Backstage 310 - Dezembro 2022

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FEIRA DE SINTETIZADORES DA CALIFÓRNIA

A feira trouxe para o público uma grande variedade de produtos relacionados ao universo dos synths (além dos synths físicos). Muitos dos fabricantes e distribuidores apresentaram equipamentos a preços especiais e o evento contou com excelentes seminários e oficinas de construção de sintetizadores DIY.

Synthplex é a maior feira de sintetizadores e tecnologias relacionadas à síntese sonora da Califórnia. Foi justamente esta a realização de Michael Learmouth e Michael Lehmann Boddicker (The two Micheal’s) este ano em Burbank, CA (área metropolitana de Los Angeles). Ambos são entusiastas de sintetizadores, grandes músicos e produtores estadunidenses, sendo Boddicker muito conhecido por ter gravado em to -

dos os discos de Michael Jackson, dentre outras grandes realizações que o faz ser reconhecido como figura lendária na indústria musical.

Esta segunda edição da exposição (que teve início em 2019), trouxe para o público uma grande variedade de produtos relacionados ao universo dos synths (além dos synths físicos), tais como: software de sintetizadores (VSTi), sintetizadores modulares (5U,

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Reportagem: Ivo Senra e Nando Costa com a colaboração de Daniel Figueiredo | Fotos: Divulgação

Buchla, Eurorack e Serge), sequencers, baterias eletrônicas, muitos tipos de controladores, pianos elétricos e órgãos, equipamentos de estúdio, DAW’s, monitores, fones de ouvido, interfaces de áudio, acessórios de teclado, DIY Euro Racks, pedais de efeitos e módulos de efeitos visuais para Eurorack. Muitos dos fabricantes e distribuidores apresentaram equipamentos a preços especiais e o evento contou com excelentes seminários e oficinas de construção de sintetizadores DIY. Em uma das salas, foi criado o museu Pop-Up Synth, que dentre muitas raridades, disponibilizou o protótipo do Oberheim 4 Voice. Tom Oberheim, fundador da empresa, compartilhou sua história de vida e criações com o público presente, deixando muito claro a sua genialidade e enorme importância na própria história dos sintetizadores. Além de muito conhecimento e novidades, a Synthplex trouxe muito entretenimento aos visitantes, apresentando shows e workshops de artistas renomados em diversos locais da cidade e palcos no centro de convenções. Alguns artistas e palestrantes também participaram de forma remota, por videoconferência, direto de seus estúdios. Artistas como Steve Porcaro, Jean-Michel Jarre, Alan Parsons e Jordan Rudess foram alguns dos nomes que marcaram presença nesta edição da feira. Alguns, como o próprio Jordan Ru -

dess, aproveitaram o encontro para visitar os estandes, conferir as novidades e divulgar novos projetos na indústria (inclusive descobrimos que ele é o embaixador da Moises.Ai, uma empresa de tecnologia de áudio criada pelo brasileiro Geraldo Ramos).

Na noite de sábado, expositores e convidados participaram de um banquete que contou com uma performance de synth modular da grande Suzanne Ciani e também uma entrega de prêmios, agracian -

sediada em Los Angeles, estréia no circuito de feiras e exposições da indústria dos EUA apresentando diversas bibliotecas de instrumentos virtuais para Kontakt e um enorme repositório de pacotes de loops e samples, desenvolvidos exclusivamente para a empresa por músicos e produtores consagrados de todo o mundo, como Frank Colón, Roberto Menescal, Nelson Faria, dentre muitos outros. O lançamento do pacote Xtreme Series foi um dos grandes

Para saber mais detalhes ou acompanhar mais de perto os próximos passos deste evento, que pretende ser anual, acesse o site da convenção, que tem tudo bem explicado: synthplex.com.

do a artista com o Golden Ear Award e Tom Oberheim, que também esteve presente, com o SynthplexFounder’sAward 2022.

A exposição aconteceu entre os dias 27 e 30 de outubro no Centro de Convenções do Hotel Marriott, em Burbank. Para saber mais detalhes ou acompanhar mais de perto os próximos passos deste evento, que pretende ser anual, acesse o site da convenção, que tem tudo bem explicado: https://synthplex.com.

DESTAQUES DA SYNTHPLEX:

AUDIOXPRESSION:

A AudioXpression, empresa comandada por brasileiros e

destaques da empresa nesta feira. Uma linha de instrumentos virtuais que propõe uma sonoridade híbrida, partindo dos já conhecidos instrumentos acústicos e eletroacústicos, que veio para trazer soluções criativas e inspirar compositores de trilha sonora, música para game e praticamente qualquer tipo de produção musical a chegarem no seu “Unique Sound”, como diz o lema da empresa. O stand da AudioXpression também contou com uma apresentação surpresa dos grandes músicos Jesús Molina e Danilo Amuedo, com Jesús demonstrando alguns dos sons do Xtreme Series em ação.

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Plus Pedal assim como o light Pedal (springreverbs) estavam ao lado deste mais recente lançamento da GamechangerAudio, segundo eles o primeiro synth eletromecânico do mundo, o MOTOR SYNTH MKII. Um synth muito interessante e curioso, contendo oito círculos vermelhos que formam uma engrenagem que produz vários tipos de ondas, criando um som realmente muito poderoso.

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MUSIC:

Steve Joslin nos apresentou essas “caixinhas coloridas” que tem um som simplesmente incrível! A primeira da direita para a esquerda é um stepsequencerdrummachine com síntese FM e sampler, a segunda um synth granular polifônico e a terceira um synthwavetable polifônico

ERICA SYNTHS / GAMECHANGERAUDIO

Dois parceiros da Letônia com produtos de muita qualidade se uniram e surpreenderam nesta feira, apresentando equipamentos de altíssimo nível. Já conhecidos por muitos, o

A Erica Synths trouxe essa versão nova do SYNTRX, um synth com uma capacidade de roteamento interna total e m últipla. Através do painel central, é possível fazer o roteamento de qualquer parâmetro para qualquer parâmetro dentro do instrumento e todos estes controles são feitos de forma digital, possib ilitando salvar e carregar presets!

ILIO

Na área de software, a Ilio, representante de diversas marcas de qualidade no mercado, também marcou presença. Representou a Delta SoundLabs, empresa que produz o Stream, virtual sampler e o Fold, distorção virtual, ambos já bastante utilizados em sound design e produção musical em geral. Também representando a Applied Acoustics Systems (AAS), a empresa trouxe este lançamento bem interessante, o Multiphonics CV-1, um sintetizador virtual modular. É muito interessante ver como uma feira de sintetizadores atualmente já está se desdobrando em vários outros tipos de produtos, além dos antigos synths analógicos.

A Erica Synths trouxe essa versão nova do SYNTRX, um synth com uma capacidade de roteamento interna total e múltipla. Através do painel central, é possível fazer o roteamento de qualquer parâmetro para qualquer parâmetro dentro do instrumento.

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ENTROPY & SONS

Esta empresa de Nova Iorque esteve fazendo o pré-lançamento de seu incrível sintetizador de vídeo nesta edição da Synthplex. É muito interessante como esse tipo de equipamento vem crescendo dentro do mercado e este, em especial, é muito interessante, chamado PositronicRecursion Studio.

Ele já vem com um banco de imagens interno e é capaz de receber sinal de áudio, MIDI ou CV, além de poder carregá-lo com imagens ou até mesmo operar com câmeras ao vivo conectadas a ele.

durabilidade eterna! Trata-se de um sintetizador de 12 vozes analógico e digital.

MELBOURNE INSTRUMENTS

A Melbourne Instruments veio para a Synthplex com um lançamento que vale muito a pena destacar, o synth Nina. Ele possui o primeiro sistema de knobs motorizados já produzido, realmente muito inventivo e, segundo o criador, tem uma

DIRTY WAVE

O estande já chamava bastante atenção, como podemos ver na foto. O M8 é um sequencer, sampler e sintetizador portátil. Além das clássicas waveforms, ele tem FM e virtual analógico. Possui um par de mini alto falantes, tela touchscreen, MIDI IN e OUT e entrada e saída de áudio, ou seja, uma ferramenta muito interessante e versátil!

consoles de som Neve. Tudo é feito de forma muito artesanal e esta customização permite que eles venham com valores muito mais acessíveis, tornando possível, por exemplo, criar uma mesa Neve com pré amplificadores e equalizadores de extrema qualidade em poucos canais. Este fato permite trazer os consoles a uma realidade mais próxima do público em geral, saindo daquela ideia de que só os grandes estúdios podem ter um equipamento deste calibre.

BURBANK AUDIO SYSTEMS

Conversamos um tempo com Steve Roach, dono da empresa, e ele nos contou um pouco sobre o trabalho deles, com

QUILTERLABS

Esta empresa trouxe, provavelmente, um dos produtos mais curiosos da Synthplex. Eles começaram há 15 anos atrás comercializando discos flexíveis (parecidos com discos de vinil), porém muito mais maleáveis, lembrando mais uma folha de plástico que contém sons gravados. Estes sons (samples) eram reproduzidos por um instrumento chamado Optigan, uma espécie de órgão produzido nos anos 70 que tinha esse funcionamento, algo parecido com a ideia do Mellotron, que também dispara sons gravados através das teclas. Há três anos, eles começaram a fabricar o Panoptigon, que é o substituto

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atual do Optigan, permitindo assim o uso de forma mais prática e contemporânea, já que possui conectividade MIDI e torna possível o acesso aos sons usando um controlador, por exemplo.

Roland Jupter-X 50th Anniversary Model. O lançamento comemorou o aniversário de meio século da Roland no final de maio deste ano.

ROLAND

Em posição de destaque no estande da Roland, estava o recente lançamento deste ano, o Juno-X. Um instrumento que através da tecnologia de síntese chamada ZEN-core traz a fusão de sons desde os famosos e vintage Juno 106 e Juno 60, passando pelo XV-5080 e a família RD pianos, com módulos de expansão e apresentando muitas outras funcionalidades, como vocoder, o famoso chorus e o painel como o de um synth vintage, facilitando muito a programação de novos sons.

YAMAHA

A Yamaha expôs dois controladores bem interessantes. Produzidos pela empresa DTronics, o DT-7 (Foto 14) pode controlar os parâmetros do DX-5, DX-7, TX-7, TX-802 e TX-816, facilitando e tornando muito mais orgânica e musical a forma de programar sons nestes instrumentos. E como não poderia faltar, eles também fizeram o DT- RDX, controlador para o Reface DX. Também em posição de destaque no estande, estava o MODX8+, um super workstation lançamento da Yamaha de 2022.

o seu lançamento de 2022, o OB-X8. O novo instrumento é um sintetizador analógico de oito vozes que se inspira em alguns dos sintetizadores polifônicos mais icônicos de todos os tempos: o OB-X, OB-Xa e OB-8. Estes sintetizadores são responsáveis por alguns dos sons de síntese mais icônicos de todos os tempos, como “Jump” do Van Halen, “Tom Sawyer” do Rush, “1999” do Prince e muitos outros sucessos. A Sequential apresentou alguns de seus synths mais recentes, como o Take 5 e o Prophet 5 e 10.

Ta mbém em lugar de destaque, estava esta linda edição de aniversário, o Black & Gold

SEQUENTIAL / OBERHEIM

Em parceria,essas duas empresas estavam juntas no mesmo estande. A Oberheim trouxe

IK MULTIMEDIA

Numa configuração de estande muito interessante, a IK Multimedia apresentou o Galaxy, seu synth virtual que

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é uma recriação do famoso Alesis Andromeda, que foi um sintetizador polifônico analógico de 16 vozes com 2 osciladores por voz, cada um com sub osciladores, seleção de múltiplas formas de onda e modulação de largura de pulso da onda quadrada. A empresa também apresen -

tou seu Hammond B-3X e o Sampletron 2, uma recriação do Mellotron.

SLEEPYCIRCUITS

A empresa veio para a Synthplex com o Hypno, um sintetizador de vídeo semi-modular com muitas funções. Com 4 entradas USB-A, Ethernet e

HDMI, a combinação de possibilidades de processamento de vídeo deste equipamento surpreende muito!

SETOR DE EVENTOS

FINALMENTE COM HORIZONTES ABERTOS

Depois de anos intensos, com economia em declínio, pandemia e desorganização no setor cultural, aconteceu uma recuperação do setor de eventos. Foram criadas 14.262 novas vagas em cinco atividades específicas do setor.

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e acordo com dados de novembro coletados pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) divulgados em novembro de 2022, existe uma recuperação do setor de eventos e cultura. Dos mais de 2 milhões e 100 mil gerados entre janeiro e setembro, cerca de 230 mil foram no hub setorial que engloba 52 áreas incluindo hospedagem, agências de turismo e empresas de segurança, entre outros. Especificamente no setor de eventos, foram criadas 14.262 novas vagas

nas cinco atividades específicas dele: organização de eventos, Atividades artísticas, criativas e de espetáculos, Atividades ligadas ao patrimônio cultural e ambiental, Atividades de recreação e lazer e Produção e promoção de eventos esportivos. Um resultado 337% maior que o total de igual período do ano anterior, com 3.265 novos empregos nessas áreas. Os números dão sustentação à percepção de vários atores deste mercado. No entanto, depois de anos intensos, com economia em declínio,

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MATÉRIA DE CAPA
Reportagem: Miguel Sá | Fotos: Divulgação / Freepik.com

pandemia e desorganização no setor cultural, essa é uma história que vai além dos números. Para entender o que acontece efetivamente é preciso ouvir as histórias dos profissionais da área cultural.

Elsa Costa, diretora do Instituto de Artes e Tecnologia (Iatec), Raphael Pulga, produtor de Lulu Santos e também de Milton Nascimento , Vladimir Ganzerla, da GSB Pro Audio, que vende equipamentos de áudio; Uirá Fortuna, responsável pela gestão da Fundição Progresso e Carlos Alberto Xaulim, da Cadoro Produções, explicam de que forma agiram para driblar as dificuldades dos últimos anos e o que fazer para que o segmento tenha um crescimento constante.

ELSA COSTA

Elsa Costa conta, feliz, que em agosto foi aberta a primeira turma presencial de produção do Iatec desde 2019. “Os outros cursos (sonorização ou iluminação) em algum momento tem que ter acesso ao equipamentos. Mas no caso do curso de produção ele ficou inteiramente online”, afirma. Além da função no Iatec, Elsa também trabalha como produtora e, de maio ao meio

Tim Music Mulheres Positivas no Theatro Municipal e uma convenção para 2500 pessoas”. A demanda reprimida foi um fator da profusão de eventos que aconteceu no meio de 2022. “Havia coisas que já estavam vendidas. Sei de amigos meus que tinham evento de bilheteria que já estava vendido. Tem também projetos que são incentivados

Sei de amigos meus que tinham evento de bilheteria que já estava vendido. Tem também projetos que são incentivados (por leis de incentivos fiscais, como a Rouanet) e não puderam acontecer porque não foi possível transformá-los em eventos online.

do ano de 2022, já sentia um retorno das atividades de forma mais consistente. “Dirigi três eventos: o Tim Music Festival na Praça Mauá agora, o Festival

(por leis de incentivos fiscais, como a Rouanet) e não puderam acontecer porque não foi possível transformá-los em eventos online. Estes tiveram que aconte-

cer até dezembro”, pondera Elsa. Ainda que tenha havido, efetivamente, um aumento de eventos, Elsa coloca que, sem políticas públicas para a área de cultura, este crescimento pode não ser sustentável, e critica a forma como a cultura tem sido abordada por parte dos agentes públicos nos últimos seis anos, principalmente os federais. “A cultura é uma identidade. A Lucélia Santos (atriz) diz que (no Brasil, como país) poderíamos viver de cultura. Falei na Escola de Música da Rocinha, em uma palestra, que o Brasil não tem um projeto de entretenimento. Tem que ter um projeto, porque se não fica à mercê de quem entra ou quem sai. E não adianta colocar pessoas (em cargos executivos da área de cultura) que não são desse lugar”. Reforça. Na busca por um mercado da

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Esla Costa e Raphael Pulga
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cultura forte e sustentável, Elsa também fala sobre a forma como o debate sobre leis de incentivo tem acontecido, com muita briga e poucos argumentos que possam ajudar a aperfeiçoá-las.

“Se na lei tem uma fresta, vamos ver como a gente pode melhorar. Agora, pegar e derrubar tudo dizendo que tem um monte de marginal se lambendo nisso?

Aí não. Se me colocarem em uma mesa para conversar sobre o que precisamos melhorar, tenho uma virgulinha para ajudar. Mas não tem outra forma de fazer que não seja colaborativa. Cultura tem que ser trabalhada colaborativamente nos níveis municipal, estadual e federal”, determina.

Elsa Costa aponta também outra questão que ocorreu durante a pandemia: o êxodo de mão de obra no setor. Para resolver isso, ela sugere o apoio das empresas

para a renovação dessa mão de obra. “Nesse momento, alguns profissionais da área descobriram que conseguiam viver, pagar as contas, ver os filhos e ter uma vida menos enlouquecida. Eventualmente ganhando igual, ou mais, ou um pouco menos, mas com uma outra qualidade de vida, e tem gente que não quer voltar. Tenho conversado com várias pessoas de empresa que estão precisando de mão de obra porque temos uma procura pelos cursos, mas o poder aquisitivo dos que nos procuram não está chegando, mesmo com a gente facilitando de todas as formas. Tivemos um curso de iluminação que começou em setembro com o apoio da Cia da Luz”. Ainda que tenha desafios importantes no setor, Elsa vê o futuro com otimismo. “Temos que falar das perspectivas com alguns festivais que voltaram. Isso demanda

muita mão de obra e temos hoje um mercado com pessoas mais preparadas. Estamos no patamar de poder receber Lollapalooza, Rock in Rio, feiras, convenções e congressos. Só precisa ser verdadeiramente incentivado. Tem que haver uma política de apoio”.

RAPHAEL PULGA

O produtor lembra bem de quando tudo começou a “desabar”. “Foi logo antes de iniciar a turnê com o Lulu Santos, e aí teve a notícia da quarentena. Não sabíamos ao certo o que estava acontecendo, imaginávamos que fosse breve, e demoramos a tomar as decisões porque meio que não acreditamos no que estava acontecendo, né? Começamos adiando os shows mais próximos e jogar para uns dois meses mais tarde. Mas foi ficando cada vez mais grave. Aí teve

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cancelamento de shows, devolução de dinheiro e então você tem a equipe que estava contando com aquele show e que não podíamos simplesmente largar. No caso dos artistas com quem trabalho todo mundo recebeu dois cachês. Estávamos achando que iria ser uns 40 dias, mas depois vimos que ia demorar muito. A primeira preocupação foi ajudar a todos”, comenta Raphael. Logo, com as redes sociais, aqui e ali começou a se delinear o caminho das lives. Mas não era o tipo de coisa com o qual Lulu Santos e Milton Nascimento iriam se envolver sem saber como fazer bem feito. “Como poderíamos fazer as Lives com qualidade? Tinha que entender o funcionamento, assistir muita live e se informar bastante para tomar as decisões. Mas, em um primeiro momento, as marcas ficaram desesperadas para ter as lives e colocar o dinheiro. Então começou a chover propostas de marcas para fazer lives. Fizemos duas tanto com o Lulu quanto com o Milton. Foi interessante porque abriu uma maneira de arrecadar fundos para ajudar o artista e a equipe. Naquele momento, com as lives, nós pagamos muito melhor os nossos colaboradores e montamos uma rede de solidariedade para arrecadar fundos e ajudar o nosso setor. Conseguimos dar uma força para outras pessoas que não trabalhavam diretamente com a gente” lembra o empresário. Nessa altura, houve profissionais do backstage que começaram a tentar se estabelecer em outras áreas e, quando acabou a pandemia, nem todos voltaram para a área de shows. “Algumas pessoas voltaram, mas outras ficaram

nos novos negócios, até porque a instabilidade é uma realidade no nosso meio. Tenho amigos que acabaram enxergando que talvez fosse melhor uma coisa mais estável ali, com a família. Eu soube que depois teve evento com dificuldade para conseguir mão de obra”, diz Raphael. Em dezembro de 2020 chegou a haver uma espécie de “ensaio” de volta. Era uma época que o mercado começava a procurar alternativas para a situação. Foi marcado um show de Lulu Santos no Teatro Multiplan, no shopping Village Mall, na zona oeste do Rio de Janeiro. “As pessoas eram obrigadas a usar máscara e a sentar separadas, com a capacidade do lugar pela metade. Era um teatro pequeno e as condições eram bem controladas, mas vimos que não ia melhorar. No fim de 2021, já com as vacinas, teve a expectativa da melhora e anunciamos turnê nova para o Lulu, mas aí veio a ômicron, e aí fomos os primeiros a adiar os shows. Achamos que era o certo em entendimento

controle e a variante era menos grave. Aí foi liberando até chegar no ponto em que estamos hoje, com movimento normal”, conta Raphael Pulga.

A demanda reprimida estava grande, e a quantidade de shows explodiu no meio do ano, conforme conta o empresário. “Tinha muito um público querendo sair, se divertir e está todo mundo na rua fazendo turnê. Não estava tendo aquela coisa de ficar um tempo sem fazer tal cidade, mas depois as pessoas já começaram a sentir no bolso e, com o país do jeito que está, já começam a escolher mais, porque não dá para ir em todos os festivais, todos os shows”.

Raphael cuidou também, com a equipe de Milton Nascimento, da turnê Última Sessão de Música, que foi um grande evento pensado para acontecer, justamente, antes da pandemia. “Essa turnê já ia acontecer. Quando surgiu a pandemia já estava no final da turnê Clube da Esquina, que ainda tinha cinco shows. Conseguimos cancelar dois, mas

Com o Milton, só voltamos quando já estava com três doses de vacina. Então a gente atrasou essa turnê porque tinha shows para pagar e, finalmente, conseguimos, fazer os shows e foi uma catarse.

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com os nossos parceiros, mas de certa forma você balança o mercado inteiro. Quando cancelamos os shows todo mundo estava na dúvida, mas aí o Lulu parou... Hoje enxergamos que foi a melhor situação. Quando voltamos mesmo, em abril, as coisas estavam melhores, já tinha

três tiveram que ser adiados. Então ficamos adiando eles a pandemia inteira. Com o Milton, só voltamos quando já estava com três doses de vacina. Então a gente atrasou essa turnê porque tinha shows para pagar e, finalmente, conseguimos, fazer os shows e foi uma catarse, já

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vendendo logo até os 50 mil ingressos para o encerramento da turnê, 30 de novembro”.

A turnê de Milton Nascimento indicou um novo caminho para Raphael. O primeiro show, em 11 de junho, foi uma sessão especial restrita a amigos e aos compradores do NFT Ticket Pass que deu direito a duas entradas, participação no coquetel de lançamento com convidados, kit exclusivo e ativo digital colecionável. NFT é a sigla em inglês para Non-Fungible Token. Em português significa token não fungível, ou seja, que não pode ser trocado, se tornando um objeto digital colecionável. Este tipo de token criptografado já é usado em formas de arte digitais. “Durante a pandemia fiquei pensando nas coisas novas que estavam rolando e em como estar atualizado não para gerar um futuro, mas um presente. Então foi uma das coisas que estudei e coloquei em prática e foi super bem-sucedido. Isso que fizemos com o Milton é inédito no Brasil, a primeira vez que só entrou

em um evento quem tinha o NFT. Fora do Brasil já tinha acontecido e acontece muito em festival”, conta Raphael Pulga. Esses NFTs podem ter benefícios específicos para quem compra, como acesso a algum tipo de área restrita ou bebida liberada, por exemplo.

VLADIMIR GANZERLA

O manager de vendas da GSB para a Waves eMotion LV 1 lembra bem da perplexidade no momento em que tudo começou a fechar justamente no momento em que começava a apresentar o novo equipamento para o mercado brasileiro. “O impacto foi brabo, derrubou a gente legal na venda de consoles, tanto que empresas de locação fecharam. Só

Ficamos postando nas redes sociais, eu e o Batata, trabalhando, falando com as locadoras, mas teve essa mudança de perfil (dos clientes). As locadoras estavam paradas, porque ninguém estava fazendo shows, então fomos para o negócio de igreja.

ficou de pé quem tinha a grana para segurar. Mas como a gente tem variedade de negócio não paramos. O maior faturamento da empresa foi em 2020, mas por causa de plug-in, essas coisas. Mas equipamento para evento parou. Nós fizemos todo o trabalho de apresentação do produto e quando ia dar o ‘boom’ veio a pandemia e tivemos de tirar o pé. Já tinha uns dez pedidos que, no final, se tornaram dois. No início da pandemia fechamos tudo e foi todo mundo para casa, mas depois de 15 dias eu e o Batata (Ivan Cunha, especialista em produtos) olhamos um para o outro e começamos a falar com as locadoras. Algumas queriam conhecer a mesa e começamos a fazer apresentações”. A partir daí, começou a rolar o boca a boca até que as impressões sobre a mesa chegaram às igrejas justo no momento em que elas começavam a entrar nas lives. E foi o que levantou a venda do produto em um momento desfavorável. “Ficamos postando nas redes sociais, eu e o Batata, trabalhando, falando com as locadoras, mas teve essa mudança de perfil (dos clientes). As locadoras estavam paradas, porque ninguém estava fazendo shows, então fomos para o negócio de igreja, em que estava todo mundo fazendo live. Isso segurou legal a gente”, diz Vladimir, aliviado.

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Vladimir Ganzerla

querda para a direita na foto de parte da equipe do projeto #estudeofunk. Também na foto estão Vanessa Damasco, André Izidro, Taísa Machado e Cris Nogueira

UIRÁ FORTUNA

O dia em que a terra parou para a Fundição Progresso foi 13 de março de 2020. “Havia tido uma roda de samba só de mulheres, dia 8 de março, com a Nilze Carvalho e mais uma galera, e a gente entrou nessa história achando que ia ser um mês e virou o que

sou pelos sufocos, mas como temos uma área de 14 mil metros quadrados de área construída, o problema foi grande”, fala Uirá Fortuna.

No começo de 2022 já começou a melhorar a procura da mesa, com vários futuros clientes pedindo preço. No entanto há outros problemas além da pandemia com os quais Vladimir teve que lidar. “Teve um grande aumento por causa de matéria prima para o microchip, mas mesmo assim deu uma melhorada boa e continua. Estou com fila de espera aqui e estou toda hora viajando para apresentar a mesa”. Vladimir também comemora, com a melhora do ambiente por conta do fim da pandemia, a inauguração da GSB Audiovisual no Rio de Janeiro. Uirá Fortuna é o quarto da es-

Sobrevivemos, mas porque não somos só uma casa de shows. Aqui é um centro cultural que tem mais de trinta grupos trabalhando. Se fosse só um negócio de casa de show, ia embora e acabou, fecha e vai fazer outra coisa.

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virou. Seguramos a equipe seis ou sete meses e depois não teve mais jeito. A Fundição passou um sufoco. Todo mundo pas -

Ainda que os shows sejam a atividade mais lucrativa no local, a Fundição Progresso é, além de casa de shows, um centro cultural que tem desde oficinas de instrumentos musicais a cursos ligados à parte tecnológica da música, além de uma parte de escritórios. “Sobrevivemos, mas porque não somos só uma casa de shows. Aqui é um centro cultural que tem mais de trinta grupos trabalhando. Se fosse só um negócio de casa de show, ia embora e acabou, fecha e vai fazer outra coisa. Mas por aqui circulam 300, 400 pessoas por dia. Isso sem a pegada do turismo, só com essa coisa de aulas, oficinas... Essa escola cultural que é a Fundição. Mas a casa de shows continua sendo o trem pagador, porque é o trabalho

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Uirá Fortuna é o quarto da esquerda para a direita na foto de parte da equipe do projeto #estudeofunk. Também na foto estão Vanessa Damasco, André Izidro, Taísa Machado e Cris Nogueira

mais comercial que temos”, define o produtor. E foi essa pegada do centro cultural que fez a Fundição crescer ao invés de encolher durante a pandemia, mesmo com os problemas financeiros que aconteceram. “Saiu um (do prédio de escritórios) e chegaram uns dois ou três. E falando em centro cultural, fizemos uma parceria com a Maracatu Brasil que trouxe um monte de oficinas de percussão para cá, e nesse momento a Fundição está maior do que antes da pandemia. O pessoal conseguiu, até pelas dificuldades, olhar para a fundição com um outro olhar, e também conseguimos construir essas novas parcerias nesse momento de desafio e dificuldade”, comemora Uirá. Nos momentos em que houve a possibilidade de abertura antes das vacinas, a Fundição optou por ficar fechada. “Só voltamos em dezembro (de 2021), depois da vacina. Tomamos a decisão de não ficar fazendo sanfona. Naquele momento, por volta de agosto de 21, que teve alguns eventos, não abrimos. Mas a par-

tir do momento em que abriu, em dezembro, teve um verão bem complicado, voltou a ter a ômicron, um monte de gente cancelou evento, e tivemos que administrar essa história. Mas só paramos quando o artista estava infectado ou algo assim, não ficamos mais adiando evento porque seria uma loucura completa ali. Durante todo o verão cobramos vacina. Era um inferno, atrasava muito a entrada com a solicitação do comprovante. O primeiro evento grande foi o show do Planet Hemp em dezembro de 2021”, relembra Uirá. A estabilidade de verdade veio após o segundo carnaval, em abril, quando os números efetivamente começaram a descer após o repique da ômicron. A partir daí o horizonte começou a se mostrar novamente, mas Uirá conta que foi preciso administrar a sobreposição de agendas pós pandemia. “Tivemos um ‘boom’ de eventos no verão, com o pessoal comprando ingresso por impulso, o que foi bom. Depois teve esse movimento de festivais, o que acaba atrapalhan-

do um pouco a programação de casas, mas ao mesmo tempo conseguimos construir algumas programações internas da Fundição, que é o caso do Samba Independente dos Bons Costumes (Sbic), toda a quinta feira, que foi o maior sucesso desde o verão, o que ajuda a gente. Tem também a programação do centro cultural, com peças de teatro, e eventos menores. Nos grandes shows nacionais, ficamos com dificuldades porque tinha muito artista devendo show de ano anterior e as agendas ficaram um pouco complicadas. Vamos ver como vai ser esse verão”.

Para Uirá as perspectivas se mostram boas a partir de situações em que a Fundição sempre investiu, mas a confusão reinante nas polítocas públicas de cultura ainda se mostram um empecilho. “Falamos de sustentabilidade há 30 anos, e hoje as empresas fazem esse discurso. Essa relação com as marcas está acontecendo e o maior projeto social cultural que a gente tem hoje é o projeto #estudeofunk, que é um sucesso, que possibilita à galera de comunidade passar por aulas de escrita criativa, filosofia, além de aulas técnicas de estúdio, como fazer um beat... Construímos um estúdio a partir do patrocínio da Beats, da Ambev. Isso é uma porta aberta em 2022 que já era um projeto antigo e que esperamos ser um embrião de projetos perenes”.

CARLOS ALBERTO XAULIM

Com mais de 40 anos de experiência no mercado de shows, Xaulim viu o ano passar no ritmo da retomada. “Vivemos um momento especial, com um mercado extremamente aquecido,

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Carlos Alberto Xaulim

como reflexo desse represamento que aconteceu na pandemia e a vontade das pessoas se encontrarem, se abraçarem. Então essa equação está trazendo um resultado muito bom”, comenta, comemorando a chegada de shows como o Encontro Marcado – que junta os integrantes da banda 14Bis, Flávio Venturini e Sá & Guarabyra no mesmo palco – em lugares onde não havia sido apresentado antes, como Florianópolis. Xaulim acompanhou de perto, durante a pandemia, a discussão sobre o apoio ao setor de eventos em tempos muito difíceis. “Essa realidade foi muito dura. Tenho que registrar que não teve nenhuma atividade econômica que passou o que o setor de eventos passou. A maioria das atividades não chegou a fechar totalmente. Tiveram sazonalidade, abriram, fecharam, abriram, fecharam... O setor de eventos não. Fechou

e ficou fechado. Muita gente, infelizmente, ficou pelo caminho. Saímos muito enfraquecidos. Foram dois anos e não foi uma travessia fácil, mas não tem nenhuma atividade nesse país que tenha profissionais com tanta esperança como os produtores. Nós sempre acreditamos que alguma hora vai virar, às vezes não dá certo, mas mesmo assim a gente continua insistindo. Temos uma esperança que ajuda e isso contribuiu muito para que pudéssemos acreditar em dias melhores”. No entanto, o produtor ainda se preocupa com um desaquecimento. “Há uma lei de mercado: o que está lá no topo, a tendência é de cair. Isso me preocupa. Tem muita esperança, mas muito pragmatismo também. Alguns sintomas já começam a se tornar visíveis, com possível saturação do mercado”. O empresário acredita que o fato de a Cadoro estar há muito

tempo no mercado o ajudou a passar pelo período de dificuldades, e comenta a importância de uma atuação coletiva do setor de eventos, principalmente após um período difícil como o da pandemia. “A Cadoro tem 42 anos. Temos muito tempo com profissionais com bastante rodagem. Somos os mais antigos de Belo Horizonte. O momento é muito bom, mas é preciso entender que tem a sazonalidade. Entretenimento é uma coisa muito subjetiva. Uma coisa importante é a representação. Foi preciso que viesse a pandemia para mostrar que, na tempestade, todo mundo vira marujo: artista, empresários de artista, dono de empresa de som, de palco... Para conseguir sair fora da tempestade, isso se fortaleceu. Mesmo em um segmento que, historicamente, sempre foi muito individualista”, declara Carlos Alberto.

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GUITARRA FLAMENCA E ORQUESTRA SINFÔNICA SERÁ QUE DÁ CERTO?

José Carlos Pires Júnior é músico, produtor e coordenador do Curso de Produção Fonográfica da FAETEC-TATUÍ. Responsável pelo Núcleo de Técnicas de Gravação e pela Gravadora Experimental da Faetec Tatuí.

Gravar um instrumento solista junto com uma orquestra traz dificuldades técnicas com relação ao volume sonoro e também à organização das tomadas. Mas claro, topamos o desafio.

Para quem não sabe o curso de Produção Fonográfica da FATEC-Tatuí tem um grande estúdio e, há pelo menos 4 anos, temos um projeto de extensão chamado Gravadora Experimental. Esse ano a nossa gravadora deixou de ser apenas um projeto pedagógico e tornou-se oficialmente um órgão de extensão em serviços fonográficos que atende demandas externas ao curso. Então, junto com essas mudanças,de fundador e idealizador passei a membro do comitê

gestor e Agente de Artista e Repertório da Gravadora (A&R). Isso quer dizer que meu trabalho, além de conduzir as equipes de gravação, é sair a campo buscando projetos interessantes para a gravadora. Foi assim, gastando um tempo no Instagram, que me foi recomendado o reels do violonista flamenco Pablo Vares. Eu particularmente sempre gostei muito de flamenco, acompanho dos guitarristas da atualidade e talvez por isso essa recomendação me apareceu. No vídeo Pablo fala-

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va sobre sua trajetória desde o Uruguai, seu país de origem, até o Rio de Janeiro, como músico que se apresenta nas ruas e em casas de shows, acompanhando cantores e bailarinos. Foi então que vi o tamanho da capacidade musical do Pablo, seus trabalhos anteriores e entrei em contato para propor um projeto com a Gravadora Experimental.

O DESAFIO

Fizemos uma primeira reunião on-line e fomos alinhando as possibilidades. Pablo ficou muito feliz com o convite e nós também por receber um guitarrista (chamamos assim os violonistas flamencos) tão habilidoso. Certamente seria um álbum fantás-

tico. Porém o Pablo colocou um desejo como possibilidade: gravar uma das faixas do seu álbum com uma orquestra sinfônica. Bem, nesse momento temos

da diretoria da orquestra. Além disso gravar um instrumento solista junto com uma orquestra traz dificuldades técnicas com relação ao volume sonoro e tam-

Além disso gravar um instrumento solista junto com uma orquestra traz dificuldades técnicas com relação ao volume sonoro e também à organização das tomadas. Mas claro, topamos o desafio.

um desafio consistente. Gravar orquestra é algo que fazemos semestralmente no curso de Produção Fonográfica, porém envolver uma outra instituição no projeto implica em um processo de convencimento do maestro e

bém à organização das tomadas. Mas claro, topamos o desafio.

OS PREPARATIVOS

Então fomos até o Conservatório de Tatuí eu e nosso diretor Anderson de Souza, tratar com

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Maestrina Wassi Carneiro em orquestra microfonada com arranjo ORTF na frente da regente e outras microfonações por naipes

a diretoria do Conservatório de Tatuí e com Diretor Artístico da Orquestra, maestro Emmanuele Baldini. Nossa parceria existe de longa data e apesar de sermos ambas instituições do estado de São Paulo, não somos a mesma coisa. Muita gente confunde. Finalmente depois de apresentar o projeto o maestro Baldini, sempre muito simpático e aberto a propostas ousadas topou executar o arranjo orquestral do renomado compositor Rafael Langoni para a música do Pablo Vares. Uma produção desse

tipo precisa ter um produtor executivo que vai alinhar todo deslocamento da orquestra e coordenar as equipes de áudio e vídeo dentro do estúdio. Ao

lidamos com uma orquestra institucional, tudo tem que ser programado, aprovado e executado com o cronometro na mão, pois não pode haver nenhuma falha. Para essa tarefa ficou encarregado nosso produtor da Gravadora Experimental NícolasDrosdoski. Todo projeto de engenharia de áudio ficou dividido entre Ana Kelm, Bianca Almeida, Diego Deves, coube a eles projetar a microfonação da orquestra e do violão, fazer a checagem dos sinais, programar os takes e as sessões de gravação e por fim mixar e masterizar o resultado do processo.

A GRAVAÇÃO

O projeto de microfonação proposto pela nossa equipe iniciaria com Pablo gravando a guitarra no vocal booth do estúdio para termos somente a orquestra na sala principal. A microfonação da guitarra foi feita com dois microfones DPA 4006, sendo um próximo do cavalete e outro próximo ao 12º traste. Para o Pablo colocamos também um microfone de comunicação e uma via de fone com o retorno da orquestra. A orquestra foi microfonada com um ar -

contrário das informalidades com grupos pequenos, quando

ranjo ORTF logo na frente da regente e outras microfonações

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PIRES | www.backstage.com.br
Uma produção desse tipo precisa ter um produtor executivo que vai alinhar todo deslocamento da orquestra e coordenar as equipes de áudio e vídeo dentro do estúdio.
CARLOS
Três takes com o violonista no meio da orquestra. Um deles foi o definitivo.

por zonas, basicamente com dois microfones capacitivos de eletreto para cada naipe (DPA 4006) e um close para o chefe do naipe (DPA 4099). Usamos também um Neumann M149 para reforçar o naipe de contrabaixos e um DPA 4099 para o djembe que acompanharia a música toda. No total foram necessários apenas 25 canais para a orquestra e o violão. Como nosso estúdio foi construído para comportar uma orquestra e a sonoridade massiva na sala dispensa a necessidade de muitos pontos de capitação, optamos por uma microfonação reduzida ainda que pudéssemos chegar facilmente a 40 canais simultâneos. Foram realizadas algumas tomadas para ensaio e acerto das vias de fone que foram disponibilizadas para a maestrina Wassi Carneiro e para todos os chefes de naipe. Por fim iniciamos uma sequência de 6 tomadas ininterruptas.

A SURPRESA

Com a gravação já concluída, restava agora realizar a capitação das imagens para montar um

clipe para a gravação da música. Foi então que a maestrina teve a ideia de colocar o Pablo inserido dentro da orquestra com sua guitarra flamenca. Sabíamos que a sonoridade acústica da guitarra seria engolida pelo som massivo da orquestra, mas então logo no primeiro dos três takes que faríamos uma surpresa aconteceu: todos os músicos, inclusive o próprio Pablo, sentiram-se muito mais conectados em estarem tocando

finais foram os melhores e que escolheríamos um dos três para ser o definitivo.

BALANÇO FINAL

É sempre emocionante uma gravação com orquestra, e olha que isso é nossa rotina semestral no curso de produção fonográfica. Nesse semestre tivemos o prazer de colaborar com o Conservatório de Tatuí e a UFRJ no projeto “A Banda do Villa”, com arranjo inédito de obras de Villa Lobos para Banda Sinfônica. De alguma forma, nosso estúdio e a possibilidade de termos dois grandes grupos sinfônicos em Tatuí nos dá uma grande experiencia em gravar esse repertório. Porém, é sempre uma alegria inusitada gravar projetos como esse do Pablo. Também para os músicos ficou nítido que toda interação da música de concerto com a música popular é muito emocionante e divertida. Em

De alguma forma, nosso estúdio e a possibilidade de termos dois grandes grupos sinfônicos em Tatuí nos dá uma grande experiencia em gravar esse repertório. Porém, é sempre uma alegria inusitada gravar projetos como esse do Pablo.

na mesma sala, mesmo com a escuta do som da guitarra reduzida ac usticamente. Por outro lado, a presença do músico junto da orquestra trouxe precisão e organicidade ímpar, e então seguiram-se os três takes junto com a captação de imagem. No fim das tomadas, na escuta final, concluímos que os takes

breve vocês poderão acompanhar o lançamento do álbum completo pelas plataformas digitais. Por hora, sigam o Pablo Vares no Instagram e no Youtube para acompanhar sua carreira. Grande abraço e até a próxima.

instagram.com/pablovares youtube.com/PabloVares

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DO ESTÚDIO VICE-VERSA! OS ANOS DOURADOS

“Eu já tinha levado um tranco auditivo do Dark Side Of The Moon e do A Night At The Opera, quando em 1979 resolvi que definitivamente queria fazer parte do mundo do áudio profissional, já que tinha contato com estúdios maiores, gravando as trilhas da Turminha”.

om, eu sei que o Sá já escreveu sobre o Vice-Versa na sua coluna, mas humildemente eu quero registrar minha parte nessa história. Tenho que voltar ao ano de 1976, onde eu

era baterista da banda do Márcio de Sousa e iniciava meus trabalhos como músico da Turma da Mônica e técnico do estúdio da Black & White, de propriedade do Maurício.

22 PAULO FARAT | www.backstage.com.br
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Paulo Farat é Monitor Engineer de Milton Nascimento, Ivan Lins, Maria Betânia, Rita Lee, Fábio Jr., Ritchie, Capital Inicial, Maurício Manieri, Guilherme Arantes, Chrystian & Ralf, Charlie Brown Jr., RPM, Free Jazz, Projeto SP, A Chorus Line, entre outros... De 1980 até o momento • São Paulo Trabalho em estúdio; Vice-Versa, Maurício de Souza Produções, Nossoestúdio, Mosh, KLB Studios & Artmix.

Eu já tinha levado um tranco auditivo do Dark Side Of The Moon e do A Night At The Opera, quando em 1979 em resolvi que definitivamente queria fazer parte do mundo do Áudio profissional, já que tinha contato com estúdios maiores, gravando as trilhas da Turminha.

Quando todos os estúdios de gravação profissionais bateram as portas na minha cara, fui chamado para uma entrevista no Vice-Versa em 1979 com um cara chamado Luiz Botelho, o maior professor da história do Áudio no País, por indicação do meu parceiro de tocar Beatles, Robson Stipancovick (acho que acertei a grafia). Eu nunca imaginaria que conseguiria contar tantas mentiras para um gênio na mesma tarde, e o que isso iria influenciar minha disposição em virar um profissional de áudio!!! Contei tanta vantagem fake pro Luiz, sem saber de verdade quem ele era, que quando saí da entrevista pensei em voltar lá e desmentir tudo antes de chegar da Alves Guimarães, 170, até a esquina da Av. Rebouças... Mas a besteira já estava feita!!! Quando o telefone (da minha namorada na época, porque telefone pra mim eram só os orelhões das esquinas da cidade) tocou, da noite pro dia eu sairia do “nada” e cairia naquele ambiente mágico do Vice, trabalhando como assistente de estúdio do Marcus Vinícius, Wilson Gonçalves, Re -

nato Viola, Ricardo “Franja” Carvalheira, Nelsinho Dantas (um dos grandes responsáveis pela minha carreira, e que Deus o tenha num lugar muito merecido!!!) e outros ícones do mesmo calibre (sem contar o Vitão, Micca Griecco)… Detalhe; o Luiz disse que me daria três meses para que eu provasse todas as mentiras que

eu contei pra ele no dia da entrevista... Comprei até roupa pra segunda fase da conversa!!! Hahahahaha. E o mais legal de tudo isso foi que começamos todos juntos nessa magica viagem, eu, Eduardo Santos, Nico Bloise, Zé Luiz Carrato, Cacá Lima e muitos outros moleques querendo fazer parte desse Universo, o que nos

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Luiz Botelho e Rogério Duprat

une em laços indestrutíveis de amizade até hoje. Caras como esses não existem em nenhum curso profissionalizante do planeta e, realmente, faziam um quase “insignificante” principiante como eu pensar duas vezes antes de dizer que era um profissional de áudio!!! Fora tudo isso ainda vinha o lado artístico: fui diretamente do convívio alegre com os passarinhos da Praça da Bandeira (aquela lá do início do texto, em Caçapava) para o dia a dia com Rogério Duprat, Sá & Guarabyra, Armando Ferrante, Cezinha das Mercês, Chiquinho de Moraes e muitos outros monstrinhos da criação musical, fora todos os grandes músicos que conheci por lá!!!

Entre todos esses malucos ainda tinha o Fernando Ribeiro pilotando os contatos e produções… O Fernando é personagem muito especial na história do Vice… Um estressado extremamente iluminado e divertido, que eu tenho absoluta certeza que foi um dos caras que mais torceu por esse “offi-

compositor foi amigo, irmão, paizão e muito mais!!!

Queria falar mais de “Sir” Rogério Duprat… 26 de Outubro de 2006, foi o dia em que a música ficou extremamente mais pobre… Com a passagem

Extremamente importante e decisivo na minha carreira, o Rogério está para a música assim como o Vinicão está para o áudio na minha cabeça, e vou ter isso guardado no coração até o dia em que a gente se encontrar lá por cima.

ceboy de construtora metido a besta” aqui, e sei muito bem, torce até hoje, onde quer que ele esteja… Grande músico e

do Rogério pra outra dimensão fica um buraco enorme na história da criatividade musical no planeta… Só quem

conviveu com esse pequeno grande gênio sabe o que ele representa para todos nós envolvidos com a música e o show bizz… Extremamente importante e decisivo na minha carreira, o Rogério está para a música assim como o Vinicão está para o áudio na minha cabeça, e vou ter isso guardado no coração até o dia em que a gente se encontrar lá por cima…

A minha primeira sessão de gravação oficial no Vice-Versa foi com o Rogério… Lá estava eu, um ex-boy de contrutora frente a frente com o gênio no estúdio!!! Lembro-me muito bem do frio na barriga quando

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Rogério Duprat

chamei o Rogério pra ouvir a mix na técnica… A frase de foi essa: “Farat, nunca ouvi um som tão lindo desse estúdio B, só que eu não estou vendendo bateria, garoto… Esse jingle é para uma empresa de adubos, por favor, remixe isso com mais critério para o que a peça foi feita!!!!”… hahaha. Agradeço a Deus por ter um padrinho desse porte na minha vida profissional…

A humildade do Rogério era extremamente proporcional a sua genialidade e nossas carreiras não seriam as mesmas sem os seus toques e conselhos… Queria apenas registrar isso aqui no blog… Quem sou eu pra falar da sua música e

dos seus arranjos insanos e sensacionais… Eles têm vida própria e ficarão eternamente nos nossos ouvidos e na nossa história… Não importa em qual parte do céu você esteja brilhando meu ídolo, por aqui sempre será a nossa estrela… Fica na Paz do CARA aí de cima… Que ele te receba logo no portão e te coloque em um lugar mais do que merecido!!!…Nos vemos por aí algum dia!!!… Todo o amor do teu fã & amigo Farat!!!

E pra finalizar, tão importante quanto uma boa referência técnica lá no início da estrada é uma boa companhia artística e criativa como base (falo muito sobre isso aos que

começam a jornada nos dias de hoje, onde na maioria das vezes olha-se primeiro para as maravilhas do Pro Tools do que pra dentro do estúdio…).

Lá no Vice-Versa tive a sorte de conviver e trabalhar com dois dos meus grandes ídolos na música: Sá & Guarabyra. O que eu vi (e ouvi) sair daqueles violõezinhos, pedaços de papel e fitinhas cassete foi uma verdadeira aula de criatividade e bom gosto!!! Junto com aquela paciência toda com a minha “ansiedade de principiante” sempre vinha um toque ou outro, que me abriram muito os olhos e ouvidos muito mais rápido sobre o que era aquele mundinho do

áudio e o que era fazer parte dele. E as bandas então??? A Ponte Aérea (Nonato, Constant, Pedrão e Beto), Paulinho Calazans, Alaor Neves, Ruriá Duprat, Sérgio Kaffa, Pedrão (do Som Nosso), Rui Motta, entre outros… socorro!!! Era uma festa qualquer show dos caras, numa garantia absoluta que quase todos os engenheiros de som que não estivessem

não preciso falar nada (cada um coloca o que desejar na sua Cdteca e azar de quem não ouve Sá & Guarabyra), mas eu gostaria de deixar explícito nessa matéria que são dois caras que eu aprendi a “amar de paixão” e vou levar isso pro resto da vida!!! Sabe aqueles amigos que quando você encontra e abraça passa um filminho muito bom das coisas???…

“Quando soube da demolição do sobrado mágico da Alves, 170, quase tive uma crise de choro. Muitos filmes passaram pela cabeça... Filmes de gratidão e de orgulho por ter sido um grãozinho de areia na história desse estúdio. Nunca mais passei pela Alves. Quando vou pra Pinheiros, desvio o caminha por utra rua!!!

na estrada ou no estúdio circulariam pelo backstage. Da música de Sá & Guarabyra

Então… E olha que lá se vão mais de quarenta anos!!!… Quando soube da demolição

do sobrado mágico da Alves, 170, quase tive uma crise de choro. Muitos filmes passaram pela cabeça... Filmes de gratidão e de orgulho por ter sido um grãozinho de areia na história desse estúdio. Nunca mais passei pela Alves. Quando vou pra Pinheiros, desvio o caminha por outra rua!!!

Enfim, quem teve história no Vice, nunca mais esquece. Será uma parte eterna das nossas vidas. Quem diria que eu, um dia, escreveria um texto desse tipo, voltando no tempo, lembrando das rodinhas de violão em Caçapava, querendo um dia ser Engenheiro de Áudio!!!

Essa coluna foi quase uma oração!!! Amém.

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Sá & Guarabyra

A HISTÓRIA E O FUNCIONAMENTO DA GRAVAÇÃO MAGNÉTICA

Nesse segundo capítulo Cesar Portela fala sobre o que acontece na fita magnética quando a tecla REC é pressionada. Nele você terá uma visão geral sobre um assunto bem complexo.

Caro leitor.

Nesse segundo capítulo vamos falar sobre o que acontece na fita magnética quando a tecla REC é pressionada. Em resposta aos amantes da gravação analógica, escrevi esse artigo de fácil compreensão. Nele você terá uma visão geral sobre um assunto bem complexo.

A FITA:

Vamos imaginar um experimento prático em que a fita magnética é

uma folha de papel com um punhado de limalha de ferro na superfície. Então, quando arrastamos um imã por baixo dessa folha, a limalha não só mudará de posição, como ficará magnetizada. De uma forma conceitual, é assim que funciona a gravação magnética. Mas não é tão simples assim... A BASF teve que trabalhar muito e seguir atualizando a fita através do tempo.A fita magnética é composta de uma base de plástico revestida com oxido de ferro

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Áudio & Eletrônica
Cesar Portela atua sempre ligado à eletrônica do áudio profissional. Os mais de trinta anos de carreira o levaram também a dar consultoria em estúdios de gravação e mixagem famosos no Brasil, como S de Samba, Baticum, Panela Produtora, Lógico Music, Som Max e outros. Projetista restaurador, consultor e professor membro da Audio Engineering Society.
PARTE II

e um verniz lubrificante na parte de cima. No dorso uma cobertura com um material deslizante.

A GRAVAÇÃO EM FITA MAGNÉTICA

A gravação magnética consiste em polarizar (N/S) as partículas magnéticas depositadas na superfície da fita. Para isso é necessário um fluxo magnético gerado

alta frequência chamado BIAS. Alem disso é fundamental para uma resposta mais linear, que o sinal de áudio esteja equalizado para compensar as características da fita.

EQUALIZAÇÃO:

As curvas de equalização foram originalmente desenvolvidas para reduzir o Hiss e compensar

A curva CCIR foi definida para máquinas profissionais com velocidades de fita de 7,5 ips e superiores. A curva CCIR tornou-se o padrão na Europa para uso profissional.

pala cabeça de gravação. Este fluxo é composto de um sinal de áudio e um sinal constante de

o fato de que a fita magnética não tinha uma resposta linear e tendia a saturar em frequências

mais altas. A curva de equalização NAB reduz as altas frequências e reforça os graves durante a gravação e faz o inverso durante a reprodução (pré-ênfase e de-ênfase). Esses boosts e rolloffs são feitos à 6 dB/oitava. À medida que as formulações de fitas melhoraram, a curva NAB tornou-se menos compatível com as novas formulações, que não saturavam com tanta facilidade, embora o Hiss continuasse sendo um problema.

Então, na década de 1960, o CCIR (Comitê Consultivo de Rádio Internacional) desenvolveu uma nova curva que funcionou melhor com as novas formulações, mas sem a pré-ênfase de baixa frequência. A curva CCIR foi definida para máquinas profissionais com velocidades de fita

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de 7,5 ips e superiores. A curva CCIR tornou-se o padrão na Europa para uso profissional, enquanto a curva NAB permaneceu o padrão nos EUA

corrente de alta frequência ( AC BIAS), em torno de 40kHz a 150kHz. A polarização BIAS reduz a distorção a um nível aceitável e aumenta a amplitude do

Na reprodução a cabeça de Play Back capta as variações do campo magnético impresso na fita. Após o primeiro estágio de amplificação, o sinal é equalizado para as curvas IEC ou NAB.

para uso profissional, bem como em todos os lugares para uso amador.

POLARIZAÇÃO DE AC BIAS:

AC Bias de uma maneira bastante simples...

Junto com o sinal de áudio também é entregue à cabeça uma

sinal gravado na fita.

A REPRODUÇÃO:

Na reprodução a cabeça de Play Back capta as variações do campo magnético impresso na fita. Após o primeiro estágio de amplificação, o sinal é equalizado para as curvas IEC ou NAB. Dependendo da escolha no mo-

mento da gravação. A partir de então, o sinal é amplificado varias vezes até chegar aooutput drive, entregando +4 dBu quando o VU marcar zero dB.

UMA DICA/ RECOMENDAÇÃO:

Para os engenheiros de áudio que querem tirar aquele som dos anos 70s e 80s. Em primeiro lugar, grave todo projeto no computador. Depois transfira do computador para a fita. Então aguarde 48 horas e passe da fita para o computador. Com isso você terá o melhor da fita com um baixo custo. Explicando... As partículas de ferro da fita tendem a se mover / acomodar no período de 48 horas. O resultado você pode conferir no seu próximo projeto.

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