

Êra Punk!
Quando eu criei a ideia da resistência marginal, foi com o intuito de sair da estagnação e começar a organizar as minhas ideias conseguindo entender e vivenciar o punk, pois meu primeiro contato com a cena foi com 12 anos na quebrada que eu cresci, só que a vida passou e junto dela passou o tempo e minha vivência mudou, vivenciei outras fitas outras caminhadas que hoje não apresentam mais sentido. A resistência marginal foi um processo de desenvolvimento e aprendizado e hoje com uma visão de mundo diferente venho através da terceira e última edição da resistência marginal trazer um debate sobre o motivo de ruptura do indivíduo punk que eu sou e o que quero me tornar, esta zine é sobre uma forma de ruptura, e este é um processo individual.
Boa leitura!
AGRADECIMENTOS
Luuar, Korte, Fogo, Shhax, Prika, Duque, Khastigo, Puk, Piauí, Esgoto Obrigado a todas as horas de conversa e concelhos que me deram, visões passadas convites feitos, a todos incontáveis punks que dedicaram seus tempos nessa jornada.
E todo meu carinho a minha família D.D.C.S.

Êra punk!
Nesta zine vamos propor uma reflexão sobre ruptura, uma análise do sistema capitalista e suas formas de dominação e alienação social que se baseia e permite a exploração do homem pelo homem.
O sistema capitalista é uma forma de produção e dominação estruturada e estruturante que se iniciou a muito tempo, se tornando o padrão aplicado em quase todos os estados nacionais por aí. O capitalismo começa tomar forma entre 1500 e 1600, isso nos dá 4 séculos de estabilização e alienação das pessoas a essa forma de exploração e quando falamos que ele é estruturado e estruturante significa que as forças dominantes dele aliena as pessoas de tal forma que cria as pessoas para defender o sistema da queles que o veem e tenta o combater.
E como identificamos o capitalismo?
Bom essa parte já não é tão fácil tendo em vista que estamos tão inseridos nele que parece que ele sempre existiu e para isso vamos abordar aqui algumas manifestações que o capitalismo possui.

Por meio da
indústria musical
, com letras de fácil propagação o domínio da grande mídia onde a manipulação a seletividade e o apagamento e a criminalização de estilos musicais inteiros como o ocorrido com o RAP, o Punk ou o FUNK, onde ditos especialistas dizem que é ruim, mal produzido ou música de bandido. , o capitalismo precisa da produção de forma padronizada, de fácil propagação e a universalização, onde combate ao individualismo e apaga as representações artísticas independentes.
Industria da moda
Industria de bens de consumo
, aqui é mais abrangente englobando desde eletrônicos algo mais específico e sofisticado na produção até alimentos, onde o fetiche é o que comanda onde e como se produz, elevando os preços e restringindo o acesso a eles, junto do marketing cria um fenômeno de alienação social criando dependência e necessidade onde não existe ou não é necessário por exemplo um celular de 15 mil reais. O que aprofunda a desigualdade e precariza ainda mais condições de vida.
Política
, essa sendo a principal, é na política onde tudo gira entorno da manutenção do sistema, onde o dividir pra conquista foi aplicado com sucesso, onde se aplica a falsa democracia, partidos disputam a dominação das forças do estado sempre com o objetivo de manter o sistema funcionando, operando da forma que foi planejado para fazer, garantindo a desigualdade, as guerras e mantendo o povo alienado de sua própria condição, e se for necessário se alto destruirá para garantir o que o sistema continue existindo em um ciclo de exploração, crise econômica, guerra e fome.
Mas
Aqui vamos nos apegar ao nosso movimento, o PUNK, como cultura suburbana e marginal. A este sistema temos bons exemplos de como podemos resistir e existir com dignidade solidariedade e compromisso na melhor forma faça você mesmo.
Nossas músicas não são feitas para serem populares e nem comercializadas, repletas de significado e críticas ao sistema, se torna um dos pilares do movimento, como forma de demonstração de descontentamento o punk hardcore está à margem da indústria musical e de suas padronizações sociais.
O faça você mesmo é uma ótima forma de exemplificar a rejeição a indústria da moda abrangente desde a música, a produção de roupas e a identidade visual agressiva com os jacos com patch e rebites, roupas rasgadas, somos nós que fazemos nossas paradas, cada visual é único e representa nossas ideias e quem somos.
A rejeição da indústria de bens de consumo vem da forma que vivemos nos subúrbios com o básico para nossa existência, sem luxo, compartilhando goro e comida, se ajudando e fortalecendo a cena, essa ruptura pra mim foi a mais difícil e demorada tendo em vista os grandes conglomerados midiáticos voltados a bombardear a gente com propagandas de todos os tipos gerando essa falsa necessidade e dependência disso tudo, levando até o distanciamento do trabalhador de seus produtos produzidos, essa alienação é mantida de forma rigorosa para nos manter longe de nossa realidade social e com essa falsa sensação de dependência.
Já em contrapartida o ramo político desta análise foi o primeiro passo para a ruptura geral com o sistema, pois aqui que nos sentimos mais deslocados, como moradores do subúrbio e a margem de qualquer política social, estamos alheios a qualquer meio de representação política, sofremos com a repressão do estado, vivemos em maio a um jogo político onde de um lado tenta nos manobrar e do outro manipular com falsas promessas de revolução mas no fundo ou nem tão fundo assim, o principal objetivo desse ditos representantes do povo, é a perpetuação do estado e do sistema de exploração independente se for vermelho ou liberal safado, sendo assim a auto gestão e a não existência de estado nacionais são tão difundidos dentro das discussões, e a Anarquia sendo uma das principais linha de discussão. Com isso podemos ter uma ideia do quão complexa é essa discussão e o quão rasa pode ser nossa visão, sendo necessário o aprofundamento e debate, não podendo se apegar somente a nossa experiencia particular, o conhecimento precisa ser construído de forma coletiva, a troca de experiencia, o aprendizado é o objetivo para poder produzir e agregar a cena,
seja crítico, reflita e exista.