ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO, Transpondo limitadores do espaço regular - Jardim Piratininga

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ABERT URA E SOBREP OSIÇÃO

transpondo limitadores do espaço regular

rennan de souza monteiro fau mackenzie transpondo limitadores do espaço regular

jd. piratininga 3

Leitura, análise e proposições para o território informal.

Jardim Piratininga

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Foto da capa: Grupo Questões Urbanas, 11.06.2018 - editação feita pelo autor.

Foto da contracapa: Grupo Questões Urbanas, 11.06.2018 - edição feita pelo autor.

Autorizo a reprodução parcial ou total deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

E-mail de contato do autor: rennanmonteiro13@gmail.com MONTEIRO, Rennan De Souza. Abertura e Sobreposição: transpondo fronteiras do espaço regular. Rennan De Souza Monteiro – São Paulo, 2018.

Orientadora: Lizete Maria Rubano Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie

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Um anseio pela falta de arquitetos no maior cenário construtivo do Brasil. Como compartilhar do nosso conhecimento com aqueles que também precisam porém não podem pagar por tal.

Pela arquitetura também na periferia urbana.

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Agradecimentos Agradeço a Universidade Presbiteriana Mackenzie e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, por terem me proporcionado novas experiências, momentos especiais que levo comigo e a possibilidade de conhecer pessoas incríveis ao longo do curso.

Obrigado a todos os amigos e familiares que estiveram comigo nessa jornada, sempre me dando apoio e possibilitando momentos de descompressão, e que tenho imenso carinho.

Agradeço:

Aos amigos e família:

A professora Lizete Rubano, a qual tenho muito carinho, pela oportunidade dada e pela orientação deste trabalho, sempre se mostrando solícita, muito paciente e compreensiva durante todo o ano. Além de enriquecer em muito este trabalho e aumentar a minha capacidade crítica e transformar minha visão sobre arquitetura.v

Da turma A, com quem passei a maior parte do tempo, agradeço por me receberem tão bem durante minha transição de turma.

Da turma B, por me acolherem como “agregado” em muitos rolês e idas ao kenzie nas sextas à noite.

Da turma E, por estarem lado a lado ao longo de todo o período na faculdade.

E a turma F, onde tudo começou e de onde levo muitos amigos.

Da A.A.A. Mackenzie, em especial ao time de futebol, com quem tive o prazer de vestir a camisa e jogar ao lado.

Allan, Kaue e Victor, pelos momentos fora da faculdade. Em especial aos dois últimos, que me ajudaram na concepção do trabalho.

Agradeço ao professor Antonio Claudio Fonseca, pelas orientações e por sempre se mostrar compreensivo, além de contribuir intelectualmente questionando e dando apoio à resolução deste trabalho a partir de nossas conversas.

Agradeço ao querido professor José Luiz Tabith Jr. por tornar possível a minha primeira experiência profissional na área.

Além grande professor, também um grande chefe e amigo, compreensivo e com quem aprendi muito.

A minha família pelo apoio e incentivo nos momentos bons ou ruins, sempre me mostrando o lado bom da vida.

Agradeço também a todos os professores e orientadores que encontrei durante minha caminhada acadêmica, sem exceção.

Agradeço a Aya Saito, Luciano Abbamonte e Kassio Massa, pela ajuda e contribuição no desenvolvimento do trabalho.

Agradeço ao meu irmão Leandro e especialmente aos meus pais, Maria e Francisco, pelo apoio, pela ajuda e pelas conversas, sempre com muito cuidado e carinho durante todas as noites “viradas”.

Além da sorte que sempre esteve ao meu lado.

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Resumo

Abstract

Este é um trabalho de leitura, análise e questionamento do espaço urbano periférico da cidade de São Paulo, com ênfase na zona leste paulistana, mais precisamente nos bairros do Jardim Piratininga e Cangaíba. O modo como as infraestruturas urbanas se sobrepuseram no território gerando áreas fragmentadas na cidade, indicam uma situação peculiar no Jardim Piratininga. Esse território marcado por suas fronteiras e ausente de urbanidade, possui características notáveis do ponto de vista social. Os hábitos da sociedade ali inserida denotam certa força nos eventos cotidianos da população. A partir da identificação dos percursos diários dos moradores, buscou-se propor novas situações/abordagens para o território, a fim de romper as fronteiras existentes e questionar seu aspecto segregatório hoje. Levando em conta sempre as pré existências e a possibilidade de atribuir urbanidade através delas.

This is a work of reading, analysis and questioning of the peripheral urban space of the city of São Paulo, with emphasis on the eastern region of São Paulo, more precisely in the neighborhoods of Jardim Piratininga and Cangaíba. The way in which the urban infrastructures overlapped the territory generating fragmented areas in the city, indicate a peculiar situation in Jardim Piratininga. This territory marked by its borders and absent from urbanity, has notable characteristics from the social point of view. The habits of the society there inserted denote a certain force present in the daily events of the population.

From the identification of daily journeys, the research tried to propose new situations / approaches for the territory, in order to break the existing borders and question its segregatory aspect today. Taking into account always the pre-existences and the possibility to attribute urbanity through them.

Palavras chave: Apropriação, autoconstrução, conexão, corporeidade, cotidiano, estranhamento, fronteiras urbanas, hábitos, lazer, paisagem, percurso, periferia, transposição, vazio.

Keywords: Appropriation, self-construction, connection, corporeity, daily, estrangement, urban bondaries, habits, recreation, landscape, route, periphery, transposition, empty.

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foto: Grupo Questões Urbanas

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1. introdução e

contextualização Este ensaio aborda uma série de questionamentos levantados a partir da necessidade de atribuição de uma qualidade urbana para as áreas carentes de desenvolvimento na periferia de São Paulo, com ênfase na região leste e nas áreas vulneráveis, onde encontramos diversas questões urbanas particulares ao território geradas a partir do assentamento precário de infraestrutura.

Foto: Leonardo Gobbi, 2015

Os termos sob e sobre, tem referência direta com os projetos de intervenção na área de estudo. O sob, e através, representa a proposição da ampliação das aberturas existentes e implantação de um programa complementar rompendo o muro da CPTM. Enquanto o sobre representa a proposição sobre a linha férrea, com o projeto das transposições entre os dois lados da barreira.

Em função da falta de oportunidades de novas moradias em regiões melhores providas dessa qualidade urbana, milhares de famílias se veem na necessidade de ocupar áreas distantes, ou não exploradas pela cidade.

Assim será abordado também como a autoconstrução tornou-se o principal meio de se produzir moradias nas periferias, compondo a típica paisagem encontrada hoje nas favelas e nos bairros populares da cidade. Sendo a materialidade explorada de maneira a explicitar o nível monetário e a condição técnica dos grupos sociais que se encontram nos bairros dessas regiões.

1. introdução e contextualização

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Esses questionamentos fazem alusão a uma falta de urbanidade desses bairros menos favorecidos, como dito anteriormente com foco na zona leste, e levaram a uma experimentação de conceitos e estratégias – urbanas e arquitetônicas - visando a melhoria dos “nós” que ocorrem hoje de maneira espontânea entre moradia e infraestrutura urbana.

A área de estudo me fez encarar a relação moradia e infraestrutura urbana com maior cuidado, levando-me a propor novas intervenções para essa relação que destaco, e que me chamou atenção por seu grau de complexidade.

Estes “nós” acabam por se caracterizar como limites ou fronteiras urbanas. Ao lado do parque ecológico do Tietê e seu canal de circunvalação, marcado pela passagem da linha Safira da CPTM e cortado por uma linha de transmissão da AES Eletropaulo, encontra-se o Jardim Piratininga, vizinho do jardim Cangaíba e que faz parte da subprefeitura da Penha.

A monografia está dividida em 10 capítulos ou assuntos principais.

No primeiro, há uma breve introdução aos aspectos centrais do trabalho, bem como a apresentação do local escolhido e o levantamento crítico acerca da atuação de arquitetos e urbanistas no território informal.

O segundo irá abordar questões relativas ao histórico e à formação do bairro, a ocupação do território, a implantação das grandes infraestruturas e sua influência ao longo do tempo, o perfil social e a importância dos bairros vizinhos.

O terceiro, será uma tentativa de explorar os significados de alguns termos que podem estar associados à situação atual do Jardim Piratininga, buscando-se extrair um sentido diferente que possa servir como nova interpretação no decorrer desta narrativa.

Foto: Leonardo Gobbi, 2015

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1. introdução e contextualização

O quarto capítulo, “composição de elementos reais” buscará caracterizar física e simbolicamente a área, apoiado em registros fotográficos e peças gráficas a fim de introduzir cada vez mais o leitor à problemática e ao cotidiano local de maneira sensível. O processo de composição dos elementos foi definido como “imagenologia”.

O sexto, nomeado como transposições, irá desenvolver aspectos teóricos aplicados à reflexão sobre o local, e ali serão abordadas questões como paisagem, o estranhamento, a apropriação e o corpo.

O sétimo, trata das hipóteses de intervenção elaboradas ao longo de um ano para o local, bem como da produção projetual e gráfica elaboradas como forma de pensar a área.

Enquanto oitavo, nono e décimo, correspondem respectivamente aos apêndices, considerações finais e referências.

1. introdução e contextualização

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foto: Leonardo Gobbi, 2015 foto: Grupo Questões Urbanas

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2. resquícios urbanos PRELÚDIO, UMA CONEXÃO COM O PASSADO

O desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo ao longo das décadas reflete-se, hoje, em uma dinâmica territorial irregular ou desordenada, se assim podemos dizer. As ocupações durante o processo de urbanização, por muito tempo, privilegiaram o desenvolvimento das áreas centrais da cidade, principalmente por interesses econômicos e políticos, o que resultou em um crescimento urbano desordenado e em um desequilíbrio territorial entre as ofertas das áreas centrais e o vazio de urbanidades das periferias.

ções precisas sobre o local, faz com que relatos dos moradores mais antigos sejam cruciais para uma maior concentração de informações sobre o local e para o resgate de seu significado no tempo.

Para compreender um pouco mais o histórico local, irei abordar, brevemente, a expansão da mancha urbana em região da periferia de São Paulo. Como houve uma necessidade - por parte das classes de baixa renda- de ocupar essas áreas enfrentando restrições legislativas e risco, acaba-se por identificar fragilidades e vulnerabilidades específicas e resultantes desse processo.

Primeiramente devemos entender que a estruturação da metrópole paulistana é resultado de um processo histórico que envolveu a ocupação urbana e a topografia do planalto paulista.

(MEYER; GROSTEIN; BIDERMAN, 2004, p. 34) Os autores afirmam que na análise de Richard Morse1, a expan-

2.1. EXPANSÃO DA MANCHA URBANA NA PERIFERIA DE SÃO PAULO

são metropolitana foi determinada por eixos bem definidos, articuladores e entroncamentos, funcionando como “artérias” ao longo do território, definindo uma característica arterial e centrípeta.

Também é importante focar a história do surgimento do bairro do Cangaíba, que foi de grande influência na ocupação do Jardim Piratininga e que é fundamental na manutenção deste bairro até hoje.

Essa característica da metrópole confronta-se ao longo de todo o século XX com o núcleo urbano central, onde se concentravam as principais forças da metrópole. Assim o reconhecimento desta polarização e a conformidade do território demonstram

Por último serão feitas análises com base cartográfica da área de estudo e como esta foi ocupada. A ausência de informa-

1. Richard McGee Morse foi um pensador norte-americano especialista em América Latina, com ênfase no aspecto histórico-cultural. Muito reconhevcido no país por suas contribuições para a cultura nacional. Fonte: The New York Times. Traduzido pelo autor.

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Imagem: Expansão da mancha urbana do município de São Paulo [GROSTEIN, M. D. A cidade clandestina: os ritos e os mitos. Tese de Doutoramento. Faculdade]

um pouco da dinâmica organizacional da cidade, e consequentemente da metrópole que viria.

A implantação do sistema de transporte ferroviário2 a partir de 1867, com a inauguração da São Paulo Railway, ligando o porto de Santos a Jundiaí, funcionou como elemento estimulante dessa dinâmica. (MEYER; GROSTEIN; BIDERMAN, 2004, p. 34) Como citado por diversos autores, enquanto ocorria a expansão do território metropolitano, o sistema de transporte ferroviário – por muito tempo o estruturador da distribuição da produção agrícola - acabava por favorecer a urbanização dos bairros centrais da capital, até ganhar características de transporte público.

A produção industrial passa a impulsionar o processo de expansão da cidade, além de ter marcante participação no início de sua formação, dando traços do que seria a organização sócio espacial. A economia da produção industrial regeu o processo de expansão, num primeiro momento, entre as décadas de 1940 e 1960, quando se verifica um significativo aumento populacional. O parque industrial paulista consolida-se em 1950 e, com ele, o que viria a se chamar de Grande São Paulo.

Imagem disponível em: http://projetoterra7a.blogspot.com/

2. O sistema era composto por 5 principais ferrovias: São Paulo Railway, Companhia Paulista, Estrada de ferro Sorocabana, Companhia Mogiana e a Estrada de Ferro Central do Brasil.

2010/09/urbanizacao-tardia.html

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(...) com a mudança na escala das demandas habitacionais para o assentamento de expressivos contingentes de trabalhadores atraídos pela oferta de empregos da metrópole. Criavam-se assim condições necessárias para a consolidação do padrão periférico de expansão urbana, processo confirmado pelas densidades demográficas de ocupação urbana no município. (MEYER; GROSTEIN; BIDERMAN, 2004, p. 34)

Entre o final dos anos de 1940 e início dos anos de 1950, o trânsito em São Paulo já apresentava um grande número de veículos. A má distribuição na oferta dos transportes deixou por muito tempo algumas áreas desprovidas de serviços.

Foto: viaduto do Brás, site ônibus & Cia.

O crescente adensamento metropolitano acabou evidenciando alguns elementos que ajudaram a entender o comportamento socioespacial da metrópole. A partir da precariedade da malha urbana e do deslocamento da função residencial para áreas recém urbanizadas e mal providas de infraestrutura e com o aumento da especulação do mercado imobiliário considerando-se o preço da terra, ocorre uma dispersão intensiva do padrão periférico. Essa condição é evidente até os dias atuais, acentuando-se com intensidade, ainda que tenham se alterado as condições centrais da produção da vida material.

“Outro fato marcante da vida urbana de São Paulo, inicialmente enquanto cidade e mais tarde já na condição de metrópole, foi o intenso crescimento populacional que acompanhou a expansão físico territorial.” (MEYER, Regina, 2015, p. 10)

Um dos primeiros trens do sistema de transporte ferroviário de São Paulo.

Foto: livro Metrópole, 2010.

O padrão periférico de urbanização, com o foco de suas principais atividades econômicas localizadas no centro e nos grande eixos de desenvolvimento ao longo das décadas, evidenciou o caráter periférico de ocupação por parte das classes menos privilegiadas e desprovidas de infraestrutura básica.

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O provimento de habitação popular através de grandes conjuntos habitacionais construídos em glebas periféricas desprovidas da urbanificação necessária, sobretudo a leste do município, ao lado da intensa atividade de parcelamento do solo através de loteamentos populares, ampliaram a dimensão física dos problemas e aprofundaram as contradições sócio-espaciais da metrópole. (MEYER, 2015, p. 12)

2.2. SURGIMENTO DO BAIRRO CANGAÍBA A narrativa do histórico local buscou embasamento no Arquivo Histórico de São Paulo fornecido pela Prefeitura de São Paulo, além de relatos fornecidos pelos moradores do próprio bairro e região.

O avanço de São Paulo em direção à região leste inicia-se em torno da estrada de ferro São Paulo Railway, de 1867, sendo a conformação inicial, no sentido leste oeste, fortemente influente sobre a estrutura urbana.

Aqui o principal fator da distribuição social diante do território físico era o mercado imobiliário, definindo os lugares mais atrativos da cidade. Sendo as áreas localizadas nos chamados limites urbanos, ou fronteiras urbanas, desvalorizadas e ocupadas consequentemente pela população de baixa renda.

A ligação das regiões periféricas às centrais foi conduzida e consolidada por diversos meios, dentre os quais se destacou a infraestrutura de transportes, ainda que recorrentemente precária. Marcado pela hierarquização físico espacial e social, o transporte público foi um dos principais elementos de reforço dessa dinâmica. A ocupação dos lotes periféricos de baixo custo, atrelada ao sistema de transporte público da metrópole, incentivou os movimentos pendulares diários.

“Pode-se afirmar que grande parte desse incremento da área urbanizada ocorreu pela multiplicação de loteamentos populares.” (MEYER; GROSTEIN; BIDERMAN, 2004, p. 45)

Destaca-se, dessa maneira, o fato de a expansão da mancha urbana ter, essencialmente, aspectos físico territoriais, óbvios, e econômicos.

A implantação da infraestrutura urbana, com base na dinâmica de ocupação periférica, desencadeia o papel de articulação territorial necessária à vida cotidiana das pessoas: os fluxos diários marcados pela lógica moradia trabalho.

Logo expansão urbana e as chamadas “ocupações irregulares” estariam diretamente associadas. Em função da oferta habitacional da época, a ocupação de lotes regulares era vista como complicada para grande parte da população de baixa renda, o que levou a ocupação das áreas mais afastadas da cidade, menos favorecidas ou até mesmo sem infraestrutura urbana, sendo as regiões periféricas vistas como a única possibilidade de acesso à moradia para a classe trabalhadora.

O surgimento e crescimento do bairro do Cangaíba apresenta-se em paralelo ao processo de expansão da mancha urbana de

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De acordo com os dados do AHM3 de São Paulo, os primeiros indícios de ocupação da área do Jardim Piratininga e da Vila Mesquita datam de 1920, com as vilas Londrina, Rui Barbosa, Araguaia, entre outras, ficando sendo ao norte da principal estrada notável da época, que viria a ser denominada hoje como Avenida Assis Ribeiro, o surgimento do Jardim Piratininga, da Vila Mesquita entre outros.

refletindo em mudanças nos padrões de deslocamento cotidiano e nos hábitos da população.

O bairro encontrou muitas dificuldades de ocupação, apesar da proximidade com a penha, suas características topográficas (terreno íngreme) e as várzeas do Tiquatira e do Tietê. Essas condições revelavam claros aspectos desfavoráveis para o local.

Até que em função de uma grave enchente em 1929, foram feitos diversos pedidos à Prefeitura para autorização da isenção parcial de impostos da área. Visto que serviços de saneamento básico e coleta de lixo, não eram colocados em prática de maneira efetiva, como afirmavam os moradores.

Com os estudos de retificação do rio tietê, ao norte, o bairro permaneceu à margem das intervenções. A paisagem da várzea contou com diversas transformações em sua história, decorrentes do processo de desenvolvimento dos bairros adjacentes e em função de sua proximidade com um grande eixo de ligação da cidade, a linha Safira da CPTM.

Como afirma Rolnik (2001), as ocorrências da atividade industrial na Zona Leste é onde se sente com mais contundência a transformação industrial, pelo desaparecimento do emprego, da identidade operária e pela desintegração do próprio espaço urbano anteriormente estruturado pela indústria.

Sobre o tipo de loteamento que foi realizado durante o processo de formação da periferia de São Paulo, como na Zona Leste da capital. Bonduki (1979) enfatiza a lógica do processo de loteamento em função do público alvo para quem iriam ser vendidos os lotes, sendo responsáveis pelo processo, loteadores e proprietários de terra.

Como afirma o AHM, a zona rural da qual fazia parte o Cangaíba acabou sendo ocupada lentamente. A ocupação das grandes áreas por parte da indústria (Cia. Nitro Química, Cisper e Gelosul), marcou impactos na paisagem. Estas fábricas ocupavam predominantemente os bairros vizinhos de Ermelino Matarazzo, São Miguel e Parque Cisper. Estabelecendo assim novas perspectivas de desenvolvimento para região, além dos novos marcos industriais na paisagem rural, junto às margens do Tietê e da linha de trem.

“Até meados da década de 1960, a figura do proprietário da gleba e do empreendedor geralmente se confundiam numa só. O proprietário empreendia o loteamento como pessoa física ou então o empreendedor comprava a gleba para em seguida loteá-la. Essa situação foi, no entanto, se modificando devido entraves de ordem tributária, como a obrigatoriedade de constituição de firma no empreendimento de loteamentos e ao preço da gleba do município de São Paulo, que sofreu grande elevação. Em virtude disto passou a pre-

Além dos novos marcos na paisagem, as constantes alterações reforçam as diferenças territoriais e econômicas em relação a outras partes da cidade. Historicamente a atuação das esferas públicas na periferia intensifica as barreiras territoriais. Esse desequilíbrio relativo à atuação das esferas públicas na região 3. AHM (Arquivo Histórico Municipal) é o departamento responsável pela guarda permanente, identificação, ordenação, conservação e divulgação do valioso conjunto documental produzido pela administração pública municipal desde meados do século XVI até a primeira metade do século XX. Fonte: Prefeitura de São Paulo.

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A criação do Campus Leste da Universidade de São Paulo e alterações nos serviços prestados pela CPTM4, principalmente com a ampliação do alcance da linha e mais tarde a partir da reforma da estação Engenheiro Goulart, estabelecendo uma nova conexão com o aeroporto de guarulhos, complementam, assim, o cenário de grandes mudanças dos últimos 30 anos.

A ocupação das áreas de várzea, por décadas, foram notáveis na expansão da metrópole. No caso Cangaíba e posteriormente ao Jardim Piratininga, a ocupação dessas áreas e as adaptações que a mesma exigem, foram consequência de um crescimento urbano horizontal desordenado, vinculado à segregação socioespacial devido à supervalorização das áreas centrais e da ausência das condições que a urbanização acelerada exigia na época.

Como coloca RÚBIO (2014), a rejeição desses lugares por suas características metamórficas e baixo custo da terra viabiliza as indústrias, ferrovias, operários e migrantes que chegaram à metrópole. No caso de Cangaíba, o crescimento dos aglomerados urbanos em condições precárias configura um ambiente hostil.

dominar o sistema de concessão, mecanismo que consiste na associação do proprietário com o loteador, cada qual exercendo um papel distinto e repartindo entre si os lucros do empreendimento.

Frequentemente o proprietário entra no negócio apenas com a gleba, enquanto que todos os demais encargos competem ao loteador: projeto do loteamento, aprovação, obras de terraplanagem, arruamento e demais benfeitorias exigidas pela lei, elaboração do plano de vendas, determinação do preço e das prestações, contato com os corretores, recebimento das prestações e serviços relacionados com a cessão de escritura de compra e venda” (BONDUKI, 1979, p. 41)

A partir daí a região não adotou grandes mudanças em sua morfologia territorial até a década de 1970, prevalecendo a marcante ocupação residencial rumo a Engenheiro Goulart. Esta ocupação não era feita de maneira totalmente efetiva, mantendo assim grandes terrenos vazios a nordeste.

A década de 1980 é muito importante para a área, pois marca o fim do isolamento da região em relação aos outros bairros da cidade. A implantação de projetos urbanos de grande porte e de impacto regional e metropolitano seriam os principais responsáveis por esse rompimento físico e social.

A inauguração do Viaduto Cangaíba, a canalização do Córrego Tiquatira até o Rio Tietê; a nova via de ligação às marginais, Guarulhos e São Miguel, Avenida Governador Carvalho Pinto; a Rodovia dos Trabalhadores (hoje denominada Ayrton Senna da Silva); a criação do Parque Ecológico do Tietê; marcam assim uma década de grandes mudanças na região, ditando o ritmo de mudanças dos próximos anos.

4. Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

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Cangaíba e Avenida Doutor Assis Ribeiro à esquerda, linha safira da CPTM ao centro e estação Engenheiro Gourlart e Parque Ecológico do Tietê ao fundo e à direira.

2.3. OCUPAÇÃO E DESENVOLVIMENTO: JARDIM PIRATININGA

Rodovia Ayrton Senna Lado Oeste (sentido centro): Ponte Rasa Acesso à Guarulhos via avenida Gabriela Mistral Lado Leste: Estação Engenheiro Goulart USP Leste Acesso à Guarulhos São Miguel Paulista Sub-bacias: Bacia PENHA-PINHEIROS Região da barragem penha Cabeceira da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê

Localização: APA5 - Várzea do Rio Tiête Distrito: Cangaíba Subprefeitura: Penha Região Administrativa: Leste Lado sul: Avenida Dr. Assis Ribeiro, que se estende ao longo da linha 12 da CPTM. Bairro do cangaíba e alto do vale.

Lado norte: Divisa com Guarulhos Parque Ecológico do Tietê 5. APA, Área de Proteção Ambiental.

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O Jardim Piratininga não possui relatos históricos precisos sobre sua formação, bem como seu desenvolvimento ou informações detalhadas sobre sua ocupação. Desta maneira, a melhor narrativa dos fatos ocorridos, por enquanto, foi construída por meio de relatos dos próprios moradores sobre como se deu todo o processo de formação do Jardim.

Outro modo de comprovar as mudanças físicas no território, que consequentemente geraram impactos nos hábitos locais e que definiram o perfil de ocupação da população, deu-se através de cartografias históricas disponíveis no arquivo da prefeitura da cidade de São Paulo.

Estes dados são como pistas e comprovações das transformações do local, reforçadas elementos gráficos fiéis aos acontecimentos datados.

Rio Tietê, dos limites do bairro.

Fonte: Grupo Questões Urbanas

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2.3.2. BASES CARTOGRÁFICAS SARA6 1930 tração do que provavelmente seriam as primeiras residências e pequenos comércios da época.

Dentre os principais aspectos da morfologia local e da composição do território nesta primeira fase, podemos destacar o Rio Tietê em sua configuração inicial sinuosa, antes de sofrer o processo de retificação e o córrego do Tiquatira antes do seu processo de canalização. A presença das primeiras vias de conexão, juntamente com suas ruas adjacentes implantadas em função do relevo acidentado, estruturaram o processo de ocupação, bem como a implantação da linha 12-Safira, da CPTM, sendo sua construção iniciada em 1921 e inaugurada apenas em 1934.

Além do bairro da Penha, podemos destacar como parte desse estudo, as primeiras ocupações do que seria o Jardim Piratininga em sua conformação inicial. A mesma área hoje corresponde predominantemente ao Jardim Piratininga e parcialmente ao Jardim de Lorenzo.

Como grande parte da região ainda por ocupar, uma das principais características da área era a distância entre os loteamentos. Como as primeiras e principais vias de conexão entre os primeiros bairros da década podemos destacar a Estrada do Cangaíba e a Variante Projetada EFCB, se que tornaria-se futuramente a Avenida Dr Assis Ribeiro.

Até a década de 1930 as ocupações da Zona Leste da cidade estavam em sua fase inicial, sendo ainda predominantemente marcada pela área rural e estradas de terra. Sendo a principal área destacada o bairro da Penha era uma centralidade, mais precisamente a Rua da Penha, por uma concen-

Jardim Piratininga e suas 2 primeira construções a norte.

Mapa: Sara 1930, Fonte: Geosampa, Prefeitura de São Paulo

6. Sara Brasil é um levantamento pioneiro feito com uma técnica chamada aerofotogrametria, que consiste num mapeamento feito a partir de fotos áreas. O trabalho foi realizado entre 1928 e 1933 pela empresa italiana Societá Anônima de Rilevamenti Aerofotogrammetrici – SARA. O projeto fez com que São Paulo fosse a primeira cidade no mundo a produzir cartas detalhadas em escala 1:1.000, impressas também em 1:5.000. Fonte: Prefeitura de São Paulo.

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Parte da região leste de São Paulo, com foco na linha férrea e nos bairros da Penha e Jardim Piratininga Mapa: Sara 1930, Fonte: Geosampa, Prefeitura de São Paulo editado pelo autor

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VASP 1954 No ano de 1954, no levantamento realizado pela VASP, podemos notar algumas mudanças no território. Dentre as principais mudanças, o aumento da densidade construtiva e o desenvolvimento da região com relação à ocupação das áreas vazias.

Nesta década o Rio Tietê ainda encontrava-se em seu percurso natural, a linha férrea inaugurada e o córrego do Tiquatira ainda não retificado, com sua margem não ocupada. Também é importante notar agora a presença do “linhão”, a linha de transmissão de energia que atravessa o território urbano e marca até hoje a paisagem local.

Podemos notar alguns vestígios do que seriam as primeiras ocupações do outro lado da linha do trem. A atual Vila Santo Henrique que faz fronteira com a cidade de Guarulhos, marca o primeiro movimento de ocupação irregular e informal além da fronteira da linha férrea, a ocupação próxima à margem do rio torna-se-ia um movimento comum para a região, influenciando na formação dos bairros que hoje ali se encontram.

7. Viação Aérea São Paulo.

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Parte da região leste de São Paulo, com foco na linha férrea e no bairro do Jardim Piratininga Mapa: VASP 1954, Fonte: Geosampa, Prefeitura de São Paulo editado pelo autor

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GEGRAN 1973-1981 O levantamento realizado entre 1973 e 1981, contratado pelo GEGRAN, mostra que a região nesse momento encontrava-se consolidada no que se refere à ocupação, com uma intensa densidade construtiva. Nenhuma modificação muito relevante do ponto de vista morfológico foi observada.

As ocupações às margem do córrego do Tiquatira agora aparecem com mais proximidade.

Novas ocupações começam aparecer além da fronteira da linha férrea. A Vila Santo Henrique e Jardim Santo Onofre (ou popularmente conhecido como São Francisco), começam a tomar forma.

Além das novas aberturas de manutenção da linha férrea, o que viria a se tornar as aberturas existentes hoje no Jardim Piratininga.

8. Grupo Executivo da Grande São Paulo. Responsável pela encomenda da elaboração do Sistema Cartográfico Metropolitano da Grande São Paulo, Gegran/73.

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Parte da região leste de São Paulo, com foco na linha férrea e no bairro do Jardim Piratininga Mapa: GEGRAN 1973-1981 editado pelo autor

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IBGE 1988 No mapa de vegetação do IBGE de 1988, não existem dados sobre as ocupações e/ou edificações, apenas informações sobre a infraestrutura de transporte e a vegetação local. Porém é possível identificar uma mudança considerável da região, a retificação do rio Tietê e a implantação da Rodovia Ayrton Senna.

Delimitando os novos contornos da região em divisa com Guarulhos. É notável a criação do canal de circunvalação que desenha o contorno do limite daquele que seria hoje Jardim Piratininga. O traçado das primeiras e novas ruas para o bairro foram projetadas nesse período, estabelecendo aqui a conexão com o Jardim São Francisco. Do outro lado do canal a projeção da Via Parque também estava delineada.

9. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

PARQUE ECOLÓGICO

Parte da região leste de São Paulo, com foco na linha férrea e no bairro do Jardim Piratininga Mapa: IBGE 1988 - Vegetação fonte: Geosampa editado pelo autor

JARDIM PIRATINGA

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MDC 2004 Dando um salto para o ano de 2004, com a criação do Mapa Digital da Cidade e a disponibilização das ortofotos, podemos visualizar agora a metamorfose do território com um maior grau de detalhamento gráfico, e comprovar as mudanças identificadas se comparadas às cartografias anteriores.

A morfologia urbana aqui está consolidada, principalmente em função das grandes áreas habitacionais horizontais, dos elementos de infraestrutura urbana e dos elementos naturais do território.

Aqui a área foco do estudo, o Jardim Piratininga, encontra-se o mais próximo de sua configuração atual. A sua intensa ocupação irregular possui algumas características que diferem do outro lado da linha do trem. Assim encontra-se em uma área de ZEIS 1 - L001, de contenção urbana, Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental, Macroárea de Controle e Qualificação Urbana e Ambiental.

Dentro das limitações que essas cartografias possuem, a tentativa de extrair o máximo de informações que estas podem oferecer, é fundamental no processo de entendimento gráfico/ espacial das transformações do território ao longo das décadas.

Atreladas às declarações e aos relatos dos habitantes locais que ajudaram o crescimento do Jardim, podemos chegar o mais próximo dos acontecimentos ao longo da história da região.

Jardim Piratininga e entorno Mapa: Ortofotos 2004 fonte: Geosampa MDC editado pelo autor

10. Mapa Digital da Cidade.

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

Parte da região leste de São Paulo, com foco na linha férrea e no bairro do Jardim Piratininga Mapa: Ortofotos 2004 fonte: Geosampa MDC editado pelo autor

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Jardim Piratininga, ínicio das reformas no muro da Cptm. Antecede o período de expansão das entradas. foto: Leonardo Gobbi, 2015

2.3.3. NARRATIVA DA HISTÓRIA A primeira residência localizada na única via do período, que viria a se tornar hoje a Rua Olga Artacho, pertencia ao Sr. Aldo.

Este muito provavelmente teria sido o primeiro morador do Jardim Piratininga.

Um pequeno documentário realizado pela associação PANOÁ, em 2014, sobre o Jardim Piratininga e sobre o Jardim São Francisco localizados na Zona Leste Paulistana, busca elucidar um pouco da história do bairro por intermédio de uma série de entrevistas com as pessoas que participaram da formação do Bairro.

Sem passarela, a única passagem era pela linha do trem, em nível, responsável por muitas mortes no início de formação do Jardim. Apesar da construção de um muro e a implantação de passarelas para resolver o problema causado pelas travessias, os moradores locais acabaram por fazer uma abertura no muro, para reduzir o tempo de travessia, mesmo com a passarela já construída.

Os primeiros relatos sobre a área de estudo, afirmam que se tratava de uma chácara, a “Chácara do Sr. Benja”, que se caracterizava por algumas plantações, uma “lagoa”, a presença de alguns animais, principalmente urubus, além do acúmulo de lixo. A propriedade da chácara era de uma família muito antiga e tradicional, donos de uma Metalúrgica.

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“

“

Quando você escutava o barulho do trem, ele já estava em cima de você. Não tinha como correr.

Afirma Zezinho, morador do bairro desde o ano de 1969, sobre as mortes ocorridas nos anos iniciais de formação do bairro.

A partir desses acontecimentos houve uma intensificação no processo de ocupação do Jardim Piratininga. A vinda principalmente de moradores dos bairros adjacentes e até mesmo de outros estados do Brasil, marcaram esse intenso processo de ocupação do Jardim. As edificações e o processo de loteamento irregular, contava com a ausência de escritura, sendo que o único documento que os moradores possuíam para comprovar a posse de suas residências eram contratos de compra e venda.

falta da atuação da esfera pública na área. Os problemas locais evidenciam a ausência de urbanidade em regiões carentes de uma rede de infraestrutura eficaz.

Como afirma ROLNIK (2001), dar novas formas, funções e incentivo à sociabilidade para os espaços apartados da cidade formal é a contribuição que o urbanismo pode oferecer em contraposição às diversas falhas ocorridas em décadas passadas. Há uma necessidade emergencial e latente nas cidades contemporâneas de intervenções que possuam arquitetura e planejamento urbano essencial de novo tipo, de projetos que promovam a necessária função social. Torna-se imprescindível a ação de políticas públicas a fim de contornar a lógica do setor imobiliário privado, incorporando benefícios à esfera local, representados pela melhoria da infraestrutura pública.

Hoje apesar das diversas modificações no Jardim Piratininga, a situação local ainda é muito precária. A falta de uma rede de coleta de lixo eficiente, o intenso processo de autoconstrução que marca a paisagem do lugar, juntamente com a falta de assistência técnica durante o processo de construção das casas, a falta de espaços de lazer para os moradores, reforçam a

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2. resquícios urbanos

2.3.4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA Ao longo dos estudos sobre autoconstrução e acerca do local, foi notória a presença de fronteiras (barreiras) urbanas no jardim Piratininga. Esses limites influenciaram durante o processo de ocupação irregular desordenada e ausente de auxílio técnico adequado, gerando a morfologia atual da área.

A seguir iremos análisar uma série de fatores que compõe a dinâmica da área.

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Mapa de análise urbana.

Base: MDC, via Geosampa. Editado pelo autor.

Mapa de análise urbana.

Base: MDC, via Geosampa. Editado pelo autor.

azul: canal de circunvalação preto riscado: linha férra preto com triangulos: linha de transmissão

vermelho: corredor de ônibus vinho: percurso de onibus local preto: faixa exclusiva de ônibus

FRONTEIRAS URBANAS

TRANSPORTE PÚBLICO

As fronteiras possuem um caráter muito influente no local, sendo notáveis: a linha de transmissão, a linha do trem, o canal de circunvalação, a rodovia Ayrton Senna e a Avenida Assis Ribeiro.

Realizando algumas análises do local com base em mapas de transporte local, podemos notar a presença de corredor e ciclovia nas principais avenidas que margeiam a área de intervenção, sendo presente em apenas uma pequena parte da mesma.

O acesso muitas vezes se torna perigoso e/ou inviável em função das fronteiras urbanas. O que também dificultam o acesso ao lazer, visto que o parque ecológico se encontra imediatamente a norte da região.

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Mapa de análise urbana.

Base: MDC, via Geosampa. Editado pelo autor.

Mapa de análise urbana.

Base: MDC, via Geosampa. Editado pelo autor.

amarelos: residencial laranja: residencial + comércio vermelho: comércio azul médio: residencial vertical azul claro: escolas

verde: áreas com predominância vegetal circulos verdes: árvores identificadas

USO DO SOLO

ÁREAS VERDES

O uso do solo é predominantemente marcado pelo uso habitacional horizontal, com intença ocupação no jardim Piratininga. Existem resquícios da atividade industrial das décadas passadas, além de áreas com misto entre habitação e comércio.

A maior extensão de área verde da área se da a norte da linha férrea, nas margens do Rio Tietê e no Parque Ecológico do Tietê. Quanto a arborização local, a maior concentração encontra-se na Avenida Doutor Assis Ribeiro, mais precisamente no canteiro central.

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

Mapa de análise urbana.

Base: MDC, via Geosampa. Editado pelo autor.

Mapa de análise urbana.

Base: MDC, via Geosampa. Editado pelo autor.

cículo vermelho: acessos preenchimento vermelho: equipamentos do bairro setas vermelhas: fluxos

cinza escuro: alta densidade cinza médio: média densidade cinza claro: baixa densidade

FLUXO E PARADAS

DENSIDADE

Os principais fluxos dentro do bairro são em direção as aberturas do muro, na rua Olga Artacho, e vão até os equipamentos no cangaíba ou para a estação de trem Engenheiro Goulart.

Por se tratar de uma extensa área residencial horizontal, a densidade local é consideravelmente alta. Sendo no lado sul da linha férrea em torno de 14 mil habitantes po km2, enquanto que no jardim Piratininga a densidade é superior, devido ao processo de ocupação desordenado, com uma média de aproximadamente 20 mil habitantes por km2.

Vale citar que parte dos fluxos estão presentes nas principais vias onde o fluxo é intenso e existem poucas possibilidades de travessia, a exemplo da falta de mais semáforos na Av. Assis ribeiro, que separa a área do bairro do Cangaíba.

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Proposta: identificação de possíveis aberturas e ampliações.

Base: MDC, via Geosampa.

Editado pelo autor.

1, 3, 4: ampliação das aberturas existentes 2: nova abertura

Proposta: diversidade de usos e propostas para cada abertura ou transposição.

Base: MDC, via Geosampa.

Editado pelo autor. Áreas de influência de cada abertura ou transposição da linha, com destaque no estabelecimento de um eixo de transposições ao longo da linha férrea.

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foto: Mauro Claro, 2015 foto: Grupo Questões Urbanas

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3. conceituação síntese corpo, habitar e espaço

SIGNIFICAÇÃO E RESSIGNIFICAÇÃO APLICADA O processo de significação busca extrair o sentido principal dado aos termos escolhidos, e a partir do entendimento desses termos buscar uma ressignificação, com o intuito de enxergar além daquilo que é definido naturalmente.

No “PIRA”(como é chamado, pelos moradores, o Jardim Piratininga) tudo é muito simbólico, mas ao mesmo tempo, tudo é muito simples, abrindo margem para novas interpretações do território a partir dos relatos históricos e da observação do cotidiano e dos hábitos dos moradores locais.

Durante o período de elaboração das hipóteses de intervenção a tentativa foi a de buscar referências e novas visões de como poderiam ser essas hipóteses projetuais para a área em questão. Estas hipóteses serão abordadas nos capítulos posteriores.

A partir da tentativa de estabelecer uma relação entre território e conceitos, utilizei os termos descritos no Diccionario Metápolis de Arquitectura Avanzada e Dicionário Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa

3. conceituação

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

corpo

habitar

CORPO

HABITAR

Podemos estabelecer uma relação do corpo como algo que está cercado de coisas ao redor, variante, que permeia e adentra os lugares, contido, que preenche e faz parte do mesmo. Ou corpo como lugar de forma que este passe a conter assuntos internos pertinentes a ele e ao meio que se encontra.

O habitar pode ser entendido como o simples ato de ocupar e permanecer em um lugar, ao mesmo tempo que pode ser o ato de estabelecer relações com o lugar, hábitos, uma troca entre sujeito que habita e sujeito habitável.

O corpo não está apenas cercado por coisas ou diante delas e de seus fenômenos, mas também, o sujeito que está imerso nelas. É o corpo que entrou nos objetos.

O corpo é um lugar (que podemos encontrar por sua vez em diferentes lugares do planeta).

Habitar a arquitetura está no limiar que permite a criação de mundos para o sujeito que vive este final do milênio. Propor caminhos para o sujeito contemporâneo. Organizar maneiras, formas de fazer arquitetura, para poder construir as visões das quais ele capta e faz uma idéia do mundo dele, uma interpretação do que está “lá fora”.

Metápolis

Para um estabelecimento de atividades em um lugar, faz-se necessária a leitura e entendimento do mesmo. A relação homem lugar depende do seu grau de orientação e identificação. Desde os primórdios da humanidade saber onde e como está, é fundamental para permanência do indivíduo em um lugar.

Metápolis

1. Conjunto de elementos físicos que constitui o organismo do homem ou do animal, formado por cabeça, tronco e membros.

3. Tudo o que tem extensão e forma.

8. Tudo o que preenche um espaço.

1. Instalar-se num lugar para morar.

2. Levar pessoas para ocupar um local desocupado.

3. Permanecer em um lugar.

Michaelis

Michaelis

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3. conceituação

espaço

síntese

ESPAÇO

SÍNTESE: CORPO HABITAR E ESPAÇO

Vou falar do espaço como um cenário reativo, onde a relação dos elementos que o compõem e do próprio espaço físico que os cercam adquirirá a dimensão singular do mesmo. Entendendo que as relações de proximidade entre elementos em uma extensão territorial intervém uns nos outros, modificando e redefinindo o cenário e atribuindo informação ao mesmo. O corpo no espaço, pode ser assim entendido como o corpo aquele que percorre um lugar físico podendo redefini-lo através da troca de energias ou informações.

O processo de habitar desencadeia por consequência os hábitos da sociedade sob o lugar. As transposições diárias e o percurso sob a linha férrea significa um movimento diário dos habitantes que se reflete até hoje.

Metápolis

As aberturas através do muro que marcaram e marcam a passagem da ferrovia, aqui foi interpretada pelo movimento do corpo no espaço. Há um percurso a ser percorrido para se chegar ao Jardim. Esse espaço pode ser entendido como o vão de abertura através do muro da CPTM. A oportunidade de ocupar as aberturas, através das atividades diárias dos habitantes em seu cotidiano, pode marcar um fluxo de passagem ou uma permanência. Enxergar um local hostil, como possibilidade de ocupação faz referência ao passado do Jardim Piratininga. Assim tornar as aberturas passíveis de serem ocupadas, transformando-as em cenário de acontecimentos cotidianos, pode suprir uma falta de espaços de uso e intensidade, para além dos funcionais

Toda arquitetura constrói um sistema inscrito em um meio com o qual troca energia, materiais e informações.

Um espaço, então, reativo (aberto a estímulos) que incita intervenções.

3. Porção dessa extensão em dado instante (como o espaço ocupado por um corpo).

6. Distância linear entre duas coisas, objetos etc.; intervalo, vão, vazio.

8. Distância percorrida por um corpo que se move em um tempo determinado.

Michaelis

3. conceituação

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3. conceituação

foto: Grupo de pesquisa Questões Urbanas, 2017 foto: Grupo Questões Urbanas

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4. composição elementos reais Conforme coloca RUBIO (2014), a morfologia complexa das bordas da cidade, onde se concentra a população de baixa renda, marcada por carências em quase todos os setores, está aberta ao crescimento e a mudança. Diferente do centro onde o mais pertinente são ações de manutenção e revitalização, as áreas periféricas aparecem de maneira oportuna para criação de novas políticas e iniciativas urbanas, relativas à moradia ou à melhoria da infraestrutura local, visto que essas áreas mantêm um ritmo de crescimento acelerado (14,7%), mais intenso do que as regiões centrais (3,1%)11.

“Cada lugar é, à sua maneira, o mundo. (...) Mas, também, cada lugar, irrecusavelmente imerso numa comunhão com o mundo, torna-se exponencialmente diferente dos demais.” (SANTOS, 2002 p.

314)

11. Dado coletado pelo IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 1999.

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4.1. REFLEXOS O local é marcado por “reflexos”. Em uma primeira análise feita in loco notei que o muro da CPTM é mais do que barreira, fronteira, ou qualquer outro sentido que lhe possam atribuir.

Nota-se que além desses termos, o muro é reflexo. Reflexo das atividades que ocorrem dentro do “Pira”, reflexo de expressões como o pixo ou o graffiti.

O muro é a representação daquela gente, dos hábitos. Marca a primeira e histórica via local, a Rua Olga Artacho. Que hoje é marcada pelo acúmulo de lixo dos moradores, feirantes e dos mandioqueiros.

Muro da cptm, no Jardim Piratininga, é atualmente reflexo dos costumes locais, marca do comportamento humano no território.

Evidências do acúmulo de lixo, pixação, graffiti anúncios no próprio muro. foto: Google Street View

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O muro possui um caráter simbólico evidente, a proposição de uma intervenção no mesmo, mesmo deve relatar as atividades daquela gente. Deve estar totalmente vinculado aos hábitos e aos desejos dos moradores de sempre ocupar. Ocupar de maneira física e de maneira virtual, ocupar pela expressão natural do corpo e da mente.

4. composição dos elementos reais

CARTOGRAFIA A princípio a ideia do trabalho surgiu de um questionamento.

Como a autoconstrução assistida poderia influenciar na produção do espaço urbano, habitacional e na morfologia da paisagem?

As fronteiras presentes na área foram destacadas em preto com o objeto sólido físico (trêm) e limite espacial (linha de transmissão) e o azul é o limite por água (o canal de circunvalação).

Os escritos representam a exposição de anúncios no muro da linha férrea e o “reflexo” daquilo que acontece no interior do jardim, bem como a presença de lixo como resquícios das atividades locais.

No momento da escolha do local, atribuindo as particularidades do mesmo sob o tema, notei a forte presença de limites e fronteiras urbanas no território informal do Jardim Piratininga.

A ideia por trás da cartografia é de rompimento dos limites/ fronteiras urbanas de modo a refletir os costumes no Jardim hoje. O rompimento das barreiras implicaram em mudanças reais no cotidiano dos moradores, visando uma melhoria de vida em função de uma nova espacialidade urbana.

A partir da representação de duas partes do território, o “formal” e o informal onde foram representados de maneiras distintas. Sendo a primeira12, o loteamento cadastrado na prefeitura, regular seguindo uma lógica. E o segundo13, já na área de intervenção, predomina uma lógica irregular, reflexo da dinâmica local, onde uma série de residências autoconstruídas caracterizam a área, e suas vielas.

O que hoje é visto como reflexo das atividades comerciais, falta de áreas para coleta de lixo, a pichação como forma de expressão direta no muro e as faltas de lazer, tendo que recorrer ao parque ecológico por percursos diversos e em casos com situações de risco.

Sendo assim a primeira parte representada com o mapa cadastral da prefeitura e o segundo a partir de uma ortofoto, por se tratar de um loteamento irregular e que ainda não encontra-se disponível no mapa digital da cidade em sua totalidade.

As fotos presentes na cor laranja simbolizam a autoconstrução e os tijolos de barro, enquanto o branco representaria a luz e as aberturas propostas.

12. Área inferior do mapa - Bairro do Cangaíba.

13. Área superior do mapa - Jardim Piratininga.

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4.2. FRONTEIRAS Sobre os territórios marcados por fronteiras urbanas:

Se por um lado a presença dos limites intransponíveis que segregam o território informal dificultam enormemente a integração da comunidade à cidade, por outro, ao garantirem o isolamento da área, criam uma ilha de segurança para moradores, que, desde a primeira infância, circulam livremente pelo território.

(GETLINGER, Daniela. 2018)

A fronteira de um território costuma ser marcada de maneira física ou não física. Limite e fronteira podem ser definidos de maneira a se confundirem. Como elemento linear que constitui uma barreira, penetrável ou não.

Além das fronteiras sociais e ideológicas, as fronteiras do Jardim Piratininga configuram divisões entre áreas, sendo elas Piratininga e Cangaíba ou Piratininga e Parque Ecológico do Tietê. Portanto incorporar essas áreas ao Piratininga, ou vice versa, pode ter papel fundamental na atribuição de urbanidade ao território.

Linha de transmissão de energia, fronteira aérea. foto: Grupo de pesquisa Questões Urbanas, 2017

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

Rio Tietê retificado, fronteira fluvial foto: Grupo de pesquisa Questões Urbanas, 2017

O muro/paredão da Cptm, fronteira física foto: Grupo de pesquisa Questões Urbanas, 2017

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MAPA CONCEITUAL - TRANSPOSIÇÃO DA FRONTEIRA O elemento mais marcante como pré-existência e condicionante de projeto foi o muro da linha Safira da CPTM. Dentre os inúmeros significados que poderiam ser descritos, evidenciei os que talvez fossem os mais problemáticos.

cidade geralmente é vista com mais força nos grupos coletivos de origem local. Hoje no Jardim Piratininga um dos principais ativistas políticos a favor de melhorias no bairro, é um senhor chamado Jeremias.

O mapa conceitual foi um exercício para entendimento de possíveis novas dinâmicas de na área. Através do processo de significar e ressignificar alguns conceitos, sendo eles o vazio, o espaço, o habitar, a globalização e o corpo. Me chamou atenção o termo corporeidade.

A identidade de um local e a força de grupos sociais foram reforçadas pela ocupação dos moradores de maneira ininterrupta. Tschumi faz entender que identidade do local é elemento fundamental de desenvolvimento. Não perder essa identidade com o processo de transformações no território é uma tarefa difícil.

Termo o qual viria a ser aplicado na monografia e no estudo das hipóteses de projeto.

Essas palavras chave serviram para as buscas iniciais de como abordar o território informal de modo a justificar a intervenção e ao mesmo tempo embasá-lo teoricamente.

Mongin cita em sua interpretação da cidade e suas dimensões antropológica corporal, a tentativa de estudar o homem e suas interações com a sociedade através do corpo. E me fez investigar o cotidiano através de uma experiência urbana corporal in loco. Da maneira mais próxima possível do que seria o dia dia das pessoas no lugar.

A partir da leitura de alguns autores procurei identificar os pontos principais de seus textos que pudessem estabelecer algum tipo de ligação com o território informal e as grandes infraestruturas urbanas.

A tentativa de ocupar um novo elemento de impacto na área, faz-se importante visualizar as relações do corpo no espaço. Porém como projetar hipóteses para o não lugar e ainda atribuir uma nova corporeidade?

Com David Harvey, vemos o fenômeno da polarização da urbanização em grandes centros e áreas dotadas de infraestrutura, onde o capital e o interesse imobiliário, alavancando a necessidade de uma mudança comportamental da sociedade.

E foi através do texto de Milton Santos (A Natureza do Espaço) e Paola Berenstein (Estética da ginga) conectando os eventos cotidianos com a “dança”, simplicidade e liberdade, que busquei apoiar minha proposta.

Esse pensamento geralmente ocorre em função da ausência do pensamento crítico em áreas periféricas.

Com Ranciére e o termo da emancipação intelectual, pode ser visto como possibilidade do rompimento dessa estrutura tradicional no poder. A luta das minorias pelos seus direitos na

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IMAGENOLOGIA/IMAGIOLOGIA Termo da medicina dado ao método que utiliza imagens para o diagnóstico. Popularmente conhecida como exame de imagem, é uma especialidade médica que se ocupa do uso das tecnologias de imagem para realização de diagnósticos. fonte: portal Educa Mais Brasil

A partir do estudo de imagens, cartografias e montagens realizadas pelo autor para a região de estudo, procurou-se diagnosticar a área e suas principais questões que poderiam ser utilizadas, ou levadas em conta, na realização das hipóteses de intervenção para as fronteiras que segregam ou que dificultam a conexão do bairro ao seu entorno imediato.

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foto: Grupo de pesquisa Questões Urbanas, 2017 editada pelo autor foto: Grupo Questões Urbanas

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5. autoconstrução PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO E SOCIAL O processo de construção da casa pelos moradores que podem ser auxiliados por parentes, amigos, vizinhos ou por profissional remunerado é historicamente, uma característica do modo de fazer da população pobre que marca nossas periferias. E este processo se verifica também na construção de igrejas, escolas, comércios, entre outros, sendo constante e crescente - cada vez mais- neste cenário onde há a ausência do auxílio técnico profissional.

“As técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço.” (SANTOS, 2012 p.29).

A partir de um recorte do tema de habitação nos anos 1970/80, os chamados processos de mutirão e ajuda mútua eram cada vez mais presentes nos grandes centros industriais de São Paulo, perdurando por anos.

Como crítica ao capital privado como única oferta de moradia, Erminia Maricato (2002) diz que o mercado para poucos é uma das características de um capitalismo que combina relações modernas de produção com expedientes de subsistência.

A maior parte da produção habitacional no Brasil se faz à margem da lei, sem financiamento público e sem a atualção de profissionais arquitetos e engenheiros. (MARICATO, 2001 e Instituto Cidadania, 2000, p.154).

5. autoconstrução

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

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Olhando-se o problema da habitação no Brasil, a autoconstrução acaba sendo a alternativa de produção das moradias para o adensamento das periferias de São Paulo e que coloca questões tais como a de que maneira enfrentar as dificuldades de financiamentos acessíveis para realização da compra dos lotes e para a construção da unidade habitacional.

A autoconstrução é muito mais do que um simples programa “alternativo”, como vem sendo adotado pelos governos, mas uma alternativa real que deve ser assumida como programa construtivo prioritário, viável e eficaz por ser uma das soluções mais adequadas à realidade adversa do Terceiro Mundo.

(SANTOS, Mauro César de Oliveira)

Em palestra ministrada em agosto de 2017, o arquiteto Milton Braga, do escritório MMBB, afirma que o incentivo à autoconstrução pode ajudar no enfrentamento da especulação imobiliária, além de evitar o que ocorre com os programas de moradia atuais, onde os apartamentos construídos pela iniciativa pública, uma vez entregues, são repassados, não suprindo , nem de longe, a demanda e o déficit por habitação.

Reforçando o argumento anterior, Lago e Ribeiro (1996) ressaltam a falta de respostas mais consistentes por parte do Estado, fazendo com que uma parcela significativa da população urbana fosse obrigada a resolver por conta própria a questão de como morar. Uma das soluções encontradas foi a produção informal/autoconstrução, que se constituiu ao longo das décadas do século passado na forma predominante de acesso à moradia (LAGO e RIBEIRO, 1996).

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5. autoconstrução

Algumas experiências de projeto formal também perseguem a variedade e apropriação conforme as diferentes necessidades dos moradores, como aconteceu na experiência do arquiteto chileno Alejandro Aravena: ele propôs o espaço a ser completado nas habitações (ainda que, aqui, estejamos falando do projeto formal), podendo gerar uma dinâmica de vida urbana diferente daquela dos conjuntos habitacionais oficiais projetados pelo Estado.

A falta de respostas consistentes geralmente está associada à falta da leitura do perfil social dos assistidos nos programas públicos. As preocupações dos responsáveis pelos projetos de habitação coletiva resumem-se, em geral, em questões quantitativas e funcionais, pensando-se nos custos, no terreno, na dimensão programática, nos materiais, na ergonomia, na estrutura organizacional e no domínio político, apenas com base na perspectiva de quem faz o planejamento, e não realmente nas necessidades daqueles que iram habitar as novas moradias.

Sendo assim, sempre que possível, os novos proprietários rapidamente tratam de reformar por conta própria suas respectivas moradias.

Uma alternativa utilizada para permitir novas mudanças em função das reais necessidades do público foi a definição de parte do espaço construído como fez Alejandro Aravena em seus projetos de habitação coletiva, onde fica evidente um espaço vazio disponível para novas adequações em função das reais necessidades dos usuários previsto no projeto e também em seu discurso.

Roy (2004) afirma que compreender a arquitetura nos assentamentos informais a partir das práticas sociais é importante, pois pode evitar discursos equivocados ou desnecessários sobre a realidade da autoconstrução em países onde a demanda habitacional é grande, como mostram os estudos de Ananya Roy na Universidade de Berkeley.

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Quinta Monroy Housing, Iquique, 2004 arquiteto: Alejandro Aravena fonte: dezeen

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

Em seus estudos vale-se notar a compreensão do meio informal por meio de três categorias, o trabalho, a moradia e os residentes. Tudo isso para justificar suas intervenções no meio, como ferramenta de encontro entre arquiteto e habitante e não como instrumento de normalização para o design de espaços autoconstruídos.

Outro ponto a se destacar é a precariedade das construções autoconstruídas, dado que as normas de regulação não são conhecidas, comprometendo segurança e habitabilidade.

Segundo pesquisa realizada em 1998 pela Fundação Seade14 Sistema estadual de Análise de Dados - cerca de 30% das habitações do Estado de São Paulo não tem condições mínimas de moradia em função da falta do auxílio técnico adequado.

Braga (2001) destaca como esse apanhado de fatores resultado de um processo sem o acompanhamento técnico adequado e uma urgência econômica podem prejudicar a qualidade de vida urbana das classes menos privilegiadas.

A somatória desses produtos de condições precárias afeta os espaços construídos nas grandes cidades brasileiras. Condições que acabam gerando uma morfologia urbana também precária, com espaços urbanos sem qualidade proporcionados a partir da disponibilidade de lotes baratos, distantes de infraestrutura. (BRAGA, 2001, p.3).

De acordo com o arquiteto e professor Celso Sampaio, em palestra ministrada em novembro de 2017, a maior parte das habitações da população que tem que viabilizar sua moradia com meios próprios, destacam-se pela precariedade e ausência de manutenção. A presença de assistência técnica como um serviço público atrelado ao serviço de infraestrutura urbana, ainda que tema de luta de tantos anos, ainda não tem a devida efetividade necessária e correspondente à demanda.

Autoconstrução no Jardim Piratininga, evidências de habitações precárias foto: Mauro Claro, 2016

14. Seade é uma fundação vinculada à Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de São Paulo, é hoje um centro de referência nacional na produção e disseminação de análises e estatísticas socioeconômicas e demográficas. Fonte: Seade

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5. autoconstrução

A soma destes fatores já apontados, associados à necessidade de adensamento nas áreas urbanas dotadas de infraestrutura, destaca a importância de se buscar um modo alternativo para esse adensamento e, por outro lado, para as dinâmicas existentes na periferia da Zona Leste de São Paulo.

A autoconstrução na produção do espaço urbano e social tem sido uma constante nas periferias da cidade de são paulo perdurando no cenário contemporâneo do século XXI, com longa trajetória, ainda que com variações (construção coletiva) quan5 do se considera as iniciativas populares, como os mutirões1 das décadas de 70/80 e que se desdobraram em possibilidades mais estruturadas de projeto, construção e gestão nas décadas de 80 e 90.

Além disso, verificar a eficácia técnica, do ponto de vista financeiro ou social, se faz muito oportuno, uma vez que a técnica é de conhecimento de grande parte daqueles que produzem a morfologia da periferia paulistana.

As limitações decorrentes do tipo de material disponível, do conhecimento técnico, das vontades dos usuários ou quaisquer que sejam os fatores, conformam uma paisagem uniforme e marcante. As reais necessidades de salubridade de uma autoconstrução como qualquer outra, seria um dos principais motivos para intervenção de arquitetos através de assistência técnica na produção das moradias.

Autoconstrução em sua essência Jardim Piratininga foto: Mauro Claro, 2016 15. Mutirão é o nome dado no Brasil para iniciativas coletivas com interesse em: ajudar alguém, para ajuda mútua ou para um serviço comunitário. Atualmente pode designar qualquer iniciativa coletiva para a execução de um serviço não remunerado. Fonte: dicionário Aurélio.

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foto: Grupo de pesquisa Questões Urbanas, 2018 foto: Grupo Questões Urbanas

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6. transposições passagens O processo de entendimento do local foi embasado em 4 temas, separados entre Paisagem e Estranhamento, Apropriação e Corporeidade.

O desafio escolhido foi o de entender como estruturar a transposição para que as pessoas legitimem a passagem (as passagens) e a(s) utilizem.

Sendo assim, iremos abordar alguns temas importantes ao território e ao sujeito capazes de indicar o caráter da intervenção.

Processo de elaboração da estrutura do trabalho em conjunto com a orientadora Dra. Lizete Maria Rubano.

O desenho à esquerda representa as aberturas e a intenção de aumentar a escala do projeto, fazendo com que o mesmo ganhe um caráter mais notável sobre a linha férrea. Enquanto que o desenho à direito mostra a transposição sobre a linha férrea, queao contrário da anterior, deve ser “reduzida” de modo a não ganhar um aspecto muito icônico na paisagem, causando estranhamento e sentimento de nao pertencimento ao local.

Além da possibilidade de abordagem dos conceitos: Apropriação e corporeidade, paisagem e estranhamento.

Desenho: Profa. Dra. Lizete Maria Rubano.

6. transposições

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

A paisagem dos bairros a partir da linha safira da Cptm foto: Mauro Claro, 2017

6.1. PAISAGEM E ESTRANHAMENTO HABITAR A PAISAGEM E EVITAR O SENTIMENTO ESTRANHO O sentimento do estranho é algo notável em uma intervenção urbana onde a sociedade rejeita aquilo que vem de fora, o novo, mesmo que possa lhe fazer bem. Basicamente este sentimento trata da relação entre o familiar e o desconhecido.

Segundo LYNCH (2011), o maior desafio é transformar essas ocupações em um bairro ou em uma área integrada ao entorno e resgatar a relação dos seus indivíduos com a cidade e a sensação de pertencer a ela.

O sujeito recebe e julga a intenção da proposta de intervenção se ela pode pertencer-lhe. A necessidade “deles” (sujeitos) abraçarem a ideia é importantíssimo. Ela não deve se sobrepor assim como se sobrepõe por forma, mas sim compor a partir da atuação de todos os agentes da esfera social. Compor a paisagem como a identidade local e não com a identidade de um arquiteto. Deixando de lado a atuação de um único indivíduo para que o coletivo se sobressaia tendo a arquitetura um papel “secundário” às ações humanas.

Habitar a paisagem quer dizer expressar os hábitos de uma sociedade através de um cenário composto por elementos físicos imóveis e atividades humanas constantes.

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Evitar o sentimento estranho é fazer com que o sistema de objetos e ações flua naturalmente, como um todo em harmonia.

Cada cidadão possui um tipo de associação com parte da cidade, que remetam a lembranças e significados. Portanto um esforço para entender como pode ser composta a estrutura da

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6. transposições

paisagem de um lugar pode definir o seu grau de aceitação popular.

O ato de atribuir forma e design a um edifício e ou a elementos de cidade, pode indicar uma tentativa de definir - ainda que parcialmente - a paisagem de um lugar, a partir do estabelecimento de imagens pontuais na composição espacial.

Elementos móveis, pessoas e suas atividades também ajudam a compor a paisagem da cidade, e de maneira tão importante quanto as partes fixas, construídas.

A paisagem na periferia por muitas vezes pode ser interpretada como uma combinação de fragmentos. E geralmente se deixa passar sem que sejam acrescidos e reconhecidos - os aspectos sociais por exemplo, mas que ficam evidentes em um olhar mais minucioso.

“Um espaço físico vivo e integrado, capaz de produzir uma imagem bem definida, desempenha também um papel social.

Pode fornecer matéria prima para os símbolos e as reminiscências coletivas de comunicação de grupo.” (LYNCH, 2011 p. 5)

Morfologia padrão da paisagem do Jardim Piratininga, fronteira e autoconstrução foto: grupo de pesquisa Questões Urbanas, 2017

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

COMPOSIÇÃO DA PAISAGEM ATUAL A paisagem original que compõe a área de estudo (predominantemente Cangaíba e Jardim Piratininga) conta um pouco da história do lugar, a partir de uma leitura mais precisa dos elementos que a compõe.

Podemos descrever a paisagem da região a partir da implantação dos grandes eixos de transporte, do eixo ferroviário de ligação com as regiões centrais e as rodovias de acesso às mesmas; da presença de grandes marcos industriais e suas transformações; da topografia que gera imensos visuais para o fundo do vale; das regiões de várzea e consequentemente dos córregos do rio Tietê e Tiquatira; do parque Ecológico do Tietê; e como complemento dessa conformação de diversos elementos marcantes, das moradias e da extensa área residencial horizontal marcante para a região, com uma autoconstrução intensa e que compõe a paisagem local.

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HIPÓTESE ESTRUTURAR A PAISAGEM Estruturar a paisagem da cidade, de maneira que esta possa organizar e orientar o percurso peatonal.

A atribuição de um ritmo ao longo de um eixo ou percurso, pode ajudar na compreensão do espaço como um todo. Do ponto de vista do pedestre, onde a cidade encontra-se ao nível dos olhos.

A iniciativa de marcar o ritmo pode ser interpretada pelas intervenções, sendo mais de uma, ao longo da ferrovia.

O homem tende a percorrer com um grau maior de aceitação, lugares que são facilmente reconhecidos, e assim rapidamente estabelecem um elo com o mesmo.

“Na verdade, um ambiente característico e legível não oferece apenas segurança, mas também reforça a profundidade e a intensidade da experiência humana.” (LYNCH, 2011 p. 5)

“Como manipuladores do ambiente físico, os urbanistas interessam-se basicamente pelo agente externo da interação que produz a imagem ambiental” (LYNCH, Kevin.

2011 p. 8)

O intenso esforço para organizar o espaço e estruturá-lo visualmente certamente nos faz esquecer da existência de valor também na desorganização espacial, na surpresa causada pelo ambiente. Porém não se deve perder a aspectos de sua orientação básica. A exploração deve conter indícios do lugar aonde se quer chegar. Surpresa não é estranhamento.

A imagem de uma determinada realidade pode ser captada de maneiras diferentes por diferentes observadores. O grau de subjetividade está vinculado muitas vezes ao seu lado inconsciente, aos medos, às memórias, aos prazeres, por exemplo, tudo podendo influenciar em como é recebida a imagem e processada a informação no cérebro.

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

Releitura dos diagrama de Kevin Lynch, por Hayley Snider Sobre os elementos que compõe a paisagem, marcam o território e afetam a percepção dos usuários, Lynch concluiu que os usuários assimilavam seu entorno de maneiras consistentes e previsíveis. Não importa a escala ou o lugar, fazemos mapas mentais, sintetizando até cinco elementos primários: nó, marco, caminho, borda e distrito.

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Assim buscar relações entre projeto e o lugar, o ambiente em que será implantado, pode garantir uma probabilidade alta de evocar estímulos fortes entre observadores diferentes daquele lugar. Essas relações podem ser estabelecidas pela materialidade, forma, cores, fluxos de pessoas e atividades que estas venham a realizar como dito anteriormente. A assimilação não será realizada pelo novo objeto, mas sim pelo grupo de ações que este proporciona e os indivíduos que estão ali presentes.

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6. transposições

A FENOMENOLOGIA COMO FERRAMENTA DE COMPOSIÇÃO Os fragmentos e elementos de cidade abordados por Lynch na composição da paisagem, podem, por vezes, serem abastecidos de aspectos fenomenológicos a fim de reforçar a ideia que a proposta do novo ambiente pretende gerar.

A fenomenologia pode atuar nos elementos básicos da arquitetura, como parede, teto, chão, enquadramentos e limites.

Utilizar esses elementos básicos para extrair a consciência dos objetos e dar significado ao ambiente sob a criação de lugares específicos, atmosferas, com forte valor sentimental. Esta pode ser a chave para compor a paisagem evitando algum tipo de estranhamento prejudicial àquela porção de cidade.

Não só do que são feitas mas como são feitas.

“Uma fenomenologia do lugar deve, então, abordar os métodos básicos de construção e suas relações com a articulação formal.

Somente dessa maneira a teoria da arquitetura poderá ter uma base verdadeira.” (SCHULZ in NESBITT, 2013 p. 452).

Fenomenologia aplicada na obra de Tadao Ando através de elementos básico da arquitetura, como por exemplo na Church of Light (Japão, 1999), utilizando a luz como principal elemento do edifício através da parede de concreto fonte: archdaily

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

6.2 APROPRIAÇÃO E CORPOREIDADE “O corpo marca os fluxos em um percurso, onde o exterior, arquitetura, é secundário e o foco está no desdobrar do corpo no espaço.

O improviso, a ginga.”

Jardim Piratininga aos sábados, atividades cotidianas e feira de rua Foto: Leonardo Gobbi, 2015

O COTIDIANO A partir de uma leitura ampla do território, como foi relatada ao longo dos capítulos anteriores, busquei estabelecer bases para interpretar o território e identificar os elementos que o compõem e que lhe atribuem valor.

Os hábitos diários e fluxos ou percursos são alguns dos principais elementos com que podemos definir a dinâmica do território informal. A repetição dos mesmos denotam uma monotonia nos percursos diários do local. No Jardim Piratininga, essa repetição é evidenciada pelas travessias diárias dos moradores através das aberturas no muro da CPTM. A saída dos moradores para que exerçam suas atividades fora do Jardim, marca um intenso fluxo no seu percurso diário. Os demais hábitos recorrentes no bairro podem ser notados pela atuação através do comércio, das feiras, das atividades dos mandioqueiros, das expressões de arte, do funk, das crianças e suas brincadeiras, dentre outros eventos cotidianos.

Jardim Piratininga e atividades cotidianas. Serviços e comércios como fortes elementos das atividades locais Foto: Leonardo Gobbi, 2015

A ideia de utilização dos espaços aqui pode ser associada ao conjunto de ações cotidianas a que os moradores locais são submetidos diariamente. O sistema de ações aqui condicionadas pelo meio, reflete e representa o “Pira”.

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SANTOS (2002) cita os sistemas de ação e objeto como conjunto indissociável para interpretação do território e a história que ali se dá. Porém, para este ensaio reservo-me a analisar o sistema de ações em relação ao meio. Ou seja, os fluxos e o lugar como forma de expressão de uma realidade geográfica.

Um dos grandes problemas desse contexto de ações é o processo de repetição a que os moradores estão submetidos. Não há um estímulo para mudança. Muito menos algo que possa vir a exercitar o pensamento, salvo eventos esporádicos organizados por poucos moradores locais, que possuem uma atuação mais ativa no bairro.

Milton Santos atribui diretamente a relação de ações cotidianas ao conjunto de objetos que nos cercam. Assim dar valor aos objetos e ao lugar, consequentemente altera a dimensão do cotidiano na vida das pessoas. Uma nova maneira de interpretar o cotidiano, abre margem para o florescimento de um pensamento crítico antes possivelmente inexistente.

O percurso diário sob novos olhares e atores.

Apropriação por parte de camelôs nas rampas públicas da estação Guilhermina Esperança do metrô. foto: Autor, 2018

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“Cada lugar é, à sua maneira, o mundo.” (SANTOS, 2012 p.314) O corpo humano permeia o espaço antes não habitado, hostil e inóspito. Potencializando atividades cotidianas novas ou já presentes no dia a dia dessa sociedade.

As ações do cotidiano do Jardim Piratininga são intrínsecas ao lugar, as classes e suas necessidades, sendo portanto o ponto o qual deve ser explorado em uma intervenção urbanística que propõe atribuir uma nova dinâmica à uma área carente de urbanidade.

Assim através do projeto das aberturas e das transposições da linha, com um programa arquitetônico bem definido, e variante, implantado ao longo do percurso onde estabelecem-se os eventos cotidianos, pode dar uma nova interpretação ao mesmo através de novos meios de exploração do espaço. Podem contribuir para um novo sistema. Um sistema de ações não banais voltadas aos eventos cotidianos. Novas formas de exploração do corpo que anteriormente não havia sido submetido.

Apropriação de espaços antes inabitados.

“Caverna” embaixo da rampa da estação Guilhermina Esperança do metrô.

Encontro de música toda última sexta-feira do mês. foto: Autor, 2018

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APROPRIAÇÃO PELO CORPO NO ESPAÇO ATRAVÉS DA LIBERDADE. A corporeidade tem relação direta com liberdade, a liberdade de ocupar o espaço, de utilizar seu corpo como forma de expressão é o que atribui um caráter genuíno ao termo.

O processo de apropriação no Jardim Piratininga pode ser explicitado pela travessia das fronteiras.

Encontrar barreiras não necessariamente impedem o corpo de se movimentar. O corpo se adapta ao lugar e compõe o mesmo.

A liberdade assim pode estar no campo imaginário, por expressar-se, ou por utilizar o espaço vazio como forma de atuação.

A liberdade está na simplicidade dos meninos atravessando as fronteiras, limites ou como eles mesmos chamam “o muro”, “a ponte”, “o rio”, de maneira simples, atravessando para jogar bola no parque, ir ao cangaíba comprar algo, empinar pipa ao lado do “linhão” que é como chama a linha de transmissão de energia.

É através do trabalho de Hélio Oiticica e Paola Berenstein, que identifico a periferia como potencial instigador das atividades humanas, das formas de expressão do corpo no espaço. A corporeidade ganha um sentido poético, de caráter apropriativo do espaço.

A travessia dos meninos, marca os corpos em sua mais pura expressão e desejo de atravessar as barreiras de maneira simples, atrelados a seus hábitos (historicamente o comum fato de habitar, permanecer no lugar) para jogar bola enquanto as atividades cotidianas compõem o cenário.

Com seu trabalho na comunidade da Mangueira, os Parangolés aparecem como o elemento base que Oiticica utiliza para estabelecer relações entre espectadores (vestidos de com o mesmo tecido dos Parangolés), dançarinos (o samba, o Parangolé) e as tendas como elemento arquitetônico, todos participantes da dança.

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A simplicidade em interpretar o território, como os meninos, é talvez, a chave para entender o “Pira” Apropriação das crianças no campo do Jardim Verônia, Zona Leste. foto: Rennan Monteiro (autor)

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foto: Mauro Claro 2015

A IDEIA DE “PATRIMÔNIO” A banalização do cotidiano e o acontecimento apropriativo A proposta de reconexão de um território ilhado na tentativa de estabelecer novas relações entre grupos sociais presentes na periferia da zona leste paulistana, mesmo que estes grupos não enxerguem perspectivas de melhora qualitativa da área em função da conexão urbana fraca existente.

A ideia de manter as ocupações como parte do local, sem uma grande intervenção sob as construções existentes, torna a grande força deste território informal as próprias ocupações. Assim o “patrimônio urbano” se reflete como a essência do lugar.

A partir do momento em que se opta pelo princípio de preservação desse “patrimônio” local, além das demais peculiaridades do território (linha de transmissão, linha férrea canal de circunvalação e avenidas). A ocupação do corpo na própria barreira é uma das possibilidades que podem ser abordadas. A ocupação “sob/através” e “sobre” são os pontos que ancoraram o partido inicial.

A força das conexões está justamente nos fluxos diários, visto que a morfologia urbana é densamente ocupada e com poucas áreas que possibilitem uma nova ocupação.

A banalização das atividades cotidianas tornam cegos aqueles que encaram essas práticas no dia a dia, e anulam a possibilidade de imaginar um novo tipo de abordagem urbanística através das possibilidades de incorporar a força desses hábitos em uma proposta de reestruturação do caráter local.

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Essa dualidade de partidos foi representada no modelo conceitual com duas representações conceituais no território.

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Levar em conta todas as fronteiras e obstáculos do território e interpretá-los como patrimônio do local. Talvez não defender a retirada, mas sim sua transformação. foto: Mauro Claro, 2015

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O MODELO CONCEITUAL DO PARTIDO Representação do partido arquitetônico através de um modelo físico conceitual.

SOBRE O modelo “sobre” é retratado por meio de um território em tom escuro, e fitas grossas e brancas que representam o caráter icônico que uma obra de grande porte pode obter e o contraste da escala humana sob o objeto construído.

A utilização de uma redoma de acetato transparente representa a obra arquitetônica como obra de arte em sua excelência.

Sendo protagonista do local e não o território e suas peculiaridades. Desafio o qual deveria lidar com uma intervenção dessa magnitude, na tentativa de evitar o sentimento estranho de maneira negativa.

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O MODELO CONCEITUAL DO PARTIDO Representação do partido arquitetônico através de um modelo físico conceitual.

SOB Já a abordagem “sob/através”, representa a escala do corpo sob o território através dos fluxos cotidianos gerados, principalmente, pelo movimento migratório casa-trabalho. As aberturas existentes seriam potencialmente ampliadas servindo como aporte para novos programas. Estes fluxos foram representados por fitas finas e coloridas, que enaltecem o corpo no território, demonstrando que o sistema e a intensidade dos fluxos ganham forma.

Estimular eventos ao longo de um percurso repetido muitas vezes durante o dia legitima a apropriação urbana no território. A volta das pessoas à rua é uma das principais características da cidade que foram enfraquecidas ao longo do tempo principalmente em função da falta de segurança.

O estímulo da utilização das novas áreas projetadas pode ser fundamental nesse aspecto, pois uma boa aceitação do projeto pode trazer de volta as pessoas à rua, bem como a segurança e novas interações interpessoais entre moradores do Cangaíba e do Piratininga.

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Inserção urbana: Autor, 2018 Base: Google Street View foto: Grupo Questões Urbanas

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7. hipóteses:

suposições e intenções As transposições, travessias, passagens ou como prefira definir as possíveis hipóteses de projeto para o acesso ao Jardim Piratininga possuem o simples e complicado papel de conectar áreas. Porém o modo como conectar coisas diferentes, pode dar margem a diferentes tipos de proposição para o território.

Durante o processo de elaboração de um partido arquitetônico que faria sentido, me deparei com duas situações. O “sob” e o “sobre”.

O “sob”, ou “através”, pode ser definido como intervenção pela ampliação das aberturas existentes no muro da CPTM. A proposição para um partido de escala mais local pode contrastar com o próximo tipo de proposição.

Enquanto o “sobre” poderia ser definido como a peça por cima da linha. Uma peça de infraestrutura que marcaria predominantemente a paisagem ainda mais, além das marcantes fronteiras já existentes.

Acredito que proposições dessa importância devam sim marcar o território, porém não devem assumir um papel de sobreposição das ações humanas. Buscar um equilíbrio entre ambas, pode ser a chave para uma intervenção que não possua um aspecto tímido e despercebido e nem um caráter impositivo, de domínio da Paisagem.

Ampliar o pequeno e reduzir o grande, significa dar o devido potencial para as aberturas, tímidas em sua história, e atribuir uma escala local à peça implantada sobre a linha.

7. hipóteses: suposições e intenções

Áreas foco para intervenção na linha do trem.

Destaque para as áreas que viriam a receber uma proposta de transposição, “sobre” ou “sob” Base: Geosampa MDC Editado pelo autor.

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

Nate auro, quonsis hac te poris se pro

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7. hipóteses: suposições e intenções

7. hipóteses: suposições e intenções

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

7.1. SOB /ATRAVÉS Ocupar um lugar impensado e até mesmo hostil, pode trans-

O muro representa muito para o bairro e seus moradores, o processo de ocupação da área foi marcado principalmente pela passagem dos habitantes pelos buracos no muro da CPTM, ao longo da linha do trem.

formá-lo positivamente, além de dar espaço para as atividades do bairro, que hoje encontram limitações espaciais devido à intensa densidade construtiva do local. Marca-se, assim, o possível processo de transposição através da ferrovia.

Hoje, essas passagens encontram-se maiores, ampliadas, e marcam o local pelo intenso fluxo de pessoas e veículos. Além de servirem como porta de entrada ao “Pira”.

A hipótese referente à ampliação e ocupação das aberturas busca questionar a atuação da arquitetura em áreas vulneráveis da cidade. Na tentativa de incorporar os hábitos da população ao longo das aberturas, buscou-se marcar a paisagem pelo uso e pelas atividades do bairro, ao contrário do que se vê hoje, como barreira.

Atravessar a fronteira entre Piratininga e Cangaíba, em nível, é a maneira mais eficiente, prática e de baixo impacto de estranhamento que uma intervenção na área pode causar, dado que seria praticamente uma reforma e não um novo objeto na paisagem.

Atribuir a função principal das atividades da área a um local hoje visto como barreira, foi o modo que encontrei para lidar com esse problema. As aberturas tímidas e despercebidas, passariam a ganhar força através do uso, da apropriação, da ocupação ao longo do eixo da linha do trem.

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Corte urbano simplificado da área de estudo. Jardim Piratininga e Cangaíba.

Relação entre bairros a partir da topografia e suas fronteiras urbanas.

Desenho: Autor

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7. hipóteses: suposições e intenções

TRAVESSIA EM LINHA: ANTES DA CONSTRUÇÃO DO MURO

EVOLUÇÃO DAS ABERTURAS NA LINHA FÉRREA A princípio a transposição da linha férrea era feita em linha, o que causava muitos acidentes durante as travessias diárias até o bairro.

Após a construção do muro por parte da CPTM e da implantação de uma passarela para evitar que os habitantes voltassem a ocupar a linha. Os moradores do bairro continuaram a realizar as travessias em nível. Assim utilizavam o buraco de manutenção feito pela própria CPTM.

TRAVESSIA PELO TÚNEL: APÓS IMPLANTAÇÃO DA PASSARELA

Mais tarde essa abertura foi ampliada e encontra-se como conhecemos hoje, razoavelmente ampla para a passagem de carros e mediana para passagem de pedestres, porém sob a possibilidade de intervenções ainda mais positivas para o bairro.

TRAVESSIA PELA ABERTURA: APÓS AMPLIAÇÃO DA ABERTURA

Diagramas realizados pelo autor

7. hipóteses: suposições e intenções

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

PARTIDO E HIPÓTESES A proposta de ocupar as ampliações e novas aberturas sob a linha do trêm busca utilizar a barreira existente como suporte das atividades coletivas, além de servir como transposição e conexão entre Jardim Piratininga e Cangaíba.

programa acomodação do programa à topografia, suprindo as necessidades de insolação, funcionais e de transposição.

As atividades buscam explorar os eventos cotidianos à infraestrutura urbana existente. Projetar o vazio neste caso foi a parte mais complicada do trabalho, em função da dificuldade de obter informações fiéis ao território.

Optei pela utilização de diagramas em corte para ilustrar as diferentes e possíveis abordagens ao longo do eixo da linha férrea.

verde possibilidade de uma grande área verde com jardim e horta urbana

A multiplicidade de programas que o “projeto do vazio” possibilita para a área, demonstra um potencial para suprir as carências da população, como por exemplo, suprir a falta de áreas de lazer ou utilizar um trecho das aberturas para lidar com o acúmulo de água da chuva nas entradas do bairro.

feiras criação de patamares para a realização de feiras e eventos

Os diferentes usos que procurei ilustrar são: local para exibições de música, reservatório de água temporário, jardim horizontal ou horta urbana, feiras, pista de bicicleta e skate, quadra poliesportiva.

Diagramas realizados pelo autor

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7. hipóteses: suposições e intenções

arte e arquitetura diferentes abordagens formais e arquitetônicas a fim de explorar ao máximo o novo elemento na paisagem

skate e bicicleta duas das atividades praticadas no “pira”, adequação na topografia para implantação de uma rampa

esporte e lazer adequação de quadras poliesportivas para realização de atividades físicas como: futebol, volei, basquete e dança

Diagramas realizados pelo autor

7. hipóteses: suposições e intenções

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

infraestrutura híbrida piscina para reservatório e acúmulo de águas pluviais, na tentativa de reduzir as pequenas enchentes constantes no bairro

infraestrutura híbrida o reservatório quando vazio pode ser utilizado como auditório aberto ou palco de apresentações

Diagramas realizados pelo autor

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7. hipóteses: suposições e intenções

7. hipóteses: suposições e intenções

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

7.2. SOBRE Trata-se de mais do que uma oportunidade de criar um novo percurso para transposição sobre a linha, como qualquer outra passarela. Mas uma oportunidade de “ocupar o céu”, um novo elemento na paisagem. Um elemento para ser notado como “PIRA”.

‘Atribuir urbanidade por um elemento de infraestrutura urbana de modo sutil, modo em que este possua um impacto reduzido na paisagem, que não fosse totalmente distinto do local e que chamasse atenção pelo caráter de apropriação dos indivíduos contemplados e não pelo seu caráter formal.

A ocupação sobre a linha férrea, é um modo de ocupar um lugar antes inabitado, quase de maneira poética ou como uma analogia ao Jardim antes inocupável em função de seus limites.

Atribuir qualidade a um elemento estranho e que poderia fazer parte do local. Não enxergar a transposição como passagem, mas tentar transmitir a ideia de um edifício que possua atividades voltadas aos eventos cotidianos da população.

Uma vez que o Jardim não possui grandes áreas a serem ocupadas, a ocupação de um terreno supostamente “inexistente” seria uma das abordagens possíveis para a transposição sobre a principal fronteira, superando aquilo que separa a população da cidade.

Situação urbana da proposta sobre a linha férrea da cptm.

Conexão entre bairros.

Desenho: Autor Base: MDC

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7. hipóteses: suposições e intenções

casca de concreto “orgânica” partido inicial, buscava-se adequar a diferença topográfica através de rampas com formato orgânico

PARTIDO E HIPÓTESES A partir da noção dos limites que influenciam a área ao longo do Jardim Piratininga, a proposta “sobre” pretende estabelecer um eixo de conexão por cima da linha férrea. Passando por cima dos obstáculos e apoiando-se em terrenos do Jardim Piratininga e Cangaíba. O terrenos escolhidos encontram-se hoje subutilizados ou com deficiências, passíveis de transformação.

patamar horizontal em um segundo momento cogitei a utilização de um patamar em nivel e a adoção de elevador em um lado

A transposição entre barreiras físicas muitas vezes se torna perigoso e/ou inviável, tratando-se de pequenas transposições ou precárias passarelas. Fazendo com que os moradores dificilmente utilizem as passarelas. Tendo isso em mente, a implantação sobre um possível eixo de transposição pode ser eficaz quando imposto diante do percurso atual.

patamar e rampa no final, o partido utilizou da síntese das duas ideias anteriores, com patamares, rampas e elevador na parte mais baixa

Outro fato que influencia a transformação de uma passarela e talvez uma transposição mais eficaz, é a implantação de parte do programa ao longo deste novo percurso. Possibilitando novas dinâmicas ao longo do percurso.

Diagramas realizados pelo autor

7. hipóteses: suposições e intenções

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

Implantação das duas propostas iniciais de sobreposição da linha do trem.

A primeira à leste e a segunda à oeste.

Ambas visam vencer a barreira física através de patamares e rampas em seu comprimento.

Desenho: Autor Base: MDC

transpondo limitadores do espaço regular

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7. hipóteses: suposições e intenções

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

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7. hipóteses: suposições e intenções

modelo físico da área de estudo escala 1:2500 Cangaíba e Piratininga, pelo autor.

7. hipóteses: suposições e intenções

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

modelo físico das intervenções na primeira etapa escala 1:1000 Transposições A e B, pelo autor.

transpondo limitadores do espaço regular

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7. hipóteses: suposições e intenções

Imagens 1, 2, 3 e 4 Proposta final de intervenção SOBRE a linha férrea.

Renderizações por David Chang.

7. hipóteses: suposições e intenções

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8. considerações finais terpretado como lidar com suas peculiaridades. Levar em conta seus aspectos físicos e morfológicos, sua composição de paisagem e o modo como os habitantes se comportam no coletivo e o modo como estabelecem suas relações pessoais com o local.

É papel dos arquitetos e urbanistas lidar com os diferentes tipos de territórios existentes na cidade. Hoje a atuação é predominantemente voltada para os grandes empreendimentos imobiliários, visando lucro e notoriedade no meio. Contudo nem todos nós arquitetos devemos atuar em situações favoráveis, cabe aos arquitetos também propor novas abordagens para os territórios menos favorecidos da cidade.

Este estudo iniciou-se a partir da fragmentação do território em função da implantação das grandes infraestruturas urbanas, gerando fronteiras físicas ou visuais ao longo da cidade. As propostas para a reconexão das áreas ilhadas da cidade, propondo novas abordagens a partir das infraestruturas existentes, é um trabalho minucioso e deve ser realizado a partir da noção do comportamento do território em sua totalidade, levando em conta pessoas, hábitos, percursos, entre outros aspectos particulares ao território em questão.

Portanto por meio deste estudo, trago algumas hipóteses, com diferentes abordagens porém mantendo a base de leitura urbana para todas. No intuito de questionar a conformação atual dos bairros periféricos da cidade de São Paulo.

Não se pode prever o comportamento social e a recepção de um projeto no meio urbano, porém podemos resgatar experiências anteriores e utilizá-las como referência projetual.

Lidar com um território informal de modo sensível, pode ser in-

8. considerações finais

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ABERTURA E SOBREPOSIÇÃO

transpondo limitadores do espaço regular

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8. consideraçþes finais

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9. apêndices e

produção paralela Fonte: Autor

9. apêndices

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foto: Grupo Questões Urbanas

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10. referências bibliográficas BONDUKI, Nabil. Periferias: ocupação do espaço e reprodução da força de trabalho. São Paulo: FAUUSP – Fundação Para Pesquisa Ambiental, 1979.

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BRAGA, Mario Luis Attab. Projeto para produção da autoconstrução. 2001. 74 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Tecnologia e Construção de Edifícios, Ipt, São Paulo, 2001. Disponível em: <http://cassiopea. ipt.br/tde_arquivos/teses/{6304A0AF-6DC9-4DFF-8B1E-84665B09396C}_2001_HAB_Mario_Luis_Attab_Braga. pdf>. Acesso em: 07 out. 2017.

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10. referências bibliográficas