The Red Bulletin Setembro de 2013 - BR

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outubro do ano passado,quando, no oitavo dia de treino nos barcos, o 72 deles mergulhou de bico em condições extremas enquanto fazia sua manobra mais perigosa, uma curva fechada de vento de proa para vento de popa, lançando os 11 integrantes da tripulação nas águas geladas antes de se partir e levar sete horas para voltar. As tragédias são colocadas contra o potencial desses barcos ultramodernos. Eles têm o que é necessário para gerar o tipo de falatório e audiência das TVs, e por isso a vela precisa justificar os milhões de dólares em investimento. Ninguém sabe melhor disso que Spithill. O esportista não esquece a alegria na vitória australiana de 1983, a primeira vez em que o barco de um time de fora dos EUA ganhou desde o começo das corridas, em 1851. Ele tinha 3 anos na época. Sete anos depois, venceu sua primeira corrida em um bote de madeira que ele, sua irmã e o pai tiraram dum ferro-velho, arrumaram e levaram à água. Ele agora está no timão de um barco que custa em torno de US$ 10 milhões. A tripulação é dividida em oito nacionalidades. O preparo físico exigido é de nível olímpico, e Spithill leva esse desafio ao extremo, buscando o máximo de vigor.

fotos: ORACLE TEAM USA/Guilain GRENIER (2), cameron baird

SENTIMENTO

aonde chegou”, diz Spithill. “De onde a gente estava até onde estamos hoje foi uma evolução radical. Não foi um progresso gradual. Nós simplesmente estouramos. É como se tivéssemos quebrado uma grande barreira.” O potencial mortífero do AC72 já teve oportunidade de se mostrar no início de maio, quando a embarcação sueca Artemis se partiu durante uma manobra com vento forte e o medalhista olímpico inglês Andrew “Bart” Simpson morreu depois de ficar preso na água debaixo de uma asa the red bulletin

e uma parte sólida do barco por mais de cinco minutos. O acidente levou a propostas de mudança nos regulamentos da America’s Cup, incluindo velocidade máxima em corridas de 23 nós (32 km/h) – antes 33 nós (45 km/h). Integrantes das equipes também passaram a usar coletes salva-vidas Kevlar com pequenas latas de oxigênio presas no lado de fora para ter mais um minuto de ar assim que entram em contato com a água. Spithill e sua equipe tiveram bastante sorte para sobreviver a um desastre em

“Minha primeira vez foi intimidadora. Mergulhamos por horas no design com engenheiros, prognósticos, computadores... Mas quando você começa nisso é como descer de um pônei e montar no alazão. Assim que o barco vai para a água e a asa desliza, você se sente vivo e quer voar. Dá para fazer isso com um mínimo de 5 nós de vento. O dia é muito difícil porque é preciso ter muita energia e concentração. Você vacila uma vez e o barco te faz pagar o preço. Você escuta as chapas começarem a zunir ao passar dos 40 nós (74 km/h) e o barulho do vento é como estar dentro de um furacão. A equipe trabalha muito, você está no limite e, quando chega ao final... aí, sim, olha em volta. Se conseguir aguentar isso, vai se dar bem.”

RESPEITO

“Nunca subestime seu barco. É preciso respeitar e não relaxar. Tem que manter 100% do foco. Em outros barcos, muitas vezes, você pode dizer ‘Ei, pessoal, vamos dar uma pausa e sentar para relaxar um pouco’. Com esse não é assim. É quando um acidente pode acontecer. Não é tipo abaixar a asa e almoçar. 53


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