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2.14 A INVISIBILIDADE EM MEIO À PRECARIEDADE
Estar nas ruas é difícil e agora com a pandemia ficou muito mais complicado, pois habitação, saúde e educação, dentre outras, é direito do povo brasileiro e é dever do Estado. Nos oferecem abrigos na modalidade de isolamento, mas quando essa pandemia passar teremos que voltar para as ruas? Pro tormento? (SILVA, J. V. T.)
No documentário “Eu Existo”, um entrevistado relata sobre o dia em que estava muito debilitado, não conseguia se locomover e foi deixado ao lado de uma Unidade de Pronto Atendimento. Esperando por atendimento, ele foi hostilizado por um segurança e uma enfermeira, ambos o trataram com indiferença e o deixaram lá caído. Esse relato mostra a forma como essas pessoas são tratadas como invisíveis não só pela sociedade, como pelo poder público. Todo cidadão tem direito de ser cuidado, mas na realidade da pessoa em situação de rua, as coisas mudam completamente, eles são largados em meio ao descaso.
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2.14 A INVISIBILIDADE EM MEIO À PRECARIEDADE
Ser invisível ou estar invisível é um estado de muitas pessoas atualmente, sua condição de abandono os deixa em uma posição de vulnerabilidade e também de falta de opções sobre onde ir ou a quem recorrer. A sociedade, diante de sua rotina, muitas vezes nega o olhar ou até uma ajuda a aqueles que estão em situação de rua, a falta de empatia e também solidariedade acontece por não estarem na mesma posição, e então por meio disto, invisibilizam aquela luta e também aquelas pessoas.
A população em situação de rua é vista pela sociedade como um grupo que oferece risco, e não como um segmento que se encontra em risco. Principalmente quando confrontada com os interesses econômicos, essas pessoas são vistas como um problema, enquanto, na verdade, o problema é a situação de rua. (NONATO, D. do N.; RAIOL, R. W. G. 2016)
Essas rupturas na sociedade fazem com que os cidadãos comuns, que se deparam com pessoas em situação de rua quase que diariamente, desviem seus olhares, não só quando estão em seus carros e caminhos, tanto quando eles estão em evidência através de matérias e ONGs, que vivem em uma constante busca de
ajuda para estas pessoas. Mesmo em meio a tantas rupturas, ainda há um grande desconhecimento sobre esta população, as pessoas não são capazes de compreender ou enxergar os sentidos que levam esse grupo a estar vivendo em meio a precariedade. No Documentário “Invisíveis: Moradores de Rua” (2017), o entrevistado Alessandro relata sobre como o seu olhar as demais pessoas é distorcido, pois na visão de quem está passando pela rua, ele é visto como bandido, quando na verdade seu olhar é por ficar imaginando e refletindo que ele queria ter as mesmas oportunidades das pessoas que trabalham, estudam e sempre possuem algo a fazer todos os dias. Nonato e Raiol explicam como as relações da sociedade impactam na visão do que são as pessoas em situação de rua, dizendo:
A pessoa que está nessa situação torna-se um “excluído”, um “invisível”, impossibilitado de partilhar de uma vida pessoal e profissional formal, resultando, certamente, em sérios prejuízos à sociedade. O fato de existirem indivíduos nessa situação faz com que exista uma desigualdade relevante na sociedade. (NONATO, D. do N.; RAIOL, R. W. G. p 88. 2016)
Um ser humano se torna invisível aos olhos da sociedade não só pela falta de recursos, mas sim pelas preocupações desnecessárias que antecedem e tornam os olhares alheios, levando as pessoas em situação de rua, assim como grandes causas, a seguirem sem ter voz suficiente nas suas lutas diárias. Elas se dão por condições básicas que não são oferecidas mesmo em meio a uma constituição que não as diferem das demais como sociedade. Em um artigo publicado para a Revista Virtual Textos e Contextos (2005, p.10), a repórter Ana Paula Motta Costa relata que:
Entre as ocupações mais corriqueiras do povo de rua estão a catação de papel, latas e outros resíduos, a guarda de carros, o serviço doméstico e a construção civil (com suas várias especialidades). Essas profissões, como não são exercidas com regularidade, não garantem o sustento. Assim, a alternativa de sobrevivência, muitas vezes, é obtida