Ebook - Crônicas da Maturidade Moderna

1ª Edição Red Fox Editora São Paulo 2022

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C947

Crônicas da Maturidade Moderna Crônicas da Maturidade Moderna / Eliana Luz (org.), Yandra Lobato (org.), Lourdes Ganzeli (coord.), Adele Pereira, Cristiane de Moraes, Fernando Curti, Isis Leite, Lucy Dolácio, Luzia Alves, Márcia Bertin, Marcia Cardoso, Marimar, Renata Marins, Teresa Damasio – São Paulo: Red Fox Editora, Ed. 01, 2022.

140 p.

ISBN 978-65-997433-2-0

1. Biografia. 2. Crônicas. 3. Inteligência Emocional. 4. Finanças. 5. Saúde. 6. Coach 7. Motivação. 8. Antropologia. 9. Filosofia. 10. Poesia I. Título

CDD: 000

CDU: 001 Bibliotecário: Mário Fernandes da Silva Marques (CRB-8/10442) Copyright © Red Fox Editora, 2022 Todos os direitos reservados Coordenação: Lourdes Ganzeli Organização: Eliana Luz e Yandra Lobato Capa, Diagramação e Edição: Fernando Curti Revisão Linguística: Yandra Lobato e Fernando Curti Colaboradores: Gustavo Lintz e Simone Marujo Red Fox Editora Rua Ferrúcio Dupré, 192 – Vila Friburgo CEP: 04776-180, São Paulo – SP, Brasil www.redfoxeditora.com.br

AGRADECIMENTO Poucas vezes na vida temos a oportunidade de encontrar pessoas extraordinárias. Há quem possa dizer que se trata de sorte, outros podem considerar uma questão de destino. Seja como for, me sinto extremamente privilegiado em todas as vezes que esse fenômeno ocorre comigo.

Todos os autores que fazem parte desta obra se tornaram pessoas especiais para mim, me trouxeram importantes lições e me guiaram por um caminho de evolução e autoconhecimento por meio de suas experiências de vida. Porém, não poderia deixar de expressar gratidão e admiração especiais pela figura icônica que é Lourdes Ganzeli.

No papel de Coordenadora das Crônicas da Maturidade Moderna, Lourdes acolheu a mim e a toda a equipe com carinho, dedicação e sabedoria, exercendo seu papel com maestria, motivando e estimulando a cada um de nós. Cada dia, cada reunião, cada ação que tive o privilégio de realizar com essa incrível profissional se tornaram memórias a serem visitadas por toda uma vida.

Expresso aqui o meu mais sincero agradecimento por todo o seu trabalho, o meu reconhecimento e o de toda a equipe e a nossa imensa satisfação em tê-la como parte do nosso trabalho.

Meu desejo é que possamos continuar escrevendo e inspirando incontáveis leitores, por muitos e muitos anos.

Fernando Curti Editor Chefe

SUMÁRIO Prefácio Caminhos por dentro e por fora

6 9 Yandra Lobato e Fernando Curti

Maturidade em verso e prosa

15 Adele Pereira

Finanças femininas: como as mulheres podem realizar a gestão financeira com maturidade 24 Cristiane Moraes O amor em mim

31 Eliana Luz

Olhando e dando lugar para aqueles que vieram antes Você pode transformar a sua vida

39 Isis Leite

47 Lourdes Ganzeli

Empreender aos 55

55 Lucy Dolácio

Experiência de uma fase mais congruente

64 Luzia Alves

As primaveras chegaram

73 Márcia Bertin

Maturidade moderna: estado, tempo ou momento?

Ah, maturidade!

A literatura infantil transformou minha vida Acolhendo o envelhecer Momentos inesquecíveis, experiências marcantes!

84 Marcia Cardoso 93 Marimar 102 Renata Marins 108 Teresa Damasio

Mensagens dos colaboradores

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Cronistas da Maturidade Moderna

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PREFÁCIO Quando recebi o convite para prefaciar essa obra, entrei em uma interessante reflexão. Comecei a pensar de forma mais profunda sobre o significado da palavra “maturidade”, para mim e na minha vida. Depois de mais de quatro décadas trabalhando no mercado da beleza, muitos anos de estudos, diversas formações, grandes realizações, vários livros publicados e tendo conhecido uma grande quantidade de pessoas de todos os tipos, o que poderia significar ser uma pessoa madura?

O primeiro pensamento que me ocorreu foi um paralelo que deve surgir na mente de quase todos nós: as frutas. Se pensarmos nessa relação, fica claro, por exemplo que uma fruta jovem, que ainda está “verde”, não está pronta para cumprir um propósito. Ela ainda não dispõe do seu sabor característico, não chegou à sua cor real, não tem a textura ou a aparência que deve ter no auge do seu desenvolvimento. O mesmo pode ser observado no ser humano durante sua juventude, fase na qual se prepara, aprende e segue um caminho de evolução.

Com o passar do tempo, voltando para as frutas, podemos observar as transformações que surgem com a chegada da maturidade. Tem coisa mais gostosa que ter uma fruta madura, cheirosa, colorida e saborosa nas mãos? Aqui cheguei a um entendimento interessantíssimo. A chave da compreensão da maturidade é perceber que as pessoas são como as frutas. Quando chegamos a essa fase e estamos “maduros”, devemos compreender que chegamos à nossa melhor versão.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

Parei então para olhar para mim mesmo. No auge dos meus sessenta anos, tenho a mente muito mais aguçada. Hoje sou capaz de perceber detalhes que antes me passavam despercebidos e me enganar se tornou uma tarefa muito mais difícil.

Habilidades, colecionei inúmeras, tantas quantas as experiências incríveis que tive o prazer de vivenciar durante minha jornada.

Percebi que sou capaz de viver, de modo geral, de forma mais intensa e mais profunda, sentindo mais de tudo o que existe à minha volta.

Em contrapartida, as pessoas que convivem comigo têm a oportunidade de interagir com uma versão melhor de mim.

Certamente sou um ser humano mais doce, quando me comparo ao meu eu de 30 anos atrás. Inegavelmente tenho muito mais sabor, que pode ser compreendido com o que tenho para contribuir com minha família, meus amigos e com a sociedade. Felizmente posso dizer que, se você estiver perto de mim, não terá a sensação pouco agradável de morder uma fruta ainda verde. Meu desejo é que todos os que se aproximem de mim possam sair felizes, transformados, saciados.

Agora, compreendendo que a maturidade é uma evolução e que, assim como no caso das frutas, um ser humano maduro pode e deve ser visto como uma versão ainda melhor de si mesmo, também passei a pensar no que poderia ser o próximo estágio. Outro paralelo inquietante me ocorreu. A figura da fruta podre. Você já parou para pensar que uma fruta só chega ao estado de podre porque foi deixada de lado? Se ninguém interagir com ela, se ela não for consumida e o seu sabor não foi aproveitado, o destino certo de toda fruta é apodrecer. Novamente percebo o mesmo fenômeno no ser humano.

O que acontece com um idoso que é deixado de lado? Se um indivíduo, em sua maturidade, é privado da oportunidade de – Robson Trindade –

compartilhar suas qualidades, entra em declínio e os efeitos se manifestam em uma velocidade assustadora. Por isso, quero ser uma das vozes que se ergue nos dias de hoje para dizer que os 50+ podem e devem realizar tudo aquilo que desejarem. Somos fortes, somos capazes e o mundo precisa se acostumar com a nossa presença cada vez maior.

Hoje é o momento perfeito para que cada um de nós se veja com outros olhos. O Visagismo, tão presente em minha vida pessoal e profissional, é um caminho e uma ferramenta que pode te ajudar nesse processo de autoconhecimento e autovalorização. Por isso, te convido a conhecer um pouco mais dessa ciência que parte do estudo do rosto para a construção de uma imagem que reflete a essência do que você deseja ser.

Estou aqui, de mente, coração, portas e braços abertos para receber todos aqueles que desejam aprender e evoluir. Será um prazer conhecer e receber a cada um dos leitores das Crônicas da Maturidade Moderna.

Finalizo com uma frase do imortal Ariano Suassuna: “Terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”.

Robson Trindade

– Crônicas da Maturidade Moderna –

CAMINHOS POR DENTRO E POR FORA Yandra Lobato e Fernando Curti

O texto que você está prestes a ler, foi escrito a quatro mãos.

Há trechos em que você visitará a mente de Yandra Lobato.

Em outros, passará pelos pensamentos de Fernando Curti. De qualquer modo, durante todo o percurso, você estará diante da sinergia que nasceu despretensiosamente entre duas almas loucamente criativas. Recomendamos manter braços e pernas dentro do carrinho e desejamos uma boa viagem.

O que você responderia se alguém inesperadamente perguntasse: “Você é feliz?”. Eu sei, perguntinha capciosa, não é?

Daquelas que parece ter alguma pegadinha escondida por trás.

E tem mesmo! Eu quero que você pare tudo, desligue totalmente o pensamento das coisas do dia a dia e das pessoas com as quais você convive. Esqueça, ainda que por alguns momentos, do seu trabalho, dos colegas, das contas e das obrigações.

Desapegue de tudo que te mantém preso ao chão, para poder seguir comigo, desbravando algumas trilhas que existem dentro de você.

Você está confortável? Está em um local tranquilo, onde pode se concentrar um pouquinho? Se não estiver, tudo bem, vá para o texto de algum dos meus colegas e, mais tarde, volte aqui pra gente poder visitar essas trilhas. Já te aviso, desde o início, que a maioria das pessoas passa tanto tempo sem caminhar por elas, que o mato cresce e toma conta. Às vezes, passa tanto – Yandra Lobato e Fernando Curti –

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tempo, que se torna um verdadeiro desafio abrir caminho novamente, mas não deixe isso te desanimar. Estou aqui justamente pra te ajudar no processo.

Muito bem, crendo que você está seguindo minhas sugestões e que agora se encontra relaxado, confortável e desligado das distrações, vamos falar um pouco sobre você, seus desejos, anseios e busca pela felicidade. Então, voltemos à primeira pergunta: “Você é feliz?”. Pode parecer uma indagação um pouco genérica, mas a ideia é começar uma importante reflexão, analisando vários pontos da sua história.

A felicidade é um conceito dinâmico, complexo e muito individual. Uma situação que traz felicidade para a vizinha que mora à direita da minha casa, pode significar um grande sofrimento para a vizinha da esquerda, por exemplo. O problema, é que muitas pessoas não compreendem esse conceito e acabam forçando a própria visão de felicidade para dentro da vida dos outros. E esse fenômeno é ainda mais comum quando tratamos de membros do mesmo grupo familiar.

Vamos considerar um exemplo clássico. Um pai, médico, que tem a mais absoluta certeza de que o melhor caminho para os seus filhos é cursar a faculdade de medicina. Ele pode ter inúmeras justificativas, como a financeira, a posição social, a satisfação de salvar vidas, entre muitas outras. Porém, se a vocação ou o grande desejo de um dos seus filhos estiver na música, a medicina estará, para esse jovem, muito distante da felicidade.

Então, se você tem filhos, tire um tempinho para refletir sobre esse detalhe. Em se tratando da felicidade dos filhos, qualquer pai, mãe ou responsável, naturalmente diria que esse é o seu desejo. Mas será que você, talvez até inconscientemente, – Crônicas da Maturidade Moderna –

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não está impondo um cenário que só é ideal sob o seu (e apenas o seu) ponto de vista? Antes de seguir para a próxima parada desta viagem, tire um momento para lembrar da sua própria juventude. Daquela fase na qual você decidiu sobre sua profissão.

A escolha foi sua? Você gostaria de ter seguido por outra rota?

Pense nisso, sem pressa.

Algo muito semelhante pode acontecer dentro de um casamento. Imagine uma relação na qual um dos cônjuges não incentiva, por exemplo, os interesses profissionais do outro. Se lançar em um novo desafio já é difícil, ainda mais com o companheiro lançando palavras de derrota. E não estou falando necessariamente de um relacionamento abusivo. Pode ser apenas uma situação na qual uma das partes acredita saber o que é melhor para a família e para a vida do outro.

Novamente, você, se estiver dentro de um relacionamento, pare um pouquinho e reflita comigo. Existe cumplicidade e reciprocidade a respeito dos planos, anseios e expectativas um do outro? Quando a outra parte fala sobre ideias e projetos, você reage com apoio e incentivo? Você realmente se preocupa com a felicidade individual do seu cônjuge? Você pode, é claro, se perguntar as mesmas coisas no sentido contrário, analisando se a outra pessoa nessa relação tem valorizado a sua felicidade e refletido sobre o equilíbrio e harmonia entre vocês.

Outro grupo de pessoas que pode fazer uma grande diferença nas nossas vidas é composto pelos nossos amigos ou, pelo menos, por pessoas que acreditamos serem nossos amigos.

Quando você está em grupo, no convívio social, e fala sobre seus anseios e expectativas, como essas pessoas reagem? Vamos fazer um exercício simples de visualização. Imagine que você – Yandra Lobato e Fernando Curti –

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chamou seus melhores amigos para um jantar em um restaurante e, chegando lá, disse a eles que se encontrou na arte circense e vai abandonar o trabalho para se juntar a um circo. Como eles reagiriam?

A proposta pode parecer absurda, mas com uma situação assim, seria facilmente observável a importância que as pessoas que convivem com você dão para a sua felicidade, particular, individual e absolutamente pessoal. Talvez surjam algumas indagações genuinamente vindas da preocupação e do amor que eles sentem por você, como a questão familiar, financeira, ou algo semelhante. Mas, o mais importante a observar é: existe apoio? Outra vez, faça a mesma pergunta, no sentido contrário.

Se fosse o seu melhor amigo se juntando ao circo, você apoiaria?

Veja que interessante, já passamos pelo relacionamento entre pais e filhos, pelos relacionamentos amorosos e pelos círculos de amizades. Poderíamos até ir além, abordando os colegas de trabalho, os irmãos, os membros de uma mesma religião, os frequentadores de um mesmo local, os praticantes de um mesmo esporte, entre muitos outros. De qualquer modo, o ponto mais importante que eu quero despertar na sua consciência é: em cada uma dessas situações, em cada uma dessas relações e em cada uma das esferas da sua vida, você é feliz?

Se a resposta for positiva, excelente! Ser e estar feliz é algo maravilhoso, mas, particularmente, acredito que seja muito incomum encontrar um ser humano que atingiu a felicidade em absolutamente todas as áreas da sua existência. Então, vamos refletir sobre esse detalhe no qual você não identifica a felicidade. Se esse elemento ainda não está bem definido, tire mais alguns momentos, reflita um pouco mais e volte aqui quando estiver claro para você.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

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Agora, visualizando esse cenário sem felicidade, quero que faça uma importante pergunta a si mesmo. Eu vim para cá por escolha própria, ou foram outras pessoas que me trouxeram até aqui? A resposta para essa pergunta é muito importante, porque se você chegou até esse ponto, longe da felicidade, por escolha própria, basta parar, olhar à sua volta, encontrar outra rota e seguir em direção a outro lugar. Porém, se esse caminho foi trilhado por causa da influência de outros, o processo se torna um pouco mais desafiador.

Nesta parada, quase no fim da nossa viagem, quero falar especialmente com as pessoas que têm, em suas vidas, alguém que prefere podar ao invés de cultivar. Sabe aquela pessoa que sempre reage com uma frase do tipo “isso não vai dar certo”?

Não importa se estamos falando de um amigo, de uma esposa, um pai ou uma avó. Pessoas negativas, que vivem para dizer que os sonhos dos outros serão frustrados, são potestades que te levam para longe da felicidade.

Por favor, não me entenda mal. Não estou dizendo que, por exemplo, se você tem um pai que reage de forma negativa às suas ideias, o melhor é se afastar ou entrar em conflito. Essas também não são as melhores atitudes. O meu desejo é te mostrar que, independentemente da existência de pessoas assim em sua vida, você pode e deve assumir o protagonismo que vem sendo apregoado nos dias de hoje, deixando de dar ouvidos para o negativismo de alguns, para desfrutar das conquistas dos seus sonhos e objetivos.

E temos mais um segredo para compartilhar com você.

Nunca é cedo demais e nunca é tarde demais. O momento perfeito é agora. Assuma o controle no caminho da sua felicidade. Falamos com a experiência de quem viveu por muitos anos – Yandra Lobato e Fernando Curti –

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deixando outras pessoas ditarem o ritmo e os caminhos que deveríamos seguir. Hoje, depois de todos os altos e baixos que vivenciamos, finalmente nos demos conta de tudo isso que estamos compartilhando com você, agarramos os lemes desses barcos malucos que são as nossas vidas e desse comando ninguém nos tira mais.

Nosso conselho e nosso desejo para você, são exatamente isso. Assuma o controle, vá em busca do que te faz feliz. Não dê ouvidos àqueles que só se aproximam para te paralisar, não deixe o negativismo ou os desafios te desanimarem. Sempre haverá aqueles que, por um motivo ou outro, preferem lançar pedras em quem está saindo dos padrões de “normalidade”, mas temos mais uma boa notícia: sempre existem aqueles que aparecem para estender a mão e nos ajudar na jornada que expressa nossa verdadeira essência.

Pense muito, reflita bastante, invista em autoconhecimento. Quando estiver pronto para assumir o controle, ganhe seu espaço, se realize e seja feliz. Além disso, sirva de inspiração para quem está à sua volta, apoie seus amigos e familiares, seja a diferença no ambiente em que estiver. Você é o protagonista da sua vida e o principal responsável pela sua felicidade. Não deixe o tempo passar e não deixe ninguém tirar de você, aquilo que grita e se debate pra sair e se expressar. Seja luz onde houver trevas.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

MATURIDADE EM VERSO E PROSA Adele Pereira

Quando recebi o convite para participar desta obra, fiquei animadíssima com a oportunidade de compartilhar meus pensamentos. Porém, tenho meu jeito de ser, de pensar e de escrever.

Por isso, me deram a liberdade de usar os versos para expressar o que existe de mais original e genuíno dentro de mim. Espero que você, leitor, possa desfrutar de momentos inesquecíveis através das minhas palavras.

FASES LUNÁTICAS Sou mulher de fases, de luas, de tretas, venetas, sem venta...

De cria-ação não só de pro-criação de filhos...

Tenho cri-atividade, não tenho idade, passei pelo tempo Não deixo a vida levar-me, levo-a com dores, sorrindo, adquirindo experiência, ciente, dando contribuição.

Sou mulher de amor, com amor, para o amor... Meu corpo sangra, germina, tem néctar, tem favo de mel... Eu acolho mais que me acolhem, cobram-me bem mais do que dou... Sou mulher exuberante bem mais que antes, pele manchada...

Tez enrugada, sem medo de nada, empoderada Sou mulher com espasmos, orgasmos, não fiquem pasmos...

Sou o que sou, não minto... Não para mim...

– Adele Pereira –

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Entrego-me ao que faço, se for preciso refaço num estalo, ou instalo-me em seu dorso, trago ao meu regaço, chamo-o para o abraço.

Arregaço-te nessa realidade de alma apaixonada num toque inefável...

Visto-me de arrepio, com tecidos de volúpia, com seda nos olhares. Assim sou eu, emoções, sentimentos, esperas obscenas em cenas reais...

Simplesmente mulher dos setenta!

EMPODERAMENTO O empoderamento dos longevos assusta uma sociedade que está acostumada a ditar regras e a demonstrar um falso zelo pelos idosos. Por todos os lados, em várias situações, encontramos estereótipos, ideias preconcebidas, vindas de conceitos antigos e errados. Nós, da geração “enta+”, nos aposentamos das funções que exercemos profissionalmente, não da vida e do que ela nos proporciona.

Estamos inseridos no seio da sociedade, no voluntariado, nas atividades recreativas, na integração do veio familiar, no convívio em órgãos religiosos. Não somos lentos. Somos mais observadores e primamos pela qualidade. Sabemos muito bem o que gostamos e queremos manifestar, principalmente, o que não gostamos: sermos tratados como inúteis, com infantilidade, como se não tivéssemos autonomia em nossas escolhas, discernimento para opinar, como se não tivéssemos libido e não pudéssemos manifestar nossa sexualidade.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

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A maioria de nós tem sua independência financeira. Pagamos os impostos inseridos em tudo que compramos. Estamos aptos a opinar politicamente, já vimos várias falcatruas, demandas, revoluções políticas e golpes de Estado. Sabemos tirar as nossas conclusões. Assim como muitos, estamos nos adaptando à tecnologia. Compartilhamos esse espaço com os jovens e seus smartphones e tablets, com os professores e suas aulas virtuais, com empresas em videoconferências, com cantores em lives e tantas outras modernidades.

Nossa experiência é vasta e nosso conhecimento abrange várias funções e atributos que, embora sejam necessários, não são encontrados nos jovens de hoje em dia. Temos a vantagem da sabedoria que vem das nossas vivências, das luas passadas e dos anos que levamos para adquiri-la. Estamos nos empoderando, sim. Sabemos dos nossos deveres e estamos cada vez mais inteirados de nossos direitos, seja por Leis, por méritos ou por gratidão, mas jamais por caridade.

Logo seremos uma população majoritária. Alguns países já perceberam isso e investem em programas voltados à geração “mais” (+), como casas, condomínios, passeios de curta e longa distâncias, adaptáveis à locomoção, hospedagens apropriadas, programas de saúde com profissionais especializados, enfim, estamos na conquista. Para a “Geração mais (+)”, reprogramar é uma função prazerosa.

– Adele Pereira –

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SEM PUDOR Tantas coisas não faladas, por pudor, temor ou desamor.

Logo os Entas+, que tanto viram, tanto fizeram, agora ouvem dos mais jovens, que eles “já eram”. Pelo contrário, eles estão em revolução e em ação (viva a emancipação dos enta+!).

Devido à pandemia, esse pandemônio, estamos em reclusão. Falam que estamos na melhor idade, me pergunto qual será, então, a pior. Tem criança que tem que aprender tudo, jovem que se ilude por tudo, e adulto que tem que trabalhar para tudo.

Ora, já passamos por tudo. Agora é tudo ou nada, e a maioria quer tudo, mas não tem ousadia para enfrentar o novo, para assumir a si e a suas vontades. Estamos em movimento contra o “ageismo” e o “idadismo”. Já usamos tecnologia, fazemos parcerias, e até um pouco de danceterias.

Ah! Quão prazerosa é a liberação do sutiã, o ato de tomar dos homens o tom azul a bel prazer, chamar alguém de “bb”.

Sim, temos libido exibido, antes escondido. Somos sexagenários da era moderna, não usamos terno, nem fazemos crochê.

Queremos lives, reuniões no Zoom, dar like no Instagram.

Estamos vivos e queremos usar os sentidos, as emoções, a sexualidade, a criatividade, e as oportunidades que são até difíceis de escolher, posto que são tantas. Queremos conhecer o novo. A idade já se foi, a vida é uma dádiva, não ficaremos em dívida. Os anos vindouros, não sabemos quantos serão. Queremos libertação.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

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HISTÓRIA História de amor não guardada. Dói-me sabê-la esquecida, não contada, ou compartilhada. Assim, ninguém saberá de sua intensidade. Como sofro a ausência de sua alma em minha vida, ser irreal que o coração idolatra, vibrando, mesmo cansado.

Nessa era moderna do virtual, um card aqui, um emoji lá.

O coração pula igual pipoca, louca paixão “terceriana”. Longevitude, despudorada, pois não temos mais tempo de espera.

Estamos em regressiva, sem contagem de horas. Queremos viver com o vigor que resta, talvez com artifícios, sem ofícios decretados e limitados pela idade. Temos desejos e libido acesos, cio na mente, gentileza no automático, sentimos o hoje! Com coração regulado, batidas leves para não infartar. Saudades, só as boas, sem sofrer.

Mas o corpo quer metição, pois tem tesão. Quer emoção em seu viver, faz fantasia, vai para a cama sem quantidade, com qualidade. Não somos velhinhos dos tempos de outrora, vivemos o agora. Já fomos de tudo, gestor em serviço, sábio, pateta.

Hoje, só eu. No meu domínio, sei escolher. Em tempos modernos, teclamos, não precisamos de caderno. Se não gostamos, deletamos, pois, afinal, temos múltiplas escolhas. O que não se explica, implica a você que não quer compreender.

– Adele Pereira –

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LONGE-V-IDA-DE Longevidade, sem idade. Tão curta, sem era. Tão moderna, à procura do eu. Não precisamos nos autoafirmar, já demos nossa contribuição, firmes em ação. Abrimos espaços, criamos laços, aprendemos lições, fomos maleáveis, sociáveis. Tornamo-nos adaptáveis, neste século vinte um, primeiro do terceiro milênio. Não somos mais velhos ou idosos, mas sim, muito criativos, ativos, logo em maioria. Apreciamos tecnologia, fazemos parcerias, atentos em eventos, projetos ou campanhas.

Colorimos nos looks, esbanjamos sorrisos, adoramos viagens, namoramos com libido fluindo. Por horas, esquecemos dores e horrores, precavemos e vemos nossas limitações. Vovô, vovó, sem crochê, sem dominó. Jamais queremos dó. Dançar é preciso, o show não acabou. Sintonia, anatomia, perdemos as manias, temos novos hábitos, usamos os novos vocabulários.

Estamos sem prazo de validade vencido, temos longevitude. Os enta+ são d+++++. Estamos nas mídias, nas lives, nos Tik Toks, no Zoom. Zoando, brincando, vivendo o modernismo.

PERGUNTA Perguntaram-me: “por que escreves?”

Escrevo, porque tenho a mente repleta de letras, misturadas, de vírgulas embaralhadas, de frases incompletas, deslocadas, tento juntá-las! Em textos vívidos, elaborados, pesquisados.

Cotidiano de felicidade, erótico profano, fantasia real no virtual.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

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Sei que às vezes, troco letras, sobram vírgulas, troco o “s” ou falta um. Não estou a fazer tese, não sou catedrática, também não tenho vergonha nenhuma. Amo escrever, ler, viajar, em terra, no ar, no mar, na mente ou nos livros.

Gosto dessas ferramentas criativas que nos tornam ativas, mais do que somos. Gosto do novo, do sensual, do erótico, da vida moderna, de escrever para você. Escrita não tem idade, atravessa fronteiras, não se perde no tempo, traz conhecimento e felicidade. No hoje, no agora, não tem hora para aprender. A velhice, não quem disse, crendice. Somos um bom percentual da população, se tu não morreres, serás também.

SILÊNCIO Hoje quis ouvir a voz do coração, o silêncio analisar, ser coerente comigo mesma. Não ir contra meus princípios, meu estado de direito. Respeitar meus limites, exercer meu livre arbítrio. Fazer minhas escolhas por mim mesma, não compreendida, sabendo o que me pedem e do que posso ofertar. Do que vou receber, sem agredir meu físico, minha dignidade, meu eu interior.

São atitudes firmes para comigo, que farão grandes diferenças. Não só a mim, mas a uma grande porção de pessoas que, embora modernas, ainda mantém uma mentalidade arcaica de desigualdade. Meu reconhecimento pessoal, de minhas forças, de minha individualidade, de minha dignidade, me leva ao patamar de ser humano.

Longe do feminicídio (assassinato proposital de mulheres, somente por serem mulheres). Agressão à mulher, simplesmen– Adele Pereira –

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te por ser fêmea, poda-lhe sua essência. Em meu silêncio, senti dores de muitas, a submissão de tantas, a subordinação de algumas para com a sociedade arcaica e ainda machista.

Não será com afrontas que mudaremos o que está impregnado em alguns, o “Homem x Mulher”. Mas com a nova cultura de relacionamento, “Mulher & Homem”, juntos para um bem maior. Está havendo grandes mudanças mundiais, em todos os sentidos. É hora de reavaliar o posicionamento da fêmea, da feminilidade, de sua contribuição. Da união das próprias mulheres entre si.

O empoderamento não é estar por cima, se sentir poderosa, mas sim, se apoderar de uma causa que trará o benefício e o engajamento de um maior número de pessoas. Agregar-se a uma divulgação por melhorias, trazendo ideias, demonstrando valores, acrescentando, reverberando, fazendo uma grande egrégora. Sempre para uma harmonização geral, para usufruir no agora e para as novas gerações vindouras saberem “o porquê de terem esses direitos, não apenas que os têm”.

CENSURA POÉTICA Estive a pensar na tal censura poética! No lírico, no romântico, no sensual, erótico e pornô. Qual a diferença? Quanta polêmica e tabu. Infelizmente, só de dizer a palavra erótico já se cria um frisson. Surge um sorriso sarcástico, ou se cria uma barreira mental nos próprios poetas, apesar de estes estarem com as mentes aguçadas a querer saber, para criticar, e fingem não gostar. Olham e comentam mentalmente.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

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Quanto aos poemas, muitas poetisas se restringem de tecer comentários quando leem um poema sensual. Preferem a “água com açúcar” (não que estes não sejam legais), mas sim para que outros não pensem que elas têm cabeça poluída de sexo (sexo é vida, é estímulo, é ser saudável e não é pecado). Os homens não comentam por medo de serem mal interpretados, com certa razão, pois seriam.

A sensualidade vem da alma, o erotismo do saber se apresentar, a vulgaridade do não saber distinguir. O preconceito, com a palavra escrita nos poemas e nos textos, está intrincado, em muitas veias poéticas. Observem, os compositores musicais não têm essa inibição. Às vezes, até exageram, mas são ousados.

Poeta não tem sexo, não tem idade, não usa o eu, conjuga sempre a terceira pessoa.

O “eu” é o imaginário de quem o lê. Poeta não escreve o que sente, tem que ter um vasto vocabulário para expressar o sentimento. E o outro, deve usar o imaginário para captar a expressão. Poeta é santo, é puta, é brio, é criança, é traído, é animal no cio, homem no gozo, mulher no prazer. É anjo e amante, o êxtase, a dor, a rosa, a catarse, a inocência, o despudor. Poeta não tem estilo, tem modalidade (hoje com várias novas criações). Em qualquer uma cabe o poeta e o usufruir de seu repertório de palavras. Para não deixar o sensual vulgar, o erótico pornô, chulo o romântico, vamos dar a liberdade de expressão na escrita, e que não seja uma crítica, mas uma conquista do século pós-pandemia.

– Adele Pereira –

FINANÇAS FEMININAS: COMO AS MULHERES PODEM REALIZAR A GESTÃO FINANCEIRA COM MATURIDADE Cristiane Moraes

Parte de ser uma mulher madura está na capacidade de se sentir plena em suas escolhas. E a forma com que você se relaciona com o seu dinheiro reflete muito da sua essência, indo muito além do seu nível de maturidade, chegando ao ponto da relação emocional que você mantém com os recursos financeiros.

Mas antes de falar sobre isso, vamos começar compreendendo melhor o termo “maturidade”. Com origem no latim “maturitas, atis”, significa madureza, maturação e maduração.

Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009), o verbete significa: “estado, condição (estrutura, forma, função ou organismo) num estágio adulto, condição de plenitude em arte, saber ou habilidade adquirida”.

Agora, com esse conceito mais claro, podemos começar a trabalhar os elementos que fazem parte do processo de maturação do ser humano. Nesse contexto, é importante lembrar que a trajetória profissional de cada pessoa afeta diretamente o seu comportamento e influi sobre sua personalidade, assim como crenças e valores interferem em sua jornada. Aqui, buscaremos juntos a clareza de como isso geralmente acontece.

Para tanto, devemos começar pelo começo. Ele também faz parte da sua história, valorize-o! Imagine um jovem que está no – Crônicas da Maturidade Moderna –

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início de sua trajetória profissional. Normalmente, esse jovem tende a ser uma pessoa motivada e bem-disposta a enfrentar novos desafios, estando propenso a aceitar mudanças com maior facilidade, se adaptando melhor a elas, salvo algumas exceções.

E essa flexibilidade e disposição nunca foi tão importante quanto nos dias de hoje. O avanço cada vez mais rápido da tecnologia torna necessário que pessoas de todas as idades, busquem atualização e conhecimento para se manterem atualizadas e em sintonia com as necessidades do mercado de trabalho moderno.

A tecnologia e a internet possibilitaram o surgimento de novas profissões, que não devem ser automaticamente ligadas à parcela mais jovem da população, uma vez que os mais maduros têm a mesma capacidade de se apropriar desses conhecimentos e dessas ferramentas, com a vantagem de poder usar sua experiência de vida para ir ainda mais longe. Daí nascem, também, os novos empreendedores, que se manifestam através das famosas startups, que já ocupam uma posição de destaque na economia mundial.

Mas e a mulher? Na verdade, vamos ainda mais longe. E a mulher madura, que já construiu sua trajetória profissional?

O mercado de trabalho e a economia de modo geral precisam, urgentemente, compreender o valor de todos os desafios que foram superados para que essa mulher chegasse ao seu momento atual, valorizando cada etapa vivenciada em seu processo e percebendo como isso pode contribuir hoje para qualquer empreendimento. A mulher madura tem uma história, tem uma essência e não deve mais ser tratada como coadjuvante. Ela é protagonista!

Mas esse protagonismo é resultado de uma conquista relativamente recente. Para compreender o papel da profissional – Cristiane de Moraes –

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mulher nesse contexto, vislumbrando de forma mais clara a sua contribuição no cenário econômico e social da atualidade, devemos retroceder até meados do século passado. Historicamente falando1, o ingresso oficial da mulher no mercado de trabalho se deu em um importante momento histórico. A primeira época em que se pode dizer que houve um quantitativo considerável de mão de obra feminina, foi no período da Revolução Industrial, quando algumas fábricas resolveram contratar mulheres com o objetivo principal de reduzir as despesas com salários e discipliná-las ao seu modo.

Naquela época, predominava a cultura de que a mulher deveria ser submissa aos homens e, não havendo legislação específica para tratar do assunto, a maior parte dos industriais se favoreceu da situação. Assim, havia oferta de emprego para o público feminino, no entanto, na questão do pagamento, os patrões praticavam livremente o que considerassem mais justo.

No entanto, o ingresso da força de trabalho feminina no mercado ganhou força apenas após a II Guerra Mundial, quando mulheres começaram a assumir algumas funções que outrora eram exercidas apenas pelos homens. De acordo com algumas pesquisas, em decorrência das guerras que ocorreram na primeira metade do século passado, muitas mulheres tiveram que assumir os negócios de suas famílias. Outras, chegaram ao ponto de assumir o papel de “Homem do lar”, por conta da morte ou de alguma limitação física que impossibilitou o pai ou marido de exercer suas funções cotidianas na família e na sociedade2.

1 Segundo estudo publicado em 25.02.2016 na revista eletrônica do Instituto de Psicologia da USP, Ano:49 - Edição N.20 Sociedade 2 Fonte: http://www.usp.br/aunantigo/exibir?id=7501&ed=1302&f=23 – Crônicas da Maturidade Moderna –

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É com base nestes e em outros estudos que podemos compreender um pouco mais sobre as raízes das diferenças socioeconômicas que ainda se manifestam com força no mercado de trabalho contemporâneo. Essa diferença é ainda mais visível em alguns segmentos como o financeiro, por exemplo, no qual os principais cargos sempre foram ocupados por homens. Porém, nos últimos anos, o mercado financeiro vem se tornando mais acessível para as mulheres que, em 2021, já representam 26% dos investidores em bolsa, de acordo com dados da B33. Mesmo assim, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Uma pesquisa realizada pela consultoria Oliver Wyman indica que aproximadamente 60% dos formandos em cursos de graduação são do gênero feminino, mas apenas 6% das mulheres alcançam o topo da hierarquia dentro de uma instituição financeira.

Infelizmente, esse cenário não é exclusivo do setor financeiro, se repetindo em quase todas as áreas do ambiente corporativo. No Brasil, o desafio da igualdade de gênero é ainda maior, por se tratar de um país que ocupa a 92ª posição entre 152 países no relatório Global Gender Gap Report 2020, publicado pelo Fórum Econômico Mundial. Isso significa que as mulheres precisam de um esforço muito maior do que o dos homens para alcançarem objetivos menores, simplesmente pelo fato de serem mulheres4.

E assim seguimos, mostrando e contando as crônicas de mulheres independentes e maduras, mas que ainda aguardam por oportunidades. Ao traçarmos um paralelo entre as conquistas da mulher nos últimos 50 anos e a realidade da “ainda atual” 3 A B3 é uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro do mundo.

4 Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br/mulheres-nas-financas/ – Cristiane de Moraes –

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desigualdade de gênero, percebemos que a “Mulher madura, moderna e inteligente” deve possuir qualidades como resiliência, flexibilidade, foco e, acima de tudo, saber utilizar a Inteligência Emocional a favor do seu autodesenvolvimento.

O autoconhecimento é um poderoso agregador. Partindo do fato de que ser mulher não é fácil, ter vivido todas as transformações das últimas décadas, percorrer uma jornada profissional, trilhar um caminho pessoal, não é para qualquer um. E mergulhado no caos dessa existência, o indivíduo que tem um mais elevado nível de autoconhecimento, terá maior capacidade de desenvolver sua inteligência emocional, alcançando o patamar de empoderamento que todo ser humano procura.

Esse “poder” já existe dentro de cada um de nós, basta ser percebido, acessado e desenvolvido de forma construtiva e congruente com a singularidade de cada um de nós, até porque eu acredito que Deus criou a todos como seres únicos, com características individuais e distintas. Cada um possui o seu propósito e legado exclusivos, com potenciais capacidades e habilidades intrínsecas, como nossas impressões digitais!

Então, depois de caminharmos juntos por essa jornada de reflexão e conhecimento, eu te pergunto: Você, como tem potencializado a essência do seu ser? A sua carreira e trajetória profissional são suas, mesmo?

Eu atendo a muitos empreendedores, mulheres em sua grande maioria, e é muito comum ouvirmos, no início de um trabalho mais voltado para a essência do “ser”, do “ter” e do “fazer”, frases como: “Trabalhei a vida inteira e o que construí não me representa!”, ou “Trabalhei duro por muitos anos e meu patrimônio é do banco e não meu, pois ainda está financiado!”, ou “Iniciei – Crônicas da Maturidade Moderna –

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há quase 30 anos nessa atividade, mas não era o que eu queria, esse era o sonho do meu pai (às vezes, da mãe, do marido, etc.), e não meu!”

Nesse contexto, muitas frustrações estão ligadas ao “ser”, enquanto algumas remetem ao “ter”, mas a boa notícia está no que você pode fazer para mudar esta situação, transformando a sua realidade, mesmo depois de tantos anos de experiência, e até depois da sua aposentadoria. Basta realinhar a rota e se permitir sonhar e realizar por você mesmo. Para isso, vou te mostrar como você pode criar o seu Vision Board e construir a sua planilha dos sonhos.

A falta de Educação Financeira que vivenciamos em nossa cultura pode, em alguns casos, nos tornar “reféns dos numerários”. Desta forma, à medida que vamos crescendo profissionalmente, também vamos condicionando as nossas expectativas e padrão de vida àquela realidade dos nossos ganhos (que nem sempre é constante ou perene) e isso, ao longo dos anos, tende a se repetir como um ciclo.

Quando ganhamos mais dinheiro, aumentamos o padrão de vida e, portanto, gastamos mais dinheiro. Assim, acabamos deixando de lado a nossa capacidade de escolha e o poder da decisão (ambos frutos do autoconhecimento). Em muitos casos, ou nos mantemos nesse ciclo, que alguns autores chamam de “a roda dos ratinhos” (fazendo uma analogia aos hamsters que correm naquelas rodinhas sem chegar a lugar algum nas gaiolas dos pet shops) ou simplesmente acabamos “vivendo o sonho dos outros”, construindo ou dando continuidade a um projeto já iniciado por alguém, mas que não faz sentido com o nosso propósito e ideal de vida.

– Cristiane de Moraes –

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E a vida segue seu fluxo. Se esse for o seu caso, eu te convido a criar o seu Vision Board ou “quadro dos sonhos”, se permitindo colocar num papel (de preferência um cartaz bem visível e ilustrado com desenhos, recortes etc.), figuras e textos que representem os seus sonhos e os objetivos a serem alcançados num prazo “X”. Utilize este quadro dos sonhos como uma bússola todas as vezes que for iniciar um novo planejamento, se permitindo lembrar primeiro dos seus próprios sonhos e projetos, para depois considerar os da família ou de outros.

Depois de criar o seu Vision Board, a sugestão seguinte é realizar a criação da sua “Planilha dos Sonhos”. Nela você deve escrever os nomes dos seus projetos. Assim, você começa a dar forma aos seus sonhos. Nesse ponto, sugiro inclusive informar uma média dos valores de cada um deles e quanto dinheiro será preciso guardar em “X” tempo para os alcançar. Por exemplo: Se o seu sonho for uma viagem internacional, é possível fazer a cotação de todos os custos envolvidos, detalhando tudo. Assim, você descobrirá quanto tempo (dias, semanas ou meses) e qual o valor a ser poupado em função desse tempo. E aqui trago mais uma dica, o ideal seria que a conta onde você vai guardar esse recurso fosse de aplicação financeira, a fim de que haja rendimentos ao longo deste período.

Olha só que incrível. A Mulher Moderna, Madura, Profissional, responsável pelas suas Finanças e que ainda carrega os títulos de Mãe e Esposa (se ela quiser, é claro), é a mesma que se apropria do título de Sonhadora e Sábia conhecedora de si mesma e de suas escolhas. Entenda que o verdadeiro Poder está ligado ao seu livre arbítrio e à plenitude de ser essencialmente você. Use esse conhecimento, sem moderação, e não poupe esforços.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

O AMOR EM MIM Eliana Luz

Estando, eu, prestes a “cinquentar”, nasceu o desejo de reescrever a minha história. Descobri que apenas o amor que existia em mim seria capaz de resgatar o amor por mim. Uma vez que sou reflexo do amor de Deus e do Criador, não seria possível oferecer algo que eu mesma não sentia, ou que estava adormecido. A partir disso, percebi que Deus é amor e que me ama incondicionalmente, mesmo com minhas escolhas e particularidades. Isso me levou a viver com leveza, amor e paz e, consequentemente, passei a cuidar mais de mim. O amor-próprio me fez perceber que antes de oferecer o amor a outro, eu precisava oferecer a mim mesma.

“Caminhando, cantando e seguindo a canção”, senti a necessidade de fechar os olhos para o mundo e abri-los para dentro de mim. Assim, passei a observar o meu coração. Foi necessária uma pausa para vivenciar uma profunda reflexão sobre o meu passado. Com ela, vislumbrei uma linda história de vida, repleta de erros e acertos, decepções e conquistas, perdas e ganhos, mentiras e verdades, lutos e nascimentos, inícios e finais de ciclos. Me deparei, também, com uma cachoeira de amor e serviço a Deus, aos pobres, amigos, familiares e à vida... Ah vida, como te amei e ainda te amo.

Observando atentamente alguns momentos específicos da minha história, percebi períodos marcados por erros e más escolhas. Foram situações nas quais eu agia sem pensar, tomada – Eliana Luz –

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pelas emoções e paixões do corpo e da alma. Confesso que valorizei muito mais o “ter” do que o “ser” e, com isso, me deixei levar pela ambição e pela vaidade. Nesse momento, me dei conta de que enquanto dava grande importância a roupas caras, marcas, etiquetas e status social, esquecia de algo muito precioso: o “amor por mim”.

Chocada. Foi como me senti ao me deparar com alguns longos anos vividos em função do trabalho. Eu não tinha controle financeiro, buscava extravasar a raiva e o estresse em comida e bebida, não cuidava do meu corpo e dizia “sim” para todos, menos para mim mesma. É claro que, no meio desse processo, acabei adoecendo e me tornei uma pessoa infeliz e sem controle emocional.

Por muito tempo eu me senti incompreendida por todos.

Era como se o mundo não me entendesse e, ao passo que eu clamava por aceitação e amor, o sentimento de abandono perfurava e dilacerava meu peito. A sensação era de que Deus e o mundo haviam me abandonado e simplesmente deixado de me amar. Mergulhada naquele cenário, eu não me dava conta de que eram os meus erros, pensamentos e escolhas que ofuscavam o amor de Deus por mim. Hoje sou capaz de perceber que esse amor de Deus nunca foi modificado. O que estava diferente era a minha forma de amar a mim, à vida e a Deus.

Antes de continuar, gostaria de lançar uma pergunta a você, meu caro amigo e leitor. Como tem vivido o amor de Deus por você e em você?

Arrisco dizer que, na jornada da sua vida, você já deve ter sentido (ou ainda sente) como se houvesse uma grande fogueira acessa, espalhando fogo e labaredas para todos os lados. Por – Crônicas da Maturidade Moderna –

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mais que você se esforce para apagá-la, não consegue ver nenhum resultado. É como se tudo que você jogasse sobre ela não surtisse nenhum efeito. Em alguns momentos ela pode até parecer apagada, mas volta em seguida com força total. Você pode até não conseguir perceber, mas isso acontece, porque existe uma chama que trepida em oculto. Essa chama pode ser considerada como a primeira experiência do amor de Deus por você e em você, e certamente ele jamais poderá ser apagado.

Santo Agostinho nos diz que: “À medida que o amor cresce em você, a beleza também cresce. Pois o amor é a beleza da alma.”

Quando descobrimos a verdadeira chama do amor dentro de nós, encontramos a imensa capacidade de amar alguém.

Deus te amou desde o princípio e, a partir dessa descoberta, da existência do amor em si, você é capaz de fazer florescer o amor-próprio, finalmente alcançando a habilidade de oferecer o amor verdadeiro em todas as circunstâncias. É muito importante ressaltar que Deus nos amou para que tenhamos esse amor disponível para ser manifesto, no ato de amar aos outros. Assim, podemos dizer que o amor-próprio é uma experiência do amor que existe em nós. Por meio dele, percebemos que somos um território sagrado e nos damos conta de que a nossa dignidade deve estar em primeiro lugar. Quanto mais eu amo, maior é o meu desejo de me cuidar e maior será minha capacidade de amar.

Existem diversas maneiras de amar ao próximo e uma das que mais exercitei, e que me ajudou no processo de resgate do amor por mim, é a amizade verdadeira. Precisamos partir das premissas de que “quem ama cuida” e “quem cuida ama”.

Assim, podemos dizer que uma amizade, enquanto forma de – Eliana Luz –

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amor, deve ser vivida e cuidada com carinho. Um verdadeiro amigo resgata no outro uma série de elementos sublimes, como a cumplicidade, o respeito, a verdade e o amor. Através da amizade, podemos nos reconhecer e percebemos a importância de ter alguém com quem contar em todos os momentos. É como ter um vínculo que não é ligado por laços de sangue, mas selado pelo coração.

Hoje, com toda a sabedoria adquirida por meio das experiências que vivi, reafirmo com convicção que ter um verdadeiro amigo não significa dizer que nunca tenha havido erros entre nós. Em diversas ocasiões pude perceber que os erros da vida modificavam tanto o amor de amigos por mim, quanto o meu por eles, principalmente porque deixávamos o ódio, a mágoa e os ressentimentos tomarem conta dos nossos corações. Por exemplo, nem sempre compartilhamos da mesma opinião, porém, precisamos ouvir sem julgamento e usar sempre a empatia.

A verdadeira amizade nunca permite que se apague a chama do amor que existe em ambas as partes.

Uma interessante frase de Sócrates nos ensina que “para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos, em nós mesmos, as qualidades que naquela admiramos”. Ah, quantos amigos eu conquistei ao longo da minha vida. Foram amigos de fé, de baladas, de lágrimas, de dores e amores, de bons conselhos, de viagens, de trabalho e amigos em Cristo. Todos eles, cada um a seu modo, deixaram uma essência de verdade e grandes exemplos que me ajudaram a ser uma mulher de luz. Hoje, vivo uma fase mais consciente, com mais alegria, paz e amor, que se manifestam em cada segundo, minuto e respiração. A vida é feita de recomeços e precisamos – Crônicas da Maturidade Moderna –

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estar abertos para mudanças. Para que ocorra uma real transformação, com novas conquistas, devemos estar aptos a desapegar de antigos padrões e hábitos, sempre plantando e regando amizades verdadeiras. O perfume da amizade está sempre presente no meu peito e nas minhas mãos, porque a cultivo diariamente.

Para você, leitor que já considero um dos meus amigos, trago uma sugestão. Tire um tempo para refletir sobre suas amizades e resgate os bons exemplos, os bons momentos e as lições que foram aprendidas através desse “amor de amigo”.

Falando em bons exemplos, penso que todos nós podemos servir de inspiração para alguém. A partir do momento em que comecei a cuidar do corpo, da mente e da alma, descobri ainda mais sobre o amor que sinto por mim. Quando eu me amo, naturalmente passo a me cuidar e, com isso, percebo mais uma vez que o amor em mim está intimamente ligado ao amor por mim. Minhas experiências com o amor-próprio começaram com exercícios diários e pequenas mudanças em pensamentos e ações. Iniciei um processo de aceitação do meu passado, perdoei meus erros e fracassos, aprendi a ter motivação (mesmo em dias difíceis) e passei a viver uma vida com propósito, dando razão e valor a tudo o que faço.

A vida nos prega peças e desafios sempre surgirão em nossos caminhos. Diante deles, aprendi a ter paciência e agir com a sabedoria da maturidade, pois mesmo em momentos nos quais era difícil manter a cabeça no lugar, precisei aprender a não tomar decisões precipitadas para não fazer escolhas erradas.

Compreendi que um desejo não muda nada, mas uma decisão pode mudar tudo.

Percebo que, praticando o cuidado com a saúde mental, tudo se tornou mais leve e passou a fazer mais sentido. Esses – Eliana Luz –

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resultados me levaram, então, a investir ainda mais tempo em fazer terapias, assistir palestras, ler e escrever livros, participar de treinamentos e abusar do conhecimento.

Uma verdade da qual eu desejo que todos se apropriem é que temos o direito de ter uma vida incrível e próspera. Isso não significa que ela precisa ser perfeita, porém, deve ser a vida dos nossos sonhos. Estamos falando de uma vida que leva a ser próspero, seguro de si, confiante, saudável em vários aspectos, incluindo saúde financeira, num caminho constante de evolução. Agora, é preciso atentar para um detalhe importante.

Um dos pontos principais para viver essa realidade é ter saúde mental para desfrutar da felicidade (que também é um estado mental), do bem-estar e da paz interior.

Meu querido amigo e leitor, você sabe o que é a saúde mental? Quanto tempo e dinheiro você tem investido no cuidado com a sua saúde mental? Qual é a importância do controle mental para você?

Particularmente, posso dizer que a saúde mental trouxe algo maravilhoso para a minha vida, uma vez que passei a modificar meus estados mentais de forma consciente. Isso não significa que eu seja perfeita. Há dias em que eu não estou disposta a realizar todas as tarefas necessárias, a participar de algumas reuniões e, até mesmo, a sair da cama. É nesses dias que eu percebo que estou com a saúde mental debilitada, porém, aprendi o quão rapidamente eu posso e preciso mudar esse estado mental. Aprendi a lidar com os desafios de forma rápida e produtiva e, portanto, posso dizer que o mais legal da vida é conseguir manter o estado de paz interior, a alegria de viver, a felicidade, a qualidade e o controle das emoções.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

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Cuidar da saúde mental também me ajudou a conhecer os meus limites, a diminuir a ansiedade, o medo, a insegurança, a conhecer a minha força interior e a perceber que eu sou a única responsável pelas minhas escolhas e decisões. Com isso, passei a me amar muito mais do que antes, percebendo quão perfeita eu sou, enquanto imagem e semelhança de Deus. Assim, gradativamente aumentei os meus cuidados, respeito e dedicação comigo mesma. É claro que eu tenho defeitos e limitações. Eu sofro, choro, tenho dores, passo por decepções e frustrações, assim como você e qualquer outro ser humano. A chave está no fato de que parei de me cobrar tanto e de ficar paralisada diante da opinião dos outros. Passei a viver a vida com mais amor e leveza e a dar mais atenção e valor ao presente, ao hoje e ao agora. Comecei a dar menos importância ao passado e me perdoei por tudo aquilo que deixei de viver, ou que tenha vivido de uma forma que já não faz parte dos meus valores. Creio que aprendi a rir dos meus erros e defeitos e a amar o que sou e quem sou.

Com o passar dos dias, mudei de vida e de valores. Quebrei crenças limitantes e bloqueios emocionais, me libertando de pensamentos negativos e, com isso, sei quem sou e aonde chegarei. Consigo olhar para trás e vejo tudo o que passou como um conjunto de grandes experiências. Descobrir o meu propósito me fez dar ainda mais sentido à essa vida.

Desejo que, apesar dos erros e das marcas que possa haver em seu coração, nunca desista de saber verdadeiramente quem você é e qual o seu propósito. Quando encaramos a vida como um presente de Deus, buscamos estar mais conectados com a natureza, agradecendo pelas pequenas conquistas e até por um simples entardecer. Aqui, quero deixar um pensamento que – Eliana Luz –

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gosto e que me ajuda a lembrar da minha responsabilidade em manter o estado mental de felicidade: O coração tem uma fechadura virada para dentro e só você tem a chave e o poder de abri-la. Virar a chave é aceitar e permitir viver o amor de Deus que existe em você e, assim, você vive o amor em ti e por ti.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

OLHANDO E DANDO LUGAR PARA AQUELES QUE VIERAM ANTES Isis Leite

Estamos vivendo em uma época em que a medicina, a ciência, a tecnologia e o conhecimento de uma forma geral vêm realizando grandes feitos. O acesso a esse conhecimento facilita e implementa maiores recursos na vida de todos. Com isso, a média de vida das pessoas aumentou e continua se ampliando.

Há pouquíssimo tempo, alguém com mais de 50 anos já seria considerado um idoso, devendo, portanto, ser “resguardado” e afastado das lidas diárias.

Segundo um estudo realizado pelo IBGE1, a média de vida dos brasileiros alcançou os 76 anos. Inclusive, já é muito comum encontrarmos pessoas com mais idade do que essa. Entretanto, estamos imersos numa cultura que não tem por hábito olhar com “bons olhos” para esses longevos. Infelizmente, para uma parte da sociedade, a pessoa “velha” ou “idosa” é considerada um fardo, um peso para suas famílias, sendo relegada a um canto escuro, quando não, com mais sorte, abandonados em casas de repouso.

Ocorre que esse tipo de pensamento negligencia um elemento fundamental: sem aquelas pessoas, nós não estaríamos aqui! A nossa história, a história de nossa família e a história da 1 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil e Unidades da Federação por sexo e idade para o período 2010-2060.

Revisão 2019, 1980 e 1991.

– Isis Leite –

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humanidade são constituídas por um conjunto de sucessivos fatos e realizações, nos quais, cada pessoa contribui, inexoravelmente, com sua própria vida, ou seja, com suas dores, fracassos, lutas, vitórias, amores, perdas, traumas, etc. Nós somos o resultado desse somatório de acontecimentos e de experiências, sem as quais não existiríamos.

Ora, o que permitiu a sobrevivência da espécie humana durante milhares de anos foi, entre outros fatores, o lugar que as pessoas mais velhas ocupavam na comunidade, no grupo, no clã. O conhecimento dos recursos disponíveis, a sabedoria sobre os alimentos, onde e como obtê-los, além da cultura e tradições, eram repassadas oralmente, de pessoa a pessoa – a chamada “tradição verbal” –, já que não existiam formas de registrar esse conhecimento. Assim, a sabedoria, a experiência e as vivências dos mais velhos eram de fundamental importância para a vida de toda a comunidade. Saber o que era bom para se comer, quando e como plantar e onde caçar, só era possível com a palavra de quem já havia experimentado tudo isso. A sobrevivência do coletivo dependia desse conhecimento. Por isso mesmo, as pessoas que tinham essa bagagem eram veneradas e, por muito tempo, tiveram um lugar de honra na sociedade.

Por outro lado, o tempo de vida era muito curto, principalmente por conta de fatores externos. A precariedade das condições sanitárias, os riscos extremos e contínuos, os fatores atinentes à alimentação e os conflitos constantes reduziam consideravelmente a possibilidade de o indivíduo ter uma vida longa.

Atualmente, o acesso ao conhecimento é praticamente irrestrito e ilimitado. Todos aqueles que têm acesso à tecnologia – Crônicas da Maturidade Moderna –

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podem tê-lo, sem dificuldades, sem intermediários, sem condicionamentos. Isso, porém, gera em nós a ilusão de que o conhecimento é adquirido “magicamente” ou sem esforço. Deste modo, é muito comum acontecer de um jovem olhar para os mais velhos e acreditar que sabe mais que eles. Assim, o respeito e o lugar ocupado pelos idosos, que eram essenciais, vem diminuindo gradativamente, com a falácia de que o excesso de informação se sobrepõe à experiência. Mas isso é uma ilusão, um equívoco, uma vez que a informação sozinha não produz resultados e um excesso de informações não produz conhecimento.

Dentro dessa perspectiva, o alemão Bert Hellinger, teólogo, filósofo e terapeuta, contribuiu de forma significativa com a compreensão acerca dos mecanismos do relacionamento humano. A partir de anos de observação como missionário em tribos indígenas na África, de sua prática terapêutica, da aplicação das abordagens que estudou e vivenciou, Hellinger idealizou o que conhecemos como “Constelações Sistêmicas Familiares” ou “familienstellen” (no termo original alemão, que significa em tradução livre “postura, posição familiar”). É importante ressaltar que Bert Hellinger não criou a Terapia Sistêmica propriamente dita. Ela já existia antes dele. Porém, ao ter contato com essa prática terapêutica e, agregando a ela os outros conhecimentos e experimentos, sintetizou-a na forma como a praticamos atualmente.

Para explicar um pouco mais: Vida é relacionamento. E segundo Bert Hellinger, os relacionamentos humanos são permeados, conduzidos e determinados por três ordens ou, como costumamos dizer, três leis, que são: – Isis Leite –

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I – Pertencimento II – Hierarquia III – Equilíbrio De forma bem sintética, podemos dizer que todos nós temos a necessidade de pertencer (Ordem do Pertencimento). É uma necessidade natural, visceral e intrínseca ao ser humano.

Por milhares de anos, pertencer a um grupo, um clã, ou a uma comunidade foi o que nos permitiu sobreviver. O ser humano é frágil por natureza. Não temos garras, espinhos, ou dentes afiados. Precisamos e dependemos uns dos outros. Sozinhos na natureza, somos presas fáceis. Assim, percebemos que a necessidade de pertencer é maior até do que a de sobreviver. Em algumas situações a pessoa tende a preferir passar por condições severas, sujeitando-se até à morte, do que ser excluída de um grupo. Então, muitas das situações conflituosas que acontecem nos relacionamentos derivam dessa necessidade de pertencer ou, em sentido contrário, resultam do não pertencimento, da exclusão do grupo.

Além da necessidade de pertencer, outra “regra” que ficou muito entranhada em nossas células é a seguinte: Quem chegou antes (Ordem da Hierarquia), no sentido temporal, experimentou antes, e ficou sabendo antes. Assim, existe uma hierarquia implícita, visto que a sabedoria daqueles que já experimentaram também é fundamental para a sobrevivência do grupo. Não se trata de uma regra moral, mas sim de uma “lei” interna que proporcionou a sobrevivência e a evolução do ser humano.

O conhecimento e a sabedoria se dão por intermédio daqueles que experimentaram antes, que vieram antes. Dessa forma, cada pessoa tem uma “posição”, um lugar no grupo, no clã, no sistema ao qual pertence. Imagine o que poderia acontecer – Crônicas da Maturidade Moderna –

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a uma criança, se ela não obedecer aos comandos dos pais ou quando um “novato” se nega a seguir as orientações de um profissional mais experiente. Ressalto novamente: Ter mais informação não significa ter mais sabedoria.

Aliada a essas duas regras, temos uma terceira. Ela nos diz que, para um relacionamento se sustentar e perpetuar é imprescindível que exista um equilíbrio entre aquilo que se dá e aquilo que tomamos ou recebemos (Ordem do Equilíbrio). Ou seja, para uma relação saudável e equilibrada, os participantes devem estar em igualdade de condições e respeitando-se mutuamente. É fácil compreender que se uma das partes faz ou dá muito mais que a outra, essa relação tende a se esgarçar. Também não é difícil perceber que, quando uma das partes dá, sem exigir a contraprestação, ela está se comportando muito mais como uma mãe ou pai da outra parte, e não como igual. Assim, resta evidenciada que a única relação na qual uma das partes entrega ou faz mais que a outra, sem que isso resulte em uma ruptura é a relação entre pais e filhos.

Stephen Hausner2 resume didaticamente esses conceitos, da seguinte forma: “Cada ser humano nasce numa família. Isso gera um vínculo que o liga a todos os membros dessa família. Uma instância oculta, que Bert Hellinger chama de ‘consciência familiar’ vela pelas condições que reinam na família enquanto compartilha de um destino comum. A essas condições estamos expostos e subordinados, independentemente da nossa vontade. Essa instância vela pelo vínculo do sistema, pelo equilíbrio entre o dar e o receber, assim como no destino, e pela preservação da ordem. A ordem prescreve que todos os membros da família, inclusive os falecidos, possuem igual direito de pertencer a ela”.

2 HAUSNER, STEPHEN. Constelações familiares e o caminho da cura. Tradução Newton A. Queiroz – São Paulo: Cultrix. Pag, 14.

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Bert Hellinger nos diz então, que se observarmos e respeitarmos estas três “regrinhas”, as nossas relações serão exitosas e saudáveis e que, justamente, a sua não observância é a causa da maioria, senão de todas, as situações danosas e conflituosas nos relacionamentos. É nesse momento, meu caro leitor, que eu te convido a um exercício reflexivo. Volte à primeira regra e traga esse conceito para a sua vida e para o seu dia a dia. Passe algum tempo refletindo sobre isso, analisando suas lembranças. Não tenha pressa, dê tempo à sua mente para vasculhar cada canto escondido do seu inconsciente à procura de informações valiosas.

Repita o processo com as duas “leis” seguintes. Tenho certeza de que você encontrará alguns elementos que merecem atenção. É possível que você chegue à conclusão de que algumas coisas precisam de mudanças. E tudo bem. Isso também faz parte do processo. O importante é que você, agora, encontra-se no caminho do autoconhecimento e está trilhando uma jornada em direção a uma versão melhor de si mesmo.

Muitos pensadores, sábios e mestres nos têm ensinado que, para o nosso bem viver, é muito importante que reservemos um bom lugar em nosso coração para as pessoas que estiveram aqui antes de nós, isto é, os nossos antepassados. Na tradição cristã, por exemplo, temos o seguinte mandamento: “Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Êxodo 20:12). Isso equivale a dizer que, para vivermos bem, saudáveis e para que tenhamos vida longa e em paz, precisamos olhar com bons olhos para os nossos pais, e consequentemente, para os pais deles, e assim por diante. A cultura oriental, por sua vez, traz a tradição do culto aos antepassados, reservando um espaço de honra para eles.

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Bert Hellinger nos lembra também que somos constituídos por uma soma do material genético de nosso pai e de nossa mãe, o que significa que eles, de certa forma, continuam e permanecem vivos em nós. Ora, qual deve ser o tamanho do respeito, da honra e do agradecimento a esses seres sem os quais não estaríamos vivos?

Nessa linha de raciocínio, nossos pais também são o resultado do encontro dos pais deles. E se continuarmos nessa sequência chegaremos à conclusão de que carregamos a herança e as informações de inúmeras gerações que vieram antes de nós. Se retirássemos qualquer uma das peças desse imenso quebra-cabeças, todo o conjunto da obra, que é a nossa existência, entraria em colapso.

Assim, parece bem claro que olhar para aqueles que vieram antes, essas pessoas com mais idade e experiência, não é apenas uma obrigação, mas uma necessidade intrínseca ao nosso bem-estar. E olhar com “bons olhos” é justamente dar o lugar que essas pessoas merecem. Elas já contribuíram e vêm contribuindo conosco em todas as esferas da sociedade. Se pensarmos no conjunto, no somatório de vidas, lutas, sofrimentos, perdas, frustrações, realizações, sucessos, vitórias e conquistas que aconteceram e foram necessárias para estarmos aqui, poderemos nos permitir abrir o nosso coração e agradecer profundamente. Que possamos, então, aprender a reconhecer o valor de tudo que já foi, exatamente como foi, sem julgamentos, sem críticas e sem cobranças.

Então, separe um momento do seu dia e lance um olhar para uma pessoa mais velha que esteja perto de você. Abra sua mente para perceber que essa pessoa tem muitas histórias, muito conteúdo, muita vivência, e que, se ela tiver a oportunidade, – Isis Leite –

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tem muito a ensinar a todo aquele que estiver disposto a ouvir.

Afinal, mesmo que a conheçamos, não temos a menor ideia de tudo que se passou com ela. Não sabemos, realmente, como foi a sua história. Faça esse exercício com seus pais, tios e avós.

A partir dessa prática de conscientização, podemos começar a partir da nossa própria família, a dar um lugar de respeito, honra e gratidão a quem merece. Com esse reconhecimento, com esse novo olhar, poderemos contribuir para que essa fase da vida dos nossos entes queridos mais velhos seja a melhor possível.

Deixemos de olhar para os idosos com um olhar de cobrança, de exigência. Abandonemos essa necessidade de exigir que nos deem mais, que contribuam mais conosco. Jamais tratemos essas pessoas com desdém, como se não tivessem mais nada a nos ensinar. Enquanto não nos libertarmos dessas práticas nocivas, estaremos impedidos de receber integralmente tudo o que eles fizeram por nós. Cada um, do seu jeito, contribuiu para a humanidade como um todo. E porque eles passaram, viveram e experimentaram, hoje a nossa vida pode ser um pouco mais leve. Você já imaginou como seria se tivéssemos que repetir, por exemplo, as descobertas científicas? Se aquilo que já foi experimentado e provado, tivesse que ser analisado novamente?

Não há dúvidas de que as pessoas que se encontram dentro desse universo que chamamos maturidade, ainda têm muito a fazer e a contribuir na sociedade. Aqui, enquanto escrevemos os capítulos dessa obra, estamos destilando parte da nossa vivência e trazendo um pouco da essência das nossas histórias.

O maior e mais importante objetivo de cada autor que fez parte desse projeto, terá sido alcançado quando você, leitor, olhar para um idoso e o enxergar de outro modo.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

VOCÊ PODE TRANSFORMAR A SUA VIDA Lourdes Ganzeli

Transformação é um tema que sempre tenho muito prazer em abordar. É uma oportunidade de falar sobre dinamismo, mostrando como podemos e devemos nos manter em movimento, nunca deixando de caminhar em direção a uma novidade de vida. E para falar sobre isso, quero começar com uma informação interessante. Você sabia que, com os avanços das ciências e da tecnologia, foi descoberto que o cérebro do idoso continua a produzir novas sinapses1 entre neurônios e que podemos continuar a aprender, mudar, transformar e produzir, mesmo em idade avançada? Isso faz toda a diferença. O idoso de hoje não é igual ao das gerações anteriores e compreender essa realidade é o primeiro passo para erradicar velhas crenças que nos vitimizam, em qualquer idade.

Antes de continuar falando de transformação, porém, vamos compreender um pouco mais essa questão científica. Afinal, precisamos nos habituar a sempre trazer fontes confiáveis quando apresentamos informações como essa.

Um estudo, publicado na revista Nature Medicine, analisou os cérebros de 58 pessoas mortas quando tinham entre 43 e 97 anos de idade. A atenção estava focada no hipocampo - uma região do cérebro envolvida com a memória e a emoção.

1 A sinapse é a região responsável por realizar a comunicação entre dois ou mais neurônios, ou de um neurônio para um órgão. Ela tem por função enviar sinais através de substâncias químicas (neurotransmissores), para que ocorra alguma ação específica no corpo.

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Essa região é a responsável por nos fazer lembrar, por exemplo, onde deixamos os óculos ou a carteira. Assim, se ela sofrer algum tipo de dano, essas funções podem ser prejudicadas.

Até pouco tempo, havia um entendimento de que o cérebro humano não produzia novos neurônios, as células especializadas do sistema nervoso, durante a vida adulta. No entanto, pesquisadores da Universidade de Madrid identificaram o surgimento de neurônios novos no hipocampo de cérebros antigos.

Isso significa que, mesmo o idoso, continua produzindo células nervosas e, em pessoas saudáveis, essa diminuição da produção é relativamente pequena.

“Acredito que geramos novos neurônios conforme precisamos aprender coisas novas. E isso ocorre a cada segundo de nossas vidas”, diz a pesquisadora Maria Llorens-Martin do Departamento de Biologia Molecular da Faculdade de Ciências da Universidad Autónoma de Madrid à BBC News.

Esses são alguns dos estudos que mostram, não somente sinapses e neurônios nascendo mesmo aos 97 anos, como também a plasticidade neural ou neuroplasticidade que é responsável por criar conexões neurais, possibilitando novos processos de aprendizado em pessoas de terceira ou até quarta idade. Você já pensou nisso? É maravilhoso!

As novidades e as oportunidades não cessam com o passar dos anos e a maturidade não deve ser um sinônimo de declínio.

Talvez você esteja até pensando: “Mas como? Eu já estou doente e os médicos me dizem que é assim mesmo, que é por causa da idade e que faz parte da vida”. Minha resposta para você é simples: “Afffff!”

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Essa é uma crença embasada em uma cultura antiquada.

Infelizmente, alguns médicos ainda acreditam que, obrigatoriamente, a velhice vem acompanhada de doenças, desconfortos e incapacidades. Tudo bem, é normal que haja um desgaste natural com o passar dos anos e que provavelmente não tenhamos a mesma vitalidade de um jovem, mas daí a ficar sempre doente e sofrendo, a distância é enorme.

Bruce Lipton, Biólogo celular, professor universitário nos EUA e autor do livro “A Biologia da Crença” já comprovou que a expressão genética pode ser influenciada, não apenas pelo ambiente, mas por pensamentos e emoções. Porém, apesar de suas descobertas, ainda há médicos, geneticistas e pesquisadores que permanecem resistentes às suas ideias. Mais recentemente, Maura Boldrini, professora de Neurobiologia da Universidade de Columbia, chegou à mesma conclusão de que o cérebro continua a desenvolver neurônios, independentemente da idade.

Felizmente, essas comprovações começam a fazer com que velhas crenças na impossibilidade de o idoso continuar saudável e aprendendo, caiam por terra. É notório que a cada dia surgem mais campanhas promovendo a saúde e a qualidade de vida daqueles que chegaram à terceira e à quarta idade. Considero muito importante, porém, que junto às novas descobertas da neurociência e da neurobiologia, sejam divulgados estudos de metafísica da saúde, isto é, aqueles que demonstram o quanto a saúde emocional influencia na saúde física.

Já é de conhecimento de muitos que a qualidade dos pensamentos, emoções e sentimentos influenciam diretamente a saúde física. Pessoas tensas e/ou ansiosas podem, por exemplo, desenvolver gastrites e úlceras estomacais, enquanto pessoas que sofrem com medos e fobias, podem desenvolver problemas – Lourdes Ganzeli –

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urinários ou intestinais. Aqueles que prolongam sentimentos de tristeza, mágoas e ressentimentos podem sofrer de reumatismo, colesterol alto ou problemas pulmonares, e assim por diante.

Um detalhe interessante é que cada um de nós possui suas próprias tendências, deficiências e vulnerabilidades. De acordo com nossa natureza ou temperamento, somos mais afetados nos chamados “órgãos de choque”. Por exemplo: a raiva, o ódio, o ressentimento e outros sentimentos do gênero podem afetar diretamente o fígado, especialmente se a pessoa o tiver como órgão de choque. Deste modo, manter um bom nível de pensamentos e sentimentos positivos, não apenas favorece a saúde e o bem-estar, mas em casos de doença, ajuda a recuperar a energia mais fácil e rapidamente.

Quando começamos a compreender esses mecanismos de saúde e doença, que fazem parte da inteligência emocional, caminhamos em direção a uma vida com mais saúde, serenidade e alegria. Tomamos consciência da existência desse ciclo, no qual os pensamentos geram sentimentos e estes, por sua vez, geram comportamentos. Estando mais atentos a essa dinâmica, podemos exercitar nossa capacidade de amenizar e até reverter os elementos negativos e potencialmente nocivos, física e emocionalmente.

Quando iniciamos um treinamento para mudar padrões de comportamento, encontramos algumas dificuldades a serem superadas. É o momento de exercitar a intenção focada e a perseverança. À medida que avançamos, vamos percebendo que fica cada vez mais fácil lidar com as questões do dia a dia. Uma das maiores dificuldades a serem enfrentadas, porém, é a existência de antigas crenças, muitas vezes alimentadas durante décadas.

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Precisamos entender que tudo aquilo que alimentamos, cresce e se fortalece. Isso vale também para emoções e sentimentos.

Perceba que, quanto mais alimentamos a mágoa, mais magoados ficamos, quanto mais alimentamos a raiva, mais raivosos ficamos, e assim por diante. Agora imagine uma pessoa que viveu boa parte de sua vida imersa em tristeza e frustração. Talvez por não ter conseguido aceitar determinada situação, ou por não ter perdoado algo ou alguém. Pense o quanto essa amargura pode ter prejudicado sua qualidade de vida.

Então, sabendo disso, por que continuamos a nutrir sentimentos e pensamentos que nos fazem tanto mal? Por pura ignorância. Não sabemos que todos temos a capacidade para administrar pensamentos, emoções e sentimentos, afinal, ninguém nos ensinou que isso é possível e necessário. Nossos pais, também não foram ensinados sobre isso, portanto, não tinham como nos passar esse entendimento. Na escola isso normalmente não é matéria a ser ensinada.

O resultado é que crescemos totalmente ignorantes nesses assuntos e vivemos como se fosse impossível interferir nesse ciclo gerador de sentimentos e consequências negativos. Na verdade, chego a afirmar que essa ignorância pode matar. Vamos imaginar um caso extremo. Quanta gente já morreu, porque o celular, que estava ligado na cabeceira de suas camas, conectado à tomada, explodiu. Se essas pessoas soubessem que não se deve utilizar o celular conectado à rede elétrica e, muito menos, dormir com ele junto ao corpo, será que teriam feito diferente?

Teoricamente sim, se você sabe o quanto é perigoso, normalmente prefere evitar o perigo. É claro que existem aqueles que se expõe ao perigo de forma consciente, tendo claros os riscos que estão correndo, mas aqui, estamos falando dos que – Lourdes Ganzeli –

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evitariam. O mesmo cenário pode ser aplicado em relação à ignorância e ao conhecimento. Espera-se que, sabendo o quanto a ignorância pode provocar dores e desconforto físico, mental, emocional e espiritual, procuremos o aprendizado necessário para neutralizar esses efeitos, não é mesmo? Da mesma forma, sempre haverá aqueles que preferem a ignorância.

Penso que agora, mais do que nunca, é tempo de procurarmos o conhecimento, as informações, as tecnologias, metodologias, mentorias ou treinamentos que possam melhorar nossa qualidade de vida. Existem “zilhões” de livros, cursos e exercícios voltados para o autoconhecimento e o desenvolvimento humano. Temos uma infinidade de informações disponíveis em sites, blogs e redes sociais, tanto gratuitas quanto pagas, para todos os tipos de pessoas, necessidades e interesses. Cabe a cada um buscar aquilo que mais lhe convém.

Com o conhecimento e o treinamento adequados podemos mudar tudo na nossa vida. Tudo o que nos incomoda, frustra, desassossega é passível de mudança, se soubermos a forma correta de pensar, sentir e agir a respeito.

Toda mudança começa em nós. Somos 100% responsáveis pela vida que temos. Apesar de parecer loucura num primeiro momento, quando aprendemos como o Universo e a Vida funcionam, fica mais claro e fácil perceber como isso é verdadeiro.

Quer ver um exemplo? Uma pessoa chega até você e lhe faz um desaforo. Se você estiver distraído, desconectado do seu poder de escolha, provavelmente ficará irritado, triste, magoado ou ressentido, de acordo com seu temperamento. De qualquer maneira o resultado será negativo.

Mas, se você está consciente do seu poder de escolha, e focado nessa consciência, poderá simplesmente pensar: “hoje – Crônicas da Maturidade Moderna –

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essa pessoa não está bem, tomara que melhore”, ou “o que ela pensa a meu respeito é problema dela, eu sei quem sou e não vou me incomodar com a sua opinião”.

Seja lá qual for o pensamento que vier à sua mente, você estará consciente de quem é e a opinião da outra pessoa não influenciará o seu humor. Essas atitudes podem parecer muito difíceis de conquistar, mas, na realidade, fazem parte de um treinamento da mente que se dedica ao autoaprimoramento. Isso é inteligência emocional bem desenvolvida.

Estamos muito acostumados a agir de forma reativa, isto é, quando alguém fala ou faz algo e reagimos automaticamente, de forma emocional e impensada.

Existe uma grande diferença entre alguém que vive de forma inconsciente, com o piloto automático ligado, respondendo reativamente às situações que a vida lhe impõe e alguém que busca o autoconhecimento, a evolução e uma vida transformada com muito mais prazer, consciência e alegria de viver.

Se pensamos sempre dentro da mesma linha de raciocínio com “opiniões formadas sobre tudo”, atrelamos emoções negativas ao modo de pensar, reações emocionais com sentimentos de pesar, frustração e insatisfação que provocam constrições respiratórias e circulatórias com seus respectivos resultados deletérios para a saúde. É importantíssimo termos consciência desse processo para que possamos mudar imediatamente qualquer tipo de pensamento, emoção, sentimento ou atitude que possa nos trazer maiores dificuldades. Caso contrário, sempre teremos mais do mesmo, simplesmente porque inconscientemente alimentamos os mesmos padrões e ciclos, nos fechando numa redoma de energias viciadas e nocivas.

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Esse processo se inicia quando absorvemos de nossas mães, desde a vida intrauterina, muitos dos seus medos, conflitos, crenças, princípios e valores. Eles serão alimentados durante toda a primeira infância, de uma maneira incrível. Durante os primeiros sete anos de idade, mais ou menos, todas as informações que recebemos dos nossos pais e terceiros significativos (avós, tios etc.) são absorvidas como verdades inquestionáveis e se instalam no nosso inconsciente, passando a conduzir pensamentos, emoções e atitudes. Deste modo, reproduzimos inconscientemente padrões de comportamento de nossos pais que, por sua vez, reproduzem o que absorveram de seus pais, e assim por diante. Portanto, muitas das nossas crenças estão embasadas na forma de pensar, sentir e agir de nossos antepassados.

Quando atingimos a idade do discernimento (aproximadamente 24 a 25 anos de idade) e começamos a fazer uma análise mais profunda, a mente já está viciada nos padrões estabelecidos. Os comportamentos, reações emocionais e linhas de raciocínio estão “automatizados”.

Para transformar essa situação, precisamos ressignificar muitas das nossas crenças e, com esse procedimento, passamos a ser verdadeiramente comandantes do nosso barco, que deixa de seguir à deriva e à mercê das marés. Ressignificar velhas crenças, especialmente as inconscientes, é a forma adequada para transformarmos nosso modo de pensar e sentir e, com isso, melhorarmos nossa qualidade de vida.

Dito isso, fica o meu convite para que você mergulhe nessa jornada de autoconhecimento e descubra as inúmeras possibilidades de ganho em saúde, bem-estar e realização pessoal, independentemente da idade ou da fase da vida na qual você se encontra.

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EMPREENDER AOS 55 Lucy Dolácio

Uma maneira fácil de puxar assunto com uma criança é lançar a pergunta: “O que você quer ser quando crescer”? Com certeza, ela vai desfilar seus sonhos e ilusões infantis de ser astronauta, presidente do Brasil ou, como é comum hoje em dia, um Youtuber milionário! Particularmente, eu imaginava que aos 55 já seria uma vovó velhinha, fazendo tricô numa cadeira na varanda de uma chácara e cuidando de uns 20 gatos!

Mas, como a vida tem suas surpresas, ao completar os 5.5 no início de setembro, já não considero pessoas com 55 anos “velhinhas”. Afinal, temos tantos cinquentões e cinquentonas na ativa, trabalhando, empreendendo e alcançando grandes feitos. As maravilhas da medicina moderna e seus avanços tecnológicos, possibilitaram uma longevidade muito além do que eu poderia ter imaginado na minha infância.

Foi apenas ao completar 50 anos que tive o “estalo” de que não queria mais ser funcionária de ninguém. Eu ainda trabalhava como professora de inglês, quando entendi que meu caminho era buscar a prosperidade e missão de vida, por meio do empreendedorismo. Não me agradava mais a ideia de ser chamada de “Teacher” por crianças e adolescentes por mais dez anos da minha vida. O meu maior desejo era voltar a trabalhar com o que eu realmente amava, ter minha escola de Arte, viver da Arte, ou até mesmo, da Psicanálise Integrativa que estudei como opção de nova carreira. Essa última, estava paralisada – Lucy Dolácio –

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desde os meus 37 anos, quando fui mãe solteira e precisei trabalhar para sustentar minha casa e meu filho. Houve um tempo em que eu sofria ao admitir que era mãe solteira. Para mim, as pessoas viam essa situação como um de seus piores pesadelos.

Mas como eu não sou de fugir da raia, adoro desafios e sempre sonhei em ser mãe, segui firme no meu propósito.

O empreendedorismo sempre fez parte da minha vida.

Houve uma época em que cheguei a morar com 30 gatos. Dedicava todo o meu tempo ao trabalho como criadora de gatos persas, cuidando do gatil e participando de exposições. Mesmo assim, não me sentia completa. Foi nesse momento que roguei a Deus, com todo o meu coração, por uma razão mais nobre para viver. Não que os gatos tenham pouco valor ou nobreza, mas nos meus sonhos, o verdadeiro propósito viria por meio de um casamento, preferencialmente com um homem rico e responsável, lindo e bom pai, bom marido e tudo mais que se pode desejar de um parceiro. Confesso que eu ainda acreditava naquele antigo modelo que algumas mães insistem em passar para as filhas como sinônimo de “bom casamento”. Hoje, tenho muito orgulho de ter me libertado dessa ilusão. Sou uma mulher corajosa, que vai em busca de realizar seus sonhos e não depende da figura do “marido provedor”. De fato, o único apoio que tive, na maior parte das minhas conquistas, veio dos meus pais.

Passada a fase dos gatos, decidi unir a Arte e a Psicanálise Integrativa (mais precisamente os conhecimentos da obra de Carl Gustav Jung), para seguir como Arteterapeuta Integrativa.

Logo, comecei a trabalhar na confecção de Mandalas para promover a cura de dores e ansiedade, e me dediquei à leitura de Tarot, com um baralho que eu mesma criei. Passei a contribuir – Crônicas da Maturidade Moderna –

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com meus clientes em suas jornadas de autoconhecimento e compreensão dos Arquétipos de Jung, por meio dos Arcanos Maiores e da Jornada do Louco.

Foi a realização de um sonho. Finalmente pude me ver feliz e trabalhando com algo que fazia a diferença na vida das pessoas. Os anos se passaram e com meu filho completando 18 anos e partindo para alçar seus próprios voos, me encontrei diante da oportunidade de me concentrar no desenvolvimento do meu trabalho no YouTube, nas mídias sociais e no atendimento terapêutico online. Além disso, tenho minha liberdade geográfica, podendo atender de qualquer lugar, administrando os horários das minhas consultas e criando infoprodutos que praticamente se vendem sozinhos. Nas horas vagas, posso fazer muita arte, artesanato e até aquele tricô na varanda da minha chácara. E sem me sentir uma velhinha aposentada. Tudo bem que a chácara ainda não é uma realidade no momento da escrita desta crônica, mas felizmente posso dizer que esta é uma realização que está bem próxima. E falando em realizações, aqui estou eu, vivendo outro grande sonho: o de ser uma escritora. É verdade que empreender depois dos 50 não é fácil, especialmente quando damos ouvidos às opiniões alheias, recebendo e nos apropriando de frases como: “Você não vai conseguir”, “Já está velha para tentar”, e as mais variadas crenças limitantes que só existem dentro das nossas mentes barulhentas. Graças à trajetória de estudos sobre terapias holísticas, pude trilhar minha jornada de autoconhecimento, reconhecendo quais eram os meus verdadeiros sonhos e desejos e me reencontrando com o meu “quero ser quando crescer”.

Técnicas como “Barras de Access” e “Cura da Criança ferida”, “Programação Neuro Linguística” e “EFT” (Emotional Freedom Treatment) ajudaram a me libertar dessas muitas – Lucy Dolácio –

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crenças limitantes. É claro que, às vezes, algumas delas ainda insistem em me assombrar, principalmente em momentos de insegurança. No entanto, aprendi com meu professor de Física Quântica que basta dizer: “Cancelado, cancelado!”, e os pensamentos ruins desaparecem. E digo por experiência própria, desaparecem mesmo. Além disso, busco manter sempre uma boa dose de mentalizações positivas, meditações para manter o “Self ” em equilíbrio e muita força de vontade. Ainda mais depois de uma pandemia que parou o planeta!

Sei que pode parecer que me dediquei a uma série de atividades altamente aleatórias, mas outro dos meus valiosos professores, o de saúde financeira, sempre recomenda que não mantenhamos “todos os ovos na mesma cesta”. É por isso que mantenho minhas atividades de designer, diagramadora e arte finalista, não desperdiçando minha formação em Comunicação Visual, nem o conhecimento que veio de anos de experiência em agências de propaganda. São trabalhos que tenho muito prazer em realizar, montagens em fotos no Photoshop e muitas postagens nas redes sociais. Paralelamente, crio estampas de camisetas para minha grife de Mandalas e projeto quadros para encomendas de retratos (pintados à óleo), também nas montagens pelo computador.

No ano de 2020, em plena pandemia, surgiu um novo desafio, comecei a trabalhar como educadora social no projeto de uma igreja, com apoio da Prefeitura de Sorocaba. Lá, sirvo café da manhã para pacientes e acompanhantes que vêm de todas as cidades da região de Sorocaba para atendimento no Hospital Regional. Também atendemos moradores de rua e trabalhadores que ouvem falar do café gratuito que oferecemos com muito carinho e um sorriso no rosto! Este tem sido um dos maiores – Crônicas da Maturidade Moderna –

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aprendizados dos últimos tempos, no qual posso vivenciar um “laboratório real” de como as pessoas fazem escolhas que mudam todo o rumo de suas vidas! É muito interessante participar dessas ações, porque na qualidade de psicanalista e terapeuta, tenho a possibilidade de analisar as realidades de pessoas como eu, que já se encontram na “melhor idade”, mas não conseguem, pelas suas circunstâncias, ter a mesma “sorte” de empreender e buscar novos caminhos.

Eu uso o termo sorte, mas devo muito ao privilégio de ter um pai que sempre investiu na educação dos filhos. Ele escolheu se privar de grandes viagens ou de possuir muitos bens para investir em boas escolas para os 3 filhos. Aprendi Inglês, por exemplo, ao ponto de me tornar professora, o que me rendeu um sustento por alguns anos e me possibilita, até hoje, participar de todos os tipos de aulas e cursos internacionais.

Meu pai também me garantiu uma boa faculdade, mas existe um elemento que considero o mais importante de todos. Ele me proporcionou uma estrutura de família. Um ambiente com pessoas que podiam até discordar, mas sempre se apoiaram, se doaram, se toleraram e exercitaram a lei maior de Deus: o Amor! Quando falo sobre isso, me lembro de muitos relatos dos moradores de rua que acompanho. Percebo que muitos deles têm uma característica em comum: Os conflitos familiares, como principal motivo de estarem nas ruas. Muitos jovens saem de casa por terem se envolvido com drogas e por não aceitarem o controle e as críticas de seus pais, responsáveis, ou tutores, acreditando que nas ruas terão independência e liberdade, sem se importar com as condições de vida desumanas às quais se submetem.

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Felizmente esses que acompanho não passam fome. Sempre há alguém que ofereça um café ou um almoço, existem os jantares entregues pelas igrejas e as sopas doadas nos dias frios.

Eles também recebem cobertores, roupas e tomam banho no “SOS” ou albergues e em outras associações que tentam ajudar, mas estes jovens tendem a envelhecer nas ruas. São homens e mulheres de todas as idades e em todos os tipos de situação.

Conheço, por exemplo, uma frequentadora de 60 anos que “se orgulha” em dizer que vive há 30 anos nas ruas. É triste testemunhar casos de homens orgulhosos que romperam casamentos com rusgas e mágoas profundas com as ex-esposas e filhos. Alguns acabam abandonados na terceira idade, isolados e até doentes, sem o conforto de um lar ou o amor de uma família que cuide deles na velhice. Já encontrei situações nas quais indivíduos nesse perfil, sendo mais antigos e ainda carregando o senso de dignidade, procuram desesperadamente por uma vaga de emprego, mas são rejeitados pela idade, pelas condições precárias e até por não conseguirem mandar um currículo por e-mail. A maioria não tem celular com internet ou não sabe como criar um currículo, afinal, no tempo de suas juventudes nem existia internet ou celulares e eles não tiveram oportunidades para se atualizar com as novas tecnologias, que mudam numa velocidade, para eles, assustadora. Mídias sociais são desconhecidas por eles que, na maior parte dos casos, não têm a mínima paciência para aprender. Trago esses relatos para demonstrar como pode ser duro envelhecer, dependendo dos caminhos que escolhemos percorrer.

Na minha percepção, empreender, mesmo para quem tem acesso aos inúmeros cursos que dizem ser muito fácil ganhar dinheiro pela internet, é bem mais complicado do que parece.

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No auge dos meus 55 anos, além de ter todo o conhecimento necessário para ser uma boa Arteterapeuta, me vi diante da necessidade de aprender a gravar vídeos, cuidando para garantir a qualidade do som e da iluminação, construindo um cenário interessante e, claro, desenvolvendo um discurso convincente, usando gatilhos emocionais bem treinados para aumentar as vendas. E apenas gravar os vídeos não basta, é preciso editá-los, eliminar os erros, inserir uma música (tomando cuidado com os direitos autorais), e saber como abrir uma página dentro de uma plataforma e “subir” os vídeos.

Depois de tudo isso, você descobre que apenas ter os vídeos lá, também não basta, porque poucos ficarão sabendo da existência deles. É preciso planejar propagandas e postagens diárias, que sejam chamativas e estejam em todas as mídias, divulgando o trabalho e trazendo audiência, esperando que gostem, “deem likes” e se inscrevam no canal. Se eu quiser, por exemplo, ser monetizada pelo YouTube, ainda tenho que conquistar uma quantidade específica de inscritos. Assim, percebo que os detalhes e os desafios para qualquer um que deseja empreender no ambiente digital são inúmeros e exigem comprometimento e dedicação.

Depois de mergulhar nesse universo, cheguei à conclusão de que não devo me considerar uma “velhinha” e esperar que tudo caia do céu. Muito pelo contrário, o empreendimento digital faz parte dos sonhos e desejos que fui construindo durante toda a minha trajetória. Por isso, eu aproveito cada etapa dos processos, cada novidade que aprendo e me admiro com as maravilhas de ter acesso aos mais variados níveis e tipos de conhecimento através de plataformas como o YouTube. Hoje em dia, me desvencilhei completamente da TV e não tenho interesse no – Lucy Dolácio –

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conteúdo que é transmitido por lá. É claro que é uma escolha pessoal e a escolha é o poder maior que eu tenho. Eu decido o que quero assistir, os cursos dos quais quero participar e aprendo qualquer coisa de forma gratuita.

Me lembro de uma ocasião em que inventei de divulgar minhas artes de quadros de uma forma mais popular, ao invés de deixá-las nas paredes de museus, e dar movimento a eles através de bolsas com Arte. Como nunca tinha feito aulas de corte e costura, decidi aprender no YouTube. Em seguida, para colocar essa arte na bolsa, pesquisei e aprendi tudo que podia sobre sublimação e como imprimir imagens em tecido. Veja que interessante, todo esse conhecimento adquirido com buscas na internet. O conhecimento está ao alcance de todo aquele que, diante da oportunidade, se lança em busca dele.

Meu maior objetivo com este texto é estimular pessoas da terceira idade, para que acreditem que não são “velhinhas” ou “velhinhos”. Ainda podem fazer muito, investir e empreender e realizar sonhos, como o de serem escritores. Meu conselho para você, leitor que já é 50+, é o seguinte: Exercitem seus cérebros e seus corpos, cuidem da alimentação e principalmente da saúde mental e espiritual. O órgão que não é usado, atrofia.

Um cérebro parado pode caminhar em direção a quadros de demência, como o mal de Alzheimer. Trago esse relato por experiência própria! Minha mãezinha era artista plástica, minha sócia na Escola de Artes. Se formou Psicanalista Integrativa, comigo e chegou a ter consultório com casos de sucesso. Ela pintava porcelanas e tinha um jardim cheio de Bonsais (que ela mesma torcia os galhos para criar árvores em miniatura). No entanto, em um dado momento ela entrou em depressão, iniciando um – Crônicas da Maturidade Moderna –

processo de declínio mental. Não fique passivo diante dessa realidade, se mova, busque ajuda. Sempre há tempo e sempre há um caminho.

Um dos meus exercícios cerebrais diários, por exemplo, é a memorização dos nomes e rostos dos mais de 600 frequentadores do café. E eles se espantam com a minha capacidade de lembrar de quase todos eles. Aliás, eles adoram sentir que são vistos e lembrados, não como moradores de rua (já que a maioria os trata como se fossem invisíveis), mas como pessoas respeitadas e cumprimentadas com um bom dia alegre e palavras de incentivo.

Escrevo minha história para que sirva de exemplo a quem estiver mergulhado nessas páginas inspiradoras, escritas por mim e pelos meus amigos. Com certeza, nessa coletânea de crônicas você vai ser privilegiado com mais experiências e incentivos para ir atrás dos seus sonhos!

E se eu lhe perguntar o que você quer ser quando “crescer”?

O que me diz?

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EXPERIÊNCIA DE UMA FASE MAIS CONGRUENTE Luzia Alves

O primeiro tabu que eu quero derrubar com você nesta crônica é o de que a idade nos impõe limites. Isso só acontece com aqueles que permitem, pois, a partir do momento em que decidimos alcançar um patamar mais elevado em algum aspecto do nosso desenvolvimento, os únicos que podem nos impedir somos nós mesmos. É preciso que reconheçamos a nossa capacidade de tomar a frente em qualquer situação, nos mantendo alinhados a um propósito, seja em benefício próprio ou de outrem. Uma vez assumido o propósito, devemos nos manter comprometidos com sua concretização, que pode ser, por exemplo, a missão de ajudar pessoas na jornada do autoconhecimento.

Durante a minha caminhada, conheci pessoas que passaram a vida como escravas de um sistema que tende a dificultar a evolução. Particularmente, devo confessar que ainda me pego em conflito com algumas crenças limitantes que insistem em me impedir de realizar certas atividades. Compreendo que se trata de uma limitação criada pela minha mente e, portanto, a solução depende unicamente de mim.

Quando tomo consciência dessa realidade, passo a ser capaz de caminhar em direção à libertação dos pensamentos desconexos e do complexo de inferioridade, responsáveis por me fazer travar nas horas mais impróprias. Para mim, é sempre muito constrangedor mergulhar nessas conversas internas, mesmo – Crônicas da Maturidade Moderna –

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assim, entendo que é importante me manter perseverante, para não perder nenhuma oportunidade de crescimento, mudança de crenças e ressignificação de travas emocionais.

Há, também, pessoas que, ao longo de suas vidas, constroem valiosos legados, superando os muitos desafios que são comuns em toda jornada, com persistência e dedicação para alcançar o sucesso. Um dos traços da maturidade é a capacidade de reconhecer que os acertos devem se sobrepor a todos os erros cometidos. Assim, as conquistas podem ser recebidas como elementos motivadores, e não apenas como meras lembranças, inspirando, inclusive outras pessoas.

Na verdade, tenho certeza de que se refletirmos sobre tudo o que já vivenciamos, certamente encontraremos uma quantidade muito menor de derrotas do que de vitórias. Isso me leva a lançar uma pergunta: Será que somos gratos por isso? Por acaso nos lembramos dessa tão nobre virtude que é a gratidão?

Devemos sempre nos lembrar que “o gesto de agradecer libera o fluxo de receber”. Quando fazemos o bem, sem esperar nenhum tipo de recompensa, liberamos ocitocina, que é conhecido como o hormônio do amor. Não podemos nos deixar levar pelo desânimo para não nos perdermos pelos caminhos da vida por causa do medo da mudança.

Todos nós passamos por momentos em que somos tentados a abandonar sonhos e objetivos. É nesses momentos que precisamos traçar metas de forma clara e bem definida. Devemos agir com responsabilidade, pensando, na medida do possível, no bem de todos e priorizando os cuidados com a saúde e a qualidade de vida. No meu caso, quando me vejo dentro do grupo da maturidade, sinto uma necessidade ainda maior de buscar o autoconhecimento, me dedicando ao fortalecimento – Luzia Alves –

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do meu nicho de trabalho, estudando e ajudando tantos quantos puder.

Para mim, um idoso com uma vida ativa é um idoso feliz.

Quando o indivíduo se torna uma pessoa madura com “cabeça boa”, isto é, bem resolvido, tende a ter mais ânimo. O ânimo, por sua vez, é um elemento indispensável para uma vida saudável, fazendo com que estejamos sempre em busca de aproveitar melhor o potencial de cada dia. Essa mentalidade traz inúmeros benefícios, especialmente no aspecto emocional, uma vez que nos tornamos pessoas mais bem-vindas nos grupos de amigos e bons parceiros. Afinal, as pessoas têm prazer em ter por perto as companhias agradáveis, o que resulta em boas conexões, eleva a autoestima, melhora a autoconfiança e contribui integralmente para a saúde (física, emocional, mental, espiritual).

Você já ouviu alguém dizer que o tempo parece estar passando mais depressa? Essa é uma sensação muito comum nos dias de hoje. Ora, o tempo é o nosso principal ativo, nosso bem mais precioso, que uma vez perdido, jamais será recuperado.

Todos os dias temos uma nova oportunidade de viver com mais intensidade, aproveitando melhor os nossos momentos. Com a maturidade, percebi quantas oportunidades deixei passar na minha juventude e como cada minuto na vida tem sua importância.

E falando em oportunidades, é interessante observar que, às vezes, somos assediados por uma quantidade tão grande de informações que chegamos a perder a clareza daquilo que estamos buscando. São tantos produtos, serviços, opções, variações e qualidades sendo continuamente oferecidos que me pergunto se estamos realmente preparados para absorver tantos dados ou se caminhamos em direção a uma “obesidade mental” que não – Crônicas da Maturidade Moderna –

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leva a nenhum resultado. É plenamente possível chegarmos em um patamar no qual temos tanta informação acerca de um assunto, que nos perdemos. Por isso, existe sempre a necessidade de buscar o equilíbrio.

A fase que vivi logo após minha aposentadoria, que seguiu com a perda dos meus pais, foi como ter o mundo desabando sobre mim. Ainda me lembro do primeiro natal que passei depois de tudo isso. Cheguei a dizer, na presença da minha filha, que gostaria de dormir naquele dia e acordar somente em janeiro, depois de passadas todas as festas de fim de ano. É claro que ela ficou chateada, e me disse: “Isso não mãe! Você não tinha só eles, nós ainda estamos aqui”.

Assim percebi o quanto devemos tomar cuidado para não sermos conduzidos pelos nossos sentimentos negativos, pois podemos perder a noção do que estamos dizendo e acabar desvalorizando as pessoas que estão perto de nós. Às vezes somos tomados pelas saudades de tradições que costumávamos celebrar, mas esse sentimento deve ser acolhido sem pesar e sem nos dominar. Caso contrário, podemos nos ver em situações que nos deixam emocionalmente abalados, nas quais podemos ficar paralisados, perder o controle, dizer coisas que não tínhamos a intenção, gerar males físicos ou tomar atitudes que não tomaríamos em nosso perfeito equilíbrio.

O segredo é sempre refletir nesses momentos e procurar fazer uma análise do nosso comportamento, para permanecermos firmes, nos aliando aos que estão à nossa volta e que compartilham do mesmo desejo de instaurar harmonia e construir a paz.

Por sinal, é tão gratificante lembrar que já se foi o tempo em que o envelhecimento era sinônimo de estar perto do fim. Hoje, – Luzia Alves –

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as pessoas mais maduras e experientes se posicionam com essa mesma firmeza, se destacando no mercado de trabalho e nas mídias por conta do seu espírito sempre jovem, que além de fazer a diferença no ambiente em que se encontram, ainda serve de exemplo e inspiração. São indivíduos esclarecidos, que já não se importam se serão chamados de velhos, ou idosos, mantendo sua vitalidade e a clareza em seus propósitos, não deixando a vida passar diante de seus olhos.

Para você, leitor que já se encontra nessa fase e para você que um dia chegará a ela, sugiro o exercício da disciplina, mantendo o foco nos seus objetivos, buscando de forma confiante o poder da alta performance e mudando o mindset, para que, no futuro, não tenham que olhar com arrependimento para uma condição de vida que não foi conquistada.

A ideia é pensar rápido e não permitir que o tempo passe sem que aproveitemos o que a vida tem de melhor para oferecer. É possível manter a essência da força natural que o jovem traz dentro de si, porém, com o avanço da idade, ganhamos o benefício de não sermos tão descuidados. Quando essa força fica adormecida, corremos o risco de enfrentar o choque de realidade citado anteriormente. Veja que tudo depende apenas de nós, da nossa autoconfiança, das nossas habilidades e de tudo que fazemos ou deixamos de fazer. A responsabilidade é única e exclusivamente nossa.

Todos aqueles que valorizarem a bagagem e as experiências vividas em suas trajetórias, desfrutarão de um grande aprendizado que, a qualquer momento, pode servir de inspiração para a jornada de outra pessoa. Em resumo, é muito mais fácil ser jovem do que velho, para ser velho é preciso ter muita idade e você pode ter cem anos e sentir-se jovem, porque a beleza em – Crônicas da Maturidade Moderna –

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si não está na pele e ou na estrutura, mas sim na mente e no coração. Algumas expressões que jamais devem ser esquecidas, são: “Não temos idade, temos vida”; “Fomos criados para viver abundantemente”; e “A alegria do homem prolonga seus dias”.

Quando o pensamento está em sintonia com essa questão, tudo faz mais sentido, afastando a ideia de que, por termos atingido uma determinada idade, estamos necessariamente sob o jugo de uma sociedade que, apesar de mais inclusiva, ainda é bastante preconceituosa em vários aspectos.

Entenda que não importa quem você é, onde está, ou qual a sua idade. Você tem o domínio da sua vida e determina o rumo para onde deseja conduzi-la. O significado de tudo que é direcionado a você, e vem da comunicação externa, depende do seu processamento mental e emocional, para que, baseado nas suas crenças e experiências, você possa alcançar melhores resultados.

Uma das piores coisas que pode nos acontecer é a privação da possibilidade de realizar esse processamento de forma autônoma. Especialmente nos casos em que existe alguma limitação física, mas o indivíduo mantém a plenitude da lucidez. Sempre que visitei as chamadas casas de repouso, o que mais ouvi foram relatos de idosos que não foram consultados sobre suas internações. Me lembro do caso de uma senhora de 95 anos que, após sofrer uma queda em sua casa, foi levada pelo filho ao hospital e, recebendo alguns pontos pelo corpo, foi encaminhada direto para um desses lares de idosos, sem ser consultada a esse respeito. Eu a visitava semanalmente em sua casa para levar a Eucaristia, mas quando me preparava para uma dessas visitas, fui informada de que ela estava nesse lar de idosos. Chegando lá, fiquei muito emocionada. Me vi rodeada por várias outras senhoras que também desejavam receber a Comunhão. Ainda – Luzia Alves –

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mais marcante foi encontrar minha amiga, agora minha assistida, que, com lágrimas nos olhos, me disse a seguinte frase: “Ele não me perguntou se eu queria vir para cá”.

Com isso, podemos entender que não devemos ser dominadores, e nem nascemos para sermos dominados, mas somos conscientes e temos discernimento o bastante para redirecionar uma vida quando decidimos mutuamente, com clareza e por meio do diálogo. O que falta, na maioria vezes, é o senso de humanidade para buscar a melhor solução, permitindo que a vida seja respeitada em todos os sentidos, motivando e criando possibilidades para que a pessoa, ainda que em sua limitação, consiga viver da melhor forma, sua própria realidade.

Entendo que, quando é possível, manter o idoso perto e integrado à rotina da família, gera qualidade de vida e contribui para a manutenção da saúde de indivíduos que, às vezes, necessitam de tanto cuidado e carinho quanto uma criança. Em casos assim, pequenos gestos podem fazer uma grande diferença, como no simples fato de sentar e ouvir suas histórias, ou estar presente em determinada ocasião, servindo de fonte de alegria.

Há idosos que sentem como se estivessem condenados a colocar o caixão nas costas e ficar aguardando a morte chegar, ou como se fossem tratados como cartas fora do baralho.

Talvez por conta dessa sensação, ainda existam muitos idosos que investem tempo e esforços para se manterem dentro dos padrões da sociedade. O resultado disso é que, com uma capacidade cada vez mais intensificada pelo desejo e a força de vontade, vão conquistando gradativamente o seu espaço social.

A partir daí, seguem fazendo novas amizades, buscando autoconhecimento e fortalecendo laços poderosos em suas relações interpessoais.

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Não poderia terminar um texto que fala sobre pessoas maduras sem mencionar as que mais fizeram a diferença em minha vida, muito embora já não estejam fisicamente presentes. Meu pai e minha mãe, que apesar da estranheza da expressão, foram devolvidos para Deus recentemente. Penso que o que aconteceu foi exatamente isso, pois, como bem disse Santo Agostinho, Deus só pede de volta aquilo que um dia nos deu.

Sempre tive um bom relacionamento com meus pais, mas hoje que não os tenho juntos de mim, sinto que poderia ter sido mais presente em suas vidas. Me lembro que no ano que antecedeu minha aposentadoria, vinha pensando que eles estavam idosos e que eu precisava estar mais perto deles. Foi uma fase na qual meu pai, que já tinha desenvolvido um quadro de Alzheimer há três anos, ficava progressivamente mais debilitado.

Minha mãe, por outro lado, era relativamente saudável e, por isso, passou a ter uma dedicação constante para com os cuidados dele. Ela nunca reclamou dessa responsabilidade, mesmo diante de suas próprias limitações. Mesmo assim, com o avanço da doença do marido, seu cansaço era perceptível. Chegamos ao ponto em que ela raramente saía de casa e, muitas vezes, passava as noites em claro, preocupada com o estado de saúde do meu pai.

Um ano antes de minha mãe nos deixar, conseguimos levá-la para um final de semana de descanso em um hotel. A princípio enfrentamos certa resistência, mas chegando ao local ela acabou se descontraindo bastante e realizando atividades que não fazia há muito tempo. Foram passeios de trem pela cidade, uma visita ao Cristo Redentor, muitas fotos e um sentimento de alegria por estar desfrutando de um momento muito diferente – Luzia Alves –

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do que tinha sido sua vida nos últimos anos. Um detalhe importante e que mostra a relevância da colaboração da família é que esse momento só foi possível, porque minha filha se dispôs a passar o final de semana cuidando do avô.

Um ano depois desse episódio, minha mãe, que já cuidava do meu pai há três anos, teve um mal súbito e veio a falecer.

Meu pai faleceu nove meses após a partida dela. Eu, que almejava a aposentadoria para estar mais próxima deles, acabei podendo fazer pouco no tempo que restava. Trago esse relato para mostrar, com minha própria história, a importância de valorizar cada momento. Não podemos e não devemos deixar para o futuro as coisas que são importantes no presente. Cada dia, cada fato, cada experiência têm sua importância e seu impacto na nossa vida e na nossa história. Por isso, te convido a sempre prestar atenção no que existe à sua volta e na forma com que você recebe e interpreta cada um desses sinais.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

AS PRIMAVERAS CHEGARAM Márcia Bertin

Os textos a seguir são frutos da reunião de alguns dos meus mais importantes pensamentos, de experiências memoráveis e grandes revelações que mudaram minha existência e a forma com que vejo tudo ao meu redor. Cada pequeno fragmento traz um pouco de mim, do meu olhar, das minhas crenças e das minhas expectativas. Desejo profundamente que algumas dessas palavras possam tocar os leitores dessa obra e que eu possa me conectar com cada um de vocês, em um caminho de autoconhecimento e evolução pessoal.

AS CRÔNICAS DA MENTE: IDEIAS, INSIGHTS E REFLEXÕES Quando faço uma retrospectiva da minha vida, tenho a sensação de que estou dentro de um filme, de um sonho, um pesadelo, talvez. A personagem que faz parte dessa história pode até ser eu mesma, porém, em uma versão diferente da que existe hoje. Essa versão atualizada é capaz de perceber que viveu muitos dramas de forma intensa, aprendendo com cada um deles a sempre se levantar e dizer para si e para os outros: “Está tudo bem, passou”.

Não sei ao certo o que existe depois desta vida. Talvez seja apenas uma passagem, na qual deixamos essa dimensão física e – Márcia Bertin –

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passamos a viver em outro plano com tudo aquilo que aprendemos aqui. Essa me parece a forma mais razoável de pensar no final da jornada desta vida. Penso que somos seres espirituais e creio que nossa existência não acaba aqui.

Aqui temos a oportunidade de aprender com os anos, enquanto eles passam. Com os eventos dramáticos, podemos adquirir diferentes saberes, assimilando o aprendizado que surge com cada experiência. Tudo depende do nosso nível de disposição para aprender. Para mim, o céu ou o paraíso que é prometido pelas mais variadas crenças religiosas, não deixa de existir aqui, nesse exato momento, permeando a vida de cada um de nós. O mesmo, é claro, penso se aplicar ao inferno.

Como a vida seria diferente, se tivéssemos alguém para nos ensinar desde a infância acerca do funcionamento da nossa mente e da nossa capacidade de mudar e adaptar os nossos pensamentos. Teríamos compreendido muito mais cedo que a mente é apenas uma parte de nós. É a parte que fala, que critica, que faz entender e chegar a conclusões com base no que vivenciamos.

O aprendizado da mente se dá por meio da repetição que tende a se tornar automática e na qual se adquirem hábitos e através da qual revisitamos os mesmos pensamentos que estavam latentes nos dias anteriores. Interessante notar que, muitas vezes, ficamos presos nesse ciclo repetitivo, sem nos darmos conta de quão infelizes nos tornamos. É assim que ficamos reféns de pensamentos reincidentes que nos moldam a partir do condicionamento mental ao qual estamos sujeitos. Essa realidade danosa pode se manifestar, independentemente de quão boa seja a nossa vida.

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Assim, a mente propriamente dita não deve ser compreendida como sendo boa ou ruim. Na verdade, podemos fazer dela uma aliada, tomando consciência dos padrões que interiorizamos e mudando o nosso modo de agir a partir daí. É claro que essa ação requer um esforço, mas, uma vez que nos apropriamos dela, podemos ensinar a nossa mente a manifestar pensamentos positivos e a acreditar nos sonhos. Com isso, podemos colocá-la para nos ajudar a realizar nossos objetivos.

O BUMERANGUE Certa vez, tive um sonho. Já faz algum tempo, talvez uns 12 anos. Resolvi falar sobre esse assunto aqui, porque esse sonho marcou a minha vida. Frequentemente me recordo dele e do profundo ensinamento que me trouxe. Então, vou compartilhar com você essa experiência.

Me lembro que havia uma pessoa à minha frente. Era magra e muito alta, com mais de dois metros e meio. Nossa comunicação se dava através dos pensamentos, por telepatia. Ao meu lado, havia uma árvore e, amarrado nela, eu podia ver um varal de linha de aço, que passava por mim no alto e se dirigia à minha esquerda, horizontalmente. Era tão comprido que eu não conseguia ver o final. Sobre esse varal, havia uma peça de ferro, que deslizava e começou a se movimentar, se afastando rapidamente. Em seguida, a peça voltava para o mesmo local em que estava inicialmente, como se fosse um bumerangue. Quando a pessoa que estava à minha frente olhou na minha direção, eu entendi: “tudo o que vai, volta”. Com a mesma intensidade que a impulsionamos (fazendo referência ao bumerangue), ela volta.

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Passei anos refletindo sobre esse sonho. O entendimento inicial foi que, neste mundo, tudo o que lançamos, de alguma forma, acaba voltando para nós, como no exemplo do bumerangue. Quando colocamos uma energia, uma força ou uma intenção em um objeto, ele tende a voltar para nós da mesma forma.

Depois de compreender esse conceito, passei a observar cuidadosamente meus pensamentos e meus sentimentos. Entendo que receberei, como consequência, exatamente o que enviei para o campo que existe ao meu redor. Esse campo energético que recebe meus pensamentos, está sempre pronto para proporcionar o retorno com as mesmas características.

Portanto, seu eu tiver raiva de algo ou de alguém, procuro trabalhar esse sentimento, acolhendo-o primeiramente e, depois, deixando fluir, já transformado. Caso contrário, criarei situações que me despertarão o mesmo sentimento de raiva, que pode vir acompanhada de outras emoções, tais como a tristeza e o medo, por exemplo. Entendo, então, que as emoções não processadas permanecem no nosso campo energético e, ao tentarmos excluí-las, elas resistem e retornam repetidamente, até que tenhamos coragem de enfrentá-las.

A GRATIDÃO Recentemente li um pensamento do filósofo brasileiro Rubem Alves, que abordava a gratidão, imaginando o ato de tomar um banho. Quando penso naquela água aquecida que cai sobre nós nesse momento de intimidade, presto atenção no ato do banho propriamente dito. Ele, por si só, não como uma rotina – Crônicas da Maturidade Moderna –

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necessária, mas como um prazer que consiste em sentir a água que escorre sobre o corpo, como um ritual purificante, e até como um momento de meditação.

Trata-se de uma oportunidade para prestarmos atenção no que existe dentro de nós e desfrutarmos desse momento cotidiano, fazendo dele uma oração, um agradecimento. É uma situação simples do dia a dia que pode ajudar expandir a nossa consciência, a fim de que nos sintamos renovados. Quão bom é entrarmos em contato com a nossa essência. Dessa forma, podemos incluir outros aspectos da nossa vida, sempre vigiando, para que nossa mente se habitue a criar esses singelos momentos, transformando-os em momentos especiais.

Quando estamos com nossos amigos, em contato “olho no olho”, geramos um campo de empatia, rimos com eles, choramos com eles, e nos curamos com eles. A amizade nos dá a oportunidade de nos sintonizarmos com alguém que conhecemos e de termos intimidade para compartilhar as nossas histórias. Duas ou mais pessoas focando num mesmo assunto criam um campo, trazendo situações e palavras que precisamos ouvir.

E assim, reciprocamente, ajudamos uns aos outros.

MUDANDO PADRÕES MENTAIS Confesso que por várias vezes, ao me perceber em uma situação difícil, eu ficava angustiada. Não conseguindo sair daquele estado, acabava gerando sofrimento. Com o tempo, fui percebendo que se eu mudasse de local ou de atividade, conseguia sair aos poucos, daquele estado. Depois, nem me lembrava mais do que havia acontecido.

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Hoje tenho a compreensão de que precisamos mudar nosso foco, alterando o ponto onde depositamos nossa atenção e energia, para podermos sair das armadilhas da mente. Essa é uma forma de nos libertarmos do risco de cairmos em um padrão doentio.

Entender a mente nos ajuda a mudar a nossa percepção acerca de cada situação. Quando compreendemos como ela funciona, passamos a encarar os fatos de forma mais saudável, abrindo caminho para diminuirmos nossos medos e angústias.

Gosto de comparar a mente humana a um computador, que funciona a partir de um harmonioso e complexo conjunto de programas que foram previamente instalados. Nessa ilustração, é como se a máquina “aprendesse” cada uma das ferramentas que constituem seu sistema, permitindo que elas sejam utilizadas a nosso favor quando estamos executando um determinado trabalho. Penso que a mente pode ser compreendida e trabalhada a partir da mesma premissa de aquisição e aplicação de conhecimento.

Vamos considerar um exercício prático que sempre tento realizar no meu dia a dia. Quando me vejo diante de um pensamento que está me martirizando, paro, foco e tento perceber de forma mais profunda a essência desse pensamento. Tenho consciência de que minha mente o processou com base nas informações aprendidas em situações anteriores. Então, tento olhar como se estivesse de fora da situação, identificando as formas e os padrões aprendidos pela minha mente, que são os verdadeiros responsáveis por gerar as emoções negativas. Me aproprio do papel de autora e protagonista desse processo e estabeleço que é hora de mudar conscientemente meus sentimentos em relação a esse caso específico. Quero lembrar, porém, – Crônicas da Maturidade Moderna –

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que se trata de um exercício que requer atenção, pois estamos acostumados a nos deixar envolver pelo drama, sem sequer perceber como entramos nesse processo, como se estivéssemos no “piloto automático”. A boa notícia é que, quanto mais você se dedicar a essa compreensão, mais facilmente chegará aos resultados desejados.

COINCIDÊNCIAS INESPERADAS Quero compartilhar com meus leitores outro conceito que considero de grande valor para a minha vida. Particularmente, entendo que quando nos sintonizamos com a criação, nossos desejos são realizados. Não importa o que seja, tudo acontece, é só acreditarmos.

Veja, eu sempre gostei da natureza, das árvores, das flores, do som dos pássaros e do frescor da terra. São elementos que me fazem sentir mais próxima da vida e do universo ao meu redor. Por isso, por volta do ano de 2019, eu estava vivendo um projeto pessoal de sair do bairro onde morava, no centro da cidade, para uma região mais “verde”. Nem cheguei a pedir por esse propósito em orações, apenas imaginei o que eu queria: uma pequena chácara em um condomínio fechado (por uma questão de segurança), no final de uma rua, de onde eu pudesse ter acesso fácil a uma mata, um bosque, ou coisa parecida. Meu desejo era poder contemplar o verde e tê-lo ao meu lado.

Quando comecei a procurar por anúncios, encontrei várias casas que, apesar de estarem dentro do meu orçamento (algumas até ultrapassavam um pouco), estavam em lotes pequenos e, em alguns casos, não tinham nem um quintal. Mesmo assim, con– Márcia Bertin –

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tinuei na rotina de pesquisas. Todas as noites, quando chegava do trabalho, abria os sites de imobiliárias e entrava em contato com corretores. Em menos de dez dias, recebi uma mensagem em minha caixa de entrada de e-mail. Ela continha anúncios de várias casas, mas uma delas me chamou a atenção. Era uma pequena casa de madeira, térrea, no estilo que eu queria e dentro de um condomínio que eu sempre gostei. Para minha surpresa, essa estava dentro do valor desejado. Fiquei muito interessada e, no dia seguinte, lá estava eu, em frente àquela casa, falando com o proprietário. Quando olhei para ela, ao vivo, meu coração acelerou. Havia um pé de jabuticaba com frutos na parte da frente da propriedade.

Eu adoro jabuticabas! Tanto que havia comprado uma casa anterior justamente por causa de um pé de jabuticaba que ela tinha no quintal. Entendi imediatamente que esse era um sinal de que eu estava no caminho certo. Assim que entrei na casa, já disse para mim mesma: “É minha!”. E veja que interessante, ao lado da casa havia uma mata. Ela era a última casa de uma das ruas do condomínio, que terminava direto em um bambuzal e seguia por um espaço com outras árvores. Era o ambiente perfeito. Havia muitos pássaros cantando e os saguis visitavam o terreno duas vezes ao dia. A pessoa que morava lá naquela época me disse que havia sido muito abençoada naquele lugar e que eu também seria. Em menos de uma semana já estávamos assinando os documentos de compra.

Depois disso, passei um tempo refletindo. Como era possível eu ter encontrado, em tão pouco tempo, a casa dos meus sonhos, num local lindo, com um preço ideal, muito verde, no final da rua e com um pé de jabuticaba? Confesso que até hoje tenho algumas dúvidas sobre o universo e sobre a existência de – Crônicas da Maturidade Moderna –

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um criador, alguém que nos guia e cuida de nós.

Essa foi uma situação que contribuiu para o aumento da minha fé. Para mim, era nítida a participação de alguém que conhecia meus mais profundos desejos, até melhor do que eu mesma. Não foi preciso falar para ninguém, apenas guardei minhas expectativas no coração. Eu imagino um ser que conhecia aquele local e, durante os três anos em que a casa ficou à venda, cuidou para que ela permanecesse lá, à minha espera. Esse mesmo ser teria inspirado o proprietário a plantar um pé de jabuticaba na frente do terreno, bem visível, para que eu reconhecesse imediatamente o sinal. Essa jabuticabeira dá frutos o ano todo. Hoje, tenho a oportunidade de me levantar pela manhã e saborear o fruto que mais gosto, não é mágico?

Yogananda, um Iogue indiano, em um de seus livros, intitulado “A segunda vinda de Cristo”, afirma que o divino está adormecido dentro de cada um de nós. A partir do momento em que nos tornamos capazes de entrar em sintonia com ele, os nossos desejos se tornam realidade. Essa fé pode ser exercitada a partir da confiança na providência do universo. No momento em que conseguimos alcançar um estado de paz, apenas deixando fluir as energias, o milagre acontece.

O DEUS SHIVA MADURO Na vida, nos deparamos com momentos bons e ruins. Somos eternos aprendizes, mas temos uma escolha. Podemos usar a dor em favor do nosso crescimento, ou podemos ficar amargurados, reclamando dessa obra de arte que é viver. Não é possível negar a existência da dor, e nem devemos tentar fazer – Márcia Bertin –

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isso. Quando a aceitamos, ela passa por uma transformação, nos tornando mais fortes. Parte dessa força vem do aprendizado de sermos mais compassivos para conosco e para com os outros. É na aceitação do outro e no acolhimento dos nossos sentimentos que a dor, aos poucos, abre espaço para a compreensão, tornando mais fácil a tarefa de aceitar uma situação, seja ela como for.

Me lembro de outra situação que também marcou minha vida. Lá pelo ano de 2009, eu estava passando por uma fase de profunda angústia. Eu não sabia lidar com a dor que me acompanhava de perto. Semanalmente, em busca de ajuda, eu visitava um terapeuta holístico. Em todas as sessões, ele colocava uma música para ajudar a relaxar a mente, me deixando, depois, em silêncio. Certa vez, após o relaxamento, vislumbrei a estátua do deus Shiva, aquele que tem quatro braços, que mudava de cor.

Algo falava dentro de mim, sem palavras, e eu compreendia.

Aquele ser (que naquele momento eu ainda não sabia quem era) precisa de um tempo para amadurecer. Quando isso acontecer, ele mudará de cor, como um pão caseiro que é levado ao forno e, com a temperatura e o tempo corretos, fica assado.

Eu via o forno na minha frente. Uma compreensão interior me dizia que não adiantaria tentar tirar o pão antes do tempo, pois ele permaneceria cru. Era preciso respeitar o tempo e a temperatura ideais. Naquele momento visualizei minha filha, como sendo aquele pão, se transformando e, na hora certa, mudando de cor. Essa metáfora me fez pensar sobre o fato de que tudo tem um tempo certo para acontecer, e que devemos esperar. Isso não significa que, em um momento difícil, as coisas não vão melhorar, mas sim, que precisamos ter paciência para, enquanto esperarmos, seguirmos trabalhando e nos libertando das dores até que chegue o tempo.

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Partindo da ideia de que tudo tem um tempo, entendo que esse tempo chegou para mim. Hoje, olhando para trás, sinto que meu passado está em paz. Eu tenho paz, e agora consigo saborear a vida através dos pequenos e simples acontecimentos.

Antigamente, quando não estava em um bom momento, me sentia como uma pessoa que está passando por uma crise de cólicas renais, ansiando por um analgésico, precisando de um tratamento para aliviar a dor. Quando estou com dores, não sou capaz de olhar para a vida e me alegrar. Assim, era difícil agradecer por todas as coisas que eu tinha, pois a dor seguia sempre presente. Com o passar dos anos, segui treinando minha mente para agradecer. Mesmo assim, devo confessar que, às vezes, era difícil e eu pensava que não estava sendo sincera comigo mesma. Mesmo assim, nunca desisti. Todas as manhãs eu olhava para o céu e agradecia por todas as coisas que me vinham à mente.

O pão está pronto, e agora sou capaz de sentir o seu cheiro e me aquietar um pouco. Posso sentir a textura, o seu sabor e me deliciar em degustá-lo. Penso que a vida é assim, uma lei natural, universal, com cada coisa em seu tempo. Enquanto passamos por ela, vamos nos cuidando e aprendendo a nos amar, que em muitos casos pode ser o maior desafio. Ao nos amarmos, somos capazes de amar as pessoas que estão ao nosso entorno, atraindo mais conquistas, pessoas e situações que nos ajudarão a manter o nosso amor, como uma chama que não cessa, arde e transforma os corações.

Nesse meio tempo, as primaveras vão chegando, e que sejam bem-vindas. Que cada um de nós possa se deliciar com elas e que sejamos, a cada ano, mais presentes e inteiros para desfrutar delas, colhendo as flores que um dia plantamos em nosso jardim. É chegada a hora!

– Márcia Bertin –

MATURIDADE MODERNA: ESTADO, TEMPO OU MOMENTO? AH, MATURIDADE! Marcia Cardoso “O que você tem, todo mundo pode ter.

Mas o que você é, ah, isso Ninguém pode ser!”

Clarice Lispector

Ela chegou ao mundo aos 60 anos do século XX. Primeira filha, neta e sobrinha no núcleo familiar, foi criada com toda atenção possível. Apoiada, sempre que necessário, em cada passo de sua evolução. E num piscar de olhos, completou 60 anos.

Interessante como cada passo de nossas vidas é marcado por uma emoção. Por isso, a vida dela é uma coletânea de emoções oriundas de diversos momentos. O nascimento do irmão.

As brincadeiras na vila. A ida para a escola. A primeira apresentação de dança. O namorado inesquecível. A escolha profissional. O vestibular, a universidade, o primeiro projeto e o primeiro emprego. O primeiro amor. O casamento. O nascimento do filho. Ah! Esse dia! Não há emoção igual. A desilusão.

O divórcio. Um novo amor. As redescobertas. Outra grande decepção, a primeira hospitalização, um primeiro acidente. A grande queda. As traições.

Todas as experiências, positivas ou negativas, foram rodeadas de pessoas especiais e todos os desafios foram etapas da sua jornada de evolução. Inegavelmente, essas emoções constituem a pessoa que ela é nos dias de hoje. Em cada etapa, um novo cenário deixava lembranças e referências para o próximo passo.

Algumas pessoas vão deixando o círculo de relacionamentos – Crônicas da Maturidade Moderna –

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para abrir espaços para a chegada de outros. Saudades, descobertas e reinvenções fazem parte da evolução. Momentos, breves ou longos, felizes ou não, por escolha ou por fatalidade (não importa), foram componentes dessa história e deixaram marcas.

Talvez você esteja se perguntando qual a relação que faço com o que pretendo apresentar. Como diriam alguns millenials1: nenhuma! Por enquanto, basta dizer que a história começou em 1960 e hoje, em 2022, constatamos todos esses fatos ocorridos.

Mas será tão simples assim, que nada mudou na representação de cada um desses momentos?

Vamos começar pensando que ela certamente mudou. O tempo imprimiu marcas no corpo e a força dos aprendizados em suas ações. O momento “hoje” não seria só mais uma etapa, como tantas outras já vividas? O que de inédito esse momento guarda? Pensemos, ainda, o que o advento da pandemia nos trouxe? O que somou às diversas etapas vividas? Será que voltamos a Zurique, abrigando-nos das perspectivas negativas da guerra? Naquela época era o Dadaísmo2 que vigorava, onde a irreverência retratava o absurdo de uma história vivida. Creio que estamos longe disso também...

Em isolamento, tomamos parte de um dos grupamentos que puderam se abrigar em suas residências, se privando de certa liberdade, certos de que, assim, estaríamos contribuindo para a coletividade, minimizando os riscos de contágio. Além disso, motivados por fazermos parte de um grupo sujeito a uma maior vulnerabilidade.

1 Pessoas nascidas após a década de 1980, também conhecida como a geração da Internet.

2 Movimento artístico da chamada vanguarda artística moderna, iniciado em Zurique, em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial.

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Corajosamente, enfrentamos o distanciamento e suas consequentes restrições afetivas. Porém, ao mesmo tempo, quando muitos de nós se viram contaminados, um sobressalto surgiu: a sensação de ter desperdiçado um valioso tempo de jogo deixou um gosto amargo no ar. Certamente ficamos mexidos. Na multiplicidade de emoções, saímos dessa experiência profundamente transformados. Muitos dos fatos que permearam esse episódio, existiam apenas em nosso imaginário.

Pensando em nível nacional, o Brasil é um país de grande extensão territorial, abrangendo em torno de 40 etnias, com forte influência indígena, africana e da colonização portuguesa.

Aspectos dessas influências estão refletidos em sua cultura, hábitos, produções artísticas e nos traços físicos de seu povo, que manifestam uma vasta diversidade. Inevitavelmente, esses fatores fazem do brasileiro um dos povos mais criativos do mundo.

Em meio a toda essa riqueza étnica e cultural, vale observar que algo ficou de herança em cada um desses baby boomers3.

Mesmo assim, depois de tantos anos, restou a descoberta de que só sabemos que nada sabemos! Pois tudo que vivemos ao longo desses anos, parece insignificante diante do momento presente. Essa ideia é, no mínimo, curiosa.

Começamos a entender que, quanto mais aprendermos, mais da realidade teremos a desvendar. Mas qual o propósito de adquirir tanto conhecimento? É como se alguém, em um dado momento, perguntasse: “De que serve tudo isso, diante das mudanças climáticas, ou das mutações virais, ou das intolerâncias humanas, ou das restrições impostas por dogmas religiosos, ou ainda diante de tantos avanços tecnológicos?”

3 Pessoas nascidas entre 1946 e 1964, no período pós Segunda Guerra Mundial.

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Para tentar responder a essa indagação, é interessante observar que seguimos as etapas da vida com base no fluxo temporal. Descobrimos potenciais a partir de experiências. Somos orientados por linhas de aprendizado. Colecionamos títulos e realizações. Produzimos a partir do nosso entendimento de mundo. Finalmente, em um dado momento, a sociedade parece nos recompensar com um espaço de existência e realização pessoal (o nosso lugar). E, nesse ponto, é curioso notar que toda riqueza e diversidade parecem reduzidas ao tempo cronológico. É como se houvesse uma cadeira preparada para cada um de nós, como uma fórmula que determina como devemos estar felizes e satisfeitos.

Sem entrar no mérito da felicidade, a vida parece nos convidar para uma viagem onde toda bagagem que acumulamos, no fim, não serve para mais nada! Mas será? Será que o conceito de maturidade importou o desapego da compreensão minimalista, construindo a ideia de que nessa etapa não devemos mais valorizar os elementos que construíram nossa história? Penso que é justamente o contrário. Acredito que haja uma inquietação interior, inerente ao indivíduo com mais de 50 anos de idade, que parece agradecer esse convite, porém, mesmo sem saber para onde seguir, ainda deseja encontrar um caminho e reconstruir o seu propósito. Não podemos deixar de lembrar que a inquietação é atemporal.

Não que seja uma tarefa simples. Em todas as esferas da sociedade, existe uma expectativa de que todos se submetam a uma espécie de enquadramento. Esse enquadramento, que pode ter raízes sociais, familiares ou profissionais, por exemplo, encontra respaldo em nós mesmos, sendo alimentado pelas nossas crenças e contribuindo para que permaneçamos em inércia, – Marcia Cardoso –

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seguindo sempre o mesmo caminho, de forma despretensiosa e, muitas vezes, sem nos darmos conta disso. Daí nascem os padrões e os estereótipos que envelopam os tantos sonhos que nos assolam, e parecem não nos acolher. É como se não houvesse espaço para qualquer realização que não esteja rigorosamente direcionada para esse lugar de chegada ideal que permeia o senso comum.

Quando olhamos para características elementares mais simples, tais como uma idade, uma condição, um título, ou uma posição, é fácil encaixar uma pessoa nos moldes do enquadramento. A coisa toda complica quando falamos em ser baby boomer, ser amor, ser mãe-filha e filha-mãe, ser mãe-filho e filho-mãe, ser mulher-esposa-namorada, ser trabalhadora-aposentada-ativa, psicóloga-consultora-coaching-mentora-aprendiz, menina-mulher-senhora, enfim, em casos como esses, é preciso conquistar um lugar, um espaço para existir. É tempo de compreender e admitir que a maturidade é a vida! É o descobrir nosso de cada dia.

E falando em tempo, curiosamente, um dia desses ouvi de uma amiga: “Claro! Precisamos ser rápidos! Temos só dez anos”. Confesso que me surpreendi. Não com a expectativa de termos apenas mais dez anos. Ocorre que a noção e a projeção de tempo sempre fizeram parte da nossa existência, sempre foram determinantes em nossos passos, especialmente quando entramos na vida adulta. Mas esses dez anos, sempre foram passíveis de se encerrarem em apenas dez segundos. O que mudou?

Me lembro que, ainda menina, sonhava em chegar aos 15 e aos 18 anos. Me assustei com a chegada dos 30. Acolhi os 40 e, num piscar de olhos, cheguei aos 60. O que muda em cada uma dessas fases? No íntimo, quase nada. Penso que na forma de ser vista por alguns, talvez.

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Afinal, depois de sessenta anos, algumas vivências nos acrescentam a habilidade necessária para agirmos mais cautelosamente diante de alguns desafios. Entretanto, não necessariamente, nos tornamos mais sábios ou autoconfiantes. Ainda que tenhamos considerável vivência, admitimos a sensação de insegurança diante de desafios nunca vistos. Ainda experimentamos momentos de intranquilidade e, apesar de uma maior condição para assumir as consequências de nossas escolhas, podemos agir como adolescentes, que ainda desconhecem os desdobramentos de suas escolhas.

O importante é seguir questionando tudo. Sempre de forma irreverente e fugindo o máximo possível dos padrões esperados.

Rejeitando os lugares tradicionais que nos são oferecidos, continuamos buscando o que realmente nos interessa. Usufruindo da autonomia conquistada, buscamos por mais emoção e maiores contribuições, ao invés de estacionarmos nossas vidas na morosidade de um modelo de plenitude.

Dito isso, permanece a dúvida de qual seria o lugar da maturidade. Alguns se atrevem dizer que a maturidade começa no término da adolescência, quando nos encontramos numa condição em que não somos mais crianças e estamos quase na fase adulta, despertando a consciência de que somos responsáveis por nossos atos. A adolescência é uma etapa de inquietudes.

O que traz certo consolo é que se trata de uma etapa intermediária, necessária para nos preparar para a chegada de um novo ciclo. O grande desafio, nesse momento da vida, é criar uma ideia de pertencimento, imprescindível para que a travessia dessa transição, por vezes turbulenta, aconteça de forma mais consciente e menos dolorosa. O pertencimento é, sem dúvidas, – Marcia Cardoso –

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uma excelente forma de lidar com todas as explosões hormonais e transgressões, promovendo bem-estar no processo e na chegada à fase adulta.

Mas e após os sessenta? Como nos encontramos? Deixamos de ser adultos, passamos de fase, mas não houve faixa de transição! Ou será que houve? A sociedade nos reconhece como idosos e, ainda hoje, nos rotula como a “melhor idade”, recomendando uma vida de lazer ou descanso, como se não tivéssemos mais a condição de escolher e manifestar aquilo que desejamos, onde o prazer estaria restrito a afetos mais mornos.

O que acontece, por exemplo, com alguns que ainda necessitam ou desejam trabalhar?

Por que será que as pessoas têm a ideia de que a saúde precisa de mais atenção só nesse momento? Ora, os paradigmas de saúde não vêm mudando? A medicina preventiva e o crescente índice de estresse, depressão e doenças autoimunes não trazem uma nova curva de despesas para os planos de saúde em faixas etárias muito mais jovens? Soma-se a essa reflexão, ainda, a indústria da vaidade que adoece muitos jovens, mostrando como os cuidados com a saúde devem ser tratados sem distinção de idade.

Quero destacar, ainda, que o que seria sentido como um benefício, uma premiação pelo tempo vivido, pode se tornar motivo de separatismo, ao invés de acolhimento. Já ouvi em consultórios médicos, salões de beleza e em alguns meios de transporte: “Por que esses idosos, que são aposentados e tem gratuidade de passagem, não escolhem horários diferentes da hora do rush para fazerem suas coisas?” É por pensamentos assim que nos vemos diante do questionamento: qual é o lugar da maturidade? Tentando responder – Crônicas da Maturidade Moderna –

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a essa pergunta, misturo etapas, culturas, processos e visões, porque nos encontramos mergulhados nisso tudo. A maturidade pode ser uma ação consciente e responsável, mas, ao mesmo tempo, pode haver um desejo latente de ousar e causar. Não somos pessoas reduzidas ao cumprimento de uma etapa e não estamos fadados a apenas deixar um legado. Podemos e devemos escolher diferentes formas de ser e de fazer.

A expectativa de vida, nos últimos anos, passou de 43 para 76 anos de idade. É um aumento de mais de 30 anos na expectativa de existência. Mas qual é a relevância disso para nós? A medicina e as atividades físicas evoluíram de forma exponencial e isso faz com que haja, para muitos, espaços para a realização de grandes feitos. É preciso ter perspectiva e, considerando o aspecto econômico e financeiro, criar possibilidades e realizações.

Nós, os que já fazem parte dessa faixa etária e os que caminham para ela nessa geração, somos os responsáveis por construir um novo significado social para o envelhecimento. Precisamos trazer à tona a verdade sobre a força e a capacidade das pessoas com mais de 50 anos, mostrando fatores econômicos e debatendo a perspectiva social, individual e coletiva desse grupo que, em breve, será maioria na população. É nesse contexto que surge o termo “gerontolescentes”, que se aplica à faixa entre 55 e 80 anos. São pessoas que ainda se apresentam com muitos projetos e perspectivas para o futuro.

Aqui, voltamos a falar sobre “ela”, a menina-mulher-senhora. É o momento em que ela constata quão rápido e fugaz foi chegar até hoje! Medos e descobertas. Sentimentos, amores e prazeres. Razão e emoções. Vida e quase morte. Luta e muito afeto.

Multiplicidade, muitos vocês, eu e você. Gratidão é a palavra de ordem para ela, que pôde ser tudo no momento exato que vivia.

– Marcia Cardoso –

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Como uma pertencente da geração baby boomers, contaminada por essa cultura de recuperação de um mundo ainda arrasado pela guerra. A disciplina e constância fizeram parte da vida dela, sem deixar de ser irreverente e fazer as pausas necessárias. Com isso, acompanhou transformações e refazimentos.

Tomou parte, muito mais em ser, do que em ter lugar nessa história. E num processo perene e contínuo, seguiu até hoje. A maturidade, ah, essa tão desafiadora palavra, começou em 1960 e continuará até onde a vida permitir.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

A LITERATURA INFANTIL TRANSFORMOU MINHA VIDA Marimar

Sempre gostei das letras, das palavras, das histórias infantis.

Comecei assim: na curiosidade, aprendendo com as explicações da minha mãe, do meu pai e brincando com minhas irmãs de escrever em tábuas com pedras cor-de-rosa. Na escola, com dedicação, passei a usar corretamente as palavras, sendo a mais velha de quatro irmãs, sempre lendo para as mais novas.

Com meus 14 anos, para poder estudar na cidade grande, fui morar na casa de uma família, onde cuidava das crianças e aproveitava para contar-lhes os clássicos infantis que fizeram parte da infância da maioria de nós, aqueles como Chapeuzinho Vermelho, João e Maria e tantos outros com príncipes e princesas. Confesso que algumas vezes, quando me faltava um conto de fadas, eu me permitia viajar nesse mundo de fantasia e começava a criar minhas próprias histórias.

Nessa época, eu ainda estava estudando para ser professora, no extinto curso de Magistério, sempre lendo todos os tipos de livros e viajando pelo mundo da imaginação. Concluído o curso, me mudei novamente para o interior, onde comecei a trabalhar.

Quando eu preparava minhas aulas, tomava o cuidado de valorizar o conhecimento e o processo de ensino e aprendizagem através da leitura. Amor, dedicação e flexibilidade sempre foram características presentes no meu planejamento.

– Marimar –

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É claro, e você já deve imaginar, que eu continuava sendo uma contadora de histórias. Meus alunos adoravam ficar ouvindo as aventuras e os contos repletos de magia e seres fantásticos que eu narrava entusiasmada. E eu, enquanto me divertia, amava ver aqueles olhinhos atentos de quem estava imaginando os personagens. Vez por outra, chegava a me sentir um deles.

Quanto mais o tempo passava, mais eu me apaixonava pela magia da literatura infantil. E assim, segui minha vocação de educadora, enquanto sonhava com o meu próprio conto de fadas, com uma casa, um marido (meu próprio príncipe encantado), filhos, um carro e muitos livros. Tudo bem que o dito príncipe não chegou em um lindo cavalo branco, mas sim em um Chevette azul, mas, pelo menos, o amor à primeira vista aconteceu. Me lembro como se fosse hoje, a tremedeira que senti ao encontrar o meu verdadeiro amor.

Não demorou muito tempo para nos casarmos e fomos logo construir o nosso castelo, onde nasceu nosso primeiro filho, um menino lindo que cresceu ouvindo o meu já vasto repertório de histórias infantis. Todos os dias, antes de ele dormir, eu lia um dos livros que tínhamos em casa, até que em uma tarde, enquanto me ocupava com os afazeres de casa, ele me surpreendeu dizendo: - Mãe, essa não! Esse livro as tias já me contaram lá na creche. Eu quero uma história daquelas que a senhora inventa!

Foi nesse momento que tive uma confirmação do inestimável valor da criatividade. Daí para começar a registrar minhas ideias no papel, foi apenas um passo. Eu ficava cada vez mais feliz, sempre que contava uma nova história e ouvia do meu filho: – Crônicas da Maturidade Moderna –

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- Mãe, conta de novo!

Hoje percebo que foi assim que me tornei uma escritora.

Não foi algo planejado, aconteceu naturalmente. Assim como naturalmente, algum tempo depois, publiquei meus primeiros livros: “Uma aventura” e “O vale encantado”. Uma curiosidade que vale a pena compartilhar é que meu filho, ainda pequeno, ajudou a criar as ilustrações desses livros. E isso fez com que eles se tornassem ainda mais especiais para mim.

E a vida seguiu seu rumo, trazendo a surpresa de um segundo filho. E falando em filhos, me lembro de uma ocasião interessante. Era uma tarde ensolarada e o mais velho estava, digamos, muito empenhado em sua teimosia, quando apareceu uma bruxa na janela do meu quarto. A figura excêntrica era minha amiga caracterizada com uma máscara e um casaco preto com capuz. Os meninos, claro, ficaram com medo e eu, deslumbrada, tive uma epifania. Daí nasceu minha maior criação: A Bruxa Amarela!

Mas se você pensa que parou por aí, ainda temos história para contar. Agora eu era professora, escritora, contadora de histórias e tinha a bruxa comigo. A literatura infantil estava cada dia mais presente na minha vida, proporcionando momentos de imaginação para as turminhas com as quais eu trabalhava. No ano de 2009, quando eu trabalhava com o pré-escolar, em que a diretora teve uma ideia incrível. Cinco meses após a publicação do livro A Bruxa Amarela, ela me disse: – Maria, te veste de bruxa!

– Eu? De bruxa preta?

– Não, de bruxa amarela!

– Como?

– Compra um TNT que te ajudamos.

– Marimar –

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Foi assim que minha personagem ganhou vida e eu me transformei na Bruxa Amarela. Foi uma sensação que não consigo explicar, trazer minha personagem favorita para o mundo real. Quando me transformo na Bruxa Amarela, sinto uma grande alegria e percebo brilho no olhar das crianças, dos jovens e adultos. Me sinto leve, consigo falar com liberdade e emocionar o público.

Talvez pareça estranho que eu me sinta tão bem caracterizada como uma bruxa. Para alguns, a figura da bruxa inicialmente sugere medo, do estranho, do desconhecido, da noite e de tudo que está escondido. Mas quero que você perceba comigo que tudo pode ser transformado. Assim como, naquela tarde, quando a bruxa apareceu na minha janela, transformei a situação para que meus filhos não ficassem mais assustados.

Essa personagem transformou minha vida de muitas formas. A Bruxa Amarela me ajudou a me curar da depressão, me possibilitou conhecer muitas crianças, professores e famílias que me acolheram e me permitiram entrar em suas vidas de forma leve, como uma brincadeira de criança. É tão interessante falar das transformações que acontecem toda vez que a Bruxa Amarela aparece! Recebi um depoimento de uma mãe, por exemplo, que contava como sua filha tinha medo do arquétipo da bruxa, ao ponto de ter dificuldade para dormir. A sensação de que minha obra valeu a pena se tornou ainda mais forte ao saber que pude ajudar essa criança a vencer esse medo e voltar a dormir tranquila.

E tenho muitos outros exemplos, de crianças que começaram a cuidar melhor de seus brinquedos depois de ouvirem uma de minhas histórias, de outras que conheceram o conceito de reciclagem, construindo outros brinquedos com materiais – Crônicas da Maturidade Moderna –

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como caixinhas, rolinhos de papel e tampinhas de plástico. É muito gratificante perceber que conceitos importantes como cuidar do planeta e compartilhar também estão sendo trabalhados a partir das minhas ideias. Eu poderia passar horas citando casos que me encantaram ao longo dos anos, mencionando os que perderam o medo da bruxa, os que começaram a brincar com mais tranquilidade, os que se tornaram mais organizados, os que passaram a ajudar os pais, e muito mais.

Pois bem, tendo explicado sobre a figura da bruxa, ainda falta explicar o porquê de ela ser amarela. O amarelo tem um significado muito especial e particular na minha vida. Ele está no Sol, Ellus, é sabedoria, está no miolo e nas pétalas das flores. É beleza pura, é a cor da alegria, é a cor da Lua, e das estrelas que brilham. Eu vejo o amarelo nos alimentos que sustentam, na polenta, no suco de laranja, no melão, no milho que pode ser cozido ou transformado em farinha para produzir o pão.

Enfim, sem nem perceber, as famílias se alimentam diariamente ingerindo o amarelo em suas mais variadas formas. Procurar o amarelo é um exercício de admirar a beleza que há na natureza.

Se pararmos para prestar atenção, ele está no mel e no melado que deixam a vida mais doce, faz parte do encanto pelo belo e ajuda a transmitir alegria para todos, alimentando a mente, a inteligência e deixando o corpo saudável para viver cada dia melhor.

Agora que você já compreendeu a profundidade do significado da Bruxa Amarela para mim e para as pessoas que estão ao meu redor, eu tenho mais uma surpresa. Existem vários outros livros e aventuras com essa personagem, inspirados em acontecimentos do meu dia a dia. Por exemplo, quando tive minhas – Marimar –

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aulas de direção, contei a história da bruxa para minha instrutora. Ela, encantada, comentou que muitas pessoas chegam para as aulas sem uma boa noção de espaço e localização. Daí surgiu a inspiração para o livro “O recado da Bruxa Amarela”, no qual abordo temas relacionados ao trânsito. Cheguei até a construir maquetes e produzir fotos para criar as ilustrações.

Em outro caso, tive a inspiração de escrever um livro que falasse sobre viajar de avião, que coincidiu com a primeira vez que tive a oportunidade de voar. Lancei, então, “A Bruxa Amarela em uma aventura no ar!”. E assim surgem as minhas histórias, partindo de algo que aconteceu comigo, de uma conversa com um amigo, da fala de uma criança, ou de qualquer outra coisa que desperte aquela vontade incontrolável de escrever.

Talvez alguém esteja se perguntando se naqueles dias eu vivia apenas do meu trabalho como escritora. Na verdade, eu ainda trabalhava como professora, todos os dias e, às vezes, algumas noites. E devo dizer, não me arrependo nem por um instante das experiências que tive com os meus alunos e nem das histórias e dos livros que trabalhei para trazer à realidade.

Mesmo nos tempos em que meu marido trabalhava longe de casa, nunca deixei de criar e contar histórias infantis, na escola, em casa e para qualquer pessoa que quisesse ouvi-las. Hoje, tenho certeza de que cada uma dessas histórias contribuiu para a concentração e a solução de conflitos emocionais dos meus leitores e ouvintes. É claro que nem tudo são flores e não tenho vergonha de compartilhar que tive depressão. É uma alegria poder dizer que a Bruxa Amarela foi um dos elementos que me transformou e me ajudou a ter forças para procurar ajuda e vencer essa doença, que precisa ser encarada como algo sério e precisa de atenção e – Crônicas da Maturidade Moderna –

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ajuda. Participei de eventos, compartilhei histórias e experiências com crianças e adultos. Graças à literatura infantil, hoje sou uma escritora. Sou muito grata pelos anos que trabalhei como professora, que permitiram o desenvolvimento da minha oralidade e da minha compreensão sobre o universo infantil.

Os projetos educacionais sempre me fizeram sentir realizada, especialmente os que incentivavam e valorizavam a leitura e a criatividade de cada um. De qualquer modo, hoje, busco espaço para ampliar meus horizontes como autora e tenho certeza de que não há limites para quem se lança na aventura de escrever.

Em um comentário final, afirmo que a leitura é uma atividade preciosa e que ajuda qualquer pessoa, em qualquer idade, a crescer. A leitura leva o leitor a interpretar sua realidade de forma leve, lúdica e diferenciada, transporta para outros lugares, favorece a imaginação e permite criar, através dos sentimentos de cada um, uma nova realidade na qual todos os seus sonhos e objetivos se tornam possíveis.

Não poderia encerrar, porém, sem agradecer aos professores que passaram pela minha vida, tanto os que me ensinaram, quanto os que partilharam comigo a missão do Magistério, aos meus filhos, que contribuíram com a construção da Bruxa Amarela, seja pedindo para contar e recontar as histórias, seja ilustrando, seja aplaudindo, mas acima de tudo, estando sempre presentes, e ao meu marido, que acreditou em mim, me incentivou e percebeu o quanto a literatura infantil transformou a minha vida.

– Marimar –

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Finalizo, então, com um poema de minha autoria: Lá vem...

Dona Sofia Com seu baú cheio de chaves Que ganhou de sua tia.

A chave do amor Que abre a flor.

A chave da sabedoria Que abre a alegria.

A chave da inteligência Que ensina a ter paciência.

A chave do tempo Que mostra que cada coisa Tem o seu próprio tempo.

A chave da confiança Que ensina a criança.

A chave das cores Que cura as dores.

A chave do saber Que busca o conhecer Dentro de cada ser.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

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Conheça minhas obras de literatura infantil: 1 – O Vale Encantado: onde o leitor escolhe o nome para o personagem principal, que é um menino que aprecia a natureza.

2 – Uma Aventura: é uma história de pura imaginação numa viagem de trem.

3 – A Bruxa Amarela: que ajuda as crianças a não terem mais medo, porque ela é boa, não faz maldades, gosta de leitura e se alimenta com alimentação saudável.

4 – O Recado da Bruxa Amarela: que traz orientações sobre o trânsito.

5 – Lá vem: uma obra que traz o jogo dos 7 erros, cruzadinhas e outras atividades.

6 – A Bruxa Amarela em uma aventura no ar!: uma história que mistura fantasia e realidade, trazendo alegria para todos.

– Marimar –

ACOLHENDO O ENVELHECER Renata Marins “Olhe para trás para compreender a vida, depois vire-se para frente para poder vivê-la.”

Mário Quintana

Para iniciarmos uma boa conversa sobre o envelhecer, precisamos esclarecer de forma bem lúcida e clara que, se existe algo que não podemos mudar é o tempo. No entanto, podemos escolher a melhor maneira de aproveitá-lo, e isso depende exclusivamente de cada um de nós!

Em nossa existência há um mar de possibilidades, aprendizados, amores, erros, acertos, risos, choros e de sermos tudo aquilo que quisermos ser! Então, em certos momentos, nos deparamos com certezas que nos remetem ao conceito do tempo que se esvai em um estalar de dedos. Somos conduzidos a um encontro com a finitude das coisas, onde somos apresentados à possibilidade de um caminhar, quase mágico, pela nossa existência. Daí, tomamos consciência de que essa existência deve ser vivenciada íntegra e plenamente, compreendendo todas as etapas que fazem parte da vida e aprendendo a aproveitá-las da melhor maneira possível.

Quando nascemos, iniciamos nossa jornada neste planeta, com o direito à vida mediado pelas possibilidades que o tempo vai nos trazendo. Em nosso caminhar, somos os personagens principais, responsáveis pelo germinar de novas oportunidades, de novos olhares, e de um florescer sábio de encontros de – Crônicas da Maturidade Moderna –

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aprendizado, frutificando toda a razão deste existir com plenitude e sabedoria.

Nesse contexto, imaginemos um mar de escolhas que nos cerca, que separa o início do fim, mas, ao mesmo tempo, une nossa finitude com início de nossas vidas, ao pensarmos nos inúmeros caminhos que se abrem enquanto avançamos. Compreendendo o nosso protagonismo, podemos definir a forma com que queremos passar o nosso tempo, sem nos preocuparmos com ele propriamente dito, mas sim com um viver que faça sentido e que nos permita experimentar o amor em todas as nossas experiências e essências. É preciso acolher cada movimento que nos leva em direção ao envelhecer, que caminha em seu cerne para um conjunto incontável de aprendizados (para quês) e razões (porquês).

Temos que incluir na nossa vida, o envelhecer como parte do viver e a simples conquista de nossos desafios cotidianos.

Nosso envelhecer fica mais leve quando o imaginamos como um caminho de aprendizado. Essa arte de acolher o envelhecer deve ser estabelecida e entendida o quanto antes, para ajudar a manter as emoções que surgem pelas conquistas e pelos desafios, valorizando cada uma com um olhar bondoso e generoso.

Quando jovens, somos curiosos, temos planos, desenvolvemos projetos, nos casamos, temos filhos, e tudo passa tão rápido que o aprendizado chega a passar despercebido. É na maturidade que podemos usufruir de cada conhecimento e experiência, compreendendo que é o momento da nossa colheita.

A dificuldade de encarar o tempo dessa forma, acontece quando não acolhemos intimamente cada momento que vivemos. O ideal é que esse acolhimento seja preparado durante – Renata Marins –

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todo o caminho da nossa vida, aproveitando todos os momentos ao máximo, mas sem pressa, para que tudo seja desfrutado da maneira como deve ser.

Acolher o envelhecer é aceitar nossas limitações, é respeitar nossas mudanças e não brigar com elas, mas sim, transformar cada uma em novos desafios e projetos, num processo que deve ser colocado em prática desde muito cedo. Novamente, ressalto que quando somos jovens, não temos esse aprendizado e essa cultura de entendimento de cada momento de nossa vida.

Muitos de nós não tiveram essa oportunidade, mas podemos ensinar os jovens a atentarem para esse olhar.

Acolher o envelhecer é preparar o terreno ao longo da vida, para conviver com algumas dores e transformar outras em conquistas cotidianas, com toda a bondade e generosidade que pudermos. Dentro de cada limitação, devemos transformar desafios em possibilidades, gerando novas maneiras e novos olhares.

Desejo que você, leitor, viva cada minuto com a compreensão do que é (e do que não é) possível em cada momento. Devemos acreditar que a arte de transformar tudo em aprendizado é plenamente praticável, valorizando tudo que vivemos.

Nossa vida caminha e, nesse caminhar, somos os responsáveis pela transformação mágica do que pode parecer negativo em um processo de otimismo e conquista. Nossos olhares podem ser serenos e compreensivos, mansos e caridosos com a gente mesmo. E, se temos este tempo, que ele seja vivido intensamente. Cada tempo tem sua razão!

Na perspectiva de um olhar mais amplo e cuidadoso com o envelhecer, muitas alterações estão envolvidas. São alterações celulares, moleculares, energéticas, e muitas outras já explicadas pela Ciência, que conduzem até o limiar da finitude. Nela, não – Crônicas da Maturidade Moderna –

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devemos olhar somente para as questões fisiológicas, pois isso pode ser doloroso e até negativo. Porém, podemos seguir na contramão das perdas e transformá-las em um acolher compreensivo e de entendimento. As limitações podem vir e cada um de nós pode aceitá-las, transformando-as em ganhos profundos.

Inicialmente, penso que acolher o envelhecer é compreender o que está acontecendo com o seu corpo e ter entendimento do que pode ser evitado ou, pelo menos, amenizado, ao invés de brigar com as mudanças naturais. É importante ter conhecimento sobre essas transformações que vão ocorrendo ao longo do tempo, e que sejam acolhidas como parte da nossa vida, do nosso viver. A questão física traz pontos que, se não tivermos um elevado grau de tolerância, acabam trazendo apenas o lado negativo do envelhecer. As perdas existem em nível celular e as limitações articulares e musculares também fazem parte do processo. Podemos até dizer que, fisicamente, passamos por certa involução. Porém, ela vem acompanhada de uma evolução indiscutível na questão mental, no aprendizado de uma vida, nas vivências e experiências sociais.

Eu já consigo, nesta fase, entender melhor a vida e ter paciência com algumas limitações emocionais, porém, fisicamente as mudanças existentes e, muitas vezes, racionalmente negativas, precisam andar junto com uma aceitação. Deste modo, pode-se ter maior qualidade de vida, longevidade e bem-estar, favorecendo o acolhimento das mudanças físicas com normalidade e até com a prevenção de um cenário realmente negativo.

Quando focamos nas questões emocionais e psicológicas, podemos significar o envelhecer como uma construção ou um plantio de situações e várias vivências. Na velhice, somos o resultado, a colheita do que plantamos durante a jornada. Com – Renata Marins –

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isso, transformamos pontos negativos em ganhos, pois o saldo emocional do envelhecer passa a ser maior, na dependência de como interpretamos nossos ganhos, apesar das possibilidades das perdas físicas.

Se pensássemos de forma global, no Brasil, estaríamos acolhendo todos esses idosos, entendendo e compreendendo o envelhecer, mas isso não ocorre no nosso país, hoje. Não temos políticas públicas efetivas, práticas que trabalhem com as pessoas idosas, que previnam e que ensinem como será este envelhecer e como ter qualidade de vida nesse processo. Se assim acontecesse, e acolhêssemos o envelhecimento como parte integrante da vida em si, diante da realidade que nascemos, crescemos, vivemos e chegamos na finitude, seria possível chegar em uma condição de saúde integral do envelhecer. A prevenção seria algo natural e teríamos mais saúde e menos doenças como parte do envelhecimento de nossa população.

Mas fica a indagação: Dentro do contexto, como eu posso acolher tudo isso? A resposta é mais simples do que parece: Aprendendo. Quando aprendo, posso escolher como quero que as coisas aconteçam na minha vida. Deste modo, posso acolher o processo de modo geral, por meio de uma visão preventiva. Quando acolho, posso dizer que tenho uma prevenção em todos os sentidos.

Outra situação que mostra a importância do autoconhecimento e da autoaceitação, é que não precisamos dar ouvidos àqueles que julgam nossas atitudes ou ditam regras de como devemos envelhecer. Quando não dou ouvidos a esses julgamentos e preconceitos, e vivo minha vida de forma autêntica, não participo desse pensamento coletivo e ditatorial. Então, é nesse momento que o acolhimento começa a acontecer, uma – Crônicas da Maturidade Moderna –

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vez que não estou mais justificando que o envelhecer não é bonito por algum motivo ou que eu preciso que ele seja bonito.

Nesse cenário, eu simplesmente desconsidero os julgamentos e acolho aquilo que acontece na minha vida, até porque, ela é somente minha. Com isso, priorizamos nossa individualidade e peculiaridades orgânicas e mentais.

Quando acolho o formato do meu envelhecer, que é individual e único, passo a compreender como quero que transcorra.

Contextualizando, há cerca de quatro milhões de idosos vivendo sozinhos no Brasil, de acordo com o IBGE. Isso é resultado de uma melhora ou piora da qualidade de vida? É saudável estar sozinho nessa fase da vida? Os familiares estão acolhendo o envelhecer?

Observo que o envelhecimento, para os brasileiros, não é incluído no projeto de vida do jovem e nem acolhido de forma saudável por aquele que já está envelhecendo. Muitas vezes é até repelido pela sociedade e pela família. Trata-se de algo que é constantemente deixado de lado e tratado como: “deixa pra lá, quando chegar a hora eu vejo o que eu faço”. Estima-se que, em 2021, havia 32,9 milhões de idosos e vamos chegar rapidamente a números muito maiores. Enquanto nação, como é tratada essa população idosa? Existe um planejamento para esse envelhecer ou apenas o ignoramos e passamos apenas a cuidar de pessoas que não olharam para essa demanda do tempo e envelheceram sem qualidade de vida? Deixo essa pergunta para sua reflexão.

– Renata Marins –

MOMENTOS INESQUECÍVEIS, EXPERIÊNCIAS MARCANTES! Teresa Damasio

Ainda me recordo das roupas sóbrias de minha avó Soledad, bordadas nos ombros e lapelas para o casamento de meus primos. Eram de seda pesada na cor marinho e com uma espécie de enchimento embaixo das mangas, protegendo contra o suor e de lavagens contínuas.

Dos vestidos estampados e coloridos de minha mãe, pendurados um a um nos cabides. A toalha de mesa bordada à máquina com quadrados azuis unidos com renda de algodão bege e com montes de cravos em tons que iam do rosa, vermelho ao bordô.

Dos pratos pintados e pendurados na casa de D. Dolores, amiga de minha avó. Não sei ao certo se vieram na mesma época da Espanha ou se eram de províncias próximas. Sua casa cheirava à tinta, mesa grande, cheia de pincéis.

D. Dolores entrava no nosso quintal tocando castanholas, e dançando com suas alpargatas amarradinhas nos tornozelos.

Dançava com uma leveza e graça que deixava minha avó emocionada, com lágrimas nos olhos, segurando sua bengala apoiada no queixo com as mãos.

D. Dolores tinha uma casa bem próxima à nossa e morava com seus filhos, todos homens. Dava pensão a alguns hóspedes.

Pintava em tecido, e eu adorava dar uma escapadinha para ver o que ela estava a pintar. Adorava o cheiro das tintas. Minha avó não gostava que eu fosse lá, pela presença dos moços.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

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Adorava, também, ver meu tio Maneco, sapateiro artesanal, cortar o couro e montar sapatos. Muitas pessoas vinham buscá-los de longe e eles eram embrulhados em papel manilha e amarrados com barbante. Esse trabalho, no entanto, ficou para trás depois de ele sofrer ataques epiléticos.

E as blusas de lã tricotadas pela tia Júlia? Chique demais ir à escola com blusa de lã azul-marinho feita a mão, no capricho, cada uma com um ponto diferente e, no inverno, acompanhada das luvas feitas pela minha mãe.

Ah! Ia me esquecendo das fantasias confeccionadas por minha avó. A cada Carnaval, uma diferente! Tive um bolerinho de veludo preto, todo bordado, que fazia parte de uma fantasia de cigana. Quantas fantasias! Quantas cores!

Tive o prazer de ser aluna do Professor Caroni, um terror de exigência. De avental branco de manga comprida, camisa e gravata, ele passava pelas carteiras conferindo todo o material, que deveria estar impecavelmente arrumado sobre a carteira: régua, esquadro, compasso, lápis apontadíssimos, e ai de quem não correspondesse.

Quase posso ver as borboletas estilizadas, pintadas com nanquim. Quantas folhas arrancadas! Gregas, letras bastão feitas com moedas para saírem perfeitas. As provas eram nesse estilo. Na hora da entrega de notas, eu sempre ficava gelada esperando o resultado.

Muitas vezes, no silêncio da sala com mais de 40 alunos, o professor perguntava: “Quem é número 36 ou 42?”. Eu levantava a mão e engolia seco, com o coração na boca. “O que será?”, eu pensava e, só relaxava quando via a nota dez! Você nem imagina o que isso significava em uma prova do Caroni.

– Teresa Damasio –

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E as exposições? Ah! Que maravilha! Todos os corredores do Instituto de Ensino Antônio Firmino de Proença, ocupados de cima abaixo com todos os trabalhos dos alunos. Sim, ninguém ficava de fora.

Hoje, refletindo sobre o que teria despertado esse lado artístico no meu caminhar, percebo que o Professor Nicolau Caroni foi minha grande inspiração, sem sombra de dúvida! Confesso que fiquei muito triste ao saber de sua passagem ao plano espiritual. Ele era daqueles que pensamos serem eternos, mas sei que continua sendo e sempre será por toda eternidade.

Com o passar do tempo, desafios foram surgindo. Seguimos ao Curso de Desenho no Caetano de Campos. Professor Baldoqui, e Professor Paim, nomes famosos. Desenho do natural e História da arte. Já grávida do meu primeiro filho, eu enjoava com o cheiro da tinta e corria pelos corredores sem fim até encontrar um banheiro. Muitas vezes, não dava tempo. Concluí o curso não reconhecido depois de três anos.

Em seguida, parti para o Santa Marcelina: Complementação em Artes Plásticas. Adorava as aulas de Arquitetura, mas com o nascimento de Tatiana, as faltas foram se acumulando e fui chamada pela irmã Maria da Glória para que voltasse o mais rápido possível, pois não acompanharia a turma. Fiquei chocada ao saber que a professora comentou que se eu estava grávida, não deveria ter feito nem matrícula no curso. Precisei voltar e olhar para a cara dela, com uma fralda dentro do sutiã (porque o leite derramava). Ao chegar em casa, minha mãe via o estado em que estava e para me tranquilizar já havia dado mamadeira para Tatiana.

Com a mudança de “Artes” para “Educação Artística” no currículo escolar, lá fui eu para as Belas Artes na Luz, fazer – Crônicas da Maturidade Moderna –

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adaptação em Educação Artística. Nesse período, havia aula aos sábados, tanto na prefeitura como na Belas Artes. Como fazer?

Um sábado na prefeitura, outro na faculdade, mas o número de faltas, em ambas, tinha um limite. Dava aulas à noite em escola estadual, faculdade no período da manhã e prefeitura à tarde. Os filhos ficavam em período integral na escola particular. Minha mãe havia dito, muito constrangida, que com um ela ficaria, mas com dois... Compreendi perfeitamente! Os filhos eram meus.

Engravidei do Rodrigo. Meu pai disse que era só o que me faltava. Alguns dias depois, tive um “mal-estar” causado em sala de aula do período noturno com um aluno que, em plena prova, estava vendendo whisky a um colega e que, de forma irônica, ao pedir que se retirasse da sala, comentou que eu estava muito nervosinha. Não me recordo se ele saiu, mas eu sei muito bem como voltei para casa: dirigindo, chorando, sentindo dor no corpo todo. Nem preciso dizer o que aconteceu naquela noite.

Cólicas. Amanheci com sangramento. Médico. Início de aborto.

Licença e repouso. Na avaliação no curso: professor Janot, de teatro, questionou minha participação nas aulas e a nota foi a mais baixa da turma. Depois da minha argumentação, que era verdadeira, disse que tudo podia ser explicado, mas não justificava. Sem comentários.

Com o marido cuidando dos filhos à noite e trabalhando na prefeitura, surgiu um projeto de reestruturação e reorientação curricular ao qual fui convidada a participar. Como a Arte era vista até então? “A prima pobre de Paris”. Nas reuniões não sobrava tempo para Artes se colocar. Primeiro, História e Geografia eram o carro-chefe, depois Ciências, Matemática, Português. Eram dois integrantes de cada área e só um de Arte, eu. Educação Física então, nem se cogitava!

– Teresa Damasio –

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Nesse momento surgiu o Primeiro Concurso para Professor na Prefeitura de São Paulo, onde Arte era convocada a competir, ou melhor, integrar o currículo em igualdade de condições com outras áreas do conhecimento.

Estudei muito, me aprofundei e me apoderei de todo o material possível, até “Cursinho preparatório Evolução” eu fiz.

Não tinha mais sábado, domingo, feriado ou dia santo. Resumos de apostilas, de livros, resumo do resumo, enfim... passei em sexto lugar. Escolhi a escola Ruth Lopes Andrade, em terceiro lugar. Infelizmente minha cabeça estava em outro lugar no momento da escolha, pois minha mãe havia falecido há pouco tempo num acidente de carro. O tempo do projeto acabou e voltamos para nossas escolas.

Era hora de colocar em prática, tudo que havíamos estudado em teorias.

A escola mantinha as cadeiras enfileiradas, em ordem.

Como trabalhar com Dança, Teatro ou Pintura? Faz muito barulho, muita sujeira, muita bagunça. Como implantar uma nova visão de área? Mudanças incomodam, dão trabalho!

Anteriormente ao trabalho no NAE (Núcleo de Ação Educativa), desenvolvi um trabalho como assistente de atividades artísticas e, como era um serviço comissionado, ficava fora da sala de aula, mas atendendo da primeira à quarta série, no período diurno todo (manhã e tarde).

Alguns colegas colaboravam, mas a maioria aproveitava esse momento para sair da sala e não acompanhava as aulas.

Muitas vezes, me vi sem material algum, principalmente se fosse a última aula. Armário fechado, sem giz, as crianças com todo o material guardado. O que fazer? Sem apoio, sem colaboração, professor olhando para fora da janela, só de corpo presente, alunos sim esperando ansiosamente pela aula.

– Crônicas da Maturidade Moderna –

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Nossas pinturas, digo, dos alunos, foram parar nas paredes da frente da escola, depois de um longo processo em sala de aula, no individual, em duplas, em grupos. Conserto das paredes esburacadas, vaquinha para compra de tintas. Não deu tempo de fotografar. Ao sair da escola em uma manhã, percebi uns pintores com cabos compridos cobrindo os desenhos. Questionei. “Foram ordens”, me disseram. A direção argumentou que a verba recebida precisava ser aplicada. A quadra estava mais suja e imunda. Por que começaram pelos murais dos alunos?

Falta de respeito? Ignorância? Falta de sensibilidade? Sei lá. A indignação dos alunos foi muito grande.

Certa vez, fizemos um estudo de como a Arte faz parte do nosso cotidiano e, nessa época havia uma Propaganda do sabonete Vinólia, no qual a embalagem continha ilustrações de artistas e, ao juntar, não me recordo quantas embalagens, você recebia a gravura pelos correios, em tamanho maior. Quais não eram a alegria e o contentamento dos alunos, ao receberem os canudos com a gravura do artista!

Relembro também os alunos da Suplência (Supletivo Noturno), ao adentrarem no Teatro Municipal para assistir à apresentação do Grupo Corpo de Dança. Quanta emoção!

Encontrei, certa vez, umas embalagens de bala. Comprei todas que pude, acredito que umas cinco, eram umas latinhas redondas. Na tampa, havia gravuras de Portinari estampadas.

Achei o máximo! Levei para a Suplência. Alguns alunos rejeitaram as balas, mas depois se envolveram tanto que fiquei impressionada com o trabalho que realizaram somente com caneta Bic e folha pautada do caderno. Levamos para o quadro e contemplamos as obras fazendo a leitura e apreciação das suas criações e com assinatura deles. Que gratificante foi todo esse processo.

– Teresa Damasio –

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O que dizer de nossa aluna da sexta série, que encantou no Centro Cultural Árabe ao se expressar na dança do ventre, até convidada para integrar o grupo foi, mas não persistiu.

Tivemos a honra e o prazer de trazer do Embu, Raquel Trindade e outros percussionistas para ensinar e treinar as batidas no atabaque para a festa do Folclore na qual uma sexta série apresentaria o Batuque e desafiados a umbigada. Tivemos uma aula sobre as roupas usadas pelos escravos e muito mais.

Muitas escolas vizinhas foram convidadas para a troca de experiências. Tivemos muito envolvimento e participação de pais de alunos, não só nesse momento, mas em outros, como quando apresentamos Tirana da Fronteira no Pacaembu, em um Festival de Folclore.

Verinha, nossa inspetora de alunos na época, depois secretária da escola, sempre envolvida com as festas juninas e formaturas na mais pura alegria contagiante. Grande figura!

Agradecimentos devem ser feitos ao Professor Romeu Rossi, nosso diretor e incentivador, sempre nos desafiando, acreditando que tudo era possível. Levar alunos da periferia ao Teatro Arthur Azevedo para realizar a formatura das 8as séries?

Estudar a letra e compreender o significado das palavras do Hino Nacional? Desafios aceitos e resultados alcançados. Eu ficaria aqui contando inúmeras lembranças minhas, se pudesse!

Quanto movimento. Quanta vida. Quanta beleza. Quanta alegria. Hoje eu diria para aquele colega que se referiu à arte como perfumaria: Sim, a arte é perfume para a alma, que nos eleva à categoria de humanos. E essa mesma arte foi, é e sempre será o meu propósito, a minha essência, a minha vida. Que prazer poder compartilhar essas memórias com você, leitor. Como – Crônicas da Maturidade Moderna –

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me alegra a oportunidade de mostrar um pouco da minha trajetória e, deste modo, te estimular a se dedicar de corpo e alma àquilo que te faz feliz. Não há nada como olhar para trás e sentir que, por maiores que possam ter sido os desafios, você estava no lugar certo, na hora certa, seguindo o caminho perfeito para você.

– Teresa Damasio –

MENSAGENS DOS COLABORADORES

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“COACHING” COM PROPÓSITO Estou certo de que muitos compartilham da sensação de que passamos por incontáveis dias de desespero, dor, dificuldades e sacrifícios. Sabemos que em momentos de fracasso, muitos se afastam e as forças parecem desaparecer. No entanto, é possível criar um revés a partir da energia encontrada em algum ponto do corpo e que, potencializada, pode ser transformada em uma atitude diferente daquela, presente no momento da queda.

Mesmo diante das adversidades, devemos nos levantar e prosseguir com dedicação e perseverança, em direção aos nossos sonhos. Muitas vezes esse posicionamento é difícil, mas alcançar um ponto intermediário de êxito no caminho é reconhecidamente reconfortante. É uma oportunidade de sentir um gostinho da vitória, mesmo antes de ela se tornar realidade, e isso nos leva a prosseguir com mais foco e disciplina.

Entendo que o alcançar um objetivo é apenas um dos detalhes dentro de uma trajetória. É um elemento, um ponto, uma parte, tal qual o ato de começar um novo projeto. Então, não devemos ter medo de dar o primeiro passo, compreendendo que uma perda não significa necessariamente uma derrota. Podemos aprender com as falhas e ajustar as rotas da nossa jornada. Assim, quando cairmos, teremos forças para nos levantar e, uma vez de pé, poderemos nos manter firmes, em harmonia e persistentes.

Nesse sentido, ser firme significa ler mais, estudar, ouvir, meditar sobre nós e o que queremos para o nosso futuro. Tudo é uma questão de escolha. Esperar que as coisas “caiam do céu”, – Gustavo Lintz –

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por exemplo, pode ser um caminho a se escolher. No entanto, acredito que a melhor opção sempre será o planejamento estratégico e direcionado para a geração de resultados.

Esse processo, porém, não é possível sem investir na geração de conhecimento. Sempre que aprendemos algo, estamos multiplicando nossas possibilidades. E quando ensinamos, essa multiplicação ocorre de forma exponencial, ampliando significativamente a gama de oportunidades que se desenrolam diante de nós. Esse movimento nos leva a um sentimento de felicidade, importância e pertencimento, que se completa quando vemos o próximo como um componente do par e os pares como um só. A unicidade é um fator divino e a individualidade é um dom da Graça de Deus.

A felicidade existe no ato de nos colocamos no lugar do outro e na compreensão de que a vida é simples e prazerosa, apesar de situações que podem parecer adversas. A chave está em perceber que nem sempre essas circunstâncias são essencialmente negativas, representando apenas experiências pelas quais ainda não tínhamos passado e com as quais podemos aprender importantes lições.

Deste modo, não existem situações totalmente adversas, mas sim uma falta de percepção que nos torna incapazes de enxergar o aprendizado que se esconde até mesmo em um infortúnio. Para ampliar nossa visão, é imprescindível desenvolver nossa introspecção de modo a perceber com maior clareza os sinais que nos levam a decisões corretas e com os quais podemos construir um plano de ação efetivo.

Você já passou por alguma experiência na qual sente que fez a sua parte e, mesmo assim, não alcançou seus objetivos?

Esse é o momento de analisar a trajetória e perceber se havia – Crônicas da Maturidade Moderna –

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algum ponto no qual você poderia gerar um resultado um pouco maior, impactando significativamente o resultado. Através desse exercício de autoanálise, você pode desenvolver suas habilidades e realinhar suas rotas, seguindo sempre em frente.

Para alcançar qualquer objetivo é preciso atentar para uma série de fatores, dentre os quais destaco: disciplina, fé, percepção e autoconhecimento. Devemos estar livres e abertos para ensinar, aprender e evoluir, compartilhando amor, bons pensamentos, sentimentos de paixão, carinho, fraternidade, solidariedade, reciprocidade, prosperidade, alegria, esperança, perseverança, vitória, amor a Deus, gratidão a tudo e a todos, sem qualquer forma de julgamento.

Esteja certo de que você é um multiplicador e que na linha de chegada haverá uma legião te acompanhando pelos seus valores, caráter, exemplos de vida, por sua obra e por seu compromisso com as pessoas e com os seus objetivos. Siga sempre com motivação, otimismo e com um sorriso no rosto. E quando chegar esse momento, nesse grande dia da vitória e da recompensa, desfrute do doce sabor dos aplausos e do salgado das lágrimas de felicidade. Passados alguns minutos, você estará diante da pergunta: “E agora, qual será meu próximo objetivo?”. Então, respire profundamente e volte a caminhar, com a coragem e a resiliência de ser sempre feliz.

Gustavo Lintz

– Gustavo Lintz –

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FAZER PARTE DA HISTÓRIA Se existe um tipo de gente particularmente excêntrico, certamente são os professores. Falo por vivência e experiência própria, depois de décadas em sala de aula e com a mais absoluta convicção de que posso ser qualquer coisa, menos um ser humano normal. Isso, porém, não tem nada de negativo. Sempre tive no mais alto conceito os indivíduos que ousam manter sua existência fora dos padrões, dos moldes e da normalidade de uma sociedade geralmente hipócrita. Talvez por isso tenha me mantido por tanto tempo na aventura do compartilhar o conhecimento, enfrentando desafios e superando dificuldades.

Só quem já passou por essa experiência pode descrever o que sente um educador, ao ver uma criança avançando na aprendizagem. É uma enorme satisfação para qualquer professor testemunhar o desenvolvimento de um estudante, por exemplo, no processo de aquisição da linguagem escrita, por meio do trabalho dedicado dos colegas alfabetizadores.

Participar da produção de uma obra coletiva foi uma ideia inquietante. Para mim, o mundo literário é admirável e fazer parte da construção de um livro, do zero, era uma oportunidade imperdível. Assim, me lancei no desenvolvimento desta obra que você leu, com grandes expectativas e posso dizer que todas elas foram superadas. A riqueza das histórias, os exemplos, os conselhos e as lições que foram transmitidas em cada texto, por cada um dos autores, me impactaram, me emocionaram e me fizeram refletir sobre muitos temas na minha vida.

Meu comentário sobre o trabalho com a alfabetização tem um significado muito especial. Já no final da produção da obra, – Crônicas da Maturidade Moderna –

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depois de ter lido os textos já editados e aprovados, tive uma epifania. Me dei conta de que as lindas histórias contadas neste livro são frutos do trabalho de alguém como eu, que décadas atrás ensinou os nossos autores a ler e a escrever. Foi aí que senti ainda mais orgulho do trabalho ao qual dediquei minha vida.

Todos os processos que fazem parte de uma obra literária, são resultados das sementes plantadas e cuidadas por professores.

Só tenho a agradecer a cada uma dessas pessoas maravilhosas que compartilharam parte de suas essências conosco por meio das Crônicas da Maturidade Moderna. Posso dizer que foi um privilégio, uma realização e um grande orgulho fazer parte dessa história. Meu desejo é que o maior número possível de pessoas possa ter acesso ao conteúdo deste livro e que possamos inspirar, incentivar, despertar e impulsionar aqueles que compreenderem a importância de aprender, refletir, conhecer e evoluir. Particularmente, encontrei nos livros mais uma paixão e outros tipos de semeadura aos quais desejo me dedicar.

Simone Marujo

– Simone Marujo –

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– Crônicas da Maturidade Moderna –

OS CRONISTAS DA MATURIDADE MODERNA

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Y ANDRA L OBATO

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F ERNANDO C URTI

Yandra Lobato é aquela veterinária que todo cachorro sonha em ter. Aquela amiga com uma vibe bicho grilo, que está sempre pronta a enfrentar qualquer batalha e dar todo o suporte a quem precisar. Ela é a Pesquisadora com Pós-Doutorado que nunca deixou os estudos subirem à cabeça, autora brilhante e a melhor editora que já trabalhou comigo.

Por Fernando Curti.

Fernando Curti é um biólogo com alma de escritor, daqueles que faz nascer um espetáculo num piscar de olhos. Quando se abrem as cortinas, o que surge é a expressão da competência e generosidade desse cara que, dos bastidores, cria caminhos para os outros brilharem. Pense numa criatura amável, divertida e totalmente fora da casinha. Acredito num reencontro, sinto que já fomos amigos. Por Yandra Lobato. PS: O que ele escreveu sobre mim em um minuto, levei meia hora pra escrever sobre ele.

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A DELE P EREIRA Nascida em Maringá, noroeste do Paraná, teve como profissão a costura em segmento familiar. Ao aposentar-se, voltou-se às escritas, coisa que já tinha como hobbie. Tem várias antologias, um livro solo (Esboço da Paixão de sensualidade e amor) e faz parte da Academia de Letras Sociedade dos Poetas Virtuais, desde a sua fundação. Colunista do Blog “Envelhecer com Estilo”, já contribuiu com mais de oitenta trabalhos e participa de vários projetos sociais de longevidade e “Stopidadismo” de âmbito internacional. Gosta da modernidade e tem como Lema: “Idade não nos define, sou mulher atual e atuante!”.

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C RISTIANE

MORAES

Cristiane é uma profissional atuante em Gestão e Consultoria Empresarial desde 2010. Pós-graduada em gestão estratégica de recursos humanos. Pós-graduanda em Neurociência e Practitioner em Programação Neurolinguística, com formação em grafologia. É educadora financeira, palestrante motivacional, mentora de empreendedores e profissionais liberais e coordenadora de projetos sociais em educação profissional, além de ser docente em cursos profissionalizantes, livres e de extensão, Coach em vendas e empreendedora desde 2008.

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E LIANA L UZ Eliana Luz é empresária, especialista e mentora em inteligência emocional, master coach formada pelo Instituto Brasileiro de Coaching Cristã (IBCC), escritora, analista DISC pleno, jogos lúdicos, facilitadora do jogo da descoberta e Disc for ME - JEDH, palestrante e coautora dos livros: “Estressadas”, “O poder infinito da prática e “A fórmula da prosperidade”. O objetivo da autora é ajudar a aumentar o equilíbrio emocional, gerenciando as emoções e reduzindo o nível de ansiedade através de palestras, mentorias e treinamentos. É, ainda, criadora do método “Onde está a Felicidade?” e da ferramenta “Roda da Luz”.

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I SIS L EITE Isis Jose Leite é Psicólogo, Terapeuta Corporal Sistêmico e Facilitador de Constelações. Trabalha integrando o tripé Constelações – Respiração – Terapias, com profundo respeito ao ser humano, proporcionando condições para que a pessoa encontre sua própria solução e equilíbrio.

Atende em sessões individuais ou em grupo, presenciais ou remotas. Possui Graduação em Engenharia Civil, Direito e Psicologia, com Pós-Graduação em Direito do Trabalho, Direito Público e Psicologia Clínica.

Formação em Terapia da Respiração Consciente – Renascimento, Yoga Massagem Ayurvédica Método Kusum Modak, Constelações com Bonecos, Método Vera Basoil, Hipnose Clínica, Método Lucas Naves, Mesa Radiônica, Método Régia Prado.

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L OURDES G ANZELI Pesquisadora de essências florais e vibracionais e de sistemas de diagnóstico de comportamento, desde 1993. Seus estudos foram ampliando e fortalecendo seu curriculum e seu amor pela compreensão e entendimento do comportamento humano, além de proporcionar ferramentas para a harmonização e cura de sentimentos que bloqueiam a autoestima e o pleno desenvolvimento de uma vida saudável, produtiva, realizada e feliz.

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L UCY D OLÁCIO Nascida em 3/9/1966 no bairro da Vila Mariana em São Paulo, capital. Em 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro, RJ. Fez ensino fundamental na Escola Americana do Rio de Janeiro e o Colegial em escola brasileira. Se formou Bacharel em Comunicação Visual pela PUC-RJ e depois de formada montou a escola ADG de desenho e pintura. Em 1992 mudaram-se para Sorocaba – SP. Teve a escola ADG um tempo.

Então trabalhou em agência de propaganda, estudou canto lírico, foi professora de inglês, trabalho em jornal, revista e gráfica até que resolveu estudar Psicanálise Integrativa e mais muitos cursos presenciais e online e virou Arte Terapeuta Integrativa da Nova Era.

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L UZIA A LVES Luzia Alves da Silva é formada em Administração de Empresas, Terapeuta em TFT, Coach, Analista de Perfil Comportamental DISC, Mentora em Leitura Dinâmica, Escritora e Funcionária Pública Aposentada.

Após anos de dedicação e estudos, Luzia se encontra em uma importante fase de sua carreira, compartilhando o conhecimento e as descobertas que foram construídos ao londo de diferentes frentes de trabalho. Sempre com foco nas relações humanas e na busca pelo autoconhecimento, a autora nos leva por caminhos de importantes reflexões e nos convida a sair dos moldes que construímos em direção a uma evolução constante.

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M ÁRCIA B ERTIN Marcia Rosangela Bertin nasceu em Sorocaba, em 1962. É médica formada pela PUC Campinas em 1986. Fez residência de Clínica médica e Cardiologia, pela PUC-SP. É titulada em Medicina Intensiva, onde atua até hoje, como coordenadora de UTI adulto. Especialista em Acupuntura pelo CEATA em Sorocaba, tem Curso de Hipnose e Regressão pela Sociedade Brasileira de Hipnose e Hipniatria. É terapeuta em Programação neurolinguística, fez curso de Terapia da linha do tempo em Florianópolis. Tem Formação em Constelações Familiares, em 2010, fala inglês, francês e italiano e faz pintura com mandalas como hobby.

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M ARCIA C ARDOSO Psicóloga, Pós-Graduada em Psicologia do Trabalho com ênfase em projetos e Formação de Consultores com Ênfase em RH, é Personal e Professional Coach, Educadora, Comendadora no curso Master Mind Lince, e Analista Comportamental DISC pela Doctor Coach. Trabalhou durante 27 anos no Banco do Brasil com destaque em consultoria de processos e dinâmicas organizacionais. Como Psicóloga, trabalhou na área de Gestão de Pessoas do BB e foi educadora na Universidade Corporativa do Banco do Brasil. Teve experiência em Gestão de Pessoas na PREVI (Caixa de Previdência do Banco do Brasil), onde participou da construção de projetos e integrou o comitê que elaborou o Código de Ética e de Normas de Conduta da PREVI. Foi membro representante da PREVI junto ao Fórum de RH dos Fundos de Pensão por 3 anos, implementando, dentre outras ações, o projeto de pesquisa salarial para esse segmento.

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M ARIMAR Marimar, Maria de Freitas Possebon Marsola, natural de Santo Ângelo (RS) é formada no Magistério pela Escola Cenecista de 1º e 2º Graus Sepé Tiaraju, tem Licenciatura Plena em Letras pela URI – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai das Missões –, é formada em Administração Escolar e tem Pós-graduação em Supervisão e Orientação habilitada pelo Grupo Uniasselvi. Autora de livros infantis e poemas diversos, tem como sua personagem principal a Bruxa Amarela.

Possui experiência profissional com alunos dos anos iniciais, ensino fundamental e ensino médio e participação em Escolas como autora presente e em Feiras de livro em diversas cidades do RS. É escritora, ilustradora, contadora de histórias infantis e professora aposentada. Ama a natureza, a família e as histórias infantis. Sempre gostou de ler e, por isso, afirma: “LER AJUDA A CRESCER”.

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R ENATA M ARINS Odontóloga de formação, professora universitária de coração, uma apaixonada pelo compartilhar do conhecimento! Com o passar dos anos, passou por vários degraus em suas pós-graduações, focada nas disciplinas básicas de formação na área médica e odontológica. Entrou para o universo do “ensinar” e do “aprender” e a cada dia, recebeu um novo aprendizado. Encontrou, então, a extensão universitária onde projetos com a sociedade abriram um leque de novas possibilidades. Participou da criação de Universidades da Terceira Idade, Clínicas da Maturidade, atendimentos clínicos voluntários em projetos sociais, e mais uma paixão surgiu: o envelhecer saudável. Um universo onde o aprendizado não passa pela idade, pelo tempo de vida, mas sim pela troca de experiências.

Seguiu então para a sua maior realização, o nascimento do melhor dos projetos, o DesenvolveMente Senior, onde o conhecimento contínuo passa a ser o centro da longevidade.

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T ERESA D AMASIO Teresa Damasio é formada em Desenho Geral e Pedagógico pelo Instituto de Educação Caetano de Campos; em Artes Plásticas pela Faculdade Belas Artes S. Marcelina; Educação Artística pela Faculdade Belas Artes SP; e Pedagogia-Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras SBC. Foi Assistente de Atividades Artísticas na Prefeitura Municipal de SP, participou da Comissão Organizadora do III ENPA. Fez parte da equipe de elaboração do documento Visão de Área: Ed. Artística junto à assessoria PUC/USP. Seguiu os estudos se especializando em Terapias complementares e Psicanálise Integrativa/Terapia de Regressão. Possui Pós-graduação em Terapia Familiar e Terapia Floral, além dos conhecimentos em Dança Circular Sagrada e Aromaterapia.

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G USTAVO L INTZ ( COLABORADOR ) Meu propósito é a transcendência do ser humano. Estudo e trabalho meu subconsciente e inconsciente para reforçar meu propósito ajudando pessoas e empresas a colocarem em ação seus sonhos e objetivos que estão guardados em alguma gaveta da sua mente ou coração. Sou dentista de formação e coach de coração, mentor de projetos, escritor, torcedor do Guarani de Campinas e apresentador na Rádio Brasil Campinas e na NetworkFm. Sou pai do Vítor, do Henrique e da Isadora que está no céu, casado com a Cintia. Sou solidário, amoroso, otimista, especialista em metodologias ativas, ferramentas lúdicas, coaching, na Teoria DISC, em PNL e Hipnose. Aprendo todos os dias com meus filhos e procuro mostrar isso em minhas formações e treinamentos da Mentoria AVOC e Movimento Educacional Híbrido. Sou amante das ferramentas e técnicas comportamentais sempre trabalhando com profissionalismo, dedicação e amor no que faço.

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S IMONE M ARUJO (C OLABORADORA ) Simone Marujo é orientadora educacional na Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, RJ. Formada em Pedagogia, professora e coach, Simone se dedica à construção de novas ferramentas lúdicas de ensino e aprendizagem, atuando como facilitadora do processo criativo para outros profissionais da educação. Com o propósito de mostrar o desenvolvimento do ser humano de forma lúdica e criativa, desenvolve um trabalho que já ultrapassa as fronteiras do território nacional. No ano de 2022, segue para mais um importante passo em sua carreira e formação, ingressando em um programa de Mestrado.

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