MATEMÁTICA
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ATIVIDADES PROPOSTAS
QUANTIFICANDO OS GASES DO EFEITO ESTUFA (GEES) E SUA CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE CALOR DESDE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Com base em dados disponíveis nos gráficos e tabelas fornecidos no início do bloco de atividades (são apenas sugestões), assim como em outras informações obtidas após pesquisa coordenada pelo professor (há vários outros dados disponíveis de emissão de GEEs na internet, em livros, relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC ou do Observatório do Clima), é possível fazer inferências matemáticas sobre quantidade de GEEs e seu potencial de retenção de calor.
Com esses dados de aumento de temperatura pode-se cruzar as informações obtidas com os dados verificados do experimento do exercício 2 proposto para a área de ciências naturais (“Mudanças climáticas e aumento do nível do mar”). Assim, os alunos serão capazes de conectar informações para formar uma visão multidisciplinar de como as diferentes áreas da ciência se retroalimentam buscando entender os fenômenos que acontecem no planeta.
A coleta de dados, sua quantificação e posterior análise são a base da interpretação de fenômenos e integram o método científico que embasa o conhecimento da humanidade. Sem a quantificação adequada de processos e fenômenos observáveis, não há consistência para afirmações sobre o que foi analisado e há chance de se incorrer no erro de julgar algo que, na verdade, não corresponde aos fatos.
INFORMAÇÕES DE FUNDO
É importante, antes de analisar acontecimentos relacionados em outros países, entender como as emissões de GEEs vêm ocorrendo no Brasil. Para isso, o relatório do Observatório do Clima (OC-SEEG, 2021) traça um panorama das emissões de GEEs no Brasil de 1970 a 2020 nos diferentes setores da economia.
Os dados apresentados em gráficos e tabelas permitem uma análise anual, por década e setor produtivo, entre outras informações que podem ser trabalhadas matematicamente. Esses dados podem ser aproveitados em discussões nas áreas de ciências naturais e humanas do ensino médio.
PARTICIPAÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS
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A maior parte das emissões de GEEs no Brasil é decorrente direta ou indiretamente de atividades agropecuárias e do desmatamento. Esse dado traz uma informação essencial quanto à forma predominante de geração de GEEs no país, principalmente aos habitantes da cidade de São Paulo, acostumados a um espaço urbanizado e industrializado e a uma enorme frota de veículos. Se compararmos apenas a cidade de São Paulo e suas emissões, esse panorama mudaria? Em caso positivo, as atividades econômicas mais relevantes na emissão de GEEs poderiam ser comparadas às de países industrializados? Essa comparação pode ser feita com informações compartilhadas na plataforma Seeg-Eco, que traz dados referentes ao município de São Paulo.
As possibilidades de qualificação e quantificação por meios matemáticos ampliam os horizontes do entendimento sobre o tema para professores e alunos, permitindo a construção, cada vez maior, de um significado para sua utilidade na compreensão de temas atuais e cotidianos.
Outra informação complementar importante para essa discussão vem dos dados divulgados pelo Instituto Humanitas Unisinos (IHU, 2018), que apontam que o Brasil emitia 46,9 milhões de toneladas de CO2 em 1960 (representando 0,5% do total mundial) e passou a emitir 487,4 milhões de toneladas em 2016 (1,3%). O aumento foi de 10,4 vezes em 56 anos. Assim como o Brasil, proporcionalmente, outros países emergentes tiveram um acréscimo considerável de emissões de GEEs nas últimas décadas, ainda que os três maiores geradores continuem sendo China, Estados Unidos e Índia.
Observar a evolução do gráfico de emissões e quantificar a cada intervalo de tempo (décadas, por exemplo) permite o entendimento da evolução dos padrões de contribuição para o efeito estufa de diferentes nações e do Brasil.
QUANTIFICAR OS GASES SOB
A ÓTICA DA MATEMÁTICA PERMITE
ALIMENTAR TRABALHOS NAS ÁREAS DE CIÊNCIAS (BIOLOGIA, FÍSICA E QUÍMICA),
ASSIM COMO DISCUSSÕES DAS ÁREAS DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA. ALÉM DISSO, AJUDAM A COMPOR OS CONTEÚDOS QUE
SÃO APRESENTADOS EM FÓRUNS, PAINÉIS
E DEMAIS ATIVIDADES PLANEJADAS
MULTIDISCIPLINARMENTE.
LIXO NO MAR: QUANTIFICANDO O TAMANHO DO PROBLEMA
A atividade proposta se inicia com o vídeo “Mancha de lixo do Pacífico é 16 vezes maior que o esperado – 80 mil toneladas flutuam na maior concentração de plástico no mar do planeta”, disponível no site do Recicla Sampa. Qual a estimativa atual da quantidade de lixo nos oceanos? Quais países são os maiores responsáveis por esse resíduo?
O RECICLA SAMPA OFERECE UMA SÉRIE DE CONTEÚDOS
QUE PODEM SER
UTILIZADOS
PARA PROMOVER A REFLEXÃO
SOBRE O LIXO NOS OCEANOS
QUATRO ITENS PLÁSTICOS SÃO RESPONSÁVEIS POR
METADE DO LIXO NOS OCEANOS
SE NADA FOR FEITO, LIXO PLÁSTICO NOS OCEANOS DEVE TRIPLICAR ATÉ 2040
BRASIL ESTÁ ENTRE OS PAÍSES QUE MAIS POLUEM OS OCEANOS
LIXO NAS PRAIAS: UM PROBLEMA QUE TEM SOLUÇÃO
MATEMÁTICA
BAÍA DE GUANABARA: MAIOR CONCENTRAÇÃO DE MICROPLÁSTICOS DO MUNDO
LIXO PLÁSTICO
NO OCEANO VIRA
PARAÍSO DE ESPÉCIES INVASORAS
NOVA TECNOLOGIA RETIRA 100 MIL TONELADAS DE LIXO DO OCEANO
OCEAN CLEANUP BATE RECORDE DE LIXO RETIRADO DOS OCEANOS
NATIONAL GEOGRAPHIC: DADOS E EVIDÊNCIAS SOBRE O LIXO PLÁSTICO
VELEIRO VAI COLETAR PLÁSTICO DO OCEANO E TRANSFORMAR EM ENERGIA
MATTEL PRODUZ BARBIES COM PLÁSTICO RETIRADO DO OCEANO
COM OS DADOS COLETADOS E DISTRIBUÍDOS NO PAINEL, OS ALUNOS PODERÃO VISUALIZAR PONTOS INTERESSANTES SOBRE A LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E A QUANTIDADE DE MATERIAL
DESCARTADO DE CADA UM DOS PRINCIPAIS GERADORES.
DIVERSOS
CONTEÚDOS NA
WEB PERMITEM
UMA LEITURA
DIRETA SOBRE O LIXO
NOS OCEANOS.
AQUI SÃO INDICADOS
ALGUNS DELES
PARA SUBSIDIAR
A DISCUSSÃO:
CHINELOS JOGADOS
NAS PRAIAS VIRAM OBRA DE ARTE
MAR DE PLÁSTICO
MANCHA DE LIXO DO PACÍFICO – DISPOSITIVO INICIA LIMPEZA
SANTO DOMINGO DECLARA ESTADO DE EMERGÊNCIA POR
CAUSA DO LIXO PLÁSTICO
INFORMAÇÕES DE FUNDO
Fazer com que os alunos mergulhem nesse tema é fundamental para que possam entender suas responsabilidades socioambientais com o planeta em que vivem, pois boa parte do lixo que flutua nos oceanos não é produzida nas cidades localizadas em zonas costeiras.
A composição desse resíduo, suas origens (ponto de geração) e o caminho que percorre até o mar indicam que grande parcela do lixo não vem sendo destinada corretamente aos aterros ou sistemas de reciclagem existentes. Existem dados alarmantes quanto à real quantidade de lixo sendo jogado nos mares e viajando pelas correntes oceânicas ao redor do mundo. Atualmente, há cinco grandes ilhas de resíduos, também conhecidas como vórtices de lixo, espalhadas pelos oceanos Pacífico (Giro do Pacífico Norte e Giro do Pacífico Sul), Atlântico (Giro do Atlântico Norte e Giro do Atlântico Sul) e Índico (Giro do Oceano Índico).
A quantidade estimada de plástico flutuando nos oceanos, segundo dados do eCycle, é de 5,25 trilhões de embalagens, pesando em torno de 268.940 toneladas. Caso seja mantida a mesma quantidade de descarte realizada hoje, calcula-se que, em 2050, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos.
Ainda segundo o eCycle, 90% do plástico encontrado nos oceanos vem de dez rios, sendo oito deles da Ásia (Yangtze, Indo, Amarelo, Hai, Ganges, das Pérolas, Amur, Mekong) e dois da África (Nilo e Níger).
Em relação a outros materiais de consulta sobre a poluição decorrente dos plásticos, recomenda-se: 1. o relatório “Solucionar a poluição plástica –transparência e responsabilização”, elaborado pelo WWF (2019), que permite uma discussão aprofundada sobre o tema; 2. o documento “What a waste 2.0: a global snapshot of solid waste management to 2050”, produzido, em 2018, pelo Banco Mundial, em parceria com o WWF. O estudo apresenta dados que mostram o Brasil como o quarto maior produtor de plástico do mundo, atrás apenas de EUA, China e Índia.
Essa constatação leva a pensar quão importante é a implantação de ações e políticas públicas para equacionar a questão. Assim, a abordagem desse tema é de extrema relevância dentro do espaço escolar, sendo o enfoque multidisciplinar a melhor estratégia de aproveitamento para alunos de ensino médio.
A qualificação e quantificação dos dados sobre o lixo no mar dará subsídio às discussões das demais áreas (ciências naturais e humanas), que também poderão desenvolver atividades sobre o tema.
QUALIFICANDO E QUANTIFICANDO A GERAÇÃO DE LIXO: EM QUE CIDADE VOCÊ MORA?
Com base em quatro vídeos disponíveis na plataforma Recicla Sampa listados a seguir, o professor de matemática poderá ajudar os estudantes a entender seus hábitos de consumo e como diminuir os impactos causados por eles.
RECICLÁVEIS X LIXO COMUM
O professor poderá sugerir que os alunos, individualmente ou em grupo, façam por uma semana (ou um mês) a contagem e pesagem do lixo gerado em casa para ter uma ideia do quanto produzem de resíduos por dia e quanto desse lixo é reciclável ou comum.
Com os dados individuais (ou do grupo), eles poderão começar a elaborar uma série de cálculos e estimativas sobre a geração média diária por pessoa e bairro e confrontar as informações com aquelas compartilhadas no site da SP Regula, cobrindo os anos de 2016 a 2020.
Ao longo do tempo, os 3 Rs (reduzir, reciclar e reutilizar) passaram a ser compostos por 5 Rs, acrescentando as ações de repensar e recusar com o intuito de diminuir os padrões de consumo (evitando supérfluos ou compras por impulso, por exemplo). Assim, utilizando as informações coletadas nos experimentos individuais/coletivos, qual porcentagem do lixo gerado poderia ter sido evitada com base nos 5 Rs?
Na plataforma Recicla Sampa você encontra estes e outros exercícios para download, além de materiais de apoio para preparação de aulas sobre o tema.
INFORMAÇÕES DE FUNDO
Ainda que a sociedade esteja cada vez mais tecnológica e as descobertas científicas permitam o avanço em áreas de conhecimento mais elaboradas, oser humano continua dependendo dos recursos naturais finitos do planeta. Os hábitos de consumo seguem pressionando as reservas de bens naturais, e o mau uso desses recursos muitas vezes pode ser associado fazendo-se uma correlação direta com a geração de lixo. Nas últimas décadas, além do crescimento populacional, mesmo com todas as invenções humanas, houve um aumento no nível de consumo e na geração de lixo se comparados às sociedades anteriores.
A animação A História das Coisas, disponível na plataforma da escola digital do governo do Amapá, pode ser utilizada sob a perspectiva de diversas outras disciplinas — aqui auxilia todos no que diz respeito à compreensão dos hábitos de consumo. O vídeo está no YouTube.
COM OS DADOS SOBRE O VOLUME MENSAL DE LIXO QUE VAI PARAR NOS ATERROS, OS ALUNOS PODERÃO CALCULAR
QUANTIDADES SEMANAIS E DIÁRIAS. SE A COLETA SELETIVA
REALIZADA NO MUNICÍPIO FOR DOBRADA OU TRIPLICADA, QUANTO DEIXARÁ DE SER ENCAMINHADO AOS ATERROS?
A evolução do uso/produção de plástico nas últimas décadas e a busca por soluções para diminuir os efeitos ambientais nocivos de seu descarte inadequado têm colocado o material no centro das atenções e se tornado uma preocupante questão de dimensão mundial. O volume de produção, a reciclagem insipiente e o descarte inadequado têm, inclusive, originado imensas “ilhas de plástico” nos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.
Com os dados de produção de plástico existentes e com base na população mundial atual, é possível calcular o consumo por habitante e propor ações de mitigação desse problema ambiental.
Quem são os maiores produtores mundiais de plástico? Quanto do material que produzem é reciclado? Quais são os itens plásticos
Assim, o professor de matemática poderá instrumentalizar os alunos a qualificar e quantificar a questão, tornando os dados importante fonte de debate para essas perguntas e proposição de ações voltadas a soluções.
VÍDEOS AO LADO APRESENTAM DADOS E ESTATÍSTICAS SOBRE A GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM SP
OS
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NO RECICLA SAMPA VOCÊ encontra vídeos e outros conteúdos relacionados aos temas propostos nas atividades.
PESQUISA APONTA QUE 90% DOS BRINQUEDOS DO MUNDO SÃO FEITOS DE PLÁSTICOS
CIENTISTAS ENCONTRAM MICROPLÁSTICOS EM FRUTAS E LEGUMES
QUENIANO CONSTRÓI VELEIRO COM PLÁSTICOS COLETADOS NO MAR
PINGUINS DA ANTÁRTICA JÁ POSSUEM MICROPLÁSTICO NO ORGANISMO
SÃO PAULO PROÍBE FORNECIMENTO DE PRODUTOS DESCARTÁVEIS DE PLÁSTICO
VÍDEO MOSTRA GARRAFA DE PLÁSTICO SE DECOMPONDO EM TEMPO REAL
MÉDICO RECICLA TAMPAS DE PLÁSTICO PARA ALIMENTAR CRIANÇAS CARENTES
BRASIL RECICLA QUASE 25% DO LIXO PLÁSTICO, MAS AINDA É POUCO
FATOS E ESTATÍSTICAS SOBRE A RECICLAGEM DE PLÁSTICO
Mais dados sobre a produção de plástico podem ser acessados no WWF –World Wildlife Fund.
Outros sobre os diferentes tipos do material e as possibilidades de reciclagem podem ser encontrados no site da Recicloteca (link nesta página)
No endereço eletrônico da Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast) existem algumas publicações que o professor poderá utilizar em sala de aula das quais selecionamos três:
> CARTILHA DE RECICLABILIDADE DE MATERIAIS PLÁSTICOS PÓS-CONSUMO
> EBOOK – PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE RECICLAGEM DE PLÁSTICO
> ECONOMIA CIRCULAR
São inúmeras as abordagens que podem ser exploradas por professores e alunos de modo a quantificar, comparar e estimar a geração, durabilidade e reciclagem do plástico com os dados disponíveis nas fontes citadas.
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É essencial analisar de onde vem o plástico, como ele é produzido, quais os diferentes tipos do material, quais podem, ou não, ser reciclados e como isso ocorre. Muitas dessas informações podem ser obtidas no site da Recicloteca. É imprescindível que as pessoas deixem de pensar que todo plástico é igual e entendam a problemática de não o reciclar e sua permanência no ambiente, além de compreender como se dá o processo de degradação. O vídeo “Os caminhos do plástico”, na plataforma Recicla Sampa, é uma ferramenta interessante para ser explorada, assim como os da central de triagem e a reportagem intitulada “Vídeo mostra garrafa de plástico se decompondo em tempo real”, que conta a experiência da maior live streaming já produzida (calcula-se que ela durará 450 anos) para dar a ideia de quanto tempo esse material, se descartado erroneamente, vai interferir nos recursos naturais do planeta.
QUANTIFICANDO A “PEGADA ECOLÓGICA” DOS ALUNOS
A pegada ecológica (ecological footprint, em inglês) é um método que avalia os padrões de consumo de uma pessoa, cidade ou país e a capacidade ecológica da Terra. Isso quer dizer que, analisando a pegada ecológica, é possível perceber se o planeta suporta ou não o estilo de vida que o ser humano leva. O termo foi primeiramente usado em 1992, por William Rees, ecologista e professor canadense da universidade de British Columbia. Em 1995, Rees e o coautor Mathis Wackernagel publicaram o livro Our Ecological Footprint: Reducing Human Impact on the Earth.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolveu a cartilha Pegada Ecológica – Qual É a Sua?, que explica como surgiu essa preocupação e quais suas bases de cálculo. Na web é possível acessar a cartilha e realizar em classe um experimento para que professor e estudantes vejam como os hábitos de consumo de cada um podem impactar, mais ou menos, os recursos do planeta.
A cartilha apresenta um questionário e os valores a serem aplicados para cada resposta, a fim de quantificar o impacto — um exercício fácil e muito elucidativo para entender quais hábitos são mais danosos ao planeta. Existem variações em relação ao questionário e ao tipo de resposta, mas o objetivo é sempre o mesmo: medir o impacto que os hábitos de consumo individuais causam à Terra. Outra fonte, o WWF, dispõe de uma série de publicações e uma versão on-line do questionário, além da calculadora de pegada ecológica.
Com base nesses cálculos, o professor terá à disposição conteúdos que devem ser abordados sob óticas distintas, uma vez que a questão do consumo envolve aspectos sociais, econômicos e culturais que precisam ser discutidos para que se perceba o quanto, atualmente, determinados comportamentos induzem ao consumismo como forma de status. Nesse sentido, torna-se relevante trazer para o debate coletivo aspectos do ser e do ter para que as pessoas não associem o consumo e a posse de bens a um parâmetro primordial de felicidade, afinal a maioria dos recursos naturais é finita.
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As sete questões a seguir ajudam a balizar as discussões a serem desenvolvidas nessa atividade.
1. COMO SE CALCULA A PEGADA ECOLÓGICA?
A pegada ecológica mede a quantidade de terra biologicamente produtiva e área aquática necessárias para produzir os recursos que um indivíduo, população ou atividade consome para absorver os resíduos que gera, considerando a tecnologia e o gerenciamento de recursos prevalecentes.
A área é expressa em hectares globais (hectares com produtividade biológica na média mundial). Os cálculos da pegada usam fatores de rendimento para normalizar a produtividade biológica de países com as médias mundiais (por exemplo, comparação de toneladas de trigo por hectare no Reino Unido versus a média mundial por hectare) e fatores de equivalência para levar em consideração as diferenças de produtividade média mundial entre tipos de terra (por exemplo, média mundial para florestas versus média mundial para áreas de cultivo).
Os resultados da pegada e da biocapacidade para os países são calculados anualmente pela Global Footprint Network (Rede Global da Pegada Ecológica, em tradução livre). Colaborações com governos nacionais são incentivadas e servem para aprimorar os dados e a metodologia utilizada para os balanços da pegada ecológica. Até a presente data, a Suíça completou uma revisão, e Bélgica, Equador, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Japão e EUA revisaram parcialmente ou estão revisando seus balanços. O desenvolvimento metodológico contínuo dos balanços de pegadas nacionais é supervisionado por um comitê formal de revisão. Uma publicação detalhada sobre métodos e cópias de modelos de planilhas de cálculos pode ser encontrada no site footprintnetwork.org.
As análises de pegadas podem ser conduzidas em qualquer escala. Há o reconhecimento crescente da necessidade de padronizar aplicações subnacionais da pegada para aumentar a comparabilidade entre estudos em diferentes locais e anos. Atualmente, os métodos e abordagens para calcular a pegada de municípios, organizações e produtos estão sendo alinhados por meio de uma iniciativa global de padrões de pegada ecológica. Para mais informações a respeito, consulte: footprintstandards.org.
2. O QUE A PEGADA ECOLÓGICA INCLUI? O QUE EXCLUI?
Para evitar o exagero da demanda humana sobre a natureza, a pegada ecológica inclui somente aspectos do consumo de recursos e da produção de resíduos para os quais a Terra tem capacidade regenerativa, e onde existam dados que permitam que essa demanda seja expressa em termos de área produtiva. Por exemplo, descargas tóxicas não são contabilizadas em balanços de pegada ecológica, tampouco a captação de água doce, apesar de a energia usada para bombear ou tratar a água ser incluída. Os balanços de pegada ecológica fornecem dados instantâneos da demanda e oferta de recursos no passado, no entanto, não preveem o futuro. Assim, ainda que a pegada não estime perdas futuras causadas pela degradação atual dos ecossistemas, se esse fenômeno persistir, poderá ser refletido em balanços posteriores como uma redução na biocapacidade. Os balanços de pegada ecológica também indicam a intensidade com que uma área biologicamente produtiva está sendo utilizada. Por ser uma medida biofísica, porém, não avalia as dimensões sociais e econômicas essenciais da sustentabilidade.
3. COMO O COMÉRCIO INTERNACIONAL É LEVADO EM CONSIDERAÇÃO?
Os balanços nacionais calculam a pegada ecológica relacionada ao consumo total de cada país somando a pegada das importações e sua produção e subtraindo a das exportações. Isso significa que o uso de recursos e as emissões relacionadas à produção de um carro fabricado no Japão, mas vendido e utilizado na Índia, contribuirão mais para a pegada de consumo da Índia do que para a do Japão. As pegadas de consumo nacionais podem ser distorcidas quando os recursos utilizados e os resíduos gerados na manufatura de produtos para exportação não são bem documentados. De modo geral, as imprecisões mencionadas podem afetar significativamente as estimativas de pegada para países em que o fluxo de comércio é intenso em comparação com o consumo total. Entretanto, isso não afeta a pegada total global.4. COMO A PEGADA ECOLÓGICA CONTABILIZA
IMPORTANTE: TRAZER PARA O DEBATE ASPECTOS DO
4. COMO A PEGADA ECOLÓGICA CONTABILIZA O USO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS?
Combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural são extraídos da crosta terrestre e não são renováveis em lapsos de tempo ecológicos. Quando esses combustíveis queimam, emitem dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera. Esse gás pode ser armazenado de duas maneiras: com o sequestro das emissões por meio de tecnologia humana, como injeções em poços profundos, ou o sequestro natural. Este último ocorre quando os ecossistemas absorvem CO2 e o armazenam na forma de biomassa, como as árvores, ou no solo. A pegada de carbono (carbon footprint, em inglês) é calculada estimando-se a quantidade de sequestro natural que seria necessária para manter uma concentração constante de CO2 na atmosfera. Depois de subtrair a quantidade de CO2 absorvida pelos oceanos, os balanços de pegada ecológica calculam a área necessária para absorver e reter o carbono remanescente com base na taxa média de sequestro das florestas de todo o mundo. O CO2 sequestrado por meios artificiais também seria subtraído da pegada ecológica total, mas atualmente essa quantidade não é significativa. Em 2007, um hectare global era capaz de absorver o CO2 liberado pela queima de aproximadamente 1.450 litros de gasolina.
Expressar emissões de CO2 em termos de uma área bioprodutiva equivalente não implica que o sequestro de carbono em biomassa seja a chave para a solução das mudanças climáticas. Pelo contrário, mostra que a biosfera não tem capacidade suficiente para amortizar as atuais taxas de emissões antropogênicas de CO2. A contribuição das emissões de CO2 para a pegada ecológica total está fundamentada em uma estimativa das produtividades florestais médias mundiais, contudo, essa capacidade de sequestro pode mudar ao longo do tempo.
Conforme as florestas amadurecem, suas taxas de sequestro de CO2 tendem
EMISSÕES DE CARBONO DE FONTES DE ENERGIA
LIMPA SÃO INCORPORADAS
AOS BALANÇOS NACIONAIS DE PEGADA ECOLÓGICA EM NÍVEL GLOBAL.
a decrescer. Caso sejam degradadas ou desmatadas, podem se tornar emissoras líquidas de CO2. As emissões de carbono de fontes que não sejam as queimas de combustíveis fósseis são incorporadas aos balanços nacionais de pegada ecológica em nível global e incluem emissões fugitivas da queima de gás durante a produção de petróleo e gás natural, o carbono liberado por reações químicas na produção de cimento e as emissões das queimadas em florestas tropicais.5. A PEGADA ECOLÓGICA LEVA OUTRAS ESPÉCIES EM
5. A PEGADA ECOLÓGICA LEVA OUTRAS ESPÉCIES EM CONSIDERAÇÃO?
A pegada ecológica compara a demanda humana sobre a natureza com a capacidade da natureza de atender a essa demanda. Portanto, serve como um indicador da pressão humana sobre ecossistemas locais e globais. Em 2007, a demanda da humanidade excedeu a taxa de regeneração da biosfera em mais de 50%. Essa sobrecarga pode causar a saturação dos sumidouros de resíduos e o esgotamento dos ecossistemas, gerando impacto negativo sobre a biodiversidade. Entretanto, a pegada não mede este impacto diretamente, tampouco especifica o índice de redução da sobrecarga para evitá-lo.6. A
6. A PEGADA ECOLÓGICA DEFINE O QUE É UM USO “JUSTO” OU “IGUALITÁRIO” DOS RECURSOS?
A pegada ecológica documenta o que aconteceu no passado. Pode descrever quantitativamente os recursos usados por um indivíduo ou uma população, mas não estabelece o que deveriam utilizar. A distribuição de recursos é uma questão de políticas públicas, baseada em crenças da sociedade sobre o que é ou não igualitário. Apesar de a contabilização da pegada ser capaz de determinar a biocapacidade média disponível per capita, ela não estipula como essa biocapacidade deveria ser distribuída entre indivíduos ou países. Ainda assim, oferece amplo contexto para essas discussões.
7. QUAL É A RELEVÂNCIA DA PEGADA ECOLÓGICA, JÁ QUE A OFERTA DE RECURSOS RENOVÁVEIS PODE SER AUMENTADA E OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS PODEM DESACELERAR O ESGOTAMENTO DOS RECURSOS NÃO RENOVÁVEIS?
A pegada ecológica mede o estado atual do uso dos recursos e da geração de resíduos. Ela questiona: em determinado ano, as demandas humanas sobre os ecossistemas excedem a capacidade dos ecossistemas de atendê-las?
A análise da pegada reflete tanto aumentos na produtividade dos recursos renováveis como inovações tecnológicas (por exemplo, se a indústria de papel dobrar a eficiência geral da produção, a pegada por tonelada de papel será reduzida pela metade). Os balanços de pegada ecológica capturam essas mudanças assim que ocorrem e podem determinar até que ponto essas inovações foram bem-sucedidas em restringir a demanda humana aos limites da capacidade dos ecossistemas do planeta. Se houver crescimento suficiente na oferta ecológica e redução na demanda humana em virtude de avanços tecnológicos ou outros fatores, os balanços vão retratar como eliminação da sobrecarga global.
Para obter mais informações sobre a metodologia atual, fontes de dados, princípios e resultados da pegada ecológica, visite: footprintnetwork.org