obrigado
Manual de Apoio à Prática do Professor


Inara Moraes


SOBRE A AUTORA DESTE MANUAL DE APOIO À PRÁTICA DO PROFESSOR
Inara Moraes
Inara Moraes é graduada em Comunicação Social pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC (RS). Especialista em Educação Infantil pela Universidade do Rio dos Sinos - Unisinos (RS) e Mestra em Educação, também pela UNISC. Em suas pesquisas, investiga a literatura infantil e juvenil na formação de professores. É membro do grupo de pesquisa Estudos Poéticos: educação e linguagem na Universidade de Santa Cruz do Sul - RS. Atua na formação de mediadores de leitura literária, escreve e faz leitura crítica de originais de obras literárias para infância e juventude.


Sumário

Articulação da obra com a Base Nacional Comum Curricular
Convite a agradecer: trilhando um caminho de poetas com André Neves
Um livro que agradece: apresentação e leitura dos exemplares do aluno
“Se” revelássemos os poemas escondidos em Obrigado?
Mergulho nas imagens: leitura de imagens e novas escritas
André para Manuel: sonhos com sinos
Apresentação da obra
Carta aos professores
Prezado professor e prezada professora!
Este Manual de Apoio à Prática do Professor foi elaborado para acompanhar a trajetória de leitura do livro Obrigado com seus alunos e alunas. Nele, apresentamos sugestões para a mediação da leitura na sala de aula, a fim de promover a partilha de reflexões acerca da importância da poesia na vida dos jovens leitores.
A obra, escrita e ilustrada por André Neves, pertence ao gênero poesia e é indicada à categoria 2, ou seja, aos estudantes do 8° e 9° anos do Ensino Fundamental.
Artista que tem o lirismo como marca de sua expressão, tanto nas imagens que suas palavras inauguram quanto nas composições que inundam a folha de papel, André nos oferece um livro belíssimo, feito por alguém que acredita que o “papel respira”, como diz o escritor e ilustrador Roger Melo no texto de contracapa que apresenta a obra.
Como o título do livro anuncia, trata-se de um agradecimento e uma homenagem a nomes importantes da literatura brasileira, poetas que, cada um a seu modo, engrandeceram a linguagem, encharcando as palavras cotidianas de sonhos, de imagens, de lutas, e que, por isso, deixaram suas marcas na trajetória humana e artística do autor e ilustrador nascido no estado de Pernambuco.

Nesse sentido, podemos dizer que o tema da obra é a própria poesia e o fazer poético, visto que André Neves tece em seus versos impressões a partir da obra desses poetas e de fragmentos de entrevistas que eles deram sobre o fazer literário.
Nosso convite é para que você, professor e professora, levado pela poesia de Obrigado, adentre com seus alunos no universo criativo de poetas como Manoel de Barros, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Hilda Hilst e Cruz e Souza, entre outros grandes nomes da literatura brasileira, e, por meio dessa imersão poética, encontre caminhos para compreender o universo lúdico e criativo de André Neves, esse incrível inventor de bonitezas, levando junto seus alunos e alunas.
Reparem na capa da obra: o mergulho vale a pena!
Sobre o autor


André Neves nasceu em Recife, capital do estado de Pernambuco. Foi lá que começou sua carreira de ilustrador e escritor de livros para a infância. Desde cedo, conviveu com o colorido das manifestações culturais de sua terra junto com Elma, a irmã que também é ilustradora, e sua mãe, que foi professora. Desenhar e pintar com os irmãos fez parte de sua infância.
Ao final do Ensino Médio, escolheu fazer o curso de Relações Públicas e, no último ano de sua graduação, fez estágio no Espaço Pasárgada, antiga casa do poeta Manuel Bandeira, onde hoje é a Casa de Cultura que leva seu nome. Essa experiência possibilitou ao autor a convivência com escritores pernambucanos em muitos eventos relacionados ao livro, como concursos literários, lançamentos de obras, e, em especial, o convívio íntimo com a obra de Manuel Bandeira. Nessa época, estudou pintura com uma grande artista plástica de seu estado, Marisa Moreira da Costa Campos, mais conhecida como Badida.
Ao ser questionado em entrevistas sobre as marcas de sua escrita, André costuma dizer que seu lirismo vem da poesia, especialmente da poesia de Manuel Bandeira, poeta presente em Obrigado – e não poderia ser diferente!
Leitor voraz de poesia, já escreveu outra obra dedicada ao tema, A caligrafia de Dona Sofia, livro importante de sua carreira que ganhou nova edição, na qual novos poemas enfeitam as paredes da casa da personagem.
Por sua obra, André já ganhou e foi indicado a importantes prêmios literários no país e no mundo. No Brasil, conquistou o Prêmio Jabuti quatro vezes, sendo finalista em tantas outras. Recentemente, foi finalista, na categoria ilustração, de um dos maiores prêmios da literatura infantil no mundo, o Astrid Lindgren Memorial Award - ALMA, concedido pelo Conselho de Artes da Suécia, ao qual concorreram 282 artistas. Sua obra é traduzida em inúmeras línguas do Ocidente e Oriente, sendo um dos autores mais reconhecidos nacional e internacionalmente na literatura para infância.
Obrigado é um livro que chega para homenagear e agradecer aos poetas mais importantes na trajetória do autor e para celebrar, com seus leitores, os 25 anos de carreira de André Neves como artista e escritor.



Contexto de produção da obra
No ano de 2016, André Neves já havia rascunhado o projeto geral da obra Obrigado, mas, ainda buscava compreender como se daria todo o processo criativo e de produção. Passou então a dialogar com sua editora continuadamente e eis que o projeto começou a tomar forma.
No período compreendido entre os anos de 2016 e 2018, André se dedicou a uma ampla pesquisa biográfica sobre os poetas que marcaram sua trajetória, reunindo acervo bibliográfico, entrevistas compiladas, fortuna crítica e demais materiais disponíveis em acervos.
Depois de organizado todo o material, a obra começou a ser produzida, sendo as imagens e os textos produzidos entre 2018 e 2019. Havia a pretensão de que o lançamento do livro também acontecesse em 2019, porém, como narrado pelo autor em uma live1, evento virtual organizado pela editora, quando o livro estava em processo de finalização, uma das ilustrações precisou ser repensada. O lançamento acabou ficando para 2020, ano em que o autor completou 25 anos de carreira e o mundo foi assolado pela pandemia do coronavírus.
Pode-se afirmar que André Neves começou a escrita de Obrigado muito antes dos períodos citados, pois, leitor voraz de poesia, já investigava a linguagem poética de seus autores preferidos há muito tempo, buscando olhar especialmente para os estilos, a linguagem e a infância de cada um dos poetas escolhidos, pois sua trajetória como escritor e ilustrador dialoga especialmente com a literatura para crianças e jovens.
1 Aula com o autor sobre seu processo criativo em uma transmissão ao vivo pela internet para professores que se inscreveram previamente após o lançamento do livro, no segundo semestre de 2020.

Contextualização da obra


Fonte: https://www.instagram. com/editorapulodogato/

Interdisciplinar de Leitura PUC-Rio (iiLer) e a Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio – Distinção Cátedra 10; e o Selo Altamente Recomendável pela FNLIJ – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Foi, ainda, finalista do maior prêmio literário do país, o Prêmio Jabuti, nas categorias Melhor livro infantil e Melhor ilustração. Além disso, recebeu dois prêmios da FNLIJ - YBBi Brasil: Prêmio Hors Concours de melhor ilustração e o prêmio “O Melhor Livro de Poesia”. E, finalmente, o Prêmio AEILIJ da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil na categoria Melhor ilustração.


Natureza artística da obra
Obrigado é uma obra de poesia por apresentar os arranjos estéticos característicos desse gênero. O escritor e ensaísta mexicano Octavio Paz (2012, p.63) chama a atenção para o fato de que o poema é “um conjunto de frases, uma ordem de palavras baseada no ritmo”.
Assim, podemos dizer que, mesmo optando por uma forma que também é narrativa, pois apresenta um personagem que conduz o leitor, André mantém em versos livres, ou seja, não metrificados, uma cadência rítmica própria da poesia. Obrigado é um texto que, mais do que comunicar, tem intencionalidade rítmica, suscita pausas, esperas e outras relações com o tempo.

Em relação à possibilidade de a obra também ser lida como uma narrativa poética, a partir do conjunto de poemas e ilustrações, destaca-se o fato de que o personagem, logo nas primeiras páginas, encontra um livro vermelho, objeto presente em todas as ilustrações nas mãos dos poetas em estado de infância. Aqui cabe ressaltar com Bachelard (1988, p.111) o que esse estado de infância diz de uma “infância imóvel”, sem devir, e “liberta da engrenagem do calendário”. Não se trata, portanto, de pensarmos os poetas homenageados sendo crianças como categoria geracional, mas de pensá-los na perspectiva do maravilhamento pelas coisas do mundo (e pelos livros do mundo!), algo que, para o filósofo Bachelard, pode durar a vida toda. Nesse sentido, pode-se dizer que a infância é a grande personagem do livro de André Neves.
Ao longo das páginas, os poetas meninos também seguram um livro vermelho, e este livro é a própria obra que o leitor tem nas mãos, revelando a capacidade metalinguística da obra ao evocar ela mesma em seu enredo. Baldi (2019) destaca a função da metalinguagem ao colocar o leitor em estado de alerta:
A função da metalinguagem é, portanto, colocar o leitor em estado de alerta diante da linguagem, como em um jogo, por meio do qual, de forma lúdica, praticam-se vários exercícios, tais como o uso da palavra, o movimento de entrar e sair do mundo ficcional e a tomada de consciência dos elementos internos e externos do texto literário (BALDI, 2019, p. 36)

No que tange a esse convite para entrar em estado de alerta, também destacamos a palavra “Se” que inicia cada poema. Ela funciona como um convite a imaginar o que os versos irão propor. Como observamos a seguir nos versos do poema que homenageiam o poeta matogrossense Manoel de Barros:
Se Manoel germinasse infâncias a natureza seria transformada na composição do que lhe falta
Além do convite do “Se”, que nos diz: Olhe, fique alerta, encontramos outros elementos caros a Manoel de Barros, como a principal temática da sua obra, o estado de infância diante do mundo, que figura no primeiro verso, seguido de outro tema característico de sua obra anunciado no segundo verso pela palavra “natureza”.
Esse jogo de revelar o poeta e as marcas de sua personalidade e de sua obra vai se repetir no decorrer do livro e, mesmo que o leitor não os reconheça sem o sobrenome, vai poder, embalado pelas palavras e imagens, fazer uma leitura em estado de encantamento.

Quanto às ilustrações criadas para a obra, André Neves utilizou técnica mista, fazendo o uso de tinta acrílica, têmpera, lápis de cor e colagens sobre o papel. E revela que esse processo aconteceu concomitantemente com a escrita e a reescrita dos poemas.
Sobre o fazer poético, Paz (2012, p. 53) destaca que o poeta emprega vocábulos que já estavam nele. Em suas palavras: “A criação consiste em trazer à luz certas palavras inseparáveis do nosso ser. Essas, e não outras. O poema é feito de palavras necessárias e insubstituíveis”.
Em Obrigado, André Neves partilhou conosco seus poemas, suas ilustrações e seus poetas do coração, insubstituíveis, criando uma obra também insubstituível.

Articulação da obra com a Base Nacional Comum Curricular

Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.
Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.


No que tange ao componente Língua Portuguesa, a oferta de um texto de reconhecida qualidade literária visa contribuir com a fruição dos estudantes, incentivando-os a pensarem nas veredas da criação poética e na importância de se expressarem, articulando com os saberes que possuem em relação a novas mídias e práticas de linguagens contemporâneas, que, conforme o texto da BNCC (BRASIL, 2018, p. 68): “não só envolvem novos gêneros e textos cada vez mais multissemióticos e multimidiáticos, como também novas formas de produzir, de configurar, de disponibilizar, de replicar e de interagir”.
Dessa forma, na seção em que apresentamos sugestões de propostas para a mediação, procuramos também contemplar a cultura digital tão presente na vida dos jovens, por entendermos que ela faz parte dos diferentes letramentos da formação dos leitores contemporâneos.
Destacamos também o enfoque interdisciplinar possível com a obra, especialmente com unidades temáticas dos componentes de arte e história, que desenvolveremos na seção que contempla essa discussão.
Nas propostas sugeridas a seguir, destacamos as práticas de linguagem, os objetos de conhecimento e as habilidades que elas tangenciam.


Propostas de atividades em sala de aula

exemplar do aluno para os estudantes e visa movimentá-los em direção à temática da obra.
Apresente para o grupo um envelope vermelho (em referência à cor da capa de Obrigado) e comente que, dentro dele, existem filipetas com trechos de falas formuladas pelos 15 poetas sobre o fazer poético. Destacamos que essas frases estão no paratexto do livro e foram retiradas de entrevistas que os poetas concederam, exceto a de Cruz e Souza, por André não ter encontrado nenhuma entrevista com este poeta, nascido em 1861. Nesse caso, é um fragmento retirado da obra do autor.


Divida o grupo em duplas ou trios, dependendo da quantidade de alunos, e solicite que retirem uma dessas frases/definições do envelope.
Em sala de aula ou na biblioteca, os alunos, organizados em seus grupos, serão convidados a fazer uma pesquisa inicial sobre a vida e obra dos poetas cujas frases retiraram do envelope. Podem ser estimulados a escrever alguns parágrafos sobre o conteúdo pesquisado e criar uma forma de compartilhamento com o grupo.
Você, professor/professora, pode mediar um debate sobre as percepções compartilhadas, sempre levando em consideração as diferentes concepções ou as semelhanças relativas ao fazer poético por cada um dos poetas nos trechos selecionados.
Oriente o grupo a perceber o uso da linguagem figurada e das figuras de linguagem, entre as quais as metáforas, utilizadas pelos autores para explicar a própria relação com a poesia.

Conversando com a BNCC:
No campo Práticas de estudo e pesquisa, a atividade proposta desenvolve as seguintes práticas de linguagem, objetos do conhecimento e habilidades:
Prática de linguagem Objetos do conhecimento Habilidade
Leitura Relação entre textos (EF69LP30) Comparar, com a ajuda do professor, conteúdos, dados e informações de diferentes fontes, levando em conta seus contextos de produção e referências, identificando coincidências, complementaridades e contradições, de forma a poder identificar erros/ imprecisões conceituais, compreender e posicionar-se criticamente sobre os conteúdos e informações em questão.



No campo Artístico Literário, a atividade desenvolve as seguintes práticas de linguagem, objetos do conhecimento e habilidades:
Prática de linguagem Objetos do conhecimento Habilidade
Leitura
Adesão às práticas de leitura
Análise linguística/ semiótica Recursos linguísticos e semióticos que operam nos textos pertencentes aos gêneros literários
(EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.
(EF69LP54) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e os recursos para linguísticos, como as variações no ritmo, as modulações no tom de voz, as pausas, as manipulações do estrato sonoro da linguagem, obtidos por meio das estrofes, das rimas e de figuras de linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias, dentre outras, a postura corporal e a gestualidade, na declamação de poemas, apresentações musicais e teatrais, tanto em gêneros em prosa quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos de sentido decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e conotativas (adjetivos, locuções adjetivas, orações subordinadas adjetivas etc.), que funcionam como modificadores, percebendo sua função na caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.


Um livro que agradece: apresentação e leitura dos exemplares do aluno
Após o primeiro contato dos estudantes com o grupo de poetas homenageados por André Neves, distribua os exemplares dos alunos.

Convide-os a analisar elementos como capa, parte interna (conhecida como miolo), ficha catalográfica, folha de rosto, quarta capa etc. Chame a atenção do grupo quanto ao rico material disponibilizado pelo autor no paratexto do livro, especialmente os fragmentos já trabalhados.
Explore as minibiografias dos autores acompanhadas pelas caricaturas, também localizadas no paratexto da obra. Destaque, ainda, a mancha gráfica do poema no papel, ou seja, como ele “se comporta na folha”, seus versos, sua organização, revelando para os estudantes quantas escolhas foram tomadas na produção de um livro como este.
Após essa ampla exploração de elementos textuais e paratextuais, convide os estudantes a iniciar a leitura dos poemas. Você pode ler as primeiras páginas e propor que cada grupo decida quem lerá em voz alta o poema correspondente ao poeta pesquisado.
Nesta etapa, estimule-os a lerem com entonação apropriada, marcando o ritmo, as pausas, a boa articulação das palavras, destacando que esses são elementos importantes na leitura dos poemas.
Destacamos que essa proposta pode ser desenvolvida durante vários encontros, para que cada poema possa ser bem explorado.
Conversando com a teoria
Georges Jean (1999, p.125/126), que pesquisou a poesia na escola e a leitura oral, chama a atenção sobre o quanto a leitura em voz alta pode contribuir para pré-adolescentes e adolescentes perceberem que “para bem ler oralmente é fundamental saber conduzir voluntariamente, e ordenar os ritmos respiratórios e corporais (...)”. O autor (1999, p.158) também destaca a importância da primeira leitura ser realizada pelo professor, o que ele chama de “leitura oralizada de qualidade”.


Conversando com a BNCC - Língua Portuguesa
A proposta dialoga especialmente com o eixo Leitura, pois possibilita ao estudante envolver-se em uma prática de leitura literária, que possibilita
o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura (BRASIL, 2018, p. 87).
Articula-se assim, dentro do campo Artístico literário, o desenvolvimento das seguintes práticas de linguagem, objetos do conhecimento e habilidades:
Práticas de linguagem
Objetos do conhecimento Habilidades
Leitura Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção
Apreciação e réplica
Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos
(EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs.
(EF69LP48) Interpretar, em poemas, efeitos produzidos pelo uso de recursos expressivos sonoros (estrofação, rimas, aliterações etc), semânticos (figuras de linguagem, por exemplo), gráficoespacial (distribuição da mancha gráfica no papel), imagens e sua relação com o texto verbal.

Pós-leitura

Nesta etapa, busca-se retomar a obra a fim de intensificar as experiências do estudante com o texto, as imagens e suas temáticas, ampliando sentidos e relações e gerando encontros (e confrontos) com as interpretações do outro, o que para Bajour (2012, p. 24) pode produzir algo novo, “algo a que não chegaríamos na leitura solitária”.
“Se” revelássemos os poemas escondidos em Obrigado?
Esta proposta visa chamar a atenção dos estudantes para as camadas de leitura possíveis nessa obra.
Novamente divididos em grupos, os estudantes devem escolher um poema para identificarem referências às obras originais dos poetas, recriadas por André. O professor de Língua Portuguesa, por ter maior trajetória de leitura literária, pode atuar como um facilitador nesse processo, dando pistas de fragmentos da obra poética do poeta homenageado nos versos de André Neves, circulando entre os grupos e apontando possibilidades.
Nesse sentido, uma aula expositiva a partir do poema que fala de Carlos Drummond de Andrade pode ser um bom exemplo de como o autor de Obrigado se vale também do poema “No meio do caminho” (o popular “No meio do caminho tinha uma pedra…”) para compor seu poema.
Outra possibilidade é você previamente separar os poemas, cujos fragmentos ou expressões aparecem em Obrigado, e distribuir entre os grupos. Essa pesquisa pode gerar uma verdadeira investigação poética de sentidos, uma vez que André propõe novas maneiras de reinventar os versos originais. Ao final, todos terão lido vários poemas das obras dos autores homenageados e ampliado os sentidos de cada poema de André Neves.
A finalização deste projeto investigativo de leitura pode culminar com um sarau em sala de aula, sala de leitura ou biblioteca, dependendo das instalações da instituição e o interesse dos envolvidos.
Varais poéticos ou até mesmo um mural em uma área de maior circulação da escola podem ser elaborados, chamando a atenção de toda a comunidade escolar.



Conversando com a teoria
Ao falar de metalinguagem na literatura produzida para a infância e juventude, a pesquisadora Annete Baldi (2019, p. 67) destaca que “a atividade metalinguística, por meio da intertextualidade, ativa a rica operação de associar narrativas feitas por palavras já antes “ocupadas” e habitadas”. Assim, a proposta pode ser momento rico para mostrar aos alunos o diálogo que pode haver entre diferentes textos.
Conversando com a BNCC
Esta atividade dialoga potencialmente com o eixo da Análise Linguística/ Semiótica, por envolver estratégias e procedimentos (meta)cognitivos de análise durante os processos de leitura, envolvendo uma postura consciente do aluno diante da linguagem falada e escrita,
seja no que se refere às formas de composição dos textos, determinadas pelos gêneros (orais, escritos e multissemióticos) e pela situação de produção, seja no que se refere aos estilos adotados nos textos, com forte impacto nos efeitos de sentido. Assim, no que diz respeito à linguagem verbal oral e escrita, as formas de composição dos textos dizem respeito à coesão, coerência e organização da progressão temática dos textos, influenciadas pela organização típica (forma de composição) do gênero em questão (BRASIL, 2018, p. 80).
Assim, a proposta busca desenvolver as seguintes práticas de linguagem, objetos do conhecimento e habilidades:
Práticas de linguagem Objetos do conhecimento Habilidades
Análise linguística/ semiótica Recursos linguísticos e semióticos que operam nos textos pertencentes aos gêneros literários
(EF69LP54) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e os recursos paralinguísticos e cinésicos, como as variações no ritmo, as modulações no tom de voz, as pausas, as manipulações do estrato sonoro da linguagem, obtidos por meio da estrofação, das rimas e de figuras de linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias, dentre outras, a postura corporal e a gestualidade, na declamação de poemas, apresentações musicais e teatrais, tanto em gêneros em prosa quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos de sentido decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e conotativas (adjetivos, locuções adjetivas, orações subordinadas adjetivas etc.), que funcionam como modificadores, percebendo sua função na caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.


Mergulho nas imagens: leitura de imagens e novas escritas
Esta proposta pressupõe um tempo de qualidade para os estudantes para que, portando seus exemplares, contemplem as imagens do livro demoradamente. Você pode, amparado em um pequeno roteiro de perguntas, auxiliá-los nessa leitura de imagens – primeiro a respeito da técnica e referências artísticas, depois em relação aos sentidos que evocam. Por exemplo:
Vocês conseguem identificar com quais materiais André trabalhou?
Percebem algumas imagens mais iluminadas e outras mais sombrias?
Qual imagem escolheriam para comentar suas características e por quê? No que essa imagem convida a imaginar e pensar?
Diante do pesquisado até aqui sobre a obra e a vida dos poetas, quais as relações que você faz com as imagens?
Para a reflexão atingir ainda mais profundidade, proponha um exercício de escrita e de imaginação que dialogue diretamente com as ilustrações do autor.
Solicite que, a partir da imagem que escolheram para comentar, iniciem uma produção textual da seguinte forma:
“Se...+ uma característica marcante da ilustração + eu + desenvolvimento.
Para facilitar, daremos um exemplo a partir da ilustração da página 17 que acompanha o poema sobre Cecília Meireles. Nela, a menina que representa Cecília está dentro de uma espécie de ampulheta. A escrita poderia começar desta maneira:
“Se estivesse em uma ampulheta, eu não contaria o tempo que falta...”
A ideia de propor o uso da primeira pessoa do singular provoca os estudantes a manifestarem suas emoções e reflexões diante da imagem, facilitando que a escrita receba um tom com marcas pessoais, numa espécie de busca por um eu lírico, ou seja, uma voz mais poética.
Destacamos que esta proposta poderá ser estendida conforme os interesses dos jovens pelas ferramentas tecnológicas, como a produção de um vídeo-minuto a partir da escrita, um clipe, um card (para post de redes sociais), um cartaz, mural etc.



Conversando com a teoria
A atividade proposta convida os estudantes a fruir as imagens do livro ilustrado em um momento privilegiado. Para o crítico e historiador do livro para infância e juventude, Peter Hunt (2010, p. 234), “os livros ilustrados podem desenvolver a diferença entre ler palavras e ler imagens: não são limitados por sequência linear, mas podem orquestrar o movimento dos olhos”. Acrescentaríamos que, em uma cultura de profusão vertiginosa de imagens, parar para a leitura e orquestrar os olhos faz-se necessário.

Conversando com a BNCC
Esta atividade dialoga especialmente com os eixos Leitura e Produção de textos no campo Artístico literário, desenvolvendo as seguintes práticas de linguagem, objetos do conhecimento e habilidades:
Práticas de linguagem
Objetos do conhecimento Habilidades
Leitura Relação entre textos (EF89LP32) Analisar os efeitos de sentido decorrentes do uso de mecanismos de intertextualidade (referências, alusões, retomadas) entre os textos literários, entre esses textos literários e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, artes visuais e midiáticas, música), quanto aos temas, personagens, estilos, autores etc., e entre o texto original e paródias, paráfrases, pastiches, trailer honesto, vídeos-minuto, vidding, dentre outros.
Produção de textos Relação entre textos (EF89LP36) Parodiar poemas conhecidos da literatura e criar textos em versos (como poemas concretos, ciberpoemas, haicais, liras, microrroteiros, lambe-lambes e outros tipos de poemas), explorando o uso de recursos sonoros e semânticos (como figuras de linguagem e jogos de palavras) e visuais (como relações entre imagem e texto verbal e distribuição da mancha gráfica), de forma a propiciar diferentes efeitos de sentido.


André para Manuel: sonhos com sinos
Esta proposta visa abordar especialmente o poema que abre o livro, por se tratar daquele que homenageia Manuel Bandeira, poeta importante na trajetória de André e constantemente referenciado em suas entrevistas ao falar de suas inspirações artísticas.
Consiste em uma atividade de percepção, e para isso é importante que os estudantes façam novamente a leitura em voz alta do poema, de modo que as experiências sonoras e as repetições sejam evidenciadas.
Após essa nova leitura, compartilhe com os estudantes o poema “Os sinos’’, de Manuel Bandeira, e os convide a inferir a principal referência de Manuel Bandeira na composição de André.
Em um segundo momento, desafie os estudantes a pesquisarem mais sobre o poeta Manuel Bandeira, lembrando que talvez já tenham consolidado aprendizagens a partir das outras atividades sugeridas neste manual, e solicite que criem, em grupos, um texto jornalístico oral, na intenção de socializar as pesquisas sobre Manuel Bandeira.
Os estudantes deverão fazer roteiros e escolher o formato em que o texto jornalístico será apresentado, como vídeos, podcast, entre outros formatos digitais de expressão consumidos pela comunidade dos alunos. Outra possibilidade, mais conhecida, é um telejornal ao vivo na sala de aula.
Essa é uma forma de os estudantes experimentarem o campo JornalísticoMidiático e compreenderem os passos de uma produção desse tipo. Destacamos que, pelo fato de o acesso à internet e aos bens de consumo a ela relacionados não ser ainda para todos, essa é uma possibilidade de estudantes que usufruem desse acesso experimentem as ferramentas com mais criticidade e, ainda, dividirem o que já sabem com os colegas que ainda não as utilizam por não possuírem acesso.

Ao fim, as produções podem ser assistidas ou ouvidas por todo o grupo, seguidas por um pequeno debate sobre a produção de cada trabalho apresentado. Caso sua turma não tenha acesso facilitado a nenhum tipo de tecnologia, proponha após cada telejornal ao vivo, um breve debate para que o grupo exponha como planejou, escreveu e organizou sua apresentação.



Conversando com a BNCC
Esta atividade dialoga especialmente com os eixos Oralidade no campo Jornalístico-Midiático, desenvolvendo as seguintes práticas de linguagem, objetos do conhecimento e habilidades:
Práticas de linguagem Objetos do conhecimento Habilidades
Oralidade
*Considerar todas as habilidades dos eixos leitura e produção que se referem a textos ou produções orais, em áudio ou vídeo
Produção de textos jornalísticos orais
Planejamento e produção de textos jornalísticos orais.
(EF69LP10) Produzir notícias para rádios, TV ou vídeos, podcasts noticiosos e de opinião, entrevistas, comentários, vlogs, jornais radiofônicos e televisivos, dentre outros possíveis, relativos a fato e temas de interesse pessoal, local ou global e textos orais de apreciação e opinião –podcasts e vlogs noticiosos, culturais e de opinião, orientando-se por roteiro ou texto, considerando o contexto de produção e demonstrando domínio dos gêneros.
(EF69LP12) Desenvolver estratégias de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign (esses três últimos quando não for situação ao vivo) e avaliação de textos orais, áudio e/ou vídeo, considerando sua adequação aos contextos em que foram produzidos, à forma composicional e estilo de gêneros, a clareza, progressão temática e variedade linguística empregada, os elementos relacionados à fala, tais como modulação de voz, entonação, ritmo, altura e intensidade, respiração etc., os elementos cinésicos, tais como postura corporal, movimentos e gestualidade significativa, expressão facial, contato de olho com plateia etc.

Articulação Interdisciplinar


Caso seja possível o compartilhamento de imagens em formato digital, apresente imagens de alguns artistas plásticos representantes desse movimento, como Salvador Dali, Giorgio De Chirico, René Magrite, Marc Chagal, Cícero Dias, entre outros, e destaque algumas informações relevantes desse movimento artístico. O mesmo pode ser feito com apoio de livros e coleções especializadas, caso estejam disponíveis na biblioteca da escola.
1 Informação compartilhada pelo autor em transmissão ao vivo pela internet em um evento da editora para professores que se inscreveram previamente.

Após a apresentação dos materiais, proponha uma conversa com os alunos sobre as características comuns às obras desses artistas e provoque-os a pensar nas relações possíveis entre elas e as ilustrações de André Neves no livro Obrigado. Sensibilize o grupo para observar as imagens, a fim de identificar os recursos de estilo, temas/conteúdo e técnicas utilizadas tanto pelos pintores surrealistas quanto pelo autor e ilustrador.
Esta abordagem dialoga diretamente com a unidade temática Artes visuais, desenvolvendo os seguintes objetos do conhecimento e habilidades.
Conversando com a BNCC:
A atividade dialoga com o campo das Linguagens, área da Arte e, no quadro abaixo, encontram-se unidades temáticas, objetos do conhecimento e habilidades para os dois anos compreendidos no presente manual.
Unidade temática Objetos do conhecimento Habilidades
Artes visuais Contextos e práticas (EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.
Artes visuais
Elementos da linguagem (EF69AR04) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etc.) na apreciação de diferentes produções artísticas.
História - Poeta Cruz e Souza
Nos anos finais do Ensino Fundamental, enfocam-se o século XIX e questões como o escravismo no Brasil. Obrigado traz, em sua seleção de poetas, o simbolista Cruz e Souza, catarinense, filho de negros escravizados, cuja obra é atravessada pela temática da escravidão na prosa, na poesia e nos textos que escrevia para jornais importantes, onde abordava a luta abolicionista.


Grande intelectual, vítima de racismo, nunca foi reconhecido com a devida importância em vida.
Nosso destaque interdisciplinar se dá na possibilidade de os alunos, ao estudarem as questões desse período histórico, analisarem o poema de André Neves sobre Cruz e Souza, identificando e relacionando os elementos que revelam marcas históricas. Assim:
o professor do componente curricular de História pode, a partir do poema, propor um trabalho em grupo de pesquisa sobre o contexto brasileiro no tempo em que o poeta vivia – entre os anos de 1861 e 1898. o contexto atual pode ser colocado em discussão, fazendo referência aos novos enfrentamentos do racismo e de outras formas de opressão com atravessamentos raciais. Amplie a pesquisa para escritores e poetas contemporâneos afrodescentendes numa perspectiva de diálogo com a produção de Cruz e Souza.
Conversando com a BNCC

A proposta dialoga com unidades temáticas de História e apresenta objetos e habilidades específicas de cada um dos anos compreendidos neste manual. Mediados pelo professor ou professora desse componente curricular, os estudantes das duas etapas podem ser beneficiados pela atividade.
Unidades temáticas do 8° ano:
Unidade temática
O Brasil no século XIX
O Brasil no século XIX
Objetos do conhecimento
O escravismo no Brasil do século XIX: plantations e revoltas de escravizados, abolicionismo e políticas migratórias no Brasil Imperial.
A produção do imaginário nacional brasileiro: cultura popular, representações visuais, letras e o Romantismo no Brasil.
Unidades temáticas do 9° ano:
Habilidades
(EF08HI20) Identificar e relacionar aspectos das estruturas sociais da atualidade com os legados da escravidão no Brasil e discutir a importância de ações afirmativas.
(EF08HI22) Discutir o papel das culturas letradas, não letradas e das artes na produção das identidades no Brasil do século XIX.
Unidade temática Objetos do conhecimento Habilidades
O nascimento da República no Brasil e os processos históricos até a metade do século XX
A questão da inserção dos negros no período republicano do pósabolição
Os movimentos sociais e a imprensa negra; a cultura afrobrasileira como elemento de resistência e superação das discriminações.
(EF09HI03) Identificar os mecanismos de inserção dos negros na sociedade brasileira pós-abolição e avaliar os seus resultados.
(EF09HI04) Discutir a importância da participação da população negra na formação econômica, política e social do Brasil.


Para além do livro
Aqui listamos algumas sugestões de obras dos poetas homenageados no livro Obrigado, assim como obras que abordam suas biografias, além de links que trazem conteúdos que podem enriquecer as propostas de atividades.
LIVROS

ANDRADE, Carlos Drummond. Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. Nesta obra, o poeta, já consagrado pela excelência de sua poesia, aborda a fragilidade humana diante do mundo; sentimentos como preocupações diante da vida moderna, inquietações e demais observações íntimas sobre o mundo são a tônica da obra.


BANDEIRA, Manuel. Estrela da manhã. São Paulo: Global, 2012. Importante poema da obra de Manuel Bandeira, “Estrela da manhã” nomeia esta obra que marca uma nova fase na carreira do autor, na qual mistura elementos novos e antigos em seu fazer poético.
BARROS, Manoel de. Meu quintal é maior que o mundo. São Paulo: Alfaguara, 2015. Antologia de poemas desse importante poeta brasileiro, que fez da natureza um grande quintal de invenções de palavras.


CARVALHO, Gilmar. Patativa do Assaré: um poeta cidadão. São Paulo: Expressão Popular, 2008. Nesta biografia, o autor revela a sensibilidade do poeta, mostrando o quanto Patativa foi um portavoz dos excluídos. O autor sustenta que o poeta cristaliza a história do século XX em sua obra.
CORALINA, Cora. Lembranças de Aninha. São Paulo: Global, 2021. Obra com doze poemas de Cora Coralina que versam sobre sua infância, no interior de Goiás. Um universo de lavouras, colheitas, animais e demais elementos do contexto rural é apresentado com todo o lirismo da poeta.


CRUZ E SOUSA, J. Obra completa. Organização de Andrade Murici e Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. Obra com notas cronológicas e bibliografia. Inclui os primeiros versos do poeta considerado o principal poeta simbolista do Brasil.
GULLAR, Ferreira. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2021. A obra reúne os dez livros de poesia do poeta Ferreira Gullar e tem como base uma revisão realizada pelo próprio autor. Com posfácio de Antônio Cícero, o leitor entra em contato com toda a grandeza da obra do criador de “Poema sujo”.


HILST, Hilda. Eu sou a monstra: livro para criOnças. São Paulo: Quelônio, 2018. Em uma edição artesanal, o livro traz um poema e desenhos da autora. Com uma obra que soma dezenas de títulos, Hilda não escrevia para a infância e, apesar de manifestar certa relação de estranhamento com as crianças, escreveu este poema para o filho de um amigo querido.

LEMINSKI, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
A obra percorre toda a obra poética do autor paranaense, reunindo livros consagrados como Caprichos e relaxos até obras mais raras e fora de catálogo.


MARQUES, Ivan. João Cabral de Melo Neto: uma biografia. São Paulo: Todavia, 2021. Ivan Marques, professor de literatura brasileira na Universidade de São Paulo, se debruça sobre a vida e a obra desse importante poeta brasileiro, revelando aos leitores um poeta para além da austeridade a ele associada.
MEIRELES, Cecília. Poesia completa. São Paulo: Global, 2017.
Obra em dois volumes, reúne a poesia daquela que é considerada, por muitos críticos literários e poetas, a maior poeta em língua portuguesa. Livros como O romanceiro da inconfidência e o clássico infantil Ou isto ou aquilo estão presentes na obra.

MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

A antologia é uma mostra de toda a habilidade poética de Vinicius, poeta também consagrado como compositor da música popular brasileira. Vinicius escrevia sobre o erudito e o popular com maestria reconhecida pelos críticos.
MENDES, Murilo. A idade do serrote. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. Nesta obra o poeta reinventa suas memórias de infância em uma prosa bem humorada e vibrante. Ainda conta com posfácios de Carlos Drummond de Andrade, Paulo Rónai e Reinaldo Moraes.

PAES, José Paulo. Poesia completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

A obra reúne a poesia do autor que ficou conhecido como o mestre das epigramas, poemas curtos e mordazes que abordam o mundo e que apresentam observações atentas sobre os seres humanos.
QUINTANA, Mario. Antologia poética. São Paulo: Alfaguara, 2015. Antologia organizada pelo próprio autor no ano de 1981, na qual optou por uma divisão temática de seus poemas. Nela estão os temas mais caros ao poeta, como o humor peculiar, o devaneio, o sobrenatural, a infância e o cotidiano.
VÍDEOS

Entrevista com o escritor e ilustrador André Neves. Diálogos IBS. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=swrzSgJnSw4. Acesso em 08 jul. 2022.
Bate-papo com André Neves. A taba. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bXei0HUfyoc. Acesso em 08 jul. 2022.
Da imagem se faz palavra, das duas se faz história. Entrevista com André Neves para Leitura: GURGEL, Luiz Henrique. Escrevendoofuturo.org.br, 2012. Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/ conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/entrevistas/artigo/783/entrevista-andre-neves. Acesso em: 08 jul. 2022.


Referencial bibliográfico comentado
O referencial teórico deste material foi criado a partir do diálogo entre os teóricos selecionados e o documento designado pelo Ministério da Educação – MEC, que guia e estabelece os pressupostos para o trabalho com os anos finais do Ensino Fundamental: a Base Nacional Comum Curricular – BNCC.
ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. Giulio Carlo Argan é considerado, por especialistas, o último representante de uma profícua escola de críticos de arte. Ensaísta, olhou a arte como inseparável de sua história. A obra traz amplas discussões sobre movimentos artísticos e seus representantes.
BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 1988. Nesse clássico da análise poética de textos literários, o autor traz uma abordagem fenomenológica das imagens poéticas a partir de alguns poetas consagrados, além de contribuir sobremaneira com reflexões sobre a infância como um núcleo permanente no humano.
BAJOUR, Cecília. Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.
Na obra, a autora disserta sobre as práticas de leitura e a possibilidade de conversar a respeito dos livros na escola, fazendo apontamentos interessantes sobre a escuta, a leitura compartilhada em voz alta e a escolha de leituras em grupo.
BALDI, Annete. Metalinguagem e literatura infantil: livros sobre livros para crianças. Porto Alegre: Projeto, 2019.
A autora se debruça, na obra, sobre a metalinguagem na literatura produzida para a infância, mostrando muitos exemplos e fornecendo ricas contribuições teóricas.
BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: 2018.
A Base Nacional Comum Curricular, publicada em 2018, é o documento que rege as normas para as redes públicas e privadas de ensino no Brasil, constituindo-se referência para propostas pedagógicas e currículos de toda a educação básica.
HUNT, Peter. Crítica, teoria e literatura infantil. São Paulo: Cosac Naify, 2010. Peter Hunt, que é professor emérito em literatura infantil no Reino Unido, convida a olhar o livro infantil com a mesma importância da literatura dita “adulta”, partilhando seus estudos, frutos de obra séria e contundente sobre a história e a crítica do livro produzido para a infância.
JEAN, Georges. Leitura em voz alta. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.
Na obra, o autor aborda a importância da leitura em voz alta, trazendo contribuições de pensadores, escritores e poetas acerca das práticas de leitura em viva voz.
PAZ, Octavio. O arco e a lira. São Paulo: Cosac Naify, 212.
O livro reúne ensaios sobre a experiência poética, analisando cada dimensão do poema como comunicação de uma ideia comum revelada ou transfigurada.
