“Todo processo mobilizador é, em si, um processo comunicativo” — Portal IDIS
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“TODO PROCESSO MOBILIZADOR É, EM SI, UM PROCESSO COMUNICATIVO”
20/3/2008 – Não existirá processo mobilizador se não houver comunicação. A máxima proferida por Márcio Simeone, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autor do livro “Comunicação e Estratégias de Mobilização Social”, sintetiza uma discussão que vem tomando corpo no Brasil e no mundo nos últimos tempos. A consciência de que a comunicação percorre todos os processos de mobilização (desde o interpessoal até o midiático) deve promover uma mudança no planejamento das instituições.
O professor começou a desenvolver projetos de comunicação para a mobilização ainda na década de 90. Até hoje, participou junto com o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) de dois momentos de formação das Redes para a Educação Infantil (REDINs): em 2002, com a REDIN - Belo Horizonte; e, nos dias 15 e 16 de março, na quinta oficina de formação de facilitadores de Santos, Limeira, São José dos Campos e Penápolis. Em entrevista exclusiva ao Portal do Investimento Social, Márcio Simeone analisa a importância da comunicação na dinâmica mobilizadora. Ele revela que nossa sociedade produz dispositivos para a comunicação na mesma medida em que produz entraves. Segundo o professor, “promover convergência em uma sociedade que tende a dispersar não é tarefa fácil, mas não impossível”. Confira os principais trechos da entrevista. IDIS - Por que discutir a comunicação para projetos de mobilização atualmente? Márcio Simeone - A comunicação nos dias de hoje não é mais igual àquela que existia antigamente, quando a sociedade não era tão urbanizada. Antigamente, o sino da igreja bastava para reunir vizinhos e propor discussões. A comunicação ocorria num nível bem mais simples. Hoje, não. Nós vivemos em uma sociedade mais complexa, que tende a ficar dispersa. Isso ocorre, por exemplo, pelo declínio de valores coletivos. Promover uma convergência em torno de uma causa não é tarefa fácil. IDIS - Como as organizações da sociedade civil e as redes podem explorar a comunicação? Simeone - A atuação em forma de rede – que muitos projetos mobilizadores apresentam hoje em dia – faz com que as pessoas e instituições mobilizadas consigam ganhar potência cívica suficiente para fazer frente aos mais diversos problemas. O trabalho de reunir esses esforços em torno de uma causa necessita do trabalho de comunicação. Todo processo de convocação é essencialmente comunicativo. IDIS - As organizações ainda se dedicam demais ao contato com a mídia? Simeone - É muito importante que as causas sejam bem identificadas publicamente. E os projetos também. Mas a gente não pode apostar só na questão da visibilidade o tempo todo. Até porque há uma disputa por essa visibilidade entre as várias causas e os vários projetos. Temos que lembrar que a comunicação é um elemento que vincula as pessoas e as instituições aos projetos mobilizadores. A comunicação tem um papel importante em construir, manter e reforçar a co-responsabilidade dos atores. Senão, uma rede se desagrega. Nesse sentido, a gente está falando de algo muito maior do
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