2º Domingo da Quaresma 13.03.2022 Ano XVIII Nº 389 SE ALGUÉM ME AMA, GUARDARÁ A MINHA PALAVRA “Se alguém me ama, obedecerá a minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada.” (João 14:23 NVI). Jesus falou isto no contexto da promessa do envio do Espírito Santo. A mensagem é para todos, mas Jesus sabia que alguns a receberiam como deviam e outros não. Amar não é uma declaração verbal desvinculada de compromisso de vida. Jesus disse: "Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos." Quem ama a Jesus é aquela pessoa que mostra com suas ações que o obedece. Em Mateus 21:28-32 ele deixa isso bem claro: '"avia um homem que tinha dois filhos. Chegando ao primeiro, disse: Filho, vá trabalhar hoje na vinha. E este respondeu: Não quero, mas depois mudou de ideia e foi. O pai chegou ao outro filho e disse a mesma coisa. Ele respondeu: Sim, senhor! Mas não foi. E Jesus pergunta, Qual dos dois fez a vontade do pai? Eles responderam: o primeiro." Jesus mostra que não é uma questão de declaração verbal, mas de compromisso demonstrado em obediência. Assim como não é coisa de status: se você é religioso, se é pastor ou pastora, você já está em comunhão com Deus. Não. Pode ser um pecador impenitente, mas que ao ouvir as palavras de Jesus, e se essa pessoa o obedece, esse é o que o ama. Ao continuar em Mateus ele diz aos pastores, diáconos e teólogos do seu tempo (sacerdotes, fariseus, saduceus e mestres da Lei) que as piriguetes e entreguistas (prostitutas e publicanos) creram e estão entrando antes no Reino que vocês. Essa é uma mensagem forte que nos desafia ao arrependimento. Mas é uma mensagem envelopada num convite amoroso. Jesus diz: "Se alguém diz que me ama, tem de mostrar em sua vida que entende, e que busca praticar o que eu digo." Ao olhar esse compromisso do coração no qual a vida inteira está envolvida, ele faz uma promessa estupenda: "Meu Pai o amará." Deus Pai sabe que viver neste mundo ainda com a presença da carne – desta intenção desobediente contra Ele – é duro. Mas não é impossível. E aí Ele fala não só da ajuda para esses momentos, mas de algo surpreendentemente maravilhoso: Nós viremos a essa pessoa. E faremos Nele morada. É a Trindade inteira vivendo em nós. Antes, Ele já havia falado que enviaria o Espírito Santo, o Conselheiro (João 14:16). E agora Ele diz; faremos Nele morada. A Trindade aqui é prometida por Jesus para fazer morada no mais profundo do nosso ser. E Deus nos convida a fazer nossa morada onde Deus decidiu fazer sua morada. E aí o desafio é. Queremos morar onde Deus quer morar? Queremos também viver no mais profundo do nosso ser? Ele quer. E aí, na mais profunda intimidade, podemos escutá-lo, sentir seu amor, a certeza de que sou filho, e ser guiado por Ele. Isto obviamente pode nos assustar. Deus não é um Deus zeloso? Estou preparado para ter o Criador do universo morando dentro de mim? Não é muita areia para o meu caminhãozinho? Estou preparado para aceitar esta classe de amor? É um convite para a realidade. E como estamos fora da realidade, esta é a razão por que o convite nos assusta. Estou eu preparado para viver do jeito que o ser humano foi criado para ser? A certeza confortadora que tenho é que este Deus que quer habitar no meu ser mais profundo é Amor. Todas as imagens que eu tenho de poder e as associações que normalmente faço com este conceito, com Ele têm de ser redefinidas. Deus não me violentará. Ele cuidará de mim. Eu posso convidá-lo a viver em mim e confiar no Seu cuidado e no Seu Amor. E aí a verdadeira aventura começa. Começo a entender para quem fui criado (Deus e o próximo). Começo a entender que o Amor é o princípio que invade e está em todos os interstícios do meu ser e das minhas ações. E vejo amor em tudo: na criação, e começo a perceber beleza nas pessoas, a ver os sinais da semelhança de Deus nelas, e um amor cuidadoso pela natureza começa a invadir meu ser; cada ação contra a natureza é como uma ferida em mim mesmo. E uma vontade gigantesca me invade; falar para as pessoas que isto que aconteceu comigo é possível para todos! Falar das Boas Novas do Reino se torna minha respiração. Deito e acordo com um pensamento: Maranatha!... Marcos Gilson Feitosa Professor da UFPE