Revista On #36

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#36 Editorial Parece brincadeira, mas a criançada chegou de mansinho e hoje é referência na internet. Nas redes sociais, o papo é sério e cheio de conteúdo. Elas falam sobre diversos assuntos: moda, tendências, games e tudo que movimenta o universo infantil. Desde os três anos, a trirriense Lívia Chimelli encara as passarelas e as lentes das câmeras. Hoje, aos 11 anos, utiliza seu perfil no Instagram para lançar tendências e divulgar marcas. A mini blogueira já reúne mais de 15 mil seguidores no seu perfil. Assim como ela, outras crianças também movimentam as redes sociais e fazem caras e bocas nas fotos e vídeos publicados. Falando em autenticidade, os recém-nascidos também estão em alta no ensaio “newborn”, que mostra os bebês em posições e expressões que encantam. Ainda sobre a internet, você vai conferir os bastidores do “Repassa”, um grupo que faz sucesso no Facebook por intermediar a venda e a troca de produtos entre os seus membros. Para algumas pessoas, o ano só começa depois do Carnaval. Mas para o Zé Rodrigues, subsecretário de cultura do município e presidente da liga das escolas de samba de Três Rios, o trabalho começa bem antes. Nesta edição, ele vai contar sobre a sua história no teatro local e o envolvimento com as escolas de samba. Além disso, você vai conferir nas próximas páginas o dia a dia de dois atletas, a rotina regrada e a preparação para competições de judô e MMA. Vamos te convidar para dar uma volta de táxi e conhecer as histórias dos taxistas da região, que muitas vezes são vistos como psicólogos dos passageiros. A Revista On chega à 36ª edição e traz uma reportagem especial sobre o tráfico de drogas na região e as ações preventivas do 38º Batalhão da Polícia Militar de Três Rios. Esporte, saúde, empreendedorismo, comportamento, moda e muito mais! Vire a página e aproveite! Boa leitura!

Índice

7 7 12 15 19

GENTE

Tráfico Entrevista Capa Internet

23 BEM-ESTAR 23 Esporte 26 Sexualidade 32 Saúde

33 ECONOMIA&NEGÓCIOS 33 E-commerce 38 Coach

47 47 51 52 61

COOL

Cotidiano Moda Diário de bordo Decoração


47

23 33

15


GENTE tráfico 7 entrevista 12 capa 15 internet 19

NA ROTA DO

TRÁFICO DE DROGAS POR RAFAEL PASCHOA

FOTOS ACERVO DA POLÍCIA MILITAR

A ação do tráfico de drogas já não se restringe às capitais brasileiras. A distribuição de drogas é intensa no interior do estado do Rio de Janeiro e, segundo a Polícia Militar, o acesso ao município de Três Rios facilita a circulação dos entorpecentes na região.


O 38º BPM possui cerca de 400 efetivos

O

consumo de drogas no Brasil e no mundo está crescendo a cada ano. Independente do gênero ou classe social, o número de adolescentes que experimentam drogas tem aumentado consideravelmente. Um estudo recente mostrou que o jovem brasileiro tem acesso aos entorpecentes cada vez mais cedo. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada pelo IBGE, revela dados alarmantes sobre os hábitos dos adolescentes brasileiros. O levantamento, referente ao ano de 2015, foi realizado com estudantes concluintes do 9º ano em escolas públicas e privadas de todo o país, a maioria entre 13 e 15 anos. Os resultados mostram que o percentual de jovens que já experimentaram bebidas alcoólicas subiu de 50,3%, em 2012, para 55,5% em 2015; já a taxa dos que usaram drogas ilícitas aumentou de 7,3% para 9% no mesmo período. Entre as drogas ilícitas, 4,2% dos entrevistados revelaram ter feito uso nos 30 dias que antecederam a pesquisa, um indício do uso regular das substâncias. Os meninos (4,7%) apresentaram percentual maior que as garotas (3,7%). O estudo questionou o uso específico da maconha, e 4,1% dos estudantes disseram ter fumado nos últimos 30 dias antes do preenchimento do questionário. Essa realidade não é diferente em Três Rios e nos municípios vizinhos.

Segundo levantamento do 38º Batalhão da Polícia Militar - que atende os municípios de Três Rios, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia e Areal - a maconha é a droga ilícita mais apreendida na região, em seguida aparecem a cocaína e o crack. Em 2016, ocorreram 1277 apreensões de drogas, segundo levantamento da Polícia Militar. Houve um crescimento de quase 40% na região comparado ao ano anterior, que registrou 809 apreensões.

“A população de fato contribui bastante para o nosso trabalho, eles ligam e denunciam” Tenente Vargas

Os municípios que mais apresentaram ocorrências foram Três Rios, Paraíba do Sul e Sapucaia. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), Três Rios lidera a lista dos municípios da região com o maior número de apreensões. Em 2016, ocorreram 811 apreensões de entorpecentes na cidade, um aumento de quase 30% nos registros se comparado ao ano de 2015, quando foram registradas 582 ocorrências. De acordo com a Tenente Vargas,

Relações Públicas do 38º Batalhão de Polícia Militar, a situação econômica do estado é um dos fatores que contribuiu para esse crescimento de usuários e tráfico de drogas na região. No ano passado, a polícia apreendeu 66 armas de fogo - entre elas, foram 27 apreensões em Paraíba do Sul e 25 em Três Rios. O levantamento da Polícia Militar mostrou que o crescimento do tráfico impulsionou as ocorrências de furto, roubo e homicídios. Somente em 2016, a polícia realizou 615 prisões. Do total, 259 prisões foram referentes ao tráfico de drogas. Em relação ao uso de entorpecentes, foram registrados 715 boletins de ocorrência. Além disso, a polícia apreendeu mais de R$ 70 mil somente no ano passado. A Tenente Vargas explica que o tráfico de drogas é fragmentado na região, dividido entre pequenos grupos, o que favorece o envolvimento de jovens e adolescentes. Para a Tenente, vários fatores podem influenciar o aumento da criminalidade, inclusive o fácil acesso à região, que é cortada por duas grandes rodovias federais, fazendo com que Três Rios tenha o maior entroncamento rodoviário do país. O acesso às grandes cidades é feito através da BR040 (Washington Luiz - acesso a Belo Horizonte, Brasília e ao Rio de Janeiro) e da BR-393 (Lúcio Meira - acesso a São Paulo e a Vitória). “A maioria


das drogas apreendidas vem do Rio de Janeiro. A identificação é feita por meio de uma etiqueta, que especifica a sua origem e a facção. Apesar de não ser um produto legalizado, a droga é uma mercadoria de venda. A etiqueta marca o território que a facção atua e ajuda o usuário a identificar a origem da droga”, explica Vargas. A maior parte das apreensões de drogas realizada pela Polícia Militar ocorre com a participação da comunidade através do “Disque Denúncia”. “A população de fato contribui bastante para o nosso trabalho, eles ligam e denunciam. Nós enviamos uma viatura até o local para verificar a denúncia. Sendo verdadeira, é feita a prisão e condução até a delegacia”, diz Vargas. Outro meio de contato é o “WhatsApp Denúncia”. Através do aplicativo, os agentes recebem as informações da população e são acionados para verificar o caso. Além disso, o 38º Batalhão da Polícia Militar possui um setor reservado de inteligência (P2) que atua com levantamento de informações, pesquisa e apuração de ocorrências. Segundo a Tenente, não é possível traçar o perfil do usuário de drogas na região, já que atualmente ela é consumida por um público variado e atinge todas as classes sociais, gêneros e idades. Atualmente, o 38º Batalhão da Polícia Militar possui cerca de 400 efetivos, que trabalham com medidas preventivas e policiamento ostensivo para preservar a ordem pública. “Nós fazemos o patrulhamento ostensivamente, fardados e identificados, para evitar que o crime aconteça”, esclarece a Tenente. Na região, a Polícia Militar promove ações preventivas com o objetivo de oferecer assistência à comunidade. O projeto “Arrastão do Bem” permite a integração da Polícia Militar com a sociedade local por meio de visitas pontuais nos bairros da região. Durante o “Arrastão”, os policiais consultam a comunidade através de questionários, que avaliam diversos serviços públicos como Segurança Pública, Saneamento Básico, Lazer e Cultura. Geralmente, a operação conta com um efetivo de mais de quarenta Policiais Militares comandados pelo Tenente-Coronel Márcio dos Santos Guimarães. O

RESULTADO Em 2016, 259 prisões foram referentes ao tráfico de drogas.

“Arrastão do Bem” existe há mais de um ano e já foi realizado em Três Rios - nos bairros Purys, Cantagalo e Ponto Azul - e em Paraíba do Sul - no bairro Liberdade. Outro projeto de destaque é o “Guardiões da Vida”, que atende as famílias vítimas de violência doméstica em parceria com as delegacias da região (108ª, 107ª e 109ª), com o Juizado Especial Criminal (Jecrim), Conselhos Tutelares, Promoção Social e os Caps (Centro de Atenção Psicossocial). O Sargento César e a Cabo Hortência são os mediadores dos conflitos domésticos. Assim que um caso é notificado, a dupla de policiais realiza a primeira visita e, de acordo com a necessidade, retornam às residências. Eles conversam com as mulheres e com os agressores e explicam como a lei funciona. Se o agressor for usuário de drogas ou alcoólatra, ele é encaminhado ao Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD). Mudando histórias

Como mostra o levantamento da Polícia Militar, o número de usuários de drogas não para de crescer. Em contrapartida, existem muitos dependentes que esperam se libertar do vício. Quem deseja começar uma nova vida longe das drogas pode contar com o apoio do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) de Três Rios. Sob a direção de Octávia Cristina Barros, a

unidade existe desde 2009 e atende pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas. De acordo com a diretora da unidade, o Caps AD Drª Zilda Januzzi Veloso foi instalado na cidade por conta do alto índice de tráfico de drogas. “Quando nós fizemos o projeto do Caps AD, nós justificamos que existia um número significativo de pessoas na cidade com necessidade de apoio. Nós trabalhamos com ‘redução de danos’, uma estratégia do Ministério da Saúde baseada no cuidado ético, respeitando a limitação de cada usuário. Às vezes, o usuário não consegue ficar totalmente abstinente, mas reduz muito os danos em relação ao uso”, disse Octávia. A diretora explica que, durante o acompanhamento, a abstinência não é imposta ao usuário, ela acontece gradualmente de acordo com a adesão ao tratamento. “Não é um trabalho de combate à droga. Nós entendemos que, se usarmos essa etiqueta diagnóstica de dependente químico, vamos excluí-lo da sociedade. A nossa proposta é de inclusão, reinserção social e, principalmente, de oferecer a possibilidade Polícia Militar 190 (24) 99824-0147 38º Batalhão de Polícia Militar - PMERJ


dessas pessoas resgatarem os laços sociais, familiares e profissionais”. O Caps AD de Três Rios conta com uma equipe de multiprofissionais que reúne psiquiatra, enfermeiro, psicólogo, educador físico e oficineiro de artes. Atualmente, pessoas com idades entre 17 e 70 anos participam das atividades e utilizam os serviços do centro. Entre as necessidades individuais, o alcoolismo lidera o número de casos mais frequentes do Caps de Três Rios. De 2009 a 2016, a unidade atendeu 860 alcóolatras, 715 usuários de maconha, 593 dependentes de cocaína, 575 usuários de crack e 121 viciados em tabaco. Outros casos de dependência química também apareceram no levantamento, como 12 usuários de LSD e nove registros de uso de solvente. Segundo a diretora da unidade, a equipe está preparada para atender os mais variados tipos de dependência química. Por ser um atendimento personali-

“Às vezes, o usuário não consegue ficar totalmente abstinente, mas reduz muito os danos em relação ao uso” Octávia Barros

zado, de acordo com as necessidades de cada usuário, o tratamento acontece de maneira diferenciada para cada pessoa. “Os usuários do Caps AD participam do Projeto Terapêutico Singular, que consiste nas atividades que ele vai realizar durante o tratamento. Dependendo da necessidade, o usuário pode frequentar o espaço diariamente ou frequentar em dias específicos”. A unidade de Três Rios corresponde ao terceiro segmento Caps AD III - ou seja, o espaço funciona 24h. Nesse caso, o programa oferece a possibilidade do usuário permanecer na unidade em tempo integral, durante sete dias, podendo ser estendido pelo mesmo período. Octávia explica que esse serviço é direcionado para casos mais graves, com necessidade de desintoxicação. O Caps AD de Três Rios possui uma extensão para atender crianças e ado-

CAPS AD A unidade aposta na inclusão social dos seus frequentadores.

lescentes do município que apresentam dependência química. De acordo com a diretora do centro de atenção, a Unidade de Acolhimento Infanto Juvenil oferece acolhimento transitório às crianças e adolescentes de ambos os sexos, de 10 a 18 anos de idade, com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. A permanência no serviço e a participação nas atividades também é de caráter voluntário. Os usuários do Caps AD participam de atividades que envolvem trabalhos manuais e artísticos como reciclagem de materiais, origamis, pintura, biscuit e argila. Além disso, a unidade oferece uma oficina de geração de renda em parceria com Unimed Três Rios. O pro-

jeto “Tô Limpo” é uma iniciativa que consiste na inserção social dos usuários de álcool e outras drogas por meio da fabricação de sabão caseiro, incentivando os participantes a obterem mais produtividade, ganhos psicológicos e financeiros, além de colaborarem com o meio ambiente através da prática de reciclagem. O sabão caseiro é fabricado pelos usuários a partir do aproveitamento de óleo de cozinha doado. Todo o produto fabricado é vendido, a renda cobre parte das despesas materiais e é direcionada aos usuários do programa. Caps AD (24) 2255-4539

CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA Eles desenvolvem trabalhos manuais como produção de sabão.


Economia & Negócios e-commerce 33 coach 38

VITRINE ONLINE

UM NOVO JEITO DE FAZER NEGÓCIOS POR RAFAEL PASCHOA

FOTOS REVISTA ON

Comprar, vender ou trocar produtos pela internet. Você já fez isso? Caso a resposta seja negativa, pode ter certeza que seu amigo ou vizinho já aproveitou os benefícios da compra online. As empresas descobriram as redes sociais como uma das principais ferramentas para divulgar, negociar e se relacionar com seus clientes. A realidade do comércio mudou e muitos profissionais já perceberam isso.


A

s vendas do comércio por meio da internet tiveram um aumento expressivo nos últimos anos. No entanto, as tradicionais “lojas físicas” ainda são responsáveis por mais de 95% da receita do setor. O levantamento realizado pela Pesquisa Anual do Comércio (PAC) e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que a receita bruta de vendas do varejo pela internet cresceu 290,4% entre 2007 e 2014. Ao longo desse período, o faturamento nesse segmento de venda passou de R$ 7,7 bilhões para R$ 30,2 bilhões. O comércio pela internet representa apenas 2,2% de todo faturamento do setor, mas cresce acima da média do varejo. Segundo o IBGE, a receita bruta do comércio varejista teve aumento real de 86,5%, saindo de R$ 753,3 bilhões, em 2007, para R$ 1,4 trilhão, em 2014. O resultado expressivo prova que o número de internautas cresce a cada dia. De acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2015 (que mede a posse, o uso, o acesso e os hábitos da população brasileira em relação às tecnologias de informação e de comunicação), 58% da população brasileira usam a internet, o que representa 102 milhões de internautas. A pesquisa mostra que o telefone celular é o dispositivo mais utilizado para o acesso individual da internet pela maioria dos usuários: 89%. Na sequência aparece o computador de mesa (40%), notebook (39%), tablet (19%), televisão (13%) e videogame (8%). Com a praticidade do acesso, o número de usuários nas redes sociais cresce proporcionalmente. De acordo com uma pesquisa da agência eMarketer, o Brasil é o país com mais usuários de redes sociais da América Latina, com um total de 93,2 milhões em 2016. Diante desse cenário, as redes sociais surgem como uma excelente ferramenta para divulgar marcas, produtos ou serviços. Para Daniel Vizeu, especialista em mídias digitais e diretor de criação da agência Cubo Propaganda, as empresas que não possuem uma presença sólida nas redes sociais estão perdendo excelentes oportunidades. “Hoje as pessoas gastam, em média, 50 minutos por dia

EQUIPE REPASSA Agnaldo Aguiar (marketing), Vinícius Mota e Gabriel Carvalho (idealizadores e administradores)

nas redes sociais, de acordo com dados divulgados pelo Facebook. E isso apenas nas plataformas Facebook, Messenger e Instagram, não contabilizando o WhatsApp. O interessante é que esse número não para de crescer. Se o consumidor está nas redes sociais, é lá que estão as oportunidades de contato”, garante Daniel. Em Três Rios, dois amigos criaram um grupo no Facebook com a proposta de trocar, vender ou comprar produtos usados. A ideia surgiu apenas para atender os amigos mais próximos, que divulgavam na rede social os produtos que não tinham mais utilidade. Assim, os outros participantes do grupo poderiam trocar ou comprar o produto usado. Vinícius Mota e Gabriel Carvalho são os idealizadores do grupo popular “Repassa”, que reúne hoje mais de 70 mil seguidores. De acordo com Gabriel, a ideia surgiu por meio do programa “Trato Feito”, exibido pelo canal “History”, onde os participantes apresentam relíquias, objetos raros ou produtos diferenciados com a intenção de comercializar. “Eu assistia muito esse programa. Um dia, sonhei que havia feito algo parecido no Facebook, relacionado à compra e venda de produtos. Acordei com a ideia e comentei com o Mota (Vinícius). Afinal, todo mundo tem alguma coisa em casa que não usa mais”. Inicialmente, o grupo recebeu o nome de ‘Passa ou Repassa’, que indica a troca de mercadorias. “Na época, levamos um susto. Logo nos primeiros

dias, o grupo reuniu mais de 300 pessoas. Percebemos que a ideia foi útil e a finalidade da proposta atendeu o que esperávamos. Nós não criamos o conceito, apenas adaptamos para a nossa realidade. Fomos os pioneiros em Três Rios”, disse Vinícius. Mais tarde o nome do grupo mudou para ‘Repassa’. Segundo os idealizadores, a maioria dos membros são de Três Rios, Comendador Levy Gasparian e Paraíba do Sul. Quando acontece uma publicação indevida no grupo, o usuário é notificado e excluído. “Surgem algumas publicações fora de contexto ou em forma de piada. Sempre tem alguém vendendo o irmão ou o marido, por exemplo. Nosso trabalho diário é monitorar o grupo para que isso não influencie na credibilidade do Repassa”, comenta Vinicius. O grupo é fechado e a inclusão de novos membros é feita somente com a autorização dos administradores. Além dos dois amigos, atualmente o Repassa conta com mais dois colaboradores: Agnaldo Aguiar, responsável pelo marketing, e Cláudio Mardelle Aguiar, designer. O Repassa surgiu para facilitar a compra, venda e troca de produtos usados. Mas, segundo os idealizadores, outras propostas foram agregadas à grandiosidade da iniciativa. Informação de utilidade pública são publicadas constantemente no grupo, como documentos perdidos ou situações que necessitam do apoio da comunidade. “Algumas pessoas fazem publicações inconvenientes e fora da proposta do grupo.


Mas quando é algo para o bem, nós apoiamos”, ressalta Gabriel. O Repassa realiza pontualmente campanhas solidárias e conta com o apoio dos membros da rede social. Em 2016, o grupo realizou a “Campanha do Agasalho”, apoiou o “Patinha Amiga” (grupo que cuida de cães e gatos abandonados) e apoia o Instituto Imaculado Coração de Maria, em Paraíba do Sul. Diariamente, o Repassa recebe em média 800 publicações de usuários. O grupo tornou-se uma vitrine virtual para lojistas e autônomos. Segundo os idealizadores, algumas pessoas contam apenas com o Repassa como único meio de divulgar os seus serviços ou produtos. Devido à dimensão que o grupo atingiu, novos

mecanismos foram inseridos para atender o comércio da região. “Hoje, muitas empresas utilizam o Repassa para divulgar, isso é muito gratificante para a gente. Mostra que o grupo tem credibilidade no mercado. Nossa missão é contribuir com o comércio local, por isso estamos inovando e buscando novas possibilidades. Já fizemos ações nas ruas para fomentar e movimentar o comércio, como a “Black Friday” realizada no ano passado”, disse Gabriel. Além disso, o Repassa participou do Centro Sul Negócios 2016 e apresentou o novo segmento do grupo, direcionado ao comércio e empresas. Segundo Vinicius, o número de usuários do grupo prova para o comerciante

A ideia surgiu apenas para atender os amigos mais próximos, que divulgavam na rede social os produtos que não tinham mais utilidade.

que a estratégia de divulgação mudou. “O comércio de Três Rios ainda é muito engessado nesse sentido e não percebe que a rede social é um excelente canal de relacionamento com o seu cliente”, comenta. No entanto, segundo o publicitário Daniel Vizeu, é preciso ter muita cautela ao utilizar as redes sociais como ferramenta de negócios ou divulgações. “Essa entrada no universo das redes sociais precisa ser muito bem planejada e executada. É comum vermos empresários criarem uma página, alimentando-a por poucos dias e deixando-a abandonada. Também vemos empresas com 3 ou 4 perfis diferentes em uma mesma rede social. Qual imagem isso passa para o consumidor? De uma empresa desorganizada, ou até mesmo amadora. É preciso encarar a comunicação digital, não só nas redes sociais, de forma profissional. Afinal, hoje as redes são o ponto de contato com o melhor custo-benefício, principalmente para o pequeno empresário”, explica o especialista em mídias digitais.


BEM-ESTAR esporte 23 sexualidade 26 saúde 32

VIDA DE ATLETA POR RAFAEL PASCHOA

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Os atletas profissionais possuem treinamentos que buscam o melhor desempenho possível. Muitas pessoas não têm a mesma necessidade, mas é possível se inspirar e levar esses ensinamentos para uma rotina mais saudável.


V

ocê já deve ter ouvido que a prática leva à perfeição. Em outras palavras, não adianta começar a praticar atividades físicas poucos dias antes do verão com o intuito de emagrecer. Somente a rotina de exercícios diários permite que seu corpo responda da melhor forma possível. Mas o esforço só é possível com uma dieta equilibrada e direcionada ao seu objetivo. Claro! Sem abrir mão de uma boa noite de sono. É fundamental fornecer energia suficiente para os treinos. Não se esqueça que os atletas profissionais trabalham duro, todos os dias, para conquistar seus objetivos. Eles são a nossa inspiração! Nesse contexto, o segredo é ter disciplina! Os atletas que se destacam possuem uma rotina planejada e regrada, o que inclui treinamento, alimentação, recuperação e descanso. Eles ressaltam que uma rotina disciplinada é uma rotina mais produtiva. O trirriense Luiz Filipi Santos, 19 anos, começou a praticar judô aos 9 anos e, hoje, é atleta oficial da base do Flamengo. Ele começou no esporte incentivado por seus pais, Raick Pereira dos Santos e Luiz Fernando dos Santos, que sempre valorizaram a prática esportiva para desenvolver a disciplina e beneficiar a saúde. “Comecei a praticar o Judô aqui em Três Rios, participei de algumas competições e cheguei até a faixa roxa. Em 2013, eu fui transferido para uma agremiação do Rio de Janeiro - a UMBRA - Equipe de Alto Rendimento do Judô Carioca”, disse o atleta, que permaneceu por dois anos na agremiação. “Nessa época, participei do Grand Prix,

CONQUISTA Em 2016, Filipi conquistou o terceiro lugar do Brasileiro Sub 21.

que é a principal competição por equipes do país. Foi quando disputei meu primeiro Troféu Brasil, que é uma das competições individuais mais importantes. Ganhei muita experiência”, comenta. No final de 2013, Filipi rompeu o

Fiquei muito feliz por ter sido convocado, estava entre os melhores” Filipi MOTIVAÇÃO A mãe do atleta é a sua principal inspiração.

ligamento cruzado do joelho e fraturou o menisco, o que o obrigou a focar na recuperação e o deixou seis meses longe do tatame. “Eu já pensei em desistir. Tem dias que você acorda duvidando da carreira. Mas minha mãe me incentivou e pediu que eu fosse até a faixa preta antes de tomar qualquer decisão”. Em 2015, o trirriense foi federado pela agremiação de Petrópolis, quando disputou o seu primeiro campeonato nacional, e, em seguida, foi convocado pelo Flamengo. “No ano passado, eu participei da seletiva do Brasileiro Sub 21, em Salvador, e conquistei o terceiro lugar. Além disso, cheguei até a semifinal da Taça Júnior e fiquei na quinta posição. Participei também do Brasileiro Sênior, categoria adulta, e do Troféu Brasil”. No final do ano passado, o esforço do atleta foi reconhecido na lista de convocação da seletiva olímpica, a primei-


ra etapa para as Olimpíadas 2020, em Tóquio. “Eu fiquei muito feliz e empolgado por ser a minha primeira seletiva olímpica. Perdi na primeira luta. Mas fiquei muito feliz por ter sido convocado. Estava entre os melhores”, disse. Para encarar uma rotina de treino intenso, Filipi mantém alguns cuidados necessários para um bom desempenho. “Eu cuido da minha alimentação, baseado no acompanhamento nutricional do clube (Flamengo). No meu dia a dia, eu evito comer besteiras, refrigerante, doce e fritura. Já a preparação física, eu realizo diariamente em casa e no clube”. Ele comenta que o sono é outro fator importante para o atleta, por isso dorme cerca de 8 horas por dia. “Eu acordo, tomo café e faço parte da minha preparação física em casa. Depois eu almoço, vou para o clube e dou continuidade ao treinamento físico. Eu treino no Flamengo ou no Centro de Treinamento Maria Lenk, que integra o Complexo Esportivo Cidade dos Esportes, na Barra da Tijuca”, descreve Filipi. A atleta de MMA (Mixed Martial Arts), Gleicielen Faria Santos, 19 anos, também mantém uma rotina focada no desenvolvimento esportivo. Mas nem sempre foi assim. Antes de entrar nesse universo, Gleicielen era muito sedentária e sentia dores no corpo. Apesar do incentivo de sua mãe para praticar algum esporte, a jovem não se identificava com nenhuma modalidade. “Eu tinha alguns amigos que praticavam Jiu-Jitsu e que sempre me convidavam para participar dos treinos, mas eu só olhava de longe, com isso, depois de um tempo, aquilo se tornou uma opção para mim. Resolvi começar a treinar. Três meses depois, eu participei da primeira com-

MMA O esporte que conquistou Gleicielen.

Não me vejo fazendo outra coisa. Eu virei uma atleta cheia de sonhos” Gleicielen

COMPETIÇÃO Atualmente, Gleice se prepara para estrear no WOCS.

petição no Aberto de Verão da FJJRIO. Eu estava nervosa, com um frio na barriga, porém deu tudo certo. Eu ganhei a disputa e amei aquela sensação. Foi ali que eu me encontrei”, confessa. Durante dois anos, ela participou de competições de Jiu-Jitsu até receber um convite para começar a treinar Muay Thai. Apesar da insegurança inicial, a atleta decidiu arriscar na nova modalidade. “Eu treinei muito para a minha estréia. Alguns meses depois, eu participei da minha primeira luta de Muay Thai. A vitória foi o resultado de muito esforço, dedicação e trabalho em equipe. Eu queria mais, eu queria me superar, conseguir colocar em prática tanto treinamento e ouvir o público gritando meu nome”, confessa. Tanto desejo fez Gleicielen alinhar a rotina de treino e competição nas duas modalidades. A atleta participou de quatro lutas de Muay Thai e seguiu vitoriosa em todas. No entanto, ela confessa que precisava focar em um só objetivo. “Eu não quis ter que escolher entre o Muay Thai ou o Jiu-Jitsu, então eu escolhi os dois em uma só modalidade, e comecei a treinar o MMA. Hoje, o meu foco é ser uma atleta de alto rendimento, lutadora de MMA. Não me vejo fazendo outra coisa. Eu virei uma atleta cheia de sonhos”. Há 4 anos, a jovem treina e participa de competições voltadas para as

duas modalidades. “Competi Jiu-Jitsu diversas vezes em campeonatos estaduais pela FJJRIO, CBJJO, FJJD, UAE e internacionalmente pelo MERCOSUL, na Argentina. Quanto ao Muay Thai, eu participei da FEMTDRJ e disputei duas lutas na minha cidade, a TR Fight e a TR Fight Girls, e no Verão Esporte da Light”. Há mais de um ano, a atleta decidiu investir na carreira de lutadora de MMA e, atualmente, se prepara para estrear no WOCS, dia 25 de março no Rio de Janeiro. Gleicielen divide seus horários entre a faculdade de Educação Física e os treinos, que acontecem de segunda-feira a sábado, com duração de três a quatro horas, alinhados à musculação. No domingo, os treinos cardiovasculares acontecem na areia. Para repor as energias, ela dorme oito horas e investe na alimentação com o acompanhamento de uma nutricionista. Segundo a atleta, a dieta fica mais regrada quando há alguma competição agendada. “Deixo de sair muita das vezes a noite pra dormir bem e fazer o dia seguinte render mais, sempre pensando em estar mais preparada que minha adversária”, revela. Gleicielen conta que quando decidiu entrar em um octógono e transformar a luta em profissão, recebeu o apoio da família, principalmente de seus pais. “Hoje eles são os meus maiores fãs”, brinca.


COOL

cotidiano 47 moda 51 diário de bordo 52 decoração 61

VOU DE TÁXI POR RAFAEL PASCHOA

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Para quebrar o silêncio da viagem, muitas vezes o rádio não basta. Afinal, quem nunca puxou um assunto com o taxista e acabou confidenciando algum problema? Para eles, não faltam histórias entre uma corrida e outra.


Nós somos vistos como um psicólogo. Todo mundo tem um problema ou uma história para contar”

PROFISSIONALISMO Robson diz que o taxista deve confidenciar as histórias dos passageiros.

H

á 13 anos, Robson Leles trabalha como taxista em Três Rios e divide o ponto com outros profissionais, no centro da cidade. Segundo ele, o taxista deve saber ouvir e confidenciar as histórias dos passageiros. “Nós somos vistos como um psicólogo. Todo mundo tem um problema ou uma história para contar. Alguns passageiros querem ouvir um conselho ou apenas desabafar. Quando a pessoa passa por alguma dificuldade e não se abre com ninguém, ela percebe no taxista uma oportunidade para conversar. Por outro lado, tem clientes que são mais quietos e outros choram durante a viagem”. Nesse último caso, ele diz que o profissional deve ser cauteloso e preservar a privacidade do passageiro. Segundo o Robson, o taxista deve evitar temas polêmicos ao abordar o cliente, como futebol, religião e política. “São assuntos que geralmente causam desentendimentos, já que cada um possui um ponto de vista diferente. Mas quando o passageiro aborda determinado assunto, o taxista deve ser prudente ao comentar. Tem que ter jogo de cintura”, ressalta. Robson realiza em média 20 corridas por dia e afirma que, por conta da diversidade de passageiros, o taxista deve manter uma postura diferenciada. “Quem trabalha com atendimento está sujeito a receber cantadas, tanto de homem quanto de mulher. Por isso, é preciso impor limites ao tratamento, dependendo do nível da conversa”, explica. Ele comenta

também que o atendimento profissional fideliza os clientes. “Tem passageiro que se torna amigo e sempre solicita o meu serviço. É um trabalho de confiança”. O taxista Valmir Queiroz Cordeiro divide a mesma opinião do colega de trabalho. Há 6 anos na profissão, ele sempre trabalhou com atendimento e começou a carreira no ramo de transporte como trocador de ônibus. Para Valmir, o taxista deve manter a discrição como um padre,

ao ouvir as confissões dos passageiros. “O taxista deve ter respeito com todos os passageiros. Como em qualquer profissão, alguns taxistas confundem um sorriso educado com uma cantada. Quando o profissional mantém uma postura de respeito, ele é tratado com respeito”, ressalta. Por trabalhar em um ponto estratégico, próximo a um supermercado, geralmente ele atende famílias ou clientes do estabelecimento. “Graças a Deus, eu nunca fui assaltado ou passei por uma situação de risco. Mas eu tomo alguns cuidados em relação ao público que eu atendo e horários de trabalho”. Valmir comenta que alguns passageiros entram estressados no táxi, começam a conversar e relaxam.

Quando o profissional mantém uma postura de respeito, ele é tratado com respeito”

ÉTICA Para Valmir, o taxista deve manter a discrição como um padre.


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