Revista Biomassa Ed. 59

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Vol. 06 - Nº 59 - Jan/Fev 2022

HIDROGÊNIO:

quais as expectativas para 2022 CALDEIRA A BIOMASSA dicas de especialista para escolher o equipamento correto Desafios na implantação das usinas termelétricas a biomassa

ISSN-2525-7129



Índice

Expediente

www.revistabiomassabr.com EDIÇÃO Grupo FRG Mídias & Eventos DIREÇÃO COMERCIAL Tiago Fraga COMERCIAL Cláudio Fraga CHEFE DE EDIÇÃO Dra. Suani Teixeira Coelho CONSELHO EDITORIAL Javier Escobar ― USP, Cássia Carneiro ― UFV, Fernando Santos ― UERS, José Dilcio Rocha ― EMBRAPA, Dimas Agostinho ― UFPR, Luziene Dantas ― UFRN, Alessandro Sanches ― USP, Horta Nogueira ― UNIFEI, Luiz A B Cortez ― Unicamp, Manoel Nogueira ― UFPA, Vanessa Pécora ― USP SUPERVISÃO Eliane T. Souza, Cristina Cardoso REVISÃO Maria Cristina Cardoso DISTRIBUIÇÃO Carlos Alberto Castilhos REDES SOCIAIS Matheus Vasques (WEB CONECTE) EDIÇÃO DE ARTE E PRODUÇÃO Gastão Neto - www.vorusdesign.com.br COLABORADORES Luiza Melcop , Luana Morais

DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA Empresas, associações, câmaras e federações de indústrias, universidades, assinantes, feiras e eventos dos setores de biomassa, agronegócio, cana-de-açúcar, florestal, biocombustíveis, setor sucroenergético e meio ambiente.eventos do setor de energia solar, energias renováveis, construção sustentável e meio ambiente. VERSÃO:

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04 Quais são as expectativas com o hidrogênio

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Os desafios na implantação das usinas termelétricas a biomassa

14 Caldeira a Biomassa: especialista dá dicas de como escolher o equipamento correto

20 BIOMASSA: o casamento perfeito entre sustentabilidade e desenvolvimento

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A Revista Brasileira de Biomassa e Energia é uma publicação do OS ARTIGOS E MATÉRIAS ASSINADOS POR COLUNISTAS E OU COLABORADORES, NÃO CORRESPONDEM A OPINIÃO DA REVISTA BIOMASSABR, SENDO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DO AUTOR.

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Artigo

Quais são as expectativas com o hidrogênio no mercado de biogás em 2022? Com muitas vantagens a alternativa é uma ótima opção para contribuir na descarbonização

O hidrogênio é usado em produção de derivados de petróleo, indústrias siderúrgicas e na produção de amônia, principal matéria prima para a produção de fertilizantes... 4

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om tantas pautas focadas no meio ambiente nos últimos anos, percebe-se o quão urgente são as iniciativas voltadas à sustentabilidade. As mudanças climáticas vêm devastando paisagens naturais e piorando diversos processos necessários para o desenvolvimento do ser humano. A matriz energética é um desses focos e precisa ser aprimorada para amenizar a emissão de gases poluentes. Dentro disso, o biogás entra como uma forma de mitigar as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) e contribuir na bioeconomia nacional.

Sendo assim, dentre todas as classificações do hidrogênio, o hidrogênio verde tem alto potencial para ajuda na descarbonização da matriz energética do Brasil e de demais países, aumentando a oportunidade de investimento no Brasil ao longo de 20 anos, como expõe o artigo divulgado pela McKinsey e Company.

O hidrogênio é usado em produção de derivados de petróleo, indústrias siderúrgicas e na produção de amônia, principal matéria prima para a produção de fertilizantes, mas por suas características renováveis e de baixa ou mesmo nula emissão de gaParalelo ao biogás, o hidrogênio, ses de efeito estufa (GEE), tem ganhadesde 1970, se mostra como uma so- do destaque na produção de energia lução positiva para enfrentar essas elétrica. dificuldades. A percepção se populaA campanha “Race To Zero”, lanrizou no meio científico devido à primeira crise relacionada ao petróleo. çada durante a COP-21, já revelava


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Artigo

a maior parte do hidrogênio é produzido a partir da transformação do metano, o biogás e o biometano se mostram como uma alternativa renovável com grande potencial substituto.

Biogás e hidrogênio são grandes protagonistas nas iniciativas de descarbonização (CIBiogás)

uma corrida em busca de zero emissões de GEE, na qual diversos países, como Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, Chile, China e Holanda, passaram a realizar investimentos de grande porte em tecnologias conhecidas como “Power To X” (PTX) ou “P2P”, que permitem produzir hidrogênio de forma limpa e renovável. Desta forma, o interesse pela fonte só foi aumentando a cada ano e promete movimentar o mercado de energia em 2022.

Na COP-26 o hidrogênio foi uma das grandes pautas. A introdução das metas de redução de emissões de metano propõe que todos os países envolvidos ajudem a reduzir 30% das emissões até o ano de 2030 em comparação com ano de 2020. O acordo inclui metade dos principais emissores de metano, esses que representam dois terços da economia mundial. Pensando nas capacidades presentes no processo do hidrogênio, vê-se a utilização da alternativa de modo altamente positivo. Como

Além disso, para realizar os objetivos propostos no Acordo de Paris, é preciso cortar em 60% as emissões de dióxido de carbono até 2050 e o hidrogênio pode ser um grande vetor na descarbonização de setores específicos como a siderurgia e a produção de fertilizantes. Mais tecnologia O desenvolvimento de tecnologias para suportar o mercado do hidrogênio foi um tópico no qual o Brasil se destacou positivamente na conferência. No Brasil, o hidrogênio já é produzido por meio da reforma a vapor do gás natural, essa opção representa cerca de 95% de todo o hidrogênio produzido no mundo.

Porém, a guerra entre Rússia e Ucrânia já vem afetando a exportação de alguns insumos, como os fertilizantes, o que afeta o diretamente o agronegócio brasileiro devido às sanções da Rússia que impedem os embarques do suprimento, além disso, um dos fatores que acabam influenciando o desenvolvimento do hidrogênio é atual crise do petróleo, que impulsiona a busca por fontes paralelas para o abastecimento de veículos. Dois assuntos que fazem parte de um contexto crítico, que prejudica, mas que também abre portas para outras soluções. Menos metano Com a evolução da tecnologia e a necessidade de explorar recursos renováveis, o hidrogênio verde começa a se popularizar no território nacional como uma das promessas para democratizar a energia renovável, pois é considerado um combustível do futuro, devido a sua capacidade energética e baixa toxicidade. 6

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Brasil se destaca com opções alternativas para geração de energia (CIBiogás)

Entretanto, quando obtido por meio de fontes fósseis, como o gás natural e o carvão, o hidrogênio não pode ser considerado um combustível limpo, já que contribui para emissões de carbono. Na COP-26 a entrada da iniciativa para a redução dos combustíveis fósseis está dentro de um dos acordos que os pa-

íses entraram em consenso, porém é preciso evoluir alguns quesitos relacionados aos desafios da oferta, demanda, preço e claro, regulação. Diante aos acordos promovidos pela conferência, a expectativa é que mais de 14 milhões de toneladas sejam mitigadas por ano. Segundo a


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agência EPBR, o número corresponde a emissões anuais de mais de seis milhões de carros do continente europeu. O hidrogênio cinza a partir do gás natural é usado para o refino, produção de produtos químicos e fertilizantes além do óleo diesel. Estes são alguns dos tópicos presentes nas questões da demanda, pois são setores que precisam de uma grande reformulação no quesito sustentabilidade.

e orientadores principais para o PNH. Dentre todas os tópicos, três deles se destacam quanto ao desenvolvimento conjunto ao biogás.

Na demanda, uma das sugestões é a substituição do hidrogênio cinza produzido a partir do gás natural, visto que a alternativa representa uma demanda de 1,6 milhão de toneladas por ano de hidrogênio com a menor presença de gás carbônico.

VI - As tecnologias associadas a esse vetor energético já desenvolvidas e em desenvolvimento no País;

III - A importância do hidrogênio como vetor energético que, combinado a outras soluções, têm potencial para contribuir globalmente para uma matriz energética de baixo carbono;

Na oferta, as expectativas também são altas, visto que com a aplicação do hidrogênio verde (eletrólise), ou o azul (gás natural com a presença de carbono) pelas empresas no mercado, mais de 18 milhões de t/ ano da alternativa devem evitar a emissão de aproximadamente 190 milhões de t/ano de CO2.

Em 2021, foram apresentadas pelo MME a proposta das diretrizes do Programa Nacional de Hidrogênio (PNH), que contempla o biogás e vincula diversas iniciativas para a democratização do hidrogênio de forma inovadora e sinérgica no mercado, expõe que a Resolução CNPE nº 6/2021 trouxe os fatores motivadores

Segundo o PNH a alternativa permite o armazenamento de energia por longos períodos e também pode ser usado para geração distribuída de energia. A democratização da sua produção aprimora o desenvolvimento de rotas tecnológicas alternativas, que preveem a geração de gás de síntese (H2 + CO) , utilizado na produção sintética de combustíveis renováveis ,entre eles o H2. A partir disso, as vantagens envolvem o aproveitamento da infraestrutura existente, a melhora do acesso a combustíveis em regiões remotas, o que impacta diretamente no desenvolvimento social, econômico e ambiental. nio

Oportunidades de democratização Com algumas iniciativas focadas nas questões de demanda e oferta, será possível explorar novos mercados para o hidrogênio, como o transporte, geração de energia elétrica, armazenamento e demais processos envoltos na indústria. Com tanta pluralidade de uso, o hidrogênio pode facilmente se tornar um dos principais combustíveis capazes de substituir o petróleo por conta de sua potência energética até 3x maior que a gasolina comum, além de servir como uma alternativa para os países que dependem da importação de combustíveis para a produção de energia.

um elemento de interesse que elenca diversos usos e aplicações, além de trazer novas recomendações para a política de energia nacional que podem incrementar a estrutura jurídico-regulatória, que incentive o uso de tecnologias aceitáveis à cadeia energética do hidrogênio, além de manter contato com o mercado internacional.

IX - A liderança do Brasil no tema "Transição Energética" no Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Energia. Junto a isso, o documento reforça que em 2018, o Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação para Energias Renováveis e Biocombustíveis enfatizou que o “uso de energias renováveis no Brasil representa uma oportunidade para a produção de hidrogênio por eletrólise quando houver excesso de oferta de energia elétrica de origem intermitente. Em 2020, o Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050) revelou o hidrogênio como uma oportunidade tecnológica inovadora e com alto potencial para contribuir na descarbonização da matriz energética como

CIBiogás X Hidrogê-

Visando sempre a modernização da cadeia e o desenvolvimento de novos processos em prol da democratização da energia e promoção de oportunidades inovadoras, a parceria firmada entre o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), com cooperação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), busca integrar o movimento de desenvolvimento da cadeia PtX no Brasil e pretende viabilizar tecnologias escalonáveis que utilizem o biogás como principal matéria-prima para a produção de hidrogênio verde e hidrocarbonetos renováveis importantes para a nossa economia, como o diesel e o bioquerosene de aviação. Além de contribuir com a neutralidade climática, a oferta inédita desses produtos renováveis contribuirá para a diversificação do portfólio do biogás, fortalecendo ainda mais a ampliação da cadeia deste energético no território nacional e oportunizando a abertura de novos mercados. Revista Biomassa BR

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Artigo

O interesse do mercado externo Tendo essas vantagens em vista e o interesse de organizações e grandes entidades no hidrogênio, fica evidente a possibilidade de investimento de outros países para produzir hidrogênio no Brasil. A fonte tornou-se em um tópico estratégico e certeiro que pode transformar a matriz energética de diversos países. Lançado em 2021, o documento “Bases para a Consolidação da Estratégia Brasileira do Hidrogênio” lançado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) expõe que as expectativas para o mercado de hidrogênio envolvem o aumento do comércio internacional do recurso para uso energético e que grande parte da União Europeia e a Alemanha, em particular, já vêm anunciando algumas políticas para financiar recursos em plantas focadas na produção de hidrogênio.

O Brasil é o 7° país no mundo com grande capacidade para gerar energia e o 3° que mais produz energia renovável, segundo o artigo da McKinsey & Company, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Dentro desses dados, em 2021 o Brasil teve uma capacidade total de geração de 175 GW, resultando na maior proporção de energia renovável em comparação com os outros dois grandes países, 85% 2 . De acordo com o artigo, a maior parte da porcentagem está ligada às hidrelétricas, com 63%, porém com reestruturação das demandas energéticas no futuro, essa opção pode passar a ser menos predominante.

dem chegar a USD 4 a 6 bilhões, ou 2-4 milhões de toneladas. O mercado interno demonstra uma grande oportunidade para o Brasil devido aos caminhões, aço verde e demais usos energéticos industriais, diz o artigo, sendo esses, respectivamente, (até ~3 milhões de toneladas), (até ~2 milhões de toneladas), (até ~1 milhão de toneladas). Por fim, é evidente que o Brasil promete muito para o mercado de hidrogênio e as expectativas são as melhores para o ano de 2022 visto que as metas da COP26 têm de ser postas em ação o quanto antes para mitigar cada vez mais a emissão de gases poluentes, e proporcionar ao mercado o impulsionamento e democratização de uma fonte tão plural como o biogás que em parceria com o hidrogênio é capaz de transformar a matriz energética brasileira. Mas para tanto, é preciso identificar essas potencialidades a cada aplicação do hidrogênio e incentivar o investimentos em projetos de pesquisas e em escala piloto e com um bom amparo legislativo.

Sendo assim, o Brasil está entre os países mais competitivos para produção de hidrogênio verde no mundo: segundo o estudo da McKinsey & Company, o custo nivelado do hidrogênio (LCOH 4 ) verde brasileiro se aproxima de ~1,50 USD/kg de H2 em Esses movimentos contribuem 2030. O número surpreende, visto que na consolidação do hidrogênio como o valor está alinhado às melhores loalternativa para a geração de energia, calizações dos EUA, Austrália, Espaapesar das suas aplicações serem limi- nha e Arábia Saudita, e ~1,25 USD/kg tadas devido às barreiras tecnológicas de H2 em 2040 e o Brasil segue com Fontes: para geração de hidrogênio de baixo o potencial para disputar uma das carbono, além dos altos custos de for- partes do mercado de importação dos necedores de equipamentos, princi- Estados Unidos e da União Europeia, http s : / / w w w. mck i ns e y. c om / br / palmente os de segurança e os demais capaz de capturar USD 1 a 2 bilhões our-insights/hidrogenio-verde-uaté 2030; em 2040, as exportações po- ma-oportunidade-de-geracao-deque já foram citados previamente. -riqueza-com-sustentabilidade-para-o-brasil-e-o-mundo https://www.epe.gov.br/sites-pt/ publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-569/NT_Hidroge%CC%82nio_rev01%20(1).pdf https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/noticias/mme-apresenta-ao-cnpe-proposta-de-diretrizes-para-o-programa-nacional-do-hidrogenio-pnh2/HidrognioRelatriodiretrizes. pdf https://cibiogas.org/blog-post/hidrogenio-verde-qual-a-perspectiva-do-biogas-para-sua-chegada-ao-brasil/

Fonte: McKinsey e Company

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https://epbr.com.br/as-promessas-da-cop26-para-pagar-a-conta-do-hidrogenio/


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Os desafios na implantação das usinas termelétricas a biomassa e o emblemático caso da UTE Nardini Aporé 19 mil residências em Rondônia Luiza Melcop Advogada especializada em direito de energia. Associada do escritório Cortez Pimentel Advogados, com foco de atuação na assessoria jurídica consultiva e contenciosa em direito administrativo e regulatório de energia. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.

D fiador.

esenvolver a estruturação jurídica e regulatória de projetos termelétricos movidos a biomassa, definitivamente, é desa-

Não nos entenda mal. Os negócios hidrelétricos, eólicos e fotovoltaicos também possuem suas dificuldades inerentes. Seja pelos pleitos de reenquadramento dos eixos inventariados de rio ou, ainda, pelos desafios fundiários de se encontrar os melhores pontos de medição anemométrica ou solarimétrica. No entanto, passados esses pequenos inconvenientes, basta implantar a usina e a força motriz está ali, à disposição.

mesmo empreendedor ou dentro de um mesmo grupo econômico, ou, ainda, na formatação de parcerias entre os produtores rurais. Em ambos os casos há uma espécie de logística reversa da matéria orgânica.

No caso da parceria mais habitual entre produtores agroindustriais e pecuários há o compromisso de fornecer a matéria orgânica para a termelétrica de terceiro. Com isso, os parceiros rurais podem obter certa contrapartida financeira ou, ainda, receberem parte dos produtos derivados desse processamento, a exemplo de fertilizantes, sem esquecer dos ganhos no atendimento às diretrizes ambientais em relação à correta destinação do tratamenNo caso das usinas termelétricas mo- to desses resíduos. vidas a biomassa os projetos já são iniciaToda essa cadeia logística confere dos com uma dificuldade adicional, que é sustentabilidade à gestão da biomassa, a gestão e manuseio da matéria orgânica tornando-a um dos principais atrativos utilizada para produzir a energia. no processo de diversificação de fontes de Com isso, não basta implantar a cen- geração na matriz energética nacional. tral de geração, é preciso pensar de forDe acordo com a versão disponibilizama síncrona em como gerir a biomassa, formando uma cadeia de produção quase da para consulta pública do Plano Naciosimbiótica, considerando-se a sazonalida- nal de Energia – PNE 2050, foi ponderado de na produção do insumo e as dificulda- que “de um modo geral, o aproveitamento energético (da biomassa) pode se dar para des em sua estocagem. atender ao setor de transportes ou para o Para o setor jurídico, isso significa setor elétrico. No setor elétrico, a participensar na implantação de projetos que se pação da biomassa atinge 8,5%, enquanto retroalimentam, desenvolvidos por um supera os 23% no setor de transportes, al10 Revista Biomassa BR

Os negócios hidrelétricos, eólicos e fotovoltaicos também possuem suas dificuldades inerentes...



Isso tudo porque se entendeu que a Resolução Normativa ANEEL nº 876/2020, que trata dos procedimentos para obtenção de outorga de autorização... Dentre as sucessivas informações cançado parcela superior a 30% da demanda energética nacional em 2018.” acerca da atualização do cronograma de implantação da usina, prestadas No entanto, por mais que o cená- pela termelétrica à Superintendência rio para o incremento da destinação de Concessões e Autorização de Gerada biomassa a termelétricas seja bas- ção – SCG, a UTE Nardini terminou tante favorável do ponto de vista de por solicitar o arquivamento do proplanejamento de expansão energética cesso até que fosse possível apresentar nacional, não quer dizer que a inicia- um cronograma exequível de obras. tiva não tenha certos entraves, relaA SCG entendeu, no entanto, que cionados tanto com sobredita cadeia logística, quanto com os custos de im- a solicitação equivaleria à desistência do agente em implantar a usina, subsiplantação dos projetos. diada pela inviabilidade econômico-fiExemplo disso foi o caso julgado nanceira do projeto. Assim, o processo pela Diretoria da Agência Nacional foi remetido para a SFG, que terminou de Energia Elétrica (ANEEL) no final por aplicar, cumulativamente, a penade 2021. A usina termelétrica a bio- lidade de suspensão do direito de parmassa UTE Nardini Aporé tentava, ticipação em licitações, bem como de em sede de recurso administrativo, contratar com a ANEEL. reverter a decisão da SuperintendênIsso tudo porque se entendeu que cia de Fiscalização de Gerações (SFG) que havia recomendado a revoga- a Resolução Normativa ANEEL nº ção da autorização para implantação 876/2020, que trata dos procedimentos para obtenção de outorga de auda usina. torização, vedaria a manutenção dos A bem verdade, e que se diga logo, direitos para implantação do parque a revogação da autorização da UTE sem o devido cronograma de obras. Nardini Aporé tomou a tônica de um Consoante o entendimento, o pedido infeliz desencontro de informações. de arquivamento do processo desencadearia, por lógica, na desistência do Pode-se assim dizer. agente em relação à outorga de autoApesar da resolução autorizati- rização. va para implantação da UTE Nardini Assim, afora a penalidade de reAporé datar de meados de 2009, com previsão de entrada em operação co- vogação da outorga, que implicaria mercial de todas as unidades gerado- na desmobilização dos vultuosos inras até 2015, alegadas dificuldades de vestimentos na planta de geração, um ordem econômico-financeira, notada- dos maiores ônus que passava a ser mente ligadas à crise do setor agrícola, agregado ao empreendedor era o de atrasaram as obras de implantação da reconhecimento da obrigação de pagar a penalidade pela rescisão anteciusina. pada do Contrato de Uso do Sistema Como a UTE Nardini Aporé pos- de Transmissão (CUST), celebrado suiria uma espécie de rede coligada de com a concessionária de transmissão. produção, de tal forma que a atividade Com isso, passava-se a dever o Encaragroindustrial da região, inclusive do go de Uso do Sistema de Transmissão titular da usina, seria responsável por (EUST) correspondente aos 03 (três) fornecer a biomassa necessária para anos seguintes ao ano de declaração abastecer a usina, as dificuldades eco- da medida. nômicas experimentadas pelo setor O desfecho do caso, entretanto, refletiriam, em efeito cascata, no defoi de todo favorável a UTE Nardini senvolvimento do projeto. 12 Revista Biomassa BR

Aporé. Na 33ª Reunião Pública Ordinária de 2021, a Diretoria da ANEEL decidiu por dar provimento ao recurso administrativo da termelétrica para arquivar o Termo de Intimação que aplicou a penalidade de revogação da outorga de autorização da usina, bem como para aprovar o novo calendário de obras apresentado, sob condicionante de que fossem reiniciadas em 180 (cento e oitenta) dias. No julgamento, despertou especial atenção a consideração ao fato de que os atrasos na implantação da usina não apresentavam maiores problemas ao ponto de conexão, pois a margem de escoamento em questão não era pleiteada por outros agentes setoriais. Ademais, a termelétrica havia demonstrado boa-fé administrativa no desenvolvimento do projeto, principalmente diante do estado avançado das obras, que incluíam também as instalações de transmissão de interesse da central de geração (ICG). Além disso, foram ponderados os benefícios das usinas de biomassa para o sistema elétrico à medida que seriam fontes complementares às usinas hidrelétricas. Como bem destacado no voto de lavra do Diretor-Relator Efrain Pereira da Cruz, “o pico de produção desse tipo de usina ocorre no período mais seco, quando as usinas hidrelétricas, por vezes, estão com os reservatórios em níveis mais baixos”. No final do dia, o caso da UTE Nardini Aporé é um dos mais emblemáticos para demonstrar os esforços envidados pelos empreendedores e pela própria ANEEL para viabilizar empreendimentos termelétricos a biomassa. Afinal, a despeito das dificuldades logísticas de implantação desses projetos, ainda há de prevalecer o interesse e a relevância nacional de diversificação da matriz energética através da biomassa.



CALDEIRA A BIOMASSA: especialista dá dicas de como escolher o equipamento correto Equipamento é essencial na produção de energia através de biomassa, contudo escolhas erradas estão colocando projetos em risco

Uma das principais dicas dadas pelo especialista envolve a escolha do fabricante...

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produção de energia limpa através da biomassa está crescendo no mundo, assim como outras fontes renováveis. Com isso, a necessidade de falar de equipamentos específicos sobre a área se tornou importante, justamente para conseguir o melhor desenvolvimento energético. O especialista no assunto, Regis Dias, engenheiro da Biocal, destaca que a caldeira de biomassa é um íten bastante utilizado pelas indústrias alimentícias e de secagem no Brasil e que é utilizado por no mínimo 25 anos, reforçando a importância de escolher o equipa-

mento adequado e com qualidade para ter esse suporte. A partir disso, saber escolher a melhor é essencial. Dias destaca que o tipo de material queimado é variado e por isso cada uma é escolhida de forma específica. Uma das principais dicas dadas pelo especialista envolve a escolha do fabricante. Ele comenta que existem hoje diversos tipos deles, contudo é essencial escolher a caldeira conforme as normas técnicas exigidas no mundo e no Brasil. “Nessa hora aparecem muitos fabricantes, uns maiores e outros menores. Alguns até levam certa vantagem por seu custo ser mais


baixo. E acaba se tornando até atrativo a hora que eu olho em valores", comenta ele. Contudo, o especialista destaca que uma caldeira não é um elemento muito simples e precisa ser baseada nos cálculos da ASME, norma internacional sobre parte de pressão, assim como seguir à risca as recomendações repassadas pela NR13 e também NR12. Um bom fabricante segundo Dias é aquele que dá garantias, memorial de cálculo para ser validada a qualidade e obter segurança no produto. Para o especialista, a empresa que fabrica o equipamento deve ter uma engenharia robusta. Além disso, a caldeira adquirida deve ter processos estabelecidos, inspeções, databook, assim como materiais com certificados de origem, rastreabilidade, solda qualificada e assistência. Sobre a alimentação da caldeira, o engenheiro também dá dicas importantes sobre o equipamento. Ele comenta sobre a importân-

cia da qualidade do Silo, o qual precisa ser robusto uma vez que o mesmo é o responsável por colocar o material para dentro e se o mesmo falhar o mesmo acaba por interferir no resto do processo, pois acaba parando os demais equipamentos. Para o Silo tipo Rosca, Dias comenta que é necessário que o mesmo tenha baixa rotação, assim como helicoides e calhas de espessura maior que 8 mm, assim como seu diâmetro maior que 350 mm e dispense o mexedor. Já sobre o Silo estilo Gaveta, o especialista destaca que o mesmo precisa contar com espessura maior que 15 mm e sistema hidráulico forte para cisalhar pequenas toras. Sobre as grelhas, por sua vez, Dias comenta que o projeto atualizado é essencial para evitar problemas. “O fornecedor neste caso precisa ter um complemento de uma boa fabricação, de uma boa engenharia. Tem que ter uma equipe boa para desenvolver a parte de combustão muito bem e isso envol-

FEED AND BIOFUEL

I M PU L S I O N A N D O S E U N E G Ó C I O D O CA M P O AO CO M B U S TÍ V E L

ve tecnologia” comenta o especialista. Para a fornalha, o volume é a parte mais importante segundo Dias. Para ele é essencial considerar num projeto o volume, o tempo de permanência maior que 2s, área de refratário, ponto de acúmulo de cinzas e área de transferência de calor. Sobre o tambor de vapor, Dias comenta que é ideal que o mesmo tenha velocidade baixa, de modo que o mesmo não afete a superfície de transferência de calor para não atingir o rendimento da caldeira. Por fim, Dias ressalta a importância da temperatura para os periféricos, visto que a mesma pode propiciar a transformação do enxofre dentro da caldeira e se transformar em ácido sulfúrico destruindo inúmeros outros equipamentos reduzindo então seu tempo de vida.

Fonte: Biomassa BR

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Maioria do Biogás gerado no Brasil hoje é para geração de energia A produção pode ser ainda maior e ter outras aplicações. País tem potencial de gerar mais de 30 milhões de metros cúbicos por dia de biometano segundo associação

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produção de energia limpa vem ganhando força no mundo e o grande potencial do Brasil a partir de resíduos agropecuários pode se tornar uma importante ferramenta do país contra a emissão de gases de efeito estufa e produção de energia limpa. Dados da Associação Brasileira de Biogás (ABIOGAS) revelam que o país conta hoje com um potencial enorme para esse tipo de energia, onde o mesmo é capaz de gerar mais de 30 milhões de metros cúbicos por dia de biometano até 2030 se o gás for cada vez mais incentivado no país.

Durante a edição mais recente do Congresso Internacional de Biomassa (CIBIO), Vanessa Garcilasso, pesquisadora da USP, trouxe dados importantes sobre o apro- maior se o setor tiver incentivo e trazer muito mais oporveitamento energético do biogás no país. Segundo ela, o tunidade tanto para geração de biocombustível como para gás renovável possui inúmeras aplicações, o que favorece gás natural. ainda mais sua utilização. Atlas de Bioenergia no Brasil colabora com setor “O biogás pode ser utilizado para a geração de eletriciPara contribuir com esse crescimento, Garcilasso cita dade, também para a geração de calor ou então na cogeração, que é a geração de eletricidade e calor. O biogás também projetos desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa em Bioepode ser purificado e transformado em biometano e esse bio- nergia da USP, o chamado Atlas de Bioenergia no Brasil. O metano pode ser utilizado como combustível veicular ou en- documento tem se tornado uma importante ferramenta de tão para ser injetado na rede de distribuição de gás natural, pesquisa para o setor de biogás brasileiro. porque quando ele se transforma em biometano, quando ele Segundo ela, a partir dos primeiros atlas, outros dopassa pelo processo de limpeza e purificação ele se transforma em biometano esse gás tem as características similares cumentos foram surgindo no decorrer dos anos para predo gás natural, então ele pode ser utilizado como um substi- encher lacunas importantes do setor, todos seguindo a mesma metodologia. Garcilasso também cita os mapas intuto do gás natural” afirma ela. terativos georreferenciados de biogás e biometano do EsGarcilasso explica que o potencial do país hoje para o tado de São Paulo, projeto desenvolvido pela universidade biogás é grande vindo principalmente do setor sucroalco- e cujo foco é dar dados precisos sobre a produção do gás oleiro, agroindustrial e sanitário. Contudo, a especialista renovável. reforça que a maioria do biogás gerado no Brasil hoje é “Neste projeto nós analisamos o potencial de biogás e destinado à geração de energia elétrica, com cerca de 63% do uso. A geração de energia térmica também é destacada biometano e potência elétrica disponível a partir do tratapela especialista, que por sua vez, reforça o uso de 36% da mento de esgotos sanitário, a partir de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários, a partir do tratamento de dejetos produção do biogás para esse fim. de animais, bovino, suínos e aves, e também a partir dos Entretanto, o potencial de biocombustível pode ser resíduos provenientes do setor sucroalcooleiro” conclui Garmuito maior com investimento. Garcilasso explica que cilasso. apenas 7% do biogás é purificado, ou seja, transformado em biometano no país para uso veicular. Contudo, conforme dados da ABIOGAS esse número pode ser muito Fonte: Bimassa BR 16 Revista Biomassa BR


Confira algumas de nosssas mídias e eventos

1 CONGRESSO

biogás

Renováveis Revista Biomassa BR

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S O L A R

D O

PRODUTOS GARANTIA

25 ANOS

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B R A S I L


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BIOMASSA: O CASAMENTO PERFEITO ENTRE SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO

Luana Morais – Trainee Jurídica no TWS Sociedade de Advogados. Diretora de Comunicação na Associação de Promissores de Energia Elétrica (APEEL). Conselheira do Conselho temático do Agronegócio -FIEG GO.

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biomassa é uma importante fonte energética renovável para o futuro, principalmente por atender quesitos de preocupação global como a sustentabilidade, com destaque para o círculo fechado de dióxido de carbono. O Ministério de Minas e Energia (MME) classifica biomassa como qualquer recurso energético nas categorias energéticas florestal com seus produtos, subprodutos ou resíduos, energética agrícola, agroenergéticas, agroindustriais e da produção animal além de resíduos urbanos. Assim como outras opções de energia renovável, o potencial para a energia da biomassa é enorme. A legislação brasileira nos últimos anos busca apoiar esses avanços, podemos citar a Lei nº 10.438, através da qual foi criado o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia – Proinfa, a Lei nº 12.305/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) enfrentando os principais problemas ambientais, 20 Revista Biomassa BR

Desenvolvimento Limpo (MDL). É o casamento perfeito entre sustentabilidade e desenvolvimento, por reduzir significativamente as emissões de metano e ser economicamente atrativa. Entretanto, antes de embarcar em Quando pensamos em tecno- qualquer projeto de energia é necessálogias de conversão energética da rio ter muito bem estruturada a viabiomassa, estamos lidando com um bilidade técnica e econômica, acomoceano azul de possibilidades. Temos panhada de um excelente arcabouço disponíveis no mercado tecnologias jurídico. para aplicações em pequenos e granPortanto, não há dúvidas que a des projetos, tais como recuperação de energia de resíduos sólidos urba- biomassa é uma das melhores, quinos e gás de aterros sanitários, biofer- çá, a melhor fonte renovável dispotilizantes, biocombustíveis para o se- nível no Brasil atualmente. Enquanto tor de transportes (etanol e biodiesel), o mundo todo discute e busca solugaseificação, métodos de produção de ções para diminuir emissão de gases e os resultados do efeito estufa e do calor e eletricidade (cogeração). aquecimento global, temos os recurInsta salientar ainda um merca- sos disponíveis de forma abundante do que vem sendo explorado pelos e tecnologia para convertê-los. Vivisionários, o da energia do biogás venciamos um momento histórico (degradação anaeróbica). Por ser con- no setor de energia brasileiro, onde siderada uma opção de baixo custo, nos é permitido olhar para as novas além de todos os seus subprodutos, oportunidades e garantir o futuro das pode gerar créditos de carbono dis- próximas gerações ao optarmos pelas poníveis através do Mecanismo de renováveis. sociais e econômicos resultantes da manipulação indevida dos resíduos e ainda a Política Nacional de Biocombustíveis, instituída por meio da Lei nº 13.576/2017.


Calendário de Eventos 2022 13° FÓRUM GD SUDESTE 09 E 10 MARÇO DE 2022

São Paulo, SP

2° FÓRUM VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA/ABREN

A definir (data e local) 12° SEMINPXII 26 E 27 MAIO DE 202

Rio de Janeiro, RJ 14 ° FÓRUM GD NORDESTE 04 E 05 MAIO DE 2022

São Luis, MA 15° FÓRUM GD SUL 22 E 23 JUNHO DE 2022

Florianópolis, SC 1° FÓRUM EÓLICA 06 E 07 JULHO DE 2022

Nordeste, BR 1° CONGRESSO BIOGÁS 13 E 14 JULHO DE 2022

Foz do Iguaçu, PR

www.grupofrg.com.br

17° FÓRUM GD NORTE 21 E 22 SETEMBRO DE 2022

Palmas, TO

4° CONGRESSO E FEIRA STORAGE BRASIL 05 E 06 OUTUBRO DE 2022

São Paulo, SP

4° FÓRUM E FEIRA MOVE 26 E 27 OUTUBRO DE 2022

A definir

7° CBGD EXPOGD 09 E 10 NOVEMBRO DE 2022

Belo Horizonte, MG 6° CONGRESSO CIBIO E EXPOBIOMASSA

A definir

2° CYBERSEC 07 E 08 DEZEMBRO DE 2022

Brasilia, DF

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ABIOGÁS:

Brasil tem capacidade de produzir mais de 30 milhões de m³ de biogás/ dia até 2030, o equivalente a 25% da geração de energia do país Associação realizou lançamento de edital para entidade gestora do Fundo Garantidor do Biogás nesta quinta-feira (03). Fase inicial do fundo deve contar com R$ 300 milhões

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vice-presidente da ABiogás (Associação Brasileira do Biogás), Gabriel Kropsch, disse que o Brasil pode produzir mais de 30 milhões de metros cúbicos de biogás por dia. A declaração foi dada no lançamento do edital para entidade gestora do Fundo Garantidor do Biogás, uma parceria com o Laboratório Global de Inovação em Mudanças Climáticas para atrair investimentos para o setor de biogás nacional. “Se todo o potencial fosse aproveitado, a gente teria uma produção superior a 30 milhões de metros cúbicos por dia. Isso é 50% a mais do que o volume do gasoduto Bolívia-Brasil nos tempos áureos. É metade do consumo de gás natural do brasil e 50% do consumo de óleo diesel do país inteiro. É 25% de toda a geração de energia do nosso país. É extremamente relevante”, disse Gabriel. Espera-se que essa meta seja atingida em 2030.

vável. Muito utilizado para a geração de energia descentralizada, o aproveitamento energético de resíduos gera renda adicional para produtores rurais, operadores de aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto. Atualmente, a maior concentração de energia gerada a biogás é no mercado livre, com cerca de 200 MW. Na geração distribuída, são 70 MW de potênO chefe do Departamento de cia instalada. Meio Ambiente do BNDES (BanOutro setor em que é possível utico Nacional de Desenvolvimento lizar o insumo é o de combustíveis, Econômico e Social), Nabil Moura, frisou a importância de investimen- através da produção de biometano, tos em negócios sustentáveis para o um gás 100% renovável equivalente cumprimento de compromissos as- ao gás natural. Ele é utilizado na insumidos pelo Brasil na COP-26, de dústria ou nos transportes, em subsneutralização de emissões até 2050. tituição ao GLP (gás de cozinha), óleo “A gente precisa fazer os investimentos diesel e outros derivados de petróhoje, para que de fato a gente tenha leo. A redução de custos é da ordem uma economia neutra em carbono”, de 30%. observou. Laboratório Global de Inovação em Finanças Climáticas – CoordeCronograma de seleção nado pela Climate Policy Initiative, As empresas interessadas em as- ele reúne mais de 70 instituições de sumir a gestão do Fundo Garantidor todo o mundo. Seu papel é elaborar do Biogás têm até o dia 25 de março e lançar instrumentos financeiros para enviar propostas. A comunica- inovadores para atrair investimenção das propostas habilitadas será fei- tos privados para ações de mitigação ta até 15 de abril e a convocação, no e adaptação a mudanças climáticas e dia 18. Depois, haverá apresentações desenvolvimento sustentável. Desde presenciais, que serão agendadas via 2014, o Lab lançou mais de 40 solue-mail. A previsão a ABiogás é de di- ções que mobilizaram mais de US$ 2 vulgar o resultado final da seleção em bilhões para lidar com as mudanças climáticas. 09 de maio. Borschiver, ressaltou a importância que vêm ganhando as empresas que têm preocupação com a responsabilidade ambiental. “O gestor desse fundo vai estar na vanguarda do que é ação climática no Brasil hoje em dia”, destacou, lembrando também que este será o primeiro fundo garantidor privado no país.

O Fundo Garantidor do Biogás está sendo pensado para ajudar empreendedores que queiram investir no setor, mas não tenham capacidade para dar as garantias exigidas. Por isso, o foco é na etapa de construção dos projetos, como explicou a gerente executiva da ABiogás, Tamar Roitman: “existe recurso disponível, mas a barreira é realmente a garantia exigida. É nisso que a gente está trabalhanO Webinar de lançamento do edido”. “Tem muita gente querendo investir, muitas empresas querendo investir tal pode ser acessado por este link htnesse mercado, mas faltam alguns ins- tps://www.youtube.com/watch?v=uOR1Bj1L8ww. trumentos”, completou. Sobre o setor de biogás – O bioO representante do Laboratório Global de Finanças Climáticas, Felipe gás é uma fonte firme de energia reno22 Revista Biomassa BR


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Tecnologia desenvolvida tem permitido tirar cloro da planta e fomentar produção de pellets de eucalipto em grande escala A pesquisa brasileira tem ganhado notoriedade no exterior. Biomassa de madeira é alternativa importante na adesão de fontes renováveis

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uso da madeira de Eucalipto para produção de pellets de madeira está em pleno avanço no mundo. Quem afirma é o especialista Javier Escobar, da Universidade de Harvard. A pesquisa desenvolvida por ele em 2017 e apresentada durante o Congresso Internacional de Biomassa, no Brasil, no mesmo ano, teve um avanço significativo. Desenvolvida a partir de uma tese de doutorado na USP, Escobar explica que o assunto rendeu e que permitiu que novos avanços fossem estudados ao longo dos anos dando oportunidade ao mesmo de ingressar em Harvard e ter apoio para esmiuçar ainda mais a tecnologia que envolve a produção de pellets através do Eucalipto.

Através do Laboratório de Inovação da universidade norte-americana, Escobar explica que hoje a tecnologia vem ganhando visibilidade através da Biomassa Trust, uma propriedade intelectual brasileira estendida para a União Europeia e para o Vietnã. A mesma tem potencial de atender e acessar a produção de biomassa de eucalipto em grande escala, transformando ela em woodpellet, ou seja, madeira sem cloro e podendo atender o mercado internacional que até então não tinha contato com esse tipo de biomassa, segundo Escobar. Bioenergia moderna é hoje res24 Revista Biomassa BR

ponsável por 50% de energia no mundo, tendo a biomassa de madeira uma grande parcela

podendo operar em energia de base em qualquer momento, em qualquer horário para transformação de energia", comenta Escobar.

Para o especialista, o mundo hoje Avanço na adesão da madeira tem mostra que tem como objetivo utilizar a maior unidade energética renovável sido permitida por tecnologias, visto para poder substituir os combustíveis que setor ainda traz desafios fósseis nos próximos 30 anos. A pesquisa de Escobar vem sendo “São etapas determinadas pela cada vez mais utilizada em busca de União Europeia que começou em 2015 transformar o desafio do setor de pelcomo um plano e alguns países entra- lets de Eucalipto no mundo hoje em ram. Em 2020 até 2022 alguns países solução em grande escala. asiáticos já substituíram com pellet de O especialista comenta que pamadeira, por exemplo” explica Escoíses tropicais estão entre os países bar. com grande potencial para a geração O uso do Eucalipto, por sua vez, de energia limpa através da biomassa tem entrado como uma opção bastan- desse tipo de madeira, contudo a ação te vantajosa neste quesito. A bioener- da natureza faz com que as plantas abgia moderna hoje é responsável por sorvam cloro durante o seu plantio e 50% da energia no mundo segundo assim dificultem sua comercialização Javier, sendo grande parte da biomas- em grande escala para a queima, uma sa utilizada formada por woodpellets, vez que ao queimá-la a formação de um biocombustível que pode ser subs- gases tóxicos acontecem devido ao tituído diretamente pelo carvão mine- cloro. ral de termelétricas, assim como gás Com isso, a pesquisa desenvolou óleo combustível em aquecedores. vida teve como objetivo transformar “As outras renováveis intermiten- essa plantação em uma madeira livre tes, como o próprio nome diz, operam de cloro, ou seja, woodpellets. O uso só em alguns horários do dia quando do mesmo já vem sendo utilizado em tem sol ou quando tem vento e é neces- diversas usinas pelo exterior e desário ter baterias para poder acumular monstrando o real potencial do Eucaou ter a conexão direta na rede elétrica lipto para esse tipo de energia. para ter um aproveitamento dessas renováveis intermitentes. No caso, o pelFonte: Biomassa BR let de madeira seria não intermitente,


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