Unicom 2011

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Fernando de Barros

DESENHO

Caricatura de Yamandú Costa

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Há muito mais semelhanças do que diferenças entre a história de cada artista. Pepe mora há aproximadamente 4 anos em Santa Cruz do Sul. Fernando trabalha desde 2001 em um jornal local. Em comum, a terra da Oktoberfest foi a cidade que disponibilizou espaço para que ambos mostrassem seu trabalho. Trabalhar se divertindo, levar como profissão aquilo que muitos encarariam como um simples hobby, fazer da arte seu projeto de vida. Desenhar. Esse é o presente de Fernando. Esse é o futuro de Pepe. Quando questionado se é possível sobreviver apenas disso, Fernando não hesita: “Sim. Mesmo que você só faça charges, ainda assim é possível ter uma boa renda”. É assim que o rio-pardense vive. É disso que o cachoeirense quer viver. Santa Cruz do Sul é mais do que um simples es-

boço da história de cada um. É onde os anseios de cada artista ganham forma, tamanho e cor. É onde a utopia de ganhar dinheiro desenhando torna-se realidade. Ao menos para esses dois sonhadores. Arte urbana Mas a arte rabiscada vai muito além das folhas de papel. O sonho de outros dois artistas que fazem dos espaços urbanos sua fonte de inspiração também foi concretizado em Santa Cruz do Sul. O gosto por reinventar o mundo - da mesma forma que o de Fernando e Pepe - surgiu na escola, naquela época em que tudo que se tem a fazer é desenhar. Nesse momento, um mundo de possibilidades é aberto na mente das crianças, e no papel, um reflexo dessa criatividade ainda inocente, se manifes-

ta. No caso de Rodrigo de Almeida, 22 anos, foram os colegas que diziam que seus desenhos eram muito bons. E ele passou a acreditar nisso e a desenhar cada vez mais. Desenhar para livrar-se das angústias, ou para mostrar aos outros o formato que tinha alegria que estava sentindo. O menino, muito tímido, viu no desenho uma forma de contornar sua timidez. Os pais logo perceberam que era por meio dos desenhos que o filho comunicava muitas coisas. A mãe, que também pintava quadros, achou muito natural que fosse assim. Já a mãe de Joe Nunes, 35 anos, foi uma das grandes responsáveis pelo incentivo ao artista plástico autodidata. Joe, que começou também a descobrir seu talento na infância, conta que sua inspiração teve muito a ver com ilustrações em preto e branco de

livros antigos e reproduções de telas famosas em casas de parentes. Isso o levou a ter cada vez mais gosto pelo desenho, e posteriormente, pela pintura. Começou copiando histórias em quadrinhos dos personagens Marvel e DC: “Naquele velho caderno com linhas que toda criança tem, sabe? E eram coisas horríveis!”, diz ele. Mas, graças à insistência da mãe em convencê-lo de que, não, não eram coisas horríveis, e sim, eram coisas boas, muito boas, Joe nunca mais parou. “Através dos quadrinhos conheci um cara chamado Emir Ribeiro (hoje ele é desenhista da Marvel Comics e um grande amigo) e comecei a achar que podia fazer aquelas histórias também. Certa vez, uma figura que já morreu, Rodolfo Zalla (um ícone dos quadrinhos nacionais), disse que


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