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REAVIVANDO A CHAMA RESGATAR, GUARDAR E PROPAGAR A

Identidade Da Rcc Para Que O Mundo

Seja Batizado No Esp Rito Santo

1-INTRODUÇÃO

Ao longo destes três anos o Senhor nos fez mergulhar na sua graça através de três verbos tão significativos para esse tempo. A reflexão de cada um deles sendo feita anualmente trouxe para os nossos grupos de oração uma visão nova da vontade de Deus para todo o Movimento Eclesial da RCC.

Poderíamos dizer que o Espírito Santo apenas quis nos relembrar, de uma maneira nova, de coisas consideradas essenciais na nossa caminhada para que a alegria de servir a Deus continuasse plena em nossos corações.

E sabemos como é importante estarmos cheios do amor de Deus para vivenciar tudo que Deus tem nos falado neste tempo. Um tempo tão cheio de lutas, provações, tibieza e tantas outras realidades, mas o Espírito Santo sempre vem em auxílio daqueles que o clamam. Por isso, é tão importante dizermos a qualquer momento: “VEM ESPÍRITO SANTO!” Ele vem, não tenha dúvida!

2- RESGATAR A IDENTIDADE DA RCC

Assim fala o Senhor: “Sustai vossos passos e escutai; informai-vos sobre os caminhos de outrora, vede qual a senda da salvação; segui-a, e encontrareis a quietude para as vossas almas” (cf. Jr 6,16).

Quando o Senhor, em 2020, nos fez refletirmos sobre o verbo “RESGATAR”, não sabíamos nós quantas coisas havíamos deixado no meio do caminho ou à beira do caminho. Porém, cada vez em que ouvíamos esse verbo ressoando em nossos ouvidos, ou talvez saltando aos nossos olhos, um sentimento até mesmo de vergonha de Deus possa ter estado em nosso meio. Mas, ao mesmo tempo, como olhar para trás nos fez perceber que precisávamos voltar urgentemente para a fonte de água viva, que nos faltava pedir de uma maneira nova o Batismo no Espírito Santo! Foi intenso e desafiador viver o início de uma pandemia refletindo sobre o que precisávamos resgatar dentro da nossa vida carismática, que abrange todos os aspectos da nossa vida enquanto ser humano. Olhávamos para o mundo e percebíamos que tudo precisou parar, os pés foram sustados — como nos diz Jeremias na passagem citada anteriormente —, para entendermos de maneira clara. O Senhor quer falar, o Senhor quer resgatar as experiências de inteira dependência d’Ele, de voltarmos a consultá-Lo para sermos melhor direcionados. A vida de oração não era mais a mesma, o fervor espiritual, a alegria de servir precisava ser resgatada, ou seja, era hora de retomar o carisma original ao qual fomos chamados enquanto Igreja.

Quando falamos em voltar ao carisma original, poderíamos nos perguntar: “quando foi que perdemos esse carisma? Isso vale para todos?”

Cabe a você, enquanto servo de um Grupo de Oração, parar e ressignificar como anda a evangelização em suas Reuniões de Oração. Temos conduzido o nosso povo para vivenciar um louvor fecundo? Como a Palavra de Deus tem sido anunciada? Temos visto corações curados, restaurados pelo poder do Espírito, através do Batismo no Espírito Santo? As pessoas que chegam aos nossos grupos têm sido bem acolhidas, amadas? Sabemos que cada uma delas vai ao grupo de oração muito mais para serem amadas do que mudadas. Portanto, é importante perceber que a transformação pessoal de vida é iniciativa do Espírito Santo. A nós, cabe amar, acolher, respeitar, considerar, escutar, evangelizar, promover.

O nosso querido São João Paulo II, em seu papado, escreveu uma exortação à RCC, ainda nos idos de 1980, nos alertando dos perigos que eventualmente, em algumas situações, de fato vimos acontecer, tais como, a busca desmedida do espetacular e do extraordinário; o ceder a interpretações apressadas e desviadas da Escritura; um debruçar-se sobre si mesmo que foge do compromisso apostólico, a complacência narcisista que se isola e se fecha. Portanto, ao pensar em resgatar, foi nos lembrado sobre voltar aos trilhos, ou seja, voltarmos à senda da salvação (cf. Jr 6,16).

Uma das coisas muito importantes, ao longo de 2020, foi perceber como os Grupos de Oração despertaram para uma experiência renovada da vida no Espírito. Sabemos que, sem esse caminho espiritual, podemos ficar no meio da estrada, à mercê dos lobos, correndo o risco de sermos devorados pela cultura secular, pela apostasia, pela tibieza, que se tornou um dos maiores perigos do homem moderno. Para isso, o resgaste da vida de oração pessoal, o uso dos carismas vieram como uma força sobrenatural para fortalecer aqueles que poderiam estar acabrunhados e os fez servos da boa hora, os verdadeiros sentinelas da casa de Israel.

Portanto, resgatar a identidade da RCC, para cada um de nós, foi um olhar para trás e humildemente reconhecer nossas limitações, omissões, desobediência, falta de escuta, fragilidade nas relações fraternas e pedir perdão a Deus, reconhecendo que não somos donos da Obra, mas que ela pertence ao Senhor, Ele é soberano sobre todas as coisas. E, a partir daí, passamos a clamar um novo Pentecostes para nós mesmos e para cada grupo de oração do qual participamos, pois como nos diz Jo 15,5b : “Porque sem mim nada podeis fazer”.

3- GUARDAR A IDENTIDADE DA RCC

“Filho do homem, eu te constituí sentinela na casa de Israel” (cf. Ez 33,7a).

Uma palavra forte que foi semeada em nosso coração foi a de Ezequiel 33. Fomos convocados a ser SENTINELAS na casa de Israel, ou seja, Deus convocou homens e mulheres a serem guardiões da Corrente de Graça chamada Renovação Carismática Católica.

Mas o que seria ser uma sentinela, ficar de sentinela?

• Ficar atento para evitar surpresas vindas do inimigo;

• Estar submisso ao seu superior executando todas as suas ordens;

• Estar sempre em alerta;

• Numa linguagem carismática, ser sentinela seria ser aquele a assumir seu posto, zelando por ele, guardando e protegendo atentamente o povo de Deus, para que o inimigo não venha a atacar de maneira covarde ao anoitecer.

Portanto, sentinela é aquele que guarda, vigia, protege, 24h por dia, os filhos de Deus para que não se percam, nem se desviem do caminho, da sua identidade. Por isso, se faz importante lembrar o que Deus disse a Josué: “não desvie teu olhar nem para direita, nem para esquerda, para que sejas feliz” (cf. Js 1,7b).

No ano de 2021, fomos convidados a sermos GUARDIÕES da nossa identidade para que nada venha ofuscar a vontade de Deus e o mundo seja batizado no Espírito Santo. Foi um ano de muitas partilhas, pois muitos poderiam entender esse “guardar” como reter, mas, na verdade, o GUARDAR seria preservar, conservar, não perder o foco da vontade de Deus, tendo em vista as variadas ações que nossos grupos de orações têm realizado anualmente. Ainda meio tímidos na modalidade presencial, fomos avançando com nossas atividades de modo a garantir, em cada Reunião de Oração, na aplicação do módulo básico, nas formações específicas, a graça do batismo no Espírito Santo.

Então, nos foi feita a seguinte reflexão:

O que preciso guardar, conservar em minha vida pessoal como um carismático batizado no Espírito Santo? Imediatamente temos a resposta:

• O louvor sincero e espontâneo;

• Um genuíno batismo no Espírito Santo;

• Uma intimidade com o Senhor de forma fecunda;

• Uma entrega absoluta de si mesmo a Deus;

• Sede de santidade e integridade de vida;

• A alegria de orar com a Palavra;

• Uma vida sacramental fiel;

• A fidelidade ao Grupo de Oração.

Muitas atitudes podem nos levar a ser um bom servo, segundo o coração de Deus, basta que tenhamos a convicção do nosso chamado, da nossa eleição enquanto filho amado de Deus. Jesus é aquele que, todos os dias, nos convida a renovar nossa aliança com Ele. Seu amor é profundo por cada um de nós. Conservar esse amor é nossa missão, nosso combustível espiritual para prosseguir decididamente.

São Paulo é para nós um modelo de entrega, confiança, doação e, acima de tudo, um exemplo de guardião do depósito da Fé. Sua experiência foi única com o Senhor, por isso foi tão transformadora na sua vida e isso faz uma grande diferença na vida de qualquer pessoa que vive um encontro pessoal com Jesus.

Em nossa caminhada nem sempre teremos um Ananias para vir ao nosso encontro, para orar conosco e escutar a Deus para o nosso crescimento espiritual, por isso precisamos conservar de uma maneira firme e fiel nossas práticas espirituais e, com isso, estabelecermos uma relação de amizade com Deus para que assim possamos ser um testemunho vivo de que é possível ser um servo bom e fiel que agrada o coração de Deus, pois Ele é Senhor de todas as coisas.

Uma RCC que guarda sua identidade é um Movimento que apresenta maturidade eclesial. Assim já nos confirmava o saudoso Papa São João Paulo II: “O amor pela Igreja e a adesão ao seu magistério, num caminho de amadurecimento eclesial sustentado por uma sólida formação permanente, constituem sinais eloquentes do vosso empenho em ordem a evitar o perigo de promover, sem o desejar, uma experiência divina exclusivamente a nível emocional, uma busca exagerada do “extraordinário” e um egoísmo intimista que evita o compromisso apostólico” (cf. livro “Eu te constituí Sentinela na casa de Israel”, pág. 79).

O grande filósofo Aristóteles, revisitado posteriormente por Santo Tomás de Aquino, nos ensina que a virtude está no meio e que ambos os extremos são vícios. Portanto, o caminho justo é o caminho da centralidade, do foco naquilo que é essencial em detrimento de tantos acessórios (excessos ou mesmo defeitos) que se nos apresentam à direita e à esquerda.

É hora de olhar para dentro de si e fazer, de maneira corajosa, uma autoavaliação de forma crítica, para que alcancemos o diagnóstico certo que nos leve a um grau maior de maturidade humana e eclesial. Assim teremos um povo bem