Revista Bem Viver 9ª ed.

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NUCAP “Nossa maior preocupação sempre foi com as crianças. Elas não cometeram crime algum.” destas pessoas, 10 profissionais foram contratados como: enfermeiros, psicólogos, professores, advogados, assistentes sociais e profissionais para a área administrativa. O local recebe as presidiárias que passam o dia com seus filhos fazendo atividades comuns de uma casa, ajudando nos deveres da escola, dando banho, ajudando nas refeições e tendo momentos de lazer. Ah, e mais uma importante lição: o nome correto não é presidiárias e sim, “reeducandas”. À noite elas retornam ao presídio. Na verdade, a principal função quando o Núcleo foi criado era atender as crianças filhas de mulheres que estão presas. “Nossa maior preocupação sempre foi com as crianças. Elas não cometeram crime algum”, reafirmou Liliana. Hoje, são mais de 340 pessoas atendidas entre mulheres, homens e seus filhos. Os reeducandos homens começaram a ser atendidos recentemente e os que estão em regime semiaberto trabalham no Núcleo como pedreiros, pintores, eletricistas e outras atividades que podem contar com essa mão de obra. Eles também recebem todo

tipo de atenção como, por exemplo, atendimento médico, jurídico e aulas de reforço escolar. E se você está surpreso por este trabalho ser desenvolvido em Varginha saiba que o Brasil inteiro também se surpreendeu. Isso porque o projeto “MÃES QUE CUIDAM”, nome dado a este atendimento às mulheres que estão presas e a seus filhos, ganhou o mais importante prêmio do Poder Judiciário Nacional, o prêmio INNOVARE. Mais de 400 trabalhos desenvolvidos em todo o país concorreram e o de Varginha ficou em primeiro lugar, sendo considerado o projeto mais inovador. Além de ganhar o prêmio de R$ 50 mil, o “MÃES QUE CUIDAM” ganhou o respeito de todo o país e principalmente das pessoas que são atendidas no projeto. Para Ângela e Liliana o prêmio maior é ver as pessoas recuperadas. “Para nós, recuperar uma vida já é um número importante”; disseram as responsáveis pelo Nucap. Agora os planos são terminar a reforma dos vários espaços que existem na sede: uma quadra poliesportiva, uma piscina e

um novo refeitório, que já está sendo construído. Para melhorar o atendimento, o desafio também é tornar o projeto sustentável e para isso serão realizadas campanhas de arrecadação de recursos. Liliana reforça que o Núcleo pode ser visitado por pessoas que queiram conhecer ou até mesmo ajudar nos trabalhos que tem muitos resultados positivos para apresentar. Resultados positivos como o da reeducanda que passou no vestibular e vai cursar uma faculdade aqui na cidade. Também os homens e mulheres que estão sendo reinseridos no mercado de trabalho e as crianças que não são mais afastadas de suas mães e estão livres das penosas visitas ao presídio que as obrigava às humilhantes revistas íntimas, da mesma forma que os adultos. “Tirar as crianças desse ambiente é uma vitória incalculável. Não queremos que elas cresçam achando que aquele é um lugar normal. Queremos justamente que elas e suas mães não precisem jamais optar pelo crime”, ressaltou a coordenadora.

“Tirar as crianças desse ambiente é uma vitória incalculável. Não queremos que elas cresçam achando que aquele é um lugar normal...” Ângela Mara Toledo, coordenadora do NUCAP e Liliana Botelho Nogueira Paiva, vice presidente do NUCAP

Abril 2013

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