Edição 238 - Setembro 2014

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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br

Os discos da minha vida...

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“RIO-BAHIA”

Como os leitores habituais da coluna já sabem, venho contando em sequência a história dos discos da minha carreira. Depois de Passado, Presente, Futuro e do Terra - ambos do trio Sá, Rodrix & Guarabyra - e dos dez primeiros da dupla, chego ao décimo-primeiro de Sá & Guarabyra, o... RIO-BAHIA

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indo nosso contrato com a Eldorado, fomos chamados de volta aos braços da Som Livre, via sua subsidiária RGE, através do nosso velho amigo Lyzandro Antonio, que já coproduzira o 10 Anos Juntos em 1982. Quinze anos depois festejaríamos então nosso – digamos assim... - “jubileu de prata” com o Lyzandro, de novo, na produção. A única condição era gravarmos nos antigos estúdios da RGE, que embora sem muitos equipamentos up to date era trazido nos trinques possíveis por seus “pais”, Ely Bontempo e Darcy Ferreira. Dessa vez o planejamento do disco ficaria mais fácil, já que estávamos ambos morando em São Paulo. E foi no apartamento de Guarabyra na Padre João Manoel, no miolo dos Jardins, que o Rio-Bahia começou a tomar forma. Queríamos traçar mais uma vez o roteiro de nossos contrastes e origens, refazendo o caminho musical entre o vale do rio São Francisco e o mar do Rio de Janeiro, da bossa-nova ao reisado, como dizia a letra da música título, a primeira que fizemos para o repertório:

Tanta coisa eu vi, desde Pirapora ao Corcovado Tanta coisa eu vi, flor no mar, vapor desatracado Tanta coisa eu vi, de Ipanema até Pilão Arcado Nessa travessia, do Rio à Bahia Rio-Bahia não teve vida longa. Pouco tempo depois do seu lançamento a Som Livre resolveu fechar a RGE. Nem por isso deixa de ser um de nossos preferidos, já que nele conseguimos traduzir conceitualmente nossa idéia de “ponte”, de traço de união entre o carioca e o sãofranciscano: notem que a Bahia do vale do São Francisco é completamente diversa da litorânea, o vale tem uma personalidade toda própria, misturando o norte de Minas ao agreste do interior nordestino. Acho que nele expressamos muito bem o litoral e o fluvial, o mar e o rio, nas melodias, nas letras e na percussão baseada no que ouvíamos em velhas fitas cassete que Guarabyra gravara anos antes nas festas folclóricas do seu vale natal. Assim é que depois de “serta-


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