REVISTA PARALELO MUNDI

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SIMPATIA

NORUEGUESA REPORTER: Vanessa Martins

FOTOS: Amanda Albuquerque

SITE: www.paralelomundi.com

BIG BANG no Bolshoi Pub No último sábado (02) a atração do Bolshoi Pub foi a banda norueguesa BigBang. O grupo já tem quase 20 anos de música e é uma das maiores bandas de sua terra nórdica natal. Três LPs, um DVD e dez CDs integram a discografia dessa banda que está começando a formar seu público brasileiro.

A primeira vez que o trio esteve em Goiânia foi durante o Goiânia Noise do ano passado, como uma das principais atrações de sexta. Seis meses depois, aqui estão eles, subindo no palco do Bolshoi! Oystein Greni na guitarra e vocais, Olaf Olsen na bateria e Nikolai Eilertsen no baixo, senhoras e senhores. O show começou por volta da 0h15 com um probleminha técnico. Os músicos saíram, mas voltaram poucos minutos depois ainda mais aplaudidos pelo público. O vocalista, Oysten, estava descalço e se desculpou pela falta de sapatos. “Roubaram o carro de um amigo meu enquanto a gente surfava no Rio de Janeiro e perdi meus sapatos”, contou no palco. Detalhes de lado, desde o início do show o grupo foi muito simpático, dialogando sempre com o público. As influências de folk e musica setentista são evidentes nas canções da banda, que ainda assim tem um som muito próprio, variando entre músicas animadas e reflexivas durante a apresentação. O set list foi baseado no CD “To the Mountains”, que é um agrupamento das melhores do grupo, lançado especialmente para nós, brasileiros. Uma das músicas que mais animou o público foi “Call Me”, que Oysten dedicou aos apaixonados. “Wild Bird” também foi uma das mais queridas pelos presentes e dedicada às inspiradoras árvores brasileiras. Sempre conversando e interagindo, Oysten contou a história de algumas músicas. “Isabel”, por exemplo, com um tom mais calmo e triste, foi composta em homenagem a avó do vocalista. Em “New Wom-

an” ele explicou que, ao escrever a letra procurava uma pessoa nova que pode nem existir, mas que chegou à conclusão de que ainda estava ligado a um antigo amor. No solo dessa música, Oysten pulou com guitarra e tudo no público, surpreendendo a todos. Depois de uma hora de show e de agradecer o público, o trio saiu. Porém, atendendo a pedidos, voltou para mais duas músicas. Ao verdadeiro final, os três desceram para tirar fotos com os mais novos fãs brasileiros e autografar os CDs. Sem dúvida BigBang está crescendo por aqui, formando sua base de fãs com shows em São Paulo, Rio de Janeiro e, principalmente, nossa Goiânia rock city. O público saiu muito satisfeito, dava pra notar os corpos que dançavam e curtiam pelo salão quase cheio do Pub, sem falar na fila que se formou de pessoas querendo comprar o CD e tirar fotos com o trio. Depois de toda essa festa a equipe do Paralelo Mundi conseguiu um bate papo exclusivo com o vocalista e guitarrista, Oystein Greni, que você confere aqui. Conversa com Oystein Greni Muito simpático e solicito Oysten concordou em bater um papo conosco. Ele contou sobre o início da banda, como compõe e as histórias por trás das músicas que encantaram aqueles que viram o show. Na turnê brasileira do disco To The Mountains, feito especialmente pra rodar por aqui, Goiânia entrou no circuito junto com São Paulo, Rio e Brasília.

Então, como está indo a turnê até agora? Está indo muito bem, digo, da forma como vejo tocar já é ótimo e se as pessoas querem ouvir, seja sua mãe, seu pai, sua irmã ou seu gato tudo fica ainda melhor. Se pudermos tocar para o mundo e conhecer o Brasil, talvez o país mais bonito do mundo, é incrível. Viemos aqui pela primeira vez em novembro do ano passado. Nosso empresário Stian, que é nosso amigo há muitos anos, mas mora aqui no Brasil há três, em São Paulo, nos incentivou a vir tocar aqui. Um ano atrás ele me ligou falando que deveríamos vir para uma turnê e funcionou. Tem dado muito certo. Gostamos de espalhar nosso som aqui, devemos voltar todos os anos. Esse show de hoje foi muito diferente do que fizemos no ano passado. Som estava melhor e estamos com nosso baixista original. No último show Nikolai tinha compromissos na Noruega então tivemos que achar um substituto de última hora. Set list foi muito diferente por causa disso, não pudemos tocar tantas musicas no outro show... Vocês estão juntos há muitos anos, como é essa relação? Ah não somos sempre amigos, já brigamos, mas sempre voltamos. Temos uma relação boa. Musicalmente temos uma ligação muito especial, mesmo que não tenhamos o mesmo senso de humor sempre, coisas do tipo. A música nos une. Não nos conhecemos no colegial como algumas grandes bandas. Eu comecei a BigBang e aos poucos nos conhecemos pelo cenário musical da Noruega. Eu ouvia falar sempre do Olaf, baterista, que era muito próximo do Nikolai, baixista. Conheci eles em um bar e gostei muito do som deles, daí nos juntamos. Esse álbum foi feito especialmente para a turnê brasileira, como foi a escolha dessas músicas? Algumas músicas eu considero indispensáveis pra fazer um álbum de “melhores sons”, então conversando com Stian, que conhece o gosto do brasileiro montamos esse set list. Eles fizeram a maior parte do trabalho, na verdade. Eu já fiz tantas coisas idiotas que achei melhor deixar as escolhas para outras pessoas. Nessa turnê onde vocês já estiveram? Começamos em São Paulo, Rio de Janeiro, tivemos um dia de folga lá, fomos para Brasília, depois aqui em Goiânia, vamos fazer outros dois shows em São Paulo e terminamos a turnê. No Rio foi quando perdi meus sapatos. Roubaram o carro do Stian enquanto estávamos surfando. Até encontramos o carro depois com o tanque vazio, não muito longe, mas sem as roupas e outros pertences. E como vocês compõem as canções? Bom, eu escrevo todas as letras das músicas, elas são muito pessoais. Mas as coisas mudam, nós mudamos. Algumas músicas, de repente, não parecem certas e eu me sinto uma pessoa diferente daquela que eu era quando compus, mas outras são muito fortes e mesmo depois de muito tempo tocamos. Em minha opinião, as músicas tem que ser pessoais, eu já tentei escrever umas músicas tentando ser esperto, pensando “ah isso parece uma boa mu-

sica” e são coisas que eu ‘invento’ e simplesmente não funciona. Estou no palco, estou cantando, mas não sinto a música. Outras canções podem não parecer tão boas, mas conseguimos sentir a música. A inspiração pra letra de Wild Bird, por exemplo, veio de um livro de frases, eu costumava estudar literatura, então nesse livro eu li algo como “Nada é completamente perdido como a canção de um pássaro selvagem destruído”*. Isso me lembrou da sensação de quando você tem essa ideia ou ouve uma melodia e, na maioria das vezes, você perde isso, por não anotar ou não gravar. E já se foi pra sempre. Essa foi a inspiração para a música. Acho que é sobre tentar capturar um momento. Eu acredito que a arte é sobre isso, como seres humanos vivemos e durante a maior parte das nossas vidas estamos passando por momentos difíceis, mas de vez em quando vemos algo bonito e todos queremos capturar aquilo. Pegamos nossas câmeras, tentamos anotar... E é isso que compositores tentam fazer. É sobre isso que Wild Bird fala. Novos trabalhos vindo por ai? Estamos trabalhando em um novo álbum, tenho muitas músicas incompletas ainda. Mas em setembro devemos ter tudo pronto para o novo disco. *Esse quote é de Joseph Conrad. O original em inglês diz “History repeats itself, but the special call of an art which has passed away is never reproduced. It is as utterly gone out of the world as the song of a destroyed wild bird.

“ Bom, eu escrevo todas as letras das músicas, elas são muito pessoais. Mas as coisas mudam, nós mudamos.”


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