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por

mariana bertolucci

gasparotto Todas as faces do maior colunista social do RS

maio/junho 2015#11 R$ 10




sumário

Saber viver

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Num dia qualquer, entre o inverno e a primavera de 1990, atendi ao telefone no corredor da minha casa, na Vila Assunção, e era o Paulo Gasparotto. Disse que precisava falar comigo e perguntou se eu podia ir ao seu encontro. Aos 17 anos, tinha sido uma das participantes do Baile do Catálogo no ano anterior, e, faceira, fui conversar com ele. Foi quando recebi minha primeira missão: ajudá-lo na organização dos textos sobre as novas participantes e também a recepcioná-las, enquanto catalogada veterana que eu acabara de me tornar. Nem sei bem se levava muito jeito, já que o meu lado riponga sempre foi acentuado, mas fazer as primeiras perguntas e contar as primeiras histórias sobre as pessoas, além de toda a diversão dos encontros pré-baile, foi um grande barato para mim. Lembro dele me dizendo, bem calmo: “Quanto mais tu perceberes e souberes coisas interessantes sobre as pessoas, mais ricos vão ficar os teus textos sobre elas”. Passaram-se mais de 20 anos, e não por acaso ele é o escolhido para ser a capa desta Bá número 11, que marca um novo ciclo profissional para mim. Hoje minha missão é homenageá-lo como ele merece. Não se encerram aqui as surpresas e presentes da décima primeira edição da Bá. A seguir você verá parte de um belíssimo ensaio único do Paulo registrado com a habitual sensibilidade de Tonico Alvares, por uma feliz coincidência, um dos meus tios queridos. À frente de suas competentes equipes, Raul Krebs e Sabrine Sousa apresentam dois editoriais divinos, que revisitam lindamente a mesma década, mesmo sendo absolutamente distintos: os anos 1970. A Bá ainda tem a honra e a estrela de receber, lisonjeada, nesta publicação, o texto de um dos jornalistas mais brilhantes do Estado, que com Jayme e Mauricio Sirotsky ajudou a construir o Grupo RBS. Se Fernando Ernesto Corrêa limitava-se, além do exercício da advocacia, a emocionar apenas amigos e família com suas pertinentes observações sobre a vida e o ser humano, é com imenso prazer que a partir de agora compartilhamos, da ponta da caneta para as páginas da Bá, toda sua sabedoria de vida. Boa leitura! Mariana Bertolucci

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paulo Gasparotto Mito dos costumes

editorial

Gasparotto: memória i ncansável

Capa de Tonico Alvares


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Romântico com atitude

Vico Crocco e seu laboratório de sentidos

Direção

Mariana Bertolucci marianaabertolucci@gmail.com Editora

Tesão pela gastronomia

energia solar

Musa do tablado gaúcho

98

Moda Anos 70

42

Mariana Bertolucci Arte e diagramação

Auracebio Pereira Revisão

Daniela Damaris Neu Comercial

Denise Dias denisebcdias@gmail.com Fone (51) 9368-4664 Editora do site da Bá

www.revistaba.com.br Letícia Heinzelmann leca_he@hotmail.com Marketing e redes sociais

Astral Consultoria de Marketing por Julia Cappellari Laks julia@astralconsultoria.com

Eduarda Bru nelli moldada para o sucesso

84

Charlize arrebatadora

80

Moda Anos 70

talento sul-africano

Brilho precoce

Colunistas

Riponga high tech

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Ana Mariano Andréa Back André Ghem Andre Guerrero Angela Xavier Claudia Tajes Cristie Boff Duddu Vanoni Fabiana Fagundes Fernando Ernesto Corrêa Flavia Mello Henrique Steyer Jaqueline Pegoraro e Carol Zanon Ivan Mattos Ligia Nery Livia Chaves Barcellos Marcelo Bragagnolo Marco Antônio Campos Orestes de Andrade Jr. Silvana Porto Corrêa Verônica Bender Lima Vitor Raskin Vitório Gheno A revista Bá não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos assinados. Elas são de |5 responsabilidade de seus autores. Todos os direitos reservados.


capa

mito dos costumes Mariana Bertolucci Fotos Tonico Alvares

Há 50 anos, Paulo Gasparotto é quem traduz em palavras e imagens os mais relevantes acontecimentos sociais, culturais, empresariais e políticos de Porto Alegre A tradição nesse ofício, que Gasparotto desempenha incansavelmente, transformou seu nome em ícone. Sabe marca que transcende produto? Compramos gillettes e modess no lugar de lâminas e absorventes. Pois com ele é mais ou menos assim: as pessoas comentam que saíram no “Gaspa” mesmo se apareceram em espaços assinados por outros profissionais. E quem é muito badalado em coluna social vira gasparette. Em meio ao frugal universo das notícias de festas, viagens e vestidos, ele dosa com inconfundível propriedade a relevância de eventos culturais, pitacos políticos e resgates da memória, sempre transbordantes de conhecimento e bom senso. A rotina no casarão antigo do bairro Farroupilha, onde vive, não é rígida, pois Gasparotto faz questão de circular rápida e discretamente pelos eventos para os quais é convidado. E são muitos. Celita, que há 43 anos trabalha na casa, cuida de tudo, dele e de três cães. “Ele era nervoso e agora está numa boa. Saímos, viajamos, fomos a bailes e festas em tudo quanto é lugar. Hoje não tenho mais o pique dele. Ele é admirável porque ajuda muita gente e trabalha muito. Se me pergunta se a página tá bonita e eu digo ‘isso aqui não tá 6|

bem, seu Paulo’, ele muda e melhora”, conta Celita. Sobre a amiga, ele diz: “Guardo muitas coisas, perguntam se sou colecionador, me acho um juntador. Perguntaram o que é mais importante para mim aqui na minha casa. Respondi: a Celita, ela é mais que uma irmã”. Para manter a disciplina e a disposição aos 78 anos, Gasparotto tenta jamais deitarse depois das 23h30min. O despertar é às 6h: “Aí começo e não paro. Dou uma pausa depois do almoço e sigo. Cada dia é diferente, hoje estou esportivo porque ia fazer ginástica, aí tive que passar no depósito, depois tratar das costas, falar contigo e ainda vou ver o site, que eles querem que eu me envolva em tudo. E aí vai...” Batizado Paulo Raymundo, o mais conhecido colunista social da história do jornalismo gaúcho fez vestibular para Ciências Sociais e acabou cursando as Jurídicas. Mas foi a missão de contar histórias e ir atrás dos fatos que sedimentou sua trajetória profissional. O flerte com a comunicação iniciou-se na TV Piratini, aos 24 anos de idade. De 1965 a 1978, dedicou-se ao colunismo social no jornal Zero Hora, passou pelo Correio do Povo e retornou a ZH em 1980, onde ficou até 2001, quando passou a assinar uma coluna diária no jornal O Sul, que acaba de encerrar sua publicação



impressa para migrar para a plataforma digital. “Vou ter que entrar, né?”, diz ele, sem fazer muito caso sobre a nova fase e desengavetando alguma observação pertinente ao ser humano. É exatamente aí que reside seu diferencial: além de cultura e conhecimentos vastos sobre história, arte, seus meandros e personagens, o jornalista desvenda e revela com elegância ímpar o comportamento dos maiores expoentes da sociedade gaúcha, seu alvo há meio século. A paixão por arte e antiguidades é herança materna do filho único criado superprotegido no bairro Menino Deus: “Meus pais eram um casal de idosos, casaram tarde para a época. Não queriam filhos, e vim de surpresa”. Passou por muitas escolas e concluiu o Ginásio em um colégio chamado Emílio Meyer, época em que namorava uma colega com a qual acabou casando aos 18 anos. Ávido pela vida e seus aprendizados, assim seguiu Paulo Gasparotto, como ele mesmo se define: muito expansivo, muito louco, muito apaixonado por animais e extremamente criativo. Deleite-se! MB Voltaire Schilling, citando Proust em uma de suas palestras, comparou-o a um Gasparotto melhorado. O que o senhor acha disso? Gasparotto – Considero a comparação um elogio. Uma vez, uma pessoa muito culta me disse “ah, esse mundo doloroso do Proust”. O interessante é o que Proust tira de um contexto de banalidade. Porque a humanidade é toda igual, seja a princesa de Guermantes ou quem for. Todo mundo é igual, com algumas reações pertinentes ao meio em que vive. Por exemplo, a condessa Greffulhe, que influenciou essa personagem principal, era muito bonita e ligada à cultura e à sociedade. Numa época em que para ter status tinha de ter cultura, ela era uma líder intelectual, 8|

excessivamente. Então, ele (Proust) a colocou no centro de toda a narrativa, porque ela o influenciou em mais de uma personagem. Ela tinha um salão portentoso, onde recebia a sociedade. Já no final da vida, deu entrevista para uma moça que escreveu esse livro que foi editado agora sobre ela. Já velhinha, com mais de 90 anos, a autora descobriu que Greffulhe nunca leu o livro de Proust. Mas o marido dela, que eu acho uma personagem grosseira, o conde de Greffulhe, leu e disse uma coisa muito interessante: “É uma pena que alguém tão talentoso tenha se dedicado a escrever sobre uma matéria tão rasa como é o mundo social”. Mas não é o mundo social, apenas. Proust analisa o caráter e a maneira de ser das pessoas. Tem uma cena maravilhosa, sobre um aristocrata que ia ao teatro e resolve que a mulher deve trocar o sapato ao receber a notícia da morte do primo. Enfim, mais importante para ele era a cor do sapato que a mulher iria usar à noite. Proust era famoso por vírgulas e períodos de texto extensíssimos, recheados de pormenores analisando o caráter das pessoas. Isso que acho importante. O senhor gosta muito dele? Gasparotto – Gosto. Tem livros maravilhosos. Dizem que são difíceis de ler, mas eu acho Joyce muito mais. Para quem não gosta da temática fica difícil, mas, se você entra uma vez, vai bem em qualquer capítulo. Só que é extenso. Como foi sua educação? Gasparotto – Minha mãe veio para Porto Alegre morar com a avó e as tias dela, que são pessoas que morreram no início do século 20. Então, o meu referencial dessa mãe criada pela avó era muito antigo. Uma vez, eu disse algo que criou um problema danado. Estava sendo entrevistado pela esco-


la de jornalismo e perguntaram se eu tinha preconceito racial. Disse que não, sou fascinado pelas mulheres pretas. Acho os pretos muito mais bonitos fisicamente e com um approach para o amor. A mulher preta tem detalhes fisiológicos e físicos de profunda originalidade que a mulher branca não tem. Todo preto tem uma intensidade sexual que o branco não tem. Claro, tem pessoas brancas que são intensas sexualmente, mas, de uma maneira geral, o preto se destaca. O único problema racial que eu tinha é que eu não gosto de comida feita por gente branca. Aí um menino preto pediu a palavra e me perguntou: “Ah, então quer dizer que o senhor acha que o preto foi feito para ir para a

cozinha?.” Eu respondi: “Não, não é isso. O que quis dizer é que o preto, devido a uma situação nada gloriosa para nós brancos ou para os colonizadores, se dispôs ao ato de cozinhar, que é um ato de amor. E então, conquistou os patrões na cama e na cozinha”. Um dos homens que acho atraentes, bonitos e interessantes é o Crioulo, o rapper, e aí perguntaram para ele: “Por que Crioulo?” Ele respondeu: “Porque o meu pai é preto e é lindo”. As minhas duas babás e as avós delas tinham sido, aí vem uma expressão que eu acho horrível e dolorosa, escravas da família da minha mãe. Isso eu acho horrível, uma vergonha. A maior vergonha do Brasil é nós termos sido um povo escrava|9


Qual a sua relação com profissionais que lhe precederam no colunismo social, como Herton de Leon, Luiz Carlos Lisboa ou Gilda Marinho? Gasparotto – A Gilda Marinho, por exemplo, quando garoto, eu era fascinado por ela. Aos 12 anos, me apresentei na ópera Rigoletto. Ela se chama Gilda por causa da Gilda da ópera do Rigoletto. Era uma matinê, e ela estava acompanhada dos pais. Eu me aproximei e disse: “Ah, Gilda, eu tinha muita vontade de ser teu amigo”. Ela respondeu: “Mas tu já és, porque teu pai é amigo do meu irmão”. E ali nós ficamos amigos pela vida toda. Acho que fui a última pessoa com quem ela falou antes de morrer. Ela era maravilhosa, muito culta. Quem dera ter a cultura dela. Muito rápida, alegre e bem disposta com a vida.

gista. Felizmente, a minha família não tratava mal seus funcionários. A minha família era eminentemente antimonarquia e liberal. O senhor acha que vivemos um preconceito velado? Gasparotto – Acho que depende. O Rio Grande do Sul, um Estado de italianos e alemães, teve a primeira miss e um dos primeiros governadores pretos do país. Acho que o Rio de Janeiro e a Bahia, às vezes, são mais preconceituosos. O preconceito é social, não tanto racial, porque fulano não tem dinheiro, não se veste bem, não tem acesso às coisas. Eu nunca tive preconceito. A primeira vez que eu vi a Deise Nunes, fiquei encantado. Estava fantasiada de baiana, e eu botei o dedo no umbigo dela e disse: “Linda!” Ela levou um susto. 10 |

Quando ficou mais perceptível seu interesse pela comunicação, por pessoas e pelas antiguidades? Gasparotto – Desde pequeno, sempre gostei muito de antiguidades, mas eu queria mesmo era ser artista de teatro ou de circo. Fiz lá na Emílio Meyer (escola onde estudou) o ensaio de uma peça do Erico Verissimo, uma das poucas que Erico estreou. Mas eu tinha um problema de dicção sibilante, que tenho até hoje, e foi uma pena. Gostaria muito de ter seguido a carreira, tenho fascinação por circo. Meu pai foi jogador de futebol e era muito inteligente, e minha mãe, mais ligada em cultura. A família de minha mãe era de Rosário do Sul, mas ela nasceu em Porto Alegre. Morou em São Vicente, um dos Sete Povos das Missões. Teve um noivo, conheceu meu pai e casaram. Nasci exatos nove meses depois, o que para ela foi um terror, pois não esperava. Perdi minha mãe com 24 anos. Eu já era um homem adulto.


Nilo Peรงanha 2577

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Como compara a maturidade da sua geração com a atual? Gasparotto – As pessoas têm muita informação e pouca maturidade, pouca maturação. A vida se tornou mais dura, e as pessoas fogem. Houve a liberdade sexual, o que na nossa época não tinha. As mulheres foram à luta, e mudou muito. E o senhor acredita que esse contexto influencia também no pensamento e na maturidade social e política da sociedade? Gasparotto – Evidente. Hoje em dia, a tolerância é muito maior para tudo. Por exemplo, há muitos anos, eu estudava no Júlio de Castilhos, e aí veio um filme que na época foi sensação. Chamava-se O Ano Passado em Marienbad, e eu e outros colegas manobramos para o professor de filosofia assistir ao filme conosco para o entendermos. Eram outras preocupações que os jovens tinham. A coisa ficou mais superficial. O que lhe agrada no jornalismo atual? Gasparotto – O jornalismo investigativo, na área da ciência e da ecologia. É uma questão com que me preocupo há muitos anos. Certa vez, tive conhecimento de que uma Rockfeller tinha verdadeiro pavor da válvula hidra. Ela dizia: “É um absurdo que os meus dejetos ocupem litros de água. Ela morava em um vagão de trem instalado

em uma área dela, que era muito rica. O vaso sanitário dela era acoplado com uma cuba que tinha plâncton e se transformava em adubo direto. Uma vez por semana, ela mandava tirar e colocar nas hortas que tinha por perto. Acho essa mentalidade muito importante e que as pessoas não se dão contam. Por enquanto, o problema de São Paulo com a falta de água não nos atinge, mas a hora chegará em que todos precisaremos de água. Também adoro programas sobre animais. O que é desprezível? Gasparotto – Acho que tem muita coisa que não tem razão nenhuma de ser, né? Acho ruim. O jornalismo ficou muito comercial, né, meu bem? Extremamente comercial. Teve algum momento da sua vida que foi mais complicado, no âmbito pessoal ou profissional? Gasparotto – Minha vida foi muito trabalhosa. Nada foi fácil para mim. Até porque eu tive de me reeducar na alimentação. Passei a comer a farinha da Edith Travi há mais de 30 anos e comecei a fazer esportes. A maioria das coisas exigiu muita luta, o que eu acho bom. Quando era garoto, por exemplo, estudava em um colégio de gente rica e era dos poucos que ia de bonde. Os outros iam nos seus automóveis. Hoje em


dia, isso não me incomoda, até acho que deve ter sido mais divertido. Na época, ficava meio assim... Algum fato do qual tenha se arrependido? Gasparotto – Ah, muitas coisas. Procuro não ficar inseguro e tomar uma decisão, mesmo que volte atrás. Sou muito de pedir desculpas: “Olha, errei, é isso aí”. Há pessoas de que eu gostei e de que eu não gostaria de ter gostado. E há outras que são gratíssimas lembranças. Pessoas maravilhosas das quais eu gostei muito. Tenho uma coisa, raramente volto atrás. Lamentavelmente. Peço desculpas quando erro, mas tenho dificuldade de perdoar quem erra comigo. Uma das minhas lutas é procurar esquecer. Tenho um temperamento focado numa qualidade que eu acho muito ruim. Aliás, o Izquierdo (Ivan), que eu admiro muito, recentemente disse que o elefante tem boa memória, mas que ter boa memória não ajuda a ser feliz. E eu sou de muito boa memória. Mas procuro relevar, porque eu já vi coisas incríveis na vida. O amor-próprio da gente reage muito. Mas não vale a pena. Como é ser generoso e temperamental ao mesmo tempo? Gasparotto – Sou temperamental e procuro controlar. Procuro me colocar no lu-

gar das outras pessoas para saber por que elas fizeram alguma coisa. Tem coisas que eu não admito. Por exemplo, outro dia, eu estava sendo atendido por uma senhora. Ela falava comigo e mexia no celular. Eu olhei e disse: “Olha, minha senhora, eu não sou melhor do que ninguém, mas agora a senhora vai me olhar, e nós vamos conversar, porque eu estou fazendo um negócio com a senhora”. Eu tenho um dito da minha bisavó. Ela morava ao lado da casa da viscondessa de Pelotas e um dia disse: “Viscondessa, que bonito esse tecido”. A Viscondessa respondeu: “É, mas é muito difícil porque é caro para a senhora”. Minha avó chamou o mascate e pediu para comprar a tal da chita, que custava não sei quantos vinténs de tão barata, vestiu umas quatro ou cinco escravas e as colocou a desfilar na casa azul da Duque de Caxias, perto de onde morava a tua família. A viscondessa olhou para ela e disse: “Mas como isso?”. Ela respondeu: “Mas como o quê? Eu não sou melhor do que ninguém, mas ninguém é melhor do que eu”. A pessoa deve sempre ter isso em mente. Não admito certas coisas e parto do princípio de que, se alguém tem de virar a mesa, já que a mesa vai ser virada, então viro eu. Sempre me despedi, pedi demissão dos empregos que eu tive. Toda a vida. Eu prefiro me arrepender do que ficar indeciso. E, se eu errar, peço desculpas.


Quem é Paulo Gasparotto? Gasparotto – Uma pessoa altamente emocional que busca o racional.

Esse “teu” mundo é do temperamento ou imposição da profissão? Gasparotto – Sou assim desde pequeno. Sempre tive o meu mundo e vivi as minhas fantasias. Sempre gostei de ficar sozinho. Não tenho aquela ansiedade de sempre estar com alguém. Claro que eu tenho aqueles amigos com que gosto de estar, mas normalmente estou bem só.

Quem levaria para uma ilha deserta por uma semana? Gasparotto – Levaria muitos livros, a Celita, meus cachorros e uma caderneta de anotações para chamar, eventualmente, aquelas pessoas que eu quisesse. Sou uma pessoa solitária. Demais. Não sinto solidão. Tive uma ligação com uma pessoa de quem até hoje sou muito amigo e que me disse uma vez: “Engraçado, chega um momento em que a gente sente que tu estás no teu mundo e que tu não queres compartilhá-lo com mais ninguém”.

Além do Crioulo, nas artes e na criação, quem chama sua atenção? Gaparotto – Há pessoas cujo charme me impressiona. O David Coimbra, o Crioulo, o David Luiz, jogador de futebol. O artista plástico de que mais gosto é um homem chamado Roberto Magalhães, do Rio de Janeiro. O Pancetti, Matisse, Picasso, que eu fico meio assim com algumas coisas, mas gosto. O Charles Chaplin, mas o que gosto de Charles Chaplin é um filme chamado Monsieur Verdoux, em que quase ninguém

O senhor citou o médico e pesquisador Ivan Izquierdo. Quem mais admira? Gasparoto – Eu admiro o Crioulo. Acho uma pessoa com um senso de humanidade nunca visto.

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fala. Todo mundo lembra-se do Carlitos, da fase Carlitos. O melhor filme dele é O Garoto, em que ele adota uma criança. Quem o senhor considera desprezível? Gasparotto – As pessoas relacionadas ao nazismo são desprezíveis. Me causam profundo mal-estar. Nem digo nomes porque não gosto nem de dizer esses nomes. Na sua opinião, o que pode ser o pior e o melhor de um ser humano? Gasparotto – Eu gosto da pessoa solidária. Detesto arrogância. Pode ser paradoxal, tenho um amigo que ri muito disso, mas eu acho humildade admirável. Um dos homens mais fascinantes que conheci na minha vida foi o Walther Moreira Salles, que, embora fosse um homem elegantérrimo, granfiníssimo, era modesto. Assisti a uma cena maravilhosa: fomos almoçar no restaurante Voltaire, em Paris, e ele, rindo, comentou: “Aqui sou o pai do Waltinho”, depois que o garçom perguntou a ele sobre o filho.

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Quem foi a grande musa e ícone de elegância e atitude nessas décadas de coluna social? Gasparotto – Houve mulheres fascinantes. A Isolda Paes, Henriqueta Marsiaj e a dona Maria Célia, a mãe do Fernando Kroeff, Celina, que era uma mulher muito esperta, inteligente. Teve ainda uma maravilhosa chamada Idalina Garcia de Barros. Essa senhora, aos 18 anos, morava em Quaraí e ensinou o jardineiro a falar francês para ter com quem conversar no idioma. Uma das pessoas mais inteligentes que conheci. Um dia, cheguei a sua casa e ela falava ao telefone, comentando se seria fútil colocar uma saia vermelha para ir a uma determinada ocasião. Quando desligou, perguntei: “Dona Idalina, não sabia que a senhora era dada a esse tipo de assunto”. Ela me explicou: “Não, meu filho, foi Maria Stuart, quando guilhotinada, que pediu para colocarem um vestido vermelho para o sangue não sujar a roupa”. Eu pedi perdão pela petulância de achar que ela falava bobagens. Ela era fascinante. Saiu de uma mansão cheia de livros, onde aprendeu a falar


latim e grego, no centro de Porto Alegre, e mudou-se para o Rio. Numa ocasião, fui visitá-la e perguntei: “E agora aqui no Rio, dona Idalina, como a senhora preenche os seus dias?” Ela disse: “Faço vestidos de crochê para vender”. Para se distrair, apenas. Nunca teve vontade de ser pai? Como foi o primeiro casamento? Gasparotto – Eu gostaria muito de ter sido pai. Poderia ter um filho de 60 anos. Comecei uma vida ativa com uma companheira, aos 18 anos. Mas acho que, lamentavelmente, meu temperamento não é para família. É uma pena, mas não me arrependo. O meu casamento não foi de véu e grinalda. Foi uma relação com uma pessoa muito minha amiga, companheira. Alguém de quem tenho saudades, já morreu. Como foi o momento de entrar na era digital? Está aprendendo e se sente desafiado? Gasparotto – Estou gostando, sim, eu gosto muito do computador. Tenho um amigo, com o qual saio com frequência para jantar, beber e comer comidas boas. Noite dessas, estávamos num restaurante, e uma senhora ao lado fotografou todos os rótulos de vinho e pratos. Ela ligava e falava alto com as pessoas e tinha as unhas pintadas de verde. O verde é muito perigoso, e as mulheres deveriam ter muito cuidado e reavaliar o verde e o azul nas unhas, porque verde e azul são cores para compromisso em IML. Quem tem unhas verdes e azuis é morto. Voltando ao momento da mídia digital. Sente nostalgia ao ter de deixar o veículo impresso? Gasparotto – Claro que eu vou ter de entrar na mídia digital. E tem um ditado muito certo: quem diz o que quer, ouve o que não quer. E

esse pessoal cheio de opinião que sai dizendo e escrevendo coisas por aí vai chegar um dia e levar pela cara, não é minha filha? Outro dia, ouvi uma conversa entre duas senhoras, e uma fez uma série de restrições a um tipo de comportamento. Essa mesma que o próprio pai tinha infringido todos aqueles comportamentos. Se eu me inflamo, eu respondo: “Olha, minha querida, numa boa, no ano de 1940, teu pai fez isso assim, assim. Isso é uma coisa que eu cuido muito, porque ninguém tem culpa dos pósteros. O colunismo social está disseminado e glamourizado nas redes sociais. Que conselhos o senhor daria a quem quer levar a sério o ofício? Gasparotto – Ser investigador e procurar avaliar tudo com a maior seriedade. Também ser o menos comercial possível e sempre se lembrar de ser autêntico com os leitores. O senhor disse há pouco que o seu sonho de infância era ser ator. Se tivesse de promover uma virada profissional, qual seria a escolha? Gasparotto – Seria jardineiro. E o senhor cultiva esse dom? Gasparotto – Não, porque eu não tenho paciência. Sou estabanado, desde pequeno. No que de fato o senhor acredita na vida? Gasparotto – Eu acredito que tenho de estar em paz com a minha consciência. Sobretudo, isso. Um desejo profissional ou pessoal? Gasparotto – Eu adoro Belém do Pará. Tenho muita vontade de ir para uma praia chamada Alter do Chão, mas me disseram que está poluída. Alter do Chão fica a 60 quilô| 17


metros de Santarém. E uma das coisas que eu gostaria de ter de Belém do Pará é o Muiraquitã, um talismã das amazonas dificílimo de encontrar. Uma vez, fui para a Amazônia e disse a um antiquário: “Olha, eu pago até US$ 2 mil por um Muiraquitã!”. Ele me olhou e deu uma risada: “Então pega US$ 6 mil, vai procurar e me traz dois”. Veja bem: eu acho Paris maravilhosa, adoro Milão e acho a Itália deslumbrante. Qual seria o seu lugar no mundo se não fosse Porto Alegre? Gasparotto – Onde eu moraria? Sim. Gasparotto – Eu adoro Porto Alegre, sou muito bairrista. Mas gostei muito de Cape Town, na África do Sul. O clima é maravilhoso. Adoro a África do Sul, tenho muita vontade de voltar. Adoro a África, conheço algumas cidades e as acho maravilhosas. O Sahara é lindo, o Monte Atlas é lindo. Que tipo de cobertura e assunto lhe dá mais prazer em escrever? Gasparotto – Tudo o que se relacione a arte. Todo tipo de estilo de vida em que o ser humano demonstre talento. Um defeito seu que se esforça para mudar? Gasparotto – É o que procuro combater muito. Sou muito intolerante. Sou muito imediatista. Mas acho que tenho uma qualidade rara. Sou solidário e agradecido. De contrapartida, deveria aprender a esquecer certas coisas ruins, que eu não esqueço. Um político? Gasparotto – Getúlio Vargas, eu sou fas18 |

cinado pelo dr. Getúlio. E Dom Pedro I, pelo louco que ele era. Dom Pedro II era admirável também, mas gosto de gente com vida intensa. Getúlio, por uma perspicácia fora do comum. Gosto muito também de um historiador inglês, Arnold Toynbee. Ele disse frases que não esqueço: “Enquanto o meu Deus morreu se retorcendo na cruz, Buda morreu sorrindo”. A outra foi assim: “Do que adianta eu estar lá nas nuvens, andando em um avião poderoso, se muitas pessoas na terra não têm o que comer?” O que diria no ouvido da presidente Dilma para ajudar o Brasil? Gasparotto – Moderação. Serenidade. Um dos conselhos que eu ouvia do Walther Moreira Salles sempre era: serenidade. No fundo, admiro a Dilma pelas atitudes e, principalmente, pelo envolvimento com o Carlos Araújo, que acho um homem muito coerente. Por outro lado, a acho irredutível. Eu assisti a coisas da Dilma que me deixaram admirado. Eu a vi tomar uma vaia no Country Club, dando um discurso, e ela não parou. Ela vai. Admiro a dureza dela, mas complementaria com serenidade. Mesmo em meio ao caos que o país vive, também estamos em um tempo de mais transparência, imprensa livre e punição à corrupção. Como enxerga esse momento? Gasparotto – Eu acho o Ministério Público e a Polícia Federal admiráveis. A-d-m-i-r-á-v-e -i-s. O Joaquim Barbosa e o Ministério Público são admiráveis. O senhor acha que as coisas serão diferentes? Que denúncias e prisões vão constranger e inibir pessoas desonestas ou que os crimes de corrupção serão julgados e os culpados serão


soltos em breve para voltarem a circular nas altas rodas como sempre foi? Gasparotto – Especialmente no Brasil, em que o povo não tem memória, sim (as coisas continuarão como sempre). Mas eu acho que deverá mudar. Espero. O senhor já sentiu preconceito dos colegas por ser colunista social? Gasparotto – Sempre. E em relação às suas escolhas pessoais? Gasparotto – No colégio, era muita complicação e preconceito. Tive colegas de aula que me deixaram muito entristecido pelo que fizeram comigo quando estudei no Rosário. Um deles foi Walmir Ayala. Nunca vi atitude nenhuma dos professores, nem dos padres, nem dos jesuítas, a quem eu admirei profundamente. Nunca vi ninguém coibir esse tipo de atitude de preconceito. O que o senhor viu em mim para me convidar para trabalhar no Catálogo de Brotos aos 16 anos? Gasparotto – Eu sempre te achei muito atenta, muito apta e muito interessada, o que é muito importante. Isso é uma característica da tua família, vocês são muito interessados, vocês têm uma centelha. O que mais o encanta no ser humano? Gasparotto – A solidariedade, o agradecimento e a ternura. Felizmente, eu fui muito feliz. As pessoas que eu lembro foram aquelas que me deram ternura. Não foram muitas, mas foram marcantes. Isso é muito importante. MB | 19



FOTO: RAUL KREBS • ESTÚDIO MUTANTE

espaço de eventos rua dinarte ribeiro, 155 • lá nos fundos do puppi baggio • www.lanosfundos.com.br


moda

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creatiVe Director:

sabrine sousa

photographY:

carlos contreras

beautY:

eric maekawa

stYlist:

juliana bortholuzzi e paloma Quadros

clothes:

c mindov, Fj praia, helen ršdel

thanKs:

Candi DamŽ e Rye Patins | 23


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Bá, que delícia

tesão pela gastronomia Chef Vicente Crocco realiza o sonho de comandar seu laboratório de pesquisa gastronômica em um contêiner na Vila Conceição Quando Vicente Crocco pensa nas primeiras vezes em que sentiu prazer com a culinária, ele revisita sua memória: um toco de gente, gordinho, na chácara dos avós. O cheiro era de bergamota, goiaba, caqui e de horta: “Nos criamos colocando Toddy no copo e espremendo o leite direto da teta da vaca”. Aos 18 anos, após um intercâmbio nos Estados Unidos, o projeto de vida de Vico era ser um executivo. Aos 19, foi estudar Engenharia na Alemanha e ficou 12 anos morando na Europa. Trabalhou como garçom, lavador de pratos, auxiliar de cozinha e até babá. “Gostava mais da cozinha, e me deu tesão pela gastronomia”. O estágio na BMW serviu para Vico perceber que era mais feliz trabalhando com gastronomia: “Recebe-se o cliente, coloca-se o prato na mesa e já se tem uma reação”. Foi essa troca de reações e sensações que o encantou e o fez mudar o rumo do seu sonho: deixou de se tornar engenheiro para virar cozinheiro. Aos 23 anos, Vico contou com um empurrãozinho da mãe, a artista plástica Heloisa Crocco: “Ela ligou para Neka Menna Barreto, que, coincidentemente, estava na Alemanha”. Neka o apresentou a Ulf Dörge, chef da vinoteca Walter & Benjamin, em Munique, onde também funcionava um bistrô com um cardápio incrível: “Em quase um ano de preparação no bistrô para ser aprendiz de chef, aprendi a desossar pernil, limpar peixe, fazer bases de molho, limpar tábua, afiar faca etc”. Em terras germânicas, quem se destaca como aprendiz de chef é indicado para estudar em uma escola de Gastronomia. “Nessa época, larguei meu apê e mudei para uma 28 |

Van, doei roupas, móveis e tomava banho na academia”. Vico foi indicado para trabalhar com o chef Harald Rüssel em um hotel na região do vinho Riesling. Era um estábulo antigo e reformado com um lago na frente e 13 apartamentos, chamado Landhaus St. Urban, perto de Trier, a cidade mais antiga da Alemanha, ao lado de uma das vinícolas mais tops do mundo. Na Bélgica, fez parte por um ano da equipe do Hof Van Cleve, número 15 do mundo e melhor do país, na época. Foram quatro anos de aprendizagem intensa e diária entre a credenciada escola e a prática em restaurantes comandados por chefs estrelados e figuras humanas maravilhosas. A meta sempre foi voltar ao Brasil. Montar o contêiner e implementar um laboratório de pesquisa gastronômica onde recebe clientes e cria no meio do mato, isso é ver essa meta realizada. O contêiner, no pátio da casa-ateliê onde mora e trabalha a mãe, na Vila Conceição, virou um braço do Crocco Studio. A rotina do chef divide-se entre consultorias, palestras sobre empreendedorismo, cursos e jantares para grupos exclusivos ou corporativos, que pilota junto com a chef Luciana Arruda e sua equipe. Ele ainda assina o menu do Bar 2, point confirmado há três temporadas em Atlântida. As preferências? “Tenho um carinho muito forte pela batata e a caça, o fresco e o simples. Comida com requinte e sabor. Gosto de trabalhar com cordeiro e peixe. Tenho uma veia/ memória/carinho e uma base técnica alemã”. Ich liebe Vico Crocco! MB Leia e veja mais no site revistaba.com.br


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Foto Letícia Remião


Eu Posso FernandoErnesto Corrêa

O publicitário Ricardo Rizzo Campos, em recente encontro social, deu-me uma pulseira que vende no mundo inteiro e que contém apenas duas palavras: EU POSSO. Passei a usar esse badulaque e para ele olho várias vezes por dia. Eu posso e sei que vocês também podem. E podemos muito mais do que imaginamos. Basta acreditarmos em nosso poder de fazer. Há, hoje, perpassando por todos nós, um sentimento de impotência e de falta de indignação. Estamos fragilizados no enfrentamento das dificuldades e dos obstáculos. “É assim mesmo, não dá para fazer nada.” Ledo engano. O horroroso quadro político e a economia em queda livre não podem nos desanimar. Estamos paralisados diante da corrupção que tomou conta de nosso país e que é mídia prevalente e assunto relevante em nossas conversas. Esse comportamento acomodado, que se expande geometricamente no seio de nossa sociedade, nada mais é do que a negação das potencialidades que todos nós temos e que, infelizmente, na maioria se encontram adormecidas. De fato, a vida não é essa maravilha. É duro viver. Há, no meu entender duas maneiras de diante dela nos posicionarmos. Ou como um sujeito passivo, aquele que com tudo que lhe acontece se conforma e 30 |

que desconhece eu posso, ou como um ser ativo, corajoso e persistente, que não aceita o que de adverso se apresenta e que faz eu posso um norte em seu viver. Eu fico com esse último. Na realidade, precisamos reunir todas as nossas forças, inteligência e disposição e atacar de frente os problemas que nos afligem no mundo macro e em nosso dia a dia, inclusive no ambiente familiar. No universo, o ser humano é o único animal capaz de alterar o seu destino. O fatalismo é a regra entre os outros seres vivos. Para nós, os humanos, tudo isso não passa de um desafio. Enfrentemos a vida com otimismo e determinação e digamos sempre e em qualquer circunstância: EU POSSO.



AnaMariano escritora

O direito de estar só

Sabem do que eu não gosto no Dia dos Namorados? Não gosto do que ele tem de parecido com as festas de final de ano. Não gosto da obrigação de ser feliz com data e hora marcadas. Amor e sedução fazem parte das nossas vidas. Seduzimos todos os dias, o dia todo. Queremos ser amados. Nem sempre conseguimos, e aí é que mora o perigo. Que perigo? O de cruzarmos a linha da dignidade e, por medo da solidão, fazermos qualquer coisa para estarmos acompanhados. Quem ama cuida, canta o Caetano. No entanto, o que é cuidar? Com certeza, não é abafar. Amor não é fusão, dois em um, como alardeiam por aí. Fusão é medo, é mistura. Amar é, sim, cuidar, é querer estar junto, mas é também aceitar e até valorizar diferenças. Amor é cumplicidade – frase comum, mas verdadeira. O cúmplice divide segredos, não se rebaixa, não se anula. Só há cumplicidade entre dois iguais em importância, embora diferentes. Amor não é apenas diferença, vocês dirão, amor é também harmonia. Sim, mas a ideia de harmonia traz dentro de si a da diferença, só se harmonizam coisas distintas. Harmonia faz o mundo, ensinava Pitágoras, e faz também o amor. Infelizmente, às vezes, por mais que duas pessoas sejam atraídas uma pela outra, as diferenças são tão grandes, que se tornam irreconciliáveis, 32 |

e o amor, por ausência de harmonia, impossível. Nesses casos, para evitar sofrimento inútil, o melhor é deixar que se vá. E, quando isso acontece, tentamos ser corajosos e independentes, senhores do nosso destino. Mas aí vem o tal Dia dos Namorados e faz com que todos aqueles que não estão acompanhados ou que, mesmo acompanhados, não estão em harmonia com seu parceiro sintam-se excluídos. Bobagem, pessoal. A vida não é propaganda de televisão, dessas que a gente chamava de “anúncio de margarina”. Não é manhã de sol com gente magra – jovem ou nem tanto, mas sempre bonita –, risos e cachorros labradores. As relações humanas são e sempre serão muito complicadas. Se dependesse de mim, o Dia dos Namorados festejaria não apenas os casais, festejaria a todos nós, indivíduos, com ou sem companheiros. Todos nós que um dia tivemos a coragem de estarmos sós porque reconhecemos ser o amor algo importante demais para submeter-se ao fingimento. O Dia dos Namorados deveria homenagear a força dos que não fingem, a alegria dos que estão acompanhados, a bravura dos que estão sozinhos, o entusiasmo dos que acordam todos os dias e querem ser felizes, com ou sem companheiros, dos que, sem nenhuma amargura, valorizam o amor ainda que saibam o quanto ele é difícil.



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Ineditismo na semana de design de Milão HenriqueSteyer

Todo ano, acontece em abril, em Milão, o tradicional Salão do Móvel, e, paralelamente, diversos outros eventos borbulham pela cidade. A cada dois anos, também ocorre nesse período a famosa Euroluce, onde as novidades em luminárias são lançadas para o mundo. Separei aqui o que vi de mais divertido por lá. A luminária pendente Dame é inspirada nas mulheres nobres e em sua forma barroca de vestir grandes saias e coletes enriquecidos com rendas e drapeados. Dame é uma obra de arte em porcelana branca, finamente trabalhada por artesãos.

A mesinha Monkey Side, da grife B.D Barcelona, é desenhada por Jaime Hayon e promete trazer bom humor e irreverência para qualquer tipo de ambiente.

O designer Ingo Maurer sempre encanta com suas luminárias inusitadas e surpreendentes. O primor no acabamento deixa qualquer um impressionado.

A linha de aparadores Dreams, também da marca B.D Barcelona, traz uma estampa que simula grandes pixels, que conversam diretamente com a geração dos apaixonados por games eletrônicos. | 35


O melhor de Milão 2015 Louis Vuitton arma exibição de objetos assinados Em 2012, a grife Louis Vuitton convidou alguns designers influentes para criarem uma série de mobiliário e acessórios de viagem que traduzissem o DNA da marca. O sucesso foi imediato. Neste ano, a empresa encomendou novas peças para sua coleção Objetos Nômades e armou uma superexposição durante a Semana de Design de Milão, na Itália, para exibir as novidades. A instalação foi apresentada dentro de um palácio e trouxe peças assinadas por designers internacionais, como Patricia Urquiola, Maarten Baas e os brasileiros Irmãos Campana. Foram exibidos banquinhos dobráveis, luminárias de energia solar, cadeiras e muito mais. Todos os objetos são vendidos em edições limitadas ou protótipos experimentais. O palácio histórico ofereceu o cenário ideal para mostrar os produtos com ares de obra de arte, capazes de encantar os olhos mais exigentes. Conhecida por seu status de luxo, funcionalidade e inovação desde o século 19, a Louis Vuitton ganha ainda mais força com esse projeto envolvendo profissionais que revelam suas inspirações e processos por trás das criações. É com ações desse nível que a idolatrada grife continua tão bem-colocada no mercado premium, aliando a tradição de oferecer projetos influentes e surpreendentes e primando pela plasticidade das formas, proporções e pela complexidade do artesanato, sem perder a atenção aos detalhes. Voilà! 36 |


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ping

Sabe uma guria gente boa? Elvira T. Fortuna é uma. Daquelas que os amigos gostam de ter por perto. A publicitária morou durante três anos em Nova York, quando trabalhou com Maria Duha e Nelson Motta e fez outra penca de bons amigos. Um dia, caminhando entre a Bleecker e a West Third, encarou bem de pertinho um carro preto dirigido por um cara com cigarro na boca e uma pinta no rosto: “Era o De Niro. Tava com equipamento superlegal na mão, e não fiz a foto. Concluí que não era a minha”. Concluiu errado. Há 10 anos, atua na 38 ||

comunicação da Fundação Iberê Camargo, e foi nessa última década que, presenteada diariamente com a beleza e as luzes das margens do Guaíba, onde caminha antes do expediente, voltou a buscar a luz perfeita para congelar, em belos retratos, a vida e a natureza pelo seu sensível olhar: “Me ligo na luz, no reflexo, tenho outro olhar hoje. Faço foto que ninguém viu, tenho paciência de esperar. Um pôr do sol ou um banho de mar me emocionam”. Emoção que chega a todos nós, teus amigos e espectadores do teu olhar.

foto Nilton Santolin

Olhares da luz


Uma frase a ver contigo. Elas mudam com o momento da pessoa, vivo um momento “Andar com fé que eu vou, que a fé não costuma 'faiá'”. Quem te conhece sabe o que de ti? Acho que sou uma boa amiga. Tenho bons amigos e sinto que passo confiança para eles. Qual momento da tua vida poderia ser deletado? Vários! Mas todos passaram, e fica o aprendizado. Uma missão. Não sei. Tento viver um dia após o outro e ser alguém melhor. E emoção? Sou bastante sensível. Não posso ver um animal maltratado, uma pessoa sendo humilhada. O bom de ser sensível é que também vibro com as minhas conquistas e com as dos amigos. O que o teu olhar capta nas pessoas e nos lugares? Nas pessoas, busco a expressão do olhar; nas paisagens, gosto dos reflexos. Me habituei a ver foto em tudo. Se estou conversando com uma pessoa, olho em volta e, às vezes, paro a conversa para fazer a foto (depois mostro e explico). Um projeto. Um livro de fotos... Adoraria. Um sonho. É coletivo. Não adianta eu estar bem e meu vizinho não. Meu sonho é viver em um lugar melhor para todos, onde eu possa sair com minha câmera fotográfica sem temer ser assaltada. O que Elvira quer estar fazendo daqui a 10 anos? Seguir atuando na área cultural (que adoro!), com bons amigos em volta e curtindo um pôr do sol, uma viagem... Aproveitar as coisas tão pequenas e tão importantes para mim. MB | 39


pong

Simplesmente feliz Assim que Panaiotis Demetre Constantinou se apresenta, já tem a resposta para a pergunta “Pana o quê?” Ele explica que os pais, gregos, chegaram ao Brasil crianças e se conheceram jovens, e que ele é a primeira geração da família de imigrantes. Unidos, amorosos e com regras de ética e educação, eles o criaram para ser cortês e solidário: “Lembro-me da Igreja Ortodoxa Grega, do altar em madeira e dourado e do meu fascínio pelos ícones de santos pintados e pelo conto gregoriano”. A publicidade já pulsava nos rótulos e anúncios que ele colecionava, colados em um caderno. Tempos de refeições da culinária mediterrânea e que perseveram até hoje nas tradições gregas que ele mantém. Em comunicação, design, arte ou moda, todo projeto é especial: “Gosto da diversidade. Pensar, criar e me desafiar”. À frente da agência Resulta Comunicação há 19 anos, em 2015 ele pisa em novo terreno: “Criei uma grife de camisas masculinas chamada Vking Man, é uma dinâmica bem diferente”. Ainda sobra energia para experimentos em cerâmica, artes visuais e dedicação a suas duas maiores paixões: a mulher, Débora, e a filha, Athina.

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Uma atitude que define tua personalidade. Sou tranquilo, exigente em relação ao justo. Sou na minha, mas, quando me tiram do sério... Como vês as novas mídias ao alcance de todos? A comunicação está banalizada. Hoje, vive-se o que eu represento para os outros. Eu necessito dominar o que faço e ofereço. Me cobro sobre os meus projetos. Quem é Panaiotis Demetre Constantinou e o que deseja da vida? O Pana é um cara simples, que curte viver. Desejo uma boa vida em comunidade, com respeito ao espaço do outro. Viver por muitos anos para fazer mais um pouco e não parar de desejar, porque aí fica sem graça. Qual teu grande sonho? Não é bem sonho. Quero contribuir para algo bom que construa uma sociedade melhor e aproveitar a vida com minha família. Qual o principal valor que queres passar para Athina? Que ela jamais se esqueça de ser feliz. Quando uma pessoa é feliz, tudo se resolve, tudo dá certo. Que ela faça suas escolhas e seja feliz com elas. O que ser pai te ensinou? Meu horizonte mudou. Aprendo a cada dia. Descobri um amor maior, que me fez querer aproveitar todo o tempo que tenho com quem eu amo. Dedico e priorizo minha vida em família. Tens ídolo? Não. Tem pessoas que admiro e em quem tento me inspirar. Pessoas comuns, que se preocupam com o outro, tomam atitudes corajosas e trabalham por um mundo melhor. Algo de que te arrependes? Me dediquei a algumas pessoas sem esperar retorno. Apenas respeito. E isso não aconteceu. Não tenho mágoas, só arrependimento. Daqui a 10 anos... Trabalhando, produzindo, viajando, amando, rindo e sendo feliz. MB | 41


arte

energia solar Fotos Vini Dalla Rosa

IvanMattos jornalista

Uma das maiores atrizes gaúchas, Sandra Dani vive, no palco e na vida, experiências renovadoras

A atriz Sandra Dani tem cheiro de tábua de teatro, de coxia, de camarim. Um cheiro bom de quem vive de observar gente, de construir personagens, de mostrar faces dos sentimentos humanos que extrapolam o lugar comum. Dona de uma energia gigantesca, Sandra é um bálsamo quando entra em cena, atrai todos os holofotes para sua figura, para sua voz grave, seus gestos harmoniosos, seus imensos olhos, que enxergam muito além do texto. Com mais de 40 anos de teatro, essa atriz gaúcha ainda sente-se “inquieta, perigosamente curiosa, fascinada pelo desconhecido”, como ela mesma diz. Com tanta vivência, ainda sente-se atraída pelos trabalhos que apressam sua respiração, que fazem seu coração bater mais rápido. Aprender ainda é um hábito dela, que se propôs a enfrentar mais uma oficina teatral, desta vez com o mago francês Jean-Jacques Lemêtre, do Théâtre du Soleil, sobre sonoridades do corpo, ao mesmo tempo em que respondia ao chamado para esse perfil. Aliás, chamados são sempre bem-vindos desde que aceitou o desafio proposto pelo diretor paulista Rubens Rusche para fazer Oh, os Belos Dias, de Beckett, um dos trabalhos mais desafiadores de sua longa carreira. Como assim? Mesmo depois de viver Medeia, cantar músicas de Kurt Weill e Brecht em espetáculos e viver Dona Margarida em 42 |

inglês, nos Estados Unidos, entre dezenas de outros trabalhos, ainda precisava de outro desafio? Parece que sim. Ela mesma explica o porquê. “Em 2011, eu fui diagnosticada com um câncer de mama. Consequentemente, passei por cirurgia, tratamentos de quimioterapia e radioterapia, fiquei careca. Antes disso, raspei a cabeça, comprei metros de malha de cotton de várias cores e brincava inventando turbantes. Enfim, o convite do Rubens representou um renascimento para mim, podes imaginar?” Claro que sim. Mas, ao mesmo tempo em que a doença abriu um hiato em sua vida, serviu para que se aproximasse ainda mais das pessoas amadas. “Foi uma viagem, um mergulho na minha experiência de vida, no meu corpo, na minha relação com as pessoas e com o mundo, na passagem do tempo e, principalmente, na importância primordial dos afetos sobre todas as outras coisas”, complementa. Sandra é uma colecionadora de afetos. Basta conhecê-la um pouco mais para cair de amores por ela. Distante da figura forte, enérgica, do talento arrebatador, Sandra é uma figura doce, afetuosa. O ator e professor de teatro Zé Adão Barbosa foi um dos que provaram tudo isso dentro e fora de cena. “Poucos atores tiveram o privilégio de ter Sandra Dani como sua mãe no teatro. Em A Gaivota, de Tchekhov, e em Heldenplatz, de Bernhard, eu tive isso.


Depois, viramos irmãos. É uma experiência única contracenar com uma atriz tão genial e tão generosa. Sandra é um ser de luz, e eu a amo com fervor”. O casamento com o ator e diretor Luiz Paulo Vasconcellos vive de uma parceria que extrapola os limites de um casal convencional. Os dois criadores vivem em uma casa na zona sul de Porto Alegre com seus dois filhos, entre muitos livros, obras de arte e os cinco Açorianos de Melhor Atriz que

ela recebeu. “Ser casado com a Sandra foi e permanece sendo a maior vitória que conquistei na minha vida, não sei se pelo talento da atriz ou pela beleza da mulher, provavelmente pelos dois reunidos numa só pessoa. Mas há ainda alguns outros atributos que alimentam os meus sentimentos – o caráter, o bom humor, a ironia, o bom gosto, o carinho, a ideologia, a lealdade, o senso de organização e outros tantos. Há alguns defeitos

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também – mania de limpeza, por exemplo, mania de limpeza e mania de limpeza. Mas isso se releva porque as qualidades o superam. E, quando ela está limpando, eu finjo que não vejo”, conclui. Desde que atuou em inglês na temporada em Albany, Nova York, em uma versão de Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde, dirigida pelo marido, Sandra se habituou a encarar os mais diversos processos, com diferentes diretores ao longo de sua carreira. Formada em Artes Cênicas pela UFRGS, em 1973, concluiu o mestrado em Teatro pela State University of New York, em 1983. A partir daí, Sandra já atuou em espetáculos de autores tão diversos como Heiner Müller, Nelson Rodrigues, Pirandello, Gogol, Bertold Brecht, Ivo Bender, Eurípedes e Thomas Bernhard. Mesmo assim, ainda guarda espaços para as dúvidas. “Tenho muito mais dúvidas profissionais do que certezas. Diria até mesmo que cultivo a dúvida, pois ela me leva à investigação de possibilidades expressivas. Referência obrigatória para as novas gerações de atores, Sandra inspira a vencedora do Prêmio Açorianos de Teatro de 2014 como melhor atriz, Gabriela Poester: “Às vezes, quando me encontro diante de uma dificuldade, tento imaginar o que uma atriz como a Sandra faria. Ter referências como ela é extremamente importante e inspirador para nós, jovens atores gaúchos”, relata. “Fico sinceramente surpresa com os jovens atores que me tratam como 44 |

diva. Não sei se é por aí, sem contar que isso me faz sentir jurássica”, diz Sandra, brincando. Tanto trabalho e dedicação renderam a Sandra e ao diretor Rubens Rusche a indicação de melhor atriz e melhor direção do prêmio concedido pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA). “O que nunca irão me ver fazendo é uma peça de sofá”, diz às gargalhadas, o que significa que acomodação não faz parte dos planos dessa atriz que pretende levar Oh, os Belos Dias para o Rio de Janeiro em outubro próximo.


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trama

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O soldado e sua flor Foto Eduardo Liotti

Ele é observador, de um silêncio quase misterioso, e muito atento à força do próprio trabalho e ao poder do seu foco. Ela é solar, docemente alegre, de gestos delicados e dona de uma beleza que transcende seus olhos – de um azul tão intenso que flerta com o lilás. Quando crianças, ele queria ser soldado, ela sonhava ter uma floricultura. Nela, ele reflete e encontra toda a luz que, juntos, os dois passaram a dividir e a multiplicar. Eduardo Liotti e Maysa Bonissoni foram apresentados pela amiga em comum Laura Schirmer, em um dos eventos em que ambos trabalhavam, no dia 3 de abril de 2008. A então jornalista do Grupo RBS comentou com a amiga sobre ele, o fotógrafo cheio de estilo e charme que circulava por vários eventos que ela também frequentava. Nunca mais se desgrudaram. Dois anos depois, na mesma data, decidiram selar esse amor em uma linda festa para os amigos, na Ilha da Pintada. O dom da fotografia de Eduardo desabrochou em 1993, quando fez o curso no Instituto Estadual de Artes Visuais. Depois disso, foi um trabalho bacana atrás do outro. Maysa veio para Porto Alegre da cidade catarinense de Seara, aos 16 anos, para realizar o sonho de ser jornalista. Passou no concurso Caras Novas, do Grupo RBS, onde trabalhou por quase 12 anos. Juntos há sete anos, sua mais linda e apaixonada criação é o casal de filhos Olivia, 4, e Stefano, 2: “Um ‘Mamãe, eu te amo’ me emociona. O amor de mãe e filho é muito grande”, conta Maysa, que, afastada da rotina intensa de uma redação de TV, encontrou mais serenidade para se dedicar à família e resgatar antigos afetos, como o de cuidar de

plantas e criar com elas: “Ainda sinto saudade da TV, mas no momento certo o projeto dos meus sonhos vai acontecer. Estou muito feliz com as criações personalizadas das suculentas”. Suculentas são minicactus e plantinhas cheias de estilo que Maysa tem escolhido a dedo para montar arranjos em pequenos vasos e potes, superexclusivos e charmosos. Uma graça original para presentear. Profissional free-lancer, Eduardo segue obcecado pela riqueza de cada detalhe que se propõe a registrar, sempre na busca pelo ângulo exato. Paciente, espera focado no instante do clique perfeito – claro em cada uma das nuances, sombras, reflexos ou cores que suas imagens imprimem diante dos olhos de quem as vê. A partir deste ano, os gostos, as imagens de Edu e as palavras de Maysa estão ainda mais entrelaçados, agora também nos projetos profissionais. Em paralelo aos trabalhos de fotógrafo dele e de florista dela, a dupla inaugura uma nova fase, em que produz conteúdo e imagens para empresas interessadas em divulgar seus negócios com a estética e o tom perfeitos. Entre outros clientes, estão o Studio Leo Zamper, o salão de beleza Phyna, o iogurte Tambo e a estilista Sheila Liotti. Encerro a trama deliciosa e cheia de amor desse casal, que tem meu encanto antigo, com uma frase de Amyr Klink que inspira Eduardo e todo ser humano que deseja ser feliz e transformar a vida: “Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E, para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer.” MB | 47


eutenhovisto.com

Filosofia do Bem-Estar

JaquelinePegoraro CarolZanon

no Rio de Janeiro, Luiza é formada em Publicidade e Propaganda, especialista em Moda e apaixonada pela natureza. Cidadã do mundo, pesquisou a técnica em outros países, mas foi em Bali, na Indonésia, que decidiu trabalhar com o significado das plantas e de seus aromas. Com métodos naturais, a WishVillage trabalha para prevenir e também auxiliar na cura de males físicos e emocionais.

Luiza Tellechea inaugurou e-commerce para atender todo o país com suas fórmulas deliciosas e exclusivas de aromaterapia. A filosofia da WishVillage é em torno do poder natural das plantas para melhorar a qualidade de vida. Gaúcha radicada

No instagram, @wishvillage. Ou passa lá na loja no wishvillage.com.br

Japonês Gurumê no Fashion Mall O Rio oferece tantas opções que muitas vezes fica difícil escolher um bom lugar e com preço justo. A dica do ETV é para quem gosta de comida japonesa. Sob o comando do premiado sushiman, Shinya Koike, o Gurumê oferece um cardápio de alta qualidade e bom atendimento no 48 |

shopping Fashion Mall. Um dos pedidos mais ousados é niguiri de atum em foie grãs, uma combinação de sushi com um toque especial da maçã verde caramelizada no maçarico – que impressiona os mais exigentes. Entre os preferidos estão o hot roll Gurumê, Ebiten, dupla de salmão selado e


Naturalmente belas Formada em ballet clássico e fisioterapia, a fotógrafa paranaense que mora em São Paulo Miriam Massei sempre foi apaixonada por fotografia. E foi após o nascimento da sua segunda filha que decidiu assumir o talento com as lentes. Especialista em New Born (recémnascidos) e grávidas, também com muita experiência em álbuns de família, casamento, parto e underwater, Miriam busca a perfeição com espontaneidade na hora do clic e isso faz toda diferença no resultado das suas fotos. Confira o trabalho no site www.miriammassei.com.br

as criações especiais do chef. No menu, as bebidas também são destaque com os tradicionais saquês e a cerveja Gurumê, rótulo desenvolvido especialmente para o restaurante. Um dos japas mais deliciosos da capital carioca. www.japagurume.com.br | 49


ClaudiaTajes

Minha alma canta

Mudar de cidade não é fácil. Depois de uma (já longa) vida morando em Porto Alegre, recomeçar no Rio de Janeiro tem sido uma aventura de altos e baixos. Os altos são as oportunidades de trabalho. Os baixos: ficar longe de quem se gosta e mais todos os problemas práticos de um reinício. Enquanto a carruagem anda e as melancias se acomodam, o jeito é ver a cidade com olhos que há muito já perderam a ingenuidade de turista.

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Não que faltem coisas boas. Por exemplo, fui recebida por dois grandes amigos com um jantar em um dos restaurantes da hora na cidade, o Lasai. Fica em Botafogo e do terraço onde se espera por uma mesa nos espia o Cristo Redentor. O Lasai foi aberto há pouco mais de um ano por um jovem chef que, entre outras qualificações, respondeu pela cozinha do premiado restaurante Mugaritz, do País Basco – é considerado o sexto melhor do mundo. Não se escolhe o prato e sim a modalidade: menu ou festival. Meus amigos pediram o festival. Antes o garçom perguntou se alguém tinha alguma restrição alimentar. E começou o banquete.

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Foram nove deliciosas entradas, dois espetaculares pratos principais e duas 50 |

sensacionais sobremesas. Desculpem os adjetivos, mas estaria sendo malagradecida se não os usasse. Meus amigos, bons na arte da harmonização e da conversa, pediram várias garrafas de vinho durante as cinco horas em que durou o festim. Esqueci de dizer que quem reserva uma mesa no Lasai pode passar a noite toda lá. Não existe rodízio de clientes, a mesa é de quem está nela pelo tempo que for. A nossa era na cozinha – que fica no meio do restaurante –, com vista para os chefs e auxiliares. Mais uma vez, desculpas – agora pela galinhagem: nunca vi tanto homem lindo junto em uma cozinha.

...

Quem é apenas remediado há de concordar: uma despesa inesperada que promete ser grande causa um certo nervosismo. Aquela orgia toda, com certeza, não sairia barato. Já pensava em lavar a louça para pagar quando a conta chegou. Foi então que a minha amiga Maria Elisa Berredo, disputada por todos os autores de novela por seu conhecimento de roteiro e escrita elegante, avisou: a Claudia é minha convidada. Falei que ela era elegante. Por coincidência – talvez não –, o Cristo apareceu entre as nuvens. Obrigada, Senhor.



decorBá

FabianaFagundes arquiteta mude@fabianafagundes.com.br

Preciosos objetos Fotos Vini Dalla Rosa

Um dos belos casarões antigos que ainda sobrevivem na charmosa Barão de Santo Ângelo, no coração do Moinhos de Vento, é o endereço da loja de objetos cheia de estilo GD Design. Joias para a casa, um tesouro decorativo. É nesse ambiente, pequeno e aconchegante, que Graziela Dias expõe suas criações, juntamente com peças de decoração garimpadas no Exterior. O que impressiona nas obras de Grazi é o detalhe, pois é trabalhado com cuidado. A designer e empresária passou um tempo na Inglaterra, e foi lá que pegou gosto pelo assunto. Fez cursos na área de luxury branding na Saint Martins e na London College of Fashion. Nessa época de muitas viagens e pesquisas, teve oportunidade de mergulhar em referências e estudos sobre o assunto, e transitar entre a sofisticação e o minimalismo rústico foi o que lhe despertou a atenção. De volta ao Rio Grande do Sul, foi atrás das nossas pedras e do que existia em produtos no mercado com essa matéria-prima. O certo é que há muito ainda a explorar e criar. Nossa região tem pedras incríveis, ma52 |

deira petrificada e outras matérias-primas peculiares. Começou então um trabalho com mão de obra local, que se inicia no momento em que a designer vai até seu fornecedor e escolhe a pedra de acordo com o formato e a cor, para só depois decidir o destino e o desenho da peça que será desenvolvida. O segundo momento é levar a pedra para o artesão indicado para aquele tipo de acabamento necessário, algumas vezes mais de um, até a peça ser finalizada e chegar pronta para ser exibida. É quando temos as mais lindas surpresas: pedras transformadas em verdadeiras joias em forma de espelhos, abajures, porta-livros, lâminas de pedras etc. A GD Design poderia estar em qualquer cidade do mundo, com suas peças feitas aqui em solo gaúcho, com nossa matéria -prima e o talento de Graziela e seus artesãos. Onde estivesse, impressionaria e encantaria pessoas de bom gosto.


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Bá, que lugar

Um lugar para

ser gaúcho Uma das churrascarias mais queridas do Estado atrai centenas de gaúchos e muitos turistas todos os dias, das 11h às 2h

Quem nunca se pegou desejando mais do que tudo aquele lombinho com queijo ou a polenta crocante que só os garçons do Barranco sabem servir? Assim é nos últimos 46 anos em Porto Alegre. Com tradição de um dos melhores cortes de carne da cidade, a churrascaria de Elson Furini e Chico Tasca tem sua célebre e conhecida sede nos altos da Protásio Alves e é bem mais do que apenas um bom lugar para comer e beber. Esta história começou quando Elson Furini e Santo Tasca fundaram o Barranco, numa casa antiga da família Telles, onde na época funcionava uma escola infantil. Chico, que era sobrinho de Santo, ajudava nos finais de semana, até que, em 1981, deixou a carreira de seis anos no banco para, junto com Elson, comandar o restaurante. Ao lado deles, cerca de 90 funcionários atendem uma média de 700 pessoas por dia, 2 mil a cada domingo, o que equivale a 25 mil clientes por mês. Quando perguntamos qual o segredo de tanto sucesso, a dupla responde que é o fato de a pessoa saber que pode chegar a qualquer dia, até no feriado, que vai estar aberto. Somam-se à receita de tanta 54 |

sintonia um respeito muito grande um pelo outro e o mesmo objetivo. As palavras-chave para essa afinada e simpática dupla de bem-sucedidos empresários são qualificação e inovação – valores trabalhados e estimulados nos funcionários com cursos de aperfeiçoamento no Sebrae, especialmente os voltados a Boas Práticas de Fabricação (BPF). A reforma concluída em 2005 ampliou o espaço, que hoje conta com cinco estacionamentos, com manobristas para 280 veículos. São paredes com alma, mesas fervorosas de discussões sobre política, futebol, os rumos do jornalismo ou os caminhos da arte contemporânea. Onde sempre gostamos de chegar e não temos nenhuma pressa de ir embora. Troca de humores, sabores, goles, risadas, piadas e olhares. No Barranco, pessoas de todos os jeitos e cantos da cidade e de fora dela desfrutam com idêntico prazer as coisas boas e simples da vida: uma boa conversa, a surpresa de um reencontro, um novo projeto. Sempre uma celebração. Pura efervescência eclética regada pela maravilha de comer bem, rever amigos, sentir-se em casa e ser bem tratado. MB


Elson Furini e Chico Tasca no comando do Barranco

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crônica

Obrigada!

foto lenara petenuzzo

Por Mariana Bertolucci

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Se alguém me dissesse há dois meses que o melhor ainda estava por vir, talvez eu desconfiasse de tanto otimismo. Apesar de, embora minha mãe nem sempre concordar, eu me considerar uma praticante ferrenha da arte de ter esperança. Aconteceu o que muitos de vocês já sabem: a Bá festejou em sua edição número 10, lançada em março último, os seus dois anos de vida. Um projeto que nasceu de uma provocação em uma dinâmica de grupo do Sebrae e de uma necessidade minha de continuar exercendo a profissão que escolhi: juntar palavras a favor de sentimentos, de opiniões e das pessoas. O tanto de carinho e abraços que recebi nas comemorações de aniversário da Bá me deixou emocionada e agradecida por ter tido coragem de acreditar que era possível voltar a me comunicar com os leitores e amigos que fiz nas últimas duas décadas. Isso só aconteceu porque pessoas como vocês, que gostam de ler a revista que comando com muita vontade ao lado de um time lindo de colaboradores, existem. Se eu pudesse dizer uma única palavra para cada abraço, mensagem, curtida e carinho que recebi nesses últimos meses, e também para aqueles que eu não conheço, mas que compraram, pegaram e leram por aí alguma das 10 edições da Bá na banca, na livraria, no consultório médico, na academia ou nos eventos que fizemos, essa palavra seria: O-b-r-i-g-a-d-a! Obrigada por existirem, por acreditarem na Bá, por me contarem suas histórias e compartilharem comigo os seus sonhos. Obrigada por me fazerem desejar diariamente ser uma pessoa e uma jornalista melhor. E obrigada, principalmente, pela leitura! É ela, acima de tudo, que me presenteia com a certeza de que tudo já valeu a pena.


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CristieBoff

Nutrir o planeta

designer e artista plástica

Arte, moda e beleza selvagens

Foi batizada de Beleza Selvagem a mostra em Londres dedicada ao eclético estilista inglês Alexander McQueen (19692010) no Victoria and Albert Museum. A expo promete uma retrospectiva completa da carreira do criador e poderá ser visitada até o dia 2 de agosto. McQueen foi um inovador, ultrapassou os limites da moda, transformando suas peças em verdadeiras obras de arte, como as botas de madeira para a modelo Aimee Mullins, que na verdade eram próteses para suas pernas.

A Expo Milano 2015 é uma feira com a participação de mais de 140 países (Brasil é um deles!). O evento sobre alimentação busca soluções para um problema vital: alimentos saudáveis e suficientes para todos os povos, respeitando o equilíbrio do nosso planeta. A Expo Milano 2015 será uma plataforma de discussões em busca de um futuro mais sustentável. Além disso, a feira conta com mais de 150 restaurantes, entre quiosques e bares, possibilitando ao visitante experimentar os melhores sabores e tradições do mundo. Estimam-se 20 milhões de visitantes. O evento acontece de 1º de maio até o dia 31 de outubro deste ano.

Gaultier no Grand Palais No Grand Palais, em Paris, os olhares são dedicados a Jean Paul Gaultier (1952), estilista francês de fama mundial que conquistou o mundo com seus perfumes em forma de busto e os vários figurinos para Madonna. Ele também introduziu o uso de saia para homens, mais conhecida como kilt. A mostra tem peças criadas desde 1970 até 2013, acompanhadas de rascunhos, arquivos e filmes, e ficará em cartaz até 3 de outubro. | 59


AndréaBack

publicitária e jornalista

O Amanhã é prA já

Cinquenta anos. Os próximos 50 anos. O Museu do Amanhã acredita que as próximas cinco décadas vão reunir mais mudanças que os últimos 10 mil anos. Por isso, convida a pensar sobre nossas escolhas feitas hoje, que desenharão diferentes amanhãs possíveis. Em construção no Píer Mauá do Rio de Janeiro, este novo espaço dá início a uma nova geração de museus de ciências no mundo. Experiências sensoriais, instalações interativas e jogos apresentam o passado, a atualidade e ameaças e oportunidades para a humanidade no futuro próximo. Tudo para que o visitante real ou virtual possa soltar a imaginação e se questionar, de forma mais consciente e ética, sobre seu papel daqui para frente. Um espaço revolucionário de estimulação de ideias, onde ciência e arte, razão e emoção, passado e futuro se encontram. A construção é uma das âncoras do Porto Maravilha − projeto de reurbanização da região portuária da capital carioca, do qual também faz parte o MAR (Museu de Arte do Rio). Quando concluído, serão 5 milhões de metros quadrados de melhorias nos espaços públicos e serviços urbanos, sustentabilidade ambiental e socioeconômica e valorização do patrimônio.

Pilares transformadores: temáticos e de concreto

Quem visita o canteiro de obras do museu percebe que a movimentação é grande para que a inauguração aconteça dentro do previsto: primeiro semestre de 2015. “Espero que seja um polo de repercussão das ideias, da ciência, dessa cidadania renovada de que nós vamos precisar para construir um amanhã melhor para todos nós”, torce Luiz Alberto Oliveira, físico e doutor em cosmologia, curador do Museu do Amanhã. Além desse currículo privilegiado, o desenvolvimento de conteúdo do Museu do Amanhã conta com um time de profissionais e consultores de renome internacional em diferentes áreas − economia, comunicação, arquitetura, design, climatologia, física, tecnologia etc − e a parceria de instituições como a UNESCO e o Smithsonian Institute. O projeto desenvolvido por essa equipe de notáveis se apoia em dois grandes eixos narrativos: “como poderemos viver?” e “como queremos viver?”. Estes eixos, por sua vez, estarão representados através de seis grandes tendências do amanhã: • mudanças climáticas; • crescimento da população e da longevidade (no início do século 20, a expectativa média de vida era 43 anos. Hoje pode já ter nascido a primeira pessoa que viverá 150 anos!); • maior integração e diversificação (centros urbanos cada vez mais multiétnicos e


Fotos divulgação

multiculturais); • avanço da tecnologia; • alteração da biodiversidade • expansão do conhecimento. E o museu assume o compromisso de fazer escolhas por um amanhã melhor já no seu projeto arquitetônico. Concebido pelo consagrado arquiteto espanhol Santiago Calatrava, só o prédio já estará valendo a visita. Serão 15 mil metros quadrados pensados para que mesmo pequenas atitudes evitem grandes impactos. As águas da Baía de Guanabara, por exemplo, serão utilizadas no sistema de climatização e ainda serão filtradas durante este processo. O projeto prevê também uma estrutura na cobertura do prédio que se movimenta ao longo do dia,

como asas, para captar a maior quantidade possível de luz natural e serve de base para placas de captação de energia solar. Vale a pena assistir a animação sobre todo esse funcionamento: https://vimeo.com/80884629 Agora é aguardar contando as horas e tapados de orgulho por uma proposta tão inovadora e necessária estar surgindo aqui em nosso país. Um espaço para colocar os holofotes nas nossas escolhas, como indivíduos, cidadãos e espécie humana, e lembrar que o amanhã ainda não existe, mas começa hoje. Ou como diria Einstein (certamente um habitué do Museu, se vivesse nos dias de hoje): “a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão”. | 61


inBá | São Fancisco de Paula

o outono de São Chico As cores encantam no outono e a paisagem é capaz de arrebatar os visitantes. Nos Campos de Cima da Serra, o clima é para valentes, gente que desafia a natureza e gosta de compartilhar o calor da hospedagem e da boa gastronomia. Conheça São Chico neste inverno. É de arrepiar!

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Dois anos depois de realizar o sonho de empreender na terra natal, Rafael Castelli, 34 anos, já respira aliviado. Tanto é que aceitou a proposta de passar a semana em Porto Alegre e subir aos Campos de Cima da Serra toda sexta-feira à noite para curtir e receber os clientes no seu Castelli Resto Pub, um bistrô imperdível em São Francisco de Paula. "Sempre quis ter um restaurante, e tinha de ser na cidade onde nasci. As coisas estão dando certo porque tenho toda a família por perto", conta. À frente da cozinha serrana, com receitas feitas com truta, cordeiro e charque, está Maria Teresa Castelli, a mãe. No balcão, o irmão Márcio – advogado como o pai e o avô –, que divide o tempo entre o escritório e


o atendimento no restaurante. No caixa, a mais recente contratação de Rafael, a irmã Fernanda, vinda há pouco de Santa Catarina. Juntos, eles já recebem boa parte dos moradores e dos visitantes da região. Cidade a 900 metros de altitude, São Chico, um dos maiores municípios do Estado, ainda está despertando para o turismo. As cores do outono nas árvores da rua central ou às margens do Lago São Bernardo encantam a quem chega; a Livraria Miragem é opção cultural; e a famosa Pousada do Engenho, a referência em acomodação e bom gosto. Mas Rafael quer mais para a sua cidade. Torce e trabalha pelo crescimento e preocupase com como ela vai se expandir. À beira da RS-020, distante 300 metros do centro de informações, o Castelli faz a sua parte. Está instalado em um ambiente caprichado que exigiu três anos de trabalho para unir o estilo rústico da casa a uma arquitetura mais moderna e confortável, uma criação da família com a arquiteta Tamine Fachinello. As pessoas chegam e ficam horas por aqui. Gostam do aconchego e da comida", conta.

Além de vinhos selecionados, Rafael serve chope e cervejas artesanais Rasen, de Gramado. E petiscos regionais como rissoles de charque. O cordeiro é preparado nas versões pernil, picanha ou rocambole. A truta, peixe das águas frias de São José dos Ausentes, completa o cardápio regional com especiarias. E a sobremesa? Tortinha gelada da vó Edi, um sucesso.

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outBá | Londres

Uma das primeiras histórias de Julia Medeiros Ramos diz muito sobre a pessoa que ela se tornaria. Eram meados dos anos 1990, e a sua mãe, a escritora e capa da Bá 10, Martha Medeiros, a levava para o primeiro dia de escola em Santiago do Chile, onde morou com os pais nos primeiros anos de vida. Martha estava decidida a dar meia-volta com a filha de 2 anos nos braços ao primeiro sinal de medo da nova experiência: “Simplesmente dei tchau e entrei sem olhar para trás”, conta Julia, hoje com 23 anos, dona de um senso de independência e atitude tão raro em bebês quanto em jovens da sua idade e nas pessoas em geral. Formada em Cinema, fascinada por fotografia e curiosa, quando pequena já brincava de explorar, aprender, ser aventureira ou espiã. A brincadeira virou profissão e estilo de vida da gaúcha que migrou para a capital inglesa com a ideia de se movimentar por lá. E muito. Lançou há pouco o blog Pixel Viajante e se prepara para viver a desafiadora e deliciosa aventura de ganhar o mundo com suas lentes e dividir conosco um pouco do seu olhar. Assim é Julia. MB 64 |

Foto Eder Ramos

Liberdade Nômade


Fotografia e cinema Tive aulas de fotojornalismo na Comunicação Social. Gostava muito, e me inscrevi para um estágio como fotojornalista no jornal da faculdade. Ali, me apaixonei. Foi a mesma época em que comecei a viajar mais e a colocar os aprendizados fotográficos em prática. O cinema veio depois… Sempre apreciei a arte como espectadora. Em crise com o jornalismo, pensei em explorar a área mais a fundo e juntar a paixão por fotografia com a imagem em movimento. Queria me especializar em direção de fotografia no cinema, mas me dediquei mais à fotografia “estática”. Escolhas e viagens Poucas vezes tive total liberdade para isso, mas incluo o maior número possível de cidades e lugares em cada viagem. Minha primeira viagem sozinha era para descansar e curtir Paris com calma. Mas a inquietude ganhou, e visitei outras seis cidades em cinco países diferentes no mesmo período de tempo. Me interesso mais por destinos com paisagens naturais e culturas Fazenda Mudchute

exóticas. Quero conhecer os lados menos “mainstream” da Europa (Croácia, Albânia, Eslovênia, Letônia…) e continuar a viagem pela Ásia e pela Oceania. Aprendizado Viajei totalmente sozinha uma vez, e foi incrível. Descobri como somos capazes de nos abrir mais socialmente quando não temos companhia. Para mim, especialmente, fez muita diferença, porque não costumo ser muito extrovertida. Admiração Admiro muita gente, entre família, amigos e artistas. Mas uma pessoa específica é o Brandon Stanton, fotógrafo criador do

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projeto Humans of New York. Não só pela excelente técnica dos retratos, mas porque ele se envolve com os personagens, pessoas até então desconhecidas que encontra pela rua, faz perguntas íntimas no pouco tempo que tem. O melhor dessa conversa e o retrato da pessoa vão para o site e a página do Facebook. É incrível como esse tipo de exposição do ser humano rende, na maioria das vezes, comentários e discussões supersolidários e honestos. Daqui a 10 anos... Não faço a menor ideia! A visão de mim mesma daqui a 10 anos inclui me sustentar com a fotografia, morar fora do Brasil e seguir viajando. Mas amanhã posso já ter mudado de planos.

St. James Park

Sky Garden

Southbank Centre

Próximos roteiros Gostaria de conhecer mais o lado leste da Europa, fazer a viagem de trem transiberiano (transmanchuriano, para ser mais correta) entre São Petersburgo e Pequim, depois ir à Tailândia, ao Vietnã, ao Camboja e à Indonésia. Há destinos interessantes, com boa estrutura e baratos por aquelas bandas, por isso pretendo passar um tempo lá. É fascinante, sim, mas não é fácil, e por isso nem sempre é divertido como parece. Não quero que esta aventura seja um “ano sabático”, e sim que se torne meu estilo de vida. Por isso, não dá para curtir o tempo todo. É preciso bastante esforço para conciliar a vontade de aproveitar os lugares com foco no trabalho e nos objetivos profissionais. Sonho Poder incluir as viagens no meu cotidiano, e não apenas nas férias. Viver um estilo de vida nômade e ter a liberdade de mudar de lugar quando quiser.

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Báco

Tesouros engarrafados OrestesdeAndradeJr. jornalista e sommelier

Los Cerros de San Juan, a mais antiga vinícola do Uruguai, fica localizada no Departamento de Colônia

É como entrar em um túnel do tempo percorrer a estrada de 5 quilômetros – boa parte dela uma espécie de corredor verde – que leva até a Bodega Los Cerros de San Juan, em Colônia do Sacramento, na costa oeste do Uruguai, a apenas 50 quilômetros de Buenos Aires. A viagem ao passado remete a 160 anos, quando a família Lahusen, que veio da Alemanha, instalou-se na região, alvo de disputa permanente entre portugueses e espanhóis. A mais antiga vinícola do Uruguai preserva a sua história. Os tanques ainda são de cimento, uma característica das vinícolas uruguaias mais tradicionais, só com revestimento epóxi. Em meio à natureza típica da região, o prédio da vinícola – encravada metros abaixo da terra –, em estilo colonial, erguido em 1869, é um Monumento Histórico do Uruguai. Algumas madeiras do prédio têm mais de 120 anos. O mais impressionante dessa vinícola centenária está no subsolo: o primeiro sistema de controle de temperatura de fermentação da história do vinho. Os imigrantes alemães cavaram um porão debaixo do prédio para armazenar água da chuva, principalmente no inverno. Neste lugar, foram instalados canos de bronze, por onde passava o vinho na época da vindima, garantindo a sua qualidade. As bombas eram ativadas por pedais. A Bodega Los Cerros de San Juan está acantonada em um povoado que chegou a 68 |

ter 1 mil moradores. Atualmente, os residentes são, em sua maioria, colaboradores da vinícola. Há uma padaria em plena atividade, e o antigo armazém – totalmente preservado – serve para degustações aos visitantes e também como restaurante. É um espaço incrível, que combina com a regressão dois séculos atrás. Fiel a sua origem, a família Lahusen cultivou uvas de paladar germânico, como Riesling, Gewürztraminer e Pinot Noir. Mas o terroir mostrou-se especialmente propício para o bom desenvolvimento da Cabernet Sauvignon. A linha Lahusen tem vinhos frescos e aromáticos das variedades Riesling, Sauvignon Blanc, Gewürztraminer e Spätburgunder (Pinot Noir) – este, rosé. Há ainda um Chardonnay barricado. A Cuna de Piedra é a principal linha de vinhos, com pequena produção (5 a 10 mil garrafas). O Tannat Maderos Gran Reserva 2009 é incrível. O ícone, um Pentavarietal, traz as cinco uvas tintas cultivas na vinícola: Cabernet Sauvignon (30%), Merlot (30%), Tannat (30%), Tempranillo (5%), Pinot Noir (5%). São só 1 mil garrafas da safra 2011, com passagem de 18 meses por barrica francesa. Há ainda um Pinot Noir Viejo, da safra 2002, admirável pela vivacidade e evolução. Permaneceu durante 10 anos em barricas francesas, com edição limitada a 3 mil e 600 garrafas. É um verdadeiro tesouro engarrafado.


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por aí

FlavinhaMello chef e dj

PraiA do Rosa, um lugar para amar

Meu último destino foi a Praia do Rosa, e a minha parceira de dicas Por Aí é Fernanda Kalil. Formada em Marketing, o seu hobby é viajar. Nos seus giros pelo mundo, busca inspiração e boas ideias para o seu negócio: a pousada Hospedaria das Brisas e o Restaurante Refúgio do Pescador. Para sentir o clima do Rosa, largue o carro e caminhe pelas trilhas até a praia ou descubra locais com vistas incríveis. Durante o ano, a praia é perfeita para ir a dois e curtir um clima romântico. Comece o

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Nasi Goreng Tigre Asiatico

dia tomando café no Solar Mirador, a vista é simplesmente linda. Peça um omelete e experimente as frutas com granola, que é especial. Se tiver sol, faça uma das trilhas que levam até a praia – eu sugiro ficar perto da lagoa, onde também é possível fazer stand up, e lá tem pranchas para alugar. O almoço na praia combina com uma boa paella, e o Refúgio do Pescador faz a melhor de todas. Se estiver com muita fome, peça as lulas com molho de laranja de entrada, são incríveis, e, para acompanhar, um vinho branco ou rosé.


No final do dia, vale a pena pegar o carro e ir até a Lagoa de Ibiraquera, para assistir a um espetáculo da natureza: uma revoada de pássaros cruza o céu em direção à ilha todos os dias. É simplesmente lindo, parece um filme da Nat Geo. Para jantar, o Tigre Asiático, sempre Paella - Refúgio do Pescador com alto padrão de excelência. Desta vez, eu e o Pedro, meu namorado, conhecepara locação. Lá é um cenário perfeito para mos a Marcia, que é proprietária do Tigre, e o Emanuele, proprietário do Village Rosa. fazer um miniwedding, com um gazebo com Foi um jantar superagradável, com dicas da vista para o mar. Eles têm um pacote básico criadora das receitas. Olha a graça da história com decoração, mesa de doces, alimentação, que eles nos contaram: há mais ou menos 15 som e luz, tudo para os noivos poderem aproanos, a Marcia e o ex-marido trouxeram um veitar não somente o dia do casamento mas contêiner com peças, esculturas e móveis da também o final de semana com a família e os Tailândia, que compõem a decoração do res- amigos. Para quem estiver pensando em trocar taurante. Vieram tantas peças, que ela colo- alianças, vale consultar a tabela. cou algumas coisas para vender em uma loja Depois de um bom café, aproveite para cade decoração. Uma linda estátua de Shiva minhar de ponta a ponta nessa praia tão mágimal chegou à loja e já tinha um comprador, ca, dê um mergulho e aproveite os raios de sol. Quando a fome bater, escolha o jardim do que vem a ser Emanuele, seu atual namorado. Emanuele nos contou que quando ele e Refúgio do Pescador, lindo, com mata nativa, Marcia começaram o romance, no primeiro Dia bambuzal e super-romântico. A dica é suco de dos Namorados ele deu de presente para ela abacaxi com limão e gengibre e camarão ao a estátua, que está hoje na entrada do res- molho de curry. taurante. Um lugar que, além da boa comida, Para um jantar mais leve, mas muito saboconta uma bonita história de amor. roso, vale a pena subir o Caminho do Rei e Nosso dia seguinte começou com um café conhecer o Crepe Georgette. A proprietária é da manhã no Village Rosa, um ambiente bem suíça e faz crepes com receitas originais, como familiar, pois são casas em vez de quartos o strudel de maçã com sorvete de creme. Village Rosa

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LígiaNery coach

Ilustração Graziela Andreazza

São instigantes as ideias de uma publicação do indiano Salim Ismail – Organizações Exponenciais: por que elas são dez vezes melhores, mais rápidas e mais baratas do que as suas e o que fazer a respeito (em inglês, Exponential Organizations) –, executivo fundador e embaixador global da Singularity University, que funciona em uma base da National and Space Administration (NASA), em São Francisco, nos Estados Unidos. Elas merecem nossa atenção. Salim foi vice-presidente do Yahoo e hoje em dia percorre o mundo levando suas ideias sobre o pensamento exponencial e também participa de diversas organizações, como a Breakthrough, ligada a direitos humanos. Ele nos obriga a refletir sobre como vamos nos preparar para o futuro que já chegou. Como desenvolver o potencial para atender aos desafios dessas forças impostas pelo crescimento da inovação e da tecnologia neste mundo acelerado de forma exponencial? Cada vez mais as empresas e os produtos estão impactando mais rapidamente em menos tempo. A Lei de Moore fala que, a cada 18 meses, os chips dos computadores dobram a velocidade e reduzem em tamanho e preço proporcionalmente. Para a próxima década, estimam-se 3 bilhões de novas “mentes” entrando no mercado de trabalho. Na economia global, US$ 10 trilhões emergindo como poder de compra de consumidores potenciais ávidos por novas experiências. Esses crescimentos impactam diretamente em todos os paradigmas de nossas vidas. Estamos falando em disrupturas para

poder acolher novas crenças, novos formatos, novas experiências numa grande explosão de inovação. O mercado de trabalho abrirá espaços diferenciados para aqueles que se dispuserem a assumir suas competências protagonistas com ética, novos propósitos, novos valores e princípios. Você e sua carreira estão preparados para essa mudança? Os competidores serão completamente diferentes. Uma grande multinacional teve numa pequena startup, numa garagem em qualquer lugar do mundo, uma concorrente. Esta, por sua vez, levou uma década para atingir um patamar global. A partir de agora, com o acesso a tudo com os mesmos meios e tecnologias democraticamente compartilhadas online, esse impacto passa a ser ainda mais rápido e diferente, pois não precisará ser tornar tão “grandioso”, impactando mais com menos. O diferencial dos profissionais à frente disso estará no comportamento e na capacidade de acompanhar e usar o que está disponível de forma positiva, sustentável, com propósito, organização e expansão de consciência para acessar novas dimensões de inteligência que começam a ser identificadas e depuradas. O que levava uma década para gerar valor terá este tempo abreviado para aqueles que estiverem antenados com suas competências, potencialidades e com seus planos de voo de carreira visualizados. Estamos em um momento da curva de crescimento exponencial muito especial, em uma etapa de muita aceleração, e todos os sinais mostram isso através da velocidade das mudanças em torno de nossas vidas. Precisamos nos preparar para isso. Toda esta sensação de caos, o paradigma da escassez versus abundância, em todos os níveis, está à prova e também precisa ser revisitado como oportunidade de crescimento e mudança, desde que estejamos em conexão com o nosso melhor, acima de tudo focados em aplicar toda essa transformação para o bem do individual e do coletivo com amorosidade e ética.

A constância é a mudança

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As novas e você por aqui VerônicaBender dermatologista

A partir desta edição, queremos também a participação do leitor neste espaço. Além de atualizá-los sempre sobre as mais recentes novidades da área saúde e beleza para idades e gêneros diversos, a ideia é saber quais são suas dúvidas, para ajudá-los com sugestões e respostas. Mandem suas perguntas para veronica@veronicabender.com.br

Confira o que foi assunto nos últimos congressos dermatológicos:

• A calvície deve ser cada vez menos um problema para homens e mulheres. Foram lançados novos produtos para uso local, e técnicas como micropuntura e estímulo de fatores de crescimento com lasers e nutracêuticos vão ajudar quem sofre com a queda dos cabelos. • Estudos isentam o chocolate como causador da acne, mas apontam que o excesso da proteína do leite pode provocar a doença. • Novos estudos e tratamentos estão sendo desenvolvidos para combater a psoríase. Uma doença inflamatória crônica que afeta 3% da população mundial.

• O rejuvenescimento da região

genital com preenchedores à base de ácido hialurônico para grandes lábios, clareamento da pele e lasers que prometem dar firmeza aos tecidos internos é uma realidade.

• Melasma é sempre um desafio e objeto de estudos mundialmente. O uso de uma planta que se desenvolve exclusivamente em selvas e bosques tropicais chamada Polypodium leucotomos vem sendo aclamado como auxiliar no clareamento das manchas, associado a uso de cremes clareadores, peelings e novos lasers, como ND Yag – Switched.

• Não chegou ainda ao Brasil, mas a promessa é uma substância que deve diminuir a gordura localizada no queixo – a famosa papada. Ainda está sendo liberada pelo órgão norteamericano, Food and Drug Administration (FDA).

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a sua assessoria de imprensa no rio grande do sul e no brasil

www.agenciacigana.com


LíviaChaves Barcellos

A arte dos perfumistas

A perfumaria moderna surgiu no fim do século 19. Até então, era artesanal e para a aristocracia. Desenvolveu-se pelo progresso das técnicas quando passou a ser dirigida por mãos burguesas. Os perfumistas de destaque eram Agnel, Caron, Coty, Émilia, os irmãos Gellé, Guerlain, Roger et Gallet, Violet e Volnay, entre poucos outros. As criações, a preparação e os acondicionamentos eram feitos em usinas nos faubourgs de Paris. A maior parte das lojas de vendas ficava na Rue Royale, Faubourg Saint Honeré, Avénue de l’Opéra e Place Vendôme. Dois homens tiveram grande influência nessa indústria de arte, que tem Paris como centro. O primeiro foi François Coty, perfumista ambicioso e vizinho, na Place Vendôme, de René Lalique, mestre dos vidros artísticos. Eles se encontraram e, em 1907, foi criado o primeiro frasco especialmente para um perfume (L’Effleur) O segundo foi Paul Poiret, famoso costureiro que, com sua marca, Les Parfums de Rosine, foi o primeiro costureiro a contratar um perfumista, Maurice Shaller. As embalagens eram desenhadas pelo próprio Poiret. Assim começou a ligação de grandes costureiros com os perfumes de sua grifes, como foi com Chanel, Jean Patou, Lanvin, Hermès e as irmãs Callot. O famoso Chanel Nº5 nasceu em 1921, e Lanvin lançou Arpège em 1927. Nos anos 78 |

1930, François Coty reinou entre os perfumistas, mas sua megalomania fez com que contraísse dívidas. Ele morreu em 1934. A marca Coty sobreviveu nos Estados Unidos e hoje em dia é muito popular. Nos anos 1950, surgiram Vent Vert, de Balmain, Muguet Du Bonheur, de Caron, e também o famoso Dioríssimo, de Dior. Para os homens elegantes, os cheiros de madeira e raízes do Vétiver, que foi feito por Carven, Givenchy e Guerlain. Dior lançou Eau Sauvage, em 1966, com sucesso imediato e internacional, que até hoje permanece. Nos anos 1970, apareceram novos autores de perfumes: os joalheiros. Van Cleef & Arpels lançaram First, e Cartier apresentou Must. Esta lista seria interminável até os dias de hoje, impossível citar todos. Mas o certo é que, neste século 21, França e Estados Unidos compartilham o mercado mundial da perfumaria.


AndréGhem tenista profissional

A morte do porco – Vou matar o porco! De hoje ele não passa. – Para de ser louco, guri! – retrucava Mariana. Assim os dias se passavam, com o louco do guri tamborilando e o pobre do porquinho sendo diretamente ameaçado. Não era por falta de assunto, era mesmo a graça de verbalizar o desfecho do indefenso suíno. De fato, sua missão já havia sido cumprida. Com um aumento de peso acentuado, o tal porco já não poderia ser mais alimentado. Sua pança e seu corpo haviam chegado ao limite. Nem mais uma moeda poderia ser engolida por aquele animal, o que decretava o fim de sua ajuda na coleta de pequenas economias que se espalhavam pela casa. Desde sua

chegada, seu fim era iminente, e todos lá sabiam disso. Eis que sua missão tinha sido cumprida, e novas moedas já se amontoavam pelos cantos. – Vou matar o porco – bradava decidido. – Tá, mata logo, só não faz sujeira na casa – sem força para mais argumentos. – Legal, vou pegar o martelo... – pensei, rindo satisfeito. E assim foi. Numa martelada só, o porco ficou aos pedaços, esparramando suas centenas de reais pelo chão do apartamento. O porco se foi, ficaram apenas as lembranças das jantas por ele pagas, seu espaço agora vazio e a busca por um primo mais bem-crescido. É bem como dizia meu avô, de grão em grão... | 79


MarcoAntônioCampos advogado e cinéfilo

TALENTO SUL-AFRICANO

Desde que apareceu pela primeira vez em uma tela de cinema (uma ponta não creditada em Colheita Maldita 3), a atriz sul-africana Charlize Theron chamou a atenção do público de uma forma diferenciada. Educada como dançarina de balé clássico e modelo fotográfica, abandonou a carreira inicial em face de uma lesão no joelho. Foi para Hollywood, onde fez pontas até aparecer como a insana Helga Svelgen, em Contrato de Risco, filme que lhe abriu as portas para uma série de sucessos, como The Wonders, Poderoso Joe, Regras da Vida e Lendas da Vida. Sua beleza diferenciada chamou atenção quando viveu a ambiciosa esposa do advogado interpretado por Keanu Reeves no sucesso Advogado do Diabo. Exatamente por isso, em 2003, chocou o mundo do cinema ao se transformar

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completamente para viver uma assassina psicopata e desleixada em Monster, Desejo Assassino, filme que lhe deu o Oscar de Melhor Atriz, em desempenho memorável. Charlize estrela até hoje a campanha do perfume J’Adore, de Christian Dior, em belíssimos filmes publicitários. Neste ano, Theron está novamente em alta no mundo inteiro, como a Imperatriz Furiosa no mega sucesso Mad Max, Estrada da Fúria, superprodução que a

colocou em todas as telas e revistas do show business. Desde 2014, Charlize vive com o astro Sean Penn (com quem tem dois filhos, sendo um adotivo) no que se constitui em um dos casais mais interessantes do cinema, por fugirem ao padrão hollywoodiano preferido de paparazzi e revistas de celebridades. Charlize é embaixatriz da Paz da ONU e faz um trabalho voluntário com pacientes com aids em Johannesburgo.

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Bá, que viagem

Voa, Boa Vida Fotos Vini Dalla Rosa

Seguir outra direção, navegar entre os sentidos, viajar e conduzir o olhar. É da família e do horizonte e sua imensidão que Marcelo Bernd busca combustível para ser feliz. No colo dos pais ou no aconchego do moisés, já velejava embalado pelo Guaíba, alvo de seu fascínio desde a adolescência até hoje. Aos 11 anos, Marcelo perdeu o pai, que tinha 41, o advogado Paulo Bernd, e ao lado da mãe, a professora da UFRGS Zilá Bernd, cresceu andando de skate, admirando as cores diferentes que irradiavam do sol e velejando numa descontraída e serena Vila Assunção dos anos 1980. Diferentemente

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do dom acadêmico materno, a paixão do guri de doces e quietos olhos verdes era comandar máquinas entre o céu e a água. Em 1986, inscreveu-se no curso de instrutor do Aeroclube do Rio Grande do Sul, no bairro Belém Novo, respeitada escola que frequentou de 1987 a 1990, para em seguida fazer o curso de piloto comercial. Um tempo triste e bem traumático para o aeroclube e a turma voadora porque, em decorrência de um procedimento, um colega e um professor perderam a vida. Eles, dois jovens amigos e colegas, também apaixonados por voar: “Achei que ali pudes-


se desanimar, mas foi o contrário. O problema do piloto não é morrer, é machucar gente”. Se no colégio Marcelo não era exemplo de melhor aluno, para interpretar e entender as ciências da navegação e da meteorologia, a dedicação e a vontade de aprender não tinham limites: “Já velejava desde pequeno, e é tudo muito parecido. Comecei a estudar muito para tirar o brevê comercial de piloto de jato”. Foram 16 anos como copiloto e piloto da então maior potência aérea do Brasil, a saudosa Varig. De 1991 a 1995, morou no Rio de Janeiro, onde era baseado, e em 2000 virou piloto internacional. Até que, depois de sobrevoar e conhecer muitos cantos do planeta no comando das aeronaves, ele e 25 mil colegas foram surpreendidos com a entrega abrupta de um dos orgulhos do país. Ninguém recebeu Fundo de Garantia e rescisões trabalhistas: “Foi um absurdo o que aconteceu e um momento bem difícil para todos nós, porque era estressante, mas a paixão por voar era maior”. Entre 2007 e 2010, integrou o time de pilotos de uma empresa aérea que se chama Passaredo. Depois, a única possibilidade de voltar ao mercado era trabalhar em linhas nos Emirados Árabes, sem flexibilidade para morar no Brasil e ver a família, e Marcelo optou pela mulher, a advogada Luciana, os dois filhos, Lorenzo e Luigi, e a mãe: “Fui chamado, mas não deu para deixar de ver meus filhos crescerem por causa de dinheiro, não rolou”, admite, sem

arrependimentos. A saudade das nuvens não passa, mas o desejo de voltar a desbravar mares e rios engajou-o em outro projeto, e ele trocou o leme pelo timão do barco Boa Vida, que recebe passageiros para deliciosos passeios, dinâmicas empresariais e reuniões corporativas em um cenário inspirador. É também à beira do lago que emoldura a cidade que ele escolheu viver com sua prole, numa linda casa na Vila Conceição, e a última pergunta que faço é se ele já pensou no porquê dessas escolhas: “Fui ser piloto porque já era piloto”. E sempre será, comandante! Avante e ao alto. MB | 83


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SilvanaPortoCorrêa

Brilho precoce Conversando com uma amiga da mãe, Eduarda Brunelli foi convidada por ela a fazer um curso de ourivesaria com duração de dois anos. Aí começa esta história! Por ser mais fácil de manusear, Duda escolheu primeiro trabalhar com a prata. A primeira peça que fez foi uma aliança que ela guarda até hoje, e a primeira que vendeu foi um brinco encomendado por um marido para presentear a mulher que completava 40 anos. Os grandes incentivadores foram os pais e a fada madrinha Fernanda Maisonnave, a amiga da mãe e nossa personagem da Bá 2, que a convidou para fazer o curso. As joias são feitas manualmente, e as pedras são todas naturais. Cada objeto criado sempre vai ter algum detalhe sutil que remeta à marca. Em cursos em Londres e Nova York, ela foi atrás de conhecimento. Na adolescência, sempre prestou atenção nas joias das amigas da mãe, e o design e as peças de Antonio Bernardo foram uma inspiração. Durante três anos na faculdade de Administração de Empresas parou de fazer as joias. Foi ali que percebeu que era a sua paixão, e retornou. Aos 24 anos, a talentosa jovem atribui a criatividade ao fato de ser observadora e prestar muita atenção em tudo. Numa festa, numa viagem ou na casa de uma amiga. Em 84 |

novembro último, lançou sua primeira coleção, batizada de Reflexos, com 24 peças em ouro e prata e pedras naturais. Foi um sucesso. Ela quer passar com suas joias um conceito de design diferenciado, para que as pessoas olhem e pensem: é da Eduarda. O próximo passo é o curso de Design de Joias no Gia (Instituto Gemológico da América) em Nova York ou Londres. Em junho, lança uma nova coleção, que ela chama de linha Premium, com joias exclusivas, só ouro amarelo e pedras preciosas, como diamante, rubi e esmeralda. A marca Eduarda Brunelli é dividida em três linhas: Premium, Day by Day e Prata. Duda está começando a comercializar uma linha em prata com diamante em lojas de multimarcas e lançando o site www.eduardabrunelli.com Pedra? Diamante. Ouro branco ou amarelo? Os dois, porém fosco. Uma referência internacional. A italiana Gaia Repossi. Uma referência nacional. Silvia Furmanovich. Um lugar. Índia. Quem gostarias de ver usando uma joia tua? Donata Meirelles.


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os novos

3 - Manu Pereira, Jornalista e Produtora de Moda

DudduVanoni diretor criativo

1 - Flavia Barros Amaral, Estilista

Depois de trabalhar durante 10 anos em duas grandes redes de varejo de moda, esta paulista trocou São Paulo por Porto Alegre. Trocou também o trabalho com vestuário por bolsas, cintos e acessórios. Escolheu o acrílico como a principal matéria-prima para as suas coleções. Como peças de Lego, encaixam-se perfeitamente em mulheres que entendem que o moderno também é chique e, acima de tudo, atemporal. facebook.com/flaviabarrosamaral

2 - Fagner Damasceno, Fotógrafo

Ficha técnica

Nascido em Porto Alegre e com apenas 24 anos, este promissor fotógrafo já tem no currículo trabalhos realizados para Daslu, Tufi Duek, AMP, Liziane Richter, Garota Verão e Meca Festival, entre outras marcas. Já clicou tops como Shirley Mallmann, Chris Osorio e Leo Bruno. Um olhar raro voltado para a lente, para o acting e, principalmente, para a moda. Suas fotos flertam com um clima transgressor e sensual, ao mesmo tempo em que comunicam austeridade e elegância, construindo uma encantadora dualidade. facebook.com/damascenophoto Looks: Flavia Paes de Barros Fotos: Fagner Damasceno Modelo: Julia Schreiner (Premier) Styling: Manu Pereira

Beleza: Lila Viana Concepção e direção de arte: Duddu Vanoni (Craft) Agradecimento especial: Estúdio Salomão Cardoso

Conhecimento e energia não faltam para esta jornalista de formação. Seu interesse pela moda surgiu quando foi convidada a realizar a cobertura do Donna Fashion Iguatemi entre 2008 e 2011. Foi uma das precursoras da escrita de moda despojada, no tradicional Correio do Povo, quando idealizou e criou o blog Correio Feminino. Trabalhou como assessora de imprensa da Arezzo, Luz da Lua, CocaCola Clothing, Forum, Tufi Duek, Hope e Pompéia. Atualmente, é analista de moda no Grupo Paquetá. facebook.com/manuela.pereira

4 - Lila Viana, Maquiadora e Cabeleireira

Em 2010, com apenas 17 anos, Lila venceu um concurso cultural da Natura e decidiu se tornar maquiadora. Trabalhou no interior do Rio de Janeiro até 2013 e, após passar em primeiro lugar na melhor faculdade de Estética e Cosmetologia do Brasil conforme índice e pontuações do MEC, entrou na Ulbra de Canoas e se mudou para Porto Alegre. Em muito pouco tempo, muito aprendizado, muitas inspirações e muitos trabalhos. Hoje, ela tem 22 anos e um belo futuro pela frente. facebook.com/lilaviana

5 - Julia Schreiner, Modelo

Julia sempre gostou de novas experiências. Logo que começou a notar uma paixão por editoriais de moda, a vontade de se tornar modelo e explorar o mundo foi inevitável. De Porto Alegre, mas com a experiência de trabalhos em países como Japão, China, Coreia do Sul e Chile, ela tem tudo para trilhar uma bela carreira internacional. premiermodelsmgt.com


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de olho

MarceloBragagnolo publicitário  e agente

Multi Guisela

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Aos 13 anos de idade, quando convidada a trabalhar como modelo, uma já cheia de personalidade Guisela Rhein respondeu decidida um sonoro “não, muito obrigada”. Mesmo observando de perto a irmã Gabriela trabalhar como modelo, no tempo de adolescência, queria mais era curtir seu skate com os amigos pelas ruas de Caxias do Sul, cidade onde nasceu. Mas o convite martelava, até o dia em que concordou experimentar a aventura de posar para as câmeras e desfilar pelas passarelas. Alguns trabalhos em Porto Alegre e viagens a São Paulo e, quando se deu conta, estava com 17 anos, em Nova York, desfilando para Ralph Lauren – trabalho que considera inesquecível, assim como suas participações em campanhas da Dior e da Cia Marítima, no livro Mario de Janeiro Testino e o desfile em que encarnou uma noiva para Jean Paul Gaultier. Entre os muitos cantos do planeta onde já morou e trabalha, considera Paris o lugar que foi um dos mais importantes para sua carreira. Nova York é onde se baseia, e, recentemente descobriu paixão por Cape Town. Atribui às frequentes viagens de trabalho as maiores bênçãos: “Aprendo novos idiomas, faço uma infinidade de amigos, pessoas que conheço nos trabalhos. Experimentar sabores e culturas diferentes me torna mais aberta, compreensiva e curiosa com o mundo, me faz perceber novos horizontes e me ensina a confiar em minha intuição, a cuidar de mim, a ouvir e ser mais amável, bondosa, criativa e desprendida. Ter virado modelo foi a maior transformação da minha vida até agora”.


Atraída pelo esporte desde guria, Guisela pratica com regularidade capoeira, vôlei, natação, snowboard, wakeboard, skydive, slackline, mergulho em trampolim e, atualmente, aprende a surfar: “Estou sempre caçando esportes que despertem em mim sensações novas – me traz paz, é como uma meditação ou uma oração. Quero ainda fazer um programa de TV sobre esportes”. Há menos de um ano, por influência de uma amiga e conselho de uma astróloga, começou a pintar. De cara, descobriu não apenas uma nova forma de expressão, mas uma expansão de consciência: “A arte me faz enxergar além. Quando pinto, vivo integralmente o presente e aquilo que estou fazendo – é uma sensação maravilhosa, na qual me encontro, me conecto comigo mesma e aceito quem e como eu sou, sem medo de errar, pois tudo pode ser um acerto. É um momento em que o mundo para e há apenas eu e o que estou pintando”. Se já é possível enxergar uma multifacetada Guisela, quando o assunto é sobre os objetivos presentes e futuros, além de seguir trabalhando como modelo, ela revela: “Estou fazendo um curso de Nutrição, mas que não se resume à alimentação: é uma prática holística, que une as consciências espiritual, emocional, mental e física em uma só. Concluindo, serei uma health coach, poderei auxiliar pessoas a serem mais saudáveis de um modo abrangente. Sinto vontade de falar aos outros a respeito, de trazer inspiração ao máximo de pessoas possível, para que encontrem a conexão consigo mesmas e aprendam a se amar e se aceitar”. | 89


+55 51 9844-1818 www.vinidallarosa.com contato@vinidallarosa.com


AndreGuerrero

behance.net/ andreguerrero68

TÁ FRIO?

Ficha técnica

BOCA ROXA!!

Mauricio Rodrigues - Fotógrafo / Andre Guerrero - Maquiador Paullo Czar e Rodolfo Coronel (Thippos Ale Karam) - Penteadores Laura Vendrame (Premier Models) - Modelo Las Gallas Brecho de Luxo - Figurino Samantha Pinotti - Stylist Agradecimento: Jasmim - MAC Barra Shopping

Neste inverno, o destaque vai para o batom roxo em todas as suas tonalidades, desde que escuras, como azulada e beterraba. As mais antenadas nas tendências que vêm das passarelas e editoriais de moda já estão experimentando e gostando bastante. As sombras escuras como o chumbo, preto e marrom são as mais recomendadas, mas na minha opinião, um bom delineador em uma pálpebra natural também garantem um visual moderno e destacado. Lembrando que bonito mesmo é ter lábios saudáveis e hidratados. Assim, depois de sair de um verão em que você se protegeu com protetor solar e balm, entre no inverno com a mesma disposição e atenção com seus lábios, tendo sempre por perto a manteiga de cacau e, claro, o velho protetor solar. | 91


moda urbana

Foto Vini Dalla Rosa

AngelaXavier

Angela Di Verbeno deu uma superestilizada no coat bordando delicadas florzinhas 92 |


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A empresária Adriane Cornelius escolheu um jeans destroyed para usar com o sapato Valentino e a camisa de oncinha, que deu charme ao look

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Sempre cheia de estilo, Mariana Simões optou por uma saia-lápis vermelha de couro, camisa de seda e na bolsa a arquiteta amarrou um lenço dando uma bossa ao look. Adorei!

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Leticia Sá usou uma sofisticada e acinturada saia Apartamento 03 para Oui Cherie e descontraiu o look com a camisa jeans amarrada à cintura. Ficou superfeminina

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Daniela Sant’anna veste saia midi verde militar da Egrey para Oui Cherie, supertendência com cinto marcando a cintura, clássica e charmosa

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as patrícias

Cinco motivos para amar

Costanza Pascolato aspatricias.com.br

A diva esteve em Porto Alegre e a gente pinçou as frases que fazem dela uma das mulheres mais elegantes e apaixonantes do Brasil

Costanza Pascolato é a unanimidade da moda brasileira. Sim, podem-se discutir as cores e os comprimentos da temporada, se existe mesmo uma moda com personalidade no Brasil, se temos ou não um estilo, mesmo que ele seja de paladar questionável. Mas ninguém discute a elegância plena de Costanza, considerada a “papisa da moda no Brasil.” Filha de donos de uma das maiores tecelagens do país, a Santaconstancia, foi uma das maiores editoras de moda que o Brasil já viu – e que faz tempo que não vê. Dá aulas para quem trabalha na Vogue, além de assinar uma das colunas que mais valem a pena na revista. Lutou contra o câncer e venceu. Tem duas filhas, Consuelo, que segue seus passos, e Alessandra, que atua no mercado literário. Tem dois netos, Allegra e Cosimo, filhos de Consuelo. Teve vários amores. Escreve com uma eloquência e um humor avassaladores. Pratica pilates. Molha o rosto com água bem gelada toda manhã – e bebe mais de meio litro ao acordar. Tem paixão por talentos emergentes, óculos escuros e joias. Acha mais fácil manter-se magra do que disfarçar o peso extra. Selecionamos aqui frases e destaques do nosso mais recente papo com a consultora. Lição do pai “Meu pai sempre me disse que vestir bem é um sinal de respeito com o outro.” Toda manhã, ela olha a agenda com foco em onde vai 94 |

circular e com quem vai sair. Em frente ao espelho, se conhecendo, sabendo dos sabores que a fazem feliz, ela se veste como a uma personagem, levando em conta o público. “A gente precisa entender com quem vai estar. Não adianta estar totalmente fashionista em um encontro de pessoas tradicionais. Isso é respeito, saber até onde a gente pode ir”, diz, lembrando que isso vale para tudo. A contadora de histórias “A gente se torna um bom contador de histórias com vivência e cultura, caros amigos, cultura. Quanto mais a gente sabe da vida, do mundo, das artes, do cinema, da música, do outro, da política, da economia, da literatura, mais a gente aguça o olhar e cria elos interessantes, funde referências, mescla informações e edita de um jeito único, revelando memórias que fazem os olhos do ouvinte brilharem”. Tudo com elegância Pelo que Constanza perderia a elegância? “Tá louca! Por nada. É o que me resta”, diz ela, revelando outro motivo que a faz deliciosa: a sinceridade desconcertante. Se você perguntar algo para Costanza, prepare-se para ouvir o que ela pensa, mesmo. Não à toa, em poucos segundos, ela nos falou sobre como fica triste em ver uma revista icônica como a Vogue sem uma mão editorial mais precisa, que aponte rumos de fato e que pense em uma mulher real


na hora de criar seus editoriais. “Falta personalidade em tudo aquilo, sabe? Falta pensar em quem é aquela pessoa que usaria aquela roupa. Acho tudo tão fraquinho”, diz Costanza, contratada para fazer workshops com a equipe da revista, que agora está sem Giovanni Frasson. Mas fica a dica: a sinceridade de Costanza só surge quando você pergunta – e ela é bacana porque tem embasamento, algo fundamental para falar o que se pensa. Anel de caveira Exibindo um enorme anel de caveira, presente do neto, ela conta que os dois têm um programa em viagens: catam flyers de shows alternativos, buscando novidades musicais. Eles vão aos shows de metrô, curtindo cada minuto. Sabendo da acentuada veia rocker da avó, Cosimo garimpou o anel em uma feira de rua. E a avó o exibe orgulhosa, como uma joia. O que a gente quer dizer disso tudo, além da fofice de neto e avó, é que Costanza é curiosa, sem preconceitos e atenta ao mundo. Aula de moda e de estilo Ela fala de mercado e futuro como poucas pessoas no Brasil. Poderia dizer que ela faz chover argumentos quando você fala de uma coleção de qualquer estilista e de qual-

quer temporada que imaginar. Poderia dizer que ela não teme pegar o último bolinho do prato, aquele que sempre sobra porque nenhum comensal quer ser “deselegante” à mesa. Poderia dizer que ela esconde chocolate – e quase despenca do armário da cozinha quando sai à procura. Poderia contar uma dezena de outras histórias que já ouvimos de ou sobre Costanza, mas devo admitir que o que faz todos quererem Costanza é que ela também é estilosa. É uma gostosura ver a precisão de escolhas, a forma como ela mistura o clássico com o contemporâneo, como usa um acessório que parece nada a ver, mas que acaba se tornando uma extensão do look, como usa óculos escuros sempre e sem parecer prepotente, como arruma o cabelo. Todos querem Costanza, inclusive a gente! E estar perto dela é sempre rejuvenescedor. Complexo e simples, assim como ela, verdadeira e apaixonada em tudo que faz. | 95



vinicolaperini.com.br


moda

Num recorte sofisticado da efervescente dÊcada de 1970, surge uma mulher cheia de atitude que exala elegância com um toque de irreverência. Feminina, chique e irresistivelmente sexy.

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Vestido da Maria Pavan na Drumm Tricot. Casaco da Vã News na Drumm Tricot. Meia-calça da Contextura. Chapéu cloche Tais Andrade. Luvas Drumm Tricot e sandália Arezzo.

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Capa e luvas da Drumm Tricot. Saia Maria Pavan na Drumm Tricot. Casquete com voilette Tais Andrade. Brincos Lú Retro no Magnólia. Bolsa e sandália da Arezzo Gramado. Meia-calça Contextura.

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Vestido da Maria Pavan e Casaco da Vã News na Drumm Tricot. Meia-calça da Contextura. Chapéu cloche Tais Andrade e Luvas Drumm Tricot.

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Bata Pinko na Estilo Mulher. Casaqueto de tricot da Villa das Malhas. Trench coat da Alpelo na Drumm Tricot. Calça da Sensualitá na Villa das Malhas. Chapéu floppy Tais Andrade. Brinco e anel da Lú Retro no Magnólia.

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Fotos: Raul Krebs – Estúdio Mutante Assistente: Miguel Schmitt Conceito e Styling: Tanise Haas Beleza: Taís Andrade Modelo: Lízia Bueno (Mega Models) Locação: Magnólia Cine Gastro Bar (Canela/RS)

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deuochic.com

VitorRaskin

Espelho Meu: Karime Costalunga foi clicada por Tiago Trindade em um dos badalados encontros no Sheraton 106 |


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1 - Beth Nickorn encantando e encantada 2 - As irmãs Tatiane e Camila Solano em noite de festa 3 - Ana Lucia Jardim Converso usou vestido maçã verde do designer Rui 4 - Cris Geyer presença charmosa nos salões da cidade 5 - Andrea Guedes junto à de doces na Casa NTX

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mesa

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6 - As belas Marina Schneider Noll e Karina Titton Herrmann no Juvenil 7 - De alianças na mão direita Guibson Zaffari & Maria Pasquali partem para longa temporada em Londres 8 - Maria Luiza Jardim e o estilista Felipe Veiga Lima

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7

8

deu o  chic

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CRISTIANE CERENTINI, DORA VELHO e MARCIA BRUN na Império Persa

misturebá

Por Mariana Bertolucci Fotos Lenara Petenuzzo e Vini Dalla Rosa

JULIANA E PAULO DAVIS no espaço de eventos Lá nos Fundos

Os Chocólatras nada anônimos PEDRO SEVANTE e NICOLAS FAINSTEN na Merci Casa de Festa


FabrĂ­cia Escostegui Arregui festejou com os amigos a formatura no Leopoldina Juvenil

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PATRICIA HERMANN e LUCIANA MAISONNAVE

LUCIANE LOGEMANN KARIME COSTALUNGA e SÁLOA NEME

ANA PAULA FETT DIXON

DANIEL WILGES

URSULA COSTA

JOSIANE TRINDADE

andrea back


RAMIRO MACEDO

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SIMIANE GIL

SANDRA NUNES e ANGELA XAVIER

NECA ESBRÓGLIO JILA e BAHMAN ZAMAN receberam os muitos convidados na sua Império Persa nos 2 anos da Bá

REGINA WALLAUER e GOIA TELLECHEA CAIROLI

KARLA KRIEGER e ALINE MOURA

LECA HEINZELMANN e IVAN MATTOS

GIOVANA FARENZENA e CARMEN DIEHL

RENATA MORÉS e MANUELA ZAFFARI


A dupla da transformação de salões em sonhos prestigiou o evento na Merci: DENISE HERWIG e BETTINA BECKER

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O leiloeiro FABIO CRESPO e sua mulher, FABIANA FAGUNDES com sua melhor criação: ANA

BARBARA CARRION

FERNANDA SEVERO MARCIO LUZ e LIVIA CRESPO LUZ

MARCELA DEL ARROYO

MAURO CRESPO e ROBERTA CAMPOS

Trio surpresa: VALQUIRIA CORREA, ANA FAGUNDES CRESPO e MANUELA FISCHER CRESPO


FERNANDA CARVALHO LEITE e o lindo JUAN nos dois anos da Bá na Império Persa

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aninha comas

MAURICIO FALKE, CLAUDIA BOPP e JAQUELINE PEGORARO

O chef MARCIO DORNELES LOPES e MARCIA PINTO

MARCIA DEMETRI, CRISTIANE HASS e LETICIA SÁ

HENRIQUE STEYER e BÁRBARA ALMEIDA

ANA LUISA FERRARI, MARTHA MEDEIROS, GRAÇA COELHO, ANDREA PERNA e CLARICE LINHARES



Vit贸rioGheno

...tarde de outono no Centro Hist贸rico de Porto Alegre!

Foto N谩dia Raupp Meucci

artista pl谩stico


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