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QUANTIFICANDO A “PEGADA ECOLÓGICA” DOS ALUNOS

A pegada ecológica (ecological footprint, em inglês) é um método que avalia os padrões de consumo de uma pessoa, cidade ou país e a capacidade ecológica da Terra. Isso quer dizer que, analisando a pegada ecológica, é possível perceber se o planeta suporta ou não o estilo de vida que o ser humano leva. O termo foi primeiramente usado em 1992, por William Rees, ecologista e professor canadense da universidade de British Columbia. Em 1995, Rees e o coautor Mathis Wackernagel publicaram o livro Our Ecological Footprint: Reducing Human Impact on the Earth.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolveu a cartilha Pegada Ecológica – Qual É a Sua?, que explica como surgiu essa preocupação e quais suas bases de cálculo. Na web é possível acessar a cartilha e realizar em classe um experimento para que professor e estudantes vejam como os hábitos de consumo de cada um podem impactar, mais ou menos, os recursos do planeta.

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A cartilha apresenta um questionário e os valores a serem aplicados para cada resposta, a fim de quantificar o impacto — um exercício fácil e muito elucidativo para entender quais hábitos são mais danosos ao planeta. Existem variações em relação ao questionário e ao tipo de resposta, mas o objetivo é sempre o mesmo: medir o impacto que os hábitos de consumo individuais causam à Terra. Outra fonte, o WWF, dispõe de uma série de publicações e uma versão on-line do questionário, além da calculadora de pegada ecológica.

Com base nesses cálculos, o professor terá à disposição conteúdos que devem ser abordados sob óticas distintas, uma vez que a questão do consumo envolve aspectos sociais, econômicos e culturais que precisam ser discutidos para que se perceba o quanto, atualmente, determinados comportamentos induzem ao consumismo como forma de status. Nesse sentido, torna-se relevante trazer para o debate coletivo aspectos do ser e do ter para que as pessoas não associem o consumo e a posse de bens a um parâmetro primordial de felicidade, afinal a maioria dos recursos naturais é finita.

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As sete questões a seguir ajudam a balizar as discussões a serem desenvolvidas nessa atividade.

1. COMO SE CALCULA A PEGADA ECOLÓGICA?

A pegada ecológica mede a quantidade de terra biologicamente produtiva e área aquática necessárias para produzir os recursos que um indivíduo, população ou atividade consome para absorver os resíduos que gera, considerando a tecnologia e o gerenciamento de recursos prevalecentes.

A área é expressa em hectares globais (hectares com produtividade biológica na média mundial). Os cálculos da pegada usam fatores de rendimento para normalizar a produtividade biológica de países com as médias mundiais (por exemplo, comparação de toneladas de trigo por hectare no Reino Unido versus a média mundial por hectare) e fatores de equivalência para levar em consideração as diferenças de produtividade média mundial entre tipos de terra (por exemplo, média mundial para florestas versus média mundial para áreas de cultivo).

Os resultados da pegada e da biocapacidade para os países são calculados anualmente pela Global Footprint Network (Rede Global da Pegada Ecológica, em tradução livre). Colaborações com governos nacionais são incentivadas e servem para aprimorar os dados e a metodologia utilizada para os balanços da pegada ecológica. Até a presente data, a Suíça completou uma revisão, e Bélgica, Equador, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Japão e EUA revisaram parcialmente ou estão revisando seus balanços. O desenvolvimento metodológico contínuo dos balanços de pegadas nacionais é supervisionado por um comitê formal de revisão. Uma publicação detalhada sobre métodos e cópias de modelos de planilhas de cálculos pode ser encontrada no site footprintnetwork.org.

As análises de pegadas podem ser conduzidas em qualquer escala. Há o reconhecimento crescente da necessidade de padronizar aplicações subnacionais da pegada para aumentar a comparabilidade entre estudos em diferentes locais e anos. Atualmente, os métodos e abordagens para calcular a pegada de municípios, organizações e produtos estão sendo alinhados por meio de uma iniciativa global de padrões de pegada ecológica. Para mais informações a respeito, consulte: footprintstandards.org.

2. O QUE A PEGADA ECOLÓGICA INCLUI? O QUE EXCLUI?

Para evitar o exagero da demanda humana sobre a natureza, a pegada ecológica inclui somente aspectos do consumo de recursos e da produção de resíduos para os quais a Terra tem capacidade regenerativa, e onde existam dados que permitam que essa demanda seja expressa em termos de área produtiva. Por exemplo, descargas tóxicas não são contabilizadas em balanços de pegada ecológica, tampouco a captação de água doce, apesar de a energia usada para bombear ou tratar a água ser incluída. Os balanços de pegada ecológica fornecem dados instantâneos da demanda e oferta de recursos no passado, no entanto, não preveem o futuro. Assim, ainda que a pegada não estime perdas futuras causadas pela degradação atual dos ecossistemas, se esse fenômeno persistir, poderá ser refletido em balanços posteriores como uma redução na biocapacidade. Os balanços de pegada ecológica também indicam a intensidade com que uma área biologicamente produtiva está sendo utilizada. Por ser uma medida biofísica, porém, não avalia as dimensões sociais e econômicas essenciais da sustentabilidade.

3. COMO O COMÉRCIO INTERNACIONAL É LEVADO EM CONSIDERAÇÃO?

Os balanços nacionais calculam a pegada ecológica relacionada ao consumo total de cada país somando a pegada das importações e sua produção e subtraindo a das exportações. Isso significa que o uso de recursos e as emissões relacionadas à produção de um carro fabricado no Japão, mas vendido e utilizado na Índia, contribuirão mais para a pegada de consumo da Índia do que para a do Japão. As pegadas de consumo nacionais podem ser distorcidas quando os recursos utilizados e os resíduos gerados na manufatura de produtos para exportação não são bem documentados. De modo geral, as imprecisões mencionadas podem afetar significativamente as estimativas de pegada para países em que o fluxo de comércio é intenso em comparação com o consumo total. Entretanto, isso não afeta a pegada total global.4. COMO A PEGADA ECOLÓGICA CONTABILIZA

IMPORTANTE: TRAZER PARA O DEBATE ASPECTOS DO

4. COMO A PEGADA ECOLÓGICA CONTABILIZA O USO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS?

Combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural são extraídos da crosta terrestre e não são renováveis em lapsos de tempo ecológicos. Quando esses combustíveis queimam, emitem dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera. Esse gás pode ser armazenado de duas maneiras: com o sequestro das emissões por meio de tecnologia humana, como injeções em poços profundos, ou o sequestro natural. Este último ocorre quando os ecossistemas absorvem CO2 e o armazenam na forma de biomassa, como as árvores, ou no solo. A pegada de carbono (carbon footprint, em inglês) é calculada estimando-se a quantidade de sequestro natural que seria necessária para manter uma concentração constante de CO2 na atmosfera. Depois de subtrair a quantidade de CO2 absorvida pelos oceanos, os balanços de pegada ecológica calculam a área necessária para absorver e reter o carbono remanescente com base na taxa média de sequestro das florestas de todo o mundo. O CO2 sequestrado por meios artificiais também seria subtraído da pegada ecológica total, mas atualmente essa quantidade não é significativa. Em 2007, um hectare global era capaz de absorver o CO2 liberado pela queima de aproximadamente 1.450 litros de gasolina.

Expressar emissões de CO2 em termos de uma área bioprodutiva equivalente não implica que o sequestro de carbono em biomassa seja a chave para a solução das mudanças climáticas. Pelo contrário, mostra que a biosfera não tem capacidade suficiente para amortizar as atuais taxas de emissões antropogênicas de CO2. A contribuição das emissões de CO2 para a pegada ecológica total está fundamentada em uma estimativa das produtividades florestais médias mundiais, contudo, essa capacidade de sequestro pode mudar ao longo do tempo.

Conforme as florestas amadurecem, suas taxas de sequestro de CO2 tendem

Emiss Es De Carbono De Fontes De Energia

LIMPA SÃO INCORPORADAS a decrescer. Caso sejam degradadas ou desmatadas, podem se tornar emissoras líquidas de CO2. As emissões de carbono de fontes que não sejam as queimas de combustíveis fósseis são incorporadas aos balanços nacionais de pegada ecológica em nível global e incluem emissões fugitivas da queima de gás durante a produção de petróleo e gás natural, o carbono liberado por reações químicas na produção de cimento e as emissões das queimadas em florestas tropicais.5. A PEGADA ECOLÓGICA LEVA OUTRAS ESPÉCIES EM

AOS BALANÇOS NACIONAIS DE PEGADA ECOLÓGICA EM NÍVEL GLOBAL.

5. A PEGADA ECOLÓGICA LEVA OUTRAS ESPÉCIES EM CONSIDERAÇÃO?

A pegada ecológica compara a demanda humana sobre a natureza com a capacidade da natureza de atender a essa demanda. Portanto, serve como um indicador da pressão humana sobre ecossistemas locais e globais. Em 2007, a demanda da humanidade excedeu a taxa de regeneração da biosfera em mais de 50%. Essa sobrecarga pode causar a saturação dos sumidouros de resíduos e o esgotamento dos ecossistemas, gerando impacto negativo sobre a biodiversidade. Entretanto, a pegada não mede este impacto diretamente, tampouco especifica o índice de redução da sobrecarga para evitá-lo.6. A

6. A PEGADA ECOLÓGICA DEFINE O QUE É UM USO “JUSTO” OU “IGUALITÁRIO” DOS RECURSOS?

A pegada ecológica documenta o que aconteceu no passado. Pode descrever quantitativamente os recursos usados por um indivíduo ou uma população, mas não estabelece o que deveriam utilizar. A distribuição de recursos é uma questão de políticas públicas, baseada em crenças da sociedade sobre o que é ou não igualitário. Apesar de a contabilização da pegada ser capaz de determinar a biocapacidade média disponível per capita, ela não estipula como essa biocapacidade deveria ser distribuída entre indivíduos ou países. Ainda assim, oferece amplo contexto para essas discussões.

7. QUAL É A RELEVÂNCIA DA PEGADA ECOLÓGICA, JÁ QUE A OFERTA DE RECURSOS RENOVÁVEIS PODE SER AUMENTADA E OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS PODEM DESACELERAR O ESGOTAMENTO DOS RECURSOS NÃO RENOVÁVEIS?

A pegada ecológica mede o estado atual do uso dos recursos e da geração de resíduos. Ela questiona: em determinado ano, as demandas humanas sobre os ecossistemas excedem a capacidade dos ecossistemas de atendê-las?

A análise da pegada reflete tanto aumentos na produtividade dos recursos renováveis como inovações tecnológicas (por exemplo, se a indústria de papel dobrar a eficiência geral da produção, a pegada por tonelada de papel será reduzida pela metade). Os balanços de pegada ecológica capturam essas mudanças assim que ocorrem e podem determinar até que ponto essas inovações foram bem-sucedidas em restringir a demanda humana aos limites da capacidade dos ecossistemas do planeta. Se houver crescimento suficiente na oferta ecológica e redução na demanda humana em virtude de avanços tecnológicos ou outros fatores, os balanços vão retratar como eliminação da sobrecarga global.

Para obter mais informações sobre a metodologia atual, fontes de dados, princípios e resultados da pegada ecológica, visite: footprintnetwork.org

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