"Do tirar pelo natural" e a retratística

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Sabendo que se tratam de textos copiados em seqüência por Gordo e, além disso, tendo em mente que o primeiro livro de Holanda editado por Felicidade Alves foi o “Da pintura antiga”, justamente em uma tentativa de respeitar a ordem do manuscrito original, posso concluir que o mesmo não foi feito quanto ao conteúdo de “Do tirar pelo natural”, ou seja, os erros presentes na versão de Vasconcelos são mantidos na versão de Alves. Isso fica claro quando cotejamos a cópia castelhana, de 1563, com a cópia de Monsenhor Gordo; apenas neste confronto temos um texto quase idêntico quanto ao conteúdo. O mesmo pode ser dito do confronto deste manuscrito português com as edições espanholas baseadas em Manuel Denis feitas por Elias Tormo e Francisco Sanchéz Cantón119 (1921) e por John Bury (2008). Além destas, como nos informa o próprio Bury em sua edição, existe também uma edição alemã publicada em 1868 por Th. Fournier120 e que contém um brevíssimo aparato crítico. Em sua introdução, este autor, infelizmente, não dá muitas explicações sobre o seu interesse por Francisco de Holanda. Apenas aponta que “Valeria a pena salvar pelo menos este mínimo do que nos foi conservado do escritor, antes que a destruição operada pelo tempo faça com que ele seja esquecido...”.121 Caberia obter mais informações sobre sua formação enquanto historiador e sobre outras publicações em seu nome, dados não encontrados durante a realização desta pesquisa. No que diz respeito ao formato do texto, é perceptível que a edição de Founier também não condiz coma grafia holandiana. Quanto a esta, as duas edições portuguesas desta teoria do retrato também não a respeitam. Quando temos em mãos a edição em espanhol feita por John Bury, devido a um respeito pelo manuscrito apógrafo de Manuel Denis, não se segue uma organização de parágrafos e de grafia ao modo de Monsenhor Gordo. O máximo que este editor faz é deixar algumas poucas palavras que remetem aos 119

HOLANDA, Francisco de. De la pintura antigua por Francisco de Holanda (1548). Version castellana de Manuel Denis (1563). Edição de Francisco Sanchéz Canton. Madri: Dirección General del Libro, 1921. Reeditado em 2003. Madri: Visor Libros, 2003. 120 FOURNIER, Th. “Die manuscripte des Françesco d‟Ollanda” in Jahrbücher für Kunstwissenschaft. Leipzig, 1868, págs. 335-358. 121 Ibidem, pág. 335.

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