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por Raquel Temistocles e Talita Mônaco
Há aproximadamente 50 anos, uma nova forma de fazer filmes ganhava espaço nos Estados Unidos e, com ela, aquele que se tornaria um dos diretores mais aclamados da Nova Hollywood. De alter ego em alter ego, Martin Scorsese se tornou um ícone da sétima arte Especial Semana Scorsese A PARTIR DO DIA 20, SEGUNDA A DOMINGO, 22H, TCM, 159
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CINEMA PASSOU POR
inúmeras transformações desde o seu surgimento no final do século 19. De filmes mudos a musicais extravagantes, de pequenas animações a épicos faroestes, de formatos clássicos ao Cinema Novo. Nesse cenário de mudanças, a década de 1940 foi uma das mais expressivas para o cinema. Os filmes noir estavam em alta, o neorrealismo italiano iniciava sua jornada, as produções em preto e branco perdiam espaço e Martin Scorsese, ainda criança, descobria o gosto pela imagem em movimento. Soma-se a esse contexto uma infância em meio ao barulho vindo de todos os lados, tanto da família ítalo-americana quanto do bairro Little Italy, em Manhattan, Nova York, onde cresceu. Ultrapassando todos os estereótipos do que Scorsese poderia ter se tornado – chefão da máfia, gângster, ator, chef de cozinha – ele virou diretor de cinema. E um dos mais aclamados. Parte do movimento chamado Nova Hollywood, formado por diretores que estudaram cinema e sabiam a teoria mais do que a prática (saiba mais no box abaixo), ele foi influenciado principalmente pelos italianos Roberto Rossellini e Michelangelo Antonioni, que quebraram os preceitos do cinema clássico com filmagens fora dos estúdios e atores desconhecidos. Martin Scorsese deu vida a tipos poderosos e perturbados, antagonistas que se tornaram marca registrada do diretor.
Por trás das câmeras – Acima, Martin Scorsese nos bastidores de alguns de seus filmes. Em sentido horário, o cineasta dando instruções a Leonardo DiCaprio e Jack Nicholson em Os Infiltrados. O diretor com o elenco de Os Bons Companheiros. Scorsese e Leonardo DiCaprio em ensaio para cena de O Aviador. Por último, Jodie Foster, Robert De Niro e Scorsese no making of de Taxi Driver
Os (realmente) bons companheiros
STANLEY KUBRICK
Introduziu efeitos especiais nunca antes usados em 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) e foi o primeiro a utilizar a steadicam (câmera fixa no operador) próxima ao chão para garantir ângulos diferentes em O Iluminado (1980). Também ficou conhecido por filmes controversos como Lolita (1962) e Laranja Mecânica (1971).
JOHN CASSAVETES
Começou como ator em filmes B e foi importante parte do cinema independente, já que financiava total ou parcialmente os próprios filmes, como Faces (1968). Ficou conhecido como ator, principalmente pelo longa O Bebê de Rosemary (1968), mas possui 16 títulos como diretor, incluindo Uma Mulher Sob Influência (1974).
FRANCIS FORD COPPOLA
Diretor e roteirista, a carreira de Coppola é extensa, mas poderia se resumir em uma obra: O Poderoso Chefão (1972) que recebeu o Oscar e ganhou duas sequências. Adepto de filmes longos e trilhas sonoras marcantes, como a de Apocalypse Now (1979), ele teve como assistente ninguém menos que George Lucas em Caminhos Mal Traçados (1969).
Scorsese faz parte de uma geração de diretores
WERNER HERZOG
Autor do Novo Cinema Alemão, Herzog começou a carreira com o curta Hércules (1962), mas o gosto por retratar a realidade mais do que a ficção o levou a dirigir mais de 30 documentários. Seu longa de destaque é O Enigma de Kaspar Hauser, de 1974.Entre os títulos recentes estão O Sobrevivente (2006) e Vício Frenético (2009).
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que
“Passei por isso em Caminhos Perigosos (1973), Taxi Driver (1976) e Touro Indomável (1980) em que as pessoas sentiram repulsa pelo personagem. Foi o que aconteceu com Rupert Pupkin em O Rei da Comédia (1982) e isso continuou, particularmente com Os Bons Companheiros (1990). Taxi Driver tinha elementos que o fizeram diferente, mas Os Bons Companheiros tornou-se um grito de guerra contra esse tipo de representação de personagens que fazem coisas terríveis, mas se gostam assim”, disse o cineasta, em entrevista ao site Deadline no ano passado. Travis Bickle, interpretado por Robert De Niro em Taxi Driver, foi um dos primeiros a ganhar reconhecimento (tanto que o filme recebeu a Palma de Ouro em Cannes). O veterano de guerra – que vira taxista, é esnobado pela mocinha e se envolve com o mundo do crime para salvar uma garota (Jodie Foster, então com 12 anos) das mãos de um cafetão – é um personagem tão complexo que até
s
que derrubaram de vez o chamado star system e solidificaram o cinema autoral em Hollywood e no mundo
BRIAN DE PALMA
Quem tem como influências Jean-Luc Godard e Alfred Hitchcock não poderia se dar mal. Além de ser o nome por trás de sucessos do cinema como Carrie, a Estranha (1976), Scarface (1983), Os Intocáveis (1987) e Missão: Impossível (1996), ele é amigo pessoal de Scorsese e foi quem o apresentou para o roteirista de Taxi Driver, Paul Schrader.
TIM BURTON
Especialista em animações stop motion, como A Noiva Cadáver (2005) e Frankenweenie (2012), Burton gosta tanto de histórias sombrias quanto de Johnny Depp. A parceria do diretor e do ator já dura oito produções, incluindo Edward Mãos de Tesoura (1990), A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999) e Alice no País das Maravilhas (2010).
CLINT EASTWOOD
Trabalhou como ator em filmes do gênero“faroeste spaghetti”, do italiano Sergio Leone, e levou as botas de couro para os faroestes americanos nos anos 1980. Como diretor foi reconhecido após o filme Os Imperdoáveis (1992), e seus outros sucessos incluem Sobre Meninos e Lobos (2003), Menina de Ouro (2004), Sniper Americano (2014).
WOODY ALLEN
Começou como roteirista de comédia e enveredou pelas histórias românticas quando decidiu virar diretor. Muitas vezes, participa dos próprios filmes, que são carregados de ironias e desilusões, como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), Simplesmente Alice (1990), Vicky Cristina Barcelona (2008) e Meia-Noite em Paris (2011).
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Dustin Hoffman recusou o papel por achar Scorsese louco demais. Sorte de De Niro que, a partir daí, se tornou o menino de ouro do diretor. Juntos, fizeram nove filmes, incluindo Touro Indomável, que rendeu ao ator um Oscar e um Globo de Ouro pelo papel do violento boxeador Jake La Motta, que destrói tudo à sua volta como uma força da natureza, da mesma forma que maltrata os oponentes no ringue. “De Niro foi muito, muito persistente em relação a Touro Indomável, apesar do meu receio. Eu tive muitos problemas pessoais em New York, New York, e não tinha certeza de que deveria trabalhar com ele novamente naquele momento. Não era uma questão do que ele tinha feito, era uma questão de como eu estava me sentindo sobre todo o processo ator-diretor”, contou o cineasta em depoimento ao crítico Richard Schickel no livro Conversas com Scorsese (2011). A visão peculiar do diretor em relação às técnicas de filmagens – como congelar imagens, apresentar um narrador e acelerar o ritmo da cena (saiba mais sobre os recursos utilizados por Scorsese no box ao lado) – ganhou não só a admiração de Robert De Niro como a de toda Hollywood. Seu time de astros inclui Jack Nicholson, Paul Newman
TÉCNICAS MARCANTES
Como identificar um filme de Martin Scorsese? Listamos abaixo alguns dos recursos mais usados pelo cineasta em suas produções CAMEOS Algo que Alfred Hitchcock já gostava de fazer, Martin Scorsese também aparece em curtos momentos de seus filmes. Em Taxi Driver, ele é um passageiro do táxi dirigido pelo personagem de Robert De Niro. Em A Invenção de Hugo Cabret, participa como um fotógrafo.
CONGELAMENTO Paralisar a imagem e continuar a contar a história através de trilha sonora ou narração é a especialidade de Scorsese. Na cena inicial de Os Bons Companheiros, a imagem de Ray Liotta é congelada enquanto o personagem começa a contar como sempre quis ser um gângster. FLASHES Cegar os personagens com flashes de câmeras é especialidade do diretor. É possível ver a quantidade de luzes ofuscando a visão do protagonista em Touro Indomável e em O Aviador. A técnica também foi utilizada por Paul Thomas Anderson em Boogie Nights: Prazer sem Limites (1997).
e Leonardo DiCaprio. Este último substituiu De Niro na parceria para encarar os protagonistas obscuros. “Quanto ao Leo DiCaprio, nós enxergamos as coisas da mesma forma. Temos a mesma sensibilidade e queremos fazer um certo tipo de discurso, esse é o motivo por trás dos projetos que nós escolhemos. Escolhi Gangues de Nova York (2002) e Ilha do Medo (2010). Ele queria fazer O Aviador (2004). Eu escolhi Os Infiltrados (2006)”, revelou ao jornal britânico Independent em 2013. Das 23 produções dirigidas por ele, todas contam com personagens que refletem algo de si mesmo. Alguns críticos dizem que são alter egos, Scorsese apenas afirma que são figuras com quem conviveu nos seus dias em Little Italy. “As pessoas agem assim na guerra, nos negócios, no amor. É sobre a fraqueza humana. Se nós não a reconhecermos, se não admitirmos que ela existe, isso não vai desaparecer”, afirmou. Obcecado por detalhes, como o próprio DiCaprio o descre-
ACELERAÇÃO Cenas em que há lutas costumam receber do diretor um tratamento diferente. Em Touro Indomável, os movimentos de Jake La Motta ganham velocidade quando ele cai no ringue. Em Os Infiltrados, Alec Baldwin também esmurra um rapaz em alta velocidade. CÂMERA LENTA Ao contrário da situação acima, em Os Bons Companheiros, à medida que o personagem de Joe Pesci se descontrola em uma briga, a imagem desacelera de maneira sutil. Nas cenas finais de Taxi Driver, Travis Bickle (De Niro) aparece em movimentos lentos quando está ensanguentado.
FOTOS: GETTY IMAGES, ARQUIVO ED. GLOBO E DIVULGAÇÃO
Muitos amores – Na foto menor, Martin Scorsese com Isabella Rossellini, sua esposa entre 1979 e 1982. O diretor foi casado mais quatro vezes, com Laraine Marie Brennan (1965-1971), Julia Cameron (19761977), Barbara De Fina (1985-1991) e Helen Schermerhorn Morris (foto maior), com quem ainda está junto
NARRADOR É difícil encontrar um filme do cineasta que não seja narrado em voice-over pelo protagonista para deixar bem claro que não há espaço para outras interpretações que não seja a do personagem. Taxi Driver, Os Bons Companheiros, O Lobo de Wall Street são alguns dos exemplos.
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ve, Scorsese é também galanteador. Não é à toa que já foi casado cinco vezes, conquistando, inclusive, a filha do seu grande ídolo Roberto Rossellini, Isabella, com quem ficou casado por três anos. Sorte no amor, azar no Oscar. Apesar de ter finalmente recebido o prêmio por Os Infiltrados, Scorsese figura nas listas de grandes injustiçados da Academia. Perdeu a estatueta para Robert Redford em 1981, mesmo com a aclamação da crítica por Touro Indomável, e também não levou por Os Bons Companheiros dez anos depois, prêmio que ficou com Kevin Costner por Dança com Lobos. Mas Marty, como é chamado pelos amigos, não precisa de honrarias como motivação. Como um dos poucos diretores que mantiveram sua essência ao longo de tantos anos, ele é o que a indústria cinematográfica poderia chamar de “o mestre do cinema”.
Um mês de Scorsese Ilha do Medo
DIA 1, QUARTA, 21H45, SPACE, 154 E 654 (HD)
A Época da Inocência Caminhos Perigosos Vivendo no Limite A Cor do Dinheiro
DIA 20, SEGUNDA, 22H, TCM, 159 DIA 21, TERÇA, 22H, TCM, 159
DIA 22, QUARTA, 22H, TCM, 159 DIA 23, QUINTA, 13H45, TELECINE CULT, 166
Taxi Driver – Motorista de Táxi Os Infiltrados O Aviador Além das telas – De cima para baixo, Scorsese com o Oscar por Os Infiltrados em 2007, ao lado dos diretores Francis Ford Coppola, Steven Spielberg e George Lucas. Abaixo, nos bastidores de Ilha do Medo. Scorsese dirigindo cena com Robert De Niro. Ao lado, com De Niro e Sharon Stone no filme Cassino (1995)
Cassino
DIA 24, SEXTA, 22H, TCM, 159
DIA 25, SÁBADO, 22H, TCM, 159 DIA 26, DOMINGO, 1H25, TELECINE CULT, 166
Os Bons Companheiros
DIA 26, DOMINGO, 22H, TCM, 159
A Invenção de Hugo Cabret Cabo do Medo
EM JULHO NO NET NOW
EM JULHO NO NET NOW
Gangues de Nova York The Blues
DIA 23, QUINTA, 22H, TCM, 159
EM JULHO NO NET NOW
EM JULHO NO NET NOW
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