Revista Remember n° 05 - Fevereiro/2011

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Reviva, descubra, se deixe seduzir Esclarecedor, singelo, surpreendente... Qualquer que seja o adjetivo que se encontre para classificar esta quinta edição do jornal “Remember”, um verbo estará sempre se sobressaindo na função de resumir a reação do leitor: seduzir. Independentemente da idade e da bagagem cultural, quem se aventura nessas 20 páginas não consegue sair incólume. Por mais jovem que seja o interlocutor, estará irremediavelmente envolvido pela atmosfera de cumplicidade que emana de cada frase, de cada palavra. Quando o Xará me convidou para fazer a apresentação desta edição, imaginei que seria uma tarefa simples. Puro engano! Nunca encontrei tanta dificuldade em elaborar um texto, tamanha a exuberância de informações e emoções. "Papo Firme”, nas páginas 2 e 3, é uma lição de carinho e reconhecimento ao esforço de quem dedica horas a fio garantindo

Nº 05

FEVEREIRO 2011

que as conquistas da Turma Remember Piedade 60 não se percam com o tempo. Também na página 3, nosso Butuquinha, o incansável pesquisador da história e das coisas piedadense, nos brinda um uma resposta aguardada por cinco décadas: “Por que nossa urbe cresceu num terreno tão impróprio?” Além dos depoimentos da turma, das suas recordações e da alegria contagiante dos últimos Encontros, esta edição também consegue, em primeiríssima mão, antecipando-se inclusive à grande mídia, homenagear o cinquentenário do início de uma década que veio para não deixar nada continuar como estava, um período que, embora entremeado de intolerância e incompreensão, contabilizou um saldo impossível de ser desprezado. Os relatos das páginas 4 e 5 destacam os principais acontecimentos mundiais e lança, por meio de imagens mar-

Marinaldo Cruz Filho

cantes para os jovens piedadenses da época, um desafio à memória. Ilustrando esse tema, num exercício lúdico de pura criatividade, as páginas 16 e 17 intercala a sabedoria popular da poesia “Vou-me embora pro passado”, do poeta nordestino Jessier Quirino, com o relato do 10º Encontro da Turma, escrito por Paulinho Freire. As histórias de empresas familiares que resistiram ao tempo são exemplos de vida e emprendedorismo que merecem ser lidas. Felizmente, pelo menos para a Turma Remember Piedade 60, Chico Buarque estava errado na "tristeza" da letra da "Apesar de você". Esta edição é uma oportunidade de rever aquele passado que nunca se esquece e, ao mesmo tempo, uma chance a quem quer ver para crer... Excelente leitura! Marinaldo Cruz Filho é jornalista. Foi editor e editorialista de grandes jornais de São Paulo, Sorocaba e Região.

EDIÇÃO ESPECIAL, COMEMORATIVA AO CINQUENTENÁRIO DO INÍCIO DA DÉCADA DE 1960

50 anos do início de uma década revolucionária para a humanidade e marcante para aqueles que nela tiveram o privilégio de viver sua juventude.

R$ 2,00


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Papo Firme Os comentários abaixo são de alguns e.mails que recebo, não como o "editor" do Remember, mas como amigo. E a publicação deles, apesar de pessoais, se justifica porque todos eles falam de uma turma muito especial, mas que não fui eu que "inventei"...!!! Talvez eu tenha tido a sorte de, percebendo alguns sinais de fumaça e lembrando daquele ditado que diz que "onde tem fumaça tem fogo", ter assoprado. É a chama que cada membro da turma traz dentro de si e a lembrança ainda acesa dos ausentes que aquecem as páginas deste jornalzinho e fazem ferver o caldeirão dos nossos Encontros. O EDITOR mais santa vocação sacerdotal pelo Perseu, amigo querido a quem desejo um fortíssimo "SURSUM CORDA". Pena que, enquanto eu estava no "INTROIBO AD ALTAREM DEI", ele já se encontrava no "ITE MISSA EST", ou seja, foi eu me tornar seminarista e para o Perseu a Missa já estava acabada. Mas "DEO GRATIAS", pois a vida eclesiástica me deu, por algum tempo, a companhia do Márcio Brand... Osmarzinho ( Franca )

Acabo de devorar nosso jornal, que está cada vez melhor. Adorei o relato da Neydinha sobre o Encontro do dia 11 de outubro. Consegui reviver todos aqueles momentos novamente. Valeu! Gostei também da volta ao passado da Cris e o relato de viagem do Perseu... Viajei com os dois. Mas, o que me emocionou muito, foi "Uma História de Amor 2". Parabéns aos autores das histórias 1 e 2. São lembranças, ao mesmo tempo ingênuas e tão fortes, que nem mesmo o tempo consegue apagá-las. Regina Passarelli ( Santo André )

Acabei de ler o remember, quer dizer acabei de devorar com os olhos!!! Que dizer??? Não tenho palavras... cada vez está melhor. Que emoção! Ler as palavras da Neydinha, Perseu, Cristina e todos que deram depoimentos. Ângela ( Uberaba )

O Remember está ótimo, uma frase batida, mas é o que mais nos aproxima de um comentário feliz. Amei ler a resposta do "Garoto Assobiador", fiquei muito contente em sabê-lo feliz e realizado. Curti demais a viagem do Perseu, um caminho nostálgico, cheio de lembranças, realmente ele fez uma viagem maravilhosa. Enfim, o Remember está cada vez melhor. Realmente se supera à cada edição... Ah!!! Um lembrete: a embalagem do "Café São Luiz" guardei junto com os jornais, achei demais quando recebi o jornal dentro dessa embalagem... Na hora em que recebi senti até meu coração acelerar de emoção. Demais... Neyde ( São Bernardo )

Demorei, mas lá vai a minha impressão sobre o REMEMBER 004: Simplesmente sensacional...!!! Eu como debutante no Grupo, finalmente participei pela 1ª vez em 13 DEZ 2008 e foi simplesmente incrível... Foi muito gratificante a recepção, o carinho e o respeito... Se passaram 40 anos que "eu" sai de Piedade e agora reencontro amigos como se tivessem passado só alguns meses, como pode isso...???!!! Isso significa que aquela amizade e carinho eram muito fortes. Djalminha ( Sorocaba )

Elogiar o Remember só não se torna banal porque cada um deles é diferente dos outros. A dúvida reside em saber se os últimos são melhores que os primeiros ou vice-versa. Incontestável é que não se consegue lê-los e relê-los sem que grande emoção nos envolva. Muito bem lembrada pela Cristina a famosa esquina do padre, onde ocorriam furtivos beijos (segundo elas, aqueles eram sempre os primeiros e nós outros, os machos da espécie, acreditávamos). Por fim, lendo mais um capítulo das "Persíadas", lembrei dos meus tempos de Seminário, para onde fui, convencido da

Remember está espetacular e é prazerosamente que ratifico minha satisfação em constatar mais uma vez, a imensa alegria dos participantes que relembram com carinho dias felizes. Sabe-se que num mundo conturbado como hoje nem sempre os jovens têm essa sorte. Mas, com a graça de Deus, nossa Piedade nos dá esse direito. O direito de volver ao passado e lembrar fatos como os de Neydinha e outros, cheio de pureza e tranqüilidade. Parabéns pelo Remember, pela equipe e pelo sucesso dos encontros. Neuza Dorothy Rosa ( Rio de Janeiro )

TURMA REMEMBER PIEDADE 60 DIRETORIA EXECUTIVA 2011 / 2012 Presidente: Dayton (daytonremember@hotmail.com); Vice-Presidente: Ricardo (rilogo@gmail.com); Secretário: Cherubim de Camargo (cheivo@ig.com.br); Tesoureiro: Oswald Konrad "Bub" (bubkonrad@hotmail.com) 2006 / 2010 Presidente: Xará; Vice-Presidente: Fio; Secretário: Ricardo; 1° Tesoureiro: Célio; 2° Tesoureiro: Jomar

CONSELHO DELIBERATIVO E CONSULTIVO Adolfo Robles, Ângela Tristão Costa, Antônio Pedro Marciano (Fio), Byron de Abreu Freire Jr. (Xará), Célio Escanhoela Martins, Dayton Andréa, Edna Bernadete F. Rosa (Berty), Getúlio Bueno Gurgel, José Carlos Carneiro (Zé Carneiro), José Maria Rolim Rosa (Zezinho), Marise Ayres, Osmar de Nicola Filho (Osmarzinho), Paulo de Abreu Freire (Paulinho), Perseu Fernando dos Santos, Renato Cerqueira Cesar, Ricardo Lopes Godinho.

JORNAL REMEMBER

E X P E D I E N T E

Edição e Diagramação: Xará Colaboradores: Profs. Antônio Leite Netto, Jorge Marum e Wilson Múscari; Marinaldo Cruz Filho, Paulinho e demais membros da Turma Fotos dos Encontros: Fio, Marise, Miriam, Neyde, Nina, Ricardo, Vera e Zé Antônio Fotos Antigas: José Antônio Marciano e outros doadores Jornalista Responsável: Marinaldo Cruz Filho Periodicidade: "Conjuntural"

Tiragem: 500 exemplares Distribuição: Membros da turma, familiares, amigos e patrocinadores Impressão: Piegraf DIREITOS As fotos antigas que compõe esta edição são de autores desconhecidos e foram obtidas através de e.mails, na internet e/ou doações pessoais. As datas e outras referências históricas são passíveis de correções, às quais antecipadamente agradecemos.

CONTATOS Cartas: R. Benjamin da S. Baldy, 1.150 - 18170-000 - Piedade SP E.mail: jornalremember@gmail.com


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Felicidade e emoção foi o que senti ao ler a edição do Remember. Tantos nomes ali citados me levaram à época em que estudei em Piedade, onde morei alguns anos, com minha avó Mimí. Sempre que passava as férias em Piedade, eu não queria voltar. Até que um dia minha avó convenceu meu pai e me levou – foi um período inesquecível...!!! Lembrei da Célia como eu queria ter as covinhas dela... ah, eu achava tão lindo! Dos bailinhos no Clube... Do primeiro namorado... Do ginásio e a diretora dona Sebastiana (correta e sempre chamando nossa atenção)... Do prof. Paulo Plínio. E a foto de uniforme, aquela gravatinha que usávamos, não era um charme? São tantas coisas, tantas recordações. E você Xará, foi muito feliz em promover essas reuniões que espero um dia poder comparecer. Lucy ( São Bernardo )

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O Remember já está INTERNACIONAL!!!! O recebi em Londres, onde vim para conhecer a minha netinha Melissa. Já está ficando 'chover no molhado' o elogio à qualidade editorial e física do Remember. A cada edição está descobrindo novos talentos literários, provando que a nossa turma é mesmo "du karamba"... Ah! A Melissa é linda!!!!! A cara do avô! Paulinho ( Sorocaba ) ... recebi os quatro exemplares do jornal Remember. Muito obrigado e já li todos eles. Viajei pela minha infância e início de juventude na terrinha querida e incomparável. Depoimentos como os do Perseu, Osmarzinho, Cristina, Dona Tosca, Dona Sebastiana, os seus e de outros que não me lembro, fizeram lembrar de muitas passagens e pessoas que nunca vou esquecer. Guto ( Sorocaba )

... mais uma vez: nota dez. Só fiquei chateado por não ter podido participar de todos os encontros... José Antônio Marciano ( Brasília )

Conseguir reunir um grupo tão heterogêneo, mas todos com os mesmos objetivos: encontrar, papear, rir, abraçar, dançar, cantar, contar "causos", enfim relembrar ... Trazer nossos Anos Dourados de forma tão gostosa a ponto de suavizar com todas estas lembranças as responsabilidades atuais... Proporcionar trocas de experiências interrompidas por mais de 40 anos, que ajudam a interpretar de maneira mais leve o dia à dia de cada um... Revigorar a cada novo Encontro a nossa vontade de prosseguir, sabendo que temos neste passado tão sadio, alegrias que perduram até os dias atuais... Arrematar de maneira tão gloriosa o REGISTRO dos nossos feitos e saudades do passado, das nossas impressões tão profundas e impregnadas de amor dos ENCONTROS... Bom, tudo isto é..."simplesmente" o REMEMBER...!!! Cristina ( São Paulo )

À noitinha. Lá pelos anos sessenta do século passado, na Praça Cel. João Rosa, um grupo de rapazes conversava descontraidamente, quando "Rubinho de Laurindo" fez uma pergunta: "Por que Piedade está localizada num lugar tão ingrato? Não poderia ser num lugar mais plano?" Alguém murmurou alguma coisa sobre a capela, mas ficou nisso. Celestino Américo abordou o tema e chegou a conclusão que a causa foi a capela e conclui: "Presentemente temos que nos conformar com a sua localização; se não foi e nem é uma dádiva da Natureza, terá que ser o resultado do esforço humano procurando remover as deficiências para facilitar o aconchego de todos em beneficio comum. É nisto que consiste o adminículo dos órgãos administrativos que se compenetram das suas responsabilidades". Vamos as outras causas... Tudo começou com Cristóvão Pereira de Abreu que em 1733 abriu o caminho do Rio Grande do Sul até São Paulo passando por Itapetininga, Sorocaba e Cotia. Logo os tropeiros, tanto de tropa solta como arreada, descobriram que o atalho entre os Cocais (próximo do Sarapuí) e a Paragem do Pirapora diminuía a distância da jornada em seis léguas (36 km), um dia de caminhada da tropa. Ainda mais, os dois riachos, um descendo ao lado da atual Rua Vicente Garcia e outro próximo à Rua 21 de Abril e o rio Pirapora formam um quadrado que tem três lados

de água, ficando somente a testada para ser vigiada no caso da tentativa de fuga de um animal. Um local adequado para uma pousada. A criação do Registro de Animais em Sorocaba fez com que muitos tropeiros seguissem pelo atalho Cocais - Paragem do Pirapora, não só para diminuir a distância, mas para sonegar os impostos sobre os animais. Com o aumento das tropas foram surgindo os primeiros fornecedores de alimentos, tanto para os tropeiros como para as tropas. Começava nascer uma vila. Começava nascer Piedade. A construção da Capela em invocação a Nossa Senhora da Piedade em 1840 veio aumentar a população do lugarejo, que já era de 484 habitantes entre brancos, escravos e pardos. Façamos um resumo das causas da localização de Piedade: a) a construção da estrada São Paulo - Rio Grande do Sul; b) abertura de um caminho dos Cocais até a Paragem do Pirapora, que diminuía a distância entre São Paulo e Rio Grande em 36km; c) a perfeita adequação do relevo do terreno onde hoje estão a Matriz e a Praça Cel. João Rosa para a feitura de uma pousada de tropeiros e d) a construção da Capela em invocação à N.S. da Piedade em 1840, que veio estimular o aumento da população. Doutor Rubens Bueno de Camargo, talvez você não se recorde mais dessa pergunta feita com toda inocência da juventude, mas que levou meio século para ser respondida.

O "REMEMBER", em todas as edições, já pode ser considerado um veículo informativo, de lazer, conhecimentos e curiosidades ou melhor, um "provocador" do nosso emocional em relação ao passado. Minhas emoções aumentaram ao ler tantos depoimentos maravilhosos e sinceros, em especial, o que me tocou, foram as citações finais do relato da Cristina, onde se refere aos seus amigos ausentes... mas, "sempre presentes em nossos corações". Berty ( Piedade )


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A Terra é azul...!!! Yuri Gagarin, ao olhar pela janela da nave Vostok-1, no dia 12 de abril de 1961.

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BAZAR ANCHIETA

"As marcas do tempo não conseguem esconder os traços de um rosto amigo"

2010

Self-Service • A La Carte Gralhados • Massas

1967

CHURRASCARIA

1980

No Brasil Com a Europa e o Japão se recuperando dos prejuízos da II Guerra Mundial, os Estados Unidos se consolida como a grande potência mundial. Até a primeira metade de década de 60, mesmo com a defasagem de alguns anos, suas manifestações artísticas e culturais, seus hábitos e costumes determinaram o comportamento dos jovens e adolescentes da classe média de quase todo o ocidente. E com o Brasil não foi diferente...

1976

Poderíamos dizer que a década de 60 foi dividida em dois períodos. O primeiro, de 1960 a 1965, marcado por um sabor de inocência e até de lirismo nas manifestações sócio-culturais e no âmbito da política é evidente o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. O segundo, de 1966 ao início dos anos 70, num tom mais ácido, revela as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos contra a ameaça de endurecimento dos governos. É ilustrativo que os Beatles tenham trocado as doces melodias de seus primeiros discos pela excentricidade psicodélica, incluindo orquestras, letras surreais e guitarras distorcidas. "I want to hold your hand" é o espírito da primeira metade dos anos 60. "A day in the life", o espírito da segunda metade. Foi nessa época que a sociedade começou a se manifestar publicamente contra ou a favor de posturas comportamentais, como nos movimentos feministas e de segregação racial. Sob o lema "Paz e Amor" movimento "hippie" se espalha pelo mundo contra a Guerra Fria e a Guerra do Vietnã. Foi ainda na década de 60 que muitos feitos, alguns hoje rotineiros, aconteceram pela primeira vez: o satélite Telstar transmitiu sinais de televisão através do Oceano Atlântico (62); a TV Tupi transmitiu uma programação colorida e a Digital Equipament vendeu o primeiro minicomputador (63); a estilista inglesa Mary Quant lançou a minissaia (64); o Dr. Christian Barnaard fez na África do Sul o primeiro transplante de coração (67); foi criada a Arpanet, o embrião da Internet e Neil Armstrong caminhou pela Lua, transferindo para toda a humanidade uma "propriedade" que até então era exclusiva dos namorados (69).

Até o final dos anos 50 a auto-estima do brasileiro estava em baixa: nossa cultura popular e musical, a despeito de uma Carmem Miranda da década de 30, mais para "cucaracha" do que para baiana, não repercutia internacionalmente. Em 1954, Marta Rocha, esta sim uma autêntica baiana, na qual todos os brasileiros depositavam a esperança de ter a "primeira" Miss Universo, acabou em segundo, por "duas polegadas", que dizem, foi uma história inventada pelo jornalista João Martins, da Revista "O Cruzeiro", para elevar a auto-estima do brasileiro. Mas o orgulho do brasileiro só atingiu o seu clímax em 1958, quando o Brasil finalmente foi Campeão Mundial de Futebol na Suécia, depois de perder uma final para o Uruguai em pleno Maracanã em 50 e ser desclassificado nas quartas de finais pela Hungria em 54, na Suiça. Foi o início de um sentimento de “ressurreição” do povo brasileiro, que se intensificou com a inauguração de Brasília, em 1960, quando o Brasil começou a ganhar o seu espaço no cenário internacional. No futebol, confirmamos a supremacia da seleção canarinho com o bicampeonato mundial no Chile em 1962; no tênis, Maria Esther Bueno, depois de sagrar-se campeã de duplas em quadra de grama de Wimbledon em 1958, manteve o nome do Brasil no topo até 1967, conquistando 170 títulos fora do país; Eder Jofre chega ao título máximo dos pesos galo pela National Boxing Asociation em 1961, unificado mundialmente no ano seguinte, ao vencer o irlandês Johnny Caldwell; a seleção brasileira de basquete, depois de vencer o campeonato mundial em 1959, consegue medalha de bronze na Olimpíada de Roma em 1960, atrás somente das duas grandes potências mundiais da época, os Estados Unidos e a URSS, que havia perdido para o Brasil na fase inicial por 58 a 54. Se no campo político-institucional o Brasil retrocedeu com o golpe de 64 e os 21 anos de ditadura militar que se seguiram, foi também na década de 60, mais precisamente em 1962, que a cultura brasileira iniciou a ocupação do seu espaço à nível mundial, com a Palma de Ouro obtida pelo filme "O Pagador de Promessas" no Festival de Cannes e o show do Carnegie Hall, no qual "feras" como Oscar Castro Neves, Sérgio Mendes, Roberto Menescal, Carlinhos Lyra, Milton Banana, Sérgio Ricardo, Luiz Bonfá, Agostinho dos Santos, João Gilberto e Antonio Carlos Jobim, entre outros, universalizaram a Bossa Nova.

1972

A década de 60 representou, no início, a realização de projetos culturais e ideológicos alternativos lançados na década de 50. Os anos 50 foram marcados por uma crise no moralismo rígido da sociedade, expressão remanescente do Sonho Americano que não conseguia mais empolgar a juventude do planeta.


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Em Piedade

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Historicamente, alguns fatos marcaram a década de 1960 em Piedade. Na indústria, o ciclo da madeira, das serrarias que abriam grandes toras em pranchas e tábuas, vai aos poucos dando lugar às fábricas de esquadrias e artefatos de madeira, com destaque para as fábricas de cabides. Na agricultura, a cebola atinge recordes de produção e a cidade se afirma nacionalmente como a "Capital da Cebola". Foi ainda nos "anos 60", que o fornecimento de energia elétrica começou a ficar confiável; que a estrada para Sorocaba foi asfaltada; que foi instalada a torre de retransmissão de TV e os primeiros semáforos; que diversas agências bancárias foram abertas; que as ruas centrais ganharam iluminação de vapor de mercúrio; que a cidade perdeu o privilégio de ser o melhor caminho de São Paulo para Curitiba... Enfim, muitos acontecimentos que foram importantes para Piedade aconteceram nesse período, mas os que realmente "marcaram" está gravado na memória de cada um. Nosso propósito, nesta e nas demais páginas desta edição, é ajudar a "girar a manivela" da sua máquina do tempo... e resgatá-los. Do que você lembra quando "revê"...

... a disputa de Piedade X Promissão no programa Cidade X Cidade da TV Tupi Canal 4, em novembro de 69, que "empolgou" a cidade antes; "parou" no dia 21, com o ponto facultativo decretado pelo prefeito Wilson Lopes e "dividiu" depois, na busca dos "responsáveis" pela derrota?

... a Orquestra do Davino, sempre presente nos grandes e pequenos bailes de Piedade e da região e muito provavelmente a "harmoniosa orquestra" que o jornalista Barbosa cita na nota social publicada na primeira edição de janeiro de 1969 do jornal Folha de Piedade, sobre o baile de reveillon 68/69, do Clube Literário? "Em meio a suavisadora penumbra entrecortada por suaves notas musicais vindas de harmoniosa orquestra, povoavam as dependências da lendária casa de deleites, nestas alturas lotada, lado a lado, de todo um público formado como de um só bloco, dançando, sorrindo, cantarolando, distribuindo uns aos outros votos de Boas Festas, Feliz Ano Novo, num dos mais concorridos 'Reveilion' de quantos se tem notícias naquele cenário, assim de braços abertos, em felicitações mútuas e na mais estreita camaradagem social desta vida, foi que a família piedadense recebeu nas dependências do Clube Literário e Recreativo, o Ano de 1969"

... a Igreja Matriz, das primeiras comunhões, das confissões, dos casamentos, e a Praça, das ansiosamente aguardadas saídas da "missa das 10" de domingo?

... o "Gregório Mudo", que os pequenos tinham medo, os maiores provocavam e os adultos respeitavam e ajudavam?

... a "casa-escola", na esquina hoje ocupada pelo Banco Santander, onde funcionou o Grupo Escolar de Piedade (1935 a 1941); o Grupo Escolar Cônego José Rodrigues de Oliveira (1942 a 1951); o Ginásio Municipal (1952 a 1953); Ginásio Estadual Prof. Carlos Augusto de Camargo (1954 a 1956) e finalmente a Escola Técnica de Comércio e o Colégio Comercial de Piedade (1961 a 1973) ?

... e o cinema, das sessões das oito de sábado e das matinês de domingo?

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PIEDADE


o, ã l a S e D u e O d a a u d R e i e P D e D ! l o a ã v a B n e O Car Foi Pra Lá d Sempre

2011

A programação do carnaval de rua de Piedade está repleta de atrações. Serão quatro dias de folia, com os desfiles do Bloco Paletó Vermeio, a 2ª Edição do Festival de Marchinhas, o Concurso de Fantasias e as apresentações das bandas e baterias de Escolas de Samba convidadas. O evento, promovido pela Prefeitura, contará com a organização e coordenação dos Departamentos de Cultura e de Turismo de Piedade. Sábado, dia 5, 18:00h Desfile do Bloco Paletó Vermeio, saindo da Praça da Bandeira e seguindo pelas ruas Comendador Parada e Cônego José Rodrigues até Praça da Matriz, onde haverá grande show com a Banda Harmonia. Domingo, dia 6, 19:00h Desfile de Marchinhas e Concurso de Fantasias, com os foliões seguindo até a Praça da Matriz, onde será realizado o 2º Festival de Marchinhas de Piedade, às 21:30h.

Segunda-feira, dia 7, 18:00h Desfile do Bloco Paletó Vermeio e às 22:00h show na praça com o grupo de samba "Ó do BGO", de Sorocaba. Terça-feira, dia 8, serão realizados quatro shows no palco montado na Praça da Matriz: 18:00h - Samba Jovem; 19:00h - Lamba Axé; 20:00h Bertinho e Convidados e 22:00h Escola de Samba Apito de Mestre Bateria Samba Show, de São Paulo.

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Bateria do Bloco Paletó Vermeio garantiu o ritmo e a animação dos foliões pelas ruas e praças de Piedade em 2010

www.piedade.sp.gov.br

SABIA QUE... ... até o início do século XX, o carnaval se resumia numa grande folia nas ruas, com brancos e negros jogando farinha uns nas caras dos outros, ao som de grandes bumbos? As marchinhas, que surgiiram em 1899 com "O Abre Alas", composta por Chiquinha Gonzaga para o cordão Rosa de Ouro, reinaram absolutas nos carnavais até a década de 60.


( A César o que é de César )

ulo o Pa ã S o Post

o Ce Post Auto

sar -

Anos

50

70 Anos

Quando hoje vemos os enormes caminhõestanques abastecendo os Postos de Gasolina, não imaginamos que, nos anos 30, o abastecimento das bombas eram feitos pelos próprios proprietários que traziam tambores de gasolina dos grandes centros distribuidores. Foi com esse cenário, por volta de 1937, que Eurico Cesar chegou a Piedade, determinado a abrir um posto de gasolina. Ele e seu sócio abriram a empresa Mencacci & Cesar Ltda., adquiriram um terreno na Praça da Bandeira e construíram o prédio do "Posto São Paulo", no local onde hoje funciona o Bradesco. 'Seu' Eurico, ainda solteiro, "morou" no Hotel Santo Antônio até conhecer e se casar com a jovem Conceição, professora, vinda de São Paulo, que lecionava em Piedade no início dos anos 40. O Posto São Paulo funcionou na Praça da Bandeira até o início da década de 50, quando, em busca de um local onde melhor pudesse atender o fluxo de veículos com destino à região sul do país, os sócios adquiriram um terreno na entrada da cidade e lá construíram a nova sede (foto abaixo), onde permanece até hoje o Auto Posto Cesar, a nova denominação, depois que o 'Seu' Eurico assumiu o controle societário da empresa.

Se estivéssemos falando de música, diríamos que a competência musical passava de pai para filho, desde o tempo de Januário, de quem Luiz Gonzaga herdou a habilidade de músico e intérprete e, depois, a transmitiu a Gonzaguinha... Mas estamos falando de Piedade e de negócios. E os negócios do Auto Posto Cesar tem uma história similar: de pai para filho. Em 1967, com 24 anos, Renato começava a trabalhar com o pai e absorvendo, naturalmente, sua habilidade gerencial. Assim como a história de Januário, Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, Carlos Eduardo (filho do Renato) vem, desde 1999, quando tinha 25 anos, seguindo os passos do pai e, coincidentemente, assumindo a responsabilidade gerencial da empresa, com a mesma naturalidade que caracterizou a transição de seu avô para o seu pai... Hoje o posto está mais moderno e funcional, acompanhando as novas tendências desse tipo de comércio, mas com a mesma relação de confiabilidade que o 'Seu' Eurico sempre manteve com seus clientes.

desde 1952

1952 Construção do primeiro prédio, no local onde se encontra até hoje, ao lado do Fórum e da Prefeitura de Piedade ( tel. 3244.1983 )

SABIA QUE... ... no trajeto original, a estrada para Curitiba cortaria do Bairro do Paruru ao Bairro dos Pintos, desviando de Piedade? Graças aos esforços do prefeito Laureano da Silveira Baldy temos o trajeto atual. Dificil foi convencer D. Silvia Baldy (D.Nenê) a ceder parte do seu quintal para abertura da R. Gal. Valdomiro de Lima. ( Prof. Antonio Leite Neto, historidor )


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A Turma Remember Piedade - 60 começou a se reencontrar há três anos e meio, mais precisamente no dia 6 de junho de 2007, num jantar no restaurante Estação Boca do Monte. "Éramos seis" naquela plataforma, que inspirados pelo "friozinho" do Alto de Piedade, pelo calor amigo e "familiar" de uma sopa de cebola e algumas taças de vinho, embarcamos numa emocionante viagem à Piedade dos anos 60. Iniciou-se ali o "resgate" de um grupo de amigos e amigas que, uns mais outros menos, tiveram na sua adolescência ou juventude algum vínculo com Piedade. Outros Encontros foram acontecendo, no início mensais, depois trimestrais e atualmente à cada quatro meses. E à cada novo Encontro, novos Reencontros! Apesar do critério para inclusão de novos membros (indicação e aprovação da maioria), a turma foi crescendo... Hoje, mesmo com alguns falecimentos (poucos, mais significativos), já

são 88 os "remembers" localizados e cadastrados, o que convenhamos, é uma tarefa até relativamente fácil em tempos de internet. O que faz mesmo da Turma Remember Piedade 60 um grupo peculiar, é a participação nos Encontros ou seja, aqueles que foram efetivamente "resgatados": 78% já participou de pelo menos um Encontro e desses, mais da metade supera a marca de 500 pontos na classificação pelo índice de participação! Mas na prática, a Turma é bem maior, pois muitos maridos, esposas e namorados(as), os "agregados", alguns sem nenhum vínculo anterior com Piedade, literalmente "incorporaram" (e foram incorporados) ao grupo. No quadro abaixo, a relação de todos os titulares e o grau de participação de cada um nos 15 Encontros já realizados e nas páginas seguintes o registro, com depoimentos e fotos, dos seis últimos, na Pousada Recanto Primavera, em Piedade. O próximo, o 16o, já está marcado: será no dia 26 de março!


e reencontros

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4 de abril de 2009

Uma gincana como nos velhos tempos! Chegamos ao 10º Encontro com o recorde de participações até então: 37 membros titulares, além dos familiares e convidados...!!! Da chegada até a hora do almoço, depois de abraços e beijos e das "surpresas" dos reencontros, o que mais se ouvia e abria o papo para mais um "causo" nos grupos que se formavam no balcão do bar, nas mesas ao EQUIPE VERMELHA - CAMPEÃ EQUIPE VERDE - VICE-CAMPEÃ redor da piscina ou pelos exRicardo, Nilze, Adolfo, Nezita, Getúlio, Berty, Dirce, Iraydes, Dalva, Rita Rosa, Zezinho, alunos e alunas em torno do Prof. Ângela, Cidinha, Célia e Paulinho Alexandre, Regina e Neyde... Equipe unida ("na unha"): Paulo Plínio, convidado especial precisou de três fotos pra juntar os 9...!!! e homenageado do Encontro, era a pergunta que já está ficando famosa: "Lembra...???", invariavelmente seguida de um "quando", um "do" ou um "da".... Em meio à toda essa agitação foram sorteadas as equipes para as provas válidas para a Ginkana Virtual Remember, que aconteceu de março a novembro, com todos se reagrupando em novas rodinhas, agora pelas cores dos seus respectivos colares ou fitas, formando as quatro equipes para os torneios da tarde. À noite, depois do jantar e do bolo dos aniversariantes, a prova de Dança de Salão, na qual um casal de cada equipe teve que dançar, sob avaliação de uma comissão julgadora EQUIPE AMARELA - 3º LUGAR EQUIPE PRETA - 4º LUGAR atenta e imparcial, uma seleção de diversos ritVera, Xará (com a neta Catharina), Edison Bianchini, Toninho Godinho, mos, da valsa ao rock and roll, do samba ao hullyCarlitão, Zé Carneiro, Fio, João, Djalminha, Célio, Chiquinho Cordeiro, gully, baião ao twist... Marise, Marilee e Vanda Atahala, Eliane, Osmarzinho e Jomar (veja nas página 16 e 17 a "crônica-relato" deste Encontro, feita pelo Paulinho)


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F E V E R E I R O

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8 e 9 de agosto de 2009

A seguir, alguns trechos do registro feito pelo Djalminha, o "escalado" para ser o relator deste Encontro...

Crônica-Relato

Jomar, o ganhador da rifa, recebendo seu prêmio das mãos do Osmarzinho

Partida do Torneio de Pebolim, vencido pela Equipe Vermelha

"Ah, como eu era bom nisso..." Prova de Tiro ao Alvo com Estilingue

O nosso 11º Encontro foi simplesmente sensacional. Começou com um presente da Natureza, oferecendo um tempo maravilhoso que permitiu a todos participação total curtindo as instalações da Pousada e bate papos descontraídos ao lado da piscina. As gincanas foram ótimas, parecíamos um time de garotos disputando e desafiando passo a passo as dificuldades impostas pelas provas. Eu consegui vencer no jogo de Futebol de Botão, numa final emocionante contra o Paulinho, um 2 a 0 suado. Já com o meu grande parceiro Zezinho, faturamos o torneio de Malha. Coisas de garotos principiantes... O meu sentimento conduz para lhes afirmar que nós temos que tentar ao máximo manter essa chama, esta união que está reaproximando estas garotas e garotos com mais de 60 anos... Eu que moro em Sorocaba, vez ou outra tenho tido a oportunidade de comentar com pessoas do meu relacionamento a existência do grupo e elas ficam espantadas. Algo do tipo: "Poxa eu tenho tentado juntar aqui em Sorocaba pessoas que se formaram em 1970 e não tenho conseguido"... Às vezes até duvidam do entusiasmo com que nós comentamos... Agora quando exibo a foto da Equipe Adilson (Xará, Zé Carneiro, Renato, Inezita, Chiquinho e Djalma) no cumprimento de

uma das provas da Gincana, ao lado de uma Lambreta, com uma garrafa de Crush e outra de Grapette, daí não tem prá ninguém...!!! Até produzimos uma reportagem que foi publicada no Jornal Cruzeiro do Sul de Sorocaba. Voltando ao Encontro, a Festa Junina (agostina) estava muito agradável. Os comes e bebes perfeitos e deliciosos, o cuscuz estava simplesmente sensacional, há muito tempo que eu não saboreava esta delícia. Já o pessoal preferiu que tocássemos músicas dos anos 60 ao invés de música junina... Aprendemos mais uma: a música que mais aproxima o nosso pessoal são mesmo aquelas baladas românticas, independente do que esteja se comemorando, o que eu concordo plenamente, pois também é a minha preferência... No dia seguinte, Dia dos Pais, uma parte do pessoal retornou para a Pousada, oportunidade que tivemos de levar os nossos filhos e netos. Já o Fio e a Iraydes estavam radiantes e levaram a foto da bisneta, coisinha mais linda, pode!!! Uma pena que nem todos puderam estar presentes. Temos que abrir mais janelas para este tipo de evento com filhos, porque além de tudo eles acabam se conhecendo e conhecendo quem são os amigos dos seus pais. E eu tive a oportunidade e orgulho de poder apresentar a todos o meu filho Fabio, a sua esposa Luciana e a minha netinha maravilhosinha Maria Eduarda. Uma pena, mas a minha filha Maira não pode comparecer, fica para a próxima.

À tarde, na beira da piscina, a "rodinha" se fechou em torno de muitos causos, lembranças, piadas e de um organizado "Telefone sem Fio", até porque ele, o Fio (com o perdão do trocadilho), estava no


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12 de dezembro de 2009

Confraternização de final de ano e premiação da Gincana Anual

F E V E R E I R O

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As mensagens enviadas por e.mail ao editor do Remember pela Iara e pelo Gilson, dias após o evento, retratam o sentimento e as emoções de participar pela primeira vez de um dos nossos Encontros.

"Meu Amigo..." Já se passaram três dias, mas a emoção do encontro ainda repercute em mim, como, sinceramente, poucas coisas em minha vida (curta, é verdade ...) repercutiram. É indescritível a sensação de rever, depois de tantos anos, tantas pessoas que de uma maneira ou de outra participaram de nossa vida. Não gostaria de destacar um ou outro momento desse inesquecível dia. Porém a minha chegada foi, para mim, de uma carga emocional sem tamanho. Não esperava tantos abraços, sorrisos e beijos tão amigos e sinceros, vindos de rostos que há tempo não via, porém não esquecera. Depois, as inevitáveis lembranças de fatos vividos com cada um daqueles que reencontrava. E como tinha "causos" para se lembrar! Xará, pensava que os filmes "Amarcord" e "Cinema Paradiso" eram os que mais me identificavam com a minha infância e juventude. Porém o "seu filme" sobre Piedade na seção da tarde superou em muito essas obras primas, por representar realmente a vida e história de nós que vivemos esse anos inesquecíveis nessa cidade. A sessão de canções foi mais um teste para muitos corações, que só não explodiram porque as lágrimas (principalmente as do Flavinho) não deixaram. Por fim, o baile serviu também para extravasar toda a carga emocional do dia e, mais uma vez, recordar aqueles anos inolvidáveis. Vim embora alegre e em estado de graça, mas com uma certa frustração por não ter ido aos encontros anteriores. Mas espero não perder os próximos. Todas essas palavras são sinceras (você me conhece) e quisera melhor descrever o reencontro "fosse-me a idéia sábia e não mesquinha", como disse meu pai em sua poesia "Piedade". ( Gilson )

salão de jogos jogando pôquer e sinuca com um outro grupo. As quatro fotos tiradas pelo Ricardo, devidamente editadas e montadas, proporcionaram esta bela imagem de 360O.

"Um Sonho de Natal" Assim como as crianças anseiam pelo tão esperado Papai Noel, também sonhei e pedi meu presente de Natal: "Voltar a Piedade e rever meus 'velhos jovens' amigos". A Pousada foi a árvore natalina que idealizei, e cada adorno simbolizava um dos meus amigos. Olhei e me emocionei com cada palavra e com os gestos de carinho que me foram atribuídos. O tempo... ah o tempo... mudou nossas fisionomias, mas não os nossos corações. Bem no topo da árvore, a estrela guia, o arremate de todo esse sonho, só poderia ser alguém muito especial... A estrela brilhou e realizou meu sonho: "O REENCONTRO". Fui tomada pela emoção, alegria e felicidade. Cada abraço era do tamanho do Universo, imensurável. Para retribuir tudo isso, soltei minha voz e cada nota musical foi um hino de amor que dediquei a cada um de vocês. Enfeitei essa árvore com bolas de cristais feitas de saudade, alegria e esperança. Vocês foram os mais raros e preciosos presentes... Que me fizeram acreditar que o Papai Noel ainda existe. ( Iara )


Em 1949 chegava a Piedade o jovem dentista Leonel Ribeiro de Paiva, instalando seu consultório numa casa alugada, situada à Rua Con. José Rodrigues.

Junte seu sorriso ao de muitos que vivenciaram esta história

"Dr. Leonel", como era conhecido, trazia entre muitas qualidades, uma excelente formação profissional, com técnicas e conceitos novos para a odontologia da época, o que lhe permitiu, em 1963, adquirir duas casas de "pau a pique" na Rua Araújo Leite, domolí-las e lá construir e instalar seu novo consultório.

Hoje, seguindo essa mesma linha de pensamento, seu filho Laércio Ribeiro de Paiva e esposa, dentistas, introduziram um novo conceito de clínica integrada, com muitas especialidades na área, para atender às necessidades dos piedadenses. O maior propósito da família sempre foi oferecer condições de um bom atendimento na área odontológica, ao alcance de todos, com serviços confiáveis e de boa qualidade. A nova clínica, sob direção do Dr. Laércio (Prótese) e da sua esposa Dra. Maria Luiza (Odontopediatria), conta com vários outros profissionais, todos com experiência, cursos de especialização nas suas áreas de atuação e ótimo referencial de carreira. Toda remodelada, a Odontologia Paiva continua sendo uma referência em conceito odontológico, mantendo a tradição da família, iniciada há mais de 60 anos.

Um Encontro de quem fez e faz história na Odontologia

Rua Araújo Leite, 42 Tel. 3244.1604 odontologiapaiva@hotmail.com

Dr. Leonel Ribeiro de Paiva, no consultório da casa onde se instalou ao chegar em Piedade e na varanda da clínica que construiu em 1963.

Rua Cônego José Rodrigues ( 1949 )

Rua Araújo Leite ( 1963 )

SABIA QUE... ... a odontologia desenvolveu-se a partir de experiências realizadas por curiosos, muitas vezes artesãos ou barbeiros? E que em Piedade, apesar da profissão de dentista prático ter sido extinta no Brasil a partir de 1934, até a década de 50 o "prático" Quintino de Campos "cuidou" de muitas bocas que ainda estão por aí, falando?


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Ginástica Mental Sessões curtas de exercícios para o cérebro podem gerar benefícios duradouros de acordo com os resultados de uma das mais rigorosas pesquisas que testaram a teoria de que as faculdades mentais se deterioram com a falta de uso.

Desafio para o próximo Encontro

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F E V E R E I R O

Memória Fotográfica

GM 05.01

Quando a rodinha estiver formada em torno de uma das mesas da piscina, peça quatro "morenas" e quatro "loiras". Por exemplo, quatro excelentes Xingus (pretas, de tampa idem) e quatro incomparáveis Bohemias (de tampa dourada). As tampas são colocadas sobre a mesa com a disposição da figura 1. Vence quem, com menor número de movimentos, deslocando duas tampas adjacentes por vez, redispuser as tampas na configuração da figura 2.

FIGURA 1

FIGURA 2

Para treinar, na falta de companhia para tomar as oito cervejas, use dois conjuntos de quatro moedas, botões, fichas ou peças de dama. Mas se achou muito difícil o problema, aproveite as tampinhas (ou as peças) e resolva este ao lado, bem mais fácil: Mudando apenas duas GM 05.02 tampinhas, vire a ponta do triângulo para baixo.

CURTAS E BOAS!

GM 05.03 Que letra deve ocupar o lugar da estrela...???

B D F P R H N L

GM 05.04 Que número está faltando no topo da pirâmide...???

GM 05.05 Qual o menor número de linhas retas necessárias para interligar os nove pontos...???

? 12.14 06.02.07 03.02.01.07

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Se você se enquadra no perfil padrão dos leitores do Remember, provavelmente saberá o que significa (ou significava!) cada uma das palavras ou expressões abaixo. Mas e seus filhos e sobrinhos, quantas conseguirão? E seus netos...??? Faça um teste... e se prepare para dar as devidas explicações.

1. XILINDRÓ 2. TRAQUE 3. TÁLVIS 4. SIRIGAITA 5. "RAIA"

Quem morou ou "andou" por São Paulo nos anos 60 vai lembrar deste cruzamento. E talvez tenha até, como eu, uma história pra contar... É o seu caso? Então escreva e mande pra gente. Alguns "causos" poderão ser publicados nas próximas edições.

6. RABO DE PEIXE 7. PINTOSO 8. PIXIXÊ 9. PASSADEIRA 10. MOCASSIM

11. MARRUDO 12. LANCASTER 13. GLOSTORA 14. FULO 15. CONHÉM

Lembrou mais alguma do "arco da véia"? Então mande-nos por e.mail para enriquecer o "Dinocionário Remember"... (Ah, a expressão de número 5 é exclusiva dos piedadenses!) E já que o negócio é exercitar a mente para se precaver contra o "alemão", dessas 15 palavras, selecionamos 10 e colocamos no quadro ao lado, pra você "caçá-las". Elas podem estar num dos quatro sentidos de direção.

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F E V E R E I R O

Vox Populi

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(o que falam da gente...)

A Ginkana Virtual Remember, realizada durante quase todo o ano de 2009 "deu o que falar", e não só entre os componentes das equipes participantes. Num trabalho de "relações públicas" do Djalminha, a primeira prova, cuja tarefa era mandar para o coordenador uma foto da equipe com uma lambreta, uma garrafinha de Crush e outra de Grapette, foi objeto de comentário na coluna "Sapo N'Água", do jornalista Celso "Marvadão" Ribeiro, publicada no Jornal Cruzeiro do Sul do dia 18 de julho de 2009 (reprodução reduzida ao lado). Além da Equipe Adilson, que conseguiu a pontuação máxima da prova e teve sua foto publicada na coluna, também pontuaram as Equipes "GIL" (Getúlio, Ricardo, Homero e Toninho) e "LUIZINHO" (Adalberto, Nilze, Ângela, Zezinho e Xú). Assim registrou na sua coluna o "Marvadão", falando da gente:

"Esses dias publiquei foto de uma gincana de lambretas no centro de Sorocaba. E a coisa pegou fogo. Veio a furo que a lambreta ainda hoje é cultuada. A foto de hoje é de uma gincana virtual com a participação de pessoas que viveram intensamente a sua juventude naquela década que mudou tudo. O grupo se chama Remember Piedade 60 e se reúne periodicamente para rever os amigos, jogar conversa fora e comemorar qualquer coisa. Atualmente o grupo conta com aproximadamente 80 “jovens”. O desafio da gincana da lambreta (realizada em março deste ano) era produzir uma foto num lugar público. No caso o local escolhido foi uma praça de Brigadeiro

31 de julho de 2010

Tobias, com os participantes do grupo vestidos com roupas bem próximas às utilizadas na época, portando uma garrafa de Grapette e uma garrafa de Crush e uma faixa perguntando quem é o Brasa (o pseudônimo do administrador da gincana, que ninguém sabe quem é). Cada item cumprido dava um número x de pontos, e o time vencedor, chamado “Adilson Bernardino”, conseguiu a pontuação máxima na prova. Os participantes do grupo, da esquerda para a direita: Byron (Xará), Zé Carneiro, Renato César, Inesita (sentada na portentosa), Chiquinho Cordeiro e Djalma (que enviou os dados e a foto) agachado com uma garrafa de Grapette na mão."

Mais uma Festa "Julina"...!!! Apesar de todos Encontros acontecerem num sábado, já no final da tarde de sexta-feira, dia 30, os celulares começaram a tocar: "Cheguei...!!! Onde vamos hoje à noite...???" Nascia aí a "Sexta-Pré", que passou a fazer parte da programação dos Encontros seguintes...

O pessoal que chegou na véspera, já ergueu o primeiro brinde no jantar de sexta, no Piccin... e foi brindando por todo o sábado, até à noite, na hora do bolo dos aniversariantes. Tim, Tim...!!!

Belo time! Já jogaram e continuam "jogando", juntos.

"Concurso de Chapéus" Na hora do prêmio, deram mais um... Nada!

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Enquanto uns passeavam no "arraiá", à espera um bilhetinho do "Correio Elegante"... outros preferiram segurar o copo e soltar a voz na "Seresta do Restaurante".

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Em julho de 1942, no Bairro Paulas e Mendes, os irmãos Abílio (21) e Benedito, com apenas 16 anos, herdaram do pai um "negócio", um pequeno armazém onde se vendia desde açúcar a granel até querosene. Um lugar simples, com fumos e linguiças dependurados e o lápis sempre na mão para marcar os pedidos dos fregueses, que geralmente vinham escritos em pequenos papéis de pão. Este é o cenário que marca o início de uma história bem sucedida: a história da Comercial Pereira da Silva, de Piedade.

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DO LÁPIS AO CÓDIGO DE BARRAS As Travessias

Em poucos anos o negócio foi se afirmando. Com o aumento do movimento e a diversificação dos produtos, já em 1947 o armazém ganha uma nova denominação, "Abílio Pereira da Silva e Irmão", e um novo endereço, com melhores instalações, no mesmo bairro. Em 1952, já com um comércio próspero e sólido, os irmãos Pereira compram a propriedade de Hélio Baldy e lá instalam o novo armazém, agora mais no centro da cidade. A "Casa Pereira", como era chamada, então com sete funcionários, instala-se na Rua Comendador Parada, onde permaneceu até o início dos anos 90.

Loja 1: Av. Antônio Correa da Silva, 432 - 3244.8100 Loja 2: Rua Araújo Leite, 146 - 3244.3434

DÉCADA DE 60 Fanfarra do Ginásio desfilando em frente à Casa Pereira (no destaque)

DÉCADA DE 70 Dito Pereira, com seus clientes e mercadorias dependuradas, no tradicional armazém

Mas antes disso, ainda no final da década de 70, os primos Vicente e Sérgio, filhos de Abílio e Benedito Pereira, começam a "ajudar" no armazém. Era o início da primeira travessia: a das gerações. Depois de alguns anos de aprendizado e envolvimento com o comércio, assumem a direção da empresa e, com todo o futuro (literalmente) pela frente, partem para duas novas travessias: a da rua e a da modernidade. Em frente à Casa Pereira, do outro lado da Rua Comendador Parada, inauguram em 1984 o Pereira Supermercados. A tecnologia chega ao novo empreendimento, mas o fumo de corda e o lápis ainda resistiram por alguns anos em frente, no armazém tradicional. Este poderia ser um belo final para a história de qualquer empresa, mas "estamos" ainda na metade da década de 80...!!! De lá pra cá, Vicente e Sérgio, juntando a ousadia dos mais jovens à dedicação ao trabalho que herdaram de seus pais, partiram para mais duas grandes travessias: a do Rio Pirapora, com a construção da nova sede do Pereira Supermercado na Av. Antônio Correa da Silva, em 1998 e a da cidade, com a inauguração da primeira filial, o "Pereira Centro", na Rua Araújo Leite, em 2007.

Hoje a Comercial Pereira da Silva é uma empresa sólida e bem sucedida, que conta com modernos recursos tecnológicos e gerenciais, além da colaboração de mais de 200 funcionários, todos simbolicamente "com o lápis na mão", procurando preservar a tradição dos seus fundadores no relacionamento com seus clientes.

SABIA QUE... ... diferentemente de outros produtos, que nos antigos armazéns eram retirados daquelas grandes caixas de madeira por conchas metálicas, para o açúcar mascavo a concha era feita à mão, com cascos de cágados "extraídos" do Rio Pirapora? Como o plástico ainda não havia "invadido" o planeta, era o único material (barato) que resistia às propriedades químicas do produto.


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Crônica-Relato do 10° Encontro, feita pelo Paulinho em abril de 2009 F E V E R E I R O

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No verso do presente, um passado "muito prosa" Jessier Quirino quando escreveu: “Vou-me embora pro passado”, deve ter imaginado uma situação surrealista que jamais poderia ser revivida na prática, mas que 'parecia' uma realidade nas palavras que se somam em sua poesia. Para quem ainda não conhece, peço licença ao poeta para reproduzir em meu texto, apenas alguns trechos dessa poesia em forma de prosa:

Vou-me embora pro passado... Lá sou amigo do rei. Lá tem coisas "daqui, ó!": Roy Rogers, Buc Jones, Rock Lane, Dóris Day... Vou-me embora pro passado. Vou-me embora pro passado, porque lá, é outro astral. Lá tem carros Vemaguet, Jeep Willys, Maverick. Tem Gordine, tem Buick, tem Candango e tem Rural. O que talvez Jessier Quirino não poderia imaginar é que uma turminha do tempo dos Jeeps Willys e Candango, da lambreta, do Elvis Presley, do James Dean, do Hully Gully, do Repórter Esso, do Sinca Chambord, dos bailes de formatura, do Cuba-Libre e do Hi-Fi e dos namoros no cinema, pudessem se reencontrar e reviver aqueles tempos maravilhosos, dentro de uma nova realidade. Felizes por poderem, 'ao vivo' e 'a cores', reviver momentos inesquecíveis com os protagonistas daquela época, em Piedade.

...Lá dançarei Twist, Hully-Gully, Iê-iê-iê. Lá é uma brasa mora! Só você vendo pra crê. Assistirei Rim Tim Tim ou mesmo Jennie é um Gênio. Vestirei calças de Nycron, tecidos sanforizados, Tergal, Percal e Banlon... Escutarei Al Di Lá, Dominiqui Niqui Niqui. Me fartarei de Grapette, na farra dos piqueniques. Vou-me embora pro passado. No passado tem Lambreta, Vespa, Berlineta e Lotação. Quando toca Pata Pata, cantam a versão musical: "Tá Com a Pulga na Cueca" e dançam a música sapeca: “Ô Papa Hum Mau Mau” Vou-me embora pro passado, que o passado é bom demais! Lá tem meninas "quebrando" ao cruzar com um rapaz. Elas cheiram a Pó de Arroz da Cashemere Bouquet, Coty ou Royal Briar. Colocam rouge e laquê, English Lavanda Atkinsons ou Helena Rubinstein. Saem de saia plissada ou de vestido Tubinho, com jeitinho encabulado, flertando bem de fininho.

Para saber mais sobre Jessier Quirino, um poeta nordestino, visite o seu site: www.jessierquirino.com.br

Talvez Jessier Quirino não poderia imaginar que no dia 04 de abril de 2009 (como já vem ocorrendo há alguns anos), na mesma cidade, o encontro do passado com o presente se tornasse realidade... Os vestidos tubinhos da Ângela e da Marise não existem mais, mas as duas estavam lá, alegres e felizes “rememberizando” suas peripécias dos anos dourados. O Sinca do “Tio Renato”, talvez não exista mais, mas o Getulio e os filhos do Tio Renato, Ricardo e Toninho, relembravam suas aventuras com o Sinca Chambord, durante os intervalos da Ginkana (do presente) que agitava os participantes que se conheciam de cor...

... Os homens lá do passado só andam tudo tinindo... De camisas Volta ao Mundo, caneta Shafers no bolso ou Parker 51. Só cheirando a Áqua Velva, a sabonete Gessy, Lifebuoy ou Eucalol. E junto com o espelhinho: Pente Pantera ou Flamengo... O João Alonso que não era da turma, mas paquerou e casou com uma de nossas meninas (que cara mais abusado!!!), quase perdeu por WO a partida de pebolin porque estava 'molhando o bico', junto com seu cunhado, o Fio. Estava tão emocionado que parecia até que estava pedindo mão da Neyde... de novo. A Iraydes foi quem colocou ordem na casa antes da queima do pavio... O DKW 'Comanche' que o Xará acertou numa pedra no Alto de Piedade, não deve ter durado muito, mas o Xará, sim, estava lá e com a Cidinha, a Fabiana e a netinha Catarina (ajudando a vó na prova da pescaria). O bongô do Xandinho, personagem sempre presente nos ensaios na casa do saudoso Osmar de Nicola, animador de todo e qualquer tipo de festa (até de velório), vá saber por onde andará, mas o Xandinho estava lá, ao lado de sua esposa Wanda, curtindo pra daná. E o Chevrolet preto do Seu Landico que o Perseu esnobava pelas ruas da nossa cidade? Deve estar na loja de algum colecionador, mas o Perseu está aqui; é nosso!!! E, apesar de estar morando tão longe, não perde a oportunidade de curtir a realidade, um presente do passado... Elegância e serenidade são qualidades que nunca faltaram ao Renato. Ele é o famoso mineirinho: fica só na espreita, aguardando que o inusitado aconteça, observando com um ar enigmático que até hoje provoca as meninas que querem adivinhar o que passa por sua cabeça.

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17 Muitos romances iniciaram (ou terminaram...!!! ) ao som do Davino e sua Orquestra, aqui, "abrilhantando" o Baile de Formatura do Ginásio de 1966

... No passado é outra história! Outra civilização... Tem Alvarenga e Ranchinho, tem Jararaca e Ratinho aprontando a gozação... Tem também Mamãe Dolores, Marcelino Pão e Vinho. Tem Bat Masterson, tem Lessie, tem Zorro. Não se vê tantos horrores... Lá no passado tem corso, lança-perfume Rodouro... Tem também Repórter Esso com notícias atuais. Tem na revista 'O Cruzeiro' a beleza feminina, tem misse botando banca com seu maiô de elanca... Tem cigarros Yolanda, Continental e Astória. Tem o Conga Sete Vidas, tem brilhantina Glostora, Um dos autores da mais famosa marchinha de carnaval dos anos 60: “Maratona é turco baiano...” também estava presente: o Adolfão que, como todos, sentia muita falta de seu parceiro musical, o Gil, que juntamente com o Adilson, o Marcio, o Luizinho, a Gildinha e o Toninho Corvo assistia a tudo, muito feliz, como um menino, por ver seus amigos todos reunidos e REVIVENDO, realmente, a poesia de Jessier Quirino. A lambreta do Celinho, que fazia bater mais forte os corações das meninas, fez parte daquele passado, mas o Celinho, a Miriam e o Gerson são nosso presente; participaram da Ginkana com entusiasmo e saudade, trazendo para o Encontro o mesmo 'gás' direcionado às provas das Ginkanas da década de 60 em Piedade. O entusiasmo do Carlitão com as coisas da turma é uma coisa impressionante: no dia do Encontro já tinha vendido 10 talões da rifa da televisão LCD para constituir um fundo em prol da turma. É... é isso aí... A nossa turma já tem até uma biblioteca circulante sob o comando da Dalva e da Berty. E muito mais vem por aí... ...No passado tem remédio pra quando se precisar; lá tem Doutor de família que tem prazer de curar. Lá tem Água Rubinat, Mel Poejo, Asmapan, Bromil, Capivarol, Arnica, Phimatosan, Regulador Xavier, tem Saúde da Mulher, tem Aguardente Alemã. Tem também Capiloton, Pentid e Terebentina, Xarope de Limão Brabo, Pílulas de Vida do Dr. Ross, tem também, aqui pra nós, uma tal Robusterina: a saúde feminina. O Aurélio parece até que toma banho com formol, embora uma chuva de prata tenha pintado os seus cabelos, colocando frente-a-frente, o passado e o presente de uma forma harmoniosa e serena. Que os filhos lembram os pais não é novidade, mas é impossível ver o Djalminha sem lembrar do Sr. Djalma; o Osmarzinho

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então, é a mesma história: “não sei de quem veio esse dom da oratória...” O pistão do Edson Bianchinni, que enriquecia o som da fanfarra do Ginásio, talvez não exista mais, mas a habilidade que o Edson demonstrou na mesa de pebolin não escondia a versatilidade daquele 'maestro' dos desfiles pelas ruas de Piedade... A Regina, a Eliane, a Inezita, a Nilze, a Rita, a Célia e a Vera não estavam usando laquê, não usavam vestidinho 'saco' e não observei qualquer sinal de 'pó-de-arroz' em suas faces, mas se os vestidinhos e o laquê foram embora como o passado, era invejável ver a performance dessas meninas na pista de dança montada para animar a nossa festa; parecia que estavam dançando a valsa de seus quinze anos... Que coisa linda de ver... O problema foi a briga para ver quem dançava com o Zezinho, que 'plainava' pelo salão; não havia o que ele não dançasse com perfeição: foi de samba, rock, valsa e até um tal de 'foió', que inventaram na hora para ver se derrubavam o cara... Não teve jeito: ele continua dançando... como sempre... O Atahala por sua vez, tirou até os documentos, o celular do bolso e até mesmo a aliança, para ficar mais leve e não prejudicar a sua perfomance no concurso de dança... Zé Carneiro a todo tempo justificava que não era ele quem não queria que eu participasse das aventuras do pessoal; era o Xará que dizia que eu era muito criança para ir à outras cidades para pular o Carnaval... A Festa estava mesmo de Arromba: Chiquinho e Jomar conversavam no jardim, Xu e Robertinho na piscina e Oswaldinho no salão...

... Vou-me embora pro passado pra não viver sufocado; pra não morrer poluído, pra não morar enjaulado. Lá não se vê violência, nem droga nem tanto mau. Não se vê tanto barulho, nem asfalto nem entulho; no passado é outro astral. Se eu tiver qualquer saudade, escreverei pro presente e quando eu estiver cansado da jornada, do batente, terei uma cama Patente, daquelas do selo azul, num quarto calmo e seguro onde ali descansarei. Lá sou amigo do rei. Lá, tem muito mais futuro. Vou-me embora pro passado.

Não, Jessier, não precisa ir embora pro passado; a nossa turma, ao contrário, sem se dar conta, conseguiu trazer o passado para o presente e ganhar de presente o passado... É imensa a satisfação de viver o passado no presente, coisa que Jessier Quirino acreditava que só pudesse ser verdade nos versos de sua poesia... Transformamos um sonho em realidade; é impressionante a energia trocada entre nós como que, literalmente, estivéssemos trazendo o passado para o presente; uma coisa quase impossível: os mesmos hábitos, as mesmas palavras, o mesmo carinho, o mesmo olhar, o mesmo amor, quase 50 anos depois... Nós somos o 'Remember'!!! Fanfarra do Ginásio no desfile de 20 de maio de 1966

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"Deus a salve, lua cheia, bela e resplandecente. Quando tornar a voltar, me traga desta semente" 20 de novembro de 2010

Na "sexta-pré", com notas e moedas à mão, o pedido à Lua Cheia!

As "mamas" homenageadas... "Bença mãe!"

Sinuquinha da tarde... "Tá na boca 'brother', não vai errar!"

Fechamos 2010, e a série de Encontros até agora, com um evento bastante animado e cheio de atividades, que praticamente começou com o jantar de sexta-feira, dia 19, na Pousada Recanto Primavera. Inspirados pelas lembranças familiares de um tradicional "caldo de suã com couve rasgada e farinha de milho" e esperançosos do pedido feito à lua cheia, parte do grupo, alguns pernoitando na pousada, se "concentrou" para o dia seguinte. A partir das 10 horas de sábado o pessoal foi chegando e as rodinhas foram se formando ao redor das mesas da piscina, onde, entre muitos abraços e algumas lágrimas, a pergunta que mais se ouvia era: "Lembra...???". Quando o sino tocou, avisando que o almoço estava servido, com as travessas e panelas de ferro prontas para serem "atacadas" no fogão à lenha, já eram mais de 50 pessoas, entre elas as duas convidadas especiais da turma naquele Encontro: "dona" Constança e "dona" Lála, trazidas pelos seus filhos Osmarzinho e Mariângela (de Nicola) e Colé, Eliane e Guto (Soares do Amaral Santos) para o "Almoço com a mama, mesmo que não seja a sua", que fazia parte da programação. Após o almoço, enquanto se preparavam para a "foto oficial" e as atividades da tarde, foram entregues as cédulas para a primeira eleição de presidente e vice-presidente da diretoria, que será responsável pela administração e realização dos Encontros em 2011 e 2012. Provando que "formalidade" não implica necessariamente em "responsabilidade", a "diretoria" anterior, que não foi eleita, mas informalmente aceita desde o início, decidiu que estava na hora de mudar o comando. Na cédula, com o nome de "todos" os membros titulares com pelo menos 30% de presença nos últimos 10 Encontros (com exceção dos atuais presidente e vice), os eleitores deveriam assinalar DOIS NOMES que, após contagem individual, seriam os mais votados "convidados" a assumir, respectivamente, os cargos de Presidente e Vice-Presidente. À noite, após a apuração "presidida" pelo Cherubim, foi divulgado o resultado: Empate entre os dois mais votados, Dayton e Ricardo, com 26 votos (72% dos votos válidos) cada um. E como ambos aceitaram o "convite", o Dayton, como o mais "velho", foi eleito presidente e o Ricardo, vice-presidente. Depois do "parabéns a você" aos aniversariantes do período, da entrega dos presentes do "Amigo Previsível" e da ceia "natalina", o 15o Encontro terminou como os anteriores: aos poucos, com muitos "causos" e seresta, já na madrugada de domingo.

"Amigos Previsíveis"...

IBNT

Instituto Brasileiro de Negociações Tecnológicas

Consultoria em Planejamento e Gestão Ambiental

Prof. Dr. Perseu Fernando dos Santos, PhD perseu@ibntweb.com - 61 9804-2640

Novo presidente e vice... "Tá todo mundo de olho em vocês!"

Aniversariantes de período... "Braços, abraços, copos e fotos"

Mesa bonita, comida gostosa e algums minutos de "quase" silêncio.

... presentes não tão.

BUB CONTÁBIL Sucessor do Escritório de Contabilidade "OSCARLINO FELIX"

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A BRASÍLIA DOS ANOS 60 COMO INSPIRAÇÃO No final dos anos 50, incentivado pelo fato da cidade fazer parte da principal rota rodoviária de São Paulo para o sul do país, Sérgio Barboza Ortiz, um jovem empreendedor, vem de Sorocaba para investir em Piedade. Iniciou seus negócios com uma borracharia, na qual morou durante algum tempo, para poder atender, dia e noite, ao intenso movimento de caminhões. Todo esse trabalho e dedicação foi recompensado: no início da década de 60, percebendo a oportunidade do negócio, Sérgio decidiu entrar no comércio de combustíveis, arrendando um posto de gasolina existente na Rua Capitão Moraes e convidando seu amigo Norberto Fávero para ajudá-lo nessa nova empreitada. O negócio prosperou, já que o Posto Brasília (como foi "batizado") também ficava aberto por 24 horas, até que, alguns anos depois, o proprietário do imóvel resolve retomá-lo. Reconhecendo a importância de uma sede própria nesse ramo de atividade, Sérgio Barboza não teve dúvidas: fez um esforço adicional, juntou suas economias e em 1963 comprou um imóvel na Praça da Bandeira, que na época era a sede do Posto Esso, de Djalma Ramalho. O local, embora mais central, estava fora da rota por onde passava todo fluxo de veículos em direção ao sul; um novo desafio que foi enfrentado nos anos que se seguiram, com a

venda do imóvel da Praça da Bandeira e a compra de um terreno para construção da nova sede, na esquina da Rua Capitão Moraes com a Rua Francisco Antônio Correa, a poucos metros do posto anteriormente arrendado. Uma área que, apesar da excelente localização, estava muito abaixo do nível da rua, o que exigia um grande aterro antes da construção. Foi mesmo mais um grande desafio que o empresário Sérgio Barboza enfrentou, desta vez adquirindo um caminhão basculante e um trator de esteira e fazendo por conta própria toda a terraplenagem do terreno, sempre contando com a colaboração do seu fiel e leal amigo Norberto (nascia ali a Terraplanagem Brasília, da qual Norberto, que o acompanhou por 33 anos, se tornaria sócio). Hoje, no lugar do "enorme buraco", encontram-se as modernas e sólidas instalações do Posto do Sérgio (nova denominação do Posto Brasília) e da Auto Peças Brasília. Em 2008, com o falecimento do seu fundador, o controle das empresas passa para a família, que vem mantendo o ritmo de crescimento do Posto e da Auto Peças e, com a mesma determinação do seu saudoso líder, partindo para novos desafios, como a incorporação de uma nova empresa ao grupo: o Posto do Jimenez, localizado na Rua Mal. Floriano Peixoto, esquina com a Rua Laureano da Silveira Baldy.

Jovens no coreto da florida Praça da Bandeira, provavelmente no final da década de 50. Ao fundo, o prédio que Sérgio Barboza compraria alguns anos depois para instalar a primeira sede própria do seu posto de gasolina e loja de auto peças.

POSTO DO SÉRGIO Rua Capitão Moraes, 233 15 3244.2402

SABIA QUE... ... os postos só chegaram ao Brasil com a Texaco, em 1915? Quanto a Piedade, no dia 03/04/1932 o Cruzeiro do Sul publicou a seguinte noticia: "O sr. Djalma Ramalho firmou contrato com The Calorie Company da capital para a instalação no mais breve tempo, nesta cidade, de um posto para a venda de gasolina e óleo". Na época, a cidade tinha 40 caminhões e mais 80 outros veículos. FONTE: INTERNET E ANTONIO LEITE NETTO


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O Amigo da Onça No século passado, em Piedade, havia uma procissão muito concorrida, a de São Cristóvão, que as pessoas acompanhavam de carro. Nós, as meninas, ficávamos piedosamente ouriçadas e entusiasmadas em participar da homenagem ao Santo, no automóvel de algum dos meninos da TURMINHA. Chegando o dia, eu e as minhas irmãs fomos proibidas pelo meu pai de ir, mas a religião, acreditem, falou mais alto e fomos... escondidas, para variar. Estávamos muito alegrinhas, seguindo a procissão num Jeep, cuja fama empatava com a do seu galante proprietário, quando "um outro Jeep", já este famoso pela severidade de seu austero dono (meu pai), começou a se aproximar... E nós, apavoradas, mais que depressa tratamos de nos esconder, abaixando entre os bancos. Mas o nosso "piloto", muito amigo da onça, quando o outro jipe passava ao lado, gritou para o meu pai, apontando para nós abaixadinhas: "Elas estão aqui, ó...!!!" Bom... O final da história, pra quem foi adolescente naquela época (principalmente as meninas), dá pra imaginar, né...??? Ângela Tristão

Recentemente mandamos para todos os membros da Turma alguns temas ou "palavras-chave", pedindo que enviassem para o Remember os "causos" e historinhas que viessem à lembrança através delas. Entre as "publicáveis", escolhemos para esta edição estas três por, apesar de pessoais, retratarem um pouco dos costumes, dos valores e o cotidiano dos jovens e adolescentes na década de 60 em Piedade e na maioria das pequenas cidades do interior.

Ecos de Saudade

Fantasias do Passado

Todo carnaval minhas tias Celina, Teresa e Norma se reuniam na casa da minha avó, para preparar as fantasias que iriam usar nos ansiosamente aguardados bailes. Lembro bem do ano que elas participaram do "Bloco dos Pescadores", com a roupa e os chapéus enfeitados por peixinhos bordados com muito amor, brilhos e cores. Crianças ainda, eu e minha tia Neyde ficávamos acompanhando toda aquela agitação, imaginando como seria um baile de carnaval, à noite, no Clube... E a cada ano nossa expectativa aumentava. Em 1961, já com 15 anos, finalmente chegou a nossa vez! Bolamos o "Bloco das Havaianas" e fomos na casa da Mariazinha, a costureira que iria ajudar a transformar nosso sonho em realidade. Com um bustiê e uma saia de ráfia amarela, que para a época já era bem audacioso, fizemos furor nas quatro noites... e nas matinês. Lembro que todos iam a pé até o Clube Literário e lá se divertiam até o raiar do dia. A Orquestra do Davino garantia a animação, num ambiente muito saudável e feliz, onde muitos namoros, e até casamentos, começaram. Nada era proibido e todos podiam dançar, cantar e beber à vontade. Os rapazes sem namorada vinham dançar com as meninas e os comprometidos ficavam também felizes, dançando com seus amores. Nem se dormia direito, de tanta empolgação. Tenho saudade daqueles tempos onde todos podiam brincar à vontade, da inocência daqueles jovens que eram felizes e não sabiam, das marchinhas cantadas à noite e ecoavam pelo resto do dia em nossas cabeças... Na madrugada da quarta-feira de Cinzas eram poucos os fios de ráfia nas nossas fantasias, mas nossos corações explodiam de felicidade, já fazendo planos para o Sábado de Aleluia! Sônia Mello

E lá estava eu, de camisolão azul claro de cetim, uma pequena coroa prateada na cabeça, com uma estrela no alto e, nas costas, um par de asas de penas brancas. Sim, era esse traje mesmo que eu saía nas procissões, vestida de anjo, ladeada por mais dois anjos maiores: minha irmã Cecília e a Dalva (do Plínio), ambas com roupa igual, na cor amarela. Acho que eu deveria virar atriz, pois passei minha infância e parte da adolescência fantasiada. Nos desfiles de 20 de Maio a produção era mais incrementada. De baliza, com roupa de soldadinho; de italiana, passando o maior calor com saia e colete de veludo; e de gaúcha, com bota, chapéu, espora, laço... Tão autêntica que um senhor (nascido no Rio Grande do Sul) que assistia ao desfile não resistiu e aproximou-se para me cumprimentar. Não satisfeito, na apresentação promovida no Clube Literário, no mesmo dia, à noite, compareceu emocionado para me cumprimentar novamente, me presentear com uma cuia de chimarrão e ainda posar ao meu lado para as fotos. E no carnaval? Além de pirata, no bloco da minha turma do colegial, um ano fizemos em casa uma fantasia de dominó: camisolão de cetim verde e, como o traje pedia, um capuz na cabeça com apenas dois buracos para os olhos e luvas, pra não ser identificado. Primeiro, Zé Antonio colocou a roupa e deu voltas no salão, mexendo com todo mundo. Depois, num rápido sumiço, volta ao salão com roupas normais, mas o dominó continua entre todos, agora vestido por Adriana. Finalmente, numa outra rápida troca, eu me visto de dominó. Rimos muito, pois ninguém conseguiu descobrir quem era, uma vez que os três apareciam em público, ao mesmo tempo que o dominó. Bons tempos, boas lembranças... Carmelina Marciano - "Nina"

Carnaval de 1962: "Coroação" do Rei Momo e sua corte, no Club Literário.

A "gauchinha", fechando a ala da Região Sul no desfile de 20 de maio de 1965


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