Revista Atuação – Ano 8 – Nº 15 – Março de 2017 – ISSN 2525-8079

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Os desvios da Petrobrás já existiam desde o governo FHC e várias delações da Lava Jato falam isso. Mas o que é divulgado pela imprensa? Que os desvios aconteceram apenas no governo do Lula e da Dilma. A privatização da Vale do Rio Doce e a privatização da Rede Ferroviária Federal são exemplos de situações mal resolvidas antes do governo Lula e que não ganharam a mesma proporção. Nenhuma dessas privatizações foram revertidas em benefícios para a população. Essas estatais foram vendidas a preço de banana, e o dinheiro foi entregue ao FMI [Fundo Monetário Internacional]. O governo do PT não é inocente, sem dúvidas que não, muito pelo contrário, deixou-se envolver pelos velhos esquemas que sempre existiram. Por outro lado, quem deu poder à Polícia Federal e ao Ministério Público para apurar a corrupção neste país foi o próprio governo do PT. Nos governos anteriores, todos os escândalos de corrupção foram jogados para baixo do tapete e nada acontecia. O Moro está a serviço do PSDB, a serviço da direita. Aécio Neves é um dos mais citados em todos os depoimentos da Lava Jato e nós vemos o Moro e o Aécio Neves abraços em locais públicos. O Lula não pôde ser ministro da Dilma porque estava sendo citado na Lava Jato. E o Serra e o Jucá também foram citados na Lava Jato e continuam exercendo seus cargos. Nós estamos vivendo um regime de recessão no Brasil. A Lei da Mordaça, por exemplo, vai ser o AI5 [Ato Institucional Número Cinco] de 1964. A repressão contra os trabalhadores será pior do que foi na Ditadura Militar. Atuação – Você tem projetos políticos? Roberto – As coisas na minha vida acontecem. Eu nunca imaginava ser tesoureiro da FETEMS e acabei sendo, depois acabei 18 | Revista ATUAÇÃO | Março 2017

sendo eleito presidente. Particularmente, não tenho um projeto pessoal de ser isso ou aquilo. Se eu for candidato, o projeto não vai ser do Roberto, o projeto é do coletivo, da Educação, dos trabalhadores. Eu penso que conseguimos construir muito mais quando pensamos coletivamente. Outra coisa, para ser candidato é preciso ter recursos financeiros. Só o histórico e o trabalho no movimento sindical ou em qualquer outro movimento não elege. É preciso ter condições financeiras

“Por que o governo está tomando medidas que prejudicam o povo? Porque o trabalhador brasileiro deixou de eleger representantes comprometidos com as lutas das categorias e passou a eleger representantes do agronegócio e empresários” para tocar o projeto de uma candidatura. Só nome não basta. Se houver um projeto viável, talvez eu seja candidato futuramente a algum cargo. Na atual conjuntura política do país, o movimento sindical precisa se preocupar com a composição de forças no Congresso Nacional para 2018. Por que o governo está tomando medidas que prejudicam o povo? Porque o trabalhador brasileiro deixou de eleger representantes comprometidos com as lutas das categorias e passou a eleger representantes do agronegócio e empresários. Na legislatura pas-

sada, havia mais de 80 deputados federais comprometidos com o movimento sindical, e na atual legislatura temos pouco mais de 40 deputados que representam o movimento. Por enquanto, meu projeto para 2017 é terminar meu mandato na FETEMS. Atuação – Qual o maior desafio da FETEMS para 2017? Roberto – Além de enfrentar a perda de direitos, temos que defender a democracia. A FETEMS tem um histórico de luta. Esteve presente na luta para reabertura política do país e para ajudar a eleger um governo popular. Vai às ruas para defender os povos indígenas, os negros, as mulheres, a população LGBT, o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra] e todos os que não têm voz e vez. Nós não somos corporativistas, somos uma entidade engajada em todos os movimentos sociais, de direitos humanos e todas as lutas que beneficiam a sociedade de alguma maneira. Nós precisamos de um governo que atenda as necessidades do povo. O governo Temer não está preocupado com o povo, com os pobres, ele está preocupado em favorecer os empresários, o agronegócio e o capital. O banqueiro, o fazendeiro e os empresários têm como se manter. Não precisam do governo. Quem precisa do governo é aquele pai de família que está desempregado. As reformas feitas pelo governo não discutem os supersalários, só o trabalhador que ganha salário mínimo. O trabalhador precisa entender que sozinho ele não vai conseguir nada, nós precisamos estar unidos e organizados. A FETEMS é uma entidade muito forte e tem o respeito da sociedade e da classe política. E é só por meio de uma entidade sindical como essa que é possível garantir direitos e fazer o enfrentamento.


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