rl dezembro 2014

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JOANE

Supremo Tribunal entrega Capela da Carreira a privado LOCALIDADES // P. 11

ENSINO

Alunos de Ronfe e Pousada na escola nova em Janeiro LOCALIDADES // P. 09

VERMOIM

Palácio da Igreja Velha em obras LOCALIDADES // P.10

Que seja um bom Natal! Pai Natal chega de charrete

Que cabazes de Natal distribuímos?

JOANE // P.17

EM FOCO // P.3-4

Taveira passa Natal com a família JOANE // P.17

Presépios para todos os gostos

Na terra Natal 10 anos depois

REGIÃO // P.25

ENTREVISTA // P.19

Especial Casa do Povo de Ronfe páginas 21-24

Nº 186 • ANO XVI • DEZEMBRO 2014 • DIRECTOR LUÍS PEREIRA


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EM FOCO

Cabazes ajudam a um Natal menos penoso para centenas de famílias Numa época em que os apelos solidários se multiplicam, existem ainda famílias com carências por satisfazer. A certeza, porém, é que aquilo que é essencial não vai faltar na mesa de Natal dos fregueses com mais necessidades. Essa é, pelo menos, a convicção de quem tem a responsabilidade de liderar as autarquias da região. PAULO CORTINHAS paulocortinhas@reporterlocal.com

“Procuramos chegar sempre aqueles que mais necessitam”, refere o presidente da Junta, António Oliveira, na preparação de um ritual que se repete todos os anos, a distribuição dos cabazes de Natal. A iniciativa da Câmara Municipal de Famalicão contemplou a vila joanense com duas centenas de cabazes, um número que o autarca espera ser suficiente para acudir a todas as necessidades. “Conhecemos algumas situações, mas abrimos um período para as pessoas se inscreverem e fazerem prova das necessidades”, refere, adiantando que a avaliação procura ser o mais objectiva quanto possível, mas não tem em conta apenas os rendimentos das famílias. “Infelizmente o que é o rendimento de um ano pode não se verificar no ano corrente. Através das informações que recolhemos é possível aferir da real

necessidade de cada agregado”, sustenta António Oliveira, salientando que a ajuda chega à maioria das famílias carenciadas, mesmo junto daquelas que não recorrem aquele apoio por vergonha. A Junta “vai acudindo àqueles que tem conhecimento”, garante o autarca, salientando que a dimensão do núcleo urbano coloca inúmeros desafios ao executivo na identificação das necessidades. “Sabemos que a freguesia é grande e, como tal, não conseguimos chegar a todos os casos por desconhecimento. Tenho a certeza que existe muita gente que, apesar de ter uma casa e uma vida organizada, provavelmente a vida que leva dentro de portas não seja aquela que transparece para fora dela”. Os cabazes não passam de um pequeno mimo, salienta António Oliveira. “Que ninguém julgue que um cabaz vai alimentar uma família durante muito tempo ou é algo que possa potenciar a dependência, ou ainda, que mude a vida

das pessoas, porque não muda”, desmistifica o autarca, afirmando que ao longo do ano o apoio é concedido pelas diferentes instituições da vila. “Temos a sorte de ter instituições sociais muito activas que acodem a várias necessidades, nomeadamente a nível alimentar com as cantinas sociais”. A própria Junta de Freguesia criou um fundo de emergência social, que acode às situações mais delicadas muito para além da alimentação. “Nem só de alimento vive o homem e ajudamos muitas pessoas que não têm dinheiro para pagar a electricidade, a água ou outras coisas básicas. Acudimos dessa forma e fazemo-lo da melhor maneira que sabemos”, refere António Oliveira, notando que a Comissão Social Inter-Freguesias, com a sua loja social, também presta um importante apoio às famílias referenciadas e que são acompanhadas pela assistente social. “A rede social funciona”, conclui.

200 Número de cabazes distribuídos pela Junta de Joane. Em Ronfe serão vinte e cinco as famílias contempladas. Em Vermoim são distribuídos 50 cabazes. Mogege distribui trinta e cinco cabazes. “Um número considerável”, segundo o presidente da Junta de Mogege, José Carlos Lima, que acumula a presidência da Comissão Social Inter-Freguesias.

“Que ninguém julgue que um cabaz é algo que possa potenciar a dependência ou que muda a vida das pessoas” António Oliveira, presidente da Junta de Joane

RONFE // CABAZES DE NATAL

“As ajudas são sempre insuficientes” Em Ronfe, os alimentos para compor os cabazes que são distribuídos esta semana, foram recolhidos no dia 14, através da iniciativa “Domingo Solidário” (foto). A entrega de um bem alimentar era o “preço” da inscrição para participar na iniciativa que casou a solidariedade com o desporto. À caminhada, aula de zumba e demonstração de judo aos mais novos, aderiu uma centena de ronfenses. Promovido pela Junta de Freguesia, este Natal serão entregues 25 cabazes, preparados à feição de cada família, dependendo do agregado familiar. A Confraria Vicentina e técnicos da Acção Social, ajudaram a identificar as famílias mais

carenciadas. Além da iniciativa desportiva, para a elaboração dos cabazes contribuíram ronfenses que, voluntariamente, têm confiado bens alimentares à autarquia para que, por ela, dezenas de ronfenses não sejam privados de uma noite de consoada com a dignidade que esta merce. “As ajudas são sempre insuficientes. O que mais custa é pensar que há quem viva situações de pobreza que ocultam por vergonha e esses casos não há como os detectar”, diz Adelaide Silva, presidente da Junta, que desafia os ronfenses que conheçam situações destas, a comunicá-las à autarquia. Luís Pereira

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EM FOCO // Castelões

// NATAL

Autarquia defende melhor articulação entre instituições A Junta de Castelões considera que a existência de uma melhor articulação entre as diferentes instituições permitia qualificar, e até ampliar, o apoio às famílias carenciadas. Bruno Campos refere que as autarquias poderiam assumir mais competências na área da acção social. “Há boa vontade das instituições mas se tudo fosse melhor articulado poderia ser dado um apoio contínuo e de maior qualidade”, refere, adiantando que, por vezes, existe uma duplicação de apoios que a Junta procura evitar. Castelões foi contemplada com uma dúzia de cabazes para as famílias mais carenciadas. Os cabazes chegam à freguesia “pelas mãos” da Câmara e dos Bombeiros Voluntários de Famalicão. O número de famílias beneficiadas não tem sofrido oscilação. “Não temos necessidade de aumentar o número de pedidos. São casos de desemprego de longa duração, famílias numerosas ou pessoas de idade mais avançada e com reformas reduzidas”, avança Bruno, notando que, por iniciativa própria ou por indicação de terceiros, a Junta acaba por chegar junto daqueles que, mesmo necessitando de apoio, têm vergonha de pedi-lo. “O Centro Social faz um importante acompanhamento às famílias com mais necessidades. Nós também procuramos estar atentos e muitas vezes detectámos algumas situações com a ajuda de vizinhos e acabamos por canalizar alguns bens para esses agregados. Muitas vezes são famílias que estavam bem, mas o desemprego empurrou-as para a insuficiência de rendimentos”, diz, frisando que a Junta tem procurado envolver todas as instituições para sinalizar os casos mais delicados. Apesar das dificuldades, atesta que não existem situações “dramáticas”, mas considera importante o conforto que estes cabazes proporcionam. “Faz parte do nosso plano de acção social, porque sabemos que não é possível à Câmara dar um cabaz tão recheado”. P.C.

“A JUNTA ACABA POR CHEGAR JUNTO DAQUELES QUE TÊM VERGONHA DE PEDIR APOIO”‫‏‬

Bruno Campos, Presidente da Junta de Castelões

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“Não temos retorno da intervenção da Comissão Social” O presidente da Junta de Mogege considera que o papel das autarquias locais na Comissão Social Inter-Freguesias é quase decorativo. PAULO CORTINHAS paulocortinhas@reporterlocal.com

Apesar de reconhecer mérito na intervenção daquela estrutura, nomeadamente nos primórdios da sua acção, Carlos Lima, que até ao final deste ano é responsável pela presidência da Comissão Social que engloba as freguesias de Joane, Mogege, Pousada e Vermoim – cargo que é rotativo – desabafa que o papel dos autarcas é “pouco mais do que simbólico”. O líder do executivo de Mogege, que se prepara para passar o testemunho da presidência da Comissão ao seu homólogo de Joane, reclama uma maior envolvência da instituição com o meio onde está inserida e fala na necessidade de haver um trabalho mais articulado, permitindo um conhecimento mais aprofundado da intervenção que está a ser feita no terreno. “Para se afirmar como Comissão Social é preciso aglomerar cada vez mais pessoas, nomeadamente aqueles que têm algum conhecimento do terreno, como é o caso das paróquias, que têm um peso grande nas localidades e um contacto próximo das

pessoas que permite perceber as condições menos dignas em que muitos vivem”, diz, identificando ainda a necessidade de fomentar o voluntariado. A falta de informação é outro dos reparos que Carlos Lima faz. O autarca de Mogege considera que os técnicos deveriam “dar retorno do trabalho que é feito”, evitando, dessa forma, a duplicação dos apoios. “Levamos as pessoas até à rede social mas depois não somos informados se o apoio foi concedido”, refere, adiantando que, no início da Comissão, os técnicos iam às freguesias, o que permitia a partilha de informação. “Havia um contacto pessoal e um maior conhecimento das pessoas que estavam a ser apoiadas. Isso perdeu-se”, sustenta. “Há pessoas que recebem cabazes de Natal de mais do que um lado. É preciso uma maior articulação”, atenta, dando como exemplo o apoio dos Bombeiros de Famalicão na atribuição desses cabazes. “Previamente solicitaram o nome das pessoas que precisam e essas já não precisam de receber outros cabazes. Esta articulação devia servir de exemplo”, vinca. A freguesia foi contemplada com cerca de

35 cabazes, reunindo as ofertas dos Bombeiros e da Câmara, “um número considerável” atendendo à dimensão da freguesia. O autarca diz que há três tipos de famílias-alvo. “As destruturadas; as pessoas que vivem sozinhas e com reformas baixas; e as desempregadas”. “Há um outro problema que começa a notar-se, que se prendem com os divórcios o que deixa as pessoas muito debilitadas em termos económicos”, acrescenta Carlos Lima, elogiando o trabalho social meritório da comunidade educativa. “Temos um corpo docente atento e responsável que nos informa sempre que são sinalizadas algumas situações. Depois temos que louvar o bom trabalho que a EPBS faz, através das turmas na angariação de bens alimentares em cabazes que são repartidos pela rede social. Com a ajuda de todos, até dos nossos industriais, conseguimos reunir um cabaz diferente e reforçado”. Lamenta, contudo, que na freguesia não existam outros movimentos, como a Conferência Vicentina, que pudesse acompanhar outro tipo de problemas que não apenas a fome. “A solidão também mata”, lembra.

POUSADA DE SARAMAGOS // NATAL

Acção discreta mas eficaz A solidariedade não tem que ser visível, é algo que tem de ser feito, com descrição e eficácia. A expressão encerra a forma de actuar da Junta de Freguesia de Pousada de Saramagos nos casos de carência social detectados no seu território. “Conhecemos bem a realidade da freguesia e as famílias que aqui habitam”, aponta o autarca António Sousa, adiantando que a curva das necessidades começa a ser invertida. Sem querer revelar o número de famílias que nesta quadra tem sido ajudada com a oferta de cabazes de Natal, António Sousa limita-se a dizer que a situação mantém-se praticamente inalterável nos últimos anos.

“Umas famílias foram melhorando a sua condição, outras pioraram, mas não há mudanças significativas”, sublinha, notando que a preocupação da autarquia com essas pessoas não se circunscreve a esta época do ano. “As pessoas são mais sensíveis e solidárias nesta altura, mas o apoio que damos vai muito além desta época e dos cabazes”, argumenta, notando que existem várias formas de intervir e de responder às necessidades. “Há sempre determinados apertos que as famílias sentem e que nós ajudamos e esse apoio não é apenas alimentar. Às vezes temos que apoiar na renda, na liquidação da factura de electricidade. Mas não queremos fazer

bandeira, nem queremos ser apelidados de Junta solidária. Fazemos este tipo de trabalho sempre na sombra”, frisa. Convicto de que o “pior já passou” em termos de necessidades e consciente de que os problemas sociais nunca serão totalmente erradicados, Sousa diz que “não basta esbanjar dinheiro para que isto se resolva”. “Conseguimos chegar a todos. Por vezes somos abordados, outras vezes somos informados por interpostas pessoas. Conhecemos bem a nossa realidade”. O desemprego é um dos flagelos actuais, mas António Sousa não identifica esse como o maior da freguesia, lembrando que Pousada de Sarama-

gos possui um grande pendor industrial. “Quando as pessoas pensam que só se ajuda quando se dá alimentos, a Junta de Pousada, por vezes, dá cana de pesca em vez de oferecer o peixe”, acrescenta, dando conta da intervenção de elementos do executivo em assegurar alguns postos de trabalho para quem precisa. “Temos mais empregos do que moradores”, afirma, com base nos últimos Censos. “Os problemas são outros, mas não quero falar deles publicamente”, sublinha, destacando o papel das instituições locais na minimização das carências das pessoas, nomeadamente o Centro Social de Pousada e a Conferência Vicentina.


// EDITORIAL

É Natal LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

Perdoe-me o leitor mais fiel do RL mas este editorial começa com um obrigado. Um obrigado ao Alberto, à Filipa e ao Paulo. Costuma-se a dizer que esta é a quadra das lamechices, então aproveitemo-la, porque, neste caso, ela é merecida. Bem sei que é o nosso trabalho, mas só nós sabemos o quão difícil tem sido colocar o RL nas bancas. E esta edição duplicou esse esforço desta equipa que em menos de quinze dias, com os

parcos recursos, apresentou uma edição de Natal que me orgulha enquanto director. Obrigado pela vossa dedicação. Para terminar o ano, a melhor das recompensas é ver que, com o nosso trabalho, alguém pôde ter uma oportunidade de recomeçar. Foi o que aconteceu com o Filipe. O da garagem 54. E esta é a unica referência que faço ao leitor, desta vez.

Está aí a noite mais longa do ano. Apressemo-nos a comprar o que falta, a dar as boas festas a quem falta. Apressemo-nos a tirar tempo para quem nos faz falta. E porque nunca é demais, o RL agradece a todo o comércio, industria e instituições que apoiaram esta edição de Natal. Até para o ano e, que seja um bom Natal!

// PROTAGONISTAS

ADELAIDE SILVA ACÇÃO

P. DOMINGOS OLIVEIRA REGRESSO

ANA AZEVEDO CAMPEÃ

JUNTA DE JOANE LIÇÃO

REPÓRTER LOCAL 2014

Não foi a única mas terá sido decisiva em tirar Filipe Taveira, o homem que vivia, até sábado, na garagem de um prédio em Joane. A acção da Presidente da Junta de Ronfe, bem como da ACIP, de Joane, da autarquia da vila famalicense e de algumas “mãos amigas” anónimas, incluindo moradores do prédio, vai permitir que Taveira passe o Natal junto da família. O caso divulgado pelo RL na edição passada fez perceber que as instituições da região, quando conhecedoras dos casos, agem rápido, funcionam e cumprem o seu papel. Uma boa notícia neste Natal!

Depois de dez anos em missão no Brasil, o sacerdote Domingos Oliveira regressou a Airão S. João, sua terra natal. A missão que tinha para este regresso era a de dedicar-se à mãe doente, pensava ele. D. Jorge tinha outra missão para ele: ser o Administrador Paroquial de Airão Sta. Maria, Airão S. João e Oleiros.

Tem estado com frequência no lote das melhores jogadoras do mundo de futsal. Porém, o título mundial continua a fugir-lhe, mas nunca esteve tão perto de o conquistar como este ano, ao serviço da selecção nacional, que capitaneou. Na final, Portugal perdeu para o Brasil e esfumou-se a oportunidade de fazer história. Apesar de tudo a castelonense Ana Azevedo, que representa o FC de Vermoim, esteve num bom plano e a sua experiência foi importante na caminhada da selecção. Mesmo sem o troféu colectivo, Ana Azevedo orgulhou a região.

É de aplaudir o esforço que este ano fez para a dinamização da vila nesta quadra natalícia. No mês em que também apresentou o orçamento e o compromisso de pavimentar, em dois anos, todos os caminhos em terra batida, a autarquia joanense, contudo, também é notícia pelas piores razões. Não se pode perder uma capela que durante anos todos julgavam ser pública. Quem gere a coisa pública não pode dar-se ao amadorismo de confiar somente na palavra e boa vontade de privados. Os herdeiros, mais cedo ou mais tarde, aparecem. Que sirva de lição!

O ano que agora finda foi um teste à resistência do seu jornal que mudou de direcção e de grafismo. Partimos para 2015 com a mesma vontade de resistir. Contamos com a sua leitura mensal, a publicidade dos anunciantes e a confiança de todos, convencidos que estamos que o RL faz falta a esta região para que, por ele, ela possa continuar a ter voz nas sedes distantes dos concelhos de Famalicão e de Guimarães. Confiança para o novo ano, é o que desejamos.

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LOCALIDADES // ECOS DA ASSEMBLEIA

JOANE // ASSEMBLEIA DE FREGUESIA

PARQUE DA RIBEIRA VAI TER CASAS DE BANHO EM 2015

Vila vai deixar de ter caminhos em terra batida LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

Em dois anos, a Junta de Freguesia de Joane quer que a vila deixe de ter caminhos em terra batida. O compromisso do executivo foi anunciado na última Assembleia de Freguesia, do passado dia 17, onde a maioria socialista aprovou o orçamento para 2015, documento que a oposição PSD/PP considera “despesista”. A Rua da Devesa (foto) e a Travessa da Hora são exemplos elencados de pequenos troços em terra onde a Junta pretende intervir. Contudo, só a Travessa de Pulsos tem, para já, dotação de 745 euros, cabimentada em orçamento. “Pretendemos reforçar em Abril as rúbricas para essas ruas, utilizando o saldo que transitar da gerência deste ano e que irá surpreender”, explicou António Oliveira, presidente da autarquia. Não convencida, a oposição não se deixou levar em promessas e ignorou a explicação prévia do autarca joanense. “Estamos a votar o que está aqui escrito, não o que ditou”, argumentou o eleito André Fernandes. Em 2015, a Junta joanense vai gerir um orçamento de 354 mil euros. Do documento, destaque para a ligação do Largo 3

de Julho ao Parque da Ribeira, com a pavimentação e colocação de passeios no troço junto ao prédio devoluto. Para a obra, está contemplada uma dotação de trinta mil euros. “É uma obra estruturante para a vila. Sem ela, a sede de Junta, que projectamos para os terrenos do Largo 3 de Julho, não será possível de realizar”, sustentou António Oliveira. Como nem só de betão e asfalto se constrói o orçamento de uma autarquia, no plano de intenções, a Junta da vila promete para 2015 um gabinete de apoio à pessoa portadora de deficiência. Medidas insuficientes, no entender da oposição de direita que fala em “herança pesada”. “Prevê-se um aumento do IMI de 35%, um aumento nas receitas da feira de 4% e um aumento do fundo de financiamento de freguesias na ordem dos 1,38%. Apesar disso, o orçamento para 2015 apenas aumenta 2,2%”, lamenta a oposição. Para o PSD/PP, o executivo socialista esconde uma “dívida encapotada” na ordem de 50 mil euros, fruto da aquisição de terrenos da nova feira e do corredor pedonal, herança dos tempos de Sá Machado. “São

10 mil contos de herança que ainda pesam nos nossos bolsos. Este ano é mais um para pagar dívidas. Dos 50.500 euros de dívidas antigas, este executivo compromete-se a pagar 35 mil euros. Ou seja, 20% do orçamento deste ano está comprometido com o pagamento de dívidas”, consideram os eleitos da coligação. António Oliveira rejeita que haja “fardo” nas contas da Junta. “Muito gosta a oposição de brincar com os números para fazer um brilharete. Esta Junta não tem uma única obra por pagar e, a este data, os encargos assumidos e não pagos não chegam a mil euros. Estamos a pagar quase a pronto. A oposição confunde aquisição de terrenos com escrituras. São terrenos ainda não escriturados e só podem ser pagos quando houver escritura. Por isso, não pode ser considerada dívida”, sustenta o presidente da Junta. Miguel Azevedo, eleito do PSD, contesta. “Se adquiriu e ainda não pagou, só pode ser dívida. Não é assim que funciona?!”, atirou Azevedo. O documento foi aprovado pela maioria PS e mereceu a censura, com o voto contra, dos eleitos do PSD/PP.

Em 2001 elas deram que falar no debate entre os candidatos à Junta de Joane, organizado por este jornal. À data, José Carlos Gomes, candidato da CDU, defendeu efusivamente a construção de umas casas de banho junto ao Parque da Ribeira. O assunto mereceu sátira mas o tempo veio dar razão ao candidato já que, no próximo ano, a Junta de Joane contempla a obra no seu plano de intenções. A construção de sanitários junto ao Parque da Ribeira é para concretizar mas estes serão utilizados somente em dias de eventos no Parque. Carlos Rego, eleito do PS, discorda da construção, e alerta para os custos de manutenção da mesma. Além dos sanitários, a sugestão de um bebedouro com água potável no Parque da Ribeira, dada na Assembleia anterior pela coligação, terá tido acolhimento pela Junta e integra as opções para 2015. Ambos os investimentos estão previstos no plano com uma dotação de treze mil euros.

PSD EM PROTESTO Tem sido prática habitual de sessão para sessão. A coligação PSD/PP acusa a Junta e a Mesa da Assembleia de sonegar informação e, por isso, repetiu os votos de protesto e requereu documentação vária, como actas. Os contratos e facturas inerentes à obra da nova feira estiveram, desta vez, na mira dos “laranjas”. O protesto mais sonante surgiu na abertura da discussão do orçamento quando a bancada da oposição contestou não ter sido auscultada para a elaboração dos documentos, evocando a violação do estatuto da oposição. Para sustentar o argumentário, o PSD/PP recorreu a um parecer da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE). A Junta refuta as acusações e lembrou que um parecer não tem força vinculativa. “Ter o direito não é ser obrigado”, defendeu António Oliveira.

EXECUTIVO VOLTA A SER SÓ DE HOMENS Um ano, foi o tempo que durou uma mulher no executivo de António Oliveira. Por razões profissionais, Filipa Pereira renunciou ao cargo no quinteto que compõe a Junta da vila, sendo substituída por António Soares. Filipa Pereira renunciou também ao lugar na Assembleia, lugar ocupado agora por António Silva. O PSD/ PP lamentou a perda da única mulher na Junta. “Volta a ser um executivo de homens”, disse Miguel Azevedo. Ao lamento do PSD, seguiu-se o reparo do eleito socialista Carlos Rego: “Na Assembleia, a bancada do PS tem três mulheres em oito elementos e a coligação tem uma em cinco”.

O REGRESSO DE GUEDES Volvida uma década, Ricardo Guedes voltou a ocupar o lugar de eleito na Assembleia de Freguesia de Joane. Contudo, o histórico fundador do núcleo de Joane do PSD, não interveio na sessão. “Só vim fazer uma substituição”, disse ao RL no final do encontro.

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LOCALIDADES POUSADA DE SARAMAGOS // ENSINO

Escola de Matinhos reabre em Janeiro

“A ESCOLA ESTÁ, AGORA, COM TODAS AS CONDIÇÕES E MAIS ALGUMAS”

Estão concluídas as obras de requalificação da escola do 1.º ciclo de Matinhos, em Pousada de Saramagos e as actividades lectivas do segundo período já vão começar no edifício completamente renovado. Para os cerca de 90 alunos que tiveram que começar o ano lectivo noutro espaço a notícia “é uma prenda de Natal”, refere o presidente da Junta de Freguesia, perante a conclusão dos trabalhos.

PAULO CORTINHAS paulocortinhas@reporterlocal.com

Os pais já foram informados da mudança. As crianças regressam assim à escola de origem, depois de quatro meses de aulas na até então devoluta escola do Outeiro, que serviu de alternativa enquanto as obras decorriam. “A escola vai reabrir no dia 5 e isso já foi comunicado aos pais”, sustenta o autarca, realçando as novas condições do edifício., Quando regressarem às aulas, após as férias natalícias, as crianças vão ficar surpreendidas com o novo espaço, garante António Sousa, referindo que até ao final da semana passada estavam a ser feitos os últimos retoques e já esta semana será feita a mudança. “Havia algumas dúvidas sobre até que ponto a obra acabava ou não a tempo de iniciar o segundo período, mas isso é já uma certeza. Estivemos na obra e verificamos que faltavam apenas alguns pormenores. O essencial está feito e desde segunda-feira, dia 22, começamos a fazer a mudança do Outeiro para Matinhos”, refere o presidente da Junta, satisfeito com o resultado final de uma intervenção que implicou um investimento municipal na ordem dos 80 mil euros. O edifício sofreu uma remodelação profunda. Além

de resolver os problemas de infiltrações do telhado, com a substituição de toda a cobertura, os trabalhos permitiram ainda reforçar o isolamento das paredes, a renovação do sistema eléctrico, a colocação de tecto falso e a substituição do soalho das salas de aula e do pavimento do hall de entrada. “A escola está, agora, com todas as condições e mais algumas”, reforça António Sousa, salientando que o problema das infiltrações de água, que atormentavam professores e alunos, ficou resolvido a par de outras beneficiações que o edifício precisava. “Ficámos com uma escola completamente nova”, acrescenta o autarca, convicto de que valeu a pena o esforço que a comunidade educativa teve que fazer no último período com a mudança para o edifício do Outeiro, que estava inactivo. “As melhorias são significativas. Vamos agora proceder ao arranjo dos espaços exteriores, nomeadamente do jardim, e substituir a vedação para fechar o processo de renovação da escola”, frisa, notando que as intervenções que até aqui foram feitas acrescentaram valências ao estabelecimento, como a cantina escolar, as casas de banho e o campo sintético, mas o edifício principal nunca tinha sido requalificado de forma tão profunda.

ANTÓNIO SOUSA Presidente da Junta de Freguesia de Pousada de Saramagos

RONFE //

Alunos de Gemunde começam segundo período no Centro escolar As crianças do primeiro ciclo de Ronfe vão começar o segundo período de aulas na casa nova. O Centro Escolar da vila está pronto a receber os alunos em Janeiro. “É uma grande notícia para a vila. Era uma pretensão nossa de que as obras ficassem concluídas a tempo dos alunos que estão no último ano do primeiro ciclo também puderem usufruir da escola nova”, diz Adelaide Silva, presidente da Junta de Ronfe. A autarca confirma a intenção da Câmara de Guimarães em inaugurar o equipamento no arranque do segundo período. Recorde-se que o Centro Escolar de Ronfe está localizado frente à Escola Abel Salazar e resulta de um investimento global na ordem de 2,6 milhões de euros. O equipamento está preparado para acolher uma população máxima de 285 alunos, 25 do pré-escolar e 260 do 1.º Ciclo. Menos de um ano depois do arranque das obras, o Centro Escolar está pronto para receber os alunos ronfenses.

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LOCALIDADES // BREVES MOGEGE

Câmara financia reconstrução de muro A Junta de Freguesia de Mogege vai receber 5400 euros da Câmara Municipal de Famalicão. O apoio foi atribuído na última reunião do executivo e faz parte de um pacote de financeiro de apoio ao investimento nas freguesias, através da celebração de contratos de cooperação, num montante global de 80 mil euros, destinado a investimentos em nove freguesias. A autarquia de Mogege foi contemplada com 5400 euros que serão canalizados para as obras de reconstrução de um muro na Rua do Regedor, com uma extensão de 41 metros. JOANE

Tribunal ordena libertação de Armindo Castro Armindo Castro deixou a cadeia de Paços de Ferreira ao início da noite do dia 16. O homem, de 29 anos de idade, que estava a cumprir 12 anos de prisão pelo homicídio da tia, em Joane, foi libertado por decisão do Tribunal de Guimarães, que alterou a medida de coacção aplicada, a pedido do advogado de defesa, Paulo Gomes. A decisão surge depois de um outro homem, Artur Gomes, ter assumido, em Outubro passado, a autoria do crime ocorrido em Março de 2012, em Joane. Armindo Castro ficou obrigado a apresentações periódicas na GNR e teve ainda que entregar o passaporte. Já tinha cumprido dois anos e sete

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VERMOIM //INVESTIMENTO

Palácio da Igreja Velha entrou em obras Até agora ao abandono, o Palácio da Igreja Velha, em Vermoim, entrou em obras para voltar a ter uma vocação turística. A empresa famalicense Vectorpredilecto, Unipessoal, Limitada, a nova proprietária do espaço, está a proceder à recuperação e ampliação das instalações existentes para transformar aquele património num hotel rural e dedicado a eventos.

PAULO CORTINHAS paulocortinhas@reporterlocal.com

O projecto está já em curso e foi declarado de “relevante interesse público municipal” por parte da Câmara Municipal de Famalicão, na última reunião pública do executivo deste ano. A declaração de interesse público, que será ainda submetida à Assembleia Municipal, é indispensável para desafectar da Reserva Agrícola Nacional a área de terreno a intervir. Segundo a informação do Município, a área a retirar da RAN é superior a 2500 metros quadrados, mas a ampliação do edifício existente abrange só 154 metros quadrados. A parte restante destina-se a arranjos exteriores. Em contrapartida a empresa devolve à RAN uma área com quase 600 me-

tros quadrados em resultado da demolição de um edifício anteriormente licenciado. “Pretende-se com este pedido de interesse público, a reabilitação e ampliação do edifício existente, arranjos exteriores, com a finalidade de recuperação dos elementos arbóreos e ampliação da exploração agrícola, implementação de estacionamento no interior do terreno e espaços exteriores de pavimento”, pode-se ler no pedido que o requerente fez junto da Câmara. Segundo a mesma fonte, este projecto surge da “necessidade de dotar o concelho com equipamentos hoteleiros” de cariz rural, mas também com a finalidade de tornar o Palácio da Igreja Velha uma valência cultural que possa interagir com as escolas ou outras entidades. É, de resto, intenção dos promotores criar

animais, como cavalos, aves e outros que “irão estar em perfeita harmonia com a envolvente natural que caracteriza o local, assim como a freguesia”. A ampliação do edifício vai criar um espaço para eventos sociais, que servirá também de apoio ao hotel rural localizado no edifício secular, prevendo-se a criação de vários postos de trabalho, não só para a exploração agrícola, que será preferencialmente composta por vinha, mas também para dar resposta aos serviços no hotel rural e no edifício de eventos.


LOCALIDADES JOANE //TRIBUNAL

Supremo entrega Capela da Senhora da Carreira a privado Na terceira instância, a Capela da Senhora da Carreira foi entregue a um privado. O Supremo Tribunal de Justiça anulou as decisões do Tribunal de Famalicão e do Tribunal da Relação, favoráveis à Junta de Freguesia de Joane, e reconheceu que a legítima proprietária do templo é Teresa Castro, herdeira da autora inicial da acção.

LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

Desde 2010 que a herdeira dos terrenos contíguos ao templo, reclamava em tribunal a propriedade da Capela da Senhora da Carreira tendo sentado a autarquia joanense no banco dos réus. Por falecimento da autora inicial coube a Teresa Castro, sobrinha e herdeira, a continuidade de lutar na justiça pela legitimidade da propriedade da Capela da Carreira. Em Fevereiro de 2013, o Tribunal de Famalicão começou a julgar o caso, ouvindo várias testemunhas, como o pároco Manuel Silva e o ex-presidente da Junta, Orlando Oliveira. Por falta de documentação que provasse que a Capela pertencia ao domínio público, a Junta de Joane sustentou a legitimidade da propriedade da autarquia com as obras que lá efectuou em 1986, com o consentimento dos primeiros proprietários e com o culto que a população, sobretudo daquela zona da vila, desde então pratica na Capela, sem oposição dos, agora reconhecidos, proprietários. Só a partir de 2007 é que os herdeiros começaram a reclamar a propriedade. O tribunal de primeira instância decidiu-se pelo reconhecimento da propriedade à autarquia joanense evocando a figura jurídica de “usucapião”.

Não conformada com a decisão do Tribunal de Famalicão, recorreu para a segunda instância. O Tribunal da Relação do Porto confirmou a sentença da primeira instância, atribuindo a propriedade da Capela à Junta de Joane. A herdeira, contudo, foi até à última instância, e venceu. O Supremo Tribunal de Justiça, reconheceu a legitimidade da propriedade e dificilmente a autarquia poderá contestar a decisão visto que tal só pode acontecer caso haja um acórdão deste tribunal que, em caso semelhante, tenha proferido sentença contrária. O RL contactou alguns juristas que mostram-se surpreendidos com a decisão.

“Causa espanto porque é muito raro que o Supremo decida em sentido contrário das duas instâncias anteriores e que decidiram pelo mesmo sentido”, explica um advogado. Nenhuma das partes envolvidas (a autora e a Junta) quis prestar declarações sobre o caso. O RL apurou, no entanto, que ambas as partes têm mantido negociações por causa do Caminho de Rego de Chaves, troço junto à Capela que padece de alargamento para terrenos de Teresa Castro (ver notícia abaixo). De forma a não prejudicar tais negociações, ambas as partes preferem remeter-se ao silêncio sobre a decisão do Supremo Tribunal de Justiça. Este jornal sabe ainda que a Junta local irá intentar esforços para que a agora reconhecida proprietária da Capela, apesar da decisão, autorize a continuação do culto e uso popular da Capela que o Supremo Tribunal de Justiça reconheceu ser sua.

UNIÃO // POLÍTICA

CADA dá razão a queixa de Marçal Mendes LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

Marçal Mendes, eleito do PSD/PP, já tem a informação contabilística que requereu à Junta da União de Freguesias de Airão Santa Maria, Vermil e Airão S. João, referente ao exercício do ano de 2013. Desta forma, a autarquia da União dá cumprimento à decisão da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA) que emitiu um parecer favorável à queixa do eleito. Em causa está o acesso à informação financeira das três Juntas de Fre-

guesia extintas. Para analisar o relatório de contas referente a 2013, o cabeça de lista do PSD/PP à Junta da União solicitou, em Abril passado, o acesso à documentação da gestão financeira de todo o ano de 2013. À data dos acontecimentos, a autarquia entregou ao eleito os dados financeiros entre Setembro e Dezembro, período em que começou a vigorar a nova autarquia. A Junta entendeu não estar obrigada a comunicar a gestão das fre-

guesias extintas. A ausência de documentação sobre a situação financeira das extintas Juntas levou Marçal Mendes a queixar-se à CADA que deu razão ao eleito, ordenando a autarquia a “facultar o acesso à restante informação solicitada”. Contactado pelo RL, Marçal Mendes adianta que, entretanto, a Junta já lhe fez chegar a documentação solicitada, dando cumprimento ao parecer da CADA.

JOANE //

Acordo para alargar “Rego de Chaves” Pode estar à vista o fim do pesadelo dos moradores da Travessa Rego de Chaves, em Joane. Com a autorização do privado, embora sem acordo ainda fechado, a Junta de Joane já delimitou a área que se encontra fora do domínio público e para onde pretende alargar o caminho. “As negociações estão no bom caminho e numa fase final. Já tivemos a autorização para delimitar a área de terreno. Não posso adiantar muito mais do que isso, sob pena de comprometer as conversas que temos tido com a proprietária do terreno”, disse António Oliveira, presidente da Junta de Joane, no decorrer da última Assembleia de Freguesia de Joane, respondendo a Xavier Oliveira, eleito do PSD/PP. A concretizar-se o alargamento, este será feito em 110 metros de terreno cedidos pelo privado que, durante os últimos anos, nunca conseguiu acordo com a autarquia. A Junta chegou a anunciar a intenção de avançar com o processo de expropriação para resolver o problema dos moradores que não conseguem percorrer, com as viaturas automóveis, o caminho que leva até suas casas. A contrapartida da Junta deverá passar pela reconstrução dos muros que limitam o terreno do privado (tanto do lado a alargar como do lado junto à estrada principal). Em 2010, depois de denunciado pelo RL, a Travessa de Rego de Chaves foi notícia de televisão por causa da situação de um octogenário, morador daquela travessa, que estava privado de receber tratamentos médicos porque a ambulância não conseguia chegar à sua habitação. A dificuldade de locomoção do idoso impedia-o de percorrer diariamente, a pé, os 150 metros de caminho. O impasse, contudo, permanece, sendo a presença dos moradores uma constante nas Assembleias de Freguesia a reclamar a solução. Fartos de esperar, os moradores chegaram a reunir com Paulo Cunha, presidente da Câmara de Famalicão, que ter-se-á sensibilizado e dado “luz verde” a António Oliveira para retomar as negociações com o privado. Segundo o autarca de Joane revela, a Câmara de Famalicão já terá garantido ajuda financeira para a obra de reconstrução dos muros. Luís Pereira

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LOCALIDADES RONFE // PROJECTO

Instituições de Ronfe e Airão S. João acolhem ideia de Fernanda Barros Desde o início do mês que três terapeutas ocupacionais estão no Centro Social de Ronfe, de Brito e na Casa do Paço de Airão a trabalhar para uma maior qualidade de vida dos idosos das instituições.

LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

Fernanda Barros é autora de um projecto vencedor do Orçamento Participativo (OP) de Guimarães em 2013. O projecto “Intervenção Local para promoção da qualidade de vida” foi contemplado com 20 mil euros e começa agora a ser executado. A JF de Ronfe é a entidade orientadora e fiscalizadora da execução da ideia. “Constatei que as instituições não tinham terapeuta ocupacional. Fazer trabalho de terapia ocupacional com os idosos é uma mais-valia

porque muitos quando chegam a uma determinada idade perdem os interesses que tiveram durante a vida activa. A terapia serve para motivá-los de forma a readquirirem-nos”, explica Fernanda Barros. Para elaborar o projecto, a ronfense fez um prévio trabalho de pesquisa dentro das instituições contempladas e teve que justificar ao pormenor os objectivos que pretendia. “O projecto prevê actividades em grupo, direccionados ao interesse dos idosos. Existem também patologias individuais diversificadas, como AVC ou

Alzheimer. Nestes casos, trabalha-se as competências vão perdendo”. O projecto é executado em um ano e a verba recebida é canalizada para a remuneração dos técnicos. “Inicialmente só aprovavam dois técnicos para o projecto. Tive que justificar muito bem as razões para ter os três técnicos e gerir bem a verba”. A autora do projecto, “sai de cena” a partir do momento em que forem escolhidos os técnicos para executarem a sua ideia. “A terapia ocupacional não é ocupar o tempo. Serve para utilizar a ocupação para trabalhar alguma coisa. As instituições deveriam ter um terapeuta ocupacional. Não têm por não existir verba e delegam em técnicos de outras áreas que acabam por fazer este trabalho. Valeu a pena lutar por esta ideia, considera Fernanda.

Junta acompanha execução

Em sintonia com a Câmara de Guimarães e as instituições acolhedoras, cabe à Junta de Ronfe, por ser a autarquia da residência da autora, acompanhar a execução e gerir a verba atribuída. “Esta é a fase da avaliação das necessidades, do tempo para conhecer os idosos e a instituição para depois elaborarem um projecto ajustado às necessidades detectadas”, conta Adelaide Silva, presidente da autarquia ronfense. A líder do executivo de Ronfe tem acompanhado de perto os primeiros dias da execução do projecto e não esconde a satisfação por ver no terreno um projecto com a vertente social que tem implícita. “Juntamente com a Acção Social da Câmara, reunimos com as técnicas para uma avaliação para depois atribuir as horas que cada técnica irá trabalhar em cada instituição”, frisa Adelaide Silva.

PERFIL // Autora do projecto “Intervenção Local para promoção da qualidade de vida “, um dos 25 vencedores do OP de Guimarães em 2013, Fernanda Barros é licenciada em terapia ocupacional, com pós graduação em neuro psicologia de intervenção. A ronfense de 23 anos fez estágio profissional na CERCIGUI, onde acabou por ficar a trabalhar no Centro de Recursos para a Inclusão. O seu trabalho profissional é o de percorrer escolas do concelho de Guimarães, trabalhando com crianças com deficiência e com necessidades educativas especiais. “Às vezes custa bastante, principalmente quando são crianças que têm muitas dificuldades e limitações. De um pequeno objecto ou jogo, conseguir trabalhar tudo o que queremos é muito bom. Um pequeno objectivo é um grande bem que modifica completamente uma vida”, considera a jovem terapeuta.

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// BTT

Rota das Tascas aquece a tarde de sábado

S. SILVESTRE DA JUVENTUDE E ROTA DAS TASCAS

Fim-de-semana dedicado ao desporto em Castelões e Vermoim PAULO CORTINHAS paulocortinhas@reporterlocal.com Vai ser preenchido o próximo fim-de-semana em Castelões e Vermoim. Dois eventos desportivos prometem mexer as localidades e cativar a atenção dos aficionados do atletismo e do BTT/cicloturismo. Trata-se da S. Silvestre da Juventude, promovida pela Associação Desportiva de Castelões que acontece na manhã de domingo, dia 28; e a Rota das Tascas, um passeio de bicicleta, realizado conjuntamente pelo Floresta BTT e pela AD Castelões, na véspera da prova de atletismo. “Houve uma conjugação de factores que fez com que os dois eventos coincidissem no mesmo fim-de-semana”, refere a orga-

nização, adiantando que um e outro evento, apesar de terem público-alvo distinto, estão intimamente ligados, na medida em que o passeio de bicicletas surgiu com o propósito de assinalar o 10.º ano da corrida de fim de ano da AD Castelões, decorria o ano de 2012. A S. Silvestre da Juventude vai para a 12.ª edição, sendo esperado um novo recorde de participantes. Com o foco nos escalões de formação, à qual se junta uma prova popular, a S. Silvestre tem reunido mais de seis centenas de atletas. “Este ano estamos a contar com uma participação idêntica”, sublinha Sérgio Ferreira, presidente da AD Castelões, afirmando que a prova continua a surpreender pela positiva. Apesar das mudanças na estrutura or-

ganizativa, a S. Silvestre da Juventude “vai continuar a ser uma prova de referência na região”, adiantando que este ano tem como padrinhos a atleta Rosa Oliveira, que está com este projecto desde a primeira edição, a ex-campeã olímpica Fernanda Ribeiro e o atleta da casa, André Silva. Com prémios individuais até ao 5.º classificado e troféus colectivos até ao 3.º lugar, a S. Silvestre da Juventude faz parte do calendário do Corre Famalicão, da Câmara Municipal, que disponibiliza apoio técnico para a organização das provas de atletismo, e tem o apoio da Associação de Atletismo de Braga. As inscrições estão abertas até ao dia de Natal e podem ser feitas pela internet no Corre Famalicão ou na Associação de Atletismo de Braga.

FUTSAL // VICE-CAMPEÃ

Ainda não foi desta Ana! PAULO CORTINHAS paulocortinhas@reporterlocal.com Ana Azevedo esteve perto de conquistar o título mundial de futsal feminino, ao serviço da selecção nacional, mas ainda não foi desta. No jogo decisivo do 5.º Torneio Mundial, que se disputou na cidade de San José, na Costa Rica, a equipa nacional acabou derrotada pelo Brasil, pela margem mínima (3-4), e teve que se contentar com o título de vice-campeã. Foi a terceira vez que tal aconteceu, (sempre contra o Brasil!), mas nunca como agora o prémio maior esteve ao alcance de Portugal, que deixou fugir uma vantagem de dois golos de que dispunha quando a partida entrou nos últimos três minutos, permitindo à formação canarinha assegurar o pleno na competição. A atleta de Castelões, que enverga a camisola do Futebol Clube de Vermoim, no nacional da modalidade, capitaneou a formação nacional, treinada por Luís Conceição, mas não chegou a fazer o gosto ao pé no jogo com o Brasil. A sua experiência foi, no entanto, decisiva na caminhada da selecção, que teve de adversários de peso no grupo e ainda afastou a Espanha nas meias-finais. Apesar do natural desalento com o segundo lugar, a “camisola 7” portuguesa não escondeu o orgulho com a sua prestação e das suas companheiras nesta competição mundial. Em declarações à Federação Portuguesa de Futebol, Ana Azevedo, que tem sido nomeada como uma das melhores do mundo, disse que a selecção nacional demonstrou o valor do futsal feminino português. “Fizemos um grande jogo e só pecámos nos minutos finais”, apontando a união da equipa. “Estivemos perto do sonho, caímos de pé, como uma equipa e todas unidas”. Refira-se que os golos da selecção nacional na final foram apontados por Carla Vanessa, que também já representou o FC Vermoim, Joana Meira e Sofia Ferreira.

Na véspera, durante a tarde de sábado, será realizada a terceira edição da “Rota das Tascas”, um passeio de bicicleta onde a competição dá lugar à confraternização, proporcionando uma tarde de divertimento para os adeptos do BTT e do cicloturismo. Por isso, o percurso é de “baixa dificuldade” e “acessível a qualquer pessoa”. De acordo com o regulamento, os concorrentes têm que formar equipas de três ou quatro elementos, devendo respeitar o itinerário pré-definido, que os vai conduzir até diversos estabelecimentos comerciais da região, onde terão de cumprir determinadas tarefas. O evento, com partida na sede da AD Castelões, pelas 14 horas, termina na sede do Floresta BTT, pelas 18 horas. Estão previstos prémios para as equipas que revelarem maior destreza no cumprimento das actividades, além de brindes surpresa a sortear por todos os concorrentes. As inscrições estão também abertas até ao dia 25 de Dezembro via email para rota.tascas@gmail.com ou na sede dos dois clubes. A participação pressupõe o pagamento de cinco euros por pessoa. O regulamento pode ser consultado em www.facebook.com/adeca2011 ou facebook.com/floresta.btt.

ATLETISMO // JOGOS PARALÍMPICOS

José Azevedo quer estar no Rio de Janeiro em 2016 Sem equipa e a correr de forma individual, com o apoio da Montakit e MKa, o atleta famalicense José Azevedo alimenta o sonho de estar presente nos próximos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. Detentor dos títulos europeus dos 5 e 10 mil metros da ANDDI-Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual, e recordista mundial dos 3 mil metros de pista coberta, marcas alcançadas na temporada passada, o atleta José Azevedo persegue esse objectivo e está a trabalhar para melhorar a sua marca, de modo a alcançar os mínimos que lhe garantam a presença no Brasil. É na prova dos 1500 metros que aposta. A sua marca pessoal não está muito longe dos mínimos paralímpicos. A diferença é de 1,5 segundos, atendendo

à distância é uma diferença ainda considerável mas o atleta mostra-se determinado e dedica-se a tempo inteiro à modalidade. “Esse é um velho sonho e não vou desistir da luta”, declara, sem retirar o foco na revalidação dos títulos que ostenta. Com 26 anos de idade, José Azevedo, que é treinado por João Campos, garantiu recentemente o título nacional de estrada, em Viseu, e foi campeão nacional de corta-mato curto, em Oliveira do Hospital, na véspera da 1.ª Meia-Maratona de Famalicão, onde foi o atleta famalicense melhor colocado (5.º classificado). Confessa que o atletismo paralímpico não é valorizado e garante que o êxito no desporto adaptado, tal como em qualquer outro, é resultado de “muito trabalho e empenho”. P.C.

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NATAL JOANE // CASO

NATAL // JOANE

Filipe Taveira Pai Natal chegou regressou à casa à vila no Mercado da mãe e já não vive na garagem LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

O Pai Natal chegou à vila de Joane no passado domingo, dia 21. O cavalo substituiu as renas mas cumpriu a função de deixar o barbudo simpático no Largo 3 de Julho onde decorria o “Mercado de Natal”. A iniciativa da Junta de Freguesia de Joane dinamizou o centro da vila, no passado fim-de-semana, com venda de produtos de Natal e artesanato diverso, numa tenda gigante colocada no Largo 3 de Julho. “Correu bem. O frio não tirou muita gente de casa no sábado à noite, mas as tardes de sábado e domingo compensaram pela ade-

LUÍS PEREIRA

luispereira@reporterlocal.com

Filipe Taveira já não habita na garagem 54 do Edifício Rodiefe, em Joane. A história de Taveira, revelada na edição passada do RL, rapidamente mobilizou instituições, familiares e anónimos e tornou possível que o homem de 47 anos passe o Natal junto da família, na casa da mãe, em Ronfe, de onde é natural. Em conjunto com o Gabinete da Acção Social, a Junta de Ronfe conseguiu que Taveira voltasse para a casa da mãe, pelo menos “temporariamente”. A autarquia joanense, a ACIP e “mãos amigas” que preferem o anonimato, também se envolveram no auxílio ao homem que o RL pôs a região a comentar. “A notícia mexeu comigo porque o Taveira é natural de Ronfe. Ele já tinha vindo à Junta para tentar conseguir um atestado de insuficiência económica. Acontece que só podemos passar tal atestado com determinados documentos comprovativos”, conta Adelaide Silva, presidente da Junta de Ronfe.

são dos joanenses”, balanceia António Oliveira, presidente da Junta de Joane. Três actuações musicais de talentos joanenses, o Coral Divino Salvador de Joane, com os cânticos da época e um contador de histórias abrilhantaram o certame que quer ganhar tradição. “O objectivo passa por promover uma iniciativa de Natal que dinamize o centro da vila, envolvendo todos os joanenses neste espírito natalício. Trazer gente ao Largo 3 de Julho é o que queremos. Este ano foi de teste que serviu de barómetro para aperfeiçoar nos anos seguintes. Ninguém cria tradição sem a fazer”, aponta o autarca.

Segundo a autarca, depois da reportagem do RL, a Junta de Joane procurou inteirar-se da situação e encaminhou o caso para a ACIP, cooperativa joanense que dá resposta a este tipo de casos. “A ACIP entrou em contacto connosco uma vez que Ronfe foi a última residência do Filipe. A ACIP agilizou o documento da Segurança Social a comprovar que o Filipe não auferia qualquer rendimento e, dessa forma, conseguimos passar o atestado de insuficiência económica para ele mudar a morada do BI sem custos e dar seguimento ao processo com vista a obtenção de algum tipo de ajuda financeira. Não tendo uma residência fixa, era difícil ajudar”, refere a autarca. Filipe Taveira esteve cerca de vinte anos emigrado em França. Regressou a casa em Agosto. Independentemente dos julgamentos, a vida encarregou-se de o atirar para a garagem 54, propriedade da irmã, que desconhecia a situação, segundo próprio confessou ao RL na reportagem que contribuiu para dar um novo recomeço à sua vida.

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ENTREVISTA ENTREVISTA // P. DOMINGOS OLIVEIRA

Desde Julho que o P. Domingos Oliveira é o Administrador Paroquial das Airões e de Oleiros. Regressado do Brasil, onde esteve 10 anos, o missionário da Consolata, natural de Airão S. João, vai saborear a ceia de Natal junto da família, o que não acontecia há uma década. LUÍS PEREIRA

“Se ainda não me correram, a relação só pode dar certo” O que o fez regressar do Brasil? Uma razão muito familiar. A minha mãe já tem uma certa idade e com muitos problemas de saúde. Dado que a situação da mãe requeria que alguém se ocupasse, voltei. Que Airão S. João encontrou? Há 30 anos que cá não passava mais do que um mês seguido. Foi um regresso sereno, sem traumas. Não veio com o objectivo de ocupar as funções que acabou por assumir? Só vinha com a ideia de acompanhar a mãe. Como foi proposto o trabalho paroquial? O D. Jorge entrou em contacto comigo. Desconfio que algumas pessoas terão tido alguma influência nessa abordagem. Não dei nenhum passo nesse sentido. A única coisa que fiz foi o de apresentar-me ao serviço da minha paróquia. Dado que o P. Joaquim estava numa situação de saúde séria, foi-me feita a proposta. Disse que poderia dar uma mão. Comecei só em Airão e depois alargou-se a Santa Maria. O bispo ampliou e entregou também a responsabilidade de S. Vicente. No entanto, a sua posição não é a de um pároco… Foi-me atribuído o cargo de Administrador Paroquial. É

uma figura jurídica que faz a transição entre um pároco e outro. Ou seja, enquanto não houver um em definitivo, estou cá eu para ajudar. Sinto-me bem fazendo essa ponte. Não está nos seus horizontes ficar? Não está. A figura do Administrador Paroquial contempla uma flexibilidade. Se o bispo não estiver contente comigo, pode dar-me um pontapé e eu vou embora. Se as pessoas também não estiverem contentes também podem perfeitamente aconselhar-me a porta de saída. E eu, se achar que não correspondo ao esperado, posso dizer que o meu lugar não é aqui. Quero dar dois/ três anos. Não é pouco nem muito. É o suficiente para implementar alguma coisa. Como tem sido a relação com o P. Joaquim? O mais cordial possível. Temo-nos respeitado muito mutuamente. Respeito não só o que ele é, mas também o que ele foi. E a habituação como tem sido? Em Airão, as pessoas já conheciam-me e eu já sabia o terreno que pisava. Em Santa Maria e Oleiros, são terrenos novos. Foi bem recebido? Compreendo o receio. Não senti-me rejeitado, controlado

“Natal é voltar ao que nos deu o sentido da vida, voltar ao que somos” Há quantos anos não passava o Natal em Airão S. João? Há quase dez anos. Este Natal tem significado especial? Noto a diferença, desde logo pela roupa que trago no corpo. No Brasil, por esta altura, andamos quase de tanga, aqui andamos quase com o edredão em cima. Que significado tem esta quadra, além do religioso? É o tempo do regresso à origem. Voltar ao que nos deu o sentido da vida, voltar ao que somos. No meu caso, este Natal, isso é literal. Como vai fazer as celebrações de Natal nas três paróquias? Só vai haver uma missa do galo para as três paróquias. Será em Santa Maria às 23h00. No dia de Natal, as missas serão em

cada uma das freguesias e dentro do horário normal das de Domingo. Tinha saudades de uma missa do galo? No Brasil fazia-se? Não há essa tradição no Brasil, mas começamos a fazê-la e as pessoas apreciaram a celebração. O que há de diferente numa missa do galo? Não é apenas uma celebração. É uma festa. No Brasil, as pessoas traziam as coisas que tinham em casa e em vez de fazerem a festa em casa, faziam-na na igreja. Uma parte dessa festa gostaria de a recrear este Natal com esta comunidade. Que mensagem de Natal pode dar um sacerdote nestes tempos de insatisfações? No Natal fala-se muito da luz. Não é por acaso que as casas, ruas e praças estão todas iluminadas. Então que essa luz possa despontar no interior de cada um e que possamos sair mais iluminados, mais felizes.

PERFIL Domingos Oliveira foi ordenado padre há 15 anos. Os primeiros anos passou-os no Cacém, na Pastoral Juvenil. Em 2003 ruma ao Brasil em trabalho missionário, primeiro em Feira de Santana, Bahia, depois no interior. Os últimos dois anos em terras de Vera Cruz foram em S. Paulo, a ajudar na preparação da visita do Papa Francisco aquando das Jornadas Mundiais da Juventude no Rio de Janeiro.

ou objecto de desconfiança. Fui bastante bem-vindo. Se ainda não me correram, a relação só pode dar certo. As pessoas sentiram diferença no estilo? As pessoas aderem, mas não posso fazer comparações. Este é o meu jeito, o meu modo de ser padre e viver essa tarefa. O estilo pode ser estranho para alguns, para outros, curioso e outros acharão que seja bonito, interessante, novidade. Tem visto as igrejas cheias? Tenho apreciado a afluência das pessoas nas três Paróquias. Como é a sua rotina? Ainda não está bem definida. As três paróquias exigem um acompanhamento não só nas celebrações, mas também fora delas. Estamos a tentar situar-nos e ter este tempo de dedicação ao atendimento das pessoas nas freguesias. Tem sido feito um trabalho de bastidores muito importante, reunindo com os líderes dos movimentos paroquiais e associações das freguesias. Como é ao domingo? Um contra-relógio. Começo às 8h00 em S. João, às 9h15 em Santa Maria e às 10h30 em Oleiros. Além disso há os casamentos, os baptizados, funerais... É uma correria!

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ESPECIAL CASA DO POVO DE RONFE

A MAIS ANTIGA INSTITUIÇÃO DA VILA TEM NOVA VIDA! LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

A Casa do Povo de Ronfe é das primeiras “Casas do Povo” a surgir no distrito de Braga. Com alvará datado de Março de 1934, fez este ano oitenta anos de existência. Em 1939 a instituição inaugurou o edifício que ainda hoje serve de sede. Até ao início da década de oitenta, a sua função era a de uma organização corporativa direccionada para o trabalho rural e realizando a designada “previdência social” de todos os residentes na sua área de actuação. Os tempos mudam e a instituição adaptou-se à mudança, trabalhando desde 1982 sob o regime jurídico de pessoa colectiva de utilidade pública, de base associativa, tendo como finalidade o desenvolvimento de actividades de carácter social e cultural.

Entre 1990 e 1997, a Casa do Povo viveu o período dourado da instituição. Foram anos de intensa actividade associativa a que se seguiu o período mais negro da história da associação. A viragem do milénio atirou a instituição para o marasmo. Foram anos conturbados em que a política se intrometeu com o associativismo e “fechou” a “Casa” ao “Povo”. Em 2010 foram empossados novos órgãos da instituição que ainda hoje procuram reerguer a instituição. “Demos um novo rumo à Casa do Povo, restituindo-lhe vida e trabalhando para a devolver à população, torná-la numa força viva desta comunidade, lutar pelo bem comum, cumprir com os objectivos traçados na história para as casas do povo. Queremos ser uma força viva da vila de Ronfe, tornar esta casa numa espécie de centro cultural e recreativo, uma casa da juventude, promover cinema, teatro, música, dança, exposições, conferências, forma-

// FEIRA DAS VELHARIAS

DE TUDO SE COMPRA E VENDE NA FEIRA DA CASA DO POVO

Roupa, calçado, material agrícola ou electrodomésticos. De tudo se compra e vende na “Feira das Velharias” de Ronfe. A iniciativa da Casa do Povo de Ronfe, que nasceu em 2013, procura o seu espaço no calendário das feiras do género, tentando atrair comerciantes e clientes, aficionados por antiguidades. O conceito passa pelo vender e comprar material utilizado nos primeiros sábados de cada mês, no parque da instituição. Para vender, não é preciso pagar aluguer do espaço, apenas fazer uma prévia inscrição. A iniciativa tem atraído uma média de duas dezenas de “comerciantes” na Feira das Velharias ronfense. “Os mais velhos, normalmente já estão habituados a este tipo de feiras e fazem disto negócio. Já os mais novos, procuram fazer uns trocos com coisas que têm em casa e que já não dão utilidade”, explica a organização. O mau tempo que se fez sentir nos primeiros sábados de quatro meses consecutivos, não ajudou à consolidação da Feira das Velharias, por não se ter concretizado. Contudo, a ambição da Casa do Povo de Ronfe passa por alargar a periodicidade, realizando-a duas vezes por mês. “Queremos criar oportunidades de negócio. Temos vendedores que vêm de fora da freguesia. A ideia é captar ainda mais gente para engrandecer a Feira das Velharia”, referem os responsáveis.

ções, ocupação de tempo livres para os mais novos e para os mais velhos”, refere Daniel Rodrigues, que actualmente preside à direcção da associação mais antiga da vila. FUTURO Resolvido o passivo de vinte mil euros (“não devemos nada a ninguém”, assegura o presidente), os últimos quatro anos foram de desafios para a direcção da Casa do Povo de Ronfe. “Foi um período difícil e de consolidação das contas. Fizemos obras, recuperamos o imobilizado, adquirimos os equipamentos necessários para as actividades, como equipamentos de som e de luz e material informático”, conta Daniel Rodrigues. Em fim de mandato, o presidente da instituição aponta a recuperação do telhado da sede e a pintura do edifício como os objectivos para 2015. “Queremos dar essa prenda, em Mar-

ço, à instituição. Faz falta e a Câmara de Guimarães já mostrou abertura para ajudar”, refere o dirigente. Diariamente, no edifício da Casa do Povo, funciona um café-bar, remodelado e entregue à concessão de privados. Depois do “fechar de portas” do bar do extinto Juventude de Ronfe, este tornou-se o “ponto de encontro” de muitos ronfenses que por lá passam a tarde a “dar à treta” entretidos com “duas de cartas”. A renda mensal da concessão do bar, a verba dos Jogos da Santa Casa da Misericórdia e a quotização dos cerca de duzentos associados, perfazem a receita da instituição que gere anualmente um orçamento na ordem dos 25 mil euros. Entre as metas para o próximo ano a direcção mantém a ambição de chegar à meio milhar de associados e prosseguir o caminho de intensa actividade cultural retratadas neste “Especial Casa do Povo de Ronfe”.

// ENCONTRO DE MULHERES

AS TERÇAS-FEIRAS SÃO POR CONTA DAS MULHERES RONFENSES! As tardes das terças-feiras na Casa do Povo de Ronfe, são por conta das mulheres. Há um ano que dezassete ronfenses integram o “Encontro de Mulheres” da instituição. O objectivo é tirar as mulheres da vila, com idade igual ou superior a 55 anos, do quotidiano das lides domésticas, mantê-las activas e valorizá-las. “Muitas estavam longe de pensar que alguma vez pisariam um palco para cantar ou dançar para cem pessoas”, refere Vera Barroso, a dinamizadora do projecto. No “Encontro de Mulheres” da Casa do Povo de Ronfe, as tardes das terças-feiras são de convívio, partilha e actividades. “Começamos sempre por um chazinho e por pôr a conversa em dia. Previamente a instituição prepara actividades para as ocupar durante o resto do dia. A última foi a da festa de Natal”, conta Vera Barroso. O grupo já preparou actuações de dança e canto, já pintou as unhas e teve workshops de cozinha. Tudo, no salão nobre da instituição. “Há dias foram visitar o lar. O contacto com os idosos mexeu com elas que só querem repetir a experiência”.

A Casa do Povo de Ronfe compara a iniciativa a uma espécie de Universidade Sénior, sem o rigor e o formalismo inerentes. Chamar para o grupo mais mulheres ronfenses para vivenciar a experiência é o desafio a que se propõe a instituição.

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ESPECIAL CASA DO POVO DE RONFE

CASA DO POVO DE RONFE EM IMAGENS

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ESPECIAL CASA DO POVO DE RONFE // DESPORTO

JUDO

É REI NA INSTITUIÇÃO Cinquenta atletas vestem o quimono da Casa do Povo de Ronfe. É graças à família Dias que a secção de Judo de Ronfe foi resistindo e trazendo títulos para a vila. Por várias vezes, o Judo da Casa do Povo de Ronfe arrecadou títulos de campeões zonais norte em todos os escalões e é detentora de triunfos nacionais e internacionais. Á frente da secção está Carlos Dias, que tem seguido as pisadas do pai. “O meu pai começou aos 18 anos no judo da Casa do Povo e há muito que passou a barreira dos cinquenta. Eu e o meu irmão crescemos a respirar judo por isso, é natural que ainda hoje cá estejamos”, explica o atleta ronfense. Depois de um período de interregno, há dez anos que Carlos Dias abraçou o desafio de reactivar a secção na instituição. Em boa hora o fez. Actualmente, meia centena de

atletas com idades que oscilam entre os quatro e os cinquenta anos, treinam semanalmente nas instalações da Casa do Povo de Ronfe. O treino dos mais novos é realizado duas vezes por semana, ao passo que os atletas com idade igual ou superior a doze anos, dedicam-se modalidade, três vezes por semana. “Com os miúdos os treinos são mais lúdicos. A ideia é cativá-los, caso contrario, cansariam facilmente. Os mais velhos treinam mais intensamente e a competição tem de estar sempre presente para quem quer alcançar objectivos mais longínquos no Judo”, explica o cinto negro, treinador e responsável pela secção de judo da Casa do Povo de Ronfe. Os atletas pagam uma quota mensal, além da anuidade do seguro, da inscrição na Federação e o investimento no equipamento. Luís Pereira

// RANCHO

CASA DO POVO QUER VOLTAR A PÔR OS RONFENSES A DANÇAR Recuperar o Rancho Folclórico que em tempos se perdeu com as guerras da instituição. Esse é o objectivo da direcção da Casa do Povo que já fixou o Verão como a data pretendida para a estreia do grupo. Mais de três dezenas de pessoas corresponderam ao repto de voltarem a integrar um Rancho em Ronfe e, desde há três meses que ensaiam nas instalações da instituição. “A dificuldade inicial foi a de trazer as pessoas que fizeram parte do antigo rancho da Casa do Povo para o novo que se pretende criar. São pessoas que gostam do folclore e, por isso, depois de acabar o de Ronfe, “migraram” para os grupos das freguesias à volta. Temos também o problema de encontrar pares fixos para formar o grupo. As pessoas têm participado nos encontros que temos promovido, gostam de dançar mas as coisas para serem levadas a sério terão de ter uma

certa regularidade”, explica o presidente Daniel Rodrigues. Com a extinção do rancho, o seu espólio também desapareceu da sede da instituição. Instrumentos e trajes estiveram guardados durante os últimos anos nas casas dos dançarinos e tocadores sendo que a instituição foi “porta-a-porta”, apelar a que os devolvessem para o “novo” rancho. “Há um ou outro caso que recusou entregar o que, na prática, não é deles mas, a maioria tem compreendido e devolve os instrumentos e roupas. Ainda nos falta muita coisa mas esperamos que as pessoas tenham a consciência de devolver o que sempre foi da Casa do Povo e do seu Rancho”. Nesta fase inicial, a Casa do Povo de Ronfe promove e garante o apoio logístico e financeiro para o reerguer do grupo folclórico. O objectivo, no entanto, é o do grupo adquirir autonomia.

// INICIATIVAS

UMA CASA EM FESTA E ABERTA AO TALENTO DOS RONFENSES

Não há mês que a Casa do Povo não organize uma iniciativa capaz de mobilizar os ronfenses. A dinâmica da instituição vai além dos projectos do dia-a-dia. Exemplo disso é o Baile de Carnaval que começa a ganhar tradição na vila. Por altura do entrudo, a sede da Casa do Povo torna-se pequena para acolher tantos foliões que dão asas à imaginação quando chega a hora de escolher a máscara. Desfiles de moda e festas temáticas são também uma constante na intensa actividade da instituição. Para fazer jus ao nome, a associação mostra-se disponível para ouvir propostas dos ronfenses e abre portas ao talento. “Pretendemos ser um centro cultural e recreativo em Ronfe, um espaço de convívio, aberto a propostas de todos. Se há artista em Ronfe, seja de que área for, que queira um espaço para promover e mostrar o talento, basta contactar-nos. Somos uma instituição de portas abertas”, assegura o presidente Daniel Rodrigues.

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ESPECIAL CASA DO POVO DE RONFE // ESPAÇO JOVEM

AULAS DE MÚSICA E “VOAR ALTO” DINAMIZAM ESPAÇO DEDICADO À JUVENTUDE

No edifício anexo à sede da Casa do Povo de Ronfe está instalado, desde 2013, o “Espaço Jovem” da instituição. A dinamização do espaço foi entregue à juventude da vila numa de muitas parcerias que a Casa do Povo tem celebrado com entidades várias. O “Espaço Jovem” tem acolhido aulas de música direccionadas aos mais novos, numa parceria com a em-

presa “Musiminho” que, além da formação musical aos mais jovens, já promoveu saraus musicais, na casa mãe da instituição. A pensar no espaço, do seio da Casa do Povo de Ronfe nasceu a “Voar Alto”. A nova associação ronfense, direccionada para a juventude, está a dar os primeiros passos e tem no “Espaço Jovem” a sua casa. Com autonomia, estatutos e órgãos so-

ciais próprios, a “Voar Alto” figura, assim, como mais uma parceira da Casa do Povo de Ronfe que quer, desta forma, chegar a todos os ronfenses, convocando-os a participar em todo este dinamismo. A apresentação pública da “Voar Alto” foi marcada por uma “Fashion Night” que elegeu a primeira “Miss Ronfe”, tal como noticiado por este jornal na edição passada.

CASA DO POVO É TAMBÉM A CASA DOS AGRICULTORES A função inicial das “Casas do Povo” está intrinsecamente ligada aos agricultores e à actividade agrícola. Em Ronfe, os agricultores têm uma associação própria (Associação de Agricultores de Ronfe). A falta de espaço físico para que a AAR pudesse desenvolver as suas iniciativas, levou a um “casamento” com a Casa do Povo e que tem obtido resultados positivos. A Casa do Povo tem acolhido as iniciativas promovidas pela Associação de Agricultores de Ronfe, como a “Feira do Gado”, a “Desfolhada” e a “Chega de Bois”. Além da cedência das instalações, a Casa do Povo apoia financeiramente a AAR e promove acções de formação, direccionadas aos agricultores não só de Ronfe, mas também das freguesias vizinhas. “São acções dinamizadas pela Cooperativa Agrícola de Guimarães que, juntamente com a Associação de Agricultores, encontram nas instalações da Casa do Povo, o sítio ideal para virem ao terreno falar e ajudar os agricultores nas questões relacionadas com a actividade agrícola”, explica Daniel Rodrigues.

24 // DEZEMBRO DE 2O14


NATAL NATAL SAUDÁVEL // POR SARA VIDAL, DIETISTA

NATAL // REGIÃO

Presépios para todos os gostos e feitios LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com O Natal está mesmo a chegar e com ele chegam também todas as iguarias típicas desta quadra, que é caracterizada pelos excessos alimentares. A época natalícia acaba por ser uma desculpa para comer sem arrependimentos devido aos jantares e festejos de mesa cheia e farta, onde não faltam doces e fritos natalícios. De forma a tirar o máximo partido das maravilhas que esta época nos presenteia, seguem sugestões alimentares para um Natal mais saudável: DICAS: _A festa de Natal não tem que ter a duração de todo o mês de Dezembro. Ela só acontece nos dias 24 e 25; _Inicie a ceia de Natal com um prato de sopa de legumes; _A tentação pela sobremesa é um facto, portanto, seja moderado no prato principal, comendo mais hortícolas do que os restantes componentes; _Privilegie o bacalhau de consoada, ou seja, cozido, tendo atenção à quantidade de azeite utilizada; _Coma devagar: pouse os talheres, mastigue com calma e volte a dar uma garfada; _Se faz os doces de Natal em casa, faça mini porções e em menor quantidade; _Não petisque fora de horas, pois não dará conta da quantidade de comida que já ingeriu; _Evite grandes consumos de bebidas alcoólicas, privilegiando o vinho

e o champagne pois têm menos calorias; _Faça umas caminhadas natalícias de, no mínimo, 30 minutos, para ajudar a queimar as calorias ingeridas nesta quadra; _Não guarde sobras de comida dos dias 24 e 25 de Dezembro para os dias seguintes. Trocas inteligentes: Rabanadas Utilize açúcar light ou reduza a quantidade de açúcar branco, leite magro, fatias de pão mais finas e aumente a proporção das claras face às gemas. Experimente fazê-las no forno ou, se fritar, use uma boa quantidade de papel absorvente para eliminar a gordura. Bolo-rei Por conter frutas cristalizadas tem mais açúcar do que o bolo rainha e o bolo inglês. Mas estes também não são inocentes, uma vez que têm muita gordura. Retirar os frutos cristalizados e/ou secos da cobertura ajuda a reduzir o seu valor calórico. Arroz doce, aletria e leite-creme Faça-os com leite magro e diminua a quantidade de açúcar e de gemas. Com estas dicas conseguirá manter o seu peso e ter uma alimentação mais saudável nesta quadra. Lembre-se que o principal problema são os excessos que se cometem nesta altura do ano, portanto, não necessita de se privar das iguarias de que mais gosta.

A região ainda cultiva a tradição do presépio de Natal. Se no passado as figuras de Maria, José e de Jesus Menino tinham rosto comum ao mais simples dos mortais, hoje dá-se asas à criatividade. Em Joane, a Junta desafiou as associações para reutilizarem materiais e construírem os presépios de Natal. Uma dezena de instituições disse “presente” e o resultado salta à vista de quem passa no Largo 3 de Julho por esta altura natalícia. A montra de presé-

// ORA ESCUUIITA... AQUI TÃO PERTO! O passado já todos o conhecem ou pelo menos já está relatado, no pequeno texto deste mês decidimos antever um pouco o futuro e escrever sobre premonições e desejos culturais, acontecer já nos próximos meses! Ora escuita! MÚSICA GNOMON… O ponteiro solar indicou a hora e a nova sonoridade que criaram valeu-lhes logo à nascença o predestinado aplauso por parte de toda a crítica especializada. Assim, a ser lançado logo no inicio do próximo ano, “O Homem que Voava Baixinho”, o novo álbum da autoria de Tiago Machado e Carlos Ribeiro, dos Gnomon, está já disponível para pré compra no site: http:// www.massivemov.com/gnomon .

pios fica exposta no centro da vila até dia de Reis (6 de Janeiro). Em Ronfe, há quem não deixe cair a tradição do presépio público. Há meia dúzia de anos a Paróquia desafiou os ronfenses a organizarem-se por zonas da vila e construir um dos mais conhecidos símbolos de Natal. Na altura a iniciativa fez furor e os lugares competiam pelo mais lindo dos presépios. Com a passagem dos anos, a tradição foi-se esmorecendo e são poucos os lugares da freguesia que este ano construíram o “presépio público”.

Mesmo assim, há quem resiste. Exemplo disso são os moradores dos edifícios junto à sede da autarquia, como retracta a foto. Quem também deixou de organizar os presépios expostos em locais públicos foi a República dos Tesos, em Airão S. João. Naquela freguesia a tradição, contudo, cumpriu-se uma vez mais. Desta feita a tarefa foi atribuída às crianças, alunos da Escola do Roupeiro. Com a ajuda dos pais, foram feitos trinta presépios que estão expostos na igreja da freguesia de Airão S. João.

por: Henrique Ferreira

PARAGUAII Antecipando o concerto de estreia do dia 27 de Dezembro no CAAA, em Guimarães, a produtora Elephante MUSIC apresentou este fim-de-semana o debutante tema de estreia da nova banda Paraguaii. Intitulado She, este tema, que é da responsabilidade do colectivo liderado pelo músico-compositor joanense Giliano Boucinha, possui já a fragância e sensualidade necessária para definir a premonitória linha que orientará este novo projecto. Assumidamente melódico e ousadamente alternativo, a base de trabalho dos Paraguaii parece-nos assentar na mescla de sonoridades passadas que estão de certa forma ligadas a um novo tipo de experimentalismo que levará á união dos vários estilos. A MILE INTO THE VOID Lliderado por Pedro Zimann e António Soares [da banda Head Citizens] A mile into the void, trata-se de mais um promissor projecto autóctone que fará a sua estreia no próximo dia 17 de Janeiro no café concerto ALL, em Guimarães. Com uma tendência acústica que persiste, mas sem querer misturar os dois projectos em que estão envolvidos, a dupla de músicos compositores que integram esta nova banda alternativa promete, para além de inovar, manter-se fiel ao género que tão lhe apraz, que é o rock alternativo.

VELHAS GLORIAS DO LICEU DE JOANE… Antecipando um pouco a agenda dos concertos promovidos ao sábado à noite pelas Juntas de Freguesias e o grupo das Velhas Glórias do Liceu de Joane, hoje, deixamos também aqui ficar uma pequena amostra, já definida, para as actuações do próximo trimestre: No próximo sábado 27 de Dezembro, no auditório da antiga sede da Junta de Joane, teremos a já anunciada performance do grupo de dança Artistic Flame; No dia 03 de Janeiro, o salão paroquial de Vermil conta com a presença dos Pinguim Dragão; e a 31 de Janeiro, o Joannem Auditorium com actuação dos CoroMole. A 07 de Fevereiro, enquanto João Paulo Costa [a solo] leva o seu concerto pela primeira vez a terras de Airão S. João; os Pinguim Dragão regressam, para homenagear o palco que os viu ‘nascer’, à vila de Joane. Março, começa no dia 7 com actuação de cantora Rita Sousa em Stª Maria de Airão, para no final, concluir com o concerto de estreia da banda Black Tiger, no auditório da Junta de Freguesia de Joane! Como sempre! Vale a pena ver! Vale a pena ouvir! Bom ano 2015!

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NATAL ÚLTIMAS //

Encontro de Cantares Tradicionais Natalícios

OPINIÃO

Da pobreza do nascimento para a grandeza da festa Emília Monteiro | Jornalista

Na noite de 13 de dezembro o Centro Cultural de Joane transformou-se numa intimista sala de estar, num inigualável serão de músicas natalícias, assim se ilustra o 1º Encontro de Cantares Tradicionais Natalícios, organizado pelo Grupo Etnográfico Rusga de Joane. Desde o Minho através da Rusga de Joane, da Beira-Litoral pelo Grupo Etnográfico Região de Coimbra, até ao Douro pelo Rancho Folclórico de Paranhos, foram interpretados registos e recolhas musicais exclusivamente dedicados à época natalícia, como os cantares à Virgem Maria, ao Menino Jesus, às Janeiras e aos Reis. Desta forma, a Rusga de Joane ofereceu mais um evento característico da diversidade cultural da região, preservando esse legado do cancioneiro popular minhoto e das outras regiões apresentadas

É tanta a azáfama do Natal, dos embrulhos, das roupas, das luzes, do pai-natal, dos doces, do bacalhau e de tudo que tenho algum receio que nos esqueçamos do Menino Jesus. Sim, o Natal é o aniversário do Menino Jesus. E como diz o padre João Torres, criador e responsável pelo Presépio de Priscos, em Braga, “é preciso parar de dizer que o Natal é uma coisa fofinha”. E continua: “O Natal não é fofinho. É importante que as pessoas se lembrem que o Menino Jesus nasceu no meio do estrume, num estábulo”. Da pobreza do nascimento para a grandeza da festa natalícia. Tal como as coisas estão, o Na-

tal não une. O Natal excluiu. Socialmente, são criticados os que não enchem a casa, as varandas e o jardim de luzes a piscar; quem não compra prendas (não interessa o quê), quem não come e bebe como se não houvesse amanhã. Acho particularmente piada aos anúncios publicitários que dizem “compre no Natal e pague no resto do ano”. Não são fantásticas estas promoções? Enfim. E é isto: desejamos Boas Festas aos amigos e conhecidos, um bom ano novo, brincamos com um “não te engasgues com as espinhas” e, pronto, lá para o dia 27 de Dezembro tudo volta ao normal. As operadoras de telemóveis

agradecem o número que, todos os anos, bate o recorde das mensagens enviadas. As famílias ficam mais juntas. As lareiras acendem-se. Ainda se joga ao “rapa, tira, deixa e põe”. E as crianças, os ‘meninos Jesus’ de cada família, são o centro das atenções. PS: Chamam-me a atenção para a rabanadas e para a enormidade de receitas que existem. Depois das varandas floridas, das árvores decoradas, dos presépios não quererá a Junta de Freguesia lançar um concurso para ‘descobrir’ as melhores rabanadas? Fica a sugestão.

Em 2014 o RL contou a história da região

Bom 2015 DEZEMBRO DE 2014 // 27


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