Jornal Repórter Local

Page 30

30 DEZEMBRO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

salazar e a cadeira NOVEMBRO 2011 | Um barbeiro à moda antiga, Avelino Salazar, 60 anos de arte, um ex-libris da freguesia de Vermil

RONFE • reportagem

A loja do dar e receber Loja Social de Ronfe tem sido de tal forma procurada, tanto pelos fregueses locais como das freguesias vizinhas, que muitas vezes a autarquia, entidade gestora, não tem “mãos a medir” para satisfazer tantas necessidades.

Luís Pereira

D

eolinda Silva conhece bem todos os cantos de uma das lojas do edifício Solar do Pedroso, em Ronfe. É “cliente” habitual da “Loja da Solidariedade” da vila. O espaço, aberto há pouco mais de um ano, tem sido de tal forma procurado, tanto pelos fregueses locais como das freguesias vizinhas, que muitas vezes a autarquia, entidade gestora, não tem “mãos a medir” para satisfazer tantas necessidades. Com 50 anos, Deolinda Silva aguardava, naquele sábado em que a encontrámos, pela abertura da “Loja”, a “boutique” que veste toda a sua família. “Estou desempregada e lá em casa só o meu marido ganha. Tenho um filho de 29 anos que está aleijadinho. Venho cá desde que isto abriu. É uma boa ajuda”, diz. A visita daquele dia tinha, porém, outro objectivo mas a mesma fi nalidade: pedir ajuda. Sabendo da presença do presidente da Junta, Deolinda Salgado queria dar-lhe uma “palavrinha”, que partilhou com o RL. “Hoje vim porque soube dos cabazes para o Natal e queria ver se o presidente me dava um”, disse, num esforço para conter as lágrimas. Não se sabemos se vai ou não receber o cabaz, o que sabemos é que a história da Deolinda é

a história de muitos ronfenses, já que o número de pessoas com dificuldades tem aumentado. O número está muito para lá das 50 famílias que o ano passado receberam o cabaz. E nesta quadra Natalícia o cenário é ainda mais desolador. “São famílias que foram ficando sem emprego e não conseguem, apesar de tentarem, arranjar trabalho. Famílias que continuam com as mesmas responsabilidades, com casas para pagar ao banco; que com o pouco que têm ainda tentam acudir aos filhos. Famílias que já não têm a vergonha da pobreza encapotada. Este ano, isso acabou. Hoje já assumem e vêm à Loja da Solidariedade pelo próprio pé, em busca da ajuda disponível”, confirma o autarca Daniel Rodrigues.

A LOJA ESTÁ ABERTA TANTO PARA DAR A QUEM PRECISA COMO PARA RECEBER DE QUEM QUEIRA COLABORAR . MAS A PROCURA É BEM MAIOR QUE A OFERTA .

PROCURA MAIOR QUE A OFERTA O desemprego tem assolado não só Ronfe como as freguesias cobertas pelo RL. Desde que o RL noticiou a “Loja da Solidariedade”, revela o autarca, a procura passou as fronteiras de Ronfe, deixando a Junta com receio de não conseguir responder a tanta solicitação. Além disso, a procura aumenta na época do Natal. “O dinheiro é pouco, sou doente e há alturas em que o dinheiro não chega para comprar os me-

dicamentos. O que há, dá para roupa ou para medicamentos”, desabafa Deolinda Salgado. A loja está aberta todo o ano. Apesar do objectivo da autarquia passar por desafiar toda a gente a envolver-se no projecto, há sempre uma das partes que se encontra em falta. Ou seja, a loja está aberta tanto para dar a quem

precisa como para receber roupas, calçado e outros bens de quem queira colaborar. Nesta coisas, já se sabe, a procura é bem maior que a oferta. Diana Silva procura contribuir para inverter essa tendência. À mesma hora que encontramos Deolinda Salgado a procurar ajuda, esbarrámos com esta jovem carregada de sacos para entregar, repletos de malas, roupa, bijutaria e livros. “De vez em quando oferecia a uma família de Joane. Em Ronfe, é a primeira vez que venho entregar. Trouxe muita roupa porque tenho dois irmãos. Faço-o porque tenho a sorte de, neste momento, não passar por necessidades mas tenho muito medo de um dia vir a passar e não ter quem me deite a mão”. A mensagem é tão forte como o desafio deste espírito de solida riedade que a loja quer incutir. Nesta quadra, a Loja procura alargar o âmbito da sua acção, estando disponível para receber electrodomésticos e móveis. A Junta garante transporte para recolher os bens na casa dos beneméritos. A loja encontra-se aberta no primeiro sábado de cada mês, da parte da tarde. Durante a semana abre nas manhãs das terças-feiras e nas tardes das quintas-feiras.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.