


Herança da última ditadura no Brasil, o militarismo foi de tal forma naturalizado pela sociedade brasileira, que aqueles que pedem a volta dos militares sequer percebem que o exército nunca deixou as ruas.
No auge da repressão, o governo militar extinguiu a guarda civil e as polícias foram militarizadas e subordinadas ao exército. Seus membros foram incorporados à Força Pública, o que deu origem à Polícia Militar, em 1969.
Mesmo após a redemocratização, os militares conseguiram manter as polícias sob sua tutela. O artigo 144 da Constituição determina que os policiais militares são forças auxiliares e de reserva do Exército, o que significa que, mesmo a PM sendo submetida ao governo do estado — e os governadores sendo chefes de segurança pública —, as Forças Armadas podem recrutar policiais em casos de necessidade.
Os uniformes, as armas, os treinamentos e, sobretudo, a lógica de guerra ao inimigo interno foram mantidos após a volta da democracia. A tortura ainda é utilizada largamente como forma de interrogatório e pessoas ainda somem, o que mudou são apenas os alvos. Todo esse aparato repressivo continua sendo usado contra movimentos sociais, os mais vulneráveis e, sobretudo, a população negra.
Para muitos, os anos de chumbo nunca acabaram.























Fotografar é o privilégio de poder expressar aos outros as formas como vejo o mundo.
Nasci em São Paulo, Brasil. Formei-me em história pela Universidade de São Paulo (USP) e fotografia pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC).
Utilizo a fotografia para investigar e documentar as contradições sociais e os movimentos históricos que têm modificado nossa sociedade; também uso essa ferramenta para expressar em imagens angústias da alma, minha própria e daqueles com quem cruzo em meu caminho.
