Revista Biomassa Ed. 58

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Vol. 06 - Nº 58 - Nov/Dez 2021

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MARCO LEGAL

DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Inoculação de bactérias seus efeitos na biomassa microbiana do solo ISSN-2525-7129



Índice

Expediente

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PUBLICAÇÃO:

Eletrônica

Bimestral

04 Marco Legal da Geração Distribuída

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Influência dos extrativos na hidrólize enzimática de palma forrageira

22 Inoculação de bactérias solubilizadoras de fosfato e seus efeitos na biomassa microbiana do solo

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Artigo

MARCO LEGAL da

Geração Distribuída e mudanças regulatórias no mercado livre – CUIDADOS E OPORTUNIDADES

Luiza Melcop Advogada especializada em Direito de Energia. Associada do escritório Cortez Pimentel Advogados, com foco de atuação na assessoria jurídica consultiva e contenciosa em direito administrativo e regulatório de energia. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Lucas Cortez Pimentel Advogado especialista em Direito de Energia, sócio do escritório Cortez Pimentel Advogados.

O

ano de 2021 ficará marcado pela intensidade nas mudanças regulatórias no setor de energia. Como exemplo, podemos citar: (i) o encerramento dos descontos tarifários para as energias renováveis, através da Lei 14.120/2021; (ii) a regulamentação das Usinas Híbridas e Associadas, por meio da Resolução ANEEL n º 954/202; e, finalmente (iii) a aprovação do marco legal da geração distribuída, por meio do PL 5.829/2019.

O modelo regulatório da micro ou minigeração distribuída, regulamentado há anos pela Resolução ANEEL nº 482/2012, permite a implantação de centrais geradoras com capacidade instalada de até 5 MW, que gerem energia por fontes renováveis, as quais funcionam através do Sistema de Compensação de Créditos de Energia Elétrica (SCEE).

Segundo esse sistema, 100% da energia ativa injetada na rede de distribuição pela central termelétrica de biomassa ou biogás será convertida em créditos de energia peVamos tratar de alguns dos temas cita- rante a distribuidora local, para posterior dos acima, possibilitando ao leitor a análise compensação em relação ao consumo verifidas oportunidades e riscos em cada caso de cado nas unidades consumidoras vinculadas mudança regulatória, o que lhe auxiliará na ao sistema de geração. mitigação de riscos e tomada de decisões no Essa compensação da energia elétrica setor de biomassa e de biogás. gerada em relação ao consumo de energia Marco Legal da Geração Distribuída – ocorre, hoje, em todas as componentes tarifárias calculadas de forma volumétrica, em PL 5.829/2019 4

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Artigo

Pelo PL 5.829/2021, ficou garantido a todos os empreendimentos de geração distribuída que solicitarem acesso até 12 (doze) meses após publicação do marco legal, a compensação de energia elétrica no formato atual... R$/kWh. Isto é, um consumido de baixa tensão (consumidor B), cuja tarifa é calculada de forma monômia (100% volumétrica), poderá compensar quase 100% do seu consumo de energia elétrica através da geração distribuída, não sendo compensável apenas o seu custo de disponibilidade. Esta forma de compensação, envolvendo todas as componentes tarifárias volumétricas da tarifa de energia, foi alvo de intensos debates desde 2019, pois a ANEEL propôs ao setor a alteração da forma de compensação, de modo que parte do volume de energia consumido deixasse de ser compensado. Após anos de discussão, entretanto, no dia 16/12/2021, o Congresso Nacional aprovou, na Câmara dos Deputados (após aprovação no dia anterior no Senado Federal), o Projeto de Lei 5.829/2019, de relatoria do Deputado Lafayette de Andrada. Pelo PL 5.829/2021, ficou garantido a todos os empreendimentos de geração distribuída que solicitarem acesso até 12 (doze) meses após publicação do marco legal, a compensação de energia elétrica no formato atual (a compensação da totalidade das componentes tarifárias calculadas em R$/kWh) até 31 de dezembro de 2045. Em outras palavras, abre-se a janela de 12 (doze) meses para requerer a solicitação de acesso de empreendimentos de biomassa ou biogás, de modo a assegurar o direito adquirido de compensar energia na forma atual até 2045. De modo a evitar especulações no setor, o PL 5.829/2019 previu que, para garantir o direito de compensação de energia na forma atu6

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al até 2045, os empreendimentos de geração por biomassa ou biogás que solicitarem acesso dentro deste período de 12 (doze) meses deverão iniciar a injeção de energia em até 30 (trinta) meses contados da emissão do parecer de acesso pela distribuidora local. Caso o prazo de 30 (trinta) meses para início da injeção de energia não seja atendido, o consumidor titular da geração distribuída perderá o direito da compensação de energia na forma atual até 2045. De modo a resguardar os consumidores diante de erros da distribuidora, o próprio PL 5.829/2019 previu que a possibilidade de suspensão do prazo de injeção de energia, caso houvesse pendências das distribuidoras ou eventos de caso fortuito ou força maior. Deste modo, sugerimos que o titular dos empreendimentos de biomassa ou biogás optem que as obras de conexão necessárias ao atendimento dos empreendimentos sejam realizadas pela própria distribuidora, pois, assim, qualquer atraso nas obras de conexão será reconhecido como um evento de suspensão do prazo para injeção da energia. Outro ponto importante para a geração distribuída foi a previsão de aplicação, aos projetos de geração distribuída, das tarifas de consumo ou de geração, conforme utilização de fato da central de geração. Isto é, caso a central de geração apenas gere energia, tendo um consumo marginal, a tarifa de uso do sistema de distribuição aplicável será a TUSDg, que possui valor menor que a TUSD consumo. Chamamos atenção à possiblidade da ANEEL criar uma TUSDg específica para a geração distribu-

ída, com valor superior à TUSDg aplicada atualmente ao mercado livre. Caso isso aconteça, ainda assim se espera que a TUSDg aplicável à geração distribuída seja consideravelmente menor que a TUSD de consumo aplicável, hoje, às centrais de geração distribuída. Pontos de cuidado em todo empreendimento de geração distribuída é em relação à vedação, constante no PL 5.829/2019, de venda de pareceres de acesso e a vedação de mudança de titularidade do parecer de acesso ou controle societário do titular do parecer de acesso até a solicitação de vistoria de acesso do empreendimento. Tais medidas foram dotadas no PL 5.829/2019 em razão do elevado número de vendas de pareceres de acesso no setor. O empreendedor que não respeite tais medidas poderá ter seu parecer de acesso cancelado. Deste modo, sugerimos que seja atendido à risca o disposto no PL 5.829/2021, sendo eventualmente alterada a titularidade da unidade consumidora com geração distribuída e/ou o controle societário do titular do parecer de acesso apenas após a solicitação da vistoria de acesso. Por fim, o PL 5.829/2019 criou o conceito de central de geração por fonte despachável (que pode gerar energia a qualquer momento), que poderá ter até 5MW de potência instalada, e central de geração por fonte não despachável (cuja tecnologia não permite a geração de energia a qualquer hora do dia), que só poderá ter até 3MW de potência instalada. A biomassa e o biogás foram considerados, de antemão, como


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fontes de geração despacháveis. Com isso, pelo PL 5.829/2019, os empreendimentos de biomassa e biogás poderão ter até 5MW de potência instalada e, assim, se qualificarem como centrais de minigeração distribuída. Portanto, com a aprovação do PL 5.820/2019, na data de 16/12/2021, inicia-se a corrida para a realização da solicitação de acesso para os empreendimentos de biogás e biomassa, de modo a resguardar tais empreendimentos com o direito adquirido de compensar energia da melhor forma, no modelo atual, até 2045. Encerramento do Desconto na TUSD/TUST para Fontes Renováveis e as Centrais Geradoras de Capacidade Reduzida Outra possibilidade de exploração de termelétricas a biomassa e biogás é através das centrais geradoras de capacidade reduzida, as quais possuem capacidade instalada de até 5 MW e cuja energia produzida é destinada ao Ambiente de Comercialização Livre (ACL). De acordo com o art. 8º da Lei nº 9.074/95, as centrais de capacidade reduzida estão dispensadas da prévia obtenção da outorga de autorização, somente sendo necessário proceder ao registro das usinas geradoras perante a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), após a devida implantação. Neste sentido, ressaltamos que a Lei 14.120/2021 previu o encerramento da aplicação de no mínimo 50% de descontos na TUSD/TUST para empreendimentos de geração por fontes renováveis (o que inclui a biomassa e o biogás), mas tal encerramento é aplicado apenas aos empreendimentos que solicitarem autorização até final de fevereiro de 2022. Contudo, como já dito, empreendimento de capacidade reduzida não solicitam autorização. Pelo contrário, tais empreendimentos apenas comunicam à ANEEL a sua conexão. Deste modo, empreendimentos de capacidade reduzida es-

Outra possibilidade de exploração de termelétricas a biomassa e biogás é através das centrais geradoras de capacidade reduzida, as quais possuem capacidade instalada de até 5 MW e... tariam livres para continuar a aplicar o desconto na TUSD/TUST para fontes renováveis mesmo após o encerramento do prazo de 12 (doze) meses previsto na Lei 14.120/2021. Este, inclusive, foi o entendimento da Procuradoria Federal da própria ANEEL, através do Parecer nº 77/2021/PFANEEL/PGF/AGU: “44. Assim, para o empreendimento de capacidade reduzida o desconto na TUST/TUSD é garantido, ipso jure, pelo §1º do artigo 26 da Lei n. 9.427/99, uma vez que nenhuma outra condição lhe é exigível para a fruição de tal direito. A Lei n. 14.120/2021 não retirou o direito aos descontos das usinas de capacidade reduzida, tampouco impôs condições para sua percepção, já que o §1º não foi alterado pela norma. 45. Neste ponto, não há que se falar em interpretação restritiva ou extensiva para autorizar o subsídio aos empreendimentos de capacidade reduzida, pois o §1º do artigo 26 da Lei n. 9.427/99 é expresso ao garantir a percepção do benefício aos "empreendimentos hidroelétricos com potência igual ou inferior a 5.000 kW (cinco mil quilowatts)." 46. Ora, se a legislação setorial vigente dispensa a outorga de empreendimentos de capacidade reduzida, a legislação superveniente não pode ser interpretada de modo a exigir que tais em-

preendimentos solicitem outorga para receberem benefício que não foi expressamente suprimido. Deve ser aplicado o princípio basilar de hermenêutica jurídica de que não cabe ao intérprete restringir o que a lei não restringe (ubi lex non distinguit nec nos distinguere debemus). Esse princípio impõe a aplicação da regra cujo sentido é geral, e para o qual o legislador não previu exceções, as quais não se presumem. 47. Haveria notória incoerência entre a Lei n. 9.074/95 e a Lei n. 9.427/99, pois enquanto a primeira (art. 8º) dispensa de outorga os empreendimentos de potência igual ou inferior a 5.000 kW, com a finalidade de facilitar a implantação de tais empreendimentos, a segunda passaria a exigir a solicitação de outorga como condição para a concessão de um benefício, cujo objetivo é estimular o desenvolvimento desses mesmos empreendimentos. (...) III - CONCLUSÃO 52. Diante do exposto, opina-se no sentido de que os dispositivos do artigo 4º da Lei n. 14.120/2021, que alterou o artigo 26 da Lei n. 9.427/99, devem ser interpretados da seguinte forma: (...) f) para os empreendimentos de capacidade reduzida sujeitos a registro, o desconto na TUST/ TUSD é garantido pelo §1º do artigo 26 da Lei n. 9.427/99, uma vez que nenhuma outra condição lhe é exigível para a fruição de tal direito. A Lei n. 14.120/2021 não retirou o direito aos descontos das usinas de capacidade reduzida, tampouco impôs condições para sua percepção.” Em outras palavras, empreendimentos de biomassa ou biogás com até 5MW, destinados ao merRevista Biomassa BR

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porte para se enquadrar nos limites de potência da micro e minigeração, o que não se aplica às centrais de capacidade reduzida).

cado livre de energia (ACL), ainda poderão se beneficiar do desconto na TUSD/TUST mesmo após fevereiro de 2022, quando se encerra o período para empreendimentos com autorização (acima de 5MW) requisitarem sua autorização à ANEEL com aplicação do desconto. Considerando-se a utilização do insumo energético de, no mínimo, 50% de biomassa composta de resíduos sólidos urbanos e/ou de biogás de aterro sanitário, o desconto tarifário da TUSD/TUST seria de 100%, de acordo com o inciso IV do art. 3º da REN ANEEL 77/04. Outro ponto interessante, é a possibilidade de se instalar várias turbinas de geração à biomassa ou biogás em um mesmo local, cada uma com sua conexão própria, sendo alimentada por uma única caldeira ou um único biodigestor de maior escala. Tendo em vista que a regulação da ANEEL não veda a existência de várias centrais de capacidade instalada reduzida em um dado imóvel, desde que haja a individualização dos sistemas elétricos e de conexão de cada uma das plantas de geração, a implantação dessas centrais permite um ganho de flexibilidade na modelagem de projetos para o gerador (diferentemente, o PL 5.829/2019 veda a tentativa de “fatiamento” de centrais de geração de maior porte em centrais de menor 8

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Seria o caso, a exemplo, de uma mesma estrutura de distribuição de biomassa ou biogás ser a fonte alimentadora de 06 (seis) centrais geradoras distintas, cada qual podendo ser objeto de contrato de arrendamento ou de aluguel para diferentes clientes finais, que poderiam usufruir das usinas enquanto produtores independentes de energia ou autoprodutores de energia. Dessa forma, proceder ao enquadramento de usinas termelétricas a biomassa ou biogás enquanto centrais geradoras de capacidade reduzida concederia uma dupla beneficie na flexibilização da modelagem desses empreendimentos, tanto do ponto de vista da implantação e arrendamento dessas centrais, quanto da percepção de benefícios tarifários de desconto na TUSD/TUST que poderiam conferir vantagem competitiva ao preço da energia negociada proveniente desses parques de geração. Novo marco legal do saneamento básico e a cadeia de produção do biogás O novo marco do saneamento básico, sancionado pela Lei nº 14.026/20, traz como um de seus principais fundamentos o fomento à eficiência energética na gestão de recursos hídricos e de resíduos sólidos urbanos. Se, à primeira vista, a leitura da lei pode ser um tanto quanto inespecífica em relação às modalidades de empreendimentos de energia que poderão ser agregados ao saneamento básico, os dados de implantação da cadeia de produção de biogás no Brasil não deixam mentir – as tecnologias das usinas termelétricas a biogás e do processamento de resíduos sólidos e de esgotamen-

to sanitário parecem ser feitas para coexistir, complementares que são entre si. Ainda que os resíduos do setor agroindustrial representem um maior potencial de exploração de usinas termelétricas a biomassa e a biogás no país, dados divulgados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) no Plano Decenal de Expansão de Energia 2030 informam que pela primeira vez os resíduos sólidos urbanos passam a ser considerados como tecnologia candidata e potencial energético aptos a influir na matriz energética nacional. Para contextualizar a estrutura de funcionamento de uma central de bioenergia, é preciso dizer que tanto os resíduos sólidos, notadamente os orgânicos, quanto o esgoto passam por processo de decomposição, que resulta no biogás enquanto um de seus produtos. É esse biogás que poderá ser canalizado diretamente da planta de tratamento de resíduos e utilizado como fonte combustível para as usinas termelétricas gerarem energia elétrica. Muito embora se possa pensar em eventual potencial poluidor da termelétrica, que é responsável pela queima do biogás, a cadeia de produção e combustão desse insumo alcança como resultado um balanço energético negativo de carbono, já que o biogás impacta menos o meio ambiente do que o gás metano, que é o produto naturalmente liberado no processo de decomposição desses resíduos na hipótese de não haver o adequado tratamento sanitário. Dado que o novo marco do saneamento básico foi aprovado em 2020, ainda são poucos os Procedimentos de Manifestação de Interesse (PMI) abertos com vistas a investigar modelagens jurídicas, regulatórias e técnicas para a exploração de aterros sanitários, alguns dos quais objeto de futura concessão à iniciativa privada. Dentre os PMI em curso, chama atenção o edital relacionado à concessão do aterro sanitário de


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Brasília/DF, que tem por meta a realização da gestão e manutenção adequadas do aterro, com captação do gás proveniente da gestão dos recursos sanitários e a geração de 30 MW de energia limpa. Por mais que a entrega dos estudos objeto do PMI tenha sido adiada para o dia 31 de janeiro de 2022, certo é que pela modelagem proposta já se indica para a solução de combinação entre o processamento de resíduos sólidos e o ciclo de produção do biogás, com seu aproveitamento energético por usinas de geração. Para além de atender aos princípios fundamentais da lei de saneamento, acoplar a cadeia de produção de biogás à gestão de resíduos sanitários, finalizando seu aproveitamento em termelétricas, permite gerar valor econômico e ambiental à integralidade do processo, o que será refletido, inclusive, na rentabilização da destinação da energia elétrica gerada. Tendo em vista o recorte da modelagem de centrais geradoras que será tratado no presente artigo, utilizaremos como case base, a título meramente exemplificativo, o projeto com capacidade instalada de 30 MW de que trata o PMI do aterro sanitário de Brasília/DF. Com isso, dentre as várias possibilidades de destinação da

geração de energia elétrica proveniente das termelétricas movidas a biogás, passaremos a analisar as seguintes alternativas, que trazem, cada qual, benefícios regulatórios e tarifários que podem adicionar vantagem competitiva aos projetos: 1) Enquadramento enquanto micro ou minigeração distribuída, conforme a atual regulamentação da REN 482/12; e 2) Enquadramento como Central Geradora de Capacidade Reduzida, destinada ao Ambiente de Comercialização Livre de Energia Elétrica (ACL). Além disso, é preciso dizer que os projetos de gestão de resíduos sanitários, combinados à cadeia de produção do biogás, podem gerar receita acessória vinculada ao Mercado de Crédito de Carbono. A possibilidade foi elencada dentro do informe técnico elaborado pela EPE em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME) sobre “Modelos de Negócios para aproveitamento energético de RSU”, datado de junho/2021. Neste mercado, permite-se a comercialização dos créditos de carbono para empresas que não atingem suas metas de emissão, a fim de que se possa equalizar o teto

de emissão de carbono de determinado segmento de atividades. Assim, tendo em vista que a produção de biogás tem um balanço energético de carbono positivo, a comercialização dos créditos de carbono termina sendo uma possibilidade adicional de gerar receita acessória para o projeto. Conclusão Como foi visto neste breve artigo, as mudanças regulatórias no setor de energia podem ser vistas como janelas de oportunidades, abrindo-se prazos para os empreendedores interessados em explorar energia elétrica através de biomassa e biogás iniciarem o planejamento do seu projeto. Aquele que conseguir se modelar para garantir o atendimento dos marcos temporais que garantem a manutenção de benefícios, sem dúvida passarão a explorar empreendimentos de geração que serão considerados “fora da curva” dentro de poucos anos. Além disso, o novo marco legal do saneamento básico abre portas para se pensar em modelos de projetos de infraestrutura que conjuguem a gestão de resíduos sanitários ao ciclo de produção do biogás, os quais podem culminar na adesão da geração de energia elétrica à cadeia produtiva. Revista Biomassa BR

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BIOGÁS PODE GERAR ENERGIA PARA 19 MIL RESIDÊNCIAS EM RONDÔNIA Estudos da CIBiogás para FIERO e Instituto Amazônia+21 valorizam bioeconomia

Rondônia pode produzir biogás com processamento de lixo suficiente para gerar 59 GWh/ano de energia elétrica, o que dá para atender cerca de 19 mil residências. Outra possibilidade é usar esse biogás para gerar 16,8 milhões de metros cúbicos de biometano, combustível renovável e sustentável. Isso porque o potencial do estado para produzir biogás a partir da Fração de Resíduos Sólidos Urbanos é de 31,7 milhões de Nm³ biogás /ano. A afirmação consta de pesquisa feita pela CIBiogás para a Federação de Indústria do Estado de Rondônia (FIERO), como parte de estudos que vão embasar modelos de negócios sustentáveis projetados pelo Instituto Amazônia+21. O estudo de mercado foi apresentado no lançamento do Instituto Amazônia+21, criado para promover negócios sustentáveis na Amazônia, na sede da FIERO, em Porto Velho, capital de Rondônia. A parceria com a CIBiogás envolve estudos de identificação e mensuração de novas soluções para o desenvolvimento socioeconômico da região, a partir de negócios sustentáveis. Rondônia tem um grande destaque no Norte do Brasil, visto que o estado possui o maior PIB da região e têm a terceira maior população, com aproximadamente 1,8 milhões de habitantes. As atividades econômicas do estado estão ligadas à agropecuária, produção de café, 10 Revista Biomassa BR

soja, bovinos e leite. O setor de alimentos representa 21% do PIB industrial local. Rafael González, diretor presidente do CIBiogás, destaca que a iniciativa da FIERO e do Instituto Amazônia+21 representa uma inovação em favor de uma economia verde na Amazônia e já mostra oportunidades de negócios sustentáveis na região: “O potencial do biogás em Rondônia aponta possibilidades para outros estados amazônicos e é um forte exemplo de como desenvolver cadeias produtivas focadas em energias renováveis e fortalecer a economia de baixo carbono na região”.

Grande potencial energético O setor agropecuário e de alimentos gera um alto volume de produção de resíduos, sendo sua maioria compostos por materiais orgânicos, e isso tornar difícil a separação desses resíduos para reaproveitamento de materiais recicláveis, além de altos custos e aproveitamento muito baixo. A geração de biogás é uma alternativa sustentável que, por meio da digestão anaeróbica e bom uso do gás gerado, possibilita transformar esse passivo poluente em um ativo econômico sustentável. Os locais com maiores poten-


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ciais de produção estão localizados nas regiões de Madeira-Mamoré e Central, que juntas acumulam mais de 56% do total de produção de Rondônia. A capital de Porto Velho, por sua vez, tem o maior potencial do estado em relação a produção de biogás a partir do acúmulo de resíduos, capaz de gerar 9,8 milhões de m³.biogás/ano. Com apenas os resíduos sólidos urbanos, ainda seria possível produzir 18 GWh/ano de energia elétrica. Desta maneira, o desperdício de energia é reduzido a partir da execução de uma ação positiva ambientalmente para a região, uma vez que soluciona a questão residual e reduz a geração de gases poluentes a partir da atividade agropecuária e industrial. O presidente da FIERO e Diretor Executivo do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thome, observa que apesar da matriz energética brasileira ser considerada limpa, com maior participação de energia renováveis, a transição energética continua sendo essencial para tornar sustentável os processos de produção e o problema dos resíduos sólidos afeta a qualidade de vida urbana, demandando soluções em relação a coleta, destinação e tratamento dos resíduos sólidos. “Nossa parceira com a CIBiogás vem trazer para os nove estados da Amazônia Legal a alternativa do biogás como base para excelentes negócios sustentáveis, transformando o lixo em lucro para as empresas e emprego e renda para as pessoas, além de descarbonizar e criar abertura para aporte de novos investimentos na região”, finaliza Thomé. ção

Iniciativas pró descarboniza-

Um dos principais enfoques da pesquisa é contribuir para o aumento da descarbonização das atividades econômicas da região amazônica. O CIBiogás, localizado no Paraná, já responde por metas voltadas ao aproveitamento energético no Sul do Brasil e municípios de outras regiões, sempre

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com foco no potencial local para o aproveitamento sustentável de resíduos sólidos e orgânicos. Agora, pela parceria com a FIERO e Instituto Amazônia+21, vem contribuir para colocar em pauta o potencial do biogás nos estados da região Norte, fortalecendo as ações para uma economia de baixo carbono na Amazônia. Os substratos advindos dos aterros sanitários têm elevada disponibilidade de biogás, aspecto que possibilita a recuperação das plantas de biogás e aumento da escala, permitindo a geração de lucros tanto para a produção de energia elétrica quanto para a de biometano. O aterro localizado em Cacoal e gerenciado por uma empresa privada possui capacidade para receber até 300 toneladas de RSU/dia, mas atualmente não há nenhum aproveitamento do biogás produzido. O documento ainda ressalta que no caso dos aterros, não há necessidade de construir um sistema de biodigestão, visto que o processamento dos resíduos ocorre após o aterramento dos sedimentos. Resíduos com maiores potenciais

O estudo de Mercado de Biogás e Biometano em Rondônia, avaliou o potencial das fontes no estado a partir de 5 substratos diferentes, sendo esses: Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), Bovinocultura, Laticínios, Abatedouros de Bovinos e de Pescado. Após as análises, mostrou-se que o principal potencial da região está concentrado na bovinocultura de leite e corte, acompanhada pela fração orgânica de resíduos sólidos urbanos. Porém, ainda é necessário que haja mudanças no manejo e na infraestrutura para conseguir, efetivamente, gerar biogás. Apesar do biogás ainda ser pouco conhecido na região, além de ter outras questões envolvidas à capacitação para lidar com a alternativa, ao final, Rondônia têm um ótimo perfil para a geração de energia por meio do biogás, com capacidade de produzir até 774,5 m³biogás. ano o volume de biogás adequado para gerar 1,45 GWh de energia elétrica por ano, o que permite abastecer aproximadamente 473 residências. ASSESSORIA CIBIOGÁS.



Artigo

INFLUÊNCIA DOS EXTRATIVOS NA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DE PALMA FORRAGEIRA Diego Ribeiro do Amaral​​1​; Bárbara Ribeiro Alves Alencar2​; Emmanuel Damilano Dutra1

Grupo de Pesquisa em Energia da Biomassa, CTG, UFPE, PE, Brasil Grupo de Engenharia Metabólica, CB, UFPE, PE, Brasil diego.ramaral@ufpe.br

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RESUMO Biocombustíveis, como etanol, podem substituir diretamente combustíveis fósseis. Para obter etanol, diversas biomassas são analisadas. No Nordeste brasileiro, tem-se avaliado biomassas de climas áridos e semiáridos, por requererem menos água para cultivo. Em Pernambuco, 85% da área possui clima semiárido, escassez de água e altas temperaturas, limitando a área produtiva para biocombustíveis. A palma forrageira possui eficiência no uso da água e resistência à irregularidade das chuvas, além de alto teor de celulose (25-35%) e hemicelulose (9-15%), e baixo percentual de lignina (2-7%). Estas características químicas favorecem a hidrólise enzimática, possibilitando a eliminação de pré-tratamento químico. O teor de extrativos varia entre 25-35%. Este trabalho avalia como os extrativos influenciam a hidrólise, analisando diferentes métodos de extração. Os cladódios foram lavados, secos a 105°C e triturados em moinho a 10 mesh. Amostras de 5g de biomassa foram submetidas a extrações com 250mL de um dos solventes: (1) água, (2) etanol e (3) ciclo-hexano/etanol (1:1), em equipamento Soxler, durante 8h. A extração com água foi a mais eficiente. A hidrólise enzimática utilizou o complexo Celluclast® 1.5L (Novozymes). Amostras submetidas à 5h de extração apresentaram teor de extrativos semelhante às submetidas por 8h, indicando possível redução do tempo de reação. Os valores de celulose, hemicelulose e lignina foram de 10,57%, 15,40% e 5,67% respectivamente. A maior eficiência de hidrólise foi da amostra com 1h de extração, 16,46% de extrativos, com 26,75% de ART convertidos. Portanto, conclui-se que não há influência dos extrativos da palma forrageira na hidrólise enzimática. PALAVRAS-CHAVE: otimização; etanol; biomassa; zonas secas.

Introdução Considerando os impactos ambientais e a finitude dos recursos fósseis, a pesquisa voltada à obtenção e uso combustíveis renováveis é relevante. O uso de biocombustíveis, é uma alternativa que é debatida desde antes da crise do petróleo de 1970, o que impulsionou a busca por fontes renováveis. Um dos mais importantes biocombustíveis produzidos no mundo, atualmente, é o etanol, No Brasil, a Bolsista de IC e Graduando – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, diego.ramaral@ufpe.br. ​ ​2. Msc. – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, barbara.ribeiro.dbbs@gmail.com. ​ 3. Dr. – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, emmanuel.dutra@ufpe.br. ___ 1.

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principal biomassa associada à essa produção é a cana-de-açúcar. Porém, a produção deste vegetal requer grandes volumes de água. Cerca de 10% do país está inserido em regiões semiáridas, onde a cana não pode ser plantada sem auxílio de tecnologias que necessitem de alto investimento financeiro. No Nordeste, este percentual representa 48%[7], e em Pernambuco, para 85%. Deste modo, o desenvolvimento de tecnologias viáveis, em biomassas mais adaptada ao clima pernambucano, para a obtenção de etanol de segunda geração(2G) é almejada.

zar carboidratos estruturais, como hemicelulose e celulose, para conversão em combustível, surge a necessidade de etapas adicionais, como o pré-tratamento e hidrólise enzimática. A primeira tem, por função, tornar os carboidratos estruturais mais acessíveis às moléculas (enzimas, ácidos...) que os converterão em monossacarídeos, principalmente a glicose. Por essa razão o etanol 2G ainda não é economicamente competitivo[3].

Para diminuir os custos de produção, busca-se diminuir o uso de recursos como água, reagentes e energia O etanol 2G é quimicamente no processo global. Ao mesmo tempo, idêntico ao etanol comum, diferen- é interessante pensar em biomassas ciando-se apenas por se originar de adequadas aos climas locais. A palbiomassa lignocelulósica. Ao se utili- ma forrageira é uma planta cultivável


Artigo

em climas semiáridos, e, consequentemente, apresenta alta eficiência no consumo de água[5]. A planta possui alto teor de celulose (25-35%) e hemicelulose (9-15%) e baixos teores de lignina (2-7%) fatores que favorecem a hidrólise enzimática. Ademais, pesquisas anteriores mostraram que a etapa de pré-tratamento não é necessária para convertê-la em etanol[1][4][6]. O teor de extrativos da palma forrageira também é alto, variando entre 25-35%[1][6], o que torna relevante o entendimento dos efeitos dessa fração sobre as reações químicas realizadas. Desta forma, este projeto analisa os efeitos dos extrativos da palma forrageira nos rendimentos da hidrólise enzimática. Metodologia A. Amostras de palma forrageira As variedades de palma forrageira foram fornecidas pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA – Caruaru – PE). Os cladódios da variedade Orelha de Elefante Mexicana foram lavados com água destilada, para re-

tirada de solo e impurezas, e cortados em cubos. Parte foi seca em estufa a 105°C, durante 48h, triturada em moinho e peneirada a uma granulometria de 10 mesh (2 mm).

D. Influência do teor de extrativos na hidrólise enzimática

Foram estabelecidos tempos de extração para o melhor solvente, identificado na fase anterior, para atingir B. Caracterização química da pal- teores de extrativos relativos a tempos de extração de 1h, 2h, 3h, 4h, 5h, 6h ma forrageira e 7h. Estas amostras foram posteriorAs amostras foram caracterizadas mente submetidas a hidrólise enzimáconforme o método descrito por Van tica. Soest (1963)[8]. Uma carga de 10% m/V de bioC. Diferentes solventes para deter- massa seca, de palma forrageira, foi minação dos extrativos (água, etanol e submetida à hidrólise enzimática, durante 48h, a 50°C, 150 rpm, em ciclo-hexano) tampão citrato 50mM (pH 4,8), em Em acordo com a norma Tappi mesa incubadora rotativa. Foi aplicaT204 cm-97, 5g de biomassa seca de da uma carga enzimática de 10 FPU/g palma forrageira, foram transferidos de biomassa, do complexo enzimático para cartucho feito de papel de filtro Celluclast® 1.5L (Novozymes). Postequalitativo (14 x 4cm), e submetidos riormente, o hidrolisado enzimático à extração com 3 diferentes solventes, foi filtrado em papel de filtro qualitaem Soxhlet®. Uma parte das amostras tivo, devidamente tarado. A eficiência sofreu extração com 250 mL de solu- da hidrólise enzimática foi determinação 1:1 de ciclo-hexano/etanol (95%) da conforme Equação 3. durante 8h. Outra parte sofreu extração com 250 mL de etanol 95% e uma terceira parte com 250 mL de água (Tappi T207 cm-99), ambas também Equação 1 por 8h.

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Onde h corresponde a eficiência da hidrólise enzimática (%), Δc é a variação da concentração inicial e final da etapa de hidrólise (g/L), CS a carga de sólidos aplicada ao sistema (g/L), Fc é o fator de conversão e CC é o percentual de celulose e hemicelulose na biomassa. Resultados e Discussões Ao realizar as extrações com os solventes água, etanol e ciclo-hexano/etanol (1:1), observou-se que a água apresenta maior poder de remoção de extrativos (Tabela 1).

Este resultado foi associado ao fato da temperatura de ebulição da água (100°C) ser maior que a do etanol (78°C) e do ciclo-hexano (81°C). Com o aumento da temperatura, a matéria solúvel é mais facilmente removida. Portanto, a água foi utilizada como solução extratora para a obtenção de amostras com diferentes teores de extrativos. Os resultados das extrações realizadas, em períodos de 1h à 7h, estão apresentados na Tabela 2.

É possível notar que a partir de 5h de extração, o percentual de massa removida não apresenta aumento significativo. Conclui-se que a etapa de extração pode ser reduzida em três horas, refletindo em menor consumo energético. A representação gráfica dos valores da Tabela 2 revela uma dependência, parabólica do teor de extrativos com o tempo de reação, com uma estabilização a partir da marca de 5h (Figura 1). 16 Revista Biomassa BR

A caracterização química da biomassa (Tabela 3) apontou teores de hemicelulose e lignina compatíveis com os valores esperados (15,4% e 5,67%, respectivamente), porém o percentual de celulose (10,57%) foi mais baixo do que o obtido por Alencar et al. (2011) (28,51%) possivelmente devido à maturidade da planta. Outros fatores podem influenciar os teores desses componentes, como a espécie de palma forrageira, as condições de cultivo e as metodologias[1].


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A água se mostrou mais eficiente na remoção de extrativos da palma forrageira, com o tempo de extração de 1h da hidrólise de diferentes amostras, com diferentes teores de extrativos mostrou que a presença desses componentes solúveis não possui efeito inibitório na conversão dos carboidratos fibrosos em AR. Os resultados sugerem que a exposição da biomassa à solução extratora, durante longos períodos é capaz de remover os carboidratos livres da biomassa de palma A maior eficiência de hidrólise forrageira. está associada à biomassa que sofreu Agradecimentos o menor tempo de extração. Deste modo, pode-se inferir que o aumento no percentual de remoção de extraO projeto aqui descrito foi realitivos não influencia positivamente a zado com o apoio financeiro do CNPq hidrólise enzimática. De fato, o que e de outras naturezas da UFPE, da se observa é o efeito contrário, quanto UPE e do IPA. maior o percentual de extração, menos eficiente é a hidrólise. Essa conReferências clusão pode ser associada à presença de carboidratos solúveis na palma [1] ALENCAR, Bárbara Ribeiforrageira[1], que seriam removidos ro Alves et al. Enzymatic hydrolysis quanto maior a exposição da biomas- of cactus pear varieties with high solids loading for bioethanol producsa à solução extratora. tion. Bioresource Technology, v. 250, p. 273-280, 2018. Conclusões Após a hidrólise das amostras, com diferentes valores de extrativos, utilizando a concentração de celulose e hemicelusose da biomassa, e considerando que a carga de sólidos aplicada ao sistema foi de 100 g/L, foi possível calcular a eficiência da conversão dos carboidratos fibrosos em açúcares redutores (AR) (Tabela 4).

20, n. 4, p. 38-44, 2007. [3] HUMBIRD, D. et al. Process design and economics for biochemical conversion of lignocellulosic biomass to ethanol: dilute-acid pretreatment and enzymatic hydrolysis of corn stover. National Renewable Energy Laboratory (NREL), Golden, CO., 2011. [4] KULOYO, Olukayode O. et al. Opuntia ficus-indica cladodes as feedstock for ethanol production by Kluyveromyces marxianus and Saccharomyces cerevisiae. World Journal of Microbiology and Biotechnology, v. 30, n. 12, p. 3173-3183, 2014.

[5] MENEZES, R.S.C.; DUTRA, E.D.; SANTOS, T.N.; SILVA, A.B.; ALBUQUERQUE, D.A.R.; GONDIM, L.A.P.; PRADO, A.G.; SILVA, F.T.; SANTOS, D.C.; ABREU, C.A.M.; JUNIOR, M.A.M.; SIMÕES, D.A. Potencial de produção de biocombustíveis a partir da biomassa de palma. In: Congresso brasiA água se mostrou mais eficiente [2] ALVES, Rodrigo et al. Produção leiro de palma e outras cactáces, 2., na remoção de extrativos da palma de forragem pela palma após 19 anos 2011, Garanhuns. Anais. Garanhuns, forrageira, com o tempo de extra- sob diferentes intensidades de corte 2011. ção de 1h. No entanto, os resultados e espaçamentos. Revista Caatinga, v. [6] SANTOS, T. N. et al. Potential for biofuels from the biomass of prickly pear cladodes: Challenges for bioethanol and biogas production in dry areas. Biomass and Bioenergy, v. 85, p. 215-222, 2016. [7] SILVA, Laerte Marques et al. Produtividade da palma forrageira cultivada em diferentes densidades de plantio. Ciência Rural, v. 44, n. 11, p. 2064-2071, 2014. [8] VAN SOEST, P. J. Use of detergents in the analysis of fibrous feeds. II. A rapid method for the determination of fiber and lignin, Journal of the Association of Official Agricultural Chemists, n. 46, p. 829-835, 1963. 18 Revista Biomassa BR


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LEI QUE ESTABELECE PROGRAMA NACIONAL DE BIOQUEROSENE É SANCIONADA NO BRASIL

N

Programa tem como objetivo fomentar produção do bioquerosene a partir de biomassa e contribuir de forma significativa para a aviação do país

a última semana foi sancionada pelo governo federal a Lei n.º 14.248, de 25 de novembro de 2021, que prevê a criação do Programa Nacional de Bioquerosene no Brasil. Com o objetivo de incentivar a produção do biocombustível a partir de biomassa e trazer sustentabilidade a aviação, o programa visa promover o desenvolvimento tecnológico e a produção de biocombustíveis, incluindo a participação de universidades, agências reguladoras e empresas privadas. A nova lei também tem como objetivo inserir a indústria aeronáutica nacional de forma a tentar inserir combustíveis alternativos também nesse tipo de transporte. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME) o programa deverá avaliar os impactos da utilização de biocombustíveis sustentáveis na aviação como a bioquerosene, visto que o principal desafio da cadeia de produção de combustíveis sustentáveis de aviação no Brasil hoje envolve questões técnicas, científicas e políticas. Programa Nacional de Bioquerosene fará parte do Programa Combustível do Futuro O Programa Nacional de Bioquerosene sancionado no último dia 26 de novembro entra no contexto 20 Revista Biomassa BR

do Programa Combustível do Futuro também segundo o MME, o qual, por sua vez, foi criado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para incrementar o uso de combustíveis sustentáveis na matriz energética nacional.

tudos demonstram a possibilidade de produzir até 9 bilhões de litros de combustível sustentável de aviação tendo como matérias-primas resíduos da cana-de-açúcar e madeira, da indústria siderúrgica, do processamento de proteínas animais e óleo de cozinha usado”

Em nota, Pietro Mendes, diretor de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), destacou que o novo programa vem para contribuir com as metas ambientais estabelecidas na COP26.

Bioquerosene pode ser criada a partir de diversos biomas segundo a Embrapa

Dados da Embrapa também revelam que o combustível sustentável de aviação pode ser produzido “O Combustível do Futuro foi in- por diversos processos e matériascorporado à estratégia nacional para -primas, como biomassas de origens neutralidade climática, lançada pelo vegetais, além dos mais variados Brasil na COP-26, na qual o combus- resíduos. tível sustentável de aviação desempeO potencial do Brasil para o Bionhará papel fundamental no processo de reduções de emissões no setor aéreo” querosene é bastante satisfatória, uma vez que a vocação agrícola do país é destacou ele. bastante vantajosa diante do mercado Dentro do programa Combustí- internacional. vel do Futuro, Mendes explica que foi “O país possui localização estratécriado um comitê temático chamado ProBioQAV, onde nele mecanismos gica na região tropical, com alta incide incentivos fiscais e estruturas para dência de energia solar, regime pluvioprogramas de financiamentos de pro- métrico adequado e conta com grandes jetos para a produção de combustível reservas de terras agricultáveis, o que sustentável de aviação são desenvol- permite planejar o uso agrícola em vidos com o apoio de especialistas de bases sustentáveis, sem comprometer os biomas nacionais. Todas essas conalto nível. dições fazem do Brasil um país com “O Brasil possui condições estraté- grande capacidade para a produção de gicas para a produção de biocombustí- biocombustíveis, podendo atender tanveis, podendo atender tanto o mercado to o mercado nacional quanto o internacional quanto o internacional. Es- nacional” revela o MME.


Calendário de Eventos 2022 13° FÓRUM GD SUDESTE 09 E 10 MARÇO DE 2022

São Paulo, SP

2° FÓRUM VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA/ABREN

A definir (data e local) 12° SEMINPXII 26 E 27 MAIO DE 202

Rio de Janeiro, RJ 14 ° FÓRUM GD NORDESTE 04 E 05 MAIO DE 2022

São Luis, MA 15° FÓRUM GD SUL 22 E 23 JUNHO DE 2022

Florianópolis, SC 1° FÓRUM EÓLICA 06 E 07 JULHO DE 2022

Nordeste, BR 1° CONGRESSO BIOGÁS 13 E 14 JULHO DE 2022

Foz do Iguaçu, PR

www.grupofrg.com.br

17° FÓRUM GD NORTE 21 E 22 SETEMBRO DE 2022

Palmas, TO

4° CONGRESSO E FEIRA STORAGE BRASIL 05 E 06 OUTUBRO DE 2022

São Paulo, SP

4° FÓRUM E FEIRA MOVE 26 E 27 OUTUBRO DE 2022

A definir

7° CBGD EXPOGD 09 E 10 NOVEMBRO DE 2022

Belo Horizonte, MG 6° CONGRESSO CIBIO E EXPOBIOMASSA

A definir

2° CYBERSEC 07 E 08 DEZEMBRO DE 2022

Brasilia, DF

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Artigo

INOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS SOLUBILIZADORAS DE FOSFATO E SEUS EFEITOS NA BIOMASSA MICROBIANA DO SOLO Denise Almeida Fonseca Fiuza1, Natasha Taline dos Santos Trombela2; Lorraine da Silva Santos de Sousa3; Moacir Ribeiro Neto4; Edson Luiz Souchie5

RESUMO O preparo do solo e outras práticas de manejo podem afetar a biomassa microbiana do solo (BMS) interferindo na fertilidade do solo. Através de sua atividade, as bactérias influenciam a qualidade do solo e disponibilizam nutrientes às plantas. Com este trabalho, objetivou-se avaliar a BMS com a inoculação de bactérias solubilizadoras de fosfatos (BSF), na cultura da soja, em três agrossistemas do Cerrado. Nessas áreas (1-30 anos de cultivo com soja - verão, pousio e, ou sorgo - inverno; 2-primeiro ano de cultivo de soja em área de pastagem com Brachiaria ruziziensis há mais de 30 anos e 3-15 anos de cultivo de soja - verão, pousio e, ou sorgo - inverno), um experimento foi instalado em delineamento de blocos ao acaso, com cinco tratamentos de inoculação de bactérias solubilizadoras de fosfatos e quatro repetições. O ensaio foi implantado em dezembro de 2019. Os tratamentos de inoculação foram aplicados, via pulverização (150 mL ha-1), imediatamente após o plantio. Os tratamentos consistiram: 1) controle (sem inoculante); 2) isolado SAF9; 3) SAF11 e 4) SAC36 (bactérias isoladas do solo do local do experimento, e inoculadas na concentração de 3,0 x 109 UFC mL-1) e 5) inoculante comercial (4,0 x 109 UFC mL-1). Nas três áreas, também foi avaliada a BMS (0 a 10 cm de profundidade), no estádio de pré- florescimento. Utilizou-se o método de fumigação-extração para análise de carbono da BMS. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Scott-Knott (5%). A aplicação de bactérias solubilizadoras de fosfatos pode influenciar na BMS em agrossistemas do Cerrado. Dois isolados de bactérias solubilizadoras de fosfatos (SAF 9 e SAC 36), em princípio, favoreceram a BMS nos agrossistemas estudados. PALAVRAS-CHAVE: solubilização. micro-organismos. fósforo.

Introdução

cerca de 90% da atividade microbiana do solo (Cardoso et al., 2009), ou A biomassa microbiana do solo seja, quanto mais bactérias e fungos (BMS) é constituída por fungos, bac- estão presentes no solo, mais saudável térias e actinomicetos que atuam em e fértil é o mesmo. A produtividade e a processos como intemperização das sustentabilidade das culturas têm sido rochas, decomposição de resíduos frequentemente relacionadas com a orgânicos, ciclagem de nutrientes e matéria orgânica e a biomassa microbiorremediação de áreas contamina- biana do solo, especialmente devido das por poluentes. Ela é considerada a ao seu papel na ciclagem de nutrientes parte viva e mais ativa da matéria or- do solo (Aleixo et al., 2014). Micro-orgânica (Reis Junior e Mendes, 2007). ganismos solubilizadores de fosfatos As bactérias e fungos respondem por atuam como eficientes biofertilizantes aumentando a resistência e o desenvolvimento das plantas (Gouda et al., Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias - Agronomia do IF Goiano - Campus Rio 2018). Pesquisas têm mostrado que os Verde, GO denisefiuza@hotmail.com componentes microbiológicos do solo Discente do curso de Agronomia, IF Goiano - Campus são bastante sensíveis às mudanças no Rio Verde, GO. Discente do curso de Licenciatura em Ciências Biológiambiente, por isso são utilizados para cas, IF Goiano - Campus Rio Verde, GO. determinar a qualidade do solo, assim Doutor em Ciências Agrárias - Agronomia, Agropotência Consultoria e Pesquisa Agropecuária, Rio Verde, GO. como o correto planejamento do uso Doutor e Docente do Programa de Pós-Graduação em da terra e manejo do solo (Schwarcz Ciências Agrárias - Agronomia do IF Goiano - Campus et al., 2018; Pinheiro et al., 2018). ObRio Verde, GO. 1

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jetivou-se com este trabalho avaliar a BMS com a inoculação de bactérias solubilizadoras de fosfatos, na cultura da soja, em três agrossistemas do Cerrado. Metodologia Um experimento em campo, com a cultura da soja, foi conduzido em três áreas da Fazenda Bela Vista, Indiara, GO. As áreas foram:1- 30 anos de cultivo com soja-verão, pousio e, ou sorgo- inverno; 2-primeiro ano de cultivo de soja em área de pastagem com Brachiaria ruziziensis há mais de 30 anos e 3- 15 anos de cultivo de soja - verão, pousio e, ou sorgo - inverno, na safra de verão 2019/20. Foi utilizado um delineamento de blocos ao acaso, com cinco tratamentos de inoculação e quatro repetições. Os tratamentos consistiram na inocu-


Artigo

lação, via pulverização (150 mL ha), imediatamente após o plantio: 1) controle (sem inoculante); 2) isolado SAF9; 3) SAF11; 4)SAC36 (bactérias isoladas do solo do local do experimento, e inoculadas na concentração de 3,0 x 109 UFC mL-1) e 5) inoculante comercial (4,0 x109 UFC mL-1). As avaliações de BMS foram feitas em amostras de solo coletadas entre 0 a 10 cm de profundidade, no estádio de pré-florescimento, nas três áreas. Utilizou-se o método de fumigação-extração para análise de carbono da BMS (Silva et al., 2007). Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste Scott-Knott (5%).

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Resultados e Discussão Dentre as áreas avaliadas, na área 1, nas parcelas inoculadas com o isolado SAC36 foi observada maior média para BMS (145,7 mg C kg-1 de solo seco), diferindo dos demais tratamentos (Tabela 1). Na área 2, os maiores valores de BMS, foram encontrados nas parcelas inoculadas com os isolados SAC 36 (168,84) e SAF 9 (142,87). Já na área 3, o isolado SAF 9 (247,06) foi o que se destacou. Gonçalves et al., (2019) não encontraram diferença na BMS entre os sistemas convencional e plantio direto e às sucessões de culturas milho-feijão e soja-trigo por 10 anos de cultivo consecutivo. Entretanto, Babujia et al., (2010) verificaram incremento na BMS na camada superficial do solo submetido ao sistema de plantio direto por vários anos consecutivos, em comparação ao solo sob plantio convencional. No entanto, os trabalhos supracitados não utilizaram nenhum tipo de inoculação com micro-organismos solubilizadores de fosfatos. Os resultados deste trabalho evidenciam que a inoculação do solo com bactérias solubilizadoras de fosfatos pode ter favorecido o conteúdo de BMS, devido ao favorecimento da ciclagem de nutrientes, em especial o fósforo. Conclusão A aplicação de bactérias solubilizadoras de fosfatos pode influenciar na BMS em agrossistemas do Cerrado. Dois isolados de bactérias solubilizadoras de fosfatos (SAF 9 e SAC 36),

em princípio, favoreceram a BMS nos agrossistemas estudados.

GOUDA, S.; KERRY, R.G.; das, G., PARAMITHIOTIS, S.; SHIN, H.S.; PATRA, J.K. Revitalization of plant Referências growth promoting rhizobacteria for ALEIXO, A.P.; KASCHUK, G.; AL- sustainable development in agricultuBERTON, O. Biomassa fúngica e re. Microbiological Research, v. 206, bacteriana do solo determinada por p.131-140, 2018. microscopia de epifluorescência e densidade de esporos micorrízicos em PINHEIRO, E.R.; AJALLA, A. C.A.; diferentes manejos de cana-de-açúcar. INOCÊNCIO, H.J.; COSTA, M. P.; Ciência Rural, v. 44, n. 4, p. 588-594. PEIXOTO, T. S. Biomassa Microbiana de um Latossolo Vermelho Distrofér2014. rico Cultivado com Diferentes EspéBABUJIA, L. C.; HUNGRIA, M.; cies de Adubo Verde. Cadernos de FRANCHINI, J. C.; BROOKES, P. C. Agroecologia. v. 13, n. 2, 2018. Microbial biomass and ac- tivity at various soil depths in a Brazilian oxi- REIS JUNIOR, F.B.; MENDES I.C. sol after two decades of no-tillage and Biomassa Microbiana do Solo. Emconventional tillage. Soil Biology and brapa Cerrados, Documentos 205. p. Biochemistry, v. 42, n. 12, p. 2174- 9. 2007. 2181, 2010. SCHWARCZ, K.D.; OLIVEIRA, CARDOSO, E.L.; SILVA, M.L.N.; V.M.T. de; BU- ENO, R. de O.; PEMOREIRA, F. de S.; CURI, N. Atri- REIRA, R.G.; GUALDI, B.L.; SEKIbutos biológicos indicadores da quali- NE, E.S.; BUENO, P.A.A.; SILVEIRA, dade do solo em pastagem cultivada e P.H.N.; FREITAS, C.E.S. de. Indicadona- tiva no Pantanal. Pesquisa Agro- res micro- biológicos de qualidade do pecuária Brasileira, v. 44, n. 6, p. 631- solo em recuperação de um sistema agroflorestal. Acta Brasiliensis, v. 2, 637, 2009. p. 40-44, 2018. GONÇALVES, V.A.; MELO, C.A.D.; ASSIS, I.R.; FERREIRA, L.R.; SA- SILVA, E.E.; AZEVEDO, P.H.S.; DERAIVA, D.T. Biomassa e atividade -POLLI, H. Determinação do carbomicrobiana de solo sob diferentes sis- no da biomassa microbiana do solo temas de plantio e sucessões de cultu- (BMS-C). Embrapa Agrobiologiaras. Revista de Ciências Agrárias. v. -Co- municado Técnico (INFOTECA-E). 2007. 62, p.28. 2019. Revista Biomassa BR

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EMBRAPA AGROENERGIA DESENVOLVE NOVA CANADE-AÇÚCAR QUE FAVORECE PRODUÇÃO DE ETANOL E NOVOS BIOPRODUTOS

Foto: Hugo Molinari

Ciência brasileira revela que a pesquisa é a primeira cana editada não-transgênica do mundo A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária com foco em energia (Embrapa- Agroenergia) divulgou na última semana que uma pesquisa desenvolvida por ela foi capaz de modificar genes da cana-de-açúcar e transformar seu potencial no que diz respeito a produção de etanol e também de novos bioprodutos.

Já A Cana Flex II faz parte dos tecidos da planta, onde ao ser modificada permitiu que um incremento considerável na produção de sacarose nos colmos da planta modelo fosse gerado. Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa, explica que cerca de 15% de sacarose a mais foi encontrada após a modificação.

de 188 milhões de toneladas, sendo o Brasil responsável por 39 milhões de toneladas, o equivalente a 21% da produção mundial. Hoje sabemos que mais de 45% da matriz energética brasileira é renovável e que a cana-de-açúcar contribui com uma fatia de mais de 30% para essas fontes renováveis” destacou ele.

De acordo com os cientistas da Embrapa Agroenergia do Distrito Federal (DF), as canas modificadas são variedades da Cana Flex I e Cana Flex II, as quais apresentam maior digestibilidade da parede celular e também maior concentração de sacarose, ou seja, açúcar nos tecidos vegetais.

“Uma vez identificada essa característica de acúmulo de açúcar na planta-modelo, transferimos esse conhecimento para a cultura da cana-de-açúcar, alvo das nossas pesquisas. Novamente foi observado um incremento da ordem de 15% de sacarose no colmo da cana, bem como o aumento de outros açúcares como glicose e frutose, também presentes na planta, tanto no caldo quanto no tecido vegetal fresco” destacou ele.

Molinari ainda finalizou afirmando que a pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agroenergia utilizou técnica revolucionária na edição dos genomas, o que permitiu considerar as novas canas as primeiras canas editadas consideradas não-transgênicas do mundo (DNA-Free), conforme a Resolução Normativa nº 16 (RN nº 16) da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), proferida no dia 9/12/2021.

Com a sacarose aumenta na primeira análise, Molinari também destacou que novos ensaios genéticos foram criados para que o gene que tivesse maior atuação fosse utilizado também na sacarificação, que é a Ainda de acordo com os pesqui- conversão da celulose em açúcar insadores, a Cana Flex I é fruto do silen- dustrial.Todo esse processo permitiu ciamento do gene responsável pela ri- aumentar a produção de sacarose em gidez da parede celular da planta, que mais 12% segundo o pesquisador, o ao ser modificado apresentou maior que favorece a produção do bioetanol, “digestibilidade”, ou seja, maior acesso além de agregação de valor em toda a ao ataque de enzimas durante a etapa cadeia produtiva do açúcar. da hidrólise enzimática, processo quí“Em 2020/2021, a produção esmico que extrai os compostos da biotimada total de açúcar no mundo foi massa vegetal.

“A polêmica gerada acerca do uso de plantas transgênicas na agricultura fez com que cada país no mundo criasse uma regulamentação específica sobre o tema, o que elevou o custo para inserir no mercado as variedades geneticamente modificadas (GM). Hoje, vemos uma nova tecnologia surgir, a edição de genomas, com a qual não é necessária a introdução de sequências exógenas de outras espécies no genoma da espécie-alvo” contou ele.

Segundo a instituição a nova pesquisa vem para responder um dos principais desafios do setor no Brasil, onde gira em torno de como aumentar o acesso das enzimas aos açúcares presos nas células de modo a facilitar assim à fabricação de etanol (de primeira e segunda geração) e a extração de outros bioprodutos.

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Toda a pesquisa pode ser acessada no site da Embrapa Agronenergia.


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UNIVERSIDADE DESENVOLVE ASSOALHO FLUTUANTE ATRAVÉS DE BIOMASSA FLORESTAL Projeto visa contribuir na retirada de resíduos florestais disponíveis nas florestas e que propiciam o aparecimento de incêndios

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Universidade do Porto, em Portugal, está utilizando biomassa florestal para criar bioprodutos e reaproveitar os resíduos florestais disponíveis nas florestas do país. A iniciativa foi estudada no Laboratório de Ambiente da Faculdade de Ciências da instituição, o qual conseguiu criar um assoalho flutuante através de resíduos da limpeza das florestas. O projeto surgiu com a encomenda de uma empresa da cidade de Braga, a qual deve ampliar sua produção e comercializar o piso sustentável. Um dos pesquisadores do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território da FCUP, responsável pelo projeto, Joaquim Esteves Silva, ressaltou que o bioproduto contribuirá com a descarbonização e principalmente para reduzir os riscos de incêndios na região. “Desta forma, usamos o que se obtém da limpeza das florestas para criar estes aglomerados. Em vez destes materiais aumentarem o risco de incêndio florestal ou se decomporem em dióxido de carbono, criamos um produto sustentável e a contribuir para a descarbonização” destacou ele em nota. Silva ainda explicou como se cria esse tipo de piso e o quan-

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to o primeiro experimento contribuirá para o setor como um todo, uma vez que a fórmula com certeza será cada vez mais otimizada para criar diversos bioprodutos a base dos resíduos florestais. “Chega-nos ao laboratório o material recolhido nas florestas e a primeira coisa que fazemos é processar a madeira para extrair a água. Depois de seco e moído, vai a uma prensa e é utilizada uma cola aglomerante” explica ele. “A comercialização de novos aglomerados de madeira provenientes da biomassa florestal portuguesa em resultado do projeto, permitirão não só à FMF valorizar as suas vendas como contribuirão também para a economia nacional importando menos madeira e seus derivados, e consequentemente para a economia europeia, no sentido de que se pretende produzir um novo produto com aplicações diversas, como os revestimentos de paredes, pavimentos, mobiliário, decoração, etc” complementou. Outras pesquisas já estão sendo desenvolvidas também revela o pesquisador Mas diferente do que se pen-

sa, a pesquisa envolvendo a biomassa florestal, não é a primeira a ser desenvolvida. Outras ações já estão sendo estudadas pela instituição com a indústria de madeiras. Chamado de projeto NightVision, o projeto tem por base a investigação de base científica em novos materiais. Silva explica que nesse caso outros componentes deverão ser anexados a madeira para que a mesma também brilhe no escuro. Além do NightVision, também já existem outras fontes de pesquisa segundo o pesquisador, que por sua vez, envolve aroma a madeira. “Estamos a trabalhar numa tecnologia que permita a libertação gradual do aroma” revela o pesquisador.


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