o almanaque da revista dos livros são paulo, dois mil e vinte e quatro

o almanaque da revista dos livros são paulo, dois mil e vinte e quatro
Encontros, ideias e bibliodiversidade na maior edição do festival literário paulistano
convidados vêm de diferentes regiões brasileiras — Brasília, Santa Catarina, Ceará, Paraná, Roraima, Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais — e de outros países. A literatura nacional chega forte, com nomes consagrados como Ivan Angelo e Maria Adelaide Amaral e representantes da nova geração literária: Stênio Gardel, vencedor do National Book Award nos EUA, Tatiana Salem Levy, José Henrique Bortoluci, Adelaide Ivánova, Gregorio Duvivier, Bruna Beber, Mar Becker, Julia de Souza, Nara Vidal, Odorico Leal, Joca Reiners Terron, Caetano W. Galindo e Pablo L. C. Casella. As múltiplas cenas literárias paulistanas também marcam presença, dos ficicionistas Marcelo Rubens Paiva, Lilia Guerra, Natalia Timerman e Iara Biderman aos poetas Sérgio Vaz e Mel Duarte, passando ainda por autores de não ficção como o professor de direito Renan Quinalha, o ex-jogador Casagrande, o educador Rodrigo Hübner Mendes, o músico Nando Reis e a cozinheira e escritora Rita Lobo. Completam o panorama eclético da produção editorial o diplomata e ex-ministro Rubens Ricupero e o sambista Martinho da Vila, que lançam suas memórias, o linguista Marcos Bagno, o matemático Marcelo Viana e os psicanalistas Geni Núñez, Christian Dunker e Vera Iaconelli.
Pontes
O que tem de bom entre 29 de junho e 7 de julho
F Salada de frutas
150+ convidados e 150+ expositores ocupam a praça. Programação p. 16 • Mapa p. 14
L Literatura global
Jamaica Kincaid, Claudia Piñeiro, Camila Sosa Villada, Jabari Asim, Michel Nieva e mais (p. 3 a 5)
B Safra brasileira
Autores consagrados, nova geração e estreias na literatura nacional (p. 5 a 7)
H Histórias reais
Debates com historiadores e com quem estava lá (p. 8 a 11)
J Música e poesia
Martinho da Vila, dicas musicais e poemas inéditos (p. 21 e 22)
P Piadas não morrem
Jogos, desafios e risadas (p. 27)
U Listão d’A Feira
Uma seleção de lançamentos dos autores convidados (p. 19)
doe, participe, assista
Mais dias, mais palcos e mais convidados. O festival literário de rua A Feira do Livro cresceu e chega à sua terceira edição mais plural e com novidades no formato e na programação. Durante nove dias, cinco a mais do que nos anos anteriores, cerca de 150 destaques brasileiros e internacionais da literatura, das artes e do pensamento estarão reunidos em bate-papos gratuitos sobre temas tão variados quanto a oferta de uma boa feira livre: literatura, língua portuguesa, música, cultura afro -brasileira, antropologia, ciências, psicanálise, história, poesia, alimentação, ilustração, humor, diplomacia, meio
ambiente, tradução, educação, jornalismo e o que mais ocorrer.
Mais de 150 expositores — editoras, livrarias, instituições ligadas ao livro e à leitura — reforçam a bibliodiversidade e promovem oficinas sobre a cultura do livro e programações especiais para professores.
Além do Palco da Praça, montado ao ar livre, e do Auditório Armando Nogueira, no Museu do Futebol, este ano A Feira inaugura três novos palcos menores, os Tablados Literários — espaços para debates e sessões de autógrafos, espalhados na praça como parte da programação paralela.
Na programação oficial do festival literário paulistano, os
Entre os estrangeiros, A Feira propõe forte diálogo com a nova safra argentina: Camila Sosa Villada, Betina González, Claudia Piñeiro, Michel Nieva e Camila Fabbri. O historiador português Rui Tavares faz a ponte com Portugal. Da França, vem a romancista Hannelore Cayre. E dos EUA, o romancista e ensaísta Jabari Asim, os historiadores Henry Louis Gates Jr. e James Green e a autora Jamaica Kincaid. O propósito do festival literário paulistano continua: fazer do espaço público — uma área de 15 mil metros quadrados, normalmente usada como estacionamento — uma praça de livros, autores e leitores. •
livros para rs Um espaço foi reservado para doações de livros às bibliotecas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A meta é arrecadar 40 mil exemplares.
inspiração Autores gaúchos homenageiam Porto Alegre, sede da feira que inspirou a criação d’A Feira do Livro.
educação Nos dias úteis, a programação para professores debate literatura na sala de aula.
no ar Todas as mesas serão exibidas no canal do festival no YouTube. O Trilha das Letras (tv Brasil) e a Rádio Eldorado transmitem mesas selecionadas.
Com nosso sistema de impressão sob demanda, é possível atender clientes individuais e alimentar a demanda de baixas tiragens. É uma excelente estratégia de negócio e de otimização de recursos.
Imprimimos qualquer tiragem e comercializamos suas obras nos canais de Market Place parceiros, cuidando de todas as etapas – distribuição, impressão e logística.
Além disso, contamos com uma rede global de impressão, podendo atender demandas mesmo fora do país. Para mais informações, escreva para brasil@bookwire.com.br
O almanaque A Feira do Livro foi impresso utilizando a tecnologia e solução de impressão sob demanda da Bookwire Brasil.
Com três lançamentos, Camila Sosa Villada tem sua obra completa editada no Brasil. A tríade reafirma os múltiplos talentos literários da escritora e atriz argentina e embala a conversa com Adriana Ferreira Silva, domingo (30), às 19h, no Palco da Praça d’A Feira O romance Tese sobre uma domesticação (Companhia das Letras), o ensaio A viagem inútil: trans/escrita (Fósforo) e os poemas de A namorada de Sandro (Planeta) tiram Camila da caixa do realismo fantástico em que tentam colocá-la desde que saiu O parque das irmãs magníficas (Planeta), romance premiado protagonizado por travestis.
A namorada de Sandro é o primeiro livro que você publicou?
Sim. Eu tinha vergonha de que os poemas fossem registrados para sempre. Era algo cru, que escrevi durante a separação do meu primeiro namorado.
Como foi com A viagem inútil?
Uma luta, pois trata de como alguém que não estava destinada à literatura chegou a ela.
Teve medo de publicar Tese sobre uma domesticação?
Depois de O parque das irmãs magníficas, parecia que as pessoas esperavam mais miséria travesti, mas Tese caga para tudo isso. Na minha opinião, é o melhor livro que escrevi. • Leia a entrevista completa dada a Adriana Ferreira Silva em quatrocincoum.com.br
Escritora acumula prêmios por seus romances engajados
A expectativa de ouvir Jamaica Kincaid n’A Feira do Livro, sábado (6), às 10h15, é alimentada pelas escassas entrevistas e a interessantíssima trajetória desta que é uma das grandes autoras contemporâneas.
Nascida Elaine Cynthia Potter Richardson em Antígua e Barbuda, mudou-se para os Estados Unidos e adotou em 1972 o nome com que assina seus livros. Dois anos depois, entrou para a equipe da New Yorker e deslanchou como escritora, revezando-se entre romances, ensaios e poesia, explorando diferentes maneiras de tratar
a jardinagem e fazendo experiências de linguagem, como em Agora veja então (Alfaguara), romance de frases labirínticas sobre o fim de um relacionamento interracial. Das experiências nem sempre poéticas com a mãe, a autora criou a trilogia com referências de sua infância, adolescência e vida adulta: Annie John, A autobiografia da minha mãe (Companhia das Letras) e Lucy, ainda sem previsão de lançamento no Brasil. • Leia a matéria completa de Adriana Ferreira Silva em quatrocincoum.com.br
fabbri Cinco curiosidades
A escritora, dramaturga e atriz argentina participa d’A Feira do Livro no sábado (6), às 15h30, no Auditório Armando Nogueira.
1. Nascida em Buenos Aires, em 1989, Fabbri escreveu e dirigiu cinco peças e publicou quatro livros. O conto é o gênero em que se sente mais confortável e pelo qual é mais atraída como leitora.
2. O dia em que apagaram a luz (Nós, 2024), seu primeiro livro de não ficção, narra o incêndio na casa de shows República Cromañón, em Buenos Aires, que deixou 194 mortos em 2004. Ela estava no local na noite anterior assistindo à banda de rock Callejeros.
3. Em 2021, Fabbri foi incluída na lista da revista inglesa Granta de 25 melhores narradores de língua espanhola com menos de 35 anos. Michel Nieva, que também estará n’A Feira do Livro, foi outro argentino indicado.
4. O título de La reina del baile , romance finalista do prêmio Herralde, faz menção a “Dancing queen”, hit do Abba que, segundo a autora, casava com o tom irônico da protagonista Paulina.
5. No cinema, atuou em sete filmes, incluindo o argentino Dos disparos (2014), pelo qual foi indicada como atriz revelação ao prêmio argentino Cóndor de Plata. Estreou na direção em 2023 com Clara se pierde en el bosque. •
queimado e esquartejado. O romance é dividido em sete partes, cada uma delas dedicada a um personagem que apresenta sua versão dos fatos.
Catedrais é tanto uma denúncia da violência contra a mulher — numa trama que envolve temas como o aborto e o conservadorismo católico — quanto um experimento ficcional sobre as armadilhas da memória.
Corpo feminino
Alguns dos temas já haviam sido abordados pela autora em Elena sabe , também lançado este ano, pela Morro Branco, com tradução de Elisa Menezes. Adaptado para filme pela Netflix, o romance entrelaça o mistério policial com o drama de histórias íntimas que desafiam a moralidade, tendo o corpo feminino mais uma vez como protagonista.
A autora argentina Claudia Piñeiro vem se estabelecendo como uma das principais vozes da literatura latino-americana das últimas décadas. Essa presença se explica também por sua versatilidade — além de romances, escreve livros infantis, peças de teatro e roteiros para televisão.
Em Catedrais, que chega ao Brasil pela Primavera Editorial em tradução de Marcelo Barbão, Piñeiro
volta ao campo que tem explorado em outras obras recentes: a violência, a investigação de crimes, o cruzamento de vozes, tudo aquilo que se convencionou chamar de literatura noir ou policial.
A autora parte da morte misteriosa e violenta de uma adolescente, Ana Sardá, num subúrbio de Buenos Aires, um caso que está há trinta anos sem solução — seu corpo foi encontrado
Domingo (30), às 17h, n’A Feira do Livro, Claudia Piñeiro conversa sobre as violências sofridas por mulheres com Tatiana Salem Levy, que está lançando Melhor não contar (Todavia), no qual relata o primeiro assédio que sofreu e reflete sobre o silêncio e a solidão das mulheres na vida íntima. • Leia a resenha de Kelvin Falcão Klein na íntegra em quatrocincoum.com.br
de frente para o crime
O futuro, por Michel Nieva
Com seu Dengue boy , o escritor argentino Michel Nieva nos leva para o ano de 2272, nos confins mais austrais da América do Sul. Por onde vamos não sabemos, mas a viagem promete. Uma viagem por um mundo imundo e louco, talvez O narrador é aquele que tudo sabe desse mundo pós-colapso climático.
Vejamos: não só o clima colapsou, mas também a economia — e
o que podemos ainda vislumbrar como civilização. Grandes corporações enriquecem graças a novas pandemias e agentes virofinanceiros se dedicam a identificar vírus desconhecidos, monetizando seus efeitos. Um planeta devastado, em que se acirram as diferenças sociais e a gana do capital se mostra ainda mais inclemente. Filhos da classe trabalhadora estão entregues à própria sorte.
Sábado (6), às 14h, Nieva fala de atualidade e ficção científica. • Leia a resenha de Gabriela Aguerre em quatrocincoum.com.br
Descubra os bastidores do Plano Real e os desa os de seu lançamento narrados pelo então ministro da Fazenda. Com a experiência de diplomata e secretário-geral da UNCTAD, Ricupero oferece um testemunho único do Brasil e do mundo ao longo de 80 anos. de Rubens Ricupero
Há vinte anos, a cineasta e advogada criminal francesa Hannelore Cayre estreou na literatura com thrillers inspirados na sua atuação jurídica. Em 2017, o lançamento de A patroa, que agora chega ao Brasil pela Dublinense, lhe rendeu reconhecimento internacional e os prêmios Prix du Polar Européen e o Grand Prix de Littérature Policière. O romance conta a história de uma tradutora que trabalha para a Justiça francesa e entra para o mundo do crime depois de descobrir o destino de uma carga de drogas — tipo de caso no qual Cayre se especializou. No sábado (29), às 10h15, ela fala sobre literatura policial. •
Betina González questiona a obrigação de ser genial imposta às autoras mulheres
A autora argentina Betina González
O mais novo título da rica safra de lançamentos sobre escrita traz um adicional: é dirigido a mulheres. A obrigação de ser genial (Bazar do Tempo), da argentina Betina González, reúne dez ensaios que se originaram da sua experiência como professora de literatura e de escrita.
Na primeira parte do livro, “A aventura textual”, ela analisa começos e finais de romances, a tensão entre imaginação e fatos e o ritmo textual. Na segunda, “Silêncio, exílio e astúcia”, traz reflexões sobre o que é ser uma romancista para além da escrita, como a imposição da ideia de que, para serem reconhecidas como escritoras, as mulheres têm que estar a um passo da genialidade. “A obrigação
Uma reescrita da escravidão
Jabari Asim
O romance Em algum lugar lá fora, lançado neste ano pela Instante com tradução de Caetano W. Galindo, apresentou ao público brasileiro a literatura do escritor,
de ser genial”, não à toa, é o ensaio que dá título ao livro, seu primeiro publicado no Brasil, e é um dos mais marcantes, pois trata do reconhecimento das mulheres dentro do panteão das letras — tema que ela debaterá no sábado (29), às 17h30, n’A Feira González faz parte da nova geração de autoras argentinas cujos textos aliam estranheza, crítica social e algo de insólito. Seu livro de estreia, Arte menor, venceu o prêmio Clarín em 2006 e o romance Las poseídas venceu o prêmio Tusquets em 2012. Ela também publicou o livro de contos El amor es una catástrofe natural (2018) e o romance Olimpia (2021). • Leia a resenha de Paula Carvalho em quatrocincoum.com.br
poeta, dramaturgo e professor norte-americano Jabari Asim. História de amor e de amizade narrada do ponto de vista de negros escravizados, a trama se passa numa fazenda no sul dos Estados Unidos na década de 1850. Submetidos a proprietários tirânicos, os personagens criam uma rede de apoio e até uma linguagem própria — chamam a si mesmos de “sequestrados” e aos senhores de “ladrões” —, o que a escritora Micheliny Verunschk, em comentário ao livro, definiu como um “vocabulário contracolonial”.
Sábado (6), às 17h30, n’ A Feira, Asim conversa sobre formas de reescrever a escravidão. •
Professor de escrita criativa e roteirista, o brasiliense que ia mal em literatura na escola e assina apenas como Dan estreia com o romance Vale o que tá escrito (dbA). Passada na periferia de Brasília, a trama mistura a trajetória de milicianos, policiais corruptos, vilões complexos e anti-heróis com a construção da capital do país a partir de lembranças e pesquisas.
Jornalista paulistana, crítica de dança e editora da Quatro Cinco Um, Biderman estreia na ficção com a coletânea de contos Tantra e a arte de cortar cebolas (Editora 34). As 21 histórias apresentam um universo questionador, onde habitam michês, uma cleptomaníaca enfurecida e outras personagens que recusam o lugar onde estão.
Contra fogo (Todavia) é a estreia literária do analista ambiental do Instituto Chico Mendes. Nascido em Guaratinguetá (sp), Casella fez parte da equipe do Parque Nacional da Chapada Diamantina de 2002 a 2022. No romance, ele narra a história de brigadistas voluntários que arriscam a vida para combater incêndios criminosos que devastam a fauna e a flora.
Professor, crítico literário e tradutor piauiense, traduziu grandes nomes da literatura contemporânea, como Toni Morrison. Estreia na ficção com a coletânea Nostalgias canibais (Âyiné), cujas novelas e contos vão de uma releitura de Macunaíma — em que o personagem é canibal e atravessa os séculos — à história de dois gatos que especulam sobre o futuro. •
Seu parceiro de distribuição e impressão digital
Distribuição de E-book
Tatiana Salem Levy reflete sobre o silêncio e a solidão das mulheres na vida íntima
Distribuição de Audiobook
Impressão sob demanda PoD
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O primeiro assédio de Tatiana Salem Levy tem dia exato: 3 de dezembro de 1989. Tinha dez anos, corpo de menina, os seios apenas começavam a despontar. Foi em uma casa de praia e é a cena de abertura de seu novo livro, Melhor não contar (Todavia).
Tomando sol, sem a parte de cima do biquíni, ela foi desenhada por seu padrasto de mamilos à mostra, marcados com força, carregando na tinta. Depois desta, foram outras as investidas, suscitando sempre a mesma dúvida: melhor contar para a mãe? Ali, no estranhamento dentro de seu corpo em transformação, ela começava a se afastar de sua mãe.
Diários desvelados
No livro, acompanhamos também a doença e morte dessa mãe, dez anos depois. Dela, Salem Levy
herdou os diários que aparecem ao longo da narrativa, com idas e vindas no tempo. Juntando histórias da vida de muitas mulheres, a autora — que estará no domingo (30) n’A Feira, junto com a argentina Claudia Piñeiro — pergunta se não devemos, as mulheres, sempre escrever de forma pessoal.
A vida da mulher é uma vida do dentro, do particular, e era, se contada, considerada literatura menor. Mulheres sempre escreveram diários para não serem lidos. Salem Levy subverte essa lógica. Na dúvida de não contar, conta tudo que poderia ter sido confiado apenas às páginas de um diário trancado. Traz em seu relato mais íntimo não uma literatura menor, mas uma literatura imensa e cheia de coragem. • Leia a resenha de Paula Sacchetta em quatrocincoum.com.br
O tradutor, escritor e professor paranaense, que participa d’ A Feira no domingo (30), em mesas às 14h e às 17h30, lançou recentemente seu primeiro romance, Lia: cem vistas do monte Fuji (Companhia das Letras). Lia foi originalmente publicado como um folhetim em 99 capítulos. O projeto foi concebido como uma contribuição para o jornal Plural, fundado em 2019 pelo jornalista Rogerio Galindo, irmão do autor. Para cumprir com as características do gênero — a publicação em
série e a possibilidade de começar a leitura em qualquer ponto —, os capítulos são breves e independentes. O que os une é o nome de Lia e, aos poucos, a linhagem de mulheres que ele vai tecendo. Lia é mãe, é filha e é neta. Ela cresce, volta a ser criança, envelhece, ganha profissão, afetos e desafetos. Em meio a pequenos acontecimentos narrados, reflexões sobre o tempo, acenos à meditação (contrabandeados do zazen que o autor pratica), descrições de árvores — ideias que poderiam nos jogar para longe de Lia e, paradoxalmente, dão a ilusão de falar sobre ela • Leia o texto de Francesca Angiolillo no site da revista
o céu de lilia guerra Vidas pelas margens
Lilia Guerra escreve sobre pessoas que a desigualdade tenta empurrar para viver às margens. No romance O céu para os bastardos (Todavia), a autora traz personagens da periferia paulistana que se confundem com sua vida. Ela estará n’A Feira no sábado (6), às 10h.
Seu primeiro livro, Amor avenida, conta a história de seus pais?
Sim. Quando eu tinha uns dezesseis anos, minha mãe me deu uma pasta em que estava tudo o que ela guardou do meu pai e falou: “Olha, o que aconteceu está aí”.
Há personagens seus presentes em mais de um livro, por quê? Quando publicava contos no Facebook, me perguntavam pela continuação. E não tinha. Como estava sem tempo para criar personagens, comecei a cruzar histórias.
Você escrevia no ônibus? No ônibus, no trem, na plataforma. No intervalo do trabalho, me zoavam: “Vou te pôr no meu livro!” — frase que Carolina Maria de Jesus dizia aos vizinhos. Minhas histórias nascem dessas vivências. • Leia a íntegra da entrevista dada a Adriana Ferreira Silva em quatrocincoum.com.br
estreia na literatura infantil em cordel ilustrado
Autora de um romance passado nos anos 30 que soa assustadoramente atual, Nara Vidal vem se debruçando ficcionalmente sobre o passado e investigando como são afetados personagens à margem das decisões: mulheres, crianças, indigentes, escravizados.
Histórias íntimas, memória e permanência perpassam a obra de Stênio Gardel. Em parceria com o ilustrador Nelson Cruz, o escritor cearense lançou este ano Bento Vento Tempo (Companhia das Letras), resenhado por Renata Penzani na Quatro Cinco Um. O cordel ilustrado — inspirado no avô paterno, que morreu em 2010 — conta a saga de um neto para fazer o avô recuperar memórias perdidas pelo Alzheimer. O título infantil chega três anos
depois de sua estreia premiada, A palavra que resta . Lançado pela mesma editora, o romance conta a história de um homem analfabeto que guarda por décadas a carta de outro homem por quem se apaixonou e venceu o National Book Award 2023. “As histórias que esses personagens vivem falam de desejos, sonhos e frustrações que são comuns”, disse o autor, convidado d’A Feira no sábado (29), às 19h, em episódio do 451 mhz. • Ouça no site ou nos tocadores
tavano e o tempo
Em Ressuscitar mamutes (Autêntica), híbrido de ficção, ensaio e memórias, Silvana Tavano traz uma narradora que viaja no tempo para encontrar a mãe que sempre a acompanhou. A autora participa d’A Feira no domingo (7), às 17h30.
Você escreve sobre animais extintos. Ressuscitar é reviver? O tempo sempre foi um tema para mim. Assisti a um documentário sobre experiências para ressuscitar mamutes, comecei a escrever sobre isso e e aí se insinuou a figura da mãe, que acompanha a gente a vida inteira, viva ou morta. Só consegui fazer isso depois de vinte anos [que ela morreu]. A cada dia 6 de agosto ela ressuscita. Não é o tempo que passa, somos nós.
O que foi mais difícil para a filha e narradora escrever?
Em Puro (Todavia), ela constrói uma narrativa tensa, baseada em um argumento impiedoso: o ideal de uma raça pura se concretiza quando as mãos se sujam de sangue. O leitor é apresentado a um lugar em que planos cozinham lentamente em uma panela na qual
vão parar todos que representem uma exceção à norma preestabelecida — a pureza da raça branca.
Domingo (30), às 10h15, Vidal conversa sobre literatura brasileira e esse teatro de horrores. •
Leia a resenha de Micheliny Verunschk em quatrocincoum.com.br
Tentei capturar todos os tempos num só tempo. Não é fácil. Mesmo a suposta memória “verdadeira” volta híbrida, como os mamutes que, se voltarem, serão “mamofontes”, mistura com elefante. • Leia a entrevista a Iara Biderman em quatrocincoum.com.br
Um menino-mosquito na Patagonia do futuro, uma pata gorda num remoto rancho americano e uma menina trans na periferia de Madri se esbarram por aqui.
alencastro e um pseudônimo antiditadura
Michel Nieva aposta forte com este livro steampunk que imagina o fim do sul da América Latina com literatura gauchesca, videogames monstruosos e pragas monetizadas. Inteligente, divertido e brutal.
“ “
Mariana Enríquez
O historiador português Rui Tavares
“Fazem ainda sentido a esquerda e a direita?” Esta pergunta, tema de um debate universitário em 2014, inspirou o historiador português Rui Tavares a revisitar esses dois conceitos políticos, da sua formação ao seu desenvolvimento, que já atravessa quatro séculos.
coletânea de ensaios reeditada agora no país pela Tinta-da-China Brasil , que também publica do autor Agora, agora e mais agora, versão em livro de seu podcast homônimo sobre história.
Um livrinho milagroso, feito para todas as idades, sobre uma pata e uma receita secreta de uísque. Por favor, não faça perguntas, só dê uma chance a ele.
“ “
The New York Times
Peço que você leia Mau hábito, de Alana S. Portero, para compreender inteiramente o grau de adversidade, dor e perigo enfrentado pelas pessoas que crescem trans.
“ “
Pedro Almodóvar
Já nas livrarias!
A divisão entre esquerda e direita é uma das poucas distinções políticas com nascimento mais ou menos preciso, entre agosto e setembro de 1789, em meio à Revolução Francesa. Sabe-se que deputados contrários ao direito de veto do rei passaram a se reunir à esquerda do presidente da Assembleia Constituinte, enquanto os favoráveis ficaram à direita. Mas qual o significado mais profundo dessa divisão? Que filosofias políticas e visões de mundo essa separação implicou? São perguntas que Rui Tavares se propõe a responder em Esquerda e direita: guia histórico para o século xxi,
Sentido e crise Tavares defende que a distinção segue relevante e faz mais sentido do que nunca: esquerda e direita são “os pontos cardeais da polítca”, diz. Na edição brasileira, analisa ainda transições políticas recentes na América Latina, crises na esquerda local e seu significado global.
Deputado na Assembleia da República portuguesa, vereador em Lisboa e um dos fundadores do Livre, partido ecossocialista, ele fala sobre as distinções no espectro político no sábado (29), às 12h. No domingo (30), às 11h45, ele ainda conversa sobre História e histórias narradas. •
O Brasil passava por um regime militar que, entre outros arbítrios, se traduzia pela censura e o total controle da informação. Foi para dar notícia do que acontecia no país, mantendo sua identidade protegida, que o historiador Luiz Felipe de Alencastro escreveu colunas para o Le Monde Diplomatique sob o pseudônimo Julia Juruna. Publicados durante as décadas de 70 e 80, os textos foram reunidos em Despotismo tropical: a ditadura e a redemocratização nas crônicas de Julia Juruna, coletânea organizada pelo também historiador Rodrigo Bonciani e publicada pela Tinta-da-China Brasil, selo editorial da Associação Quatro Cinco Um. Em mais de vinte crônicas, Alencastro escreveu sobre assuntos como a posição geopolítica brasileira, a dívida externa, o regime militar e o Proálcool. “A política do dever da memória a respeito do golpe deve ser uma política de Estado e não de governo”, diz o historiador no podcast 451 mhz. Junto com Bonciani, ele relembra as manifestações silenciosas que aconteceram em 31 de março deste ano, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter vetado atos oficiais que lembrassem os sessenta anos do golpe militar. No sábado (6), às 19h, o historiador conversa com o escritor Marcelo Rubens Paiva sobre a trajetória da democracia brasileira. • Ouça o episódio #113 do 451 mhz no site da revista ou nos tocadores
rubens ricupero • Memórias de uma testemunha da história
O diplomata Rubens Ricupero é detentor de uma longa carreira no Itamaraty e foi ministro da Fazenda em 1994, durante o governo Itamar Franco, quando foi lançado o Plano Real.
Os bastidores do lançamento da moeda, de conversas com donas de casa sobre inflação ao marcante “escândalo da parabólica” — uma transmissão vazada em que
o então ministro foi gravado dizendo “Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura. O que é ruim, esconde” — estão entre os episódios narrados em Memórias (Editora Unesp). No livro, Ricupero entrelaça quase oitenta anos de vida pessoal a sua notável carreira como diplomata, com cargos em vários organismos internacionais, como a onU
O diplomata também admite que errou ao dar a declaração e revela que o contexto da frase referia-se a dados positivos cuja divulgação ainda não tinha sido combinada com a equipe econômica. N’A Feira, participa de uma conversa sobre política, diplomacia e casos saborosos que testemunhou nos diferentes países em que serviu. Sábado (29), às 14h. •
Henry Louis Gates Jr. investiga a história literária afro-americana
Quando sua filha mais velha deu à luz sua neta Ellie, o professor de Harvard Henry Louis Gates Jr. perguntou ao genro Aaron, pai da garota, se ele tinha marcado a “caixa-preta” no formulário de nascimento da criança. No espaço que identifica a origem racial dos
pais, ele assinalara “preto”, confirmou Aaron, um homem branco de ascendência 100% europeia. Ellie, nas palavras de Gates, tem a aparência exata de uma adorável menininha branca, mas viverá como legalmente “preta”. Caberá a ela, crescendo numa família
Uma das maiores autoras da teledramatugia brasileira, Maria Adelaide Amaral escreveu séries que levaram livros para a tv e marcaram época, caso de “A muralha” (2000), baseada no romance de Dinah Silveira de Queiroz, e “Os Maias” (2001), adapatação do clássico de Eça de Queiroz.
A dramaturga vem de “uma geração livresca, influenciada pelo cinema, pelas ideologias da vida”, já afirmou, e isso está espelhado pela romancista em Aos meus amigos, retrato geracional que vai da ditadura à redemocratização,
adaptado para a tv em “Queridos amigos” (2008) e relançado este ano pela Instante em edição “revista, refletida e maturada”, como diz a autora.
No domingo (7), às 11h45, no Palco da Praça d’ A Feira do Livro, ela conversa com o jornalista e escritor Ivan Angelo, cujo novo romance, Vida ao vivo (Companhia das Letras), retrata o dono de uma grande rede de tv que transmite em cadeia nacional reflexões e confissões — entre elas sua relação pouco republicana com o regime militar. •
que mistura descendentes de europeus, africanos e afro-americanos, construir sua própria identidade racial — e o importante é que isso seja uma escolha dela, diz o avô professor, um dos mais influentes especialistas em literatura e cultura afro-americanas dos EUA , nas primeiras páginas de Caixa-preta: escrevendo a raça (Companhia das Letras), onde conta esta história.
Narrativas antirracistas
Histórias de família são uma especialidade de Gates, que se tornou figura popular da tv americana desde que começou a apresentar programas em que investiga a ancestralidade de celebridades por meio de testes de dnA
Em Caixa-preta, ele se volta para as histórias dos maiores escritores negros do país — de W.E.B. Du Bois e Booker T. Washington a James Baldwin e Toni Morrison — e mostra como transformaram a escrita num front de combate ao racismo. O autor, que também já escreveu sobre história negra na América Latina, fala sábado (6), às 10h15, sobre políticas de afirmação e literatura afro-americana. •
casagrande
Demônios, política e histórias
Conhecido tanto por sua história nos gramados quanto por sua atuação em movimentos políticos como a Democracia Corinthiana e as Diretas Já!, Walter Casagrande Júnior estará no Palco da Praça na quinta (4), às 19h.
Biografia O ex-jogador lança uma versão atualizada de Casagrande e seus demônios (Record), autobiografia escrita com o jornalista Gilvan Ribeiro, na qual conta como revisitar sua história o ajudou com questões como a dependência química.
Relatos A nova edição traz os dez anos mais recentes da vida do eterno Casão. Inclui recaídas nas drogas e sua conturbada saída da tv Globo em 2022, após décadas como comentarista da emissora.
Democracia Além de compartilhar histórias pessoais, n’A Feira Casagrande fala sobre seu engajamento em questões sociais e políticas, como a participação em campanhas eleitorais passadas e recentes e a defesa da democracia •
Nas Edições Sesc você encontra livros de artes, cultura e educação.
James Green repassa quase cinquenta anos de trajetória política e intelectual sobre o país
James Green não sabia quase nada sobre o Brasil quando desembarcou por aqui, em agosto de 1976. “Fiquei completamente fascinado pelas pessoas e pela cultura. Cheguei para ficar seis meses e acabei ficando seis anos, em meio ao processo de redemocratização”, conta. Jimmy ou Jim, como é conhecido, é “um gringo que se apaixonou pelo Brasil” há quase cinquenta anos.
Por aqui, além de se envolver na resistência à ditadura, foi um dos ativistas fundadores do movimento lgbtqi A + brasileiro e, mesmo depois de voltar para os Estados Unidos, construiu uma sólida carreira acadêmica como historiador especializado em
América Latina, focado no Brasil.
Boa parte dessa história está narrada em Escritos de um viado vermelho (Editora Unesp), reunião de memórias, artigos acadêmicos e publicações na imprensa. O título pode soar ousado para a sisudez acadêmica, mas não para quem conhece Jim e sua crença, desde sempre, de que sua militância de esquerda e a luta pelos direitos lgbtqiA+ deviam caminhar juntas.
Green estará na programação d’A Feira junto com o colunista Renan Quinalha no sábado (6), às 17h, no Palco da Praça. • Leia a íntegra da entrevista a Amauri Arrais e Renan Quinalha em quatrocincoum.com.br
José H. Bortoluci e Julia de Souza recuperam vidas de pais
Ouvir histórias de seu pai, na volta de viagens, foi uma das coisas que levou José Henrique Bortoluci a escrever. O sociólogo estreou na literatura com O que é meu (Fósforo, 2023), que entrelaça relatos do pai, Didi, caminhoneiro por cinco décadas, à história recente do país. Bortoluci nasceu em Jaú (sp) e passou a visitar mais a cidade durante a pandemia. Didi recebeu um diagnóstico de câncer e seu filho aproveitava as visitas para gravar entrevistas com o pai. “A materialidade da memória familiar, ou sua escassez é um tema que
desponta em Bortoluci”, escreve Francesca Angiolillo.
Enquanto Bortoluci registra a vida de Didi antes da morte, que veio em novembro, a poeta Julia de Souza recompõe, a partir de memórias fugazes e relatos precários, a perda de seu pai em John (Âyiné, 2023). “No ensaio pessoal, perder o pai é um lento processo que, se não prepara ou ameniza a abrupta interrupção da morte, dá a ela sentidos diversos”, escreve Paulo Roberto Pires, que mediará uma conversa entre os dois no sábado (6), às 15h, n’A Feira •
rodrigo hübner mendes
Cinco curiosidades
O administrador e educador paulistano, à frente do Instituto Rodrigo Mendes, compartilha na quinta (4), às 19h, histórias contadas em sua autobiografia, O potencial da mudança: o desafio de navegar pelas incertezas (Objetiva).
1. Em 1990, durante um assalto em São Paulo, Mendes, então um estudante de dezoito anos que praticava remo e se preparava para o vestibular de medicina, foi baleado no pescoço. A lesão na medula o deixou tetraplégico.
2. Em sua recuperação, Mendes começou a pintar usando um computador comandado por movimentos da cabeça. A experiência foi importante no processo de reconstrução de sua autonomia.
3. Aos 22 anos, ele fundou o Instituto Rodrigo Mendes, ong que começou como uma escola de artes para pessoas com limitações físicas, mas ampliou o foco, passando a atuar pela inclusão de pessoas com deficiência na rede de ensino.
4. Após uma passagem pela consultoria Accenture, em 2005 assumiu o irm, até então comandado por sua mãe. Sob sua gestão, lançou o Portal Diversa e prestou consultoria para Angola.
5. Mendes participou do revezamento conduzindo a tocha olímpica antes das Olimpíadas do Rio, em 2016. Ele foi indicado pela sua contribuição de vinte anos pela educação inclusiva. •
Às vezes ama, outras odeia, deseja e é desejada, despejando tristeza e felicidade em cada um dos corpos sobre os quais derrama sua essência.
Acervo pessoal
José H. Bortoluci e Julia de Souza com seus pais
Um selo literário da Editora
Fim de poema, de Juan Tallón
O coração do dano, de María Negroni
Em memória da memória, de Maria Stepánova
e ambiente, da ocupação do Homo sapiens nas Américas à ocupação da Amazônia
Modelos científicos tradicionalmente aceitos e modos de exploração econômica predatória podem parecer assuntos sem conexão aparente, mas muitas vezes têm um traço em comum: suas ligações com o colonialismo. Essa mentalidade que inferioriza ou ignora os conhecimentos de populações anteriores, principalmente os saberes indígenas, embala conversas sobre ciência e meio ambiente n’A Feira do Livro deste ano, das quais participam o
documentarista João Moreira Salles e os jornalistas Bernardo Esteves e Adriana Abujamra. Eles escreveram livros importantes sobre como visões colonialistas condicionaram desde a história da ocupação do Homo sapiens nas Américas, contada por muitos anos pela arqueologia, à forma extrativista como a Amazônia vem sendo ocupada desde os anos 60 — e ainda sobre personagens que desafiam essas visões com outras narrativas possíveis.
Um dos grandes nomes do jornalismo científico brasileiro, Esteves é autor de Admirável novo mundo: uma história da ocupação humana nas Américas (Companhia das Letras), que cruza arqueologia, física, genética, linguística e saberes indígenas para rever a história oficial. O livro cita ainda escavações em sítios arqueológicos brasileiros que abrem novas perspectivas no campo. Um deles é o Parque Nacional da Serra da Capivara, a partir de uma iniciativa da arqueóloga Niède Guidon, retratada em Niéde Guidon: uma arqueóloga no sertão (Rosa dos Tempos), da jornalista Adriana Abujamra, com quem Esteves conversa no sábado (29), às 15h.
Patrimônios ambientais
No mesmo horário, no domingo (7), Moreira Salles encontra o analista ambiental Pablo L. C. Casella para falar sobre as ameaças, os desafios e as alternativas de conservação de dois patrimônios ambientais do Brasil: a Amazônia e a Chapada Diamantina. A complexidade biológica e social da primeira foi objeto do panorama da região traçado por Salles em Arrabalde: em busca da Amazônia (Companhia das Letras), enquanto a segunda é cenário do romance Contra fogo (Todavia), estreia literária de Casella. •
Natalia Timerman, Christian Dunker e Tati Bernardi
Dois psiquiatras com lançamentos que tratam do luto em diferentes aspectos ocupam o Palco da Praça d’A Feira no sábado (29), às 11h45, para falar sobre as perdas, a psique, teorização e autoficção, mediados por Tati Bernardi. No ano passado, Natalia Timerman publicou As pequenas chances (Todavia), em que trata da morte do pai. O romance autobiográfico
narra a experiência de uma mulher que encontra o médico que cuidou dele na etapa final de um câncer, trazendo à tona recordações sobre seu declínio. Cada situação ganha contornos definitivos: a última viagem, a última gargalhada, a última ida ao teatro. Já Christian Dunker, também psicanalista, analisa as dimensões do luto em Lutos finitos e
infinitos (Paidós, 2023), escrito depois da morte da mãe. O professor da U sp trata do processo de recomposição, simbolização e introjeção da perda — de uma pessoa, de um emprego, de uma época, de um sonho. Para ele, o luto é uma experiência solitária, mas se interliga a outros lutos. • Leia mais e ouça um episódio do 451 mhz com os autores no site
Geni Núñez e os afetos
Em Descolonizando afetos (Paidós), a psicóloga guarani analisa a padronização das relações afetivas no período colonial, em oposição aos modelos não monogâmicos indígenas. Domingo (7), às 10h, ela fala com a psiquiatra Vera Iaconelli sobre muitas formas de amar.
Que dúvidas a perspectiva indígena sobre relações mais desperta? Uma das surpresas é esse debate não ser algo “novo” ou da “moda”. A dissidência já é documentada desde 1500. Uma dúvida é se todos os povos seriam não monogâmicos. Explico que cada povo tem sua forma de organização.
Por que romper padrões afetivos às vezes traz insegurança?
O modelo monogâmico vem sendo imposto há séculos, então a desconstrução passa por descontinuidades, contradições e paradoxos. Por outro lado, às vezes não é a insegurança que imobiliza, mas o excesso de segurança acerca do autocentramento na sexualidade e afetividade alheias.
Homens e mulheres estão igualmente interessados?
Em minha experiência, o interesse maior vem de mulheres e comunidades lgbt+. Não surpreende, monogamia e heteronorma são pautas da direita que defende a “família verdadeira”. Mas tem aumentado o interesse de homens cis hétero, que enfrentam quem os vê como “cornos mansos”. •
Praça Charles Miller
29 jun.—07 jul.
Realização
Associação Quatro cinco um
100/cabeças B
Aleph 6
Amelì B
Amora Livros 24
Ananse 55
Anita Garibaldi 63
Antofágica 6
Arqueiro 11
Arte & Letra 24
Ateliê Editorial B
Autonomia Literária 18
Âyiné 50
AzuCo B
Banca Tatuí B
Bandeirola 28
Barbatana 28
Bazar do Tempo 50
beĩ B
Biruta/Gaivota 5
Boitempo 19
Boitatá 17
Cai-Cai 5
Caixote 5
Cambalache B
Carambaia 50
Carambola 13
Cartola 63
Catapulta 3
Após os debates, convidados do Palco da Praça assinam livros na Tenda de Autógrafos Dois Pontos e convidados do Auditório, na Mesa, no foyer.
Tablados literários
Três pequenos palcos — Tablado
Celeste+Afluente B
Chão 59
Círculo de poemas 50
Claraboia+Paraquedas B
Clube Quindim B
Cobogó 50
Companhia das Letras 35
Contexto 4
cpl – Câmara
Periférica do Livro 46
Cuca Fresca B
dba 44
Delirium 63
Dico Edições B
Documenta Pantanal B
Dublinense 41
Duna Dueto B
e-galáxia 28
Edições Sesc 43
Editora 34 59
Editora Bamboozinho 5
Editora Blucher B
Editora Escola da Cidade 2
Editora Globo 11
editora hipotética B
Editora Miguilim 39
Editora Monolito B
Editora Olhares 11
Maçã (T1), Tablado Mirtilo (T2) e Tablado Caqui (T3) — recebem uma programação paralela de debates e sessões de autógrafos realizados por expositores d’A Feira do Livro Confira a programação no site.
Os autores convidados se apresentam aqui entre 10h e 19h. Acesso gratuito e sujeito a lotação.
Editora Origem 45
Editora Paraquedas B
Editora Planeta 14
Editora Senac São Paulo 42
Editora Tabla 16
Editora wmf 11
edusp 57
Elefante 41
Ercolano 16
Escreva, Garota! 7
Estela Vilela B
Estação Liberdade 15
Expressão Popular 18
Ficções B
Flores de Baobá 55
Folha de S. Paulo 37
Fósforo 50
ftd Educação 20
Fotô Editorial 45
Funilaria 18
Gabaju B
glac edições 16
Global Editora 8
Grupo Autêntica 49
Grupo Editorial
Pensamento 11
Grupo Editorial Record 9
e loja
Entre no clima com produtos do festival: cangas, ecobags, canecas e mais.
Estádio Paulo
Machado de Carvalho
Mercado Livre Arena – Pacaembu
Neste ano, alguns parceiros
visitam A Feira: mos (P1), enjoei (P2) e Nude (P3).
Dois espaços — Oficina Vinagreira (OA) e Oficina Couve-flor (OB) — com contação de histórias, xilogravura e outras atividades gratuitas em torno do livro e da leitura, em parceria com as instituições Instituto Acaia, Associação Vaga Lume, Clube Quindim, Filili, Mais Diferenças e Estela Vilela.
A Feira do Livro traz tendas e food trucks com opções variadas de alimentação: Acarajé da Barra • Beef • Box da Fruta • Café Fazenda Recanto • Chimi • Frida e Mina • Lillidee • Losdos Cantina • Paca Polaca • Paellas Pepe • Seo Basilico
O restaurante Bubu também está funcionando, assim como as tradicionais barracas de feira livre do Pacaembu.
Temos ainda carrinhos com docinhos, quitutes e bebidas. No segundo final de semana, curta um cappuccino, cortesia da Nude.
Ponto de doação de livros para recompor acervos de bibliotecas comunitárias e escolares do Rio Grande do Sul — ação realizada pela Redelê e pela Associação
Quatro Cinco Um.
HarperCollins Brasil 12
Hedra 16
Ímã Editorial 51
Impressões de Minas B
Incompleta 28
Instante 21
Intermeios 58
Instituto Socioambiental –isa 30
Intrínseca 11
Jabuticaba 28
jbc 34
Jujuba 17
Kitembo 55
l&pm Editores 27
Labrador 4
Laranja Original B
Letra da Cidade B
LiteraRua 29
Livraria da Travessa 31
Livraria da Vila 48
Livraria Dois Pontos 32
Livraria Eiffel 2
Livraria Loyola 40
Livraria Martins Fontes 11
Livraria Megafauna 53
Livraria Paisagem 1
Livraria unesp 58
Livros da Matriz 5
Lote 42 B
Lovely House 45
Malê 36
Mil Caramiolas 13
Mocho 63
Moinhos 24
Mostarda B
Mundaréu 24
Musa Editora B
Museu Judaico de São Paulo B
n-1 Edições 16
Nós 26
Numa Editora B
Oficina Raquel 51
ÔZé Editora B
Pallas Mini 17
Patuá 38
Peirópolis 22
Perspectiva 54
Plataforma9 B
Primavera Editorial 51
Quatro Cantos 5
Quelônio 28
Quilombhoje 55
Ramalhete 39
Relicário 16
Revista piauí
Rocco 62
Romano Guerra 2
Rua do Sabão 61
Ruth Rocha 25
Saraiva Educação 23
Sebinho B
Selecta Livros 27
Sextante 11
Sobinfluencia 18
Solisluna 5
SPTuris/Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo/Biblioteca
Mário de Andrade 56
sqn Biblioteca B
tag 33
Tenda de Livros B
Terreno estranho B
Tinta-da-China Brasil/
Quatro Cinco Um 60
Todavia e Baião 47
Ubu 50
unesp 52
unicamp 57
Veneta 19
Viajante do Tempo 13
Zain B
Entre os dias 29 de junho e 7 de julho, os autores convidados d’A Feira do Livro se apresentam em dois palcos: no Palco da Praça, em frente à Mercado Livre Arena - Pacaembu, e no Auditório Armando Nogueira, parte do Museu do Futebol. Ambos têm acesso gratuito e são sujeitos a lotação.
Espaços menores, espalhados pela praça, inauguram a programação paralela do festival literário paulistano, com debates e sessões de autógrafos programados pelos expositores.
Contação de histórias, oficinas de xilogravura e outras atividades gratuitas em torno do livro e da leitura acontecem nas oficinas d’A Feira do Livro
Programação sujeita a alterações
Confira a programação completa no site da Quatro Cinco Um
10h
Abertura da 3a edição
d’A Feira do Livro
11h45 • Psicanálise
Infinitos lutos
Natalia Timerman
Christian Dunker
Mediação Tati Bernardi
Como vivemos o luto e como ele acaba? Os autores combinam experiência pessoal, literatura e psicanálise para debater um tema central da vida humana.
13h30 • Arte
Minha língua
Lenora de Barros
Mediação Ana Carolina Ralston
A artista visual paulistana conversa com a curadora da ArPa sobre sua trajetória e obras recentes. Lenora criou o Espaço instagramável d’A Feira
Parceria ArPa
15h15 • Divulgação científica
Admirável novo mundo
Bernardo Esteves
Adriana Abujamra
Mediação Eduardo Neves
Quando e onde a raça humana ocupou as Américas? A corrida dos cientistas para responder a esta fascinante pergunta.
17h • Música
Devagarinho e sempre
Martinho da Vila
Mediação Adriana Couto
O sambista e escritor carioca lança n’A Feira do Livro a autoficção Martinho da vida
19h • Literatura brasileira
A palavra que resta
Stênio Gardel
Mediação Schneider Carpeggiani
O autor cearense, vencedor do National Book Award nos eua apresenta no Pacaembu seu aclamado romance de estreia.
10h15 • Literatura francesa
Mundo do crime
Hannelore Cayre
Mediação Eduardo Muylaert
A advogada criminal e cineasta francesa fala sobre seu romance policial premiado, A patroa.
Apoio Embaixada da França no Brasil
12h • Política
Esquerda e direita
sem extremos
Rui Tavares • Sergio Fausto
Mediação Camila Rocha
O que significam hoje os conceitos históricos de direita e esquerda? Uma conversa sobre o futuro das ideias e da política.
Apoio Instituto Camões
14h • História
Meninos, eu vi
Rubens Ricupero
Figura central nas relações internacionais brasileiras desde os anos 60, o ex-ministro da Fazenda e embaixador Rubens Ricupero lança seu volume de memórias n’A Feira do Livro
15h30 • Desigualdades
Transformação social
Carol Pires • Inês Mindlin Lafer • Neca Setubal
O que podemos fazer para reduzir as desigualdades sociais?
Duas lideranças da filantropia compartilham sua trajetória com a autora do podcast Desiguais
17h30 • Crítica literária
Apenas escritoras
Betina González
Andrea del Fuego
Mediação Beatriz Muylaert
Quem pode escrever? Duas ficcionistas falam da obrigação de ser genial imposta a escritoras mulheres e o boom feminino na literatura latino-americana.
10h • Divulgação científica Matemática para quem é de humanas
Marcelo Viana
Mediação Bernardo Esteves
O diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada fala sobre teorias, curiosidades e prazeres da ciência dos números.
11h45 • História
Agora, agora e mais agora
Rui Tavares
Mediação Sofia Nestrovski O ensaísta e podcaster português apresenta o seu aguardado alfarrábio, que narra um milênio de histórias, do mundo árabe antigo à Europa do século 21. Apoio Instituto Camões
13h30 • Literatura brasileira Tantra e canibais
Iara Biderman Odorico Leal
Mediação Maria Carvalhosa
Duas revelações literárias falam sobre seus livros de estreia, ambos de narrativas curtas e com um olhar ora irônico, ora afetivo sobre o cotidiano.
15h • Alimentação À mesa com Rita Lobo
Rita Lobo
Mediação Isabelle Moreira Lima Uma conversa com a autora de Panelinha, projeto editorial que vem resgatando o valor da comida saudável e saborosa na mesa dos brasileiros.
17h • Literatura Violências familiares
Tatiana Salem Levy
Claudia Piñeiro
Mediação Paula Sacchetta
As duas romancistas conversam sobre as representações literárias e as inúmeras violências exercidas sobre os corpos femininos.
19h • Literatura Transescrita
Camila Sosa Villada
Mediação Adriana Ferreira Silva
Expoente da literatura latinoamericana, a argentina Camila Sosa Villada conversa sobre a literatura travesti e as três obras
10h15 • Literatura brasileira
Trilha de Letras:
Nara Vidal
Apresentação Eliana Alves Cruz
A autora mineira conversa com a escritora carioca em seu programa de tV sobre as representações literárias da eugenia e do racismo.
Patrocínio tv Brasil
12h • Livro e leitura
Palavra contada
Alice Carvalho
Beatriz Bracher
Mediação Luciana Araujo
Uma conversa sobre Coração apertado, de Marie NDiaye, e a produção do audiolivro do romance, recém-lançando pela Supersônica.
Apoio Supersônica
14h • Literatura brasileira
Trilha de Letras:
Caetano W. Galindo
Mediação Eliana Alves Cruz
O tradutor, romancista e ensaísta curitibano é o convidado do programa literário que a autora carioca apresenta na tV Brasil.
Patrocínio tv Brasil
15h30 • Poesia
Asma, boca e cova profunda
Adelaide Ivánova • Mar Becker
Mediação Irene de Hollanda
Destaques da nova geração de poetas levam para a praça a sua potência lírica.
17h30 • Língua portuguesa
Palavras, palavras, palavras
Caetano W. Galindo
Marcos Bagno
Mediação Luana Chnaiderman
Dois poetas, tradutores e autores de obras sobre o português conversam sobre as origens, o presente e o futuro da língua.
15h • Praça de Aula Racismo e antirracismo nas escolas
Edneia Gonçalves • Eugênio Lima
Mediação Bianca Santana
Uma conversa franca sobre a luta pela superação do racismo na sociedade, que vem desafiando pais, alunos e educadores.
15h • Praça de aula
Saberes ancestrais, na sala de aula
Kerexu Mirim • Luiz Ketu
Mediação Tatiane Maíra Klein
Os autores nos trazem notícias das escolas indígenas e quilombolas, que estão entre as experiências mais importantes na educação brasileira hoje.
Apoio isa
15h • Praça de Aula Ler o Brasil
Ana Clara da Silva • Sacolinha Vó Geralda
Mediação Taína Silva Santos
Uma conversa sobre a importância da leitura e dos espaços comunitários de educação popular.
Apoio Casa Sueli Carneiro
15h • Literatura brasileira
Sobre crushes e bruxas
Bia Crespo • Caio Yo Carol Chiovatto
Mediação Tiago Valente
Um encontro com Bia Crespo, Caio Yo e Carol Chiovatto, destaques da nova literatura juvenil brasileira que dão novos contornos à ficção pop contemporânea.
Parceria Companhia das Letras
16h30 • Seminário Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas Ler na tempestade
Ana Carolina Carvalho Morgana Kretzmann
Mediação Dianne Melo
Por que recorremos à literatura para elaborar tragédias e momentos de incerteza? Um bate papo sobre a leitura e a escrita em tempos de catástrofe climática.
18h • Acessibilidade
Aula pública de Libras
Flávia Brandão • Nayara Silva Autora de um dicionário da língua brasileira de sinais e de livros de ensino de Libras, Flavia Brandão e Nayara Silva dão uma aula pública para os visitantes d’A Feira do Livro
15h • Literatura brasileira Novos repertórios
Lucas Rocha • Aline Zouvi
Mediação Clara Rellstab
Uma conversa sobre a importância de levar as narrativas lgbtqia+ para bibliotecas, livrarias e festivais literários.
16h30 • Seminário Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas
A solidão do livro, a solidão da tela
Aline Frederic • Debora Vaz
Mediação Patricia Auerbach
A tecnologia é uma ameaça para a leitura e a escrita de qualidade em casa e na escola? Uma conversa sobre os desafios à experiência literária em nossos tempos.
18h • Crítica literária A parte maldita brasileira
Eliane Robert Moraes
Reinaldo Moraes
A crítica literária e o romancista discutem o erotismo e as representações do sexo na literatura brasileira.
19h30 • Literatura brasileira
Uma noite em Porto Alegre
Mar Becker • Jeferson Tenorio •
Clara Averbuck • Veronica Stigger • Morgana Kretzman • Paulo Scott
Mediação Tatiana Vasconcellos
Autoras e autores gaúchos prestam uma homenagem literária à cidade que sedia uma feira do livro que inspirou a sua irmã paulistana e que sofre com os danos das enchentes de maio de 2024.
19h30 • Literatura infantojuvenil ABCXYZ
Sérgio Rodrigues • Daniel Kondo
Mediação José Orenstein
Três craques — um historiador, um escritor e um ilustrador — lançam no Pacaembu livros que exploram a linguagem, a história e a visualidade.
16h30 • Seminário
Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas
Literatura negra: estar na estante é o bastante?
Renato Gama • Waldete Tristão
Mediação Neide Almeida
O Brasil vem recuperando um atraso histórico na circulação de narrativas negras. A mesa discute a mediação de leitura como chave para uma efetiva transformação da sociedade.
16h30 • Seminário
Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas
Leitura obrigatória
Lara Rocha • Fernanda Sousa
Mediação Janine Durand
Um debate sobre a seleção de obras unicamente de mulheres no vestibular da Fuvest, que interpela o cânone e marca um novo momento na promoção da literatura feminina.
16h30 • Seminário
Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas
Formar leitores, formar professores
Diana Navas • Ana Barbara
Mediação Marisa Lajolo
O professor é uma figura crucial na formação de leitores, mas como se dá a sua própria formação como leitor?
18h • Literatura
James Baldwin, 100
Um tributo ao escritor norte-americano cujo centenário se comemora neste ano.
Apoio Companhia das Letras
19h30 • Literatura brasileira
Poesia na praça
Gregorio Duvivier • Bruna Beber
Mediação Fernando Luna
Ironia, lirismo, amor e sacanagem são ingredientes que não faltam na poesia dos dois cariocas que se reúnem nesta conversa.
18h • Música
Infância recomposta
Nando Reis
Mediação Roberta Martinelli
O cantor e compositor lança n’A Feira do Livro o seu volume de memórias, relembra sua trajetória, seus grandes sucessos. A conversa será transmitida pela Rádio Eldorado fm
17h30 • Cultura indígena
Diários yanomami
Mozarildo Yanomami
Darysa Yanomami
Mediação Hanna Limulja
Testemunhas dos ataques sofridos com a invasão de garimpeiros desde os anos
2010 e o organizador do livro que traz seus depoimentos.
Apoio isa
18h • Praça de aula
19h30 • Biografia
Virada de jogo
Rodrigo Hübner Mendes
Walter Casagrande
Mediação Gaía Passarelli
Quando a vida ganha rumos imprevistos e dolorosos, abrem-se possibilidades de transformação. O educador e o jogador de futebol conversam sobre os livros que narram o valor da mudança em sua trajetória.
Catástrofe climática e racismo ambiental
Juliana Borges
Mariana Belmonte
A catástrofe no rs escancarou a vulnerabilidade à crise climática a que as populações periféricas, negras e indígenas são submetidas. O que isso muda na sala de aula?
19h30 • Poesia Slam, rap e periferia
Rashid • Mel Duarte
Mediação Izabela Moi
Destaques da cena literária periférica de São Paulo, o rapper e a slammer mostram por que o hip hop é central para a renovação da poesia no Brasil de hoje.
10h • Literatura
O dia em que apagaram a luz
Camila Fabbri
Mediação
Anna Virginia Balloussier
A autora argentina fala do livro em que relembra o incêndio que deixou 194 mortos numa boate em Buenos Aires em 2004.
11h45 • Literatura brasileira
Vidas pelas margens
Lilia Guerra
Mediação Roberta Martinelli
A escritora paulistana fala sobre os personagens e as histórias da periferia paulistana. A mesa encerra a segunda temporada do Clube do Livro da Rádio Eldorado fm
13h30 • Poesia
Flores da batalha
10h15 • Política
Perspectiva amefricana
Juliana Borges
Clayton Nascimento
A colunista da Quatro Cinco Um conversa com o ator e dramaturgo, autor da premiada peça Macacos, que investiga as diferentes faces do racismo.
12h • Literatura brasileira Faroeste caboclo
Dan • Bruno Paes Manso
Mediação Amauri Arrais
O escritor brasiliense e o pesquisador e jornalista paulistano conversam sobre as formas de retratar a violência e a criminalidade em seus livros.
10h • Ciências sociais
Formas de afeto
Vera Iaconelli • Geni Núñez
Mediação Martha Nowill
A psicanalista paulistana e a psicóloga guarani conversam sobre descolonização dos relacionamentos afetivos e interpelam conceitos como maternidade, monogamia e outras formas de amor.
11h45 • Literatura e ditadura
Páginas de um país
Maria Adelaide Amaral
Ivan Angelo
Mediação Marta Góes
Consagrados e em plena atividade, os autores conversam sobre seus livros, brilhantes retratos literários de uma geração que moldou a tV, a cultura e o jornalismo nos anos 1970 e 80.
AUDITÓRIO ARMANDO NOGUEIRA
12h • Literatura japonesa
Homenagem a Leiko Gotoda
Rita Kohl • Luara França
A mais importante tradutora de literatura japonesa no Brasil é homenageada nesta mesa, que reúne uma tradutora da nova geração e uma editora que trabalhou em suas traduções.
A Tinta-da-China
!
Brasil é uma editora independente que publica ensaios, poesia, livros de história, jornalismo e humor, além da mais linda coleção de Fernando Pessoa em qualquer língua.
Venha visitar nosso estande para conhecer a editora e os últimos lançamentos!
Sérgio Vaz
Mediação Camilla Dias Expoente da cena literária paulistana, o poeta e criador da Cooperifa fala sobre sua trajetória, arte e as diferentes batalhas de que participa.
15h • Crítica literária Narrativas antirracistas
Henry Louis Gates Jr. Jamaica Kincaid
Mediação Juliana Borges
Dois importantes autores contemporâneos dialogam sobre seus escritos, que vêm mudando a história literária afro-americana.
17h • Literatura lgbtqia+ Livros e livres
James Green • Renan Quinalha
Mediação Helena Vieira
A evolução dos direitos lgbtqia+, do movimento pioneiro nos anos 1970 às conquistas no século 21, está no foco deste debate entre o historiador norte-americano e o pesquisador e colunista da Quatro Cinco Um
19h • História
60 anos do golpe
14h • Literatura Entre bois e mosquitos
Michel Nieva
Joca Reiners Terron
Mediação Schneider Carpeggiani Um diálogo entre a ficção punk-gauchesca do argentino e o thriller distópico do autor mato-grossense.
15h30 • Literatura brasileira Em busca do pai
José Henrique Bortoluci
Julia de Souza
Mediação Paulo Roberto Pires
A figura paterna é o tema central desta mesa, que reúne o ensaísta que perfilou seu pai, caminhoneiro, e a poeta que dedicou um livro ao pai recém-falecido
17h30 • Literatura Reescrita da escravidão
Jabari Asim
15h • Meio ambiente
Natureza em chamas
João Moreira Salles
Pablo Casella
Mediação Maria Guimarães
A Amazônia e o cerrado são o cenário da reportagem e do romance discutidos nesta mesa sobre as implicações culturais, políticas e ambientais da devastação dos biomas brasileiros.
17h • Memória Sempre Paris
Rosa Freire d’Aguiar
Mediação Ruan de Sousa Gabriel
Tradutora de Sade, Céline e Proust, a autora rememora a efervescência cultural, política e comportamental dos anos 1970 e 80 em Paris, onde era correspondente e vivia com o economista Celso Furtado.
14h • História
Avenida Rebouças
Ana Flávia Magalhães
Hebe Mattos
A diretora do Arquivo Nacional e a historiadora que organizou as cartas de André Rebouças
15h30 • laut - Liberdade e Autoritarismo
Ditadura nunca mais
Pádua Fernandes
Camilo Vannuchi
Mediação Luciana Reis
A resistência das famílias de “desaparecidos” durante a ditadura militar é objeto de dois livros lançados no aniversário dos 60 anos do golpe de 1964.
17h30 • Literatura brasileira Tempo mãe
tintadachina.com.br instagram @tintadachinabrasil twitter @tintadachinabr
Marcelo Rubens Paiva Luiz Felipe de Alencastro
Mediação Patricia Campos Melo
O escritor e o historiador analisam os efeitos de 21 anos de autoritarismo na sociedade brasileira e as perspectivas atuais para a democracia.
Mediação Adriana Ferreira Silva O historiador e ficcionista discute as representações literárias da vida sob a escravidão nos eua do século 19.
Silvana Tavano
Mediação Iara Biderman
A escritora e professora de literatura discorre sobre o tempo, suas memórias da mãe e a escrita de romance para ressuscitar passados e inventar futuros.
Adelaide Ivánova. Asma. Nós. 200 pp. R$ 69
Aline Zouvi. Pigmento. Companhia das Letras. 256 pp. R$ 99,90
Bernardo Esteves. Admirável novo mundo. Companhia das Letras. 504 pp. R$ 104,90
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Caetano W. Galindo. Lia: cem vistas do monte Fuji. Companhia das Letras. 232 pp. R$ 69,90
Camila Fabbri. O dia em que apagaram a luz. trAd. Silvia Massimini Félix. Nós. 160 pp. R$ 70
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Camila Sosa Villada. Tese sobre uma domesticação. trAd. Silvia Massimini Felix. Companhia das Letras. 224 pp. R$ 69,90
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Claudia Piñeiro. Elena sabe. trAd. Elisa Menezes. Morro Branco. 160 pp. R$ 59,90
Christian Dunker & Gilson Iannini. Ciência pouca é bobagem: por que psicanálise não é pseudociência. Ubu. 288 pp. R$ 69,90
Christian Dunker. Lutos finitos e infinitos. Paidós. 488 pp. R$ 119,90
Dan. Vale o que tá escrito. dbA . 224 pp. R$ 59,90
Geni Núñez. Descolonizando afetos: experimentações sobre outras formas de amar. Paidós. 192 pp. R$ 51,90
Geni Núñez. Jaxy Jaterê. ils. Miguela Moura. HarperKids. 32 pp. R$ 49,90
Hannelore Cayre. A patroa. trAd. Diego Grando. Dublinense. 192 pp. R$ 69,90
Henry Louis Gates Jr. Caixa-preta: escrevendo a raça. trAd. floresta. Companhia das Letras. 248 pp. R$ 84,90
Iara Biderman. Tantra e a arte de cortar cebolas. Editora 34. 120 pp. R$ 53
Jabari Asim. Em algum lugar lá fora. trAd. Rogerio W. Galindo. Instante. 256 pp. R$ 74,90
Jamaica Kincaid. Annie John. trAd. Carolina Cândido. Alfaguara. 136 pp. R$ 69,90
Julia de Souza. John. Âyiné. 110 pp. R$ 79,90
Lilia Guerra. O céu para os bastardos. Todavia. 176 pp. R$ 54,90
Luiz Felipe de Alencastro. Despotismo tropical: a ditadura e a redemocratização nas crônicas de Julia Juruna. Tinta-da-China Brasil. 192 pp. R$ 74,90
Mar Becker. Cova profunda é a boca das mulheres estranhas. Círculo de Poemas. 40 pp. R$ 44,90
Marcelo Viana. Histórias da matemática: da contagem nos dedos à inteligência artificial. Tinta-da-China Brasil. 256 pp. R$ 84,90
Maria Adelaide Amaral Aos meus amigos. Instante. 288 pp. R$ 74,90
Martinho da Vila. Martinho da vida. Planeta. 320 pp. R$ 69,90
Michel Nieva. Dengue boy: a infância do mundo. trAd. Joca Reiners Terron. Amarcord. 208 pp. R$ 69,90
Nando Reis. Pré-sal. wmf Martins Fontes. 120 pp. R$ 99,90
Nara Vidal. Puro. Todavia. 96 pp. R$ 59,90
Natalia Timerman. As pequenas chances. Todavia. 208 pp. R$ 69,90.
Odorico Leal. Nostalgias canibais. Âyiné. 110 pp. R$ 79,90
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Stênio Gardel. Bento Vento Tempo. ils. Nelson Cruz. Companhia das Letrinhas. 40 pp. R$ 64,90
Tatiana Salem Levy Melhor não contar. Todavia. 224 pp. R$ 69,90.
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Martinho da Vila lança suas memórias de quase setenta anos de música e 38 de
e compositor
Bem antes de ser conhecido em todo o país como Martinho da Vila, ele já tinha a fama de ser um tanto arrastado — devagar, devagarinho, como no samba que gravou em 1995 e virou uma espécie de declaração de princípios. Mas Cláudio Jorge, violonista que toca com ele há 37 anos, pondera:
sérgio vaz
Ping pong com o poeta
Sábado (6), às 13h30, o poeta Sérgio Vaz sobe ao Palco da Praça d’A Feira para uma conversa sobre arte e intervenções culturais como a Cooperifa, fundada por ele em 2000 em Taboão da Serra, Grande São Paulo, para reunir artistas da periferia em atividades culturais como saraus, teatro e mostras de fotografia. Aqui, o autor de Flores da batalha (Global) revela a que lhe remetem algumas palavras.
“É devagar, devagarinho e sempre”. Alguém que já gravou dezenas de discos, escreveu mais de vinte livros e continua em plena atividade aos 86 anos — além de ter tido oito filhos, entre eles a cantora Mart’nália — não pode ser chamado de preguiçoso. O recém-lançado livro de memórias Martinho da vida
(Planeta) prova que sua trajetória pessoal e profissional é para lá de intensa. “Já era para estar aposentado. Mas sei que idoso é igual a carro velho: se ficar muito tempo parado, não anda mais. Eu fico na ativa”, explica o sambista, que aproveitou a pandemia para passar suas lembranças para o computador, missão que concluiu em 2023.
Quem canta, conta Martinho começou a fazer sucesso no final dos anos 60, quando também brilhavam Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros baianos. Deu-se a confusão. “Como eu falava bem devagar, mais do que hoje, as pessoas pensavam que eu era baiano. Aí tive que dizer que nasci numa cidade chamada Duas Barras [rj]. Isso foi um acontecimento. A cidadezinha nunca tinha sido falada. Fizeram contato, me receberam com banda, foi uma festa.”
Há 38 anos, também encontra tempo em sua vida para escrever livros. Ele diz ter começado por acaso, quando a editora Global o convidou, juntamente com outros artistas, para participar da série infantil “Quem canta, conta”. “Escrevi, mas o livro não ficou infantil”, diz, sorrindo. A carreira seguiu prolífica, com ficções, crônicas e muitos livros para crianças. No sábado (29), às 17h, Martinho conversa com a apresentadora Adriana Couto n’A Feira do Livro. • Leia a íntegra da entrevista a Luiz Fernando Vianna em quatrocincoum.com.br
A trilha de Marcelo R. Paiva
Periferia: Sentimento
Poesia: Arma
Batalha: Corre
Voz: Poesia
Poder: Luta
Quando Marcelo Rubens Paiva lançou Feliz ano velho , em 1982, o romance ajudou a revitalizar o espírito juvenil ao som do novo rock brasileiro que surgia ainda sob repressão do regime militar. A convite da Quatro Cinco Um, o escritor, também músico, fez uma playlist que serve de trilha sonora para seus livros. A lista começa com o hino punk “Anarchy in the Uk” (Sex Pistols), para Feliz ano velho , e inclui “Space oddity”(David Bowie) para Ainda estou aqui e “It’s a long way” (Caetano Veloso) para Do começo ao fim. Sábado (6), às 19h, ele fala de ditadura e democracia ao lado de Luiz Felipe de Alencastro. • Ouça a playlist de Marcelo Rubens Paiva em quatrocincoum. com.br
O papel IVORY é feito pensando no conforto dos pequenos leitores. Além do toque suave, é delicado ao olhar e o companheiro perfeito para explorar histórias com muita diversão. Embarque em uma jornada de aprendizado e conhecimento, repensando o seu papel na educação das crianças. O papel Muralle Print é um papel robusto e encorpado para edições especiais, produzido 100% com pasta termomecânica (TMP). Pense no futuro do nosso planeta e transforme seus impressos em produtos mais sustentáveis, eco-friendly e engajados com o meio ambiente.
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As poetas Mar Becker, Julia de
épico escalafobético
Asma, de Adelaide Ivánova
A poeta pernambucana, que vive em Berlim há mais de uma década, fala de seu livro, lançado pela Nós.
CONVIDADO OFICIAL DA FEIRA DO LIVRO
“UMA ESTREIA FORTE, QUE CAPTA O ESPÍRITO DE UM LUGAR ONDE TUDO – ATÉ O PASTO – É MARCADO PELA VIOLÊNCIA.”
MICHEL LAUB
NAS LIVRARIAS
Dos ambientes domésticos a figuras históricas inconformadas com a subordinação das mulheres, os temas que instigam as poetas convidadas d’A Feira refletem como vozes femininas têm usado formas de expressão variadas na poesia brasileira — e não se limitam a ela. Enquanto a gaúcha Mar Becker volta o olhar para a vida de donas de casa de sua Passo Fundo natal e produz um tipo de revanche contra modelos sociais e religiosos no recente Cova profunda é a boca das mulheres estranhas (Círculo de Poemas), a paulistana Julia de Souza
por Julia de Souza
Sonho muito com pernas infelizmente sempre as minhas pernas que pesam como as âncoras mais devotas e é impossível caminhar — fico de joelhos, tento rastejar — ou as pernas, no sonho, as minhas pernas ficam tortas ainda mais tortas do que são minhas pernas, tortas como as pernas de uma velha japonesa, e é impossível e é ridículo caminhar.
Um dia, quando eu estive louca, me levaram para caminhar no parque — uma caminhada terapêutica, supus.
De repente, no parque vazio, passou um menino louco que me olhou com olhos varados, olhos só pupila e com esses olhos de
e Adelaide Ivánova desvela com blocos de memórias pessoais a demência progressiva do pai em John (Âiyné). Já Adelaide Ivánova, que narra a peregrinação de uma rainha persa pelos séculos em Asma (Nós), o faz num poema épico que pode ser lido como prosa (mais ao lado). Modos de narrar e cenários diversos, que incluem o corpo, se encontram num lugar onde sonhos convivem com dúvidas, conflitos e a descoberta da força do presente. Becker e Ivánova conversam no domingo (30), às 15h30. Já Souza fala no sábado (6), às 15h. •
cobra ele me disse:
“por que você anda assim?” e depois colheu um tufo de grama do chão e atirou aquela grama fresca sobre mim.
Foi bom. Havia mais um louco no parque, um louco que se viu menos louco do que eu — que me vi menos louca do que ele, tão louco, as mãos cheias de grama e terra.
Não reparei nas pernas do menino louco, mas senti o cheiro da grama e voltei para casa ponderando minhas pernas, caminhando sobre elas num misto de vergonha e glória;
afinal dois loucos podem se odiar num parque vazio
Quem é a protagonista de Asma? Pesquisei figuras históricas até descobrir Vashti, rainha persa que foi expulsa pelo rei Xerxes por se recusar a fazer um striptease. O mito inaugural da mulher insubordinada. Ela continua andando pelo mundo até hoje, aliás foi vista no Recife na semana passada (a louca!).
No poema há essa pergunta: ser quenga ou ser sábia?
Ou ser as duas? Não tenho simpatia pela [cantora] Anitta, mas gosto quando ela diz que rebolar não significa ser burra. Temos direito de dançar, se esfregar e usar a cuca.
E sapatear na cara do patriarcado? Será que não é disso que a Vashti está sendo acusada? • Leia a entrevista a Iara Biderman em quatrocincoum.com.br
por Mar Becker
ser uma mulher ligeiramente tocada pela desaparição. penso nos astronautas — li esses tempos que voltam com algum grau de osteoporose do espaço. é a gravidade que nos confere bons ossos, o impacto. num lugar sem peso, o corpo se adapta, e o ideal passa a ser outro esqueleto, bem mais aerado, poroso. aos poucos vamos nos convertendo numa espécie nova, e um ímpeto de transparência começa a trabalhar. acho que a palavra quando dita em voz baixa, ou só sugerida em leitura labial, ela deve ser o fim dessa escalada por criaturas cada vez mais inespessas. não há língua que não seja resto daquilo que no princípio foi alucinado pela ossatura. pra mim é evidente que minha clavícula esquerda esconde um anú disse à poesia que entrasse disse-lhe que remendasse as calcinhas onde amei com sua agulha de sombra (o sul, o sul. e vêm e vão as mulheres, e com a cuia nas mãos falam “o mate está lavado”, falam balbuciando com o dizer próximo à erva já negra) amo com minhas perdas e meu estremecimento amo neste corpo que pende, indeciso entre pássaro e queda
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Fundada em 1998, a Plenaprint se orgulha de ter um dos maiores e mais completos parques gráficos do país.
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Mais de oitenta anos depois de ser inaugurado por Vargas, Pacaembu vai
honrosa presença do Presidente Getulio Vargas, que presidirá a cerimônia inaugural do maior parque esportivo do continenente”, prosseguia o jornal ligado à oligarquia da cidade em tom triunfal, antecipando como a abertura do estádio seria usada como ato político pelo Estado Novo varguista. Depois de oitenta e quatro anos e de uma profunda reforma que manteve o local fechado desde 2021, o centro esportivo histórico — que recebe na praça em sua frente A Feira do Livro — tem reabertura gradual prevista para depois do festival literário deste ano. A nova Mercado Livre ArenaPacaembu funcionará como praça multiuso, com estádio e espaço para shows. O projeto ainda prevê um hotel, bares, restaurantes e centro de convenções.
Museu do Futebol
rolê artístico Feira de arte ArPa
26 a 30/6 No primeiro fim de semana d’A Feira do Livro, estará acontecendo a ArPa, nova feira brasileira de arte contemporânea instalada dentro da Mercado Livre Arena - Pacaembu. Aproveite!
55 galerias O evento traz uma mostra do que há de mais recente na cena artística nacional e internacional. São projetos inéditos, criados por artistas reunidos por 55 galerias do Brasil e de países como Argentina, Colômbia, Espanha, México, Noruega e Portugal.
Áreas Este ano, além da área principal com quarenta galerias, há outras quatro áreas temáticas: corpo e meio ambiente, sociedade e coletividade; arte audiovisual; artistas latino-americanos que exploram o mistério da vida e trabalhos de grandes dimensões em áreas públicas do estádio.
“Terá lugar, hoje à tarde, o acto inaugural do imponente estádio do Pacaembu, construído pela municipalidade de São Paulo para os esportistas do Brasil”, anunciava em 27 de abril de 1940 o hoje extinto Correio Paulistano, jornal diário mais antigo da capital paulista.
“Reina grande espectativa nos círculos esportivos e sociaes do paiz em torno do acontecimento desta tarde, realçado ainda mais com a
Outro equipamento do complexo do Pacaembu com reabertura programada é o Museu do Futebol, fechado para obras há cerca de oito meses. O espaço volta a receber visitas em julho, com novidades. Entre elas, um vídeo da craque Marta, eleita melhor mundo seis vezes, projetado em tamanho natural. •
Portão 23 O acesso é pelo portão 23, localizado na rua Capivari. Sábado (29), das 13h às 21h, e domingo (30), das 11h às 19h. Entrada: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). •
• Isabela Noronha • Julián Fuks
Bruno Zeni • Carol Zuppo • Gabriela
Aguerre • Ingrid Fagundez • Juliano
Garcia Pessanha • Marília Garcia • Priscila Gontijo • Vanessa Ferrari
Roberto Taddei • Silvana Tavano
O ator, apresentador e escritor Gregorio Duvivier, um dos fundadores do coletivo Porta dos Fundos, diz que teve uma infância cercada de piadas. “Antes de gostar de humor, eu gostava de piadas”, resumiu na Quatro Cinco Um. Eram os anos 90, antes dos memes e da comédia stand-up. O declínio do hábito de contar anedotas, no entanto, não afetou a longevidade da piada. Na literatura, no cinema, na teledramaturgia e até em programas jornalísticos como o Greg News,
rita lobo e a comida boa e saudável
A cozinheira, apresentadora de tv e autora de livros de culinária prática e saudável lançou ano passado uma nova edição de Panelinha: receitas que funcionam (Editora Senac São Paulo), que ela chama de seu “livro definitivo”.
Nele, explica que hortaliças (legumes e verduras) devem estar presentes em todas as refeições, pois junto com os nutrientes fornecem as cores, sabores e texturas que deixam um prato irresistível. E quanto mais hortaliças, maior o leque nutricional.
Domingo (30), às 15h, ela fala sobre alimentação n’A Feira do Livro. Aqui, sugere uma receita bem prática, com ingredientes fáceis de achar em feiras livres.
que Duvivier apresentou por oito anos, narrativas humorísticas continuam tendo múltiplos propósitos, assim como a poesia, outra arte que domina. Ele é autor de Sonetos de amor e sacanagem e Ligue os pontos: poemas de amor e big bang, ambos pela Companhia das Letras. Quarta (3), às 19h15, com Bruna Beber, ele fala de poesia e piadas, angústias e risadas, e de como escrever sobre o sofrimento e a graça pode ser uma ótima maneira de lidar com a desgraça. •
Abóbora assada com alho e sálvia
• 600 g de abóbora japonesa descascada e cortada em cubos
• 1/2 maço de sálvia
• 6 dentes de alho
• 2 colheres (sopa) de azeite
• sal e pimenta-do-reino moída
1. Preaqueça o forno a 240 °C.
2. Corte as pontas e amasse os dentes de alho com a lateral da lâmina da faca, para descascar.
3. Numa assadeira grande, junte os cubos de abóbora, o alho e as folhas de sálvia. Regue com o azeite e tempere com sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto. Misture bem para envolver a abóbora e a sálvia no azeite.
4. Leve ao forno para assar por cerca de 30 minutos, ou até a abóbora ficar dourada por fora e macia por dentro — na metade do tempo, vire com uma espátula. Assim, a abóbora doura por igual. Retire do forno e sirva. •
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O designer que habita em nós
O livro reflete sobre como a pandemia mudou nossa percepção do lar, transformando-o em um espaço de afeto e criatividade.
A obra discute a transformação do varejo em meio à digitalização, destacando a mudança das relações de consumo no Brasil.
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O livro inspira os leitores a superarem barreiras que limitam a contribuição efetiva e a conexão justa em equipes corporativas.
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Se nossa pátria é nossa língua, o português é um país de muitas estradas, que levam a falas ricas e variadas. A história do idioma é o ponto de partida do encontro entre o linguista Marcos Bagno e o tradutor Caetano W. Galindo, no domingo (30), às 17h30. Aqui, Bagno compartilha algumas pílulas sobre variação linguística:
Placa ou praca? Muitas palavras que hoje usamos com “r” têm um “l” na sua origem. O nosso cravo vem do latim clavu, praia vem de plaga, escravo vem de sclavu, fraco vem de flaccu. É fácil ver que pessoas que dizem “praca”, “pranta”, “grobo”, “Cráudia” etc. não falam assim porque são “ignorantes”. Elas apenas levam adiante uma tendência muito antiga na língua.
E aquela do Luís? Aliás, o tão celebrado Luís de Camões escreveu frauta, pruma, púbrico e ingrês no famoso Os Lusíadas
Advogado ou adevogado? No português brasileiro não existem as tais consoantes “mudas” que a gente aprende na escola. A tendência,
não importa o grau de instrução, é inserir uma vogal para separar a dupla de consoantes. Em alguns lugares do Brasil, especialmente em São Paulo, é comum ouvir a pronúncia “adevogado”, e tem gente que ri disso. Mas por que não ri também de “adjivogado”, que é como outras pessoas pronunciam a palavra?
Fala e escrita O inglês football se tornou futebol entre nós, com um belo “e” para apoiar a pronúncia, enquanto nossa sinuca vem também do inglês snooker. Escrever é uma coisa, e na escrita só vale advogado, mas falar é outra. Consoantes mudas? Nada disso, consoantes muito tagarelas.
Português ou brasileiro? Uma pergunta feita há duzentos anos! A verdade é que o português de Portugal e o do Brasil possuem cada vez mais diferenças. Línguas faladas em lugares tão distantes, com um imenso oceano no meio, e depois de quinhentos anos da chegada por aqui, não têm como escapar das mudanças. Cada vez mais, deixarão de ser uma “mesma” língua.•
Domingo (30), às 10h, o matemático Marcelo Viana fala de curiosidades que estão em seu recém-lançado Histórias da matemática ( Tinta-da-China Brasil , 2024). Em clima de almanaque, abaixo, ele desafia os leitores.
1. Num programa de auditório há três portas, e por trás de uma delas está um carro. Se a querida leitora acertar qual, leva o possante pra casa. Cada porta tem uma dica: a porta 1 diz “está aqui”, a 2 diz “não está aqui”, e a 3 diz “não está na porta 1”. O problema é que só uma das dicas é verdadeira. Onde está o carro?
2. O rei de Bem Longe gosta tanto de suas filhas que decide que será melhor para o reino que haja mais mulheres do que homens. Então, decreta que todos os casais devem continuar tendo filhos até que nasça uma menina. Mas logo, preocupado com o excesso de população, determina que todo casal pare de procriar logo que tiver uma filha. As probabilidades de nascimento dos dois sexos são iguais. O rei vai conseguir o objetivo? Qual será a
proporção de mulheres em Bem Longe após essas leis?
3. O felizardo leitor herda da tia-avó Joana cinco correntes, formadas, cada uma, por quatro elos de ouro maciço. Logo lhe ocorre que, juntas, elas fariam um belo colar de presente para a sua senhora. O ourives cobra 100 reais por elo que tiver que quebrar para fazer a junção. Quanto vai custar o trabalho?
4. O carioca Joãozinho é o xodó das duas avós. O problema é que elas moram em outros estados. Para resolver a disputa, ele propõe o seguinte: todo fim de semana, irá para a rodoviária num horário ao acaso e pegará o primeiro ônibus disponível para a cidade de uma das avós. Se for para Minas, ele vai visitar a vó Maria; se for para São Paulo, a vó Vera. Os ônibus saem pontualmente a cada 20 minutos em ambas as direções. Mas depois de um tempo, vó Maria começa a reclamar que só vê o netinho num fim de semana em cada cinco. O que está acontecendo? • Confira as respostas e uma entrevista com Viana no site da revista
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Quatro Cinco Um — a revista dos livros
2. Ivan Angelo em Vida ao vivo (Companhia das Letras)
1. Clayton Nascimento em Macacos (Cobogó)
4. Rosa Freire d’Aguiar em Sempre Paris (Companhia das Letras)
3. Nando Reis em Pré-sal (wmf Martins Fontes)
5. Vera Iaconelli em Manifesto antimaternalista (Zahar)
a . A ausência de direitos reprodutivos — fruto da miséria, do anacronismo e do descaso do Estado — chega a reduzir mães e pais vulneráveis a simples genitores.
B. Mamonas assassinas/ com mamilos polêmicos/ A Lúcia elucida/ um enunciado totêmico
c. Reequipei nossa primeira emissora de televisão, a pioneira, em vez de vender fui financiando, comprando, […] aproveitando os corruptos dos governos dos generais.
d. Roland Barthes era um intelectual de mão cheia, mas sem Theodor Adorno ele seria muito menos importante.
e. Se sabemos como tem acabado a vida do negro no Brasil nos últimos anos, nós já sabemos como acabará essa peça. Então, avise a todos: o macaco chegou.
diretor de redação Paulo Werneck • editores Amauri Arrais, Beatriz Muylaert, Iara Biderman, Jaqueline Silva, João de Mari, Mauricio Abbade e Vitor Pamplona • revisão Gabriel Joppert • design Ana Clara Alcoforado, Beatriz Mello, Giovanna Farah e Isadora Bertholdo • projeto gráfico Celso Longo e Daniel Trench • diretora executiva Mariana Shiraiwa • diretora de marketing & negócios Cléia Magalhães • patrocínios, parcerias e puBlicidade Christopher Mathi e Natália Alexandrino • comunicação Julia Galvão, Lívia Magalhães e Yolanda Frutuoso • comercial Laís Fernandes e Leandro Valente
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