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ISSN 1809-466X

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Ano 6 Nテコmero 26 2011

R$ 10,00 4,00

Editora Cテュrios

RUMO A UMA ECONOMIA VERDE

A 33ツェ SESSテグ DO IPCC AMAZONTECH 2011


Job: 259518 -- Empresa: Burti RJ -- Arquivo: 259518-11138-1-1_pag001.pdf



Editora Círios

16 Rumo a uma Economia Verde

De acordo com o relatório lançado recentemente pelo PNUMA, investir dois por cento do PIB mundial em dez setores estratégicos pode ser o pontapé inicial para a transição rumo à uma Economia Verde de baixo carbono e eficiência de recursos...

30 A 33ª sessão do IPCC

As energias renováveis poderão garantir até três quartos do abastecimento energético mundial em 2050, segundo os cenários mais favoráveis de acordo com o relatório 164, divulgado recentemente, pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas – IPCC, em Abu Dhabi...

40 Amazontech incentiva iniciativas empreendedoras na Amazônia Legal

O Tocantins, Estado mais novo da federação, apresenta uma localização geográfica privilegiada por estar no centro do Brasil, fazendo divisa com cinco Estados, além de integrar a Amazônia Legal. Esse ambiente o torna economicamente competitivo em relação ao transporte de cargas...

44 Atlas registra espécies da fauna ameaçada de extinção

O Atlas da Fauna Ameaçada de Extinção é uma obra que contém mais de 1300 registros sobre 314 espécies de animais em estado de risco no Brasil. O levantamento foi feito para avaliar a eficiência do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) na proteção de espécies...

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XPEDIENTE

PUBLICAÇÃO Período (maio/junho) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Camillo Martins Vianna, Carina Correa, Eunice Venturi, Gladson Cameli, Layala Lino, Mayara Brilhante, Newton Figueiredo, Talita Cavalcante, Virgílio Viana, Walace Abreu e Walter Chile R. Lima FOTOGRAFIAS Alexandre Fonseca, Antonio Gonçalves, Arquivo ICMBIO, Arquivo Sebrae,David Cassb, Elza Fiúza/Abr; Eric Gaba, Fernando Trujillo, Jone César, José Cruz/Abr; José Gomes, Fábio Del Re, felipe de Paula, Fernando Alves, Francisco Stuckert; Jefferson Rudy/MMA; Manoel Junior ADTUR, Roberto Carlos e Rudolph Hühn EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA Besouro – Big Green Beetles, Calosoma scrutator. Foto de Ethan Friedman/CIWEN

60 Pesquisa estuda o som dos animais

Para se comunicar o homem moderno se utiliza de palavras. Quando criança se comunica através de gestos, comportamentos ou produção de sons como o choro. E os animais? Como fazem para se comunicar? O cachorro late. O gato mia. Mas o que eles estão querendo dizer com estes sons?

62 Energia elétrica inteligente chega ao consumidor em 2012

Para se comunicar o homem moderno se utiliza de palavras. Quando criança se comunica através de gestos, comportamentos ou produção de sons como o choro. E os animais? Como fazem para se comunicar? O cachorro late. O gato mia. Mas o que eles estão querendo dizer com estes sons? 09 Dia Mundial do Meio Ambiente 10 ONU alerta para utilização mais sustentável dos recursos da Terra 12 Política ambiental brasileira está no rumo da economia verde 14 Rio+20 reúne governo e líderes empresariais 26 Hidrelétricas podem ser vetores de desenvolvimento sustentável, diz especialista 28 Belo Monte vai gerar crescimento e distribuição de renda com preservação de terras indígenas 34 Um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado 54 Economia de Baixo Carbono, Verde ou Sustentável?

Blog da Amazônia

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Mais que descobrir histórias, a gente ajuda a realizá-las. Juliana, que trabalha no Viveiro de Mudas, em Canaã dos Carajás.

Somos uma mineradora global e buscamos sempre o equilíbrio entre o desenvolvimento socioeconômico das cidades onde atuamos e a manutenção da qualidade dos recursos naturais, da biodiversidade e da vida. No Pará, estamos presentes também nas florestas, na recuperação de áreas mineradas e na preservação de uma área equivalente a mais de 1 milhão de campos de futebol de matas nativas em todo o Estado. E para isso se tornar real, contamos com a cooperação de profissionais, como a Juliana, que escolheu trabalhar em um dos nossos muitos viveiros na região e contribui, todos os dias, para a construção de um futuro de belas histórias para cada um de nós.

Não existe futuro sem mineração. E não existe mineração sem pensar no futuro do Pará.


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24/05/11 12:06


ONU salienta iniciativas dos países emergentes para uma economia verde No Fórum Econômico Mundial da América Latina

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desenvolvimento de uma economia verde já começa a esboçar iniciativas, especialmente nos países emergentes com destaque para o Brasil, afirmou Achim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Ambiente PNUMA, e também subsecretário geral da ONU. “Nesta transição para as economias verdes, os emergentes procuram encontrar o seu lugar no mercado”, disse Achim Steiner à margem do Fórum Econômico Mundial da América Latina, decorrido no Rio de Janeiro. Com a presença cerca de 700 líderes globais e regionais para discutir os rumos da economia regional na próxima década. “O Brasil é um país interessante e pioneiro na transição [para um modelo económico verde]. Se olharmos para o Brasil nas questões ambientais e de sustentabilidade, veAchim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Ambiente PNUMA e também subsecretário geral da ONU, no Fórum Econômico Mundial da América Latina

mos um país com abordagens pioneiras. A importância das políticas ambientais na administração do Brasil tem crescido enormemente”, salientou Steiner. Esse processo, acrescentou, dura há 20 anos, com destaque para investimentos em energias renováveis, etanol, legislação de cunho ambiental e ênfase na redução da desflorestação da Amazónia. 8 REVISTA AMAZÔNIA

Após um período de dificuldades financeiras, Steiner considera que este é o momento de construir um sistema de economia mais estável que inclua as alterações climáticas, a segurança alimentar e segurança energética. “A crise financeira ficou para trás. Mas, no fundo, já é o começo de outra porque estamos a viver num período em que os preços dos alimentos estão flutuando com extremas variações especulativas”, sublinhou. As economias emergentes dos chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) têm-se distinguido nas negociações internacionais e redirecionado as suas decisões políticas, nos últimos cinco anos, ponderou Steiner. “Se olharmos para as decisões políticas tomadas pelos

Achim Steiner e Izabella Teixeira no Fórum Econômico Mundial da América Latina

emergentes sobre questões climáticas há uma mudança fundamental, especialmente no interesse destes países em fazer investimentos em eficiência energética, diversificação de energias renováveis e em novas tecnologias. A economia global está a caminhar para uma economia verde”, estimou. Enfrentamos hoje no mundo uma situação dramática de desemprego e subemprego. O conceito de economia verde embute oportunidades de gerar muito mais empregos do que o modelo corrente de crescimento. E acredito que para os 2 bilhões de pessoas que irão se juntar a nós nos próximos 20 anos, para os jovens que não acham emprego, isso é essencial. No sentido de caminhar para uma economia verde, à Rio+20 – a Conferência da ONU em Desenvolvimento Sustentável, marcada para Maio de 2012, no Rio de Janeiro, será uma oportunidade de repensar o desenvolvimento sustentável. “A Rio+20 vai ser uma oportunidade de celebrar 1992 quando definimos o paradigma sustentável. O que fizemos depois foi uma experiência. Mas o que o mundo ainda não conseguiu fazer foi transformar em realidade a mudança de paradigma”, analisou Steiner. revistaamazonia.com.br


Dia Mundial do Meio Ambiente 2011

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tema deste ano, “Florestas: a Natureza a seu Serviço”, ressalta a conexão intrínseca entre qualidade de vida e saúde dos ecossistemas florestais, e abrange, também, o Ano Internacional das Florestas da ONU. As florestas cobrem cerca de 1/3 da área terrestre do planeta e cerca de 1,6 bilhão de pessoas dependem delas para a sua subsistência. No entanto, o desmatamento tem crescido de forma progressiva e em um ritmo alarmante. A cada ano, 13 milhões de hectares de floresta – área equivalente ao tamanho de Portugal - são destruídos. Atualmente, estudos comprovam que a conservação e a expansão das florestas são uma grande oportunidade de negócios. Um investimento de US$ 30 bilhões no combate ao desmatamento e degradação podem gerar um retorno de cerca de US$2,5 trilhões em novos produtos e serviços. Os investimentos direcionados à silvicultura podem gerar até 10 milhões de novos empregos em todo o mundo. Muitos líderes vislumbram o potencial de energias renováveis e bens baseado na natureza, mas para que a transformação aconteça, as florestas precisam se tornar uma prioridade política universal. A Índia, uma das economias que mais investe em crescimento verde, é pela primeira vez, a anfitriã do Dia Mundial do Meio Ambiente – WED. Tendo em vista a grande demanda socioeconômica sobre as florestas, o governo indiano encontrou algumas soluções de como estabelecer um sistema de plantio de

Natureza fascinante… revistaamazonia.com.br

árvores para combater a degradação dos solos e a desertificação. No processo de conservação de seu ecossistema, a Índia introduziu com êxito projetos de monitoramento de plantas, animais, água e de outros recursos naturais do país. Lançou, ainda, um programa de arborização cujas verbas compensatórias são usadas para melhorar o manejo florestal, a proteção de áreas verdes e mananciais. Sobre a escolha da Índia como o país-sede do Dia Mundial do Meio Ambiente 2011, Achim Steiner, SubSecretário Geral da ONU e Diretor Executivo do PNUMA, explica: “Em aproximadamente 40 anos de história do WED, as cidades e comunidades da Índia encontraramse entre as mais proativas, com um número incalculável de eventos a cada ano em todo o país “. Esse fato é reiterado pela implementação do Fundo de Energia Limpa em seu orçamento nacional. Ele fornece subsídios para a tecnologia verde, base para o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que estabelece metas

específicas sobre questões como a eficiência energética e o fortalecimento de um ecossistema sustentável. A Índia está atualmente desenvolvendo um dos maiores projetos de energia verde no mundo, que vai gerar cerca de 20 mil megawatts de energia solar e 3.000 megawatts de usinas eólicas. A primeira fase do projeto de US$ 50 bilhões terá início no próximo ano. Segundo o Dr. T. Chatterjee, Secretário de Meio Ambiente e Florestas da Índia “oferecer-se para sediar o WED é outra demonstração do seu forte comprometimento em trabalhar com a comunidade mundial para o desenvolvimento sustentável. A celebração marcará o início de uma série de eventos que levarão à realização da XI Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica e inaugurará as comemorações da Década Internacional para a Biodiversidade”.

As árvores ajudam a reduzir a erosão do solo e absorver o dióxido de carbono, o principal culpado pelo aquecimento global. Além disso, as florestas fornecem um habitat natural de flora e fauna, especialmente aqueles que estão se aproximando da extinção.

Plante uma muda! REVISTA AMAZÔNIA 9


ONU alerta para utilização mais sustentável dos recursos da Terra Alerta foi feito na abertura da 19ª sessão da Comissão das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – (CDS 19), em Nova York. Foto: Rudolph Hühn

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inistros de meia centena de países participaram na reunião preparatória da IV Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a celebrar-se no Rio de Janeiro no próximo ano. O encontro na sede da ONU contou com várias mesas redondas onde foram avaliadas e debatidas políticas de promoção do consumo e produção sustentáveis, de melhoria na segurança no uso de produtos químicos e de aprimoramento da gestão de resíduos, entre outras. O Sub-Secretário-Geral para Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas, Sha Zukang, no início dos trabalhos da CDS 19, alertou o mundo para as consequências do consumo e da produção insustentáveis, e instou os Estados-membros da ONU a chegarem a um acordo para promover o uso mais eficiente e seguro dos recursos do Planeta. “Precisamos mudar os nossos padrões de produção e consumo, para que nossa economia continue seguindo caminhos sustentáveis e para que sejamos capazes de enfrentar os desafios globais, como as mudanças climáticas, a escassez de água e outros recursos e a degradação ambiental”, disse Zukang na abertura da 19ª sessão da Comissão das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. O subsecretário-geral também alertou para a importância da elaboração, ainda neste ano, de um plano de apoio

Achim Steiner, diretor Executivo do PNUMA, deu uma clara mensagem, é importante para avançar sobre a 10YFP e na agenda de desenvolvimento sustentável é confiança para Rio +20

a países e outros atores, visando à produção e consumo mais sustentáveis, a ser apresentado na Rio+20.

Responsabilidade A CDS 19 apresentou orientações e recomendações, ainda para este ano, para mobilizar e apoiar países e outros atores para o consumo e a produção sustentáveis. Sha Zukang acrescentou, ainda, que essa iniciativa irá contribuir para o sucesso da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a ser realizada no Rio de Janeiro em 2012. Segundo ele, o consumo e a produção sustentáveis precisam ser incorporados na tomada de decisão dos governos e outras organizações, inclusive a própria ONU. “Muito mais pode e deve ser feito em todo o mundo para buscarmos um crescimento econômico ambientalmente

Discutindo diferentes aspectos de como conseguir um estilo de vida sustentável

inclusivo. Precisamos acelerar nossos esforços para promover o desenvolvimento sustentável e cumprir nosso compromisso com as gerações futuras”, frisou o oficial da ONU, que também exerce o cargo de Secretário-Geral da Rio+20. Cerca de mil representantes de governos, organizações

Delegados do Canadá, Brasil e Benin durante o GT1 sobre mineração

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Na sessão de abertura: Tariq Banuri, Diretor da Divisão para o Desenvolvimento Sustentável, Sha Zukang, o Sub Secretário-Geral para Assuntos Econômicos e Sociais e László Borbély, Presidente da CSD 19, Ministro do Meio Ambiente e Florestas da Roménia

não-governamentais (ONGs) e outros setores da sociedade civil participam da reunião da Comissão, que teve duas semanas de duração e foi a última sessão antes da Rio+20. O Brasil foi representado por uma delegação do Ministério das Relações Exteriores. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, não participou por estar acompanhando a votação do novo Código Florestal brasileiro. A Rio+20 marcará o 20º aniversário da adoção da Agenda 21, o modelo de desenvolvimento sustentável que foi acordado na Cimeira da Terra de 1992, realizada no Brasil.

e os impactos ambientais resultantes dentro de limites seguros, e apelou à cooperação internacional para que seja feito um esforço para alcançar o desenvolvimento sustentável. “Em 1992, os participantes da Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, reconheceram que o consumo e padrões de produção insustentáveis são a maior ameaça à capacidade da Terra de satisfazer as necessidades humanas”, declarou na abertura do segmento de alto nível da atual sessão da Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. Por meio de um comunicado emitido pelo Subsecretário-Geral para Assuntos Sociais e Econômicos da ONU, Sha Zukang, Ban disse que, este ano, o segmento de alto nível da Comissão focará numa série de questões críticas, incluindo produtos químicos, mineração, transporte e resíduos, além de considerar um Quadro de Programas sobre Consumo Sustentável e Padrões de Produção, com dez anos de duração.

Delegados do Brasil e México em consulta

Ban pede equilíbrio entre o uso global de recursos e impacto ambiental O Secretário-Geral Ban Ki-moon pediu que o mundo encontre formas de manter o consumo global de recursos

Membros da delegação do Brasil

Evento paralelo, organizado pelo PNUMA

“O consumo e a produção sustentáveis devem ser encarados como uma prioridade estratégica incorporada em um quadro institucional adequado”, acrescentou o Secretário-Geral. A necessidade do quadro de 10 anos foi acordada na reunião de alto nível no Panamá, no início deste ano. Ban encorajou a Comissão a “dar uma resposta combinada, concluir as negociações em relação ao quadro e lançá-lo sem atraso.” Segundo ele, essa seria uma importante contribuição para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável no Rio (Rio+20) ano que vem.

Discutindo a plataforma global para facilitar parcerias em Pequenos Estados Insulares (SIDS)

O Sub-Secretário-Geral Sha Zakang, o secretário-geral Ban Ki-moon, e o presidente CSD László Borbély, durante o encerramento da CSD-19 revistaamazonia.com.br

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Política ambiental brasileira está no rumo da economia verde Foto: Jefferson Rudy/MMA e José Cruz/ABr

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m audiência pública realizada recentemente no Senado Federal, em Brasília, para tratar de temas como a importância da Conferência Rio+20 e Desenvolvimento Sustentável, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Francisco Gaetani, disse que a política ambiental do País está sendo consolidada por uma estratégia rumo à economia verde.

Ministra Izabella Teixeira durante café da manhã com Sr.Achim Steiner subsecretário-Geral das Nações Unidas e Diretor Executivo do PNUMA

Gaetani falou que a construção deste “novo paradigma” depende de um federalismo corporativo, em que os diferentes níveis do governo devem estar integrados em estratégias convergentes e adequadas, que coloquem a questão ambiental como cerne dos planejamentos de desenvolvimento econômico. “Estamos nos articulando para que a temática ambiental seja assumida não apenas como um problema ou desafio do MMA, mas de toda a sociedade e de todas as instâncias do governo. O País é hoje uma potência ambiental, com destaque em biodiversidade, potencial alternativo para geração de energia, produção de alimentos e reservas de águas naturais. Estas características nos atribuem novas responsabilidades rumo a uma economia verde, que prevê o desenvolvimento em moldes sustentáveis, de forma a garantir recursos naturais para as futuras gerações. A tendência de transformar as economias do mundo em economias verdes proporciona novas oportunidades, que beneficiam uma nação ambiental como a nossa”, afirmou o secretário. Ele ressaltou a importância de o Brasil ser o país anfitrião de três eventos de repercussão mundial - Copa do Mundo, Olimpíadas e Rio+20-, todos com implicações ambientais. Lembrou ainda o desafio brasileiro de integrar prioridades como crescimento, integração social, 12 REVISTA AMAZÔNIA

incorporação de diferentes camadas da sociedade ao consumo e acesso a serviços, desenvolvimento econômico e de infra-estrutura. Já o diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner, um dos maiores especialistas em economia verde do mundo, disse que existe muita expectativa sobre o Brasil em relação à Rio+20. “Acreditamos que o Brasil pode aprimorar sua capacidade de liderar, negociar e inspirar o modelo de pensamento que deve estar presente nas negociações relativas ao desenvolvimento sustentável das nações, bem como as decisões que vão determinar as novas estratégias para o sistema climático”. Ele falou sobre a oportunidade de aproveitamento dos eventos esportivos mundiais e da conferência para promover transições internas na economia e em uma infra-estrutura verde no País. De acordo com Steiner, nos próximos 40 anos poderemos ter cerca de 9 bilhões de pessoas no planeta, e por isso as economias devem promover mais igualdade e garantir recursos naturais para as próximas gerações, pensando em questões como segurança alimentar, acesso à água e geração e eficiência energética. “Nós estamos agora aptos para influenciar todo o sistema climático por meio de nossas governanças, escolhas e planejamentos para o futuro, e temos que criar e influenciar novos ciclos, econômicos e sociais, que não deteriorem ainda mais o clima do planeta”, afirmou. O diretor do PNUMA avaliou que, 20 anos após a organização da Rio-92, todo o mundo ainda tem entraves que foram provocados pelo domínio econômico e político, e que por isso os avanços ambientais não foram tão significativos. “A economia verde prevê eficiência e sustentabilidade nas iniciativas, e a legislação de cada nação

O diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner, fala sobre a importância das atividades sustentáveis na promoção da economia verde, durante debate

pode contribuir muito para isso”. Já o senador Rodrigo Rollemberg, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Defesa do Consumidor do Senado, disse que a Rio + 20 exige novos comportamentos dos países diante dos desafios climáticos. “Temos que ter a noção de que a sustentabilidade não é apenas o uso adequado dos recursos e o progresso, mas o equilíbrio harmônico entre pilares que vão permitir o desenvolvimento a longo prazo”. O diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty, ministro Luiz Alberto Figueiredo, ressaltou que a Rio+20 é uma conferência sobre desenvolvimento, e não apenas de caráter ambiental, que vai tratar de temas como economia verde no contexto da sustentabilidade, erradicação da pobreza e governança para um avanço econômico sustentável.

Secret. Executivo do MMA Francisco Gaetani durante Audiência Pública da Comissão de Meio Ambiente,Defesa de Comsumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal revistaamazonia.com.br


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Rio+20 reúne governo e líderes empresariais Foto: Elza Fiúza/ABr

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ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e um grupo de líderes empresariais anunciaram recentemente em Brasília, a criação de um fórum de entendimentos para formular as estratégias de médio e longo prazos para a política brasileira de meio ambiente. A iniciativa, inédita, faz parte das ações do Governo para avançar na implementação da sustentabilidade na produção e no consumo. A expectativa é de que até a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho de 2012, o Brasil possa anunciar sua agenda ambiental de transição gradual rumo a uma economia mais verde. “Queremos ampliar o diálogo com o setor produtivo, aumentar nossa capacidade de interlocução com a sociedade”, disse a ministra, durante o encontro que durou toda a manhã. O Conselho de Líderes em Sustentabilidade, criado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), é composto por presidentes de alguns dos maiores grupos empresariais do País. A iniciativa de reunir empresários de vários setores em torno do debate sobre sustentabilidade agradou as lideranças empresariais. Entre os temas do encontro estavam: regulamentação e liO secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetan, a ministra Izabella Teixeira, e a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, Samyra Crespo, em reunião com representantes do CEBDS e presidentes de 12 empresas associadas

cenciamento ambiental, mecanismo de compensação de carbono, coordenação de uma política industrial, política energética e de resíduos sólidos, uso racional dos recursos hídricos, adaptação e infraestrutura urbana, aumento da produtividade agrícola, incentivo aos investimentos verdes e papel do consumidor, relacionados à segurança alimentar, energia e desenvolvimento. Izabella acentuou a necessidade de o Brasil ter políticas cada vez mais estruturantes para traçar novos modelos de produção. Desenvolvimento associado à conservação ambiental e incentivo a atividades com baixa emissão de gases de efeito estufa foram a tônica do encontro. Na reunião ficou acertada a participação dos empresários na Rio+20. Izabella quer afinar o discurso com os empresários, que terão participação de destaque. A ideia é que o Brasil aproveite a reunião da ONU para se firmar como líder mundial da economia verde. Ela enumerou as iniciativas brasileiras para a sustentabilidade, o Plano Clima e a Política Nacional de Resíduos Sólidos, como passos nesse sentido. A presidente do CEBDS, Marina Grossi, destacou o papel do MMA no diálogo que os empresários pretendem manter com outros ministérios e setores da economia. “Consideramos essa estratégia fundamental”, frisando que as empresas têm “experiências emblemáticas de economia verde a serem mostradas na Conferência”. “Não queremos limitar a questão da sustentabilidade à pasta do Meio Ambiente porque é um tema que precisa

Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

ser trabalhado de forma transversal, envolvendo também outros ministérios”, afirmou Marina Grossi. Ela também entende que o país pode ter uma posição de liderança na área de desenvolvimento sustentável no mundo. “Queremos meios para o Brasil se posicionar como liderança verde mundial, e a conversa com o governo serve para acelerar a agenda”, concluiu a presidente do CEBDS. Participaram da reunião, na sede do MMA, além da ministra Izabella Teixeira; o secretário-executivo Francisco Gaetani; a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, Samyra Crespo; a presidente executiva do CEBDS, Marina Grossi; e os empresários: Marcos Bicudo (Chairman do CEBDS e presidente da Philips do Brasil), Max Thiermann (presidente da Allianz Seguros S/A), Antônio Carlos Guimarães (Syngenta), Maurício Venturin (DNV - diretor de Operações da América do Sul), Alessandro Carlucci (presidente da Natura), Franklin Feder (presidente da Alcoa), Carlos de Mathias Martins Junior (Ecopart), Marcos Samaha (presidente da Walmart) e André Dias (presidente da Monsanto). André Lopes de Araújo (presidente da Shell Brasil Ltda), Jean-Philippe Ollier (presidente da Michelin América do Sul) e Jorge Hereda (presidente da CEF) não conseguiram chegar ao encontro por problemas no aeroporto. O Conselho de Líderes em Sustentabilidade, recémcriado, vai se reunir a cada três meses para discussão dos problemas e soluções relacionados à sustentabilidade. A ideia é que o governo também participe desses encontros para facilitar o diagnóstico dos gargalos que impedem o avanço de um novo modelo de desenvolvimento e colaborar com a implementação de algumas medidas já aprovadas, como o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Presidentes de outras empresas associadas ao CEBDS também integram o Conselho. Na reunião ficou acertada a participação dos empresários na Rio+20

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Rumo a uma

Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza Políticas Públicas Sustentáveis e Trajetória de Investimento Rumo à Rio +20

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e acordo com o relatório lançado recentemente pelo PNUMA, investir dois por cento do PIB mundial em dez setores estratégicos pode ser o pontapé inicial para a transição rumo à uma Economia Verde de baixo carbono e eficiência de recursos. Apoiada por políticas nacionais e internacionais inovadoras, a soma, que atualmente correspondente a cerca de 1,3 trilhão de dólares por ano, fomentaria o crescimento da economia global a níveis provavelmente superiores aos dos atuais modelos econômicos. O relatório sugere um modelo econômico que evitaria riscos, choques, escassez e crises cada vez mais inerentes na atual economia de alta emissão de carbono. Sendo assim, contesta os mitos de que investimentos ambientais vão contra o crescimento econômico, trazendo à tona a má alocação de capital. 16 REVISTA AMAZÔNIA

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O relatório mostra a Economia Verde como um tema relevante não apenas para as economias mais desenvolvidas, mas também como um catalisador-chave para o crescimento e erradicação da pobreza nas economias em desenvolvimento, nas quais, em alguns casos, cerca de 90% do PIB está ligado à natureza ou a recursos naturais tais como a água potável. O relatório traz como exemplo resultados de políticas que redirecionam cerca de 1,3 trilhão de dólares por ano em investimentos verdes e por meio de dez setores estratégicos, o equivalente a aproximadamente 2% do PIB mundial. Em termos comparativos, esse montante equivale a 10% do investimento total anual em capital físico. Atualmente, o mundo gasta entre 1% e 2% do PIB global em uma série de subsídios que, geralmente, prolongam a insustentabilidade do uso de recursos tais como combustíveis fósseis, agricultura, água e pesca. Grande parte dessas ações contribui para intensificar os danos ambientais e ampliar a ineficiência na economia global. Diminuí-las ou eliminá-las poderia gerar múltiplos benefícios no processo de liberação de recursos para financiar uma transição rumo à Economia Verde.

Renda e emprego Enquanto a transição global para a Economia Verde

contribuiria para o desenvolvimento e para o aumento da renda per capita refletida nos atuais modelos econômicos, ela fomentaria, também, a redução da pegada ecológica em 50% até 2050. O relatório Economia Verde afirma que, a curto prazo, a queda dos níveis de emprego em alguns setores como o da pesca será inevitável caso não ocorra a transição rumo à sustentabilidade. O investimento, em alguns casos financiado pelo corte de subsídios nocivos, terá de se readaptar a alguns setores de força de trabalho global para assegurar uma transição justa e socialmente aceitável. O relatório defende que, ao longo do tempo, o número de empregos “novos e decentes criados” - que vão desde o setor de energia renovável até o de agricultura sustentável - compensarão aqueles perdidos na antiga economia de alto carbono. Ainda segundo o relatório, um investimento anual de cerca de 1,25% do PIB mundial em eficiência energética e energias renováveis poderia reduzir a demanda global por energia primária em 9% em 2020 e em 40% até 2050. A economia de capital e de gastos com combustível na geração de energia, sob o cenário da Economia Verde, seria de 760 bilhões de dólares entre os anos de 2020 e 2050.

O relatório, intitulado Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza, também destaca as enormes oportunidades para desacoplar a geração de resíduos do crescimento do PIB, incluindo, em seu lugar, ações de recuperação e reciclagem. Por intermédio de uma política de Responsabilidade Prolongada do Produtor, a República da Coreia implementou uma regulamentação sobre produtos, que vão das baterias e dos pneus até às embalagens de vidro e papel, originando um crescimento de 14% nas taxas de reciclagem e um benefício econômico de 1,6 bilhões de dólares.

Iniciar uma transição para um padrão mais sustentável de consumo e produção

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Transição rumo à uma Economia Verde de baixo carbono e eficiência de recursos

No Brasil, a reciclagem já gera retornos de 2 bilhões de dólares por ano, ao mesmo tempo que evita a emissão de 10 milhões de toneladas de gases de efeito estufa; aqui, uma economia de reciclagem plena valeria 0,3% do PIB. O relatório, compilado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA), em colaboração com economistas e especialistas de todo o mundo, tem como um dos seus objetivos a promoção e defesa dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU – que vão da redução pela metade das pessoas com fome à redução pela metade das pessoas sem acesso a água potável. Outra meta abrangente é a diminuição das emissões de gases de efeito estufa para níveis muito mais seguros, de 450 partes por milhão até 2050. As conclusões foram apresentadas aos ministros do meio ambiente de mais de 100 países, na abertura do Fórum Global de Ministros do Meio Ambiente/Conselho de Administração do PNUMA.

O relatório, que compõe um estudo macroeconômico, visa a acelerar o desenvolvimento sustentável e integra a contribuição do PNUMA para as preparações para a conferência Rio+20 que se realizará no próximo ano no Brasil. O relatório completo está disponível online para comentários e para que países enviem novos exemplos de Economia Verde. A equipe da Iniciativa Economia Verde do PNUMA planeja apresentar o relatório em capitais de todo o mundo ao longo dos próximos meses. A iniciativa pretende, ainda, identificar em primeira mão a melhor forma de ajudar os países e comunidades a iniciarem a transição para uma Economia Verde no contexto das suas circunstâncias nacionais. Achim Steiner, Subsecretário Geral da ONU e Diretor Executivo do PNUMA, disse: “O mundo está de novo a Caminho do Rio, mas em um planeta muito diferente daquele da Cúpula da Terra que se realizou no Rio de Janeiro em 1992.”

“A Rio 2012 surge em um contexto de rápida redução de recursos naturais e de alterações ambientais aceleradas desde a perda de recifes de coral e florestas à crescente escassez de terra produtiva; desde a necessidade urgente de fornecer alimento e combustível às economias até os prováveis impactos das alterações climáticas descontroladas”, acrescentou. “A Economia Verde, conforme documentado e ilustrado no relatório do PNUMA, proporciona uma avaliação centrada e pragmática de como os países, as comunidades e as empresas iniciaram uma transição para um padrão mais sustentável de consumo e produção. Está arraigada nos princípios de sustentabilidade acordados no Rio de Janeiro em 1992, ao mesmo tempo que reconhece que os sinais fundamentais que impelem as nossas economias devem evoluir em termos de políticas públicas e respostas dos mercados”, disse. “Devemos avançar para além das polarizações do passado, entre desenvolvimento e meio ambiente, entre Estado e mercado e entre norte e sul”, declarou o senhor Steiner. “Com 2,5 bilhões de pessoas vivendo com menos de dois dólares por dia e com um aumento populacional superior a dois bilhões de pessoas até 2050, é evidente que devemos continuar a desenvolver e a fazer crescer as nossas economias. No entanto, esse desenvolvimento não pode acontecer à custa dos próprios sistemas de apoio à vida na terra, dos oceanos e da atmosfera que sustentam as nossas economias e, por conseguinte, as vidas de todos nós”, acrescentou. “Economia Verde é uma resposta à questão de como manter a pegada ecológica da humanidade dentro dos limites do planeta. Visa a relacionar as demandas ambientais para a mudança de rumo aos resultados econômicos e sociais - em particular, o desenvolvimento econômico, oceano o emprego e a igualdade”, disse Fundo o senhordoSteiner. Pavan Sukhdev, Economista Sênior do Deutsche Bank e Diretor da Iniciativa Economia Verde do PNUMA, disse:

Porcentagem de populações dos países que serão submetidas ao estrese hídrico no futuro 18 REVISTA AMAZÔNIA

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mudança rumo à uma economia verde está acontecendo em escala e velocidade nunca antes vistas. Em 2010, esperava-se que os novos investimentos em energia limpa atingissem uma alta recorde de US$ 180-200 bilhões, a partir de US$ 162 bilhões em 2009 e US$ 173 bilhões em 2008. O crescimento é cada vez mais impulsionado por países não-OECD, cuja participação nos investimentos globais em renováveis subiu de 29% em 2007 para 40% em 2008, com o Brasil, a China e a Índia representando a maior parte.

“Os governos têm um papel central na mudança das leis e das políticas e no investimento de bens públicos para possibilitar a transição. Ao fazê-lo, podem também desbloquear os bilhões de dólares do capital privado em benefício de uma Economia Verde.” “A aplicação inadequada de capital está no centro dos atuais dilemas do mundo e há medidas rápidas que podem ser tomadas, começando, literalmente, hoje - desde a diminuição e eliminação dos mais de 600 bilhões de dólares de subsídios globais para combustíveis fósseis ao reencaminhamento dos mais de 20 bilhões de dólares de subsídios inadequadamente atribuídos a entidades envolvidas em atividades de pesca insustentável”, disse. “Uma Economia Verde não visa a sufocar o crescimento e

a prosperidade, mas sim a restabelecer a ligação com a verdadeira riqueza, reinvestir ao invés de simplesmente explorar o capital natural e beneficiar muitos em lugar de poucos. Visa também a uma economia global que reconheça a responsabilidade intergeracional das nações para deixar um planeta saudável, funcional e produtivo aos jovens de hoje e aos que estão para nascer”, acrescentou o senhor Sukhdev.

riscos ambientais e as carências ecológicas”. Uma grande parte dessa transição envolve políticas e investimentos que desassociam o crescimento do atual consumo intensivo de materiais e energia. Embora tenha havido alguma desassociação nos últimos 30 anos, os resultados têm sido modestos demais para colocar o planeta em uma rota sustentável e para conservar recursos finitos.

Conclusões Principais e Alguns Setores-Chave

Papel Político dos Governos

O PNUMA define como economia verde “aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo que reduz significativamente os

Políticas públicas inovadoras e criativas serão vitais para gerar condições facilitadoras que, por sua vez, podem desbloquear os mercados e guiar os investimentos do setor privado no sentido de uma transição para a economia verde. Entre elas, incluem-se: Quadros normativos sólidos, priorização de despesas e aprovisionamento do Estado em áreas que estimulem setores da economia verde e limitem despesas que provoquem perdas de capital natural. Tributação e mecanismos inteligentes de mercado que alterem os padrões de despesa dos consumidores e promovam a inovação verde. Investimentos públicos em reforço e formação de capacidades, paralelamente a um fortalecimento da administração internacional. As políticas públicas também podem assegurar que os benefícios de um setor mais ecológico desencadeiem benefícios de sustentabilidade mais amplos em outros setores. Em geral, o relatório sugere que a maior fatia dos propostos 2% do PIB global deverá originar-se do capital privado, porém reforçada por montantes mais modestos do dinheiro público.

Distribuição espacial das capturas da pesca marinha por década revistaamazonia.com.br

Do setor pesqueiro ao imobiliário - Dez setores fundamentais para a Economia Verde Os dez setores identificados no relatório como fundamentais para tornar a economia global mais verde são: agricultura, construção, abastecimento de energia, pesREVISTA AMAZÔNIA 19


Chuva (em milhares cúbicos de km por ano)

Bioenergia floresta produtos terras de pastagem biodiversidade Paisagem

Culturas gado Agricultura Sequeira

Culturas gado aquicultura Agricultura Irrigada

Armazenamento de água biodiversidade aquática pesca Abrir água evaporação

Cidades e indústrias

Oceano

“A água verde” refere-se à água da chuva armazenada no solo ou na vegetação, que não podem ser desviadas para um uso diferente, e a “Água Azul” é superficial e subterrânea, que pode ser armazenada e desviado para uma finalidade específica ca, silvicultura, indústria, turismo, transportes, manejo de resíduos e água.

Alguns destaques setoriais: Agricultura Uma Economia Verde investiria entre 100 e 300 bilhões de dólares por ano, até 2050, na agricultura, a fim de alimentar nove bilhões de pessoas e, ao mesmo tempo, promover uma melhor gestão da fertilidade dos solos e uma utilização sustentável da água para o aperfeiçoamento da gestão biológica de plantas. Há cenários que indicam um crescimento de 10% nas produções globais dos principais produtos agrícolas, com base nas atuais estratégias de investimento.

Dos 2% do PIB propostos no relatório, os montantes investidos para o esverdeamento por setor seriam: *108 bilhões de dólares para a agricultura, incluindo as pequenas explorações; *134 bilhões de dólares para o setor imobiliário, por meio da melhoria da eficiência energética; *Mais de 360 bilhões de dólares para o abastecimento de energia; *Quase 110 bilhões de dólares para a pesca, incluindo a redução de capacidade das frotas mundiais; *15 bilhões de dólares para a silvicultura, o que ajudaria também no combate às alterações climáticas; *Mais de 75 bilhões de dólares para a indústria, incluindo a de produtos manufaturados; *Quase 135 bilhões de dólares para o setor de turismo. *Mais de 190 bilhões de dólares para os transportes. *Quase 110 bilhões de dólares para a gestão de resíduos, incluindo a reciclagem. *Um montante semelhante para o setor da água, incluindo questões de saneamento.

Padrões prevalecentes de ameaça à segurança humana de água e da biodiversidade. Abastecimento humano ajustado e ameaças à segurança contrasta com a biodiversidade incidente. Um ponto de interrupção de 0,5 delineia a partir de baixo à alto nível de ameaça 20 REVISTA AMAZÔNIA

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Construção O setor imobiliário é o que mais contribui para as emissão global de gases de efeito estufa, com um terço da utilização global de energia por escritórios e habitações. O setor da construção é responsável por mais de um terço do consumo global de recursos, incluindo 12% do uso de água doce. Com base no IPCC, estima-se que, caso a situação atual não se altere, a pegada climática do setor imobiliário vai duplicar para 15,6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono até 2030 ou 30% do CO2 total relacionado à energia. Uma combinação entre a aplicação das tecnologias existentes e o crescimento de abastecimento de energias renováveis no contexto dos cenários de Economia Verde poderia reduzir drasticamente as emissões, com uma poupança igual a 35 dólares por tonelada de CO2. Com as políticas governamentais corretas, poderiam ser obtidas, a nível mundial, poupanças de energia de um terço nos edifícios urbanos até 2050, com um investimento anual de 300 bilhões até um trilhão de dólares.

Áreas da escassez de água física e económica Isso é equivalente a elevar e manter os níveis de nutrição em 2.800-3.000 quilocalorias por pessoa até 2030. O desperdício global de alimentos traduz-se em 2.600

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quilocalorias diárias por pessoa; por esse motivo, a transição para uma Economia Verde deve abordar esses desafios, que estão ligados a vários dos setores em questão.

Pesca Subsídios estimados em cerca de 27 bilhões de dólares por ano geraram uma capacidade de pesca duas vezes maior que a capacidade dos peixes de se reproduzirem. O relatório sugere que o investimento na gestão fortalecida das pescas, incluindo a criação de áreas marinhas protegidas e a desativação e redução da capacidade das

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frotas, bem como treinamento, pode recuperar os recursos pesqueiros do planeta. Um investimento sustentado por medidas políticas resultaria em um aumento das capturas das atuais 80 milhões de toneladas para 90 milhões de toneladas em 2050, embora se registraria uma queda entre o momento atual e 2020. “Estima-se que o valor atual dos benefícios de tornar mais verde o setor pesqueiro seja de três a cinco vezes o investimento necessário”, diz o relatório. As perdas de empregos a curto e médio prazo podem ser minimizadas concentrando os cortes em um pequeno número de empresas pesqueiras de grande dimensão e não nas pequenas frotas artesanais.

Prevê-se que o número de empregos no setor pesqueiro volte a aumentar em 2050 à medida que as reservas esgotadas se recuperem. Silvicultura As florestas geram bens e serviços, que proporcionam os meios de subsistência econômica de mais de um bilhão de pessoas, reciclam nutrientes vitais para a agricultura e oferecem refúgio a 80% das espécies terrestres. O desflorestamento é atualmente responsável por quase 20% das emissões mundiais de gases de efeito estufa. “Por esse motivo, a redução do desflorestamento pode ser um bom investimento: por si só, o lucro proveniente da regulação climática consequente da redução pela me-

Número de pessoas que vivem em estrese de água por áreas, em 2030 por tipo de país

Estimativa de geração de resíduos em regiões do mundo

Emprego em energias renováveis, por país e por tecnologia 22 REVISTA AMAZÔNIA

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tade do desflorestamento global seria três vezes maior que o custo”, diz o estudo. O relatório analisa a contribuição que um investimento de 15 bilhões de dólares por ano - ou 0,03% do PIB global - pode significar para tornar mais verde este setor, incluindo o lançamento de maiores investimentos no mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD). Tais investimentos também podem ajudar a aumentar a dimensão de mecanismos de mercado já testados, incluindo a madeira certificada, a certificação dos produtos da floresta tropical, o pagamento a favor dos ecossistemas e as parcerias baseadas nas comunidades. Ao longo do período de 2011 a 2050, o investimento anual de 15 bilhões de dólares, ou 0,03% do PIB, aumentaria o valor acrescentado à indústria florestal em mais de 20% em relação aos padrões atuais. O relatório sugere que a transição para uma Economia Verde aumentaria as terras florestadas (atualmente com quase 4 bilhões de hectares) em mais de 3% até 2020, 8% até 2030 e mais de 20% até 2050, em relação à situação existente.

Os progressos na consecução da meta de Desenvolvimento do Milénio “saneamento”, metade do número de pessoas sem saneamento adequado em 2015

Projeções do IPCC do potencial de mitigação do CO2 em 2030

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Composição dos resíduos pela renda nacional A priorização de tais recomendações seria uma importante contribuição para 2011, o Ano Internacional das Florestas da ONU. Transportes Os custos ambientais e sociais dos transportes em termos de poluição do ar, acidentes e congestionamento do tráfego podem custar, atualmente, cerca de 10% do PIB de um país ou região. As políticas para tornar mais verde o setor dos transportes abrangem desde o fomento à utilização de transportes públicos e não motorizados até as que promovem a eficiência de combustíveis e veículos menos poluentes. Na Europa, as análises indicam que os investimentos em transportes públicos rendem benefícios econômicos regionais superiores ao dobro do seu custo. A redução do teor de enxofre dos combustíveis para transportes na África Subsaariana pode levar à economia

de quase um bilhão de dólares por ano em custos de saúde e afins. O investimento anual de 0,34% do PIB global até 2050 no setor de transportes pode reduzir a utilização de petróleo em 80% em relação à situação atual - elevando a taxa de emprego em 6%, sobretudo na expansão dos transportes públicos. Resíduos Prevê-se que o mundo gerará 13 bilhões de toneladas de resíduos municipais e outros até 2050; atualmente, apenas 25% de todos os resíduos são recuperados ou reciclados. Um investimento de 108 bilhões de dólares por ano no “esverdeamento” do setor de resíduos pode conduzir à reciclagem

Investimentos estimados pelo Banco Mundial na gestão de resíduos em várias regiões

O ambiente, a sociedade e a economia representa o maior nível de agregação do modelo (veja à esquerda). Embora o nosso meio ambiente englobe a sociedade e a economia, por simplicidade, representamolos, separadamente, para realçar as interligações existentes entre eles (veja à direita) 24 REVISTA AMAZÔNIA

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Alvíssaras. Há luz no fim do túnel...

plena de resíduos eletrônicos, em contraste com o atual nível de 15%. Tal investimento poderia impulsionar a triplicação da reciclagem global de resíduos até 2050 e o corte de mais de 85% nos montantes destinados a aterros sanitários em comparação com o cenário atual. Entre 20% e 30% das emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao metano poderiam ser reduzidas até 2030 se poupanças financeiras associadas forem realizadas. A prevenção e o manejo de resíduos também permanecem como um grande desafio para a fabricação de produtos, onde abordagens como a renovação da produção e da concepção dos produtos e processos pode desempenhar um papel importante na redução de resíduos e na utilização de recursos. Se a vida útil de todos os produtos fabricados fosse ampliada em 10%, por exemplo, o volume de recursos extraídos poderia registar um corte semelhante. A reciclagem de calor residual por meio de instalações de produção combinada de calor e eletricidade (CHP, na sigla em inglês) apresenta um elevado potencial para o uso eficiente de energia. A indústria de papel e celulose possui instalações de CHP que permitem uma economia superior a 30% no uso de energia primária. revistaamazonia.com.br

spera-se g era proporção r crescimento e em pregos na – ou maio r – que o mesma bitual de cenário a negócios, tual e hasuperando micas a m as projeçõ édio e lon es econôgo prazos gerando m tudo, tal t e , a a o is m b e e n smo temp ran efícios am o, bientais e e desafios sição para a econo sociais. Co mia verde – do “esv nn erdeamen ao atendim to” de set ão será isenta de ris ento de d o c o r e s e s mandas d um mund o limitado e mercado marrons tradiciona is pelo carbo e sociedade no. Portan m rápida mutação civil e as e e t m o mpresas lí , colaborat deres no m os líderes mundiais ivamente , ercado de para repe nais de riq vem partic a nsar e red ueza, pro e ip fi a nir parâm spe r o maior d etr e todos os ridade e bem-esta r. O que e os tradicioriscos seria stá claro continuar é que com o sta tus quo.

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Hidrelétricas podem ser vetores de desenvolvimento sustentável, diz especialista

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s usinas hidrelétricas podem ser um vetor importante para auxiliar o país na preservação ambiental. A avaliação é do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, que participou de um debate sobre uma nova arquitetura energética para a América Latina durante o Fórum Mundial Econômico para a América Latina. “Isso é possível a partir do momento em que você obriga as hidrelétricas a recuperar as matas ciliares, a criar parques de preservação ambiental, condicionantes para trazer benefícios para a população local”, disse o presidente da estatal, ligada ao Ministério de Minas e Energia. Segundo ele, hidrelétricas deixaram de ser apenas uma fonte de energia para também contribuir para a melhoria do país. “É interesse do Brasil preservar o seu ecossistema e aproveitar seu potencial hidrelétrico, que é uma energia renovável, que praticamente não emite carbono e que permite abastecer o país. É possível conciliar os dois. Basta usar a criatividade, construindo usinas com reservatórios menores, com obrigações ambientais e contribuindo para o desenvolvimento social regional.” Para o presidente da EPE, qualquer país do mundo gostaria de estar na situação do Brasil e ter esse potencial hidroelétrico. “A maioria dos países desenvolvidos já

Hidrelétricas deixaram de ser apenas uma fonte de energia para também contribuir para a melhoria do país

usaram 100% de sua energia hidroelétrica. Nós somos um dos poucos países que ainda não usou [todo] esse potencial.” Segundo ele, o Brasil é líder mundial na questão do combate ao aquecimento. “Temos 46% de matriz renovável, enquanto o restante do mundo tem apenas 14% de energia renovável e nos países ricos, apenas 7% são renováveis. O grande desafio do Brasil é conseguir crescer mantendo essa liderança mundial.” Para Tolmasquim, isso é possível já que o país utilizou apenas um terço da energia hidroelétrica e ainda tem grande fonte de energia eólica e da cana-de-açúcar. Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

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Belo Monte vai gerar crescimento e distribuição de renda com preservação de terras indígenas Márcio Meira, presidente da Funai Foto: Francisco Stuckert

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ara que o País continue a crescer na faixa de 5% do PIB a cada ano será necessária a instalação de mais 71,3 mil MegaWatts até o ano de 2019. Por isso, o projeto de construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, é vital para permitir o parque industrial funcionar a pleno vapor. A avaliação foi feita recentemente pelo secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Altino Ventura Filho, durante workshop “Belo Monte para Jornalistas”, realizado em Brasília pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). “O Brasil precisa, nos próximos dez anos, instalar 70% da energia que instalou em toda a sua história. Se não houver energia elétrica, o país não irá crescer 5% ao ano”, disse o secretário. Embora defenda formas alternativas para geração de energia, como eólica e solar, o secretário diz que é alto o custo do investimento e do preço final destas fontes alternativas para o consumidor e, por isso, as hidrelétricas tornam-se mais vantajosas. “A energia hidrelétrica é a fonte mais econômica, renovável e adequada às nossas necessidades, inclusive do ponto de vista ambiental”, defendeu. O custo da energia gerada por Belo Monte deve ficar em menos de R$ 80 o MW/h (MegaWatt/hora), enquanto as outras fontes, como a energia eólica, custariam no mínimo R$ 130 o MW/h, afirma Ventura Filho. “Levar energia até a casa dos brasileiros que ainda não têm é uma forma de resgate social”, afirmou ele.

A Funai vai acompanhar ainda a execução do Plano Básico Ambiental, os programas de Comunicação Indígena e de Proteção das Terras Indígenas, todos de responsabilidade do empreendedor.

Ibama: Viabilidade ambiental da UH Belo Monte já foi atestada

se que o órgão está cumprindo seu papel no processo, estabelecendo condições e medidas que minimizem os impactos do empreendimento junto aos povos indígenas da região. São 13 as condicionantes indígenas, sob responsabilidade da Norte Energia S.A., que constam da licença prévia emitida pelo Ibama em fevereiro do ano passado. Outras 13 condicionantes, incluindo proteção e fiscalização das terras indígenas, cabem ao Estado brasileiro. “Se o empreendimento é importante para o país, então que os primeiros beneficiários sejam os povos daquela região”, disse. Meira esclareceu ainda que a Funai, como órgão interveniente, vem realizando estudos e reuniões nas dez terras indígenas localizadas na área de influência da obra desde 2007. Foram realizadas 42 reuniões de consulta com indígenas, incluídas as quatro audiências públicas em Brasil Novo, Vitória do Xingu, Altamira e Belém. Intérpretes, inclusive, foram empregados para traduzir do português para as respectivas línguas.

O presidente do Ibama, Curt Trennepohl, afirmou que, se todas as condicionantes forem cumpridas, o órgão emitirá a licença de instalação definitiva da obra de Belo Monte. Trennepohl participou também do

Curt Trennepohl, presidente do Ibama: A viabilidade ambiental do empreendimento Belo Monte já foi atestada pelo Ibama

workshop que teve por finalidade tirar dúvidas de jornalistas sobre o empreendimento. Durante workshop Belo Monte para Jornalistas

Funai: Nenhuma terra indígena será alagada por Belo Monte Durante workshop promovido pela Secom, o presidente da Funai, Márcio Meira, afirmou que nenhuma terra indígena será alagada com a construção da usina. “O projeto foi modificado para não alagar terras indígenas. Não haverá supressão de terras e nem remoção de indígenas”, assegurou Meira. O presidente da Funai dis28 REVISTA AMAZÔNIA

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atendimento”, afirmou. O consórcio é composto pela Eletrobrás e por um grupo de empresas privadas brasileiras. Com a construção da UHE Belo Monte, o governo espera acrescentar 11 mil MegaWatts (MW) de capacidade instalada à matriz energética nacional. Com essa potência, Belo Monte será a segunda maior hidrelétrica do Brasil, atrás apenas da usina Itaipu Binacional, administrada por Brasil e Paraguai, com 14 mil MW de potência. Belo Monte deverá iniciar a geração comercial em janeiro de 2015, com sua motorização total prevista para janeiro de 2019.

Márcio Meira, afirmou que nenhuma terra indígena será alagada com a construção da usina

“Ações já foram propostas com o intuito de paralisar o processo, mas não existe nenhuma vedação judicial ao procedimento de licenciamento ambiental”, afirmou. Trennepohl declarou ainda que não há prazo para a emissão da licença de instalação da obra da barragem e

Norte Energia O consórcio Norte Energia já recebeu, em janeiro deste ano, a licença para instalação dos canteiros de obra. O consórcio aguarda a licença definitiva para iniciar a construção do empreendimento. Segundo o diretor Socioambiental da Nesa, Antônio Coimbra, as condicionantes estabelecidas pelo Ibama estão sendo tratadas com seriedade. “Todas as condicionantes foram atendidas ou estão em

Altino Ventura, secretário de Planejamento Energético do MME, fala da importância de Belo Monte dentro do planejamento energético brasileiro

Antonio Coimbra, diretor socioambiental da Norte Energia, e Luiz Rufato, diretor de engenharia da Norte Energia, explicam a obra da usina de Belo Monte

fez questão de destacar a independência dos 24 técnicos que analisam o processo. Na semana passada, equipe da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Ibama finalizou vistoria no local do futuro empreendimento, próximo a Altamira (PA), e trabalha agora na elaboração do parecer técnico. A viabilidade ambiental do empreendimento Belo Monte já foi atestada pelo Ibama, afirmou Trennepohl, quando da emissão da licença prévia (LP), em fevereiro de 2010, estabelecendo 40 condicionantes para prevenir, mitigar ou compensar impactos do projeto. Caso as condicionantes socioambientais não sejam cumpridas pelo consórcio Norte Energia S.A. (Nesa), responsável pelo empreendimento, o Ibama tem poder para embargar a obra. “Nem todo impacto ambiental pode ser considerado um prejuízo. Algumas vezes deve ser considerado um custo. O papel do órgão licenciador é procurar minimizar ou compensar os efeitos adversos para o meio ambiente”, disse. revistaamazonia.com.br

Local do futuro empreendimento na Volta Grande e áreas de influências próximo a Altamira (PA)

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A 33ª sessão do IPCC lança relatório especial sobre fontes de energia renováveis Três quartos da energia mundial podem ser renováveis em 2050

Na sessão plenária de abertura Foto: Rudolph Hühn

A

s energias renováveis poderão garantir até três quartos do abastecimento energético mundial em 2050, segundo os cenários mais favoráveis de acordo com o relatório 164, divulgado recentemente, pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas – IPCC, em Abu Dhabi (Emirados Árabes). Numa avaliação da literatura científica disponível até agora, o painel da ONU avisa, porém, que são necessárias mudanças no sistema energético para que seja aproveitado o potencial de opções renováveis, como parques eólicos, painéis solares, biomassa ou barragens (hidrelétricas). Atualmente, as energias renováveis respondem por 12,9% da energia consumida no mundo. A maior parte desta fatia (60 por cento) corresponde ao uso de lenha e outras formas de biomassa nos países em desenvolvimento. O IPCC reviu 164 cenários sobre como pode evoluir a repartição do consumo energético mundial e concluiu que mais da metade aponta para um aumento da contribui-

Rajendra Pachauri, presidente, Renate Christ, Secretário e Serra Gaetano, Subsecretário, todos do IPCC

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ção das renováveis para 17 por cento em 2030 e 27 por cento em 2050. Os cenários mais favoráveis empurram as renováveis para 77 por cento do consumo mundial dentro de quatro décadas. O caminho até lá, porém, não é automático. O custo de muitas das tecnologias renováveis permanece acima dos preços da energia, “embora em várias circunstâncias as energias renováveis já sejam economicamente competitivas”, diz o IPCC, na síntese do seu relatório, aprovado

numa reunião com representantes científicos e governamentais, em Abu Dhabi. O diretor-geral da Irena (Agência Internacional de Energias Renováveis), Adnan Amin, afirmou: “Segundo o relatório, o desenvolvimento do setor da energia renovável é inevitável, já que desempenha um papel-chave no futuro para todo o planeta.” O documento, que foi elaborado por mais de 120 pesquisadores, analisa diversas medidas para desenvolver as

Durante a mesa-redonda sobre produção e consumo sustentáveis

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Solar vinculada a redes de distribuição (50%)

Eólica, aumento de 30%

novas fontes de energia renovável. Segundo o texto, está previsto que esse setor se desenvolva em meados deste século e que seu uso se multiplique de três a 20 vezes. O relatório destaca que em 2009 houve um notável aumento na produção de energia renovável: eólica (aumento de 30%), hidrelétrica (3%), solar vinculada a redes de distribuição (50%), geotérmica (4%) e solar para Os delegados na plenária de abertura

Geotérmica (4%)

Hidrelétrica (3%)

aquecimento de água (20%). Além disso, a produção de etanol aumentou 10%, e a de diesel, 9%. No documento, estima-se que os investimentos necessários para desenvolver este setor na próxima década devem ser de US$ 1,3 bilhão a US$ 5,1 bilhões. Abu Dhabi recebeu durante dez dias atividades relacionadas ao IPCC, que realizou a 33ª sessão de seu plenário, com a participação de mais de 600 delegados. As renováveis, têm um “potencial técnico” bem maior do que a procura de energia. Ou seja, teoricamente seriam Em Abu Dhabi (Emirados Árabes), a reunião do IPCC

suficientes para as necessidades energéticas globais. Mas será preciso investir em infraestruturas e adotar políticas apropriadas para que este potencial seja aproveitado. Os custos de tais investimentos são estimados pelo IPCC em um por cento do PIB mundial. Ao salientar o papel das renováveis, em oposição a combustíveis poluentes, como o petróleo e o carvão, o relatório do IPCC foi saudado por ambientalistas, que alertaram, no entanto, para uma alegada suavização da linguagem da síntese aprovada, por imposição dos países produtores de petróleo. “Todos os tipos de ‘poderão’ ou ‘deverão’ foram introduzidos”, disse Jean-Philippe Denruyter, dirigente da organização ambientalista WWF. “Mas não é um grande problema. Estamos muito satisfeitos quanto ao resultado”. O IPCC ao concluir sua 33 ª Sessão aprovou um conflito de interesses políticos e estabeleceu um Comitê Executivo, estendendo o mandato do Grupo de Trabalho sobre Conflitos de interesse político, a fim de desenvolver propostas relativas à execução e forma de divulgação , com vista a adotar uma decisão no IPCC 34. O Painel também decidiu trabalhar para a implementação das ações iniciais da Política do IPCC, o mais tardar no IPCC 35. O plenário concluiu o seu trabalho com uma performance musical de Francis Hayes, diretor da conferência. Francis Hayes, diretor da conferência, durante sua performance musical no encerramento do IPCC 33

A plenária de encerramento do IPCC 33 revistaamazonia.com.br

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ONU diz que “ecoagricultura” poderá duplicar produção alimentar nos países pobres estudo de Olivier de Schutter, relator especial da ONU sobre o direito à alimentação. Por um lado, os preços dos alimentos estão aumentando e, por outro, o modelo agrícola industrial está dependente dos custos do petróleo, salienta o estudo. A “agroecologia” poderá tornar as exploraçõesmais resistentes aos fenómenos climáticos extremos, como inundaçõesesecas,acrescentaorelatório. Até ao momento, os projetos de “ecoagricultura” em 57 países mostraram ganhos médios de 80 por cento, segundo o relatório. Projetos recentes em 20 países africanos resultaram numa duplicação das colheitas no espaço de três a dezanos. Entre os vários exemplos, centenas de agricultores quenianos estão plantando uma espécie vegetal que repele insetos nos campos de milho e plantando outra espécie que consegue capturar aqueles animais que prejudicamsuasculturas. Estas lições poderão ser aplicadas um pouco por todo o lado, considera o documento.“Uma agricultura ecológica forte pode aumentar significativamente a produção e, a longo prazo, ser mais eficaz do que a agriculturaconvencional”,disseDeSchutter. Os benefícios seriam maiores em“regiões sem grande aposta na agricultura, especialmente na África

O

Ecoagricultura duplica receitas e comida ...

Subsaariana”, comentou o especialista. “Existe também um número de experiências muito promissoras em váriasregiõesdaAméricaLatinaedaÁsia”,notou. “O custo da produçãode alimentos tem seguido de perto o custo do petróleo”, acrescentou. Tumultos no Egipto e Tunísia estão, em parte, ligados ao descontentamento com o aumento dos preços dos alimentos.“Se os preços dos bens alimentícios não forem controlados e as populações não forem capazes de se alimentarem... teremos cada vez mais Estados com instabilidade”, notou. Ainda assim, os países desenvolvidos terão mais dificuldades em passar rapidamente para esta “ecoagricultura”, tendo em conta a dependência de um modeloagrícolaindustrial.

Olivier de Schutter, relator especial da ONU sobre o direito à alimentação

Projetos recentes em 20 países africanos resultaram numa duplicação das colheitas no espaço de três a dez anos

s agricultores dos países em desenvolvimento poderão duplicar a produção alimentar no espaço de uma década se abandonarem os pesticidas e fertilizantes químicos e passarem para a agricultura ecológica,defendeumrelatóriodaONU. Plantas que capturam insetos no Quénia e patos que comem as ervas daninhas nos campos de arroz do Bangladesh são alguns dos exemplos do que pode ser feito para aumentar a produção alimentar num planeta que, em 2050, poderá chegar aos nove mil milhões de habitantes. “A agricultura está numa encruzilhada”, considera o 32 REVISTA AMAZÔNIA

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Um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado

C

erca de um terço dos alimentos produzidos no mundo para consumo humano, a cada ano – cerca de 1,3 bilhões de toneladas – se perde ou desperdiçada, de acordo com um estudo encomendado pela FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação em Roma – Itália, ao Instituto Sueco de Alimentos e Biotecnologia – SIK. O desperdício ocorre de forma diferenciada nos países 34 REVISTA AMAZÔNIA

ricos e nos pobres. Nos ricos, parte dos alimentos vai para o lixo antes do vencimento da data de validade, enquanto nos pobres o desperdício ocorre na fase de produção. Na América Latina, o maior índice de desperdício se dá na

produção de frutas e vegetais. Segundo a FAO, mais de 40% das frutas e vegetais produzidos são desperdiçados durante o processo de produção, pós-colheita e embalagem. Segundo o estudo, que foi elaborado entre agosto de 2010 e janeiro deste ano pelo instituto sueco SIK, 1,3 bilhão de toneladas de alimento são desperdiçados por ano. A quantidade equivale a mais da metade de toda a colheita de grãos no mundo. O estudo afirma que o mundo emergente e os países desenvolvidos desperdiçam aproximadamente a mesma quantidade de alimentos: 670 milhões de toneladas por ano nos países ricos e 630 milhões nas nações em desenvolvimento. Segundo o relatório da FAO, nos países ricos muitos alimentos vão para o lixo antes mesmo de expirar a data de validade. As médias de desperdício per capita também são muito maiores em países industrializados. Na Europa e América do Norte, cada pessoa desperdiça entre 95 a 115 quilos de alimentos por ano. Na África Subsaariana, a média per capita é de 6 a 11 quilos. O relatório destaca o impacto negativo do desperdício no meio ambiente. “Isso invariavelmente significa que grande parte dos recursos empregados na produção de alimentos é usada em vão, e que os gases que provocam o efeito estufa causados pela produção de alimentos que são perdidos ou desperdiçados também são emissões em vão”, afirma o relatório. O documento da FAO informa ainda que no mundo emergente o problema maior é a falta de estrutura produtiva. Já nos países ricos, o principal fator é o comportamento dos consumidores. A quantidade total de alimentos desperdiçados nos países industrializados apenas pelos consumidores (222 milhões de toneladas) é quase equivalente ao volume de alimentos produzidos na África Subsaariana (230 milhões de toneladas).

Bom uso aos alimentos que seriam jogados fora devem ser encontrados Organizações de caridade poderiam trabalhar com varejistas de recolher, e depois vender ou utilizar produtos que tenham sido eliminados, mas ainda em bons termos de segurança, sabor e valor nutritivo ..

Mudar as atitudes dos consumidores Os consumidores dos países ricos são geralmente estimulados a comprar mais alimentos do que necessitam. “Compre três, pague dois” as promoções são um exemplo, enquanto os grandes pronto-a-comer refeições produzidas pela indústria de alimentos são outra. Restaurantes freqüentemente oferecem buffets com preço fixo que estimulam os clientes a pilha dos seus pratos. De um modo geral, os consumidores não conseguem planejar suas compras de alimentos de forma adequada, o relatório encontrado. Isso significa que muitas vezes jogam comida fora “melhor antes”, quando as datas expiram. Educação nas escolas e iniciativas políticas são revistaamazonia.com.br


Percentagem da população de desnutridos

700

Europe North America, Oceania

600

Industrialized Asia Subsahara Africa

500

North Africa, West & Central Asia South & Southeast Asia

400

Latin America

300 200 100 0 Cereals

Root & tubers

Oilcrops & pulses

Fruits & vegetables

Meat

Fish

Dairy

Bom uso aos alimentos que seriam jogados fora devem ser encontrados

Os volumes de produção de cada grupo de commodity, por região (milhões de toneladas) Per capita food losses and waste (kg/year) 350

consumer production to retailing

300 250 200 150 100 50 0 Europe

North America & Oceania

Industrialized Asia

Subsahara Africa

North Africa, West & Central Asia

South & Southeast Asia

Latin America

Per capita, as perdas de alimentos e resíduos, o consumo e os estágios pré-consumo, em diferentes regiões

possíveis pontos de partida para mudar as atitudes dos consumidores, o relatório sugere. Eles também devem estar cientes de que, dada a limitada disponibilidade de recursos naturais é mais eficaz reduzir as perdas de alimentos que aumentar a produção alimentar, a fim de alimentar uma população mundial crescente. Os dados do relatório Perdas Alimentares Globais e Desperdício Alimentar foram discutidos no congresso internacional promovido pela FAO em Dusseldorf, na Alemanha, chamado Save Food, na Feira da indústria de embalagens internacionais Interpack 2011!

Esbanjamento de recursos

Food losses - Cereals 60% 50% 40%

Consumption

30%

Distribution Processing

20%

Postharvest

10%

Agriculture

0% Europe

North Industrialized Subsahara North Africa, America & Asia Africa West & Oceania Central Asia

South & Southeast Asia

Latin America

Comida perda e desperdício também constituir um grande desperdício de recursos, incluindo água, terra, energia, trabalho e capital e sem necessidade de emissão de gases com efeito de estufa, contribuindo para o aquecimento global e a mudança climática.

Parte da produção inicial perdidos ou desperdiçados em diferentes fases do FSC, para os cereais por regiões revistaamazonia.com.br

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por

Talita Cavalcante*

A biodiversidade deve fazer parte da rotina de todos Foto: Jefferson Rudy/MMA

A

ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou no dia Dia Internacional da Biodiversidade, que a discussão sobre o tema não está restrita à proteção de plantas e animais. “A sociedade brasileira tem que entender o que significa a conservação da biodiversidade no seu dia a dia”, defendeu. “É importante que cada um entenda o que significa biodiversidade e o que isso tem a ver diretamente com a qualidade de vida, qualidade do crescimento econômico e do desenvolvimento social do país”, completou a ministra. Nos últimos 20 anos, o Brasil perdeu cerca de 333 mil quilômetros quadrados de Floresta Amazônica. Mesmo com toda essa destruição, o país detém a quarta maior

área do mundo coberta por unidades de conservação – mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, o que equivale a 8,5% do território brasileiro. Segundo Rômulo Mello, presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), atualmente 10% de toda a biodiversidade brasileira é responsável por 50% dos fármacos e cosméticos produzidos no mundo inteiro. “Conservar a nossa biodiversidade é garantir o nosso futuro no ponto de vista ambiental e econômico porque, a partir dessa biodiversidade, podemos garantir a sustentação do ser humano na Terra”, completa Rômulo. Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, o grande desafio do Brasil é definir estratégias para os próximos anos, compatíveis com as metas internacionais aprovadas na 10ª Conferência das Partes sobre Diversidade Biológica (COP-10), que ocorreu em outubro de 2010 em Nagoia, no Japão. “Nosso compromisso é finalizar isso para a Conferência Rio+20, no ano que vem, para aprovar quais

Mundo comemora o Dia Internacional da Diversidade Biológica 36 REVISTA AMAZÔNIA

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Tartarugas desfrutam de um dia de primavera!

serão as estratégias e metas por meio de um amplo diálogo com a sociedade”, afirma. “Preservar a biodiversidade não é função só do governo, e sim de cada um de nós”, completa Bráulio. O Dia Internacional da Biodiversidade foi instituído pela Organizações das Nações Unidas (ONU) em 1993, originalmente em 29 de dezembro. A partir de 2000, a data passou a ser comemorada no dia 22 de maio. Biodiversidade é o termo usado para designar a variabilidade de organismos vivos (flora, fauna, fungos e micro-organismos) existentes no planeta e responsáveis pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. José Cardoso, da Justiça; Izabella Teixeira, do Ministério do Meio Ambiente, Fernando Bezerra, da Integração; e Nelson Jobim, da Defesa; e o secretário de Relações Institucionais da Presidência, José Élito Siqueira, durante reunião do Gabinete da Crise, trabalhando em tempo integral, com ações articuladas, para deter as tentativas em andamento e prevenir novos focos de desmatamento

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BNDES confirma viabilidade econômica e social da pesca e da piscicultura na Amazônia Foto: Renato Araújo/ABr

U

m projeto para aumentar o cultivo de pescado na Amazônia foi discutido entre o Ministério da Pesca e Aquicultura, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

e Social (BNDES) e representantes de nove estados. O BNDES que fez um estudo sobre o setor e está convencido de que a pesca e a piscicultura (criação de peixes) são rentáveis. “A pesca consegue atrair um setor forte e competitivo, além de fazer inclusão dos pequenos produtores. Gera emprego, renda e é uma atividade eficiente”, disse o coordenador do Departamento de Relações com o Governo do BNDES, Victor Alexander Contarato Burns. A ministra da Pesca, Ideli Salvatti, presente na reunião, É uma atividade ambientalmente sustentável porque é possível criar toneladas de peixes sem derrubar uma única árvore Ideli Salvatti, ministra da Pesca e Aquicultura, Ideli Salvatti e Antonio José Alves Junior, chefe do Departamento de Relações com o Governo do BNDES, entusiasmados com a pesca na Amazônia

acredita que a pesca também é uma atividade ambientalmente sustentável porque é possível criar toneladas de peixes sem derrubar uma única árvore. “Para produzir 200 quilos de carne de boi, você desmata 1 hectare. Se você colocar um 1 hectare de lâmina d’água, você produz algumas toneladas de peixe”. A produção da psicultura brasileira é, atualmente, de 1,2 milhão de toneladas. “Com 1% da lâmina d’água que tem hoje na Amazônia já daria [para produzir] 7,5 milhões de toneladas de peixe”. Além disso, o selo “peixe da Amazônia” pode agregar valor às exportações. A ministra espera ver o projeto de incentivo à pesca e à criação de peixes na Amazônia concluído até o fim do primeiro semestre.

Em um 1 hectare de lâmina d’água, você produz algumas toneladas de peixe 38 REVISTA AMAZÔNIA

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2º edição

26 a 28 de setembro de 2011

Centro de Convenções SulAmérica | Rio de Janeiro – RJ | Brasil

O ponto de encontro da cadeia de E&P, Naval e HSE Offshore para fazer negócios no Pré-Sal brasileiro

PALESTRANTES CONFIRMADOS Maurício Tolmasquim Presidente EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA

Arnaldo Jardim Deputado Federal CÂMARA DOS DEPUTADOS

Márcio Félix Secretário do Desenvolvimento GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

José Aníbal Secretário de Energia SECRETARIA DE ENERGIA DE SÃO PAULO

Fernando Fialho Diretor Geral AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS

Ariovaldo Rocha Presidente SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE

Augusto Mendonça Presidente ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE

Ricardo Peixoto Presidente PETROGAL

Fernando Siqueira Presidente ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS DA PETROBRAS

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Sustentabilidade

Rafting no Jalapão

Amazontech incentiva iniciativas empreendedoras na Amazônia Legal

O

Tocantins, Estado mais novo da federação, apresenta uma localização geográfica privilegiada por estar no centro do Brasil, fazendo divisa com cinco Estados, além de integrar a Amazônia Legal. Esse ambiente o torna economicamente competitivo em relação ao transporte de cargas para todo o país, seja pelas rodovias federais, transporte aéreo e muito em breve pela Ferrovia Norte-Sul. O turismo, a cultura e o artesanato encantam e atraem visitantes de todo o mundo. O Jalapão, com as dunas e lagos de águas cristalinas; a região das Serras Gerais e suas cidades históricas; as cachoeiras da região de Taquaruçu e as praias de água doce espalhadas pelo Estado, somados ao artesanato feito a partir do coco babaçu e do capim dourado, encontram-se num espetáculo único que combina belezas naturais e modernidade em um só roteiro. Enfim, um patrimônio natural a ser preservado e explorado de forma sustentável, da mesma forma que

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Palmas, a “capital das oportunidades”, sediará a sétima edição do Amazontech os demais Estados também apresentam suas riquezas e peculiaridades naturais. Palmas, a última capital do século 20, completamente planejada, é conhecida como uma terra de oportunida-

des, atrativa para migrantes e propícia ao aporte de novos investimentos. De acordo com o Censo Demográfico 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Palmas foi a capital brasileira que mais cresceu na última década. Em 2000 a cidade apresentava uma população de 137,355 habitantes, hoje, conta com mais de 228 mil habitantes. Diante desse cenário favorável, Palmas será palco, de 18 a 22 de outubro de 2011, da sétima edição do Amazontech, um programa multidisciplinar que, por meio do incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e à inovação, busca promover o desenvolvimento econômico sustentável da Amazônia Legal. O Espaço Cultural de Palmas e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos – Semasp serão preparados e adaptados para receber as principais estruturas do evento. O Amazontech é um Programa do Sebrae desenvolvido pelos Estados e Sebrae nas Unidades Federativas da Amazônia Legal, Sebrae Nacional, Governo Federal, Emrevistaamazonia.com.br


brapa, Universidades Amazônica e outros parceiros institucionais. Acesso a mercados, políticas públicas, responsabilidade sócio-ambiental e educação, com o propósito de assegurar competitividade e sustentabilidade fazem parte do conjunto de estratégias do programa. Para o diretor superintendente do Sebrae no Tocantins, Paulo Massuia, o Amazontech veio para cumprir seu

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papel estratégico de tornar-se um dos catalisadores da integração regional e da consolidação de um mercado para os produtos da Amazônia, focados nos pequenos negócios. “Mais que desejar um desenvolvimento sustentável em suas múltiplas dimensões, o que se propõe é que o conhecimento construído no Amazontech seja um processo promovido de dentro para fora, ou seja, da

Fábio Del Re

Cachoeiras do Jalapão

Amazônia para o mundo. O conhecimento deve ser gerado, fomentado e enriquecido aqui mesmo”, esclarece Massuia. Com o objetivo de divulgar o programa e captar parcerias e recursos, acontece em abril e maio visitas institucionais e lançamentos do Amazontech em Belém, São Luiz, Cuiabá, Porto Velho, Rio Branco, Boa Vista, Manaus e Macapá. Foram realizadas ainda visitas institucionais ao Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério do Desenvolvimento, Indústrias e Comércio Exterior, Ministério do Meio Ambiente, Embrapa e Organização do Tratado de Cooperação Amazônica – OTCA em Brasília. Estratégias de articulação institucional e de divulgação já estão em andamento com o intuito de mobilizar a participação de representantes dos oito países latinos que compõem a Amazônia Legal, sendo eles Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Tocantins, Roberto Pires, comenta que um dos grandes

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Sobre o evento

Cachoeiras do Jalapão

preensão profunda sobre as necessidades do setor produtivo no contexto da Amazônia Legal, que se destaca pela característica singular de conter o maior bioma de floresta tropical do planeta. A Amazônia brasileira ocupa 61% do território nacional, com seus 510 milhões de hectares, tem uma cobertura vegetal equivalente a 22% da reserva florestal do planeta e seu reservatório de água doce detém 20% do total disponível na Terra. Diante deste enorme potencial econômico e natural, o Amazontech visa encontrar novos rumos para a ciência, a tecnologia, a inovação e os pequenos negócios na Amazônia. O programa tem como proposta contribuir para a mobilização dos atores sociais da Amazônia em prol da integração de propósitos e esforços direcionados para a cons-

trução de um modelo de desenvolvimento fundamentado nas vocações sócio-econômicas e ambientais da região. Desta forma, serão trabalhados no programa sete eixos temáticos que abordam Tecnologias para o uso sustentável dos recursos naturais; Biotecnologia para a Amazônia; Desenvolvimento Sustentável para os pequenos negócios; Cidades inovadoras e sustentáveis e as oportunidades de negócios; Meio Digital, TIC e Sustentabilidade; Fontes alternativas de energia e Mudanças climáticas. Durante cinco dias os participantes poderão visitar a área de exposição de produtos, serviços e tecnologias, apropriados a negócios sustentáveis; dias de campo; vitrine tecnológica de produtos vivos; rodadas de negócios e de projetos; cursos, clínicas, oficinas, palestras, seminários;

Manoel Junior

O Amazontech surgiu como resultado de reflexão e com-

Arquivo Governo do Estado

destaques do Amazontech será a Vitrine Tecnológica da Embrapa. “Esta ação promete atrair empresários do agronegócio, estudantes do ensino fundamental, universitários e visitantes interessados em inovação e transferência de tecnologias voltadas para agropecuária. O público terá a chance de conhecer e vivenciar, na prática, o trabalho da Embrapa reconhecido mundialmente”, explica o presidente, acrescentando que já está em negociação com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado do Tocantins (Seagro) a realização do Congresso Amazônico de Apicultura da Região Norte, durante o Amazontech. Mila Jaber, diretora técnica do Sebrae Tocantins, conta que outra novidade que está sendo articulada é a programação cultural do Amazontech. “Nossa proposta é disponibilizar durante os cincos dias o melhor da cultura dos nove Estados. Para isso criamos um comitê gestor formado por representantes da Secretaria de Cultura do Estado do Tocantins, da Fundação Cultural de Palmas, do Serviço Social do Comércio (Sesc/TO), da Fundação Universidade do Tocantins (Unitins) e do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO)”, ressalta. Segundo a diretora, esse comitê terá a responsabilidade de definir o roteiro cultural do evento, bem como organizar o fórum que visa discutir e propor políticas públicas focadas no desenvolvimento da cultura amazônica, além de dar visibilidade às diversas manifestações culturais.

Dunas do Jalapão 42 REVISTA AMAZÔNIA

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Fernando Alves

Espaço Cultural

cozinha experimental; exposição multimídia “Amazônia Sustentável”; painel de oportunidades de negócios e investimentos na Amazônia, além do Prêmio “Amazônia Sustentável”.

Público-Alvo

Arquivo Sebrae

Fabio Del Re

Empresas do setor privado como indústria, comércio, serviço e agronegócios; instituições financeiras; organizações governamentais e não governamentais, nacionais e internacionais; instituições de ensino superior e comunidade acadêmica; instituições de ciência e tecnologia;

Roberto Carlos

Artesã Maria Sampaio Ponte FHC

organismos financiadores de Estudos, Pesquisas e Projetos, profissionais da imprensa, comunidade em geral e profissionais autônomos comprometidos com a sustentabilidade da Amazônia Legal.

Histórico O programa surgiu em 2001, por iniciativa dos agentes Sebrae da Amazônia Legal, executado em parceria com o Governo Federal, Embrapa, Governos Estaduais da Amazônia Legal e Universidades Amazônicas e outras instituições atuantes na região. Hoje, o Amazontech é um evento de projeção internacional, que ocorre a cada dois anos, sempre em um Estado brasileiro que compõe a Amazônia Legal. O programa já ocorreu em Roraima, Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Maranhão. *Assessoria de Imprensa do Sebrae/TO 0800 570 0800 - www.to.sebrae.com.br ou www.to.agenciasebrae.com.br revistaamazonia.com.br

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por

Carine Corrêa *

Atlas registra espécies da fauna ameaçada de extinção

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Atlas da Fauna Ameaçada de Extinção é uma obra que contém mais de 1300 registros sobre 314 espécies de animais em estado de risco no Brasil. O levantamento foi feito para avaliar a eficiência do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) na proteção de espécies que ocorrem em 194 unidades de conservação (UCs) federais do País. Produzido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o atlas foi lançado recentemente, na sede da instituição, em Brasília, com a presença do secretário-executivo do MMA, Francisco Gaetani, e do presidente do ICMBio, Rômulo Mello. Segundo Gaetani, desenvolvimento ambiental e conservação são desafios contemporâneos, e estas informações terão grande valia para todos os envolvidos nestas causas. “Quando os atores envolvidos no processo de conservação e a sociedade brasileira saem em defesa de sua biodiversidade, então percebemos que a proteção dessas numerosas espécies se torna uma prática de todos”, comentou o secretário. O presidente do ICMBio disse que a instituição tem o objetivo de se tornar um centro de referência em pesquisas no Brasil, e que ao divulgar as informações para toda a sociedade, o ICMBio pretende atrair a comunidade acadêmica para auxiliar >>

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RV MONDEL

Projeto Arara Azul A Fundação Toyota do Brasil preserva esta espécie.

Há 22 anos, aToyota participa ativamente do Projeto Arara Azul, promovido pelo Instituto Arara Azul: uma importante iniciativa que contribui para a preservação dessa espécie ameaçada de extinção. No início das ações, a população de araras era estimada em 1.500 aves. Atualmente, com o monitoramento constante de aproximadamente 3 mil araras que vivem em 364 ninhos espalhados por uma área de 400 mil hectares do Pantanal Sul Mato-Grossense, esse número aumentou para mais de 6 mil aves. Saiba mais sobre o Projeto Arara Azul no site: www.projetoararaazul.org.br

05 de junho - Dia Mundial do Meio Ambiente. Visite o site www.fundacaotoyotadobrasil.org.br

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na proteção da fauna ameaçada. “Este documento permitirá um avanço de forma qualificada no processo de conservação. Permite ainda à sociedade brasileira saber aonde estão as UCs e quais espécies estão vivendo nestes locais. Os dados contribuem ainda para a criação de UCs e para o reforço e implementação de pesquisas nestas áreas protegias”, afirmou Rômulo Mello. O presidente do ICM Bio, Rômulo Mello, fala durante lançamento do Atlas da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção em Unidades de Conservação Federais

Registros de espécies ameaçadas da fauna em UCs Federais por grupo biológico

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Gavião pombo

Mapeamento A obra aponta dados importantes para o mapeamento e a situação atual de inúmeras populações de animais em risco de extinção. Das 310 UCs federais, 198 já possuem registro de espécies ameaçadas. No bioma Pampa, por exemplo, mais de 60 destas já estão vivendo em áreas protegidas. Na Caatinga, das 43 espécies em extinção identificadas, 41 vivem em UCs. As aves e os mamíferos foram os mais elencados no livro. A publicação está disponível no portal do ICMBio, no formato PDF, e será distribuída para todos os centros de

Espécies extintas no Brasil que constam na lista de espécies ameaçadas (adaptado de Machado et al. 2008)

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pesquisas e UCs. Os interessados podem contactar a Coordenação Geral de Espécies Ameaçadas do instituto.

Revista e site

Arara-azul

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Foram lançados ainda, durante o evento, a revista eletrônica Bio Brasil, sobre biodiversidade brasileira, e o novo portal na internet do ICMBio (www.icmbio.gov.br). A revista Bio Brasil é voltada para a divulgação de informações técnico-científicas relativas ao conhecimento, manejo e conservação das espécies ameaçadas de extinção e das áreas protegidas federais. Acessando o novo site, o usuário poderá ter acesso a fotos e informações das 310 unidades de conservação federais existentes em todo o País. O Atlas foi elaborado pela equipe da Coordenação de Análise e Prognóstico da Biodiversidade – COAPRO.

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Serviço Florestal e FSC irão estimular boas práticas de manejo florestal Parceria contará com oficinas e capacitações sobre o tema. As iniciativas abrangem as concessões florestais e o manejo comunitário O acordo de cooperação técnica terá o objetivo de fortalecer a implementação das práticas de manejo em florestas nativas…

O

Serviço Florestal Brasileiro e o Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (Forest Stewardship Council - FSC Brasil) assinaram recentemente, um acordo de cooperação técnica com o objetivo de fortalecer a implementação das práticas de manejo em florestas nativas e de criar condições para que a sociedade tenha a garantia de produtos sustentáveis. A parceria prevê a realização de oficinas e capacitações sobre manejo e certificação voluntária, além da elaboração de material para explicar os procedimentos necessários para se tornar um produtor de madeira ou de produtos não madeireiros com os critérios reconhecidos para entidade. As iniciativas que se beneficiam com o acordo abrangem as concessões florestais e o manejo comunitário. “As concessões são uma oportunidade única de a certificação aumentar sua participação na Amazônia”, afirma o diretor-geral do Serviço Florestal, Antônio Carlos Hummel. Existem hoje mais de 1 milhão de hectares em diferentes estágios do processo de concessão na região Norte.

Antônio Carlos Hummel, diretorgeral do Serviço Florestal 50 REVISTA AMAZÔNIA

relação à sustentabilidade, o presidente afirma que falta madeira certificada no mercado. “Só 3% da produção na Amazônia é certificada.”

Comunidades

Para despertar vocações e mostrar as possibilidades profissionais em atividades sustentáveis na floresta

Segundo o presidente do FSC Brasil, Estêvão Braga, a parceria ajuda a harmonizar os esforços para promover o manejo ambiental, social e economicamente correto e aproxima duas ferramentas que incentivam o manejo florestal sustentável, as concessões e a certificação florestal. “A nossa ideia é que os concessionários, que já fazem o bom manejo florestal porque a regra pede isso, dêem um passo a mais e obtenham a certificação, que permite acessar mercados que só compram madeira certificada e também se diferenciar no mercado”, afirma Braga. Apesar de o consumidor estar cada vez mais exigente com

O acordo entre o Serviço Florestal e o FSC Brasil pretende estimular também o bom manejo florestal realizado por agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, que desempenham um importante papel para a conservação da floresta. “As comunidades manejam uma boa parte da região amazônica. Milhares de famílias vivem da floresta e a ideia é estimular o bom manejo dentro dessas áreas. As comunidades são, em última análise, os guardiões da floresta”, afirma Braga. No Acre, a certificação voluntária em uma cooperativa trouxe benefícios para a floresta e para a qualidade de vida das famílias, que tiveram um aumento médio de quase R$ 6 mil reais por ano na renda e que, em alguns casos, ultrapassou R$ 15 mil. Os produtos que eles comercializam obtêm maior valor agregado e mostram que a floresta em pé também gera riqueza.

Estêvão Braga, presidente do FSC Brasil revistaamazonia.com.br


A SBPC, a ABC e o Código Florestal Nota da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC) sobre a decisão da Câmara dos Deputados com relação ao Código Florestal

A •

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Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciência (ABC), tendo em vista a decisão majoritária da Câmara dos Deputados sobre o substitutivo do Código Florestal esclarecem que: • Nunca houve convite oficial por parte do Parlamento Nacional para que a ABC e SBPC, entidades representantes da comunidade científica brasileira, participassem das discussões sobre o substitutivo do código florestal. A participação ocorreu em função de uma demanda da própria comunidade científica que resultou na formação de um grupo de trabalho (GT) composto por cientistas das diferentes áreas abrangidas no código florestal. Os trabalhos foram iniciados no dia 07 de julho de 2010, e resultaram na publicação do livro O Código Florestal e a ciência. Contribuições para o diálogo, que foi lançado em Brasília, no dia 25 de março. Durante o período de trabalho, várias pessoas e entidades foram convidadas para dialogarem com o GT. Duas cartas foram produzidas e enviadas a todos congressistas e presidenciáveis alertando da necessidade de mais tempo para estudos aprofundados sobre os vários aspectos tratados no código florestal e seu substitutivo. Reconhecem a importância do agronegócio na produção de alimentos e na balança comercial brasileira, bem como a necessidade de que o desenvolvimento e a ampliação do agronegócio ocorram sem prejuízos à preservação e conservação dos recursos ambientais do País. Entendem que a agricultura familiar, responsável por 38,8% do valor bruto da produção agropecuária, representando 84,4% do número total dos estabelecimentos rurais que ocupam 24,3% da área agriculturável do Brasil, deve ter um tratamento especial por parte da legislação ambiental. Tratamento semelhante deve ser conferido às áreas consolidadas em ambientes urbanos e rurais que não provoquem degradação ambiental. Que o código florestal de 1965 (Lei 4771), apesar de construído com o aporte científico da época, necessita de aprimoramentos à luz da ciência e tecnologia disponíveis na atualidade. Ao mesmo tempo entendem que o Projeto de Lei nº 1.876 aprovado na Câmara dos Deputados também não resolve as necessidades de modificações na legislação anterior, pois o mesmo não contempla uma fundamentação científica e tecnológica. Que em função dos fatos expostos acima, a SBPC e ABC solicitaram mais dois anos para construção de um código florestal com base científica e tecnológica considerando aspectos jurídicos não punitivos e com equidade econômica, social e ambiental.

Desta forma, a SBPC e a ABC consideram precipitada a decisão tomada na Câmara dos Deputados, pois não levou em consideração aspectos científicos e tecnológicos na construção de um instrumento legal para o país considerando a sua variabilidade ambiental por bioma, interação entre paisagens urbanas e rurais que propiciem melhores condições de vida para as populações com uma produção agrícola ambientalmente sustentável. Esclarecem também que esta decisão não tem nenhum vínculo com movimentos ambientalistas ou ruralistas, pois o mais importante é a sustentabilidade do País. Reafirmam que estão dispostas a colaborar na construção de um código florestal/ambiental justo e que confiam que o Senado considere os aspectos científicos e tecnológicos na análise do substitutivo aprovado na Câmara dos Deputados. São Paulo, 25 de maio de 2011. Helena B. Nader, presidente da SBPC Jabob Palis Júnior, presidente da ABC José A. Aleixo da Silva, coordenador do GT revistaamazonia.com.br

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Conservação das Florestas O superintendente-geral da FAS, Virgilio Viana, apresentou, no último dia de evento, 26 de março, os resultados das discussões do workshop sobre conservação das florestas Foto: Felipe de Paula

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Fundação Amazonas Sustentável debateu a importância da conservação das florestas durante o 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade, realizado entre os dias 24 e 26 de março, no Hotel Tropical, em Manaus (AM), que teve como tema principal “Sustentabilidade Econômica, Ambiental e Social da Amazônia e do Planeta”. Além de Virgilio Viana, superintendente-geral da entidade, estiveram presentes Firmin Antonio, diretor da FAS, e Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho Administração da entidade e ex-ministro do Desenvolvimento. Durante o evento, foram realizados workshops para debater soluções para a Amazônia e o desenvolvimento sustentável. No último dia do Fórum, foram apresentados os resultados dos debates. Além de Viana,o presidente do Grupo SUSTENTAX, Newton Figueiredo, o superintendente da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani e o consultor ambiental Nelson Kawakami apresentaram as conclusões sobre os temas propostos: Água e Florestas, Construções Sustentáveis, Conservação das Florestas e Descarbonização da Economia. Virgilio Viana, superintendente-geral da FAS, apresentou, os resultados das discussões do workshop sobre conservação das florestas

Virgilio Viana apresentou as conclusões no workshop sobre conservação das florestas e, com o objetivo de trazer soluções para a Amazônia, Viana pontuou de forma objetiva quais são os produtos e serviços gerados pela floresta e que atinge os setores, por exemplo, regional e global. A biodiversidade, GEE, o carbono e temperatura e o ciclo hidrológico. Para a região local e regional, produtos da beleza cênica, recreação e turismo, água: purificação, sedimentos e fluxos. E somente na local, Viana ressaltou a importância de desenvolver as cadeias sustentáveis de 52 REVISTA AMAZÔNIA

produtos não madeireiros, maApresentadores dos Workshops: No último dia do Fórum, foram apresentados os resultados dos debates. Além de Viana,o presidendeiras e peixes de Igapó. te do Grupo SUSTENTAX, Newton Figueiredo, o superintendente da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani e o consultor ambiental Virgilio afirmou também que “ Nelson Kawakami apresentaram as conclusões sobre os temas propostos: Água e Florestas, Construções Sustentáveis, Conservação todos nós somos vilões em não das Florestas e Descarbonização da Economia usar a biodiversidade e não usar a sustentabilidade em nosso favor e a favor do planeta”. Sobre a discussão sobre o papel da valorização econômica dos serviços ambientais das florestas para o futuro da Amazônia, Viana enfatizou que empresas podem e devem fazer ações relacionadas ao fomento da qualidade de vida nas comunidades moradoras e ususustentabilidade. árias das unidades de conservação no Estado do AmaAlém disso, disse também, que os governos podem zonas. contribuir para viabilizar esta economia sustentável na Os co-fundadores da FAS são o Banco Bradesco e GoverAmazônia, como por exemplo, investindo em educação no do Amazonas, que doaram R$ 20 milhões cada um, e mudando a cultura nas organizações governamentais. em 2007, recursos aplicados em fundo permanente, “Um dado importante é que temos uma possibilidade no possibilitando que apenas os rendimentos sejam utilimercado de carbono muito interessante, pois, se reduzir- zados, garantindo assim que os projetos da FAS sejam mos as emissões de carbono nos próximos anos, econo- financeiramente sustentáveis em longo prazo. Em 2009, mizaremos 115 bilhões de toneladas de carbono”. a Coca-Cola Brasil tornou-se mantenedora da FAS, fazenPara concluir Virgilio Viana falou da importância de fazer do também uma doação de R$ 20 milhões. com que a floresta valha mais em pé do que derruba- Mais de 31 mil ribeirinhos residentes em cerca de 10 mida. “Não há como sustentar a Amazônia sem conseguir lhões de hectares são reconhecidos como “guardiões da retirar recursos com a floresta em pé. E o empresariado floresta”, responsáveis por conservar a floresta amazônica tem papel fundamental no estímulo e são beneficiados pelo Programa Bolsa Floresta (PBF) – da economia verde”. primeiro projeto do Brasil certificado internacionalmente Ao final da apresentação João Do- para recompensar e melhorar a qualidade de vida das ria Jr. ressaltou a importância dos populações pela manutenção dos serviços ambientais workshops, que considerou bas- “oferecidos” pelas florestas tropicais, reduzindo o desmatante construtivos e de acordo com tamento e valorizando a floresta em pé. o objetivo principal do evento que O PBF possui quatro componentes: o Bolsa Floresta Renera promover a difusão das práticas da (incentiva a produção sustentável), o Bolsa Floresta e mecanismos bem-sucedidos de Social (investe em educação, saúde, transporte e comudesenvolvimento sustentável na nicação nas unidades de conservação), o Bolsa Floresta Amazônia, demonstração do valor Familiar (beneficia famílias envolvidas na redução de econômico e ambiental da floresta desmatamentos) e o Bolsa Floresta Associação (auxilia em pé e suas implicações para a região e o mundo, além no fortalecimento de associações de moradores e proda criação de um compromisso político e empresarial move o controle social do programa). com o desenvolvimento sustentável do planeta.

Desenvolvimento Sustentável nas Unidades de Conservação A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) é uma instituição público-privada, sem fins lucrativos, não-governamental, que trabalha para promover o desenvolvimento sustentável, a conservação ambiental e a melhoria da revistaamazonia.com.br


OMGTOTAL


por

Newton Figueiredo*

Economia de Baixo Carbono, Verde ou Sustentável? Foto: Felipe de Paula

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o Fórum Mundial de Sustentabilidade ocorrido em Manaus, o Workshop intitulado “Descarbonização da Economia”, realizado em 25/03/11, com o objetivo de discutir essa questão sob o ponto de vista da sustentabilidade, no Brasil, teve a participação de mais de 100 pessoas (o Fórum como um todo recebeu mais de 700) que tiveram a oportunidade de ouvir o Professor Paul Younger, Presidente do Comitê Científico Global do Planet Earth Institute e Diretor do Newcastle Institute for Research on Sustainability e o empresário Roberto Klabin, Presidente da SOS Mata Atlântica. O Workshop teve ainda o patrocínio da Nossa Caixa Desenvolvimento que apresentou suas linhas de financiamento para projetos de sustentabilidade das empresas. O Professor Paul Younger fez uma exposição conceituada e precisa, apontando o seguinte em relação à origem das emissões e suas conseqüências: 1) Globalmente, as emissões estão totalizando algo como 38 bilhões de toneladas de C02 equivalente por ano; 2) A média mundial individual de emissões é estimada em 5,87 toneladas por pessoa por ano (t/p/a); 3) O Brasil encontra-se abaixo da média mundial com um consumo de 5,4 t/p/a; 4) Os grandes emissores de CO2 são os países da Organização para a Cooperação Econômica (OECD) que emitem, em média, mais do dobro da média mundial, com 13,8 t/p/a; 5) Um dos motivos para essas emissões elevadas é o consumo de energia per capita desses países. A média

mundial de demanda de energia é da ordem de 2kW por pessoa (kW/p). Na União Européia esse índice está por volta de 6kW/p e nos EUA de 12kW/p; e 6) Que não há dúvida de que as emissões artificiais de CO2 contribuem para o aquecimento global e que suas consequências socioeconômicas serão sentidas, predominantemente, nos países em desenvolvimento. Com base nos dados claríssimos apresentados pelo Professor Younger ficou evidente, como primeira conclusão, que a OECD deveria assumir, urgentemente, um papel de coordenação para que haja um efetivo comprometimento de seus membros para traçar um plano para a redução das emissões geradas e a mitigação de seus efeitos, para o bem da humanidade. O Professor Younger chegou a listar o que pode ser feito pelos grandes países emissores para alcançar uma economia de baixo carbono: –Substituir combustíveis fósseis (incluindo nuclear) por renováveis;

–Aumentar a eficiência na queima de combustíveis fósseis; –Aumentar a eficiência no uso das energias, independentemente de sua fonte; –Incorporar estratégias de mitigação de emissões de CO2. A segunda conclusão a que os participantes do Workshop chegaram foi a de que existem inúmeras formas dos países da OECD buscarem a redução de suas emissões para combater o aquecimento global. A terceira conclusão foi a de que um esforço brasileiro nesse sentido teria um efeito positivo de aumento de produtividade e competitividade na indústria, comércio e logística, e de redução em poluição nas cidades, mas teria efeito pequeno perto do esforço que necessita ser feito pelos países da OECD. O professor Paul Younger chegou a quantificar quanto custaria o esforço, especialmente, pelos países da OECD, para estabilização da quantidade de CO2 em 500 ppm (atualmente estamos em 392 ppm e antes da globaliza-

Globalmente, as emissões estão totalizando algo como 38 bilhões de toneladas de C02 equivalente por ano

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Newton Figueiredo

ção estávamos em 280 ppm): •Segundo o Relatório Stern, publicado originalmente em 2006 e revisado em 2008, este custo estaria ao redor de 2% do PIB mundial, o que equivaleria a 1/8 do que os países da OECD gastam com saúde. Ele mostrou que países como Noruega, Suécia, Dinamarca, Islândia e Alemanha têm dado bons exemplos de que é possível traçar planos e reduzir suas emissões. Com base nos dados e nas evidências, chegou-se a quarta conclusão de que é perfeitamente possível para os países da OECD fazerem um trabalho de redução de suas emissões para combater o aquecimento global. Falta a vontade política de fazê-lo, possivelmente alimentada por capitais socialmente irresponsáveis. Sobre o Brasil, o Professor Paul Younger registrou o papel claro de liderança do país com sua experiência em

Economia de Baixo Carbono, rumo à Economia Verde

bioetanol para o transporte e pela sua grande capacidade hídrica, finalizado sua explanação expondo, em sua visão, que o grande desafio para nosso país estará em encontrar o equilíbrio do desenvolvimento com metas ambientais e a eliminação da pobreza. Assim, refletindo e complementando essas primeiras conclusões do Workshop sobre descarbonização da economia, é válido destacar que: 1) O Brasil tem que concentrar seus esforços no corte de emissões via desmatamentos; 2) Os planos de redução de emissões brasileiros devem focar em melhoria da qualidade de vida para as populações urbanas, já que muito em breve teremos 80% de As emissões de CO2 contribuem para o aquecimento global e suas consequências socioeconômicas…

nossa população morando em cidades (poluição – ar, solo e água, permeabilidade do solo, controle de enchentes, urbanização sustentável...) e na preservação das nascentes e das matas ciliares; 3) As empresas brasileiras, operando em território nacional, devem concentrar seus esforços no sentido de melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas por suas atividades e buscar melhorar seus processos produtivos visando aumento de competitividade com responsabilidade socioambiental. A quantificação de suas emissões é algo secundário, a menos que esteja ligada a questões de poluição; 4) Nós brasileiros devemos encontrar nosso próprio caminho nos desapegando do jargão midiático importado: termo “Economia de Baixo Carbono” se aplica, perfeitamente, como nos mostrou o Professor Younger, aos países da OECD. A chamada “Economia Verde” tem seus adeptos focando as questões ambientais e deixando de lado o nosso grande problema de marginalização de boa parcela de nossa sociedade. 5) Nós brasileiros precisamos encontrar nosso próprio caminho para formularmos uma política de “Economia Sustentável” que leve à eliminação da miséria e à preservação dos interesses do nosso desenvolvimento com nossos excepcionais patrimônios relativos às seguranças alimentar, de energia e de água. (*) Fundador e presidente do Grupo SustentaX, que desenvolve, de forma integrada, o conceito de sustentabilidade ajudando as corporações a terem seus negócios mais competitivos e sustentáveis, identificando para os consumidores produtos e serviços sustentáveis e desenvolvendo projetos de sustentabilidade para empreendimentos imobiliários

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O prêmio foi entregue ao presidente do Banco, Abidias Junior, no Hotel SheratonAsunción, em Assunção, no Paraguai

Programa FNO-Biodiversidade do Banco da Amazônia recebe prêmio internacional ALIDE Verde

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Banco da Amazônia recebeu recentemente, o Prêmio internacional ALIDE VERDE, pelo trabalho desenvolvido com o programa FNO-Biodiversidade. A premiação ocorreu durante a 41ª Reunião Ordinária da Assembléia Geral da ALIDE (Associação Latinoamericana de Instituições Financeiras de Desenvolvimento), que reúne 80 membros da América Latina e Caribe. O prêmio foi entregue ao presidente do Banco, Abidias Junior, no Hotel Sheraton-Asunción, em Assunção, no Paraguai. O objetivo principal do prêmio ALIDE é parabenizar os bancos de desenvolvimento da América Latina e Caribe, que contribuem para o desenvolvimento econômico e

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social e que também visam ao progresso em conjunto com a preservação do meio ambiente. A categoria ALIDE Verde é destinada para instituições financeiras que aplicam programas de desenvolvimento sustentável. De acordo com Abidias Junior, os bancos de desenvolvimento são chamados para desempenhar um papel que contribua para a produtividade dos países locais de forma sustentável. Além disso, as práticas devem ser economicamente viáveis e socialmente justas. “Todas as instituições financeiras de desenvolvimento da América Latina e Caribe têm sido pioneiras nos Programas de Financiamento ao combate e à adaptação às mudanças climáticas. E com o FNO-Biodiversidade, o Banco foi re-

conhecido pela ALIDE”, explicou o presidente. O Programa de Financiamento para Manutenção e Recuperação da Biodiversidade Amazônica (FNO-Biodiversidade) do Banco da Amazônia tem como objetivo contribuir para a manutenção e recuperação da biodiversidade da Amazônia. Através do FNO-Biodiversidade, o Banco fornece a concessão de financiamentos para empreendimentos voltados para a regularização e recuperação de áreas degradadas, assim como para produtores rurais, extrativistas, pescadores artesanais entre outros, que utilizem os recursos naturais de forma racional, com a adoção de boas práticas de manejo. Com esse título, O Banco da Amazônia confirmou internacionalmente a sua posição de instituição que promove o desenvolvimento sustentável.

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Pássaros das cidades cantam mais para compensar o ruído

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s pássaros urbanos das regiões urbanas europeia, conseguem compensar os efeitos negativos do ruído da cidade, cantando mais tempo, para assim conseguirem compensar os efeitos negativos do ruído das cidades, principalmente do trânsito, concluiu um estudo espanhol publicado na revista “Behavioral Ecology”, de autoria dos pesquisadores Mario Díaz, Antonio Parra e Clemente Gallardo do CSIC (Conselho Superior de Investigações Científicas). “Estas aves podem gastar até mais 60 por cento do seu tempo, cantando em níveis de 70 decibéis. Mas, a partir desse nível, começam a cantar menos, provavelmente porque dedicar mais tempo ao canto pode interferir em coisas tão importantes como estar atento aos predadores”, explica o pesquisador Mario Díaz.. Segundo o estudo, os pássaros mudam os comportamentos rapidamente em função dos diferentes níveis de ruído. “Se é fim-de-semana, as aves cantam menos porque, geralmente, se registam menores níveis de ruído”, explicou Diáz ao jornal “El Mundo”. Além disso, o seu canto é mais agudo nas cidades do que em zonas menos urbanas. E quanto maior o nível de ruído, mais as aves cantam de noite. “Quase todas as previsões (sobre como as espécies respondem às alterações do ambiente) são bastante catastrofistas porque, no geral, não contemplam a flexibilidade dos organismos às mudanças no seu ambiente. Canto é mais agudo nas cidades do que em zonas menos urbanas

O nosso trabalho mostra que as espécies podem compensar estas variações através de comportamentos flexíveis. Mas só até certo ponto”, explica Diáz no comunicado publicado no site do CSIC. O canto das milheirinhas, espécie de origem mediterrânica, serve para sinalizar território e dissuadir possíveis adversários e para atrair fêmeas.

Resposta às mudanças globais Os ecos de investigação a crescente preocupação da sociedade sobre a possível resposta dos organismos às mudanças globais decorrentes da influência humana sobre o funcionamento do planeta. “Quase todas as previsões são bastante catastróficos, porque eles geralmente não fornecem a flexibilidade das agências a mudanças em seu ambiente. Nosso trabalho mostra que as espécies podem compensar essas mudanças, o comportamento flexível, mas só até certo ponto “, continuou Diaz. Até que ponto são eficazes as diferentes respostas dos seres vivos para o aumento dos níveis de ruído impostas pelas atividades humanas permitidas ao abrigo do presente inquérito, as previsões mais confiáveis sobre as mudanças futuras na distribuição dos organismos. Além disso, dizem os pesquisadores, os dados sobre a resistência ao ruído facilitar a prevenção das alterações comportamentais das espécies através da gestão do ruído ambiente. O canto, serve para sinalizar território, dissuadir possíveis adversários e para atrair fêmeas

Os pássaros mudam os comportamentos rapidamente em função dos diferentes níveis de ruído 58 REVISTA AMAZÔNIA

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OÊDEFENSORÊPòBLICOÊFEDERALʃÊAÊGARANTIAÊ DEÊDEFESAÊDOSÊSEUSÊDIREITOS.

OÊDefensorÊPœblicoÊFederalÊpromoveÊoÊacessoʈÊjustiçaÊaoÊcidad‹oÊ queÊn‹oÊtemÊcondiç›esÊdeÊpagarÊumÊadvogado,ÊcomÊassistênciaÊ jur’dicaÊintegralÊeÊgratuita.ÊComÊisso,ÊlutaÊpelaÊdefesaÊdaÊdignidadeÊ humanaÊ eÊ contribuiÊ comÊ aÊ reduç‹oÊ dasÊ desigualdadesÊ sociais.

AÊJUSTI‚AÊ AOÊALCANCEÊ DEÊTODOS.

S ai b a on d e e n c o n t r a r a D e f e n s o ria Pública da União m a i s p róxi m a d e v o c ê n o s it e w w w. a n a d e f . o rg . b r revistaamazonia.com.br

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por

Wallace Abreu *

Pesquisa estuda o som dos animais

A técnica conhecida como Bioacústica é utilizada por poucos pesquisadores brasileiros Fotos: Alexandre Fonseca, Eric Gaba, Fernando Trujillo, Jone César

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ara se comunicar o homem moderno se utiliza de palavras. Quando criança se comunica através de gestos, comportamentos ou produção de sons como o choro. E os animais? Como fazem para se comunicar? O cachorro late. O gato mia. Mas o que eles estão querendo dizer com estes sons? Esse é o objeto de estudo da Bioacústica, técnica aplicada ao estudo da comunicaçãosonoradediferentesgruposdeanimais. Os animais utilizam-se da comunicação sonora para informar a indivíduos da mesma espécie ou a espécies diferentes sobre comportamentos que estão prestes a manifestar, por exemplo: quando estão com fome; para alertar quando algo em seu meio natural está diferente, como forma de proteção à caça predatória; no momento doacasalamentoouquandoestãoirritados.

OestudodaBioacústicavemganhandograndedestaque nos laboratórios, pois pode aumentar o conhecimento sobre as características de determinados animais, além de ser uma forte ferramenta na preservação e conservação de diferentes espécies. Trata-se de uma técnica ainda recente no Brasil, quando comparada a outrospaíses. “A coleta dos sons dos animais é feita pela utilização de gravadores e microfones ou hidrofones (dependendo do objetivo da pesquisa e do tipo de animal que está sendo estudado).Apósacoleta,asgravações sãopassadaspara um computador. Para as análises são utilizados programas ou softwares específicos de áudio”, revela a biólogaLouzamiraBiváqua. Esta técnica vem sendo utilizada pelo Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), em parceria com a AssociaçãoAmigosdo Peixe-boi (Ampa), que conta com o apoio da Petrobras. O intuito é conhecer melhor as característicasdosmamíferosaquáticosdaAmazônia. Os primeiros experimentos da técnica, orientados pela coordenadora do LMA, Vera da Silva; foram feitos com Peixes-bois da Amazônia (Trichechus inunguis)

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Durante as gravações os pesquisadores utilizam planilhas com informações comportamentais dos animais estudados no momento que o som está sendo produzido

peixes-bois da Amazônia (Trichechus inunguis), realizados em 1999, pela então aluna de mestrado Renata Souza Lima. Em 2009, a também aluna de mestrado Giovana Dantas, deu continuidade às pesquisas. Atualmente, o trabalho vem sendo desenvolvidoporBiváqua. Os estudos são realizados com peixes-bois que vivem no Parque Aquático Robin C. Best do Inpa. Segundo Biváqua,osdadoscoletadoscom essaspesquisaspodem servir para auxiliar os cientistas a entender o comportamentodoanimalemvidalivre. “Constatamos que os peixes-bois da Amazônia são bastante ativos em termos de produção de som durante o período noturno, o que pode ser uma ferramenta que nos dê condições para que possamos melhorar os estudos em ambiente natural. Essa técnica nos ajuda a conhecer melhor as características destes animais que são discretos e vivem em ambientes de difícil visibilidade”,comentaBiváqua. Durante as gravações em cativeiro, a maioria dos pesquisadores utiliza planilhas com informações comportamentais dos animais estudados no momento revistaamazonia.com.br


A coleta dos sons dos animais é feita pela utilização de gravadores e microfones, na Bioacustica da AMPA

queosomestásendoproduzido. Através da produção sonora, os peixes-bois são capazes de reconhecer os outros indivíduos da mesma espécie o que evidencia que cada animal possui uma característica sonora individual (assinatura vocal). A comunicação sonora é o principal meio de comunicação do peixe-boi da Amazônia e é muito importante, principalmente, no contato mãeefilhote. “Sabemosqueexisteumaprendizadovocal. Percebemos que filhotes nascidos em cativeiro, tendem a aproximar suas características sonoras com as características sonoras da mãe. Isso é importante porque se em um determinado ambiente existirem muitas mães com filhote, ela não desperdiçará energia amamentando outrascriasalémdasua”,explicaBiváqua. Avanços O investimento em novas tecnologias vem permitindo

que as pesquisas científicas possam avançar a largos passos. No LMA, a técnica da Bioacústica também já foi aplicada a estudos feitos com as ariranhas (Pteronura brasiliensis), botos-vermelhos (Inia geoffrensis) e tucuxis(Sotaliafluviatilis). Os estudos com golfinhos amazônicos foram realizados no sistema hídrico da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), distante da capital

Botos-vermelhos (Inia geoffrensis)

Tucuxis (Sotalia fluviatilis)

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Amazonense cerca de 700 km, pelos pesquisadoresVera da Silva, Jeffrey Podos e Marcos Rossi-Santos. Por meio da pesquisa, eles observaram que as vocalizações produzidas pelo boto-vermelho têm uma estrutura diferente dos típicos assobios emitidos por outros golfinhos. Já as observações feitas com ariranhas, coordenadas pelo pesquisador Fernando Rosas, vice-coordenador do LMA, foram realizadas com animais em cativeiro, no Parque Aquático Robin C. Best do Inpa e no Centro de Preservação e Pesquisa de Mamíferos Aquáticos (CPPMA), situado na área de atuação da Usina Hidrelétrica de Balbina – Presidente Figueiredo - AM. O estudo, realizado pela MSc. Monica Machado descreveu o padrão sonoro da espécie, associando-o ao comportamentoapresentadodurante a emissão de cada tiposonoro.

Ariranhas (Pteronura brasiliensis)

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Energia elétrica inteligente chega ao consumidor em 2012 Medidores modernos exibirão os gastos em tempo real e terão nova tabela de tarifas, mais altas no horário comercial

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modernização dos medidores de energia do País deve começar a ser feita entre o final de 2012 e o começo de 2013. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pretende aprovar a regulamentação para a troca dos atuais modelos, analógicos, por novos, digitais, nos próximos meses. “A meta da diretoria colegiada é dar o parecer neste semestre”, disse o diretor da agência, André Pepitone da Nóbrega. A tecnologia – batizada de “smart grid”, ou “rede inteligente” – , permite ao consumidor acompanhar em tempo real os gastos com energia por hora e ao longo do mês. Uma vez regulamentada, a migração começa a ser feita em 18 ou 24 meses. A partir de então, os novos equipamentos a serem instalados já serão digitais. O governo espera que o consumidor possa reduzir a con-

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ta de luz por meio do gerenciamento do uso. Além disso, a Aneel vai alterar a regulamentação da tarifa horária, criando horas mais caras (comerciais) e mais baratas (de madrugada, por exemplo). O intuito é ajudar a desafogar o sistema energético do País. Testes já estão sendo feitos em algumas cidades do País. Em Minas Gerais, a concessionária Cemig realiza um projeto-piloto em Sete Lagoas. Na cidade de São Paulo, a AES Eletropaulo iniciou em março testes em duas mil residências no bairro Ipiranga. Em Parintins (AM), outro projeto-piloto está sendo desenvolvido.

“Net zero”

pelo calor do sol e pela força do vento, com carros sendo recarregados na garagem com horário programado, Empresas de tecnologia já vislumbram o passo seguinte. e sem conta de energia para pagar. Para um país que Projetam casas funcionando a partir de energia gerada enfrentou blecautes há pouco tempo, como o Brasil, parece ficção científica. Mas, segundo Fernando Rodriguez, gerente de Desenvolvimento de Negócios de Smart Grid da GE, a tecnologia para isso já existe. “O consumidor será capaz de produzir e vender energia a partir de seu domicílio para as concessonárias distribuidoras de energia. Será um grande benefício tanto para o consumidor quanto para o País, que introduzirá uma maior porcentagem de energia renovável na matriz energética. A tecnologia para implementação da microgeração distribuída já está disponível”, disse Rodriguez. A casa “net zero” seria integrada por “eletrodomésticos inteligentes”, uma estação de recarga de veículos elétricos e um centro de controle - os medidores digitais. Neste cenário avançado, explica Rodriguez, “as residências teriam impacto energético nulo”. Para isso, seriam necessários, dentro de cada casa, um sistema de comunicação, ferramentas de gestão para geração distribuída e um painel Linhas de transmissão de energia revistaamazonia.com.br


O consumidor será capaz de produzir e vender energia a partir de seu domicílio para as concessonárias distribuidoras de energia

solar ou uma microcentral eólica. Rodriguez acredita que o governo deva dar facilidades aos consumidores para equiparem suas casas. “Frequentemente os governos fornecem estímulos tributários para que se instalem estas fontes distribuídas de maneira a ‘limpar’ a matriz energética e postergar investimentos”, disse.

Casa “net zero”

Custos A Aneel estima que cada medidor inteligente custará entre R$ 200 e R$ 300. Mas a modernização do sistema envolve também a troca da infraestrutura das concessionárias, dos equipamentos da rede de distribuição de energia, das chaves, transformadores, medidores e religadores. Ainda não há estimativa oficial para esses gastos. Mas governo e empresas desenvolvedoras de tecnologia defendem que é possível fazer a migração sem onerar o consumidor. Primeiro, porque a nova tecnologia reduziria as perdas durante a transmissão de energia. Segundo, porque o custo operacional também seria reduzido, uma vez que o religamento de energia nas residências dispensaria a necessidade do deslocamento físico de uma equipe. Tudo seria feito através de computadores. “Temos a expectativa de que o consumidor não seja onerado”, disse Pepitone.

As residências teriam impacto energético nulo… revistaamazonia.com.br

Um dos modelos de medidor inteligente de energia REVISTA AMAZÔNIA 63


Luz para Todos já beneficiou mais de 2 milhões de pessoas na região Norte

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Programa Luz para Todos, do governo federal, já levou o acesso à energia elétrica para 13,6 milhões de pessoas em todo o Brasil. Só na região Norte mais de 522 mil famílias foram atendidas. Isso significa que 2,6 milhões de nortistas desfrutam agora da energia elétrica em suas casas. Até o momento, os investimentos contratados na Região pelo Governo Federal chegam a R$ 3,3 bilhões para a realização das obras do Luz para Todos. O restante dos investimentos, cerca de R$ 1 bilhão, tem participação das concessionárias de energia elétrica e dos governos estaduais. O Programa é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, operacionalizado pela Eletrobrás e desenvolvido em parceria com os governos dos estados, as concessionárias de energia elétrica e as cooperativas de eletrificação rural. Do total de R$ 2,4 bilhões liberado pela União para as obras em andamento na região nordeste, R$ 2,1 bilhões foram a fundo perdido. A utilização de recursos públicos subvencionados pelo Governo Federal visa diminuir o valor de possíveis aumentos para os consumidores. Além do benefício direto do acesso gratuito à energia elétrica, o Ministério de Minas e Energia, em pesquisa de avaliação do impacto do Programa realizada em âmbito nacional, identificou benefícios indiretos, entre eles, a movimentação da economia fora do ciclo de obras de construção de redes elétricas. Os dados apontados pela pesquisa indicam que 79,3% dos entrevistados adquiriram televisores e 73,3% passaram a ter geladeiras. Sem falar nas que compraram liquidificadores, ventiladores, bomba d’ água etc. 4,8% das famílias afirmaram que voltaram ao campo depois da chegada da energia. Isso significa que 130,7 mil famílias, cerca de 653,5 mil pessoas, saíram dos grandes centros retornando ao meio rural. Casos de sucesso após a chegada da energia elétrica acontecem por todos os cantos do país. No estado de Roraima, por exemplo, a escola Francisco Lino Nogueira, localizada no município de Mucajaí, foi beneficiada pelo Programa. A realidade para os 22 alunos com idade entre 4 e 11 anos era bem diferente antes da chegada da eletricidade. A professora Eva Santos Oliveira sabe o que é trabalhar sem a energia elétrica. “A interação com os alunos era bastante limitada. Não era possível passar um documentário na TV, tocar uma música, tudo pelo simples fato de

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não ter energia por aqui”. Hoje as mudanças são explícitas. Apesar de a escola ainda não ter televisão nem aparelho de som, os professores levam os seus próprios equipamentos para melhorar a aula das crianças. “Muitas famílias ainda não têm televisão e na escola as crianças têm a oportunidade de assistir a um desenho, um filme ou documentários”, diz a professora. Agora, o que a professora e os alunos aguardam é a chegada de um freezer para ajudar na merenda escolar. Como a localidade produz polpas de frutas, a escola vai começar a receber polpas para reforçar o lanche da criançada. “Vamos oferecer aos alunos sucos de mamão, cupuaçu, melancia e melão. Vai ser uma grande ajuda”, diz Eva, referindo-se às facilidades que virão com a chegada do freezer. “A água vai ser gelada e nas comemorações que fazemos na escola poderemos servir refrigerantes e sucos gelados”. A energia elétrica, fundamental para o funcionamento de uma escola, ilumina as salas de aula e faz funcionar equipamentos eletrônicos, como o DVD e a televisão, que são utilizados para enriquecer a aprendizagem dos alunos. Sem falar da geladeira, que armazena a merenda escolar, do bebedouro com água gelada, do ventilador, entre outras coisas. Confortos que ajudam a melhorar o rendimento dos estudantes. De norte a sul do país, muitas mudanças estão aconte-

Só na região Norte mais de 522 mil famílias foram atendidas

cendo na zona rural. Mudanças proporcionadas a partir da chegada da energia elétrica, melhorando a qualidade de vida e oferecendo mais dignidade aos moradores do campo.

Como pedir a Luz O morador do meio rural que não possui energia elétrica em casa e não fez seu pedido ainda, deve procurar o escritório ou representante da concessionária que atende a sua região e solicitar a instalação da luz. A prioridade das obras é definida pelo Comitê Gestor Estadual e o cronograma, pela concessionária de energia elétrica.

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Folha artificial pode gerar energia

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m pedaço de silício do tamanho de uma carta de baralho, quatro litros de água, um catalisador e o Sol é tudo o que é preciso para dar energia barata a uma casa ao longo de um dia. A mini-obra de engenharia foi apresentada recentemente pelo químico do MIT Daniel Nocera na Reunião Anual da Sociedade Americana de Química, na Califórnia. O processo assemelha-se ao que acontece nas folhas das árvores. As plantas utilizam a energia do Sol para produzir compostos orgânicos, um processo chamado fotossíntese. Durante este processo conseguem hidrolisar a água – transformar uma molécula de água (H20) em oxigénio e hidrogénio – e libertam oxigénio. A folha artificial da equipe de Nocera é também capaz de hidrolisar a água. É feita de três bandas de silício. O material tem que estar submerso em água e diretamente exposto ao Sol. Quando isso acontecer, capta a energia do Sol, o que provoca a hidrólise da água. O começo da reação acontece devido a um catalisador que a equipe desenvolveu e está presente na folha de silício. Depois, é necessário recolher este hidrogénio e oxigénio para produzir eletricidade a partir de células de combustível. O que ainda não foi desenvolvido. “Tem que haver algum truque de engenharia para recolher os gases que vêm do silício”, disse Nocera durante a apresentação. “Ainda não sabemos como é que isso se faz.” O conceito não é novo. O primeiro aparelho semelhante O processo imita o que se passa nas folhas das plantas, para gerar energia pela fotossíntese

foi construído em 1998 por John Turner, do Laboratório Nacional de Energias Renováveis dos Estados Unidos, em Boulder, no Colorado. “Mas usava materiais realmente caros”, disse Nocera. “Coisas que a NASA utilizaria.” Neste caso os materiais são mais baratos e não é necessária água pura. “Pode-se usar água vinda da natureza, o que é muito importante em partes do mundo em que é caro obter este tipo de água”, disse. A equipe já testou durante 45 horas seguidas as placas de silício e elas mantêm a mesma atividade. De acordo com o cientista, este sistema é capaz de converter 5,5 por cento de energia do sol em combustível de hidrogénio. Segundo os cálculos, serão necessários 3,78 litros de água para gerar energia para uma casa durante um dia. Para já, o catalisador desenvolvido para estas folhas ar-

Pesquisadores do MIT tornam possível a construção do mais eficiente sistema artificial que imita a forma como as plantas colhem a energia da luz solar através da fotossíntese.

Combustíveis solar através da fotossíntese artificial O processo assemelha-se ao que acontece nas folhas das árvores

tificiais já vai ser utilizado para dar energia no terceiro mundo através dos painéis solares convencionais que ficam mais baratos com esta nova tecnologia. O grupo internacional Tata, sediado na Índia, já fez um contrato com Nocera e está interessado na tecnologia. “No final de 2011, vamos ter protótipos destes painéis, provavelmente na Índia”, disse o químico.

Daniel Nocera e o novo processo para armazenar a energia solar revistaamazonia.com.br

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Energia solar pode ser possível sem células solares Nova forma surpreendente de captar energia pela luz é descoberta

U

m dramático e surpreendente efeito magnético da luz pode gerar energia solar sem as tradicionais células solares fotovoltaicas. Os pesquisadores descobriram uma maneira de construir uma “bateria óptica”. “Você pode olhar para as equações de movimento durante todo o dia e você não vai ver essa possibilidade. Todos aprendemos na escola que isso não acontece”, conta Stephen Rand, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. “É uma interação muito estranha. É por isso que ela passou batida por mais de 100 anos”, diz ele.

Nanotubos de carbono (CNTs) são estruturas tubulares, utilizados nas experiências

Magnetismo da luz A luz tem componentes elétricos e magnéticos. Até agora, os cientistas acreditavam que os efeitos do campo magnético da luz eram tão fracos que eles poderiam ser ignorados. Magnetismo da luz é medido diretamente pela primeira vez. O que Rand e seus colegas descobriram é que, na intensidade certa, quando a luz viaja através de um material que não conduz eletricidade, o campo de luz pode gerar Cientistas descobriram que o magnetismo da luz pode ser milhões de vezes mais forte do que o previsto pela teoria atual

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efeitos magnéticos que são 100 milhões de vezes mais fortes do que o anteriormente esperado. Nestas circunstâncias, os efeitos magnéticos da luz apresentam uma intensidade equivalente à de um forte efeito elétrico. “Isso pode permitir a construção de um novo tipo de célula solar sem semicondutores e sem absorção para produzir a separação de cargas”, afirma Rand. “Nas células solares, a luz entra em um material, é absorvida e gera calor”. “Aqui, esperamos ter uma carga térmica muito baixa. Em vez de a luz ser absorvida, a energia é armazenada como um momento magnético. A magnetização intensa

pode ser induzida por luz intensa e, em seguida, é possível fornecer uma fonte de energia capacitiva”, explica o pesquisador.

Retificação óptica O que torna isto possível é uma espécie de “retificação óptica” que nunca havia sido detectada, afirma William Fisher, coautor da pesquisa. Na retificação óptica tradicional, o campo elétrico da luz provoca uma separação de cargas, distanciando as cargas positivas das negativas no interior de um material. Isto cria uma tensão elétrica, semelhante à de uma bateria. revistaamazonia.com.br


Imagem: D. van Oosten/AMOLF

Este efeito elétrico só havia sido detectado em materiais cristalinos, cuja estrutura atômica apresenta uma certa simetria. Rand e Fisher descobriram que, sob certas circunstâncias, o campo magnético da luz também pode criar retificação óptica em outros tipos de material.

Bateria solar “Acontece que o campo magnético começa desviando os elétrons, forçando-os a assumir uma rota em formato de C, e fazendo-os avançar aos poucos”, disse Fisher. “Esse movimento das cargas em formato de C gera tanto um dipolo elétrico quanto um dipolo magnético”. “Se pudermos configurar vários desses elementos em linha ao longo de uma fibra poderemos gerar uma tensão enorme; extraindo essa tensão, podemos usar a fibra como uma fonte de energia”, explica ele. Para isso, a luz deve ser dirigida através de um material que não conduz eletricidade, como o vidro. E ela deve ser focalizada a uma intensidade de 10 milhões de watts por centímetro quadrado. A luz do Sol sozinha não é tão intensa, mas o cientista afirma que seu grupo está procurando materiais que trabalhem com intensidades mais baixas. Por outro lado, concentradores solares de alta eficiência já conseguem aumentar a concentração da luz em quase 2.000 vezes. “Em nosso trabalho mais recente, mostramos que uma luz incoerente como a luz solar é teoricamente quase tão

Colocando o "magnético" de volta no "eletromagnético". Neste esquema, uma onda de luz estacionária é gerada no interior de uma cavidade fotônica, com picos de campo magnético (azul) e elétrico (vermelho). Os pesquisadores caracterizaram o campo magnético com uma sonda equivalente a um anel metálico.

Um efeito dramático e surpreendente magnético da luz descoberto pela Universidade de Michigan

Os pesquisadores descobriram uma maneira de fazer uma bateria de ondas eletromagnéticas

eficiente em produzir a separação de cargas quanto a luz de um laser”, disse Fisher.

Do laser ao Sol Segundo os pesquisadores, esta nova técnica poderia tornar a energia solar mais barata. Eles preveem que, com materiais melhores, será possível revistaamazonia.com.br

William Fisher, um estudante de doutorado em física aplicada, realizando pesquisa sobre o magnetismo induzido por laser

alcançar uma eficiência de 10 por cento na conversão da energia solar em energia utilizável. Isso é praticamente equivalente à eficiência das células solares vendidas no comércio hoje, embora já existam células solares muito mais eficientes em escala de laboratório. “Para fabricar as células solares modernas, você precisa de um enorme processamento dos semicondutores”, defende Fisher. “Tudo o que nós precisamos são lentes para focar a luz e uma fibra para guiá-la. O vidro é suficiente para essas duas tarefas. Cerâmicas transparentes poderiam ser ainda melhores.” A seguir, os pesquisadores vão trabalhar na transformação da luz em eletricidade usando uma fonte de raios laser. A seguir eles trabalharão com a luz solar. Recentemente, outro grupo de cientistas construiu um metamaterial capaz de interagir com o campo magné*SOPREN / SOMRAMES e SOPREN /UFPA tico da luz. REVISTA AMAZÔNIA 67


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Mayara Brilhante*

Mulheres transformam tradição indígena em fonte de renda, na Amazônia Foto: José Gomes

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Corredor Ecológico da Amazônia Central abriga um grupo de mulheres ribeirinhas que mantêm viva a tradição indígena do artesanato produzido com fibras e corantes da floresta. A arte de confeccionar cestas e demais objetos de decoração com fibras naturais foi passada de geração a geração e, hoje, vem se consolidando como um produto de destaque na região, com mercado local e nacional, além de ser uma fonte de renda para famílias ribeirinhas. São 21 mulheres que fazem parte do Grupo de Mulheres Artesãs do Setor Coraci, uma região que reúne cinco vilarejos localizados dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Amanã (RDSA). A reserva situa-se no Médio Solimões, a 630 quilômetros de Manaus (AM). Fundado no ano de 2001, a história do grupo está diretamente relacionada ao resgate da cultura do teçume (termo coletivo para produtos feitos com fibras e teçarias). Pela tradição indígena, a arte do teçume é restrita às mulheres mais antigas da comunidade, as quais possuíam o conhecimento e a técnica necessária para elaboração das peças. Com a união da comunidade e o auxílio dos técnicos e pesquisadores da RDSA, a cultura do teçume foi valorizada e regatada, sendo organizada de forma coletiva e sustentável. Desde a fundação do grupo, as artesãs também contam com o apoio do Instituto Mamirauá, por meio do Programa de Artesanato, que acompanha a trajetória das mulheres e oferece diversas oficinas para aperfeiçoamento das técnicas utilizadas, bem como para ajudá-las em atividades de pesquisas voltadas para organização do grupo e apoio à comercialização dos produtos. Nos anos seguintes à fundação do grupo de mulheres, segundo relata a pesquisadora do Instituto Mamirauá, Marília Sousa, a abertura do ecoturismo na Reserva de Amanã e Mamirauá abriu mercado para as cestarias, cujo crescimento em termos de produção e técnica permitiram a consolidação de uma fonte de renda para as famílias habitantes da localidade. 70 REVISTA AMAZÔNIA

“A produção também foi ganhando mais detalhes, expressando a riqueza e a beleza amazônica. A demanda cresceu ao longo dos anos, o grupo diversificou a produção e as peças ganharam modelos, tamanhos e formatos diferentes”, reforça Marília Sousa.

urucu (Bixa orelana L). Os grafismos utilizados destacam a fauna e a flora da região, retratando a afinidade das artesãs com o meio ambiente.

Respeito à natureza

Em 2005, com a entrada do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Amazonas (Sebrae no Amazonas), juntamente com o Programa de Artesanato do Instituto Mamirauá, as artesãs receberam mais apoio para aperfeiçoar as técnicas artesanais. Diversos cursos e oficinas nas diversas áreas como design, mercado, tintura, entre outros resultaram no refinamento das técnicas empregadas e no aumento da produção. “Fizemos um trabalho que envolvia desde a organização do grupo de mulheres às noções e técnicas de empreendedorismo”, lembra o técnico do Sebrae no Amazonas, José Gomes, que liderou o trabalho na comunidade. A partir desta iniciativa do Sebrae, destaca Gomes, o grupo começou a demonstrar perfil empreendedor, participando de feiras e eventos em diversos estados pelo País. Ao todo, foram nove exposições realizadas em Manaus (AM), Rio de Janeiro (RJ), Minas Gerais (MG) e São Paulo (SP). As peças foram se destacando a cada evento, ganhando repercussão nacional e firmando parceria com lojistas de diversos estados. “A participação do grupo nesses tipos de eventos fez com

Marília Sousa explica que toda a matéria prima necessária para elaboração do artesanato é retirada da floresta de maneira sustentável e depende das condições climáticas da região, uma vez que a vegetação varia nos períodos de cheia e vazante dos rios amazônicos. “Conhecedoras do ambiente em que vivem, as artesãs extraem a matéria prima respeitando o ciclo de crescimento e maturação das plantas e sabem quais estão aptas para serem utilizadas na fabricação do artesanato”, esclarece a pesquisadora. Em sua arte do teçume, as artesãs utilizam a tala de cauaçú (Calathea lútea) e o cipó-ambé (Philodendron sp) para produzir peças tradicionais o balaio (espécie de cesto), a peneira, vasos, tupés e outras peças sofisticadas e usuais como porta lápis, porta revistas, porta jóia, petisqueira e jogo de mesa. Todas as peças são tingidas com corantes naturais, utilizando plantas nativas como o crajiru (Arrabidea chica Vert), safrôa (Cucuma longa L), anil (Indigofera anil L) e

Espírito Empreendedor

Mostrando seus produtos, a tala de cauaçú e o cipó-ambé revistaamazonia.com.br


que o interesse pelo sucesso aumentasse, aperfeiçoando cada vez mais a produção das peças, o que garantiu às artesãs o mérito de três prêmios nacionais”, conta José Gomes. Em 2005, o grupo ganhou o IV Concurso Latino Americano de Empreendimentos Exitosos Liderados por Mulheres. Em 2008, o prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato Brasileiro, qualificando as peças do grupo entre os 100 melhores artesanatos do Brasil. Já em 2009, recebeu o Prêmio Cultura Populares, promovido pela Secretaria da Identidade e Diversidade do Ministério da Cultura, fazendo com que o trabalho das artesãs passasse de simples alternativa de renda extra para status de objeto cultural.

Na arte do teçume, as artesãs utilizam a tala de cauaçú e o cipó-ambé para produzir o balaio, a peneira, vasos, tupés e outras

Mulheres de Fibras Por razões comerciais, no ano de 2008, segundo diz a pesquisadora Marília Sousa, o grupo passou a ser denominado de Teçume da Amazônia, nome que caracteriza o lugar de onde pertencem e o que fazem (os teçumes são confeccionados com fibras vegetais). Atualmente, tudo o que as artesãs produzem é vendido na própria Reserva para os turistas e no município de Tefé (localizado a 520 quilômetros de Manaus), Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo, atendendo às pequenas encomendas logísticas. “O resgate da cultura artesanal levou muitas oportunidades para essas mulheres, além de ser uma alternativa de renda extra. O artesanato é a marca da identidade de um grupo de ribeirinhos e caboclos, oriundos de uma miscigenação entre povos da Amazônia”, ensina a pesquisadora. Marília revela que as mulheres que fazem parte do grupo também desempenham atividades agrícolas e pesca, além dos afazeres domésticos. “São mulheres persistentes, solidárias e preocupadas com a vida de seus filhos e maridos, e com a vida da comunidade. O orgulho em realizar um trabalho que tem repercussão nacional, aumentou a auto-estima de cada uma”, enfatiza Marília.

Trabalhando a tala

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Parte das mulheres que fazem parte do Grupo de Mulheres Artesãs do Setor Coraci Teçumes confeccionados com fibras vegetais

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Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Amanã O site do Instituto Mamirauá informa que a Reserva Amanã foi criada em 1998. Trata-se de uma unidade de conservação estadual que tem como objetivo conservar a biodiversidade aliada ao desenvolvimento sustentável das populações locais. Localizada entre as bacias do médio Rio Negro e baixo Japurá, consiste em uma área de 2.313.000 hectares e faz fronteira com os municípios de Marãa, Coari, Codajás e Barcelos. A RDSA situa-se no Corredor Ecológico da Amazônia Central e está conectada com a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (RDSM), e o Parque Nacional do Jaú, formando um dos corredores ecológicos do mundo no que se refere à floresta tropical protegida, com mais 5,7 milhões de hectares. Os habitantes e usuários da RDSA giram em torno de 3,3 mil pessoas, formando 514 domicílios distribuídos em 69 comunidades. A economia é baseada na agricultura, pesca e extrativismo vegetal e animal. Uma parte da produção é destinada ao consumo familiar e outra à comercialização no mercado local. O grupo de 21 mulheres artesãs pertence a cinco comunidades distintas na Reserva Amanã, são elas: São João do Ipecaçu; Vila Nova do Coraci; Matuzalém; Iracema; e São Paulo do Coraci. O coletivo está integrado à Associação dos Produtores do Setor Coraci (APSC), onde estão envolvidos pescadores, agricultores e artesãos locais. Serviço: Os produtos artesanais podem ser encontrados nas lojas de souvenirs dentro da RDSA. As encomendas são realizadas através da gerente de vendas, Nezimar Oliveira, pelo telefone (97) 9902-9392 ou (97) 8116-1908 e pelo e-mail tecumedaamazonia@gmail.com. Os preços das peças artesanais variam de R$ 5 a R$ 180. Para mais informações sobre a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Amanã, acesse www.mamiraua.org.br

Olhem como se faz … 72 REVISTA AMAZÔNIA

Corredor Ecológico da Amazônia Central

A Reserva da Biosfera da Amazônia Central está localizada na área do Projeto Corredor Ecológico Central da Amazônia, no interior do Estado do Amazonas. A Reserva tem por elemento estrutural de seus territórios o conjunto de Áreas Protegidas contínuas, formado pelo Parque Nacional do Jaú, pela Estação Ecológica de Anavilhanas, pelas Reservas Ecológicas do Rio Negro, Javari-Solimões e de Juami-Japurá, pela Reserva Biológica de Uatumã, pela Floresta Nacional de Tefé e pelas Reservas de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e Amanã, entre outras de menor extensão territorial. Seu principal objetivo é o da conservação dessas porções estratégicas de cobertura florestal, de imensa biodiversidade. Uma importante iniciativa que patrocina é o do apoio ao reconhecimento da importância estratégica da sabedoria das populações tradicionais para o conhecimento dessa diversidade biológica e de seus usos terapêutico e com outras finalidades. Com isso, a par de promover a exploração econômica de seus produtos madeiráveis, pelo manejo sustentável de suas Florestas Nacionais, apóia as atividades para a conservação da biodiversidade, para o fortalecimento da bioprospecção, da biotecnologia e de bionegócios. revistaamazonia.com.br


por

Gladson Cameli*

O desenvolvimento sustentável da Amazônia

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Amazônia é a mais vasta e a mais rica região do País em recursos naturais. Maior reserva de biodiversidade do mundo, a Floresta Amazônica é também o maior bioma brasileiro em extensão, estando presente em quase metade do território nacional. São mais de quatro milhões de quilômetros quadrados, que ocupam a totalidade de cinco unidades da Federação – Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima –, grande parte de Rondônia e mais da metade de Mato Grosso, além de parte do Maranhão e do Tocantins. A floresta abriga 2.500 espécies de árvores, o que corresponde a um terço da madeira tropical do planeta, e 30 mil das 100 mil espécies de plantas que existem em toda a América Latina. A fauna que habita a região é extraordinariamente rica. Na Amazônia, vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies existentes no planeta. Mais do que uma floresta, a Amazônia é também o mundo das águas onde cursos de rios, alguns com volume gigantesco, se comunicam e periodicamente sofrem a ação das marés. A Bacia Amazônica – a maior bacia hidrográfica do mundo, com 1.100 afluentes – cobre uma extensão aproximada de 6 milhões de quilômetros quadrados. Seu principal rio, o Amazonas, corta a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando no mar, a cada segundo, cerca de 175 milhões de litros de água. Não é pequeno, no entanto, o impacto que o ecossistema provoca no clima global. A região amazônica fornece grande parte do vapor d’água que se transforma em chuva em outras regiões do planeta. Além disso, a floresta, além de ser fonte expressiva de carbono, devido aos desmatamentos, como tem sido amplamente denunciado por organizações daqui e do resto do mundo, também é um sumidouro do gás. Estima-se que a Amazônia tenha a capacidade de “limpar” até cerca de 600 milhões de toneladas de carbono da atmosfera por ano. Esse serviço de faxina atmosférica, por assim dizer, é de enorme relevância em um mundo em que nos preocupamos tanto em mitigar as mudanças climáticas. A importância da Amazônia para a humanidade não

Gladson Cameli, presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, em audiência com nossos diretores, Ronaldo e Rodrigo Hühn revistaamazonia.com.br

O deputado Gladson Cameli presidindo sessão da CAINDR, sobre o Código Florestal, quando o deputado Aldo Rebelo fazia seu pronunciamento

está apenas no papel que desempenha para o equilíbrio ecológico mundial. A região é berço de inúmeros povos indígenas, e sua riqueza cultural inclui o conhecimento tradicional sobre os usos e a forma de explorar esses recursos sem esgotá-los nem destruir o hábitat natural. Não é de causar surpresa, pois, que a Amazônia tenha se tornado foco de atenções da comunidade internacional nas últimas décadas. A região constitui-se, hoje, em um complexo espaço multidimensional, plasmado por forças, movimentos e atores transnacionais. Esse megabioma, maior fronteira de recursos naturais do planeta, tem uma importância fundamental na gestação de um novo modelo de civilização, e cabe a nós equacionar o desafio de promover a utilização racional de sua biomassa, conciliando desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente nos planos local, nacional, regional e global. Apesar disso, e do interesse mundial sobre as florestas tropicais, ainda não conseguimos garantir integralmente sua preservação e uso racional. Um dos equívocos mais comuns tem sido a transposição, para lá, de modelos de desenvolvimento de outras regiões, com consequências catastróficas para o ambiente e para os habitantes. O desmatamento desordenado de grandes áreas eliminando as reais opções de renda e a melhoria da qualidade de vida dessas populações é condenável sob todos os aspectos. Sem um correto diagnóstico ambiental e socioeconômico da região, continuaremos privilegiando modelos que, além de baixo potencial de emprego, estimulam o êxodo rural e desconsideram as riquezas ambientais e economias da região. Temos que admitir que, apesar de todos os esforços do Governo nesse sentido, a abundância e a extraordinária riqueza dos recursos naturais da Amazônia ainda não

foram revertidas em melhoria da qualidade de vida dos amazônidas. A imensa riqueza natural da Amazônia constitui um inestimável patrimônio científico, tecnológico, econômico e cultural que precisa ser conhecido, preservado e explorado racional e criteriosamente. Paradoxalmente, essa biodiversidade tão rica e valiosa, a maior reserva genética do mundo, é também a menos conhecida pela humanidade, e cabe a nós conhecê-la e preservá-la. A Amazônia merece ser tratada com mais respeito e seriedade por todos os responsáveis por sua preservação, e isso só acontecerá quando tivermos para ela um projeto de longo prazo, fundamentado em estudos sérios e com investimentos compatíveis com o tamanho da tarefa. Nenhuma região deve ser privada da utilização dos próprios recursos naturais. A exploração dos recursos amazônicos por seus habitantes é legítima, portanto, mas deve ser norteada pela conscientização, por parte de todos os que lá vivem e atuam, de que os recursos naturais, por mais abundantes que possam parecer, não são inesgotáveis. Como presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional e, sobretudo, como amazônida que ama a região onde nasceu e conhece bem as dificuldades enfrentadas por seus habitantes, tenho dedicado cada instante do meu mandato à missão de encontrar caminhos para promover, efetivamente, o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Afinal, o que está em jogo é um patrimônio de valor incalculável, único e insubstituível, de importância fundamental para o equilíbrio da vida no planeta, que temos o dever de preservar sem que isso represente uma condenação à miséria para sua brava população. *Deputado Federal (PP-AC) – Presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional (CAINDR) REVISTA AMAZÔNIA 73


por

Eunice Venturi*

Crianças da boca do Mamirauá

O ABC agora é regional

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de avião, b de bola, c de casa. As tradicionais palavras-chaves, utilizadas em métodos de alfabetização, estão sendo substituídas por outras, bem conhecidas de crianças de comunidades da região do Médio Solimões, no Estado do Amazonas. Agora elas iniciam sua vida, no mundo das palavras, soletrando a de aracu, b de bodó, c de curimatá, entre outras. A nova metodologia foi disseminada aos professores por meio da distribuição das cartilhas “Peixes da Amazônia”, produzida pela Sociedade Civil Mamirauá, em cinco módulos, com apoio do Instituto Mamirauá e patrocinada pela empresa ExxonMobil. O projeto foi idealizado pela bióloga amazonense Elizabeth Gama, educadora ambiental do Instituto Mamirauá desde 1993, mas quem contou essa história foi a socióloga Edila Moura, coordenadora do convênio Sociedade Civil Mamirauá/ExxonMobil. “O objetivo do projeto é trazer aos professores e estudantes das escolas rurais e urbanas uma metodologia de aprendizado que enfatizasse os aspectos socioambientais da região amazônica, em especial da região do Médio Solimões, proporcionando elementos para uma reflexão crítica sobre a relevância da

conservação do ecossistema amazônico”, explicou. Moura organizou uma expedição para a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, entre os dias 3 e 5 de maio, visando acompanhar os resultados já obtidos com o uso das cartilhas. A equipe visitou o município de Uarini, sua sede, e as comunidades rurais Boca do Mami-

rauá, Sítio Fortaleza e Punã. Uarini possui cerca de 10 mil habitantes, área de 1.024.622 hectares, sendo 18,37% deste território dentro da Reserva Mamirauá. A primeira comunidade visitada foi a Boca do Mamirauá, que fica a uma hora da cidade de Tefé, seguindo de voadeira pelo rio Solimões. Há três anos lecionando,

Cartilhas de uso diário 74 REVISTA AMAZÔNIA

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Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

a professora Eluana Gomes diz que seu maior desafio é conseguir material didático. “Antes, os materiais que nós utilizamos traziam o b de boi ou u de uva, por exemplo. Agora podemos utilizar as cartilhas que foram feitas especialmente para nós, para as nossas comunidades”, explicou a professora, cuja meta agora é aprender todo o conteúdo das cartilhas, para falar muito bem sobre os “Peixes da Amazônia” aos seus estudantes.

Em Uarini, educadores compartilham resultados Cerca de 200 estudantes se reuniram no pátio da Escola Municipal Carlos Braga, dia 4 de maio, para mostrar algumas das atividades já desenvolvidas com o uso da série de cartilhas “Peixes da Amazônia” aos integrantes da expedição organizada pela Sociedade Civil Mamirauá. Música, dança, teatro e leitura de poesias foram algumas das ferramentas utilizadas pelos professores para transmitir o que acontece em sala de aula. Quem mais se destacou, pela emoção, foi Luiza Luna, que tornou-se professora por influência do pai, e cuja satisfação é vivenciar momentos como esse, quando os alunos conseguem comunicar o que lêem, porque tiveram um bom aprendizado. “O nível de leitura ainda não é adequado, mas a luta é esta: oferecer o maior número possível de materiais para estimular o aprendizado”, acrescentou emocionada. Luna foi convidada pela Secretaria de Educação Estudante Luzivaldo

de Uarini para disseminar o material na cidade. “Quando fizeram o convite, eu achei que fosse um material a mais, como a gente costuma receber. Mas a coleção “Peixes da Amazônia” é especial, pois contempla a realidade das nossas crianças. Logo que eu vi, me apaixonei, pois eu sempre tive o desejo de ter um material regional. Felizmente, agora nós temos”, declarou. De acordo com a diretora, Maria José Machado da Silva, o uso da cartilha é mais uma ferramenta de educação ambiental. “Nós sempre precisamos de um material deste porte, que contemplasse as informações regionais. Agora, nós deixamos de adotar as palavras-chaves estrangeiras, substituindo-as pelas nossas palavras, ou seja, pela nossa cultura”. Segundo a socióloga Edila Moura, coordenadora do convênio Sociedade Civil Mamirauá/ ExxonMobil, o uso das palavras regionais não significa que o estudante deixará de aprender sobre outras culturas e regiões. O material apresentado será o contato mais concreto com sua realidade e também sua interconexão com o mundo.

Estudar para realizar sonhos Manuela, 4 anos, quer conhecer Manaus e tornar-se professora. Eldivanda, 10 anos, pretende formar-se em direito e “ajudar os outros”. Nesse universo, de sonhos e planos, estudantes das duas escolas de Punã, no município de Uarini, receberam a expedição Sociedade Civil Mamirauá/ExxonMobil para um evento, dia 04 de maio. Em Punã, vivem cerca de 600 moradores, que há um mês passaram a ter energia elétrica 24 horas por dia. Segundo Lenilda Fragosso de Oliveira, diretora da Escola Municipal Professor São Luiz Gonzaga, os

28 professores da unidade escolar foram capacitados para o uso das cartilhas. “O material agora é uma referência e a receptividade dos alunos está sendo excelente, pois eles aprendem a partir de conteúdos Edila Moura, socióloga regionais”, divulga. A Sociedade Civil Mamirauá manterá o professor Josenildo Frazão da Silva acompanhando o uso diário das cartilhas. “Com esse acompanhamento, que será executado ao longo de 2011, nós vamos conversar mais e aperfeiçoar o trabalho sempre que as ideias forem surgindo”, planeja Josenildo. A expedição encerrou na quinta-feira, dia 5, na sede do Centro Itinerante de Educação Ambiental e Científica (Cieac), do Instituto Mamirauá, com a presença dos “Jovens Olhares”, os adolescentes que fizeram parte de projetos de educação ambiental desenvolvidos entre 2003 e 2010. O estudante de biologia, Luzivaldo Castro

Crianças da comunidade Punã

dos Santos Júnior, falou do significado do projeto para sua vida: “O projeto tomou boa parte da nossa infância, da nossa adolescência. Nós conhecemos as reservas e foi uma oportunidade de comprometimento com a conservação do meio ambiente. Somos muito gratos por tudo”.

Comunidade Boca do Mamirauá revistaamazonia.com.br

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Futuro agora! Pesquisadores estão procurando soluções para questões candentes sobre o futuro. O projeto multimídia "future now" mostra como cientistas alemães respondem aos desafios do futuro. Em foco, a internacionalidade da pesquisa alemã e o significado do país como centro de pesquisas

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Deutsche Welle apresenta 20 projetos que irão mudar nossas vidas já a partir de agora e não num futuro muito distante. Em cinco línguas (alemão, inglês, espanhol, chinês, russo, árabe e indonésio), os trabalhos de pesquisa de cientistas alemães serão enfocados em formatos para a tevê, rádio e o site "future now". Os projetos buscam soluções para questões palpitantes do futuro que envolvem o meio ambiente, a saúde, a mobilidade e a comunicação. Em foco, estão perguntas sobre o futuro: Como será nossa vida? De que forma nos comunicaremos? Que meios haverá para a locomoção? Como será a cura de doenças?

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Saúde

Poucos campos de pesquisa nos oferecem mais esperanças e expectativas do que a própria medicina. Será o envelhecer um processo reversível? Nós poderemoscurardoençasagoramortais? O projeto "future now" apresentamétodosmodernos do 76 REVISTA AMAZÔNIA

mundo todo: na China, células-tronco servem como modelo para desenvolver novos tratamentos de doenças congênitas. Em Munique, investiga-se como o implante de chips pode curar ou melhorar o desempenho cerebral de pessoas saudáveis. Já pesquisadores de Jena e Munique apresentam um método revolucionário para o diagnóstico prematuro de Alzheimer. Em Heidelberg, vírusserãoaliadosnabatalhacontra tumores.

} Mobilidade

No mercado de trabalho do futuro, as pessoas precisarão de flexibilidade. O "future now" mostra projetos como o desenvolvimento, em Colônia, de aviões silenciosos livresdeemissão,à base decélulasdecombustão.Outras pesquisas tematizam automóveis que se dirigem sozinhos, a extração de gás natural, ou ainda o armazenamento de CO2 no fundo do mar da Nova Zelândia.

} Comunicação

Como se desenvolvem os meios de comunicação, que estão cada vez mais rápidos, complexos e onipresentes? O "future now" mostra que o futuro do processamento de dados começou já há muito tempo: com transmissões, através da luz, de imensas quantidades de dados ou com diodos orgânicos emissores de luz, que revistaamazonia.com.br


transformamasparedesdoquartoemgrandesdisplays.

} Meio Ambiente

O "future now" apresenta abordagens inovadoras na preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Como aumentar a resistência de plantas cultiváveis

através dos genes de plantas do Himalaia e, com isso, a resolver os problemas de alimentação do mundo? Como bactérias luminosas controlam a qualidade da água potável em Bangladesh? Como pesquisadores alemães querem garantir o abastecimento de água e de energia degrandesmetrópoles?

} Portal multimídia

Como se fosse um "laboratório do futuro", a webpage "future now" (www.dw-world.de/futurenow), apresenta em sete línguas, conteúdosde texto, imagem, áudio e vídeo. Reportagens e webdocumentários interativospermitemaprofundarostemas.

Biônica: A partir de pés peludos de alta tecnologia Sempre quis saber como os insetos podem andar sobre as janelas e lagartixas em tetos, sem cair? Um cientista alemão e sua equipe estão tentando encontrar as respostas.

Plantas geneticamente modificadas resistem a seca O Himalaias é o lar de plantas que podem resistir a condições climáticas extremas. Elas poderiam ajudar na tomada de culturas tão resistente e, portanto, mais resistentes à mudança climática? Isso é o que um projeto Indo-Alemã pretende descobrir. revistaamazonia.com.br

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Dados à velocidade da luz Um cientista alemão diz que a luz é a chave para o futuro de transferências de dados em alta velocidade

Meu querido robô Investigação em curso poderá transformar os robôs a partir de dispositivos, para tarefas repetitivas e inteligentes, como máquinas de vida. Uma série de perfis em curso de 20 projetos científicos, Future Now estão trabalhando para trazer-lhe todos os detalhes sobre o futuro da robótica.

Olhando para a doença de Alzheimer no olho: Existem atualmente acredita-se que cerca de 35 milhões de pessoas sofrem do mal de Alzheimer em todo o mundo. É um número assustador que, à luz das nossas sociedades o envelhecimento tende a aumentar exponencialmente nas próximas décadas. Especialistas dizem que o número poderá dobrar ou mesmo triplicar até o ano 2050. O diagnóstico é um momento traumático para as vítimas e suas famílias, porque até agora não há cura. Mas uma equipe de cientistas de Munique estão trabalhando para mudar isso. Os doentes de Alzheimer têm as funções celulares essenciais e a comunicação dificultada entre as células nervosas. Conseqüentemente, as células cerebrais começam a morrer e o cérebro encolhe até 20 por cento, dependendo da ferocidade da doença. Os pacientes perdem a memória, perdem a noção do tempo e do espaço e tem dificuldades com a existência no dia-a-dia. Em suas últimas fases, a doença tiras suas vítimas de suas personalidades, e colocá-los na necessidade de cuidado à volta do relógio.

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Arsênico na água potável Um biossensor relativamente barato e simples poderia deixar milhões de pessoas beberem água contaminada com arsênico.

Água e resíduos em megacidades As populações urbanas em países emergentes, aumentam a um ritmo acelerado, o abastecimento de água e infra-estrutura de gestão de águas residuais e de esgoto, ficam prejudicados. Cientistas alemães vão mostrar uma solução para melhorar a gestão em cidades em expansão.

LEDs orgânicos Díodos emissores de luz tão fina e flexível que pode ser enrolada poderá em breve virar toda a parede em um display eletrônico

Problemas de diagnóstico

Um dos principais problemas tem sido sempre o diagnóstico. O cérebro é bom para compensar o esquecimento e confusão – os sinais típicos de demência – e pode acompanhar o ato, até por duas décadas. Até o momento a extensão do problema é revelada através de testes sem fim, caros tomógrafos de ressonância magnética e os procedimentos de medicina nuclear, como muitos, um terço das células do cérebro podem ter sido destruídas. E isso é demais para reverter os danos causados. Com sede em Munique, o neuropatologista Jochen Herms e sua equipe de 20 pesquisadores estão trabalhando para um meio mais simples de diagnóstico, que consistem em nada mais do que olhar no olho do paciente. A teoria de Herms é de que a retina de quem sofre de Alzheimer apresentam anormalidades que podem ser rastreadas até os processos cerebrais relevantes, longo tempo antes que os sintomas típicos da doença de Alzheimer comecem a levantar suas teias. A partir daí, a doença pode ser tratada antes que ocorram danos irreversíveis. O cientista está trabalhando atualmente em descrever e provar a ligação entre as alterações da retina e do cérebro. Sua investigação o leva à experiência no cérebro e da retina, com amostras de pacientes com Alzheimer e em ratos falecidos e geneticamente alterados por Alzheimer's.

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por

Camilo M. Vianna e Walter Chile R. Lima *

Amazônia:

Preservação da Biodiversidade Bosque Comunitário Aproveitando capoeiras, pontas de mato remanescentes, que foram enriquecidos com essências florestais nobres em circuitos Pan-Amazônicos realizado no Império Tropical das Amazônia vem despertando grande interesse de prefeitos, vereadores, grupos comunitários, pescadores, ribeirinhos, entre outros, por ser fato concreto em relação à preservação da biodiversidade.

tividades que dizem respeito à preservação da biodiversidade amazônica, destacadas pela Sopren e outras entidades associadas são relacionadas a seguir:

Lançamento Ciliar Depois do atendimento médico-social, com a participação do Departamento de Estradas de Rodagem do Pará (DER), em Pequenas Comunidades, onde existiam também, rios e igarapés, escolas, a meninada era estimulada, com a distribuição de bombons e biscoitos, a participar do lançamento de sementes selecionadas pela engenheira florestal Noemi Leão, da EMBRAPA. A aceitação foi excelente. As sementes eram entregues aos professores e alunos que com grande satisfação participavam desta atividade conservacionista de maior importância para a manutenção da biodiversidade brasileira.

Bombardeio Ciliar Passo adiante de experiência foram usados pequenos aviões cedidos pelo Aero Clube do Pará e, graças a interferência da FAB, resultante dos contatos com o Brigadeiro, aeronaves foram utilizadas em diferente oportunidades. Além dessa colaboração contou-se ainda com a participação do SIVAN-SIPAN para seleção das áreas a serem bombardeadas, principalmente em ilhas localizadas ao redor de Belém. Na última década a atividade foi reforçada com a colaboração da comunidade Israelita da Sociosfera Amazônia – CISA, grande parceira da SOPREN. Operação Moises Consistiu em lançamento de sementes de Tachi Preto, Andiroba, Açaí, Paricá e, prioritariamente de espécies provenientes do mangue, ecossistema sob risco de extinção, e outra em áreas previamente selecionadas. O lançamento era feito em diversos pontos da região, com destaque para as zonas Bragantina, Guajarina e Salgado Paraense. Com o passar do tempo os próprios pescadores, lavradores e ribeirinhos davam prosseguimento ao processo por conta própria. Tartaruga Amazônica, podocnemis expansa

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Voluntários A entidade conservacionista sempre contou com a partipação de voluntários desde o início das atividades em 1968. Muitas vezes reunindo em pequenos grupos, familiares, amigos e interessados na preservação da biodiversidade. Incentivo Proprietários de maiores lotes de terra com bom relacionamento entre participantes da SOPREN foram incentivados a proteger parte de mata existente e, principalmente a ciliar, pela sua importância na conservação dos cursos d’água, merecendo crônica publicada na revista Para+, de circulação internacional, particularmente nos países lusófonos Ásia, África e América do Sul. Seleção de Porta - Sementes Identificadas em propriedades, espécies apropriadas para a formação de mudas, as sementes selecionadas eram distribuídas para interessados. À época biodiversidade era praticamente desconhecida, a não ser nos centros acadêmicos, com interesse maior em essências florestais locais exóticas como Pinus e Eucalipto.

Bosque Gabriella Vianna, no Centro Educacional Agroambiental de Abaetetuba, disponibiliza mudas de açaí de terra firme e várzea, banana, cupuaçu, cacau, acerola, bacaba, abiu, ingá, biriba, jenipapo, castanha do Pará, taperebá, maracujá, mamão, mogno, cedro, visgueiro, paricá, palmeirinha, pau roxo, ipê, jatobá, macacaúba e andiroba

Plantio Seletivo Com a permissão dos interessados, mudas selecionadas eram plantadas simbolicamente, objetivando dar cumprimento na superação de obstáculos, tal sejam, a inexistência de produção de mudas e sementes. A Tartaruga e o Tracajá Atividade ainda em andamento em inúmeros rios e igarapé da Amazônia onde estes quelônios existiam, diz respeito a proteção da Tartaruga Amazônica (podocnemis expansa). Precursora, graças a iniciativa do Delegado Federal da agricultura em Belém, José Alfinito, a SOPREN atuou exaustivamente na sua proteção. Além da Tartaruga Fluvial, outro Quelônio foi preservado, graças a bibliografia em atividades conservacionistas já existente este animal foi retirando da lista dos ameaçados de extinção.

Andiroba, Carapa guianensis Aubl, no sítio do Carneiro revistaamazonia.com.br

Alimentação da Fauna Silvestre Aquática, Alada e Terrestre Desde a criação da SOPREN em Belém em 1968, além das essências florestais que foram produzidas e distribuídas em larga escala, as árvores frutíferas vem merecendo interesse especial pelas utilidades que apresentam, tal sejam: alimentação da fauna, uso doméstico, comercialização, utilização na doçaria, entre outras.

Noemi Leão, engenheira florestal, da EMBRAPA, selecina sementes para o lançamento Ciliar. O trabalho tem ajudado, e muito, não só as florestas, mas também as comunidades que vivem delas REVISTA AMAZÔNIA 81


Tachi Preto, Tachigali myrmecophyla

Açai, Euterpe oleracea

Biodiversidade Aquática Os cursos d’água representam papel importante na preservação da fauna e da flora. Muito recentemente a SOPREN publicou crônica no sentido da preservação dos seguintes rios no estado do Pará: Apeú – no município de Castanhal – Caraparu, no município de Santa Isabel –Taciateua, no município de Santa Maria do Pará e rio do Cocô – na rodovia Bragança / Vizeu, atividades realizadas em parceria com o IDESP. Parceiros Aliados Por absoluta coincidência, a introdução de essências florestais de rápida dispersão no centro de produção de mudas de Taciateua, se dá graças a colaboração de parceiro alado, tal seja, o único mamífero voador – Morcego

– que no início da safra, por ser frungivoro, espalha sementes, não só nas capoeiras do município de Santa Maria, como outras regiões próprias, a partir das sementes de cumaru precoce que foram traduzidas do estado do Amazonas, para serem plantadas na Secretaria de Estado de Agricultura(SAGRI) e levadas para Taciateua. A Biodiversidade Amazônica vem recebendo interesse especial, não só dos preservadores como do próprio Governo, pela utilização de produtos da floresta, daí a necessidade de se manter e preservar a multiplicidade das espécies. Os óleos vegetais que já tiveram importante papel no passado, chegando a serem exportados como a essência do Pau - Rosa, por exemplo, ainda representam papel de destaque, chegando a haver exportação para a Europa e

Estados Unidos. O interesse dessas e outras espécies oleaginosas vem sendo despertado com grande alárdio, Principalmente pela indústria farmacêutica, de cosméticos e de combustíveis. Os pesquisadores da região tropical da Amazônia ainda não identificaram sucedâneos para duas espécies, exóticas já completamente adaptadas em nosso país, tal seja: a cana-de-açúcar e o dendê, que somente agora estão sendo introduzidas no país das Amazonas, com interesse de poderosas multinacionais, particularmente no que Fundo do oceano diz repeito ao dendê que vem sendo plantado em larga escala. Pau - Rosa, Aniba rosaeodora

*SOPREN / SOMRAMES e SOPREN /UFPA 82 REVISTA AMAZÔNIA

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