Revista On #37

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#37 Editorial Ah, um sorriso... Existe coisa mais contagiante? Ele consegue transmitir tudo que há de melhor: alegria, satisfação, orgulho... É por isso que os cuidados com este que é considerado o nosso cartão de visitas nunca é demais. A matéria de capa desta edição mostra o time de sucesso que tem como lema a inovação e excelência na saúde bucal: a clínica Rit Odontologia Avançada. Com 10 anos de história, o empreendimento terá mais uma novidade no currículo, já que o líder Dr. Alexandre Junqueira ingressa em breve no doutorado em Londres, na quarta melhor faculdade de odontologia do mundo. Mas ele garante: mantém os pacientes e o trabalho na clínica em paralelo com a vida de estudante. Falando em sorriso, quem se preocupa em motivar ainda mais o acontecimento deles pela cidade é o Projeto Mobilize. As criadoras da iniciativa, Camila Righi e Cecília Monnerat, contaram pra gente como surgiu a ideia da ação social em uma entrevista cheia carinho de quem se orgulha do projeto, que mesmo em um ano de vida já conquistou muito. Nesta edição você também irá encontrar dicas para organizar a vida financeira e conseguir se aposentar sem depender do INSS, conselhos para lojistas e empreendedores que tem receio de turbinar os negócios em um momento de recessão econômica como o atual, o retorno das tendências dos anos 90 na moda e cotidiano aliado a pergunta: seria isso um sinal de frustração com os novos tempos? E mais, conheça a Geração Y, os jovens que, além de serem o grupo mais abrangente do mercado de consumo, estão se inserindo no mercado de trabalho e se transformando na força mais ativa do país. E muito mais! Sente, relaxe e prepare-se para a leitura desta edição feita especialmente para você! É só virar a página... Boa leitura!

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Revista On Agosto

Índice

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GENTE

Anos 90 Aposentadoria Entrevista Capa Concer

27 BEM-ESTAR 27 Vegetarianismo 30 Futebol Americano 36 Publieditorial

39 ECONOMIA&NEGÓCIOS 39 Investimentos na Crise 42 Empresa Apresenta

45 COOL 45 53 56 59

Astrologia Moda Viagem Sabores


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GENTE

anos 90 7 aposentadoria 12 entrevista 14 capa 17 concer 25

A influência dos anos 90

nos Movimentos Sociais, Tendências e Políticas Contemporâneas por ANA PAULA BISSOLI

fotos arquivo

Saiba quem são os Millennials - o nicho mais abrangente do mercado de consumo atual e futuro Há uma regra não escrita que diz que, a cada 20 anos, a sociedade passa por uma onda de saudosismo. Eis que chegou a vez da década de 90. Parece que foi ontem, mas o que há tão pouco fazia parte do nosso guarda-roupa, decoração e até mesmo entretenimento, voltou aos dias de hoje com ares retrô. O que difere, porém, este retorno ao passado de uma lembrança saudável a uma decepção com o presente? revistaon.com.br

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GENTE anos 90

Q

ue a moda é cíclica, todos já sabem. Mas o que torna a volta das tendências da década de 90 tão marcantes para o mundo de hoje? A resposta é simples: a nostalgia. Esta é a primeira vez que os integrantes da Geração Y, que cresceram durante a famigerada década, se identificam com um período que, de fato, viveram e tem lembranças. As crianças e adolescentes dos anos 90 formam hoje o nicho mais abrangente do mercado de consumo. E isso se reflete diretamente na força deste tipo de tendência nostálgica. Eles envelheceram, atingiram a maturidade e agora se deparam com as frustações do mundo adulto. Desejam, de alguma forma, voltar a uma época em que a vida era mais simples. O que resta é se cercar de objetos que remetam a este período. Segundo Krystine Batcho, especialista e professora de psicologia da Universidade Le Moyne, em Nova York, “Possuir algo análogo ao que tivemos um dia cria sensações similares àquelas já passadas”. A prova disto não está longe. Basta uma olhada na vitrine das lojas para perceber uma verdadeira volta ao passado. Segundo a lojista e consultora de moda e estilo Maíra Mendonça, a acei8

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tação das peças no vestuário está sendo incrível. “Com certeza essa nostalgia gostosa nos convida a esta viagem, que é marcada pela queda dos excessos dos anos 80”, explica. A dica da empresária é investir no preto, que se torna a cor dominante, seguindo o estilo grunge, mais despojado, com cabelos desarrumados e o jeans destroyed. Mas não é só nas roupas que os anos 90 retornam. De acordo com a arquiteta Natália Nogueira, a tendência aparece com força na parte de design de interiores. “Os objetos chamados retrôs estão em alta, tanto que vemos hoje eletrodomésticos e mobiliários fazendo releituras deste tipo de design”, afirma.

No entretenimento não poderia ser diferente. A geração, que já nasceu acostumada a dispositivos tecnológicos, continua a depositar neles grande parte do tempo. Ano passado, a Netflix, serviço de transmissão de vídeos, não só disponibilizou todas as temporadas do seriado “Três é Demais” como produziu uma sequência da sitcom que foi sucesso nos anos 90. Na mesma leva, o desenho “Meninas Superpoderosas” ganharam episódios inéditos, o que agradou antigos e novos fãs. Há ainda aplicativos de celular que imitam o brinquedo tomagotchi e que trazem uma nova roupagem para o jogo Pokémon lançado pela Nintendo em 1995.

Maíra mendonça

NATÁLIA NOGUEIRA


O que é a Geração Y?

Imediatistas, mimados, hedonistas e individualistas. É assim que a geração Y, também conhecida como Millennials, é descrita por grande parte da sociedade, em geral a parte mais velha. Isso acontece porque eles não estão acostumados com o perfil da nova força de trabalho, os mais jovens, que estão entrando no mercado para substituí-los. O fato é que os tempos mudaram e, com ele, as relações profissionais e sociais. Os Millennials são marcados por um mundo em transformação: os avanços tecnológicos, o espaço de fala nas redes sociais, a facilidade de acesso à informação e a prosperidade econômica. Tudo isso contribuiu para a construção de jovens muito diferentes aos que os pais eram na mesma idade. Mais do que estabilidade econômica, carro, casa própria e casamento, os Millenials querem seguir um sonho, se sentirem realizados profissionalmente. Por conta desta ambição, eles chegaram ao mercado questionando modelos vigentes e propondo mudanças que se adequem ao ideal profissão+satisfação. Novas maneiras de trabalhar tomaram forma: digital influencer, youtuber, nômade digital, freelancer, home office, menos hierarquia e mais informalidade. Eles não querem ser mais um, eles que-

rem mudar o mundo, e, enquanto fazem isso, postam foto no instagram. Mas e quando as expectativas não são alcançadas? A dor típica do amadurecimento somada à crise econômica que assola o país acabou por criar uma geração de profissionais frustrados profissionalmente. É o que sentiu na pele a advogada Talita Oliveira, de 24 anos. Recém-formada e com experiência em estágios durante a faculdade, ela, assim como vários outros jovens na mesma situação, integram o grupo de desempregados. “Eu imaginava que a minha vida (de recém-formada) ia ser totalmente diferente. Achava que iria formar, já ia ter um emprego, que a minha vida ia acontecer e aos 27 anos eu ia estar estabilizada”, conta a advogada. Nem só de facilidades é feito o caminho da geração Y. O que por décadas foi considerada a trajetória natural para a vida adulta, não é mais. Faculdade, especialização, língua estrangeira, intercâmbio, nada disso é visto como diferencial. A competitividade na busca por empregos nunca esteve tão alta. E ainda há o mundo de aparência e de superexposição nas redes sociais, que faz com que todos pareçam bem sucedidos. As cobranças aumentaram e levaram com ela parte da saúde mental dos jovens. Durante a faculdade, Talita sofreu de ansiedade e teve até mesmo que

tomar remédios. “Por causa da pressão. Não só externa como interna também, sobre ser bem sucedida, ter uma boa carreira”, relembra. Para a psicanalista Angelina Mondres, o maior desafio da geração Millennial está justamente nesta busca pela felicidade, que surge com um novo significado. “São ambiciosos. Nesse caso, ser feliz envolve o crescimento profissional e financeiro, sem abrir mão do lazer e do tempo com a família, certamente um grande desafio, que os diferencia”, afirma a especialista. Diferencia, mas também atormenta. Diante de um mundo cada vez mais exigente e em transformação, a saudade de tempos mais tranquilos é natural. Mas será saudável?

talita oliveira revistaon.com.br

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GENTE anos 90

Nostalgia ou frustração?

Com o mundo relativamente estável, a Geração Y cresceu acreditando que podia tudo, mas acabou se deparando com uma realidade amarga. Desemprego, baixos salários, qualidade de vida cada vez mais cara são apenas alguns dos problemas que eles encontram. A frustração é inevitável, mas não particular. Segundo Angelina, “A frustração faz parte do processo de crescimento emocional, talvez o diferencial nesse atual, possa ser a impaciência na construção desses caminhos, uma profunda ilusão de que no conhecimento teórico estão todas as respostas”, explica a psicanalista. Estudos apontam que a ansiedade por resultados, a mesma vivida por Talita quando universitária, é mais um dos traços marcantes dos Millennials. Em relação à nostalgia dos anos 90, ela acredita que “o passado é um lugar que pertence a todos nós”. Sendo assim, a busca por lembranças saudosas é 10

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comum a todas as gerações, da mesma forma que as angústias da vida adulta. “Assim caminha a humanidade. Mudar o mundo é a bandeira do jovem, de qualquer tempo. Essa busca promove alterações. Na transição, geralmente conflituosa, depois vai se adequando até o tempo de renovar outra vez”, defende. Falando em mudar o mundo, é necessário lembrar que, apesar das críticas que os Millennials sofrem, eles tem se aliado a causas de cunho social e promovido mudanças que antes nem ao menos eram discutidas na sociedade. Até o momento, é a geração que mais lutou pelo direito das minorias, como a comunidade LGBT e transexual, abraçou o feminismo e lutou contra o assédio e o estupro, assistiu a criação das cotas no Brasil, levantou a bandeira da causa ambiental, exigiu transporte público de qualidade a ponto de organizarem as “Jornadas de Junho”, a maior série de protestos do período democrático. Para além de generalizações sim-

plistas, cada geração tem diferenças e semelhanças entre si. As frustrações e saudosismos fazem parte do crescimento e sempre estarão presentes. O que não dá é continuar com o papo de “no meu tempo é que era bom”, porque aí, independente da idade, mais do que um velho, a pessoa parece um chato.

angela mondres


BEM-ESTAR vegetarianismo 27 esporte 30 publieditorial 36

ONDA VEGETARIANA por ana paula bissoli

fotos Arquivo Pessoal

O interesse pelo vegetarianismo e vertentes tem crescido em todo o mundo. Diferente de outras tendências ligadas à alimentação, esta parece que veio para ficar. Além dos benefícios constatados, a facilidade de acesso à informação tem popularizado o estilo de alimentação, além de evidenciar o lado obscuro da carne. revistaon.com.br

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BEM-ESTAR VEGETARIAnismo

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omer não significa apenas matar a fome. Um ato tão cotidiano carrega consigo diversas implicações, desde aspectos econômicos, até ambientais, religiosos, fisiológicos, históricos, éticos e culturais. A mais banal das escolhas na alimentação, como comer ou não carne, está coberta por questões precedentes a escolha de um bife ou um brócolis. Embora a porcentagem de vegetarianos venha se mantendo mais ou menos estável ao longo do tempo, há um interesse gradual no assunto. Segundo a União Internacional Vegetariana (UVI), no Brasil são quase 19 milhões de adeptos. Entre os que ainda não são 28% reduziram consideravelmente o consumo de carne. O vegetarianismo está crescendo e com ele, a preocupação com a saúde e com o percurso dos alimentos antes de chegarem ao prato. Foi isso que motivou a estudante Isadora Medeiros, de 16 anos, a abdicar da carne dois anos atrás. Seguidora de parte da crença budista, a estudante não se sentia bem sendo responsável, mesmo que indiretamente, pela morte de outro ser vivo. Desde então, a mudança só tem trazido benefícios. “Minha pele e meu cabelo estão muito mais saudáveis, me tornei uma pessoa bem disposta. Um exemplo é que sempre tive muitas alergias, hoje em dia tenho apenas pequenas crises que duram um dia quando o tempo muda bruscamente”, conta Isadora. 28

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Se no início a família duvidava que ela pudesse abrir mão da carne, hoje se sentem motivados a também enriquecer a alimentação com opções mais naturais. A mãe até mesmo cortou a carne vermelha da dieta. “Vamos esperar os próximos passos”, brinca a estudante. Mais do que desacreditar ser possível viver sem carne, muitas pessoas não acreditam que esta seja uma escolha

ISADORA MEDEIROS

saudável. Segundo a nutricionista Clara Navarro, não há com o que se preocupar. Desde que haja acompanhamento médico, a dieta vegetariana traz inúmeras melhorias para o corpo e mente dos adeptos. Diminuição das toxinas, redução do risco de doenças crônicas e cardíacas, risco diminuído de câncer e o prolongamento da longevidade são só alguns dos diversos ganhos destacados pela profissional.


Mas e a proteína?

É comum assimilarmos a carne e outros alimentos de origem animal ao consumo de proteína. Por causa disso, a dieta vegetariana acaba sendo condenada erroneamente como pobre ou insuficiente para as necessidades do organismo. A nutricionista Clara destaca que é possível sim conseguir boas fontes de proteínas provenientes de vegetais e grãos. Além disso, “Os nutrientes são essenciais para nosso corpo e para o funcionamento do nosso organismo, e isso não tem nada a ver com carne (proteína animal). Pensando assim os mitos caem por terra, pois o que precisamos são encontrados em fontes vegetais e também em suplementos”, completa a especialista. Mas e quando um vegetariano não come vegetais? Este era o caso da Ana Clara Esteves, embriologista de 24 anos que recusou a carne desde criança. Quando bebê, a avó batia carne na papinha para ela comer. Mas quando começou a colocar pedaços no prato, Ana recusou. O problema surgiu quando ela também passou a recusar legumes e vegetais. “Eu comia basicamente arroz, feijão e muito queijo. Não gostava de muita coisa.” Nestes casos, a nutricionista salienta que é importante não obrigar uma criança a comer e respeitar a rejeição, mas estar atento para distinguir uma negativa de uma forma de não se alimentar. Sempre diferenciar o cardápio oferecido e apresentar novos alimentos é uma boa maneira de conhecer e apurar o gosto dos pequenos. Atualmente, Ana Clara aprendeu a se alimentar melhor, com mais vegetais e menos gordura, e já sente os benefícios. “É engraçado, porque as pessoas pensam que vegetariano é saudável, mas não necessariamente. Eu não era nem um pouco. Quando as pessoas decidem de fato encarar o vegetarianismo como um estilo de vida saudável, faz uma diferença muito grande”, afirma a embriologista. Apesar de não ter influenciado ninguém, Ana já ouviu muitas pessoas se mostrarem abertas em aderir o estilo de vida quando conta sobre a própria escolha. Em relação aos curiosos que pensam em experimentar a ideia, a nutricionista alerta “O maior cuidado que devemos ter

é escutar as reações do nosso corpo, é essencial respeitá-lo. Uma mudança dessas pode começar com menos radicalismo e mais gradual, para que haja adaptação total. Acho que encarar a mudança como estilo de vida saudável”, explica. Além das refeições

Paul McCartney, Rita Lee e Chris Martin têm muito mais em comum que apenas o rock. Os três são defensores do vegetarianismo. Como figuras públicas, pregam os benefícios dessa linha de alimentação, falando sobre bem-estar e saúde, meio ambiente e compaixão pelos animais. Famosos à parte, a cada dia cresce o número de pessoas que optam por eliminar a carne do cardápio. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em janeiro deste ano evidenciou que 63% dos brasileiros desejam reduzir o consumo de carne. Outro dado destacado pelo estudo é que 73% dos consumidores se sentem mal informados em relação à produção da carne no Brasil, além dos 35% que alegaram preocupação em relação aos impactos causados na saúde pelo consumo do item.

Um dos possíveis fatores que podem ter contribuído para estes dados é o acesso à informação, que está cada vez mais democratizado. Ao conhecer diretamente a indústria da carne e consequências, muitas pessoas acabam se sensibilizando pela causa. Prova disto é o aumento em 2500% na busca pelo desafio “21 dias sem carne” após a polêmica Operação Carne Fraca, que ocorreu e chocou o Brasil inteiro em março deste ano. Apesar disso, vegetarianos ainda são vistos como extraterrestres pela maioria. Além de nem sempre achar lugares que atendam a escolha de não comer carne, Isadora conta que já foi criticada até mesmo pela funcionária de um restaurante. Mas ela não pensa em largar o estilo de vida. Ao contrário, até mesmo estendeu a filosofia para além das refeições: ela também não usa roupas de origem animais e nem produtos testados nestes. “Eu amo como meu corpo reagiu bem e de certa forma me tornei uma pessoa mais espiritualizada. Quando se tem em mente que nenhum ser sofreu para você poder se alimentar, você sente uma gratidão da natureza”, conta a estudante.

ana clara esteves

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Economia & Negócios investimentos na crise 39 empresa apresenta 42

investimentos em tempos de crise POR ana paula bissoli

FOTOS revista on

Nem só de dificuldades se consiste momentos de instabilidade econômica. O que para uns pode ser considerado uma maldição, para outros, pode ser uma oportunidade para investir e se destacar no mercado. Com planejamento e lucidez nas decisões, até o pior dos cenários pode resultar em bons frutos. revistaon.com.br

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ECONOMIA & NEGÓCIOS investindo na crise

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pós dois anos de recessão, a economia brasileira está crescendo e se prepara para reagir. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), é esperado um crescimento gradual e moderado do país em 2017 e 2018. Em um momento de reestruturação como este, imagina-se que a melhor decisão para empreendedores seja não se arriscar, certo? Errado. Essa é a hora de sair à procura de boas oportunidades de ganhar dinheiro. O mesmo se aplica em situações em que, apesar do bem-estar econômico do país, a iniciativa privada vai mal. Ao ir contra a corrente de pessimismo e investir no mercado, os gestores podem encontrar maneiras de se destacar da concorrência e criar melhores oportunidades de ação. É o que acredita o orientador de negócios do SEBRAE/RJ Luis Filipe Salgado. “A crise nem sempre é percebida da mesma maneira pelas pessoas. E dependendo do tipo de negócio em que se queira investir, alguns podem, inclusive, lucrar com ela”, explica. Mas é necessário cautela. O simples fato de diminuir a concorrência não é sinônimo de sucesso. Obviamente que, com menos pessoas ousando em novas iniciativas, as chances de o cliente escolher aquele que mais se destaca são maiores. Mas existem muitos outros pontos a serem considerados para se obter êxito nos negócios. Passo 1 Antes de tudo é preciso ter uma boa percepção do mercado para se adequar à nova realidade. Um empreendedor que não conhece o próprio negócio, com ou sem crise, está fadado ao fracasso. Público-alvo, produtividade, logística e fluxo de caixa são só alguns dos vários pontos que se deve levar em conta antes de tomar qualquer decisão. “Em um cenário econômico instável, onde tudo pode mudar rapidamente, é preciso investir com bastante lucidez e da forma mais enxuta possível, além de avaliar constantemente a situação do mercado para que, caso seja necessário, haja uma mudança de direção no planejamento”, acrescenta Filipe. 40

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LUIS FILIPE SALGADO

Passo 2

Passo 4

Outro cuidado destacado pelo especialista é em relação aos clientes, que deve ser redobrado. Em momentos de crise, o consumo tende a retrair e mesmo que atualmente o cenário seja de recessão, a desconfiança ainda é grande. De acordo com Salgado, “As pessoas estão priorizando a compra de itens de necessidades básicas. Nesses casos, é importante ser mais eficiente e assertivo nas ações. Se o faturamento diminui, é necessário também diminuir as despesas sem, no entanto, perder qualidade e buscando não prejudicar a entrega de valor ao seu cliente”. Ou seja, coloque sempre o freguês em primeiro lugar.

Apesar disto, o risco é um fator presente na vida de qualquer gestor. Para driblá-lo, é necessário capacitação e comprometimento com o negócio. Segundo o especialista, não existe uma fórmula que resolva os problemas causados por um mercado em crise. Cada negócio tem especificidades próprias e, por isto, necessitará de uma ação específica. “É muito importante que o empreendedor tome consciência que é necessário conhecer o seu negócio e ter uma boa gestão, já que nos momentos de dificuldades, ele saberá exatamente o que deverá fazer para modificar o que for necessário para voltar a crescer”, conclui Filipe.

Passo 3 Definir objetivos e estratégias é outro conselho do orientador. Mais do que levar em conta como e aonde se quer chegar, o planejamento diminui os riscos. Com as demandas do dia a dia, o gestor pode acabar perdendo o foco das metas que deseja alcançar e daquilo que já conquistou ou fracassou. Estar sempre atualizado em relação ao empreendimento ajuda a tomar decisões acertadas.


Os mandamentos do empreendedor Apesar de não existir receita para o sucesso, Filipe selecionou algumas dicas para ajudar gestores a melhorar resultados em momentos de crise: • Inove sempre: Mudar a forma de fazer é importante! • Conheça seu cliente: Estreite o relacionamento com o seu cliente e procure entender medos e desejos. Busque entender as razões pelas quais ele deixou de comprar e mostre que você se importa com ele. • Tenha sempre opções mais baratas: Neste cenário, o consumidor fica mais sensível a promoções, ou boas condições de negócio. • Mantenha a equipe motivada: Defina metas desafiadoras, mas que sejam possíveis de serem atingidas. Crie condições e premie o sucesso! • Invista na comunicação: Ninguém vende sem divulgação. Seja eficiente e criativo Use canais de comunicação mais simples e diretos. A máxima “quem não é visto não é lembrado” sempre vale. • Seja calmo e racional: Evite tomar decisões precipitadas e emocionais, principalmente relacionadas à tomada de crédito. • Por fim, o controle é o segredo: Aproveite para organizar sua empresa, comece pelo estoque e controles financeiros. Ali pode estar a solução para os seus problemas.

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COOL

astrologia 45 moda 53 viagem 56 sabores 59

A culpa é das estrelas por ana paula bissoli

fotos Arquivo Pessoal

Quem nunca leu um horóscopo buscando antecipar o futuro que atire a primeira pedra. O sucesso da leitura dos astros não é de hoje. Ele tem raízes profundas nas origens do conhecimento. Mas vez ou outra, a curiosidade humana é somada a períodos de incertezas e a crença aparece com mais força na sociedade. revistaon.com.br

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COOL astrologia

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emes nas redes sociais, testes inusitados e até textos de autoajuda. O mundo virtual está cheio de referências à sabedoria da astrologia. Mesmo que de maneira superficial, o fato é que as pessoas estão se interessando mais por este estudo há tanto esquecido. Para a astróloga Eliane Brasil, o despertar desta curiosidade está ligado diretamente ao momento de turbulência que a humanidade está passando. A incerteza econômica é tão forte e as mudanças são tão rápidas, que até mesmo os empresários recorrem ao estudo para prever o futuro. O próprio Vale do Silício, polo industrial localizado nos Estados Unidos e que concentra diversas empresas de tecnologia da informação como a Apple, Facebook e Netflix, conta com um guru astrológico, o psicólogo e historiador Jeffrey Amstrong. Entre 2014 e 2015, as buscas pelo termo “mapa astral” no Google quadruplicaram, após trajetória de queda de 80% entre 2005 e 2013. Segundo a astróloga Eliane, é natural em tempos de crise o ser humano buscar o inexorável. “A sociedade não está conseguindo respostas no plano humano, então ela vai buscar um aprofundamento, vai buscar estas respostas em uma consciência além desta que está estabelecida. Ela vai buscar novos valores, que tragam novos parâmetros morais, éticos de condição da evolução”, explica. Estudiosa no assunto desde os 18 46

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anos, nos anos 80, Eliane vê muita relação entre o despertar do próprio interesse e o cenário atual. “Sou de uma geração que vivia no silêncio, nos anos 70, sem poder se expressar (época marcada pela ditadura militar no Brasil). E enquanto na Terra não havia espaço de expressão, eu acho que a gente procurou o céu. Eu acho que é natural que o jovem procure uma expressão além, em um espaço onde ele poderia vir a ter uma expressão mais ampla, que é estar em conexão com o invisível, com o inexplicável. Buscar um sentido maior, buscar respostas além, isso faz parte da faixa de idade de adolescência, por isso que eu acho que os jovens hoje estão tão interessados nestes caminhos, de repensar esta sociedade que está tão sem oxigênio”, disserta a astróloga. Para ela, os astros ajudam os adolescentes na busca por respostas que nem as pessoas, a raça humana, os governantes ou os pais podem dar neste momento. Mas não são apenas os jovens que procuram a sabedoria dos astros. Segundo Eliane, existem também muitas pessoas na faixa dos 50 aos 60 anos despertando para o saber. Pessoas que estão ocupadas demais com o trabalho ou se aposentando buscando algo além do existir. “Acho que a gente pode sintetizar que é uma buscar por novos valores e parâmetros para reorganizar o sentido de viver, uma análise de si, o surgimento de uma nova consciência e essa consciência talvez traga novas respostas. Então quando não se encontra estas respostas no plano terreno,

o ser humano busca o céu, assim desde a antiguidade”, destaca. Apesar da evolução, os indivíduos de hoje em dia não mudaram tanto em relação ao desconhecido quanto no início da civilização humana. Em um mundo incerto e amedrontador como o dos primórdios da civilização, qualquer forma de descobrir o que estava por vir podia significar a diferença entre a vida e a morte. A astrologia ajudava as pessoas a tomarem decisões, como quando partir para uma viagem, semear a colheita ou entrar em guerra. A origem

A astrologia que usamos atualmente teve início na Mesopotâmia, atual Iraque, e depois foi adaptada pela Grécia Antiga e utilizada por toda a Europa. Setecentos anos antes de Cristo, os babilônios já haviam analisado os movimentos das estrelas, determinado as constelações que integravam o zodíaco, as estrelas fixas e os planetas móveis, entre outras informações. Há setecentos anos, eles já haviam criado as bases para o conhecimento que usaríamos até hoje. Astrologia vem do grego: “astro” = estrelas e “logos” = palavra. Ou seja, é a mensagem que as estrelas passam para nós. O estudo defende a ideia de que a posição das estrelas na hora do nascimento não só influencia a vida das pessoas na Terra como ajuda em previsões para o futuro. “O mapa astral dá uma direção,


uma orientação sobre si mesmo, principalmente a direção de dentro. Você vai perceber quem você é. Ele facilita você desembaraçar o caminho”, afirma Eliane. Foi isso que a arquiteta Juliana Freitas, de 40 anos, descobriu há oito anos, quando fez o primeiro mapa astral. O que antes era uma curiosidade, atualmente virou hábito. “Faço a revolução solar anualmente e sempre aprendo muito sobre mim. Me apaixonei pela astrologia quando fiz o mapa astral. Fiquei impressionada como aquele ‘desenho’ me descrevia tão bem”, conta Juliana. Desde então, ela encontrou muitas respostas para questionamentos internos que a intrigavam. Qualquer semelhança com terapia não é mera coincidência. Apesar de não deter os mecanismos e nem a função de um psicólogo, Eliane enxerga a ocupação como uma espécie de “terapeuta do deserto”, já que acaba se tornando ouvinte dos anseios e problemas das pessoas que a procuram. Ela justifica esta confiança pelas habilidades únicas que os astrólogos detém, “alguém que é capaz de ter uma visão global sobre o seu ser, pois conhece as trajetórias e travessias, então pode dar subsídios para os caminhos internos e externos”, completa. Somado a isto, a estudiosa aproveita para traçar um paradoxo dos tempos

modernos: quanto mais o mundo se torna tecnológico, mais nos aproximamos do místico. A tecnologia, ágil e múltipla, acaba por ser responsável por uma confusão de propósitos da sociedade, já que falta tempo para uma atenção intima e particular do ser. “A tecnologia tira sua capacidade de contemplar, pois exige que você cumpra o que ela sugere e impõe. Te afasta do sentir, conduz o olhar, que deixa de perceber maravilhas”, analisa Eliane. Dessa forma, a astrologia acaba por se apresentar como um mundo à parte, um convite à contemplação, cujo tempo respeita o ritmo pessoal. Veracidade

Assim como outros conhecimentos ancestrais, a astrologia é condenada por céticos, que usam o caráter esotérico e sensitivo do tema para desmerecê-lo. O astrônomo Stephen Hawking foi um que escreveu no livro O Universo na Casca de Noz: “Astrólogos sabiamente fazem previsões tão vagas que podem ser aplicadas para qualquer acontecimento”. Diante das críticas, Eliane é pontual: a astrologia não é um oráculo de respostas prontas. “As previsões devem ser vistas muito mais como probabilidades de crescimento e amadurecimento do que como

determinações que você fica refém e aí deixa de viver a liberdade e o fluxo das coisas”. Por isto, nada de colocar a culpa no signo por causa de defeitos ou problemas pessoais. Cada um é responsável pela própria história. Para a astróloga as pessoas devem se ocupar mais com o presente do que do futuro “Não acho que devemos buscar uma astrologia determinista e sim buscar os fatores projetados como um exercício de reflexão e um movimento de probabilidades de crescimento”, acrescenta. Desta forma, o que falta para os céticos, talvez, seja a habilidade de interpretar os sinais do universo além do óbvio. A astróloga defende que para além de alguma utilidade de premonição, a astrologia é uma ferramenta de auto-conhecimento. O ser humano é cheio de incertezas de cunho-existencial desde tempos primórdios e os momentos de investigação são cada vez mais raros. Para Eliane, a leitura dos astros é um retorno para si “É um trabalho que leva o outro a refletir sobre o seu caminho, seu propósito de estar nesse planeta, sobre a jornada, as possibilidades, as habilidades, o que há para ele nesta jornada do existir”. E, céticos ou não, convenhamos: isto não é pouca coisa.

O que esperar de 2017?

Acredito que o momento atual seja de reestruturação de consciência e valores elevados. Vai haver uma grande transformação nas estruturas concretas do viver. Eu diria que o tema geral que está convidando as pessoas neste ano de 2017 é restruturação, busca pela sabedoria interna, que esta sabedoria interna de cada um guie e dê direção as suas responsabilidades maiores e mais elevadas com sentimento profundo de compaixão, sempre considerando a dor humana, convidando a gente para um renascimento, para trazer de volta a inocência, a alegria da criança dentro de tanta seriedade. É possível reestruturar com leveza. Eu acho que este é o grande segredo: reestruturar este país com sabedoria, com seriedade e com leveza, com a alegria da criança, com criatividade e renovação. Essa seria, se é que eu posso fazer uma previsão para o ano de 2017, a energia em movimento dos planetas dos convidando a reestruturar o viver para um ponto mais elevado do existir

afirma a astróloga Eliane Brasil. revistaon.com.br

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