contratação de mão de obra local”, destaca Humberto Rangel, diretor de relações institucionais e sustentabilidade do empreendimento. Tomando-se como base o mês de fevereiro, a construção do estaleiro gerou 5.960 empregos, dos quais 53,27% foram provenientes da chamada “zona de influência direta”, contemplada pelos municípios de Maragojipe, Salinas da Margarida e Saubara.

ACIONISTAS

70%

Enseada Indústria Naval Participações S.A

Estaleiro Paraguaçu

50% Odebrecht, 25% OAS, 25% UTC

30% Kawasaki Heavy Industries

PRIMEIRO CLIENTE Constituída de 100% de capital nacional, a Sete Brasil é o primeiro cliente da Enseada. Companhia de investimentos especializada em gestão de portfólio de ativos voltados para o setor de petróleo e gás na área offshore no Brasil, a empresa encomendou a construção dos seis navios de perfuração do pré-sal para a Petrobras. Dessas embarcações, quatro serão operadas pela OOG (Odebrecht Óleo e Gás) e duas pelas empresas Etesco e OAS. Segundo o relatório de fevereiro da Enseada, a sonda Ondina será entregue em julho de 2016, a Pituba em maio de 2017, a Boipeba em janeiro de 2018, a Interlagos em setembro de 2018, a Itapema em maio de 2019, e a Comandatuba em janeiro de 2020. TECNOLOGIA Última empresa a entrar como acionista no estaleiro (em 2012), a japonesa a Kawasaki Heavy Industries (KHI) é a principal parceira tecnológica do empreendimento, e tem a missão de garantir a consistência do processo de transferência de tecnologia com as melhores condições e prazos. O acordo contempla o treinamento de dezenas de profissionais da Enseada no Japão.

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Em janeiro, o governador Jaques Wagner e dirigentes da Enseada fizeram uma visita técnica às instalações do estaleiro da KHI em Sakaide, no Japão, onde presenciaram o processo de tecnologia e conheceram os profissionais do estaleiro baiano que estão sendo treinados no local. A equipe foi apresentada a todas as fases do processo produtivo, começando pela demonstração da fabricação de pequenas peças para navios e seguindo pelas oficinas de pré-montagem, de instalação outfitting e de megabloco. “A tecnologia da KHI é realmente inovadora e é uma semente que está sendo plantada. Apesar de anos de experiência no mercado, não conhecia tamanha eficiência. Levarei ao Brasil as lições de planejamento e

máxima qualidade”, relatou Odilon Parente, integrante da Enseada que passa por treinamento no Japão. “Acredito que o intercâmbio entre brasileiros e japoneses permitirá a construção do maior estaleiro do Brasil. A junção de planejamento e organização com a criatividade brasileira trará grandes soluções na área de produção”, projetou Wagner. SUSTENTABILIDADE Situado em uma região vulnerável em nível social, a Enseada informou que investiu R$20 milhões em medidas socioambientais, com foco na gestão sustentável do seu entorno. Em parceria com o governo estadual, foram elaborados planos

UMA CONVERSA COM FERNANDO BARBOSA – PRESIDENTE DA ENSEADA INDÚSTRIA NAVAL S.A. A vinda do estaleiro “Nós sempre tivemos a vontade de trazer a indústria naval de volta para cá, porque a Bahia tem essa vocação. O estaleiro para o estado é fantástico, é formador de mão de obra de alto desempenho. Estamos treinando funcionários no Japão para a área de tecnologia. Já passaram por lá 70 pessoas até agora e metade é de pessoas da Bahia, da região de Maragogipe. Hoje temos um contingente de 25 operários no Japão, 20 são baianos. É muito gratificante poder liderar esse projeto, poder trazer isso para cá e deixar esse legado” Os desafios da Bahia “Qualquer lugar que se implemente um projeto desse porte terá desafios. Aqui na Bahia não é diferente. Os desafios principais são a infraestrutura, incipiente no momento, e a motivação dos jovens para ir trabalhar num lugar que não é tão longe e não é tão perto. Antigamente era muito mais fácil motivar um jovem porque ele se sentia atraído em trabalhar numa grande empresa, o que não é um grande motivador para a geração Y, que é mais imediatista e quer mais conforto. Precisamos criar um ambiente de atração não só da mão de obra direta (operários) como os técnicos, engenheiros, etc.”

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Abertura de novos mercados “Outro grande desafio que temos é o mercado. O estaleiro não é um projeto de longo prazo, é uma indústria que deve funcionar por décadas e precisamos de mercado para isso. E o mercado significa novas explorações de petróleo, que dependem de uma periodicidade de leilões de áreas para exploração e de uma indústria de óleo e gás forte. É preciso consolidar o grande projeto do pré-sal, além de incorporar outros segmentos de mercado, como reparos navais, embarcações militares e navios especializados”. Formação de lideranças “Eu vejo no meu negócio e nas empresas de nossos acionistas diversas lideranças aparecendo. Cabe ao empresariado desenvolver formas de atrair os jovens. Com a abertura dessas oportunidades, surgirão novas lideranças, até porque a gente precisa dessa nova geração.” Negócio baiano “Todos nós, sócios, temos uma empatia e uma forte ligação com a Bahia. Queremos ver a Bahia se projetar e crescer no cenário nacional. Aliada a isso, a característica do local é própria para este tipo de empreendimento. A região tem águas abrigadas, profundidade adequada, existe mão de obra, a Baía de Todos os Santos é a maior baía do Brasil, então, casou. Mas não tenha dúvidas que a baianidade dos dirigentes ajuda.”


diretores dos municípios localizados na área de influência da Enseada, de maneira a contribuir para o desenvolvimento do sistema viário, de saúde, educação, saneamento e gerenciamento de resíduos. A iniciativa inclui o mapeamento de espécies e a manutenção de flora e fauna regionais, a criação de viveiros com mais de 40 mil mudas de árvores nativas, ações de educação ambiental para as comunidades do entorno, apoio financeiro e logístico às cooperativas locais de costureiras e maricultores, a capacitação para formação de colônias pesqueiras da Baía do Iguape e o gerenciamento de resíduos sólidos. Algumas denúncias de organizações nãogovernamentais que atuam na Baía de Todos

os Santos dão conta de que o coral-sol, espécie bioinvasora nociva à biodiversidade marinha, estaria sendo trazido para a região via plataformas de empresas de petróleo e gás, o que colocaria em risco as comunidades locais que sobrevivem da pesca. “Reconhecemos o caráter nocivo desse bioinvasor, mas até hoje eu desconheço um estudo científico que atribua a responsabilidade às plataformas. Esse é um problema difuso e cabe ao poder público assumir a liderança da avaliação, definindo uma política ampla de atuação”, ressalta Humberto Rangel. No Rio de Janeiro, a Enseada Indústria Naval S.A. opera ainda o Estaleiro Inhaúma, arrendado pela Petrobras desde 2010. [B+]

Os desafios da Enseada “Não é tudo um mar de rosas. Temos que desenvolver uma cadeia de suprimentos, que ainda não temos. A gente tem uma operação no Rio de Janeiro onde temos oito subcontratados que nos abastece e funcionamos como uma montadora. Precisamos fazer isso aqui. Outra questão é a mão de obra. Nunca tive dúvidas que a Bahia tem uma boa mão de obra, mas a gente precisa continuar investindo maciçamente em treinamento, capacitação, porque estamos fazendo um trabalho um pouco mais à frente da média”. Diferenciais competitivos “Nós fomos ao berço da moderna construção naval no mundo, que é o Japão, para buscar a melhor tecnologia para que pudéssemos nos diferenciar em termos de produtividade e competitividade de preços.” 2014 “Temos três prioridades para este ano: a primeira é aumentar a carteira de contratos e performar o que já temos em casa. A segunda grande tarefa é a financiabilidade de todo o processo. Vamos precisar de um apoio do Banco do Brasil e de outros players para que a gente consiga financiamentos adicionais necessários. Finalmente, temos o mercado. O nosso objetivo é ser um dos melhores competidores do Brasil para sermos atraentes para os clientes. Queremos servir à indústria de exploração de petróleo e naval e à Marinha, para que a gente possa manter o estaleiro vivo por muito tempo”.

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LID E R A N Ç A

À CAÇA DE

LÍDERES Pesquisas apontam que vivemos a época do apagão dos líderes nas empresas. O que fazer diante dessa situação?


E

studo realizado pela consultoria empresarial Empreenda, em parceria com a HSM, especializada em educação executiva, revelou que para 87% dos executivos faltam profissionais que possam sustentar as estratégias de crescimento das companhias. A empresa entrevistou 840 presidentes, líderes de áreas de negócios e diretores. O chamado apagão dos líderes influencia diretamente na longevidade das empresas, afinal, quando uma companhia centraliza seu controle e conhecimentos na figura de uma só pessoa, seu futuro é, no mínimo, incerto. “Eles (os executivos) se queixam que teriam que desvestir um santo para vestir outro, quando precisam enviar talentos para uma nova unidade de negócio”, diz César Souza, presidente da Empreenda. “As empresas também não possuem sucessores e, se têm líderes, eles precisam de upgrade, pois muitos ainda funcionam como chefes ou no máximo como gerentes e não como líderes”, completa. Para César, os líderes são bons na gestão de resultados, de pessoas, de tecnologia, e, principalmente, na autogestão. Paulo Lopes, da empresa de consultoria Organiza, acredita que o problema do Nordeste é mais profundo. “Aqui, as empresas são mais carentes de gestão do que de líderes”, opina o consultor com 38 anos de mercado. “O que eu vejo é que a gestão é muito rubricada na cultura da região onde a empresa está inserida. A Bahia vem de uma cultura muito familiar, baseada no cabresto, e isso se reflete nas empresas até hoje. Há um amadorismo na gestão”, conclui. Para Luiz Hozannah, psicólogo e consultor de empresas na área de gestão de pessoas, o mercado baiano acompanha, com certo atraso, a busca por lideranças. “As empresas, mesmo w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

as pequenas e familiares, despertaram para a necessidade de profissionalizar a gestão só agora”, opina. A Perini, um dos grandes do varejo no estado, deixou de ser uma empresa familiar e criou um programa de capacitação de profissionais para conseguir suprir a demanda de líderes. “Não adianta eu querer transmitir o modo como eu fazia, eu não consigo. Nós éramos uma empresa familiar onde eu era o líder”, conta Pepe Faro, fundador da empresa. “Isso (a Perini) foi um caso de amor que eu construí, uma coisa diferente que a gente quis montar na Bahia e que, infelizmente, não conseguimos dar continuidade, ainda que nossos sucessores estejam trabalhando bem”, comenta Pepe, sobre a nova gestão do grupo chileno Cencosud, que comprou a empresa em 2010. Outro desafio dentro das empresas é a preparação para encontrar profissionais para gerir a complexidade imposta pela globalização. Segundo o ranking Workplace Survey 2013, o Brasil está abaixo da média mundial entre os países que alavancam sua competitividade por meio da diversidade. Faz-se necessário o perfil de líder que não só combine conhecimentos técnicos e interpessoais, mas que consiga desenvolver competências globais, como o gerenciamento de inovações, a administração das cadeias de suprimentos em diversos países ou a gestão de times virtuais. “Números como esses demonstram a importância do processo de formação de líderes com mentalidade global”, afirma Gabriel Vouga, coordenador do Observatório de Multinacionais Brasileiras da ESPM. Erlana Castro, que por anos liderou as operações de marketing da Fiat em 29 países, acredita que a preparação dos executivos para a liderança global deve estar na pauta das empresas. “Eu vivi na pele e posso falar, porque nunca ABRIL E MAIO 2014

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LID E R A N Ç A

ERLANA CASTRO: BAIANIDADE GLOBAL Em 2001, recebi o desafio de liderar a comunicação de marca da Fiat em 29 países europeus. Um trabalho numa escala que nunca tinha imaginado alcançar. Até onde sei, fui a primeira mulher, mais jovem (29 anos) e estrangeira a atuar nesta função. Com certeza a primeira baiana! Passei sete anos na Fiat, dos quais mais da metade trabalhando a partir da Itália, cuidando da marca na Europa. A minha entrada na empresa foi pelo marketing do Brasil e coincidiu com um momento de Fiat ainda desafiante - no 3º lugar do mercado - buscando a liderança local. A empresa pretendeu formar uma equipe de pessoas diversas e com isso criar ambiente para a inovação radical. Eu, que vinha da publicidade e nunca tinha trabalhado na área automobilística, fui recrutada. Vivi esta fase da Fiat e tenho muito orgulho da nossa campanha “Revendo Conceitos”, que externou todo esse processo de reinvenção da marca. FOTO: Divulgação

Fui expatriada em 2001, já deixando a Fiat como líder do mercado brasileiro. Na sequência de minha volta para o Brasil, parti para uma nova fase profissional no Grupo ABC. Trabalhei na DM9 e na Africa, agências igualmente líderes. Nessa época, eu cuidava das contas da Ambev que, do ponto de vista de liderança, dispensa maiores apresentações. Quando se está inserido neste contexto, você percebe que, ao contrário do que se pensa, não é fácil ser uma empresa líder. É pura pressão e, obviamente, o mantra é inovar. O que, por sua vez, deixa de ser uma “estratégia” e passar a ser um “estado de espírito”. Nestas empresas ficar parado é perder o jogo. Considerando os desafios das empresas líderes nas quais trabalhei, temos a dimensão global da liderança. Sim, todas elas atuam internacionalmente. A Fiat já era múlti, mas a Ambev e o Grupo ABC internacionalizaramse simultaneamente ao seu crescimento e conquista da liderança no mercado brasileiro. O Brasil é um entrante tardio no processo da globalização. Para nós, agora é hora do jogo. Eu mesma pude sentir na pele o que é encarar o mercado global sem ter o devido preparo! Fui bem-sucedida, mas tive que me virar e aprender muito rápido. Nossas escolas de negócios não nos preparam para ser líderes globais. As nossas empresas precisam desse recurso estratégico imediatamente. Na essência do líder global está uma grande habilidade para lidar com a diversidade, o que não é apenas juntar colaboradores de vários países. O diverso tem um sentido mais amplo. Uma equipe que junte paulista, gaúcho, mineiro e baiano, entre homens e mulheres, jovens e maduros, novos de empresa e veteranos, católicos e evangélicos, já terá um enorme grau de diversidade mesmo sendo formada por brasileiros. É bom atentar que, em alguns setores da economia, o mercado brasileiro representa apenas 2%, os outros 98% dos negócios estão fora de nossas fronteiras. Em geral, olhamos muito para o mercado interno e temos muito pouca perspectiva sobre o que acontece lá fora. Isso faz com que a gente seja um pouco mais lento e menos competitivo na inserção global de nossas empresas. Temos que incluir o mundo em nossa perspectiva até mesmo para escolher atuar apenas localmente. Para isso, é preciso formar uma nova liderança dentro das empresas. Uma liderança com “global mindset”. Erlana é professora convidada da Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte, consultora e pesquisadora do Observatório de Multinacionais Brasileiras da ESPM/SP, onde faz parte de um programa para fomentar a liderança global dentro de empresas.


O QUE ESPERAR DE UM NOVO LÍDER Precisa ser bom na gestão de resultados, de pessoas, tecnologia e de si mesmo. O líder deve ser coerente entre o que diz e o que faz, precisa dar o exemplo. Surpreende pelos resultados, faz mais que o combinado. Atua além dos limites do seu cargo. Inspira valores, e não demonstra poder apenas pelo carisma ou pela hierarquia. Constroi causas com suas equipes em vez de cobrar metas.

EIXOS DE COMPETÊNCIA DO LÍDER INSPIRADOR Autogestão

fui preparada de fato para atuar em um contexto globalizado”, confessa. “O primeiro problema que surge quando as companhias começam o processo de internacionalização é gente para fazer acontecer. Pessoas com esse perfil não estão sendo formadas pelas empresas ou escolas, e esses profissionais serão os mais procurados em um futuro próximo”. UM JEITO NOVO “Esqueça aquele estilo Roberto Justus”, diz Luiz Hozannah, referindo-se ao empresário e apresentador da TV Record conhecido pelo jeito formal com que se refere aos seus colaboradores. “O que se procura agora é um líder que combine o lado técnico com o interpessoal”, completa. Para César Souza, os novos líderes devem oferecer significado às pessoas que lideram. O “afrouxar da gravata” não parece interferir nos resultados das empresas, pelo contrário, o líder que consegue tornar sua gestão mais participativa e é aberto a sugestões é um benefício para o crescimento. Antônio Medrado, da Dona Empreendimentos, guarda em sua estante o Prêmio Ademi-BA como empresa revelação de 2013 e, nem por isso, abre mão dos fins de semana com a família. “Quando você tem uma equipe boa a sua volta, não precisa se matar no trabalho. Dinheiro é muito bom, mas ter qualidade de vida é muito importante”, acredita. “Ser líder é ter uma junção de três fatores: ser capaz tecnicamente, ter capacidade gerencial e ser um polo agregador, porque ninguém constrói nada sozinho”.

Cultura e valores

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Gestão de resultados (quantitativo e qualitativo)

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Gestão de clientes (usuários, internos e sociedade)

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Gestão de pessoas (equipes e valores/cultura)

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Gestão de parceiros (prestadores serviços, fornecedores e sócios/consórcios)

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Gestão de tecnologia, processos e sistemas

César Souza

[a] [e] [d]

“As empresas não possuem sucessores e, se têm líderes, eles precisam de upgrade”

[b] [c]

De acordo com os especialistas, aprender a gerir pessoas é um dos pontos mais importantes na formação de um líder. “Para fazer o negócio andar, é preciso de gente que trabalhe, mas como vou gerir essas pessoas? Como posso compreender a mentalidade daquele grupo? Como posso motivá-los?”, provoca Aldo Ramon, presidente da Junior Achievement Bahia. A organização está há dez anos em solo baiano, formando novos líderes empreendedores dentro das escolas. Os estudantes contam com a ajuda de um grupo de 140 profissionais voluntários da área administrativa para montar empresas fictícias. “Durante o exercício, esses jovens criam noções de liderança, já que precisam delegar funções, escolher representantes e colocar o negócio para funcionar”, comenta. Para César Souza, a Bahia tem vantagem para a formação de novos líderes. “A humanidade do baiano é um grande diferencial”, opina. Mas, para que o estado consiga se desenvolver neste segmento, César opina que os líderes precisam chamar a responsabilidade para si. “Ainda é muito grande a tentação para que o indivíduo jogue para a plateia, desrespeite o tempo dos outros, não cumpra promessas e dê sempre um jeitinho. Precisamos nos livrar desse histórico que nos impede de progredir”. [B+]

CRÉDITOS: Empreenda

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FOTO: Divulgação

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A BAIANA QUE IMPULSIONA A JOHNSON Presidente da divisão de consumo da Johnson & Johnson no Brasil, Maria Eduarda Kertész é conhecida por exercer uma liderança mais informal e participativa. Baiana de origem, paulista por opção, Duda, como prefere ser chamada, topou o desafio de acelerar o crescimento da multinacional aliando ousadia, engajamento e tradição. A combinação deu certo: nos três primeiros anos sob o seu comando, a empresa cresceu 70% a mais do que a média dos três anos anteriores por PEDRO HIJO

P

ara nos conceder esta entrevista, Maria Eduarda Kertész precisou almoçar em sete minutos e adiar uma reunião. Ela estava vindo de um dos encontros que promove eventualmente com o time de liderança da Johnson & Jonhson e sentou-se em seu escritório em São Paulo para falar com a [B+] sobre estratégia, marketing, gestão e explicar como administra o tempo e as prioridades no dia a dia. Duda saiu da capital baiana com 17 anos, levava na mala a vontade de fazer carreira em São Paulo. Com passagens por grandes empresas (como PwC e Schering-Plough), ela viu-se, aos 37 anos, na cadeira da presidência da Johnson & Johnson, com o desafio de alavancar o crescimento da empresa, que se via provocada por concorrentes cada vez mais ágeis. Ao redor, executivos (no masculino mesmo) que tinham em experiência de trabalho, o que ela tinha de idade. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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Não se intimidou. Juntou seu conhecimento e a inquietude que lhe é inerente (Mário Kertész, pai de Duda, confirma essa característica) para atingir a meta de alavancar o crescimento da Johnson & Johnson. A multinacional americana crescia em paralelo com o mercado, mas o que Duda queria era munir-se da tradição da companhia para traçar um caminho mais ousado na comunicação e no posicionamento estratégico. Atuou em duas frentes principais. Primeiro, investiu em mídia. Até o fim de 2011 a propaganda da Johnson & Johnson cobria 87 cidades para a maioria das marcas, depois da entrada de Duda, este investimento saltou para 5.570 municípios, com a compra do pacote de futebol da Rede Globo. O aporte também cresceu para a área de distribuição dos produtos, principalmente em regiões como Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Outra prova de que a companhia decidiu se mexer para acompanhar o momento competitivo do país é o patrocínio da Copa do Mundo. É a primeira vez na história da Johnson que um investimento desse tipo é feito. A empresa não revela a quantia investida, mas especula-se um valor superior ao de R$34 milhões. O novo plano de mídia não prioriza cada marca, mas a Johnson & Johnson. E como ninguém chega a lugar algum sozinho, Duda tratou de motivar o espírito de liderança em cada um dos mais de três mil colaboradores da empresa. A cada um ou dois meses, ela participa de um café da manhã com um grupo de cerca de 30 funcionários. Foi ideia dela reunir-se com a diretoria e juntar 30 líderes de diferentes setores, 700 gerentes administrativos e de vendas para falar de resultados e do momento específico da companhia. Ao fim, sugeriu que cada uma dessas pessoas escrevesse uma carta para ela. Uma forma de capturar sugestões, críticas, insatisfações. “Às vezes um líder fica isolado numa torre de quartel general e não sabe o que está se passando na vida real, o que acontece nas lojas, nas reuniões com os funcionários, na fábrica. Eu tento ouvir”, diz. O resultado foi visto em números: nos três primeiros anos sob o seu comando, a empresa cresceu 70% a mais do que a média dos três anos anteriores. 60

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Mãe de dois filhos, uma de 9 e outro de 12 anos, Duda se divide entre a casa e o trabalho. Para ela, o importante é saber evoluir nas escolhas e conseguir administrar bem o tempo, definindo prioridades. A favor da meritocracia dentro das empresas, ela acredita que as pessoas devem ser reconhecidas pela competência e não pelo gênero, mas destaca que uma culpa ainda paira sobre as mulheres, que se veem entre o dilema carreira e filhos.

Fora o fato de ser mulher e mais nova do que a maioria dos diretores, o que, por si só, já é bastante desafiador, qual foi o seu primeiro desafio empresarial ao se tornar presidente de divisão de consumo da Johnson & Johnson? Foi organizar a casa? Eu não queria organizar a casa não. A empresa já era bem estabelecida, com marcas muito fortes, tinha um time muito coeso. O desafio, na verdade, era como aproveitar toda essa tradição da marca para acelerar o crescimento da empresa. Fazer o que já era forte ficar melhor. Um desafio maior até do que uma mudança mais radical, em uma empresa em que você tem que começar do zero, por exemplo. Aproveitar o que tínhamos, gerar mais renda, crescer mais do que os concorrentes. Numa multinacional, não dá para fazer do nosso jeito, fazer com que a empresa tenha a nossa cara. A gente dá um toque ou outro, mas a empresa é mais forte do que os executivos que estão dentro dela. Como está a Johnson na Bahia? Em termos de tamanho de mercado, a Bahia é um estado muito importante para todas as categorias em que atuamos. Desde 2009 estamos fazendo uma campanha muito forte para o Nordeste, investindo para que a nossa marca seja mais conhecida na região. O nosso problema é a distribuição. O desafio é estarmos presentes em um maior número de lojas, com mais promotores de merchandising. Estamos investindo em uma mídia mais nacional, que cobre todos os municípios da Bahia, mas acredito que ainda há espaço para estarmos mais presentes.

Às vezes um líder fica isolado numa torre de quartel general e não sabe o que está se passando. Eu tento ouvir

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O desafio era aproveitar a tradição da marca para acelerar o crescimento da empresa. Fazer o que já era forte ficar melhor

FOTO: Divulgação

Desde que você assumiu a Johnson, a empresa tem ampliado significativamente os investimentos em marketing. Qual a sua participação nesse processo de transformação da marca? A Johnson é uma empresa de muita tradição, tem valores muito fortes, uma ética muito correta. O que eu tento acrescentar é uma agressividade maior na busca de crescimento. Como aproveitar o valor e acelerar o crescimento do nosso jeito. Mas não estou sozinha, todos os funcionários estão juntos nesse compromisso. Você é conhecida por exercer uma liderança mais participativa, por motivar os colaboradores a dar sugestões e falar o que pensam sobre a sua gestão e a empresa. De que forma é possível trabalhar essa liderança mais “informal” dentro de uma empresa tão tradicional? O que eu tento fazer é ouvir mais. A gestão mais participativa tem a ver com ouvir mais para saber o que está acontecendo. Às vezes um líder fica isolado numa torre de quartel general e não sabe o que ocorre na vida real, o que acontece nas lojas e nas reuniões com os funcionários, na fábrica. Primeiro, eu tento ouvir. A proximidade tem a intenção de capturar essa realidade. Não quer dizer que vou ceder sempre a tudo que me pedem. Mas eu pergunto: o que o concorrente está fazendo melhor que a gente? O que podemos fazer melhor? E eu pergunto isso para os funcionários, para os clientes, na tentativa de capturar informação para direcionar a empresa para a frente. Isso tem muito a ver com o engajamento. Se eu divido mais as informações que eu tomo com o todo, consigo fazer com que todos se comprometam. É contar com transparência, é uma conversa de adulto.

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As mulheres se exigem muito. Eu tenho que lidar com a minha própria exigência

FOTO: Divulgação

De que forma isso é feito na prática? Nós temos um time de liderança que se reúne quatro vezes por ano para dividir planos. A partir daí, fazemos os ajustes necessários. Esse time faz uma reunião uma vez por ano com os colaboradores para capturar o que eles estão pensando, o que serve de insumo para o planejamento estratégico. Essa proximidade com o outro vem do sangue baiano? Eu acho que tenho características que vêm do fato de eu ser baiana, sim. Por mais formal que seja o cargo, uma coisa que todo o mundo me fala, em geral como uma coisa boa, é o fato de eu não ser muito apegada a formalidades. Tirar um pouco o cargo do pedestal transforma o presidente em alguém mais normal. Tem um pouco mais de baiana nessa informalidade de conversar. Há uma leveza de lidar com o dia a dia. Toda vez que eu vou a Salvador – menos vezes do que eu gostaria –, eu trago fitinha do Senhor do Bonfim para todo o mundo. Agora mesmo estou olhando para um vidrinho cheio de patuás aqui na minha mesa. Eu vou sempre ser baiana. Vim morar em São Paulo em 1991 e aprendi bastante aqui. Mas quando eu olho para o mar da Bahia... Segundo um estudo da Grant Thorton, 27% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. Por que ainda tão pouco? As mulheres têm desafios maiores, porque se exigem mais, do ponto de vista do atendimento à família. Quando se deparam com o casamento, com os filhos e o crescimento no trabalho, as mulheres geralmente titubeiam. Veja que, na Johnson, que tem um ambiente favorável às mulheres, mesmo neste ambiente, muitas delas desistem das carreiras por se prenderem neste dilema casa versus trabalho, que é muito difícil. Existe uma culpa. Por isso é importante aprender e evoluir nas escolhas. Em um cargo alto como o seu isso deve ser difícil... Não só eu como todas as mulheres que conseguem fazer esse balanço entre carreira e casa são exemplo de que é possível evoluir nas escolhas. Não é preciso ser uma grande líder para conviver com esse dilema e aprender a balancear. A Raimunda, por exemplo, 62

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que trabalha em minha casa há 16 anos, tem duas filhas e as criou sozinha, deixava alguém cuidando das meninas e nunca faltou ao trabalho. Hoje ela ainda consegue pagar a faculdade da filha, porque investiu em uma história diferente para a menina. Ela soube balancear. Todas as mulheres, onde quer que estejam, se conseguirem balancear esses dois mundos, podem servir de inspiração para outras mulheres. Mas existe diferença entre a liderança feminina e a masculina? Em geral, a liderança feminina é distinta, porque ela traz para a mesa qualidades diferentes dos homens. As mulheres são mais sensíveis nas relações, ao tomar decisões, e se preocupam com a forma como essas decisões vão reagir no entorno. Mas os homens são mais objetivos e têm ambição maior de querer avançar. Mas eu acho que a mulher tem que se sentir confortável com o que tem de bom. No passado, as mulheres queriam ter as características dos homens para crescer, graças a Deus, hoje isso não é mais necessário. Eu não preciso me comportar como um homem para ser respeitada no ambiente de trabalho. Qual mulher lhe inspira mais? Eu sou meio rebelde com essa questão de ídolos. Nunca gostei de idealizar uma pessoa ou outra. Mas a minha mãe, que é uma figura pouco falada, e a minha filha me inspiram. Vendo minha filha, as possibilidades que ela vai ter no futuro, observando que desde pequena ela sempre foi decidida, ligada, determinada... Isso me inspira muito. [B+]


“Não adianta terceirizar para a escola a responsabilidade de educar. A corresponsabilização é fundamental para a melhoria da educação. Enquanto isso não for um valor para a sociedade, não vai ser priorizado nos investimentos das políticas públicas” Anna Penido, diretora executiva do Instituto Inspirare

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ARTE: Ed Ribeiro

EDUCAÇÃO [B +] Qualifica Online 64 Como formar novos líderes? 66 Boletim premiado 70


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E-QUALIFICADO Novo produto do grupo [B+] se insere no mercado do ensino a distância e atende a quem busca a qualificação fotos KIN KIN

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[01] Anaedi Patriota (Grupo TPC) e Renato Simões; [02] José Carlos Cabral (KM Precision); [03] Hélide Borges (HB); [04] Cláudio Vinagre e Cristina Barude (Lume Comunicação); [05] Marisa Carvalho; [06] Rebeca Marques e Aline Oliveira (Perini); [07] Renato Barbosa e Núbia

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manhã chuvosa do dia 21 de fevereiro não afastou os empresários baianos e representantes de agências de publicidade de um encontro realizado no Cine Vivo para o lançamento do portal de conteúdo do Grupo [B+], o Qualifica Online. O novo produto segue as tendências do modelo de educação globalizado, oferecendo qualificação profissional com foco em negócios, marketing e empreendedorismo em uma plataforma online e interativa. O mestre de cerimônias do evento e responsável pela Unidade de Educação do Grupo [B+], Luiz Marques, destaca que o Qualifica Online é uma experiência inovadora em formação, por sair da tradicional educação corporativa e acadêmica para focar em discussões de temas práticos, na fronteira do conhecimento e expertise em gestão de empresas.

Para Guilherme Marback, reitor da Unijorge, a modalidade do ensino a distância (EAD) deve complementar o modo presencial de aulas e também favorecer empresas e instituições que queiram qualificar suas equipes sem fazer grandes gastos com deslocamentos. “O conhecimento agora chega para quem quer. Nós, baianos, precisamos reerguer nosso estado e lançar programas que atendam à comunidade”, disse. Os cursos online de curta duração são especialmente voltados para profissionais das áreas de administração, comunicação e marketing que desejam atualizar conhecimentos e se qualificar para se destacar no mercado de trabalho. As aulas ficam por conta de profissionais reconhecidos pelo mercado empresarial, que irão falar sobre estratégias de sucesso para o empreendedorismo digital. Para conhecer as temáticas dos cursos, os professores e obter maiores informações, acesse a www.bmaisqualifica.com.br [B+]

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Cristina (Qualidadecom); [08] Renato Simões, Luiz Marques e Rubem Passos (Grupo [B+]); [09] Roberto Barreto (Ideia3) e Pedro Dourado (Uranus2); [10] Simone Branco (Unifacs); [11] Thiago Ribeiro (Desenbahia); [12] Tiana Camardeli e Lais da Costa Tourinho (Camardeli Associados)

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E D U CAÇÃO | i n ovação

Caio (à frente) e Rodrigo, ambos com 20 anos, ocupam cargos de direção na Empresa Junior de ADM da Ufba

por LARISSA SEIXAS fotos RÔMULO PORTELA

EDUCAÇÃO PARA A LIDERANÇA Escolas e universidades inserem disciplinas e atividades que estimulam a liderança nos jovens e preparam profissionais para o futuro

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autor Karim Khoury, em seu livro “Liderança é uma questão de atitude”, pontua: “Liderar significa exercer influência sobre o que se passa ao seu redor, seja construindo a vida que deseja para si mesmo, seja inspirando diferentes pessoas a caminhar na mesma direção. A habilidade de liderança pode ser desenvolvida e depende de ações práticas e objetivas”. Khoury não está sozinho. Esse pensamento de que qualquer pessoa pode aprender a ser um bom líder é amplamente defendido por diversas entidades acadêmicas de administração, que utilizam tal conceito para ensinar aos jovens estudantes as teorias da liderança. Na Bahia, muitas universidades possuem cursos específicos de gestão de pessoas que desenvolvem competências de liderança. São os mais diversos cursos, com períodos de duração que vão de dez dias a pósgraduações de um ano e seis meses (veja quadro na página ao lado). Algumas, como a Devry Brasil e a Unifacs, apresentam programas de desenvolvimento de lideranças para diversos cursos de MBA com uma abordagem diferente, além dos cursos específicos de gestão de pessoas ou liderança estratégica. Na Unifacs, por exemplo, os MBAs 66

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“Através dessa capacitação de liderança, é possível aprender novas técnicas para explorar o seu potencial e o do outro, de maneira coerente e participativa” Poliana Pimentel, psicóloga e ex-aluna de pós-graduação


de marketing, finanças ou projeto também têm um módulo de 80 horas chamado “competências do líder”, no qual são tratados temas com abordagem prática. De acordo com a coordenadora da área de gestão de negócios da Unifacs, Fabiana Durán, o objetivo é desenvolver competências essenciais para o gestor atuante em qualquer segmento ou posição da organização, a fim de prepará-lo para assumir ou aperfeiçoar o seu papel enquanto líder. Ela explica que “esses cursos agregam valor à carreira dos gestores, uma vez que, além do conhecimento sobre as questões técnicas, é importante que os profissionais desenvolvam também outras competências essenciais para o exercício da liderança”. Já para o coordenador do MBA em administração estratégica da Estácio FIB, Claudio Osney, um dos maiores desafios para a formação de líderes atualmente é a necessidade de formar profissionais com capacidade para empreender e conscientes do papel que têm a desempenhar junto à sociedade. Ele explica que no cenário social contemporâneo, a competência desses profissionais passa a ser mensurada não apenas pelo conhecimento adquirido, mas também por sua capacidade de reflexão, visão sistêmica e por suas atitudes. Ou seja, busca-se a formação do profissional cidadão. Osney define um bom líder como “um profissional que tem o conhecimento e as habilidades que lhe possibilitam atuar no mercado, mas que ao mesmo tempo possui consciência das demandas do meio em que se encontra inserido, e cujo comportamento está fundamentado em valores, como ética e responsabilidade social”. ESCOLAS FORMADORAS DE LÍDERES Além das universidades, algumas escolas também buscam desenvolver líderes cidadãos. É durante o ensino fundamental e médio que elas passam a agregar às grades curriculares atividades que estimulam a liderança nas crianças e adolescentes. O colégio Villa Lobos, por exemplo, utiliza as aulas de serviço de orientação ao estudante (SOE) para discutir situações cotidianas que demonstram a importância da liderança. Uma das atividades realizadas tem como principal objetivo orientar para a escolha de um bom líder, aquele que preze pelo coletivo. No início do ano letivo, alunos de cada turma devem votar em seus representantes, que servirão de interlocutores entre os alunos e a escola. Enquanto forem líderes de turma, esses representantes terão reuniões trimestrais chamadas “fórum de lideranças”, onde vão encontrar outros líderes para discutir demandas importantes para o alunado com a direção, coordenação, orientação e docentes. Foi por meio de atividades como grêmio estudantil e liderança em gincanas que o estudante de administração e diretor de gestão de pessoas da Empresa Junior de Administração da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Rodrigo Salles, 20 anos, começou a se w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

A LIDERANÇA NA PONTA DO LÁPIS PÓS-GRADUAÇÃO UNIFACS Nome do curso: Especialização em liderança estratégica Direcionado para: Profissionais graduados que atuem em cargo de gestor nas áreas estratégicas e táticas da organização. Duração: 17 meses / 390 horas *Observação: Todos os cursos de MBA da Unifacs possuem um módulo de 80 horas chamado “competências do líder” no qual são tratados temas de liderança com abordagem prática.

SENAC - BAHIA Nome do curso: Desenvolvimento em lideranças Direcionado para: Profissionais que conhecem e utilizam estratégias de liderança capazes de auxiliar no desenvolvimento de equipes. Duração: 10 dias / 120 horas

PÓS-GRADUAÇÃO RUY BARBOSA/DEVRY BRASIL Nome do curso: Gestão de Pessoas Direcionado para: Funcionários de empresas que se inscrevam no programa. O curso preparará o aluno para atuar em consultorias especializadas em recursos humanos. Duração: 18 meses / 460 horas *Observação: Todos os MBAs da pós-graduação internacional DeVry Brasil possuem um programa de coaching que ajudará o aluno a definir um plano de desenvolvimento pessoal. São seis encontros ao longo do curso para a realização dos objetivos do programa. ABRIL E MAIO 2014

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E D U C AÇ ÃO | i n ovação

PÓS-GRADUAÇÃO UNIJORGE Nome do curso: Pós-graduação em gestão estratégica de pessoas e liderança Direcionado para: Gestores; recém-graduados que buscam formação específica nesta área; profissionais que têm interesse em se tornar consultores de recursos humanos; especialistas que buscam reciclagem na área de gestão de pessoas. Duração: 18 meses / 360 horas Nome do curso: Empreendedorismo e liderança Direcionado para: Gestores que buscam atualização profissional. Modalidade: EAD Duração: 5 meses

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DA BAHIA – FIB Nome dos cursos: MBA em administração estratégica; gestão estratégica de pessoas; gestão estratégica de marketing e vendas; gestão de projetos; gestão de qualidade em gastronomia; segurança em grandes eventos. Direcionado para: Estudantes com ensino superior completo que buscam especialização nessas áreas. Duração: 2 anos

UNIME Nome do curso: MBA em gestão de pessoas

Direcionado para: Profissionais de nível superior de diversas áreas do conhecimento, que atuam ou pretendem aprimorar o domínio da área de gestão de pessoas. Especialmente pessoas que ocupam posições de liderança, gestores e empreendedores. Duração: 380 horas + TCC / 12 meses 68

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“Cursos como o de liderança estratégica ou MBAs agregam muito na carreira dos gestores, pois, além do conhecimento sobre as questões técnicas, os profissionais desenvolvem competências essenciais para o exercício da liderança” Fabiana Durán, coordenadora da área de gestão de negócios da Unifacs

interessar pelo papel de liderança. Ao entrar na faculdade, ele buscou fazer parte da Empresa Jr, uma ideia que se tornou cada vez mais relevante ao perceber o enorme diferencial que os ocupantes dos cargos de liderança demonstravam durante as apresentações. Rodrigo conta que sempre teve o estímulo da família, o que foi importante para criar uma base e ter direcionamento para o que queria fazer no futuro. “Entretanto, é muito importante que as instituições de ensino também criem oportunidades que proporcionem o desenvolvimento da liderança”, completa. Caio Teixeira, 20 anos, é colega de empresa de Rodrigo, e atual diretor-presidente da Empresa Jr. Apesar de não ter tido influências quando criança, sua vontade é empreender e estar à frente do seu próprio negócio. Foi quando ingressou na faculdade que percebeu as possibilidades de desenvolvimento profissional na Empresa Jr. “Desde que entramos na Escola de Administração da Ufba, os diretores da Empresa Jr. são uma referência de liderança e de pessoas capazes de fazer coisas surpreendentes para a sua idade”. E foi ao estar em contato com esses jovens que Caio despertou um desejo ainda mais forte de desenvolver a habilidade de liderar e um dia ocupar a posição na qual se encontra hoje. LIDERANÇA QUE VEM DE FAMÍLIA Antes de viajar para estudar inglês para negócios na Austrália, Murilo Vilpert era coordenador de compras na Tintas Festcor, uma indústria de fabricação de tintas. Seu interesse por liderança foi desenvolvido desde os 12 anos, quando começou a acompanhar a mãe no trabalho, onde ela era diretora executiva. Murilo dividia os períodos de férias entre diversão e atividades na área de produção e complementou seu gosto pela indústria com um curso de desenvolvimento de características de comportamento empreendedor, no Sebrae. “Ela (a criança) precisa interagir com a sociedade, brincar, trocar experiências. Mas, quando bem dosado, (o incentivo para a liderança) faz bem. Quando a criança cresce com um perfil de líder, ela irá ter as atitudes que devem ser tomadas antes das outras pessoas e começará a se destacar.” [B+] w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m



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E D U CAÇÃO | i n ovação

E O OSCAR DA EDUCAÇÃO VAI PARA ... Qual a mãe ou pai que nunca prometeu algo ao filho em troca de boas notas na escola? O estímulo por recompensa mais comum do mundo transformou a cidade de Morro do Chapéu em um palco de premiações e notas acima da média por CAROLINA COELHO

FOTO: Chapada Online

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cena é bonita de se ver. No auditório da cidade, alunos de todas as séries e idades vão se acomodando nas poltronas sem esconder a euforia e a ansiedade para saber, após um ano de aulas, provas e muito estudo, quem são os felizardos que levarão os tão sonhados prêmios para casa. A noite de gala, com direito a apresentador, momento de suspense e agradecimentos por parte dos vencedores, é o verdadeiro Oscar da educação de Morro do Chapéu, que envolve famílias e comunidade em geral em um único objetivo: estimular a educação nas escolas públicas da cidade. O evento faz parte do projeto nomeado Aluno Nota 10, que há sete anos movimenta as escolas das cidades de Morro do Chapéu e Miguel Calmon, zona oriental da Chapada Diamantina, dando prêmios aos melhores estudantes do ano. São mais de 50 alunos premiados com notebooks, motos, poupança de até R$2 mil, tratamentos odontológicos e cestas básicas por um ano dentro das categorias de melhor boletim, melhor assiduidade e comportamento. Até mesmo o aluno com maior faixa etária aprovado é premiado, como é o caso de Manoel, que voltou ao estudar aos 73 anos de idade e já ganhou um televisor e 70

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um home theater do projeto por recompensa à dedicação com os estudos. Além dos alunos, também são premiadas as escolas que tiveram o menor índice de evasão e o maior número de aprovados. O idealizador da iniciativa, o empresário Luciano Martinho Barreto, da Casa do Pão – por ser dono de uma panificadora que fornece pães às escolas da região – teve a ideia em 2007 após decidir bonificar o estudante com as melhores notas da cidade com um computador. Empolgados, os alunos passaram a atingir “supermédias” de até 9,75, e Luciano ganhou adeptos para engrandecer o projeto nos anos seguintes. O estímulo por recompensa fez a média dos alunos da rede estadual saltar de 2,3 para 3,3, nos últimos cinco anos, de acordo com dados do Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb). Plenamente satisfeito com a dimensão que uma simples atitude sua ganhou, Luciano diz se sentir com o espírito mais leve sabendo que está colaborando com milhares de alunos. “Muita gente espera uma iniciativa do poder público e pouco se vê alguém colaborar gastando seu tempo sem ganhar nada”, lamenta. Atualmente, mais de 42 empresas, entre nacionais e locais, estão envolvidas com a iniciativa e fazem a doação dos prêmios. Uma comissão formada por cidadãos se reúne mensalmente para discutir novas ideias, fazer a auditoria do resultado anual e divulgar o projeto para o Brasil. Em 2013, a iniciativa chegou até às escolas de Gramado, no Rio Grande do Sul, que terá sua primeira noite de premiações em abril neste ano no Palácio dos Festivais, palco das premiações do Festival de Cinema Brasileiro. [B+]


“Os profissionais chegam à política e não fazem nada ou fazem aquilo que não deveriam fazer e nós ficamos a dizer “não tem candidatos bons, isso é um absurdo!”. A pergunta é a seguinte: e você, cidadão brasileiro, fez o quê? A mudança só vem a partir do momento em que tomamos a deliberação de querer mudar”

Apoio:

Eliana Calmon, jurista baiana, a primeira mulher a compor o Superior Tribunal de Justiça

ARTE: Ed Ribeiro

SUSTENTABILIDADE Indústria de energia de biomassa 74 [c] O ciclista invisível 76 [c] Três regras para a sustentabilidade nas empresas 78


Aqui tem gente trabalhando e cuidando da gente Em pouco mais de um ano Lauro de Freitas se transformou. A Educação, a Saúde, a Segurança, a Infraestrurura e todos os outros serviços públicos prestados ao povo já vivem uma nova era.

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Escolas e creches foram requalificadas, professores voltaram a ser respeitados, a Escola de Cadetes Mirins foi reaberta e está em nova sede, a merenda escolar é tão boa que se tornou referência para outras cidades, novas ambulâncias do SAMU e Unidades Básicas de Saúde foram construídas e reformadas, a Central Humanizada Municipal de Marcação de Saúde virou realidade e referência, a Guarda Municipal foi equipada e modernizada, um novo Centro de Monitoramento foi implantado, diversas ruas e avenidas receberam pavimentação / recapeamentos, rios e córregos foram limpos, além do plantio de 10 mil mudas de manguezal.

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Sinais de que a prefeitura está trabalhando muito em todas as áreas e por toda a cidade.

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S U S T E NTAB ILIDADE | i nd ú st ria FOTOS: Divulgação

EM BUSCA DO “OURO VERDE”

Em tempos de crise no sistema energético nacional, ERB e Dow apostam na biomassa do eucalipto, com o começo da operação da planta de cogeração de Candeias por MURILO GITEL

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andeias, junho de 1952. Uma foto do então presidente Getúlio Vargas com a mão direita suja de petróleo entrava para a história. Naquela cidade, distante 40 quilômetros de Salvador, o “ouro negro” jorrou pela primeira vez em escala comercial no Brasil, alguns anos antes, permanecendo até hoje como uma das principais fontes de energia - e de riqueza - para o país. Candeias, março de 2014. As empresas Energias Renováveis do Brasil (ERB) e Dow Brasil celebram a inauguração da primeira planta de cogeração de vapor e energia a partir da biomassa de eucalipto, um projeto pioneiro em se tratando de uma indústria petroquímica, cujo objetivo é substituir parte do gás natural usado atualmente. O ouro vislumbrado agora é verde. O investimento de aproximadamente R$265 milhões é responsável pela geração de 1,3 mil empregos diretos e 3,4 mil indiretos, nas áreas industrial e florestal. “Este modelo de negócio viabiliza a geração de energia e vapor industrial em um ambiente de desenvolvimento sustentável”, destaca Paulo Vasconcellos, diretor executivo da ERB. Com o projeto, a Dow substitui 150 mil metros cúbicos diários de gás natural. A unidade tem capacidade para produção anual de 1,08 milhão de toneladas de vapor industrial e 108 mil MWh de energia elétrica. 74

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Serão substituídos 83 milhões de metros cúbicos de gás natural, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa. Estima-se que 169 mil toneladas de dióxido de carbono deixarão de ser lançadas na atmosfera anualmente, representando uma redução de 33%. PIONEIRO ERB e Dow estabeleceram contrato de 18 anos para fornecimento de vapor e energia. O projeto, que utilizará biomassa de eucalipto de reflorestamento (florestas plantadas para este fim), consumirá 10,4 mil hectares da madeira, originária de fazendas próprias da ERB e de parcerias que a empresa estabeleceu com produtores rurais de municípios do litoral norte da Bahia. De acordo com Rodrigo Silveira, diretor de operações do complexo da Dow em Aratu, o projeto contribui para o aumento da competitividade do complexo industrial e está alinhado com as metas de sustentabilidade da companhia, pois aumenta a participação de matrizes energéticas renováveis no processo produtivo. DIVERSIFICAÇÃO O presidente da Dow na América Latina, Pedro Suarez, lembra que o Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo (sobretudo hidráulica), mas que é preciso diversificá-la, a fim de evitar problemas como a atual crise do setor. Para Rietmann, os 12,5 MW que a planta de Candeias produzirá não resolverão o problema do país, mas, por se tratar de um projeto pioneiro de energia renovável, poderá estimular o desenvolvimento de empreendimentos semelhantes, com foco na biomassa. A energia gerada pela planta de Candeias será destinada à rede de distribuição. Depois de alguns meses em fase de testes, a nova fábrica começou a operar com 100% de sua capacidade em abril. [B+]

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S U S T E NTAB ILIDAD E | m ob ilid ad e

ARTE: Ed Ribeiro

SALVADOR E O CICLISTA INVISÍVEL por ISAAC EDINGTON

Apesar do título deste artigo, em Salvador o ciclista deixou de ser invisível. Era assim até 22 de setembro de 2013 – Dia Mundial Sem Carro, data escolhida para o lançamento do Movimento Salvador Vai de Bike. Os ciclistas sempre estiveram por aí, se deslocando pelas ruas, descendo e subindo ladeiras. Desde que o Movimento foi iniciado, a cidade começou a enxergar o ciclista, e trouxemos à tona o uso da bicicleta como uma atividade importante para o processo evolutivo de nossa mobilidade urbana, que contribui para a qualidade de vida e avança para mudanças de caráter cultural, que merecem nossa atenção. Ultrapassamos a marca de 183 mil viagens de bicicleta na capital baiana na segunda semana de abril. O que esse número nos diz? Primeiramente, contabilizamos apenas as viagens dos usuários do sistema de compartilhamento de bicicletas públicas. Temos 39 estações em funcionamento, com dez bicicletas em cada estação. Para termos uma ideia, a cidade do Recife tem o dobro de estações em funcionamento há mais de um ano e só agora chegou à marca de 188 mil viagens. Nós temos a metade do tempo de funcionamento, a metade de estações em operação e quase a mesma quantidade de viagens. Ou seja, nossas laranjinhas andam o dobro. É claro que não foi simplesmente colocar as estações para funcionar. Há um trabalho permanente de comunicação e conscientização, utilizando praticamente todas as plataformas de mídia (rádio, TV, jornal, web, redes sociais e digitais, outdoor, mobiliário urbano), folhetos e materiais educativos, para motoristas e ciclistas, além da ampliação dos circuitos cicloviários da cidade, promoção de fóruns e eventos ciclísticos, melhorias na pavimentação e nova sinalização, dentre outras ações. Todo esse conjunto de iniciativas, realizadas 76

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pela Prefeitura de Salvador, tem incentivado não apenas o uso das laranjinhas, cujo contingente já ultrapassa 50 mil novos ciclistas, mas também tem estimulado os donos de bikes a utilizá-las com maior frequência e motivado aqueles que nunca tiveram bicicleta a comprá-las, sejam elas novas ou usadas. Esse cenário tem contribuído para o aumento do faturamento no setor de bikes e assessórios, conforme relatos de empresários. Quanto à mudança cultural, é muito importante ressaltar que a imensa maioria da população está utilizando e cuidando das bicicletas compartilhadas. Houve alguns atos de vandalismo e pichações sim, mas ações bastante pontuais e isoladas, que de forma alguma podem nos impedir de continuar acreditando que a maioria da população está ávida para ocupar o espaço urbano, exercer sua cidadania e contribuir para uma cidade melhor. Aproveito para lhe convidá-lo a fazer um teste. Quando entrar no seu carro e começar a dirigir pelas ruas de Salvador, observe: você não vai ficar mais do que cinco minutos sem ver um ciclista. E quando vir, não esqueça: diminua a velocidade e mantenha a distância de 1,5 metro ao ultrapassá-lo. Ao fazer isso, estará tirando o ciclista da invisibilidade e ao mesmo tempo dando uma contribuição extraordinária para uma cidade melhor, mais amigável e segura para ciclistas e motoristas, possibilitando irmos ainda mais longe. Isaac é secretário do Escritório Municipal da Copa do Mundo 2014 e coordenador do Movimento Salvador Vai de Bike, na Prefeitura de Salvador

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O projeto gráfico e a diagramação desta revista, que você está lendo, foram desenvolvidos por nós!


S U S T E NTAB ILIDAD E | di ret rizes

ARTE: Ed Ribeiro

TRÊS REGRAS PARA A SUSTENTABILIDADE NAS ORGANIZAÇÕES por FÁBIO ROCHA

Foi lançado em Nova York o maior estudo de sustentabilidade corporativa, publicado pela United Nations Global Compact e Accenture Sustainability Services. Cerca de 1.000 executivos, líderes empresariais e da sociedade civil contribuíram para esta pesquisa. O levantamento revela que o compromisso com as questões ambientais, sociais e de governança tornou-se excepcionalmente forte: 93% dos CEOs veem a sustentabilidade como fundamental para o sucesso da sua empresa. A grande questão que surge é: as organizações estão sabendo evoluir na gestão da sustentabilidade e transformarem-se em um negócio socialmente responsável e sustentável? O objetivo deste artigo é, a partir de todas as nossas experiências, estudos em mais de 20 anos de atuação, em todo o Brasil, no mercado e na academia, apresentar o que consideramos as três regras de “ouro” para que uma organização possa evoluir de forma efetiva na sustentabilidade. [01] Disseminação, inserção e internalização da sustentabilidade na cultura organizacional. [02] Estruturação do modelo de gestão da sustentabilidade integrado ao modelo de gestão da organização. [03] Customização da agenda de sustentabilidade. A primeira delas trata da importância de disseminar, inserir e internalizar a sustentabilidade na cultura organizacional e tem a ver com o entendimento que se a alta administração, os líderes dos processos de gestão, os colaboradores de forma geral e as principais partes interessadas não entenderem que a sustentabilidade é um elemento concreto na gestão dos negócios 78

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e não simplesmente, uma tendência, um projeto, uma prática isolada, um processo a parte e/ou apenas um discurso simpático de preocupações sociais e/ou ambientais, o tema não irá evoluir de fato e sempre ficará a margem dos temas prioritários. A segunda regra é a necessidade de estruturação do modelo de gestão da sustentabilidade integrado ao modelo de gestão da organização. O modelo de gestão pode ser definido como o modus operandi de uma organização, programa e/ou projeto, ou seja, como ele deve ser gerenciado em todas as suas etapas, como funciona, quais são as suas diretrizes e/ou eixos de atuação. A terceira e última regra é a customização da agenda de sustentabilidade, considerando o porte, o segmento, os ativos e passivos de cada organização. Por customização entendemos como a personalização e/ou adaptação das temáticas da sustentabilidade aos temas mais prioritários da organização, da sua estratégia de negócio e/ou de seu contexto mercadológico. Estas três regras são facilmente perceptíveis em empresas referência neste tema, que evoluíram na gestão da sustentabilidade, tornando a sustentabilidade um elemento intrínseco à sua gestão. Portanto, vamos parar de “brincar” de empresa responsável e sustentável ou esperar o melhor momento para iniciar a caminhada, como diz Idar Kreutzer, CEO da Storebrand ASA: “O risco da inação é o maior risco que as empresas enfrentam.”

Fábio é professor e sócio-diretor da Damicos Consultoria e Negócios

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“Nunca esperei viver tanto, mas enquanto vida tiver vou continuar com a mesma orientação que recebi do meu pai, continuarei trabalhando como se fosse viver eternamente, mas deixo tudo preparado como se fosse morrer amanhã”

Apoio:

José Silveira, médico, professor e cientista baiano

ARTE: Ed Ribeiro

LIFESTYLE O primeiro emprego dos líderes 80 Chef delivery 84 Decoração 88 [c] Gilberto Gil, líder da alma 92 [c] Amantes das duas rodas 94 Notas de Tec 98


L I F EST YLE | po n to de pa rt id a

O PRIMEIRO EMPREGO

DOS LÍDERES FOTO: Romulo Portela

por MURILO GITEL

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iscal de ônibus, estagiário, professor voluntário, contador, pescador. O começo de carreira destas cinco lideranças que atuam na Bahia rende muitas lembranças e boas histórias. Hoje consolidados em seus respectivos ramos de atuação, esses profissionais tiveram um início no mínimo inusitado em relação aos trabalhos a que se dedicam atualmente.

RICARDO GALVÃO, diretor-executivo da Totvs Bahia, começou como fiscal de ônibus

“Comecei minha trajetória com uma pranchetinha de madeira e uma caneta em mãos: como fiscal de ônibus. Eu tinha 17 anos e minha ex-mulher engravidou. Éramos duas crianças, na verdade. Acabava de entrar na Escola de Engenharia. Era uma grande responsabilidade e eu estava sem emprego. Chamei meu pai para ter uma conversa de homem para homem: disse-lhe que já havia plantado uma árvore no quintal e que agora faltava apenas escrever um livro (risos). Naquela época, meu pai era diretor da Secretaria de Transportes. Então eu tive a ideia de pedir a ele para trabalhar lá. Fiz uma bateria de testes, mas eram perguntas sobre trânsito e transporte público. Fui aprovado e algumas semanas depois, quando fui me apresentar, recebi uma calça de tergal, um sapato de borracha e uma camisa azul. Fui trabalhar junto com cobradores e motoristas. Passei uns seis meses nesse trabalho na linha Bom Juá-Lapa, que na época era muito perigosa. E aquilo me fez ser uma pessoa melhor porque aprendi as dificuldades da vida. Comia macarrão em forma de marmita. Cheguei a presenciar uma mulher em trabalho de parto dentro do ônibus. Aquilo me tornou mais forte e mais maduro. Posteriormente, consegui um emprego na Construtora Suarez como programador e, com o passar do tempo, vislumbrei a possibilidade de não ser um funcionário, mas ser um empreendedor. Cerca de dois anos depois, pedi demissão e com o FGTS abri minha primeira empresa. A maior lição deixada por meu pai foi a humildade. Mesmo um CEO precisa dela para lidar com pessoas. Acredito na definição de Napoleão que diz que o “líder é um vendedor de esperança”. 80

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FOTO: Romulo Portela

ANTONIO ANDRADE JÚNIOR, presidente da Andrade Mendonça, começou como estagiário

“Como estagiário, aos 19 anos, ouvi uma vez de um dos diretores da construtora que eu não precisava trabalhar porque era filho de Antônio Andrade. Que eu devia surfar ou curtir a vida. Três anos depois, em 1988, um acidente de carro interrompeu a vida do meu pai. Eu tinha 22 anos. Meu amigo João Carlos Paes Mendonça me daria o seguinte conselho: “Seu pai me falou uma vez que você não é de engolir sapos. Saiba que, a partir de hoje, você vai ter que engolir uma lagoa inteira de sapos”. Ele tinha razão. De qualquer forma, quase 25 anos se passaram e a Andrade Mendonça acumula realizações. O empreendimento tornou-se referência nacional na construção comercial e já conta com um grande feito em obras públicas: entregamos a primeira arena concluída para a Copa do Mundo deste ano: o Castelão, no Ceará”.

GUILHERME MARBACK, reitor da UniJorge, começou como professor voluntário

“Aos 16 anos de idade eu fui voluntário em um projeto socioeducacional na comunidade do Nordeste de Amaralina, em Salvador. Um grupo de colegas do Colégio Marista participava dessa iniciativa. Minha missão era ensinar matemática para alunos das primeiras séries do ensino fundamental. Minha relação com a educação começou neste momento e posso afirmar que foi um grande teste. Mesmo com tão pouca idade, eu fazia basicamente o trabalho de um professor, preparava aulas e tudo, promovia reunião com os pais. Lembro que alguns alunos eram muitos bons, tinham um grande potencial e só precisavam de oportunidade. Meus colegas e eu fizemos com que o Colégio Marista concedesse bolsas a eles e, depois de nossa experiência por lá, a instituição contratou professores para aquela escola. A comunidade como um todo tinha um grande respeito por nós. Posteriormente, terminei a faculdade e passei a dar aulas na Unifacs. A partir de então, passei a ocupar várias funções nessa instituição, chegando ao cargo de diretor. Depois disso, trabalhei quatro anos no Mato Grosso. Atualmente, sou reitor da UniJorge e professor na Ufba, além de integrar duas comissões do MEC. Sou muito feliz no que faço e acredito na educação”. FOTO: Vagner Santos

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L IF E S T Y LE | p o n to de parti da FOTO: César Vilas Boas

CARLOS AMARAL,

presidente da Fecomércio-BA, começou como contador fiscal

“Aos 13 anos eu comecei a fazer contabilidade fiscal em uma firma que o meu pai tinha em Santo Antônio de Jesus, minha cidade natal, voltada ao comércio atacadista e gêneros alimentícios. Era, em verdade, uma empresa familiar, porque os meus outros irmãos também o ajudavam, mas eu era o mais precoce entre eles. Para ser bem sincero, trabalhar com ele desde cedo era quase que um convite implícito do meu pai (risos). Eu não tinha carteira assinada, nem remuneração. Era para ser útil e aprender um ofício. Lembro-me que era bem requisitado por ele em alguns momentos. Eu era bom para resolver problemas. Frequentava a escola primária pela manhã e trabalhava de tarde. Confesso que nunca tive vocação para compra e venda, mas fazia aquilo da melhor forma possível, com prazer, sem constrangimento debruçado sobre uma máquina de escrever Remington. A principal lição daquela primeira experiência que trago comigo até hoje é a importância de se conjugar sempre teoria e prática. Uma não vale de nada sem a outra.”

FOTO: Divulgação

ZÉ PESCADOR,

ambientalista, fundador da ONG Pró-mar, começou pescando irregularmente

“Sempre pesquei. Pescava com compressor de ar, uma atividade que não é permitida e inclusive pode causar danos à saúde. Um dia, minha filha Janaína, então com 8 anos, despertou-me para a importância da preservação ambiental. Eu terminava de limpar as lagostas recémcapturadas, quando a menina perguntou-me o que eram aquelas bolinhas saindo da barriga do animal. “São ovas, cada uma dessas bolinhas iria virar outra lagosta”, expliquei, sem muita paciência. “Mas pai, por que então o senhor não deixa elas nasceram antes?”. Foi o suficiente para mudar, para sempre, não só a minha vida, mas também a de toda a comunidade onde vivemos. Quando eu vi a decepção no rosto de minha filha, eu decidi que nunca mais faria aquilo. Eu pescava de toda a forma, não estava nem aí. Em 1999 fundei a Prómar, na Ilha de Itaparica, onde realizamos um trabalho de orientação junto aos pescadores e à comunidade local. É um trabalho de liderança no qual propagamos a ideia da sustentabilidade. Não basta fiscalizar para haver uma solução acerca desse tipo de pesca. É preciso unir educação ambiental e fiscalização e criar novas alternativas para aqueles pescadores.” 82

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L I F E ST YLE | s abo r

CHEF DE MIM MESMA Adepta da tendência de personal chef, Flávia Sampaio personaliza e dá toques sofisticados aos pratos em jantares em domicílio por CAROLINA COELHO

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fotos LUCIANO OLIVEIRA

om passagens pela famosa escola de gastronomia francesa Le Cordon Bleu e com a experiência adquirida como estagiária na cozinha de Alex Atala, no comando do restaurante Dom, em São Paulo, a chef Flávia Sampaio resolveu trilhar novos caminhos na gastronomia. Apostou na tendência do personal chef, em que o profissional vai à casa do cliente preparar pratos personalizados para jantares informais. A paixão pela arte da cozinha é tão grande, que, como hobby, Flávia reúne-se mensalmente com um grupo de dez amigas para conversar e, é claro, cozinhar. Além de ser chef delivery, Flávia organiza e monta bufês para casamentos. Para a confraria deste mês, Flávia rememorou sua formação francesa para confeccionar uma entrada de preparo simples, mas elegante, com uma apresentação aos moldes contemporâneos e um sabor profissional. [B+]

Apoio:

RECEITA FOIE GRAS EM MAPLE SYRUP Ingredientes: Foie gras 1 Pão brioche Maple syrup Leite integral Sal

Pimenta Manteiga Salsinha Azeite extravirgem Geleia de cereja

MODO DE PREPARO Corte o foie gras, esquente o leite, mas não deixe que o mesmo ferva, e coloque em um refratário as peças de foie gras dentro do leite. Vire o lado das peças após alguns minutos e deixe descansar mais algum tempo. Elas estarão limpas quando no local das veias ficarem um buraco oco. Deixe resfriar na geladeira por 30 minutos. Após este tempo, tempere o foie gras com sal e pimenta e grelhe com o maple syrup. Em outra frigideira, grelhe as fatias de brioche pinceladas com um pouco de manteiga. Coloque a fatia de brioche grelhada no prato e em cima coloque o foie gras. Você pode complementar com uma geleia de cereja por cima. Pique a salsinha e misture com um pouco de azeite de oliva e regue. Sirva.





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INSPIRAÇÃO SEM FIM Debruçado sobre a vista para a Baía de Todos os Santos, o arquiteto Luiz Humberto Carvalho tem elementos de sobra para servir de mote para seus projetos e obras de arte

por CAROLINA COELHO fotos LUCIANO OLIVEIRA

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e frente para a maior baía do Brasil e segunda do mundo, o cenário é inspirador. Aqui, até a faxina deve ser um trabalho prazeroso para quem sabe contemplar um belo pôr do sol. Mas nem só de atividades domésticas se faz os quatro andares da casa do arquiteto Luiz Humberto Carvalho, de 63 anos, que optou por criar, entre um patamar e outro, um espaço para funcionar seu escritório de arquitetura. A casa, projetada em uma semana e pronta em um ano, foi construída sobre um terreno de 400 metros quadrados na rua Visconde de Mauá, no Largo 2 de Julho, em Salvador. Durante os 15 anos que se seguiram até hoje, Luiz Humberto tratou de encher a casa com obras de arte (que somam 500 peças), desde as compradas em galerias de Nova York até as achadas em feiras hippies. Os eruditos poderiam até falar que há uma infinidade de objetos um tanto quanto kitsch em sua casa, como os mais de 50 pinguins de geladeira expostos na sala de estar, mas a postura do arquiteto, ex-dono da galeria de arte Múltiplas, nos anos 70, mostra que ele sabe ser um gozador com as suas coleções. “Se gostei, levo. Não compro arte para combinar com o sofá”, diz. Defensor da valorização dos artistas brasileiros, inclusive da criação de um museu do artesanato baiano, Luiz Humberto faz questão de lembrar a lei municipal, de 1956, que obriga os edifícios da cidade a terem obras de arte, e lamenta a falta de fiscalização. Para o “grand finale”, ele apresenta o teto verde da casa, nomeado por ele como parque das esculturas, em que deixa expostas suas grandes obras sob o céu. Sobre a vista da sacada, nada mais a declarar. 90

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HERANÇA Na sala, poltronas com os mais diversos níveis de conforto e design reúnem os amigos entre as dezenas de peças que decoram o ambiente PARQUE DAS ESCULTURAS O teto verde que ocupa o quarto andar da casa foi uma solução para o calor e a impermeabilização, mas se transformou em um agradável espaço para ver o pôr do sol em meio às esculturas feitas pelo arquiteto w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m


EM AZUL Compradas em uma viagem para o interior de São Paulo, as peças em gesso branco foram pintadas por Luiz e agora decoram a sala de estar DEVOTO Feita para uma exposição sobre os emblemas dos orixás, em 2009, a peça de São Jorge em gesso foi dada a cada um dos artistas para que pudessem fazer criações em cima

PINGUINS Tanto a mesa de madeira quanto o quadro e peça da Santa Ceia foram feitos por Luiz Humberto, que aproveita o cenário para expor sua coleção de mais de 50 pinguins de geladeira XEQUE O conjunto de cadeiras e a mesa com um tabuleiro de xadrez acoplado é obra do arquiteto, que a fez especialmente para exposição da Casa Cor, em 2001

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ARTE: Ed Ribeiro

UMA LIÇÃO DO CARNAVAL por MONIQUE MELO

Camarote Expresso 2222. Chega Gilberto Gil. Cumprimenta amavelmente a equipe (que responde com encantamento), a família (que exala alegria e amor) e engata um sorriso ameno no rosto tranquilo para os seus convidados da folia, que retribuem esfuziantes. Muitos querem falar com ele e tirar fotos. Não nega, dá uma paradinha e vai seguindo em frente. De suvenir? Um abraço afetuoso, o conhecido sorriso e também um afago. Voz mansa, atende aos jornalistas, cada um como se fosse único. Mesmo com tempo curto, a conversa dura a depender da habilidade do interlocutor. Se alguém interrompe querendo apressar, ele é o primeiro a se opor. “O papo está bom!”, diz. Nada de seguranças, anda seguro de si e faz o que precisa ser feito. Na varanda elétrica, é show de gentileza e humildade com todos os cantores que, claro, param, reverenciam o mestre (como eles o chamam) e muitas vezes pedem um dueto que vem sempre com elogio e disposição de fazer mais. Esse é o cara, esse é um líder nato. Autoridade, força, medo ainda existem na sociedade e nas empresas, sem dúvida. Mas em época do desenvolvimento das mídias digitais, com a geração Y já chegando ao mercado de trabalho e a Z a caminho, inspiração atrai muito mais seguidores. Compartilhar é o verbo para quem já nasceu com o computador ao lado. Os jovens querem aprender, mas com quem admiram e quem os valoriza e ensina. Se não estão satisfeitos, não se sentem fazendo parte do todo, mudam rapidamente. Salário? É importante, mas é também a moeda mais pobre: é a mesma independente da mão que a estiver segurando. Os tempos são outros. Altamente preparados academicamente ainda cedo, precisam percorrer o caminho da maturidade emocional para encarar a responsabilidade das decisões e saber lidar com os colegas. Daí a importância do exemplo de liderança. 92

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O verdadeiro líder conquista, convence e motiva. E, para isso, sua grande ferramenta é a comunicação. Seja para falar em público, seja para se relacionar com seus colaboradores. Muito conhecimento e experiência com pouca vontade de dividir, pouca paciência para ensinar e dificuldade de interagir não dão boa receita. A generosidade está em alta para quem quer ir longe e manter os talentos por perto, como mostra o exemplo de Gil. Seja você empresário, político ou artista. Reputação e imagem são patrimônios valiosos na época de superexposição em que vivemos, com câmeras por todos os lados e redes sociais, às quais por livre e espontânea vontade entregamos a nossa intimidade. Mas nem todos nascem com a habilidade de inspirar, liderar e comunicar. Elas precisam ser trabalhadas, exercitadas, por isso começa a surgir o “coaching de comunicação”, grande aliado principalmente nos momentos de crise ou conflito. Trocar a constatação pela pergunta permite um diálogo suave e chama à reflexão quando se quer mudar um ponto de vista. Usar a contação de história (exemplificar, contar casos) é uma boa maneira de se fazer ser entendido e, principalmente, lembrado. Ter consciência da comunicação não verbal (o olhar, o gesto, o silêncio, a ‘cara de paisagem’, aquela suave e que não diz nada) é apenas algumas das técnicas usadas para facilitar o diálogo, evitar rejeição e contribuir para a formação da imagem positiva. Simpatia, objetividade e boas maneiras adoçam a oratória mesmo quando ela precisa ser firme. A gente sempre sabe o que falou, mas não o que o outro entendeu, portanto o óbvio, neste quesito, não existe. E o grande baiano e artista Gilberto Gil entendeu bem isso. Para ele, o meu abraço. Monique é diretora da Texto&Cia - Assessoria de Comunicação e .TXT Agência Digital & Conteúdo

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ALÉM DO HORIZONTE Motos acima de 500 cilindradas são o sonho do motociclista; há modelos como a Fat Boy, da Harley-Davidson, e a nova F800, da alemã BMW por ROBERTO NUNES

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mundo das duas rodas acelera além das fronteiras. Em ritmo de crescimento, o segmento de motocicletas tem um leque vasto de modelos premium. Na Bahia, marcas como as tradicionais Harley-Davidson, Kawasaki e BMW reúnem uma legião de fãs, todos aficionados pelo perfil das motocicletas estradeiras, esportivas e big trail. A inglesa Triumph está em busca de parceiros para abrir revendas em Salvador e Recife, duas cidades que ditam o rumo dos negócios das vendas de motos no Nordeste brasileiro. Até o fim do primeiro semestre 94

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deste ano, a intenção é a de já oferecer a Tiger 800 XC e a nova Tiger Explorer XC em loja oficial na capital baiana. Montada em regime de CKD (complete knock-down ou conjunto de peças montadas), a Triumph Explorer XC vem equipada com motor de três cilindros, 1.215cc e com eixo de transmissão. Gera 137 cavalos e 121 Nm de torque, valores excelentes para uma moto. Para garantir exclusividade, custa R$62 mil e entrega um visual incrementado e pacote de segurança com piloto automático, controle de tração, sistema de freios ABS regulável e eixo de transmissão praticamente livre de manutenção.

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CULTUADAS Mas no mundo das duas rodas, há motos, e há “máquinas”. Longe da imagem dos motociclistas Hells Angel’s (roqueiros bons de briga com suas jaquetas pretas dos anos 60), os atuais donos de Harley-Davidson participam de encontros e moto-passeios organizados pelo HOG (Harley Owners Group), o exclusivo clube de proprietários de motos Harley. “Somos uma família. Quem tem uma Harley, quer diversão. Esta é a filosofia do harleiro”, garante Davidson Botelho, da revenda HD Bahia. A centenária fabricante de motos H-D tem uma gama completa de modelos, todos montados em sua fábrica de Manaus. Entre as mais cultuadas, estão a Road King, a Street Glide e a Fat Boy. Reconhecida como

o símbolo da marca americana, a Fat Boy ganhou mais fama no filme Exterminador do Futuro, protagonizado por Arnold Schwarzenegger nos anos 90, em uma perseguição de tirar o fôlego. Hoje, o modelo atualizado é o Fat Bob, com valor base de R$45,9 mil para a cor preta (Vivid Black). É uma Dark Custom com “motorzão” bicilíndrico de 1.600 cc, refrigerado a ar Twin Cam 96, nome dado pela marca para o V2, com câmbio de seis marchas e freios ABS de série. Tem pneus largos de 16 polegadas, para-lama mais curto e os grafismos destacam o desenho do tanque. Entre os harlistas, há uma máxima: não existe uma Harley igual a outra. Com um leque de quase dez mil acessórios e itens do vestuário, os apaixonados pela H-D personalizam suas máquinas com sissy bar, alforges, escapamento, manoplas, pedaleiras e protetor de motor cromados. Além disso, incorporam o visual rocker, com o figurino reforçado por braceletes de prata, aneis de caveira, longas botas e camisetas e jaquetas em tons escuros. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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Japonesas e de pegada esportiva As japonesas Kawasaki, Yamaha, Suzuki e Honda lutam ao estilo samurai. Se por um lado a Ninja ZX-10R despeja 200,1 cavalos de potência a 13.000 rpm com um torque máximo de 11,4 kgfm a 11.500 rpm, a Yamaha contra-ataca com a comedora de pistas YZF-R1. Sua superesportiva é fabricada no Japão, mas é adaptada à gasolina brasileira, graças ao novo mapeamento do motor para garantir uma das melhores relações peso/potência de uma motocicleta de rua. Tem 184 kg de peso seco e os mesmos 182 cavalos da versão anterior. Assim, a Yamaha garante quase 1cv/kg. A Honda aposta na inédita CBR 500R, modelo de entrada entre as esportivas. Custando a partir de R$23 mil, a CBR 500R é a mais apimentada da nova família de motos. Seu motor bicilíndrico, de quatro tempos e 471 cm3 - DOHC (Double Over Head Camshaft), traz duplo comando de válvulas no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e arrefecimento a líquido. Despeja potência máxima de 50,4 cavalos a 8.500 rpm e torque máximo de 4,55 kgfm. Já a Suzuki remodelou sua Hayabusa com motor de quatro cilindros e 1.340 cilindradas, que é capaz de gerar poderosos 197 cavalos de potência. Com sistema de freios aprimorados com ABS de última geração, a superesportiva ganhou componentes Brembo, uma das principais marcas deste segmento. O modelo sem ABS segue à venda abaixo dos R$60 mil. Em busca da estrada, estão os apaixonados por modelos BMW. Com uma linha de motos de uso misto (terra e asfalto), a marca bávara encontrou respostas positivas com a nova F800. Com valor a partir de R$44.350, a big trail da BMW respira por um motor de 800cc. Gera 85 cavalos e torque máximo de 8,5 kgfm, auxiliado por um câmbio de seis marcas, freios ABS de série e controle de tração. Para Márcio Mallmann, gerente e coordenador técnico da Prime Motors/BMW, a nova F800 é a porta de entrada para motociclistas de primeira viagem. “Nota-se que esta é a moto para o sonho realizado. Tem porte, postura alta de pilotagem, motor forte e é para uso tanto no asfalto quanto para a terra também”, reforça. 96

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TOP 5 HARLEY DAVIDSON ROAD KING R$63.700

SUZUKI HAYABUSA R$60 MIL

BMW F800 R$44.350

HONDA CB 1000R R$40 MIL

KAWASAKI NINJA 1000 2014 SOB CONSULTA


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notas d e te c TIMELINE Criador do Flappy Bird tira o app do ar depois de faturar cerca de R$119 mil desde que foi lançado. “Arruinava a minha vida simples”, alegou.

Facebook compra Whatsapp por US$16 bilhões. O valor é o mais alto já pago por um app desde que a própria rede social comprou o Instagram

Facebook muda a interface novamente. Novo leiaute é mais estreito, clean e dá mais espaço para fotos dos usuários.

Viral da marca Wren marca 47 milhões de visualizações em menos de uma semana com vídeo sobre anônimos se beijando.

BRASIL: O LUGAR MAIS CARO DO MUNDO PARA SE COMPRAR iPHONE E PLAYSTATION 4 Suas suspeitas fazem sentido. O Brasi é o número um na lista dos países com iPhone e Playstation 4 mais caros do mundo. Segundo estudo da Bloomberg, os brasileiros pagam o maior valor pelo iPhone 5 entre todos os lugares onde o smartphone é vendido oficialmente. Para o estudo, “o Brasil é drasticamente mais caro do que qualquer outro lugar no mundo”. Para se ter noção, a diferença entre o valor que o brasileiro paga pela nova versão do Playstation é quase R$1 mil mais cara do que o valor nos Estados Unidos. Confira a tabela ao lado para ver a diferença.

PLAYSTATION 4 Brasil R$3.999 Estados Unidos R$932

iPHONE 5S (16 GB de armazenamento) Brasil R$2.799 Estados Unidos R$1.512 iPHONE 5C (16 GB de armazenamento) Brasil R$1.999 Estados Unidos R$1.280 Cálculos baseados nos valores encontrados nas lojas online da Apple e da Sony, com dólar a R$2,33

5 APPS MADE IN BAHIA

PIZZAPP

PISQUE

ALFRED

SLEP

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Com alguns toques, o soteropolitano pode pedir uma pizza sem precisar discar número nenhum. O software tem pizzarias em Salvador e Lauro de Freitas cadastradas.

O app localiza usuários presentes em uma distância de até 300 metros, através do GPS, facilitando a paquera e ainda dá dicas de locais que estão bombando.

O aplicativo permite que o usuário administre a rotina dos seus funcionários domésticos e ainda faça cálculos de salário e horas extras.

É uma solução para acesso das pessoas com deficiência visual a textos não impressos em braile. O aplicativo lê os textos para o usuário.

Permite a criação de pedidos de forma offline. Voltado para profissionais que atuam com prestação de serviços em residências e escritórios.

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“A música é a nossa segunda alma e nela encontramos forma de perpetuar nossa história” Carlinhos Brown, músico, produtor e agitador cultural brasileiro

ARTE: Gerson Lima

ARTE & ENTRETENIMENTO A Arena Fonte Nova entra na rota 100 Aplausos 103


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QUE VENHAM OS MEGAEVENTOS Após sediar o show do cantor britânico Elton John e atrair 40 mil pessoas, a Itaipava Arena Fonte Nova, sob a presidência de Marcos Lessa, assume novo papel na indústria de shows e entretenimento em Salvador, colocando definitivamente a capital na rota das grandes turnês internacionais por ANA CAMILA

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fotos RÔMULO PORTELA

m abril, a Itaipava Arena Fonte Nova completa um ano de inauguração após a reforma, com uma considerável lista de êxitos. Após o show de Elton John, realizado em fevereiro deste ano, um marco instaurou-se tanto na Arena como na cidade de Salvador, que há muito espera entrar no circuito de shows internacionais no Brasil. Marcos Lessa, que assumiu a presidência da Arena em 2013, é enfático sobre a origem dos resultados positivos: “Hoje temos uma estrutura que em nada deve aos grandes estádios da Europa e dos Estados Unidos”. Para além dos jogos de futebol, a Itaipava Arena Fonte Nova é, hoje, um espaço em Salvador com capacidade e estrutura para receber grandes shows e eventos das mais diversas naturezas. No início, segundo Marcos, houve um estranhamento. As pessoas chegavam, assistiam ao jogo e iam embora sem desfrutar do espaço. “Hoje eu sinto que as famílias vêm juntas, se divertem, o clima é mais ameno e as pessoas se sentem seguras e confortáveis”, diz. Um considerável investimento em marketing e outras estratégias de comunicação direta com o público têm sido o grande foco de trabalho da equipe da Fonte Nova neste ano, que agora quer colher os frutos do sucesso que representou o show do cantor britânico. O resultado: 40 mil pessoas, entre baianos e pessoas de fora, e os melhores números da turnê de Elton John na América Latina. O presidente acredita que, além da comoção espontânea gerada pelo evento em si, houve uma confiança por parte do público na estrutura e

“Hoje temos uma estrutura que em nada deve aos grandes estádios da Europa e dos Estados Unidos” segurança fornecidas pela Arena. “Conseguimos reunir na Arena pessoas que nunca sequer pensaram em ir para um show de uma grande estrela internacional, outras que não conheciam nenhuma música do Elton John, mas que queriam fazer parte deste momento”, pontua Marcos Lessa. A Arena já abrigou outros dois eventos musicais de grande porte desde a reforma. A gravação do DVD de Ivete Sangalo (dezembro de 2013, 35 mil pessoas) e o show do DJ David Guetta (janeiro de 2014, 20 mil pessoas). Lessa acredita que o show de Ivete, inclusive, demandou uma série de exigências de palco bem mais complexas, apesar de os desafios terem sido similares. Ao mesmo tempo em que Salvador tem uma “demanda reprimida”, como fazer com que as pessoas saiam de casa e paguem um ingresso para ver um show de um músico estrangeiro? Se Salvador tem esse problema que aflige produtores locais e de fora, o que a experiência com Elton John ensinou é que as pessoas querem, sim, sair de casa e assistir a um show, “mas precisam ter confiança de que terão onde deixar o carro, que o local do show é seguro e confortável”, opina Lessa, acrescentando que os preços de vários setores do estádio estavam bastante acessíveis, o que foi um diferencial.

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CONTRATEMPOS Para resolver os problemas de infraestrutura de transporte e engarrafamentos em torno do local, Lessa pretende estreitar os laços com a prefeitura para organizar questões relacionadas ao trânsito. Como a mobilidade é uma questão que abrange diversos setores da sociedade, Lessa acredita que o melhor que a Arena pode fazer é promover um diálogo entre eles. “Os ambulantes, por exemplo, ainda precisamos encontrar uma solução para este impasse, já que a concentração deles ao redor dos portões da arena pode atrapalhar o trânsito”, pontuou, sem, no entanto, desconsiderar a importância da venda de ambulantes em locais com grande concentração de pessoas. DESAFIOS Ao decidir transformar uma arena fadada a jogos de futebol em um estádio multiuso onde eventos grandiosos tomam lugar, a gestão da Fonte Nova encontra uma questão principal, o patrocínio. Se somente os jogos de futebol não sustentam economicamente um equipamento de cara manutenção, a ideia de transformar o estádio em um espaço de entretenimento requer uma constante busca de financiamento que torne possíveis todos os projetos pensados por Marcos Lessa. Além de sediar eventos de outras naturezas, a coordenação de eventos da Arena, liderada pela produtora Piti Canella desde dezembro de 2012, trabalha diariamente com os desafios de gerir um espaço com dimensões gigantescas. Questionada sobre a viabilidade de manter a Arena viva e com uma programação constante, Canella afirmou que os desafios para conseguir financiamento são os mesmos de qualquer outra produção. “Precisamos de produtores que encarem a praça como rentável, que o desejo do público se torne realidade em compra de ingressos, porque é o público que compra, quem paga o lucro do produtor e do artista.” Segundo a coordenadora, a Arena não se move sem patrocínio e é preciso entender que as várias possibilidades de uso do estádio hoje são a única possibilidade de mantê-lo vivo. “Um show como o do Elton John, com uma estrutura grande, uma equipe que vem de fora, com muitos equipamentos, precisa de patrocínio e apoios. A venda de ingressos é uma loteria. Os produtores responsáveis pelo show foram parceiros em entender o que era necessário para Salvador”. PLANOS PÓS-COPA Para depois da Copa do Mundo, a Itaipava Arena Fonte Nova já planeja uma série de eventos que dinamizem o espaço e cada vez mais atraiam a população baiana e os turistas para dentro do estádio. Para além do futebol, a Arena já recebeu eventos corporativos, de moda, congressos, formaturas e festivais, além de ter seus programas internos vinculados às escolas públicas do estado, oferecendo visitas guiadas e formando público. “Precisamos também fazer com que a população entenda esse conceito de multiuso, que perceba que um estádio como a Fonte Nova é um 102

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“Tudo indica que o Festival de Verão 2015 será na Arena Fonte Nova”

lugar que oferece diversas possibilidades e formatos de eventos”, comenta Marcos Lessa. A música é com certeza um grande investimento da Arena neste ano. Em escala menor, a ideia de colocar bandas locais para tocar nos intervalos dos jogos de futebol está cada vez mais plantando na cabeça dos torcedores que as partidas são toda uma experiência de desfrute do estádio e do que ele tem para oferecer. Tudo indica que o Festival de Verão 2015 será realizado na Arena, e Lessa afirmou que estão em negociação para trazer outro grande nome da música internacional, que ainda não pode ser revelado. “É um cantor mais popular e mais famoso que o Elton John”, opina Lessa. “Queremos que o espaço da Arena seja visto e vivido como um espaço de entretenimento, onde as pessoas podem vir visitar, passear, assistir a um show, ver uma exposição. Hoje a Itaipava Arena Fonte Nova é um espaço multiuso e nossa meta é sempre explorar isso cada vez mais”, completa. [B+]


a pla uso s FOTO: Divulgação

ATRIZ BAIANA GANHA PRÊMIO SHELL DE TEATRO NO RJ A atriz Laila Garin venceu a categoria de melhor atriz do Prêmio Shell de Teatro por sua atuação na peça ‘Elis, a musical’, em que vive a cantora gaúcha cantando clássicos como “Águas de março”, “Aos nossos filhos” e “Como nossos pais”. Com apenas um mês em cartaz nos palcos cariocas, o espetáculo se transformou num dos maiores sucessos de público e crítica da temporada 2013, recebendo três indicações para o Prêmio Shell de Teatro e outras oito para o Prêmio Cesgranrio.

FOTO: Naiana Ribeiro/Labfoto

BAHIA EM CENA LEVA AO PALCO OITO MONTAGENS DO TEATRO BAIANO No mês do teatro e do circo, oito espetáculos retornaram aos palcos de vários teatros de Salvador, além de espaços públicos. A segunda edição do Festival Bahia em Cena dá visibilidade a peças baianas que ficaram pouco tempo em cena ou tiveram apenas uma temporada, entre elas Destinatário Desconhecido, Dissidente, Remendo Remendó, Solo Almodóvar, Partiste, A Dona da História e Amnésis.

Ernesto Nazareth vira Patrimônio Cultural Os manuscritos do pianista e compositor carioca Ernesto Nazareth (1863-1934) já estão disponíveis em alta resolução no site da Biblioteca Nacional Digital, com mais de 300 documentos que incluem, por exemplo, a Bíblia de Gutenberg e a 9ª Sinfonia de Beethoven. As obras agora fazem parte da categoria Memória do Mundo, da Unesco, destinada para documentos raros e de grande importância para a preservação da memória da humanidade. w w w. r e v i s t a b m a i s . c o m

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CONT E AÍ

ARTE: Ed Ribeiro

ANTIGOMOBILISMO OU PAIXÃO POR “CARRO VELHO” por FÁBIO BRINÇO

Em 1985 eu tinha 15 anos e, desde pequeno, adorava carros. Morador da Pituba e aluno do Colégio Militar de Salvador, fazia o caminho de volta para casa muitas vezes a pé, ou então pedalando a minha fiel Caloi 10. Nesse meu trajeto diário, um dia descobri um carro bem velho estacionado em frente a um prédio no bairro do Itaigara. Ele era lindo, apesar de mal cuidado e da idade avançada. Um estilo “nervoso”, com uma frente enorme que parecia um tubarão de boca aberta, sei lá, com linhas e curvas impossíveis de se encontrar naqueles tempos de Gol, Monza, Chevette... Devo ter ficado quase uma hora ali, admirando aquele carro velho. O nome dele: Mustang. Naquela época eu não tinha nenhum acesso a informação sobre carros antigos, nem revistas, nada. Restava-me então o aprendizado in loco. Decorei cada detalhe do Mustang nas várias “visitas” que fiz - carroceria, painel, emblemas. Mas não sabia o nome do dono, a história do carro, nada. E, num belo dia, ele sumiu. Perguntei ao porteiro do prédio sobre o carro, e ele disse que tinha sido vendido. Nunca mais vi aquele Mustang. Começo dos anos 90. Antes de embarcar para um voo eu fui à livraria do aeroporto e vi algumas revistas americanas de carros antigos. Imediatamente me veio à lembrança aquele Mustang maravilhoso, e juro por Deus que na capa de uma delas estava estampado nada menos do que um Mustang igualzinho ao “meu”. Somente naquele momento, folheando aquela revista, descobri que o estilo “nervoso” que eu não conseguia explicar direito aos 15 anos tinha nome - muscle car – e, mais importante, que o modelo do “meu” Mustang era do ano de 1969 – eu nasci em 1969. Não havia mais dúvidas, eu tinha de ter um carro desses no futuro. Pulamos para 2004. Após quase 20 anos, eu já era um “antigomobilista teórico”, com algum conhecimento adquirido em sites especializados, revistas importadas e nacionais, e criava 104

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coragem para comprar o meu primeiro carro antigo (sim, é preciso coragem para encarar essa paixão, com idas a oficinas, procura de peças, mais idas a oficinas...). Cheguei a me interessar por alguns antigos nacionais (Opala, Maverick), quando li o anúncio de um Mustang 1969 à venda em Curitiba. Aos 34 anos eu estava no começo do meu casamento (casei em 2003), e no início de uma grande mudança profissional (saindo do ramo de distribuição de bebidas para entrar no de saúde - tudo a ver), ou seja, vários motivos para não fazer uma extravagância aos olhos da maioria. Mas gostar de carros antigos - ou motos antigas, ou qualquer outra coisa do gênero - tem quase nada de racional e muito de emocional. E na correria da vida, tendo de dar conta diariamente das obrigações profissionais e familiares, ter um hobby é muitas vezes uma excelente e prazerosa válvula de escape. Como a coragem não vinha de uma vez, decidi seguir a estratégia do “me engana que eu gosto”. Peguei um voo para Curitiba (“vou visitar uns amigos e aproveito para ver o Mustang”), comprei o Mustang, é claro (“se não gostar eu vendo logo depois”). Então decidi reformar ele (“o Mustang vai ficar mais valorizado”). Daí para a frente não parei mais. Eu já estava contaminado definitivamente pelo vírus da ferrugem. Tenho o meu Mustang 1969 há exatos dez anos, um sonho de juventude realizado. Tive alguns outros carros antigos desde então, mas reconheço que nenhum deles teve tanto apelo emocional quanto o Mustangão. Se você leu esse texto até o fim e mesmo assim não consegue entender como é que tem gente que gosta tanto de carro antigo (ou velho para a maioria), desista. Lembre-se do que eu disse – quase nada de racional e muito de emocional.

Fábio é diretor superintendente da Brasil Memorial S/A

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Grupo MAP recruta gerente operacional. Experiência comprovada na área de segurança patrimonial e/ou higienização e limpeza.

A Revista [B+] está contratando Representante Comercial para atuar no interior do Estado.

Enviar curriculum com pretensão salarial para gerenciarh@grupomap.com.br

Interessados devem enviar currículo para contato@revistabmais.com


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