Revista Tecnologística - Ed. 128 - 2006

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Tecnologística – O senhor consegue mensurar o volume de empresas que se encontram, hoje, nesta situação? Penteado – Acredito que a maior parte das empresas do mercado fri-gorificado. Falta um sistema de in-formação eficiente, adequado, custo-mizado. Os operadores divulgam seus serviços destacando seus sistemas WMS e TMS. Ora, isso não é diferencial, é premissa, condição básica. Esses sistemas de informação são apresentados como um plus, mas na verdade são obrigatórios. Ao mesmo tempo, há muito operador trabalhando com softwares inadequados, incompatíveis

Fotos: Luiz Machado

empresa passa a ser um operador logístico. Isso quer dizer que ela deve ter atenção a toda a cadeia do frio. Ou seja, a supply chain deve ser admi-nistrada com perfeição, para se con-seguir resultados. Outro aspecto é que existem muitas empresas de consultoria que não sabem como executar seus próprios planos. Como exe-cutivo, vivi este tipo de experiência. O consultor chega e diz que equi-pamentos e soluções devem ser ado-tados em função das características da operação. Então, entregam uma enorme papelada e um projeto de custo altíssimo. Não vou generalizar, por-que muitas atendem às expectativas do cliente, mas sinto que há muita teoria e a prática é completamente diferente. Falta know-how operacional aos consultores para realmente otimi-zar as operações, melhorar seu fluxo, sua rentabilidade, torná-las mais rá-pidas, seguras, com maior controle. Isso só se consegue com um bom ge-renciamento. Uma operação não oti-mizada significa perder dinheiro, por-que, muitas vezes, o que os opera-dores ganham é gasto na indenização do produto, seja por avaria, seja em logística reversa.

com as suas necessidades. Esses sis-temas, de um modo geral, são carís-simos e não oferecem alternativas para particularizar as necessidades. Por exemplo, contrata-se o software de uma grande empresa, que oferece uma enorme estrutura de pesquisa e equipe de consultores para implantálo. Porém, quando o operador precisa de um relatório com a data de validade dos produtos de determina-do cliente, o fornecedor diz que só pode listar a data de validade de todos os clientes. Eles até podem desen-volver um relatório específico, mas é preciso fazer um novo investimento. Ora, o operador já gastou na implan-tação do sistema e a nova demanda vai custar mais? E assim vai ocorrendo a cada nova demanda. Neste modelo de adoção de tecnologia os pequenos e médios operadores logísticos estão praticamente descartados. Tecnologística – Que outros problemas afetam o desempenho do segmento? Penteado – As empresas têm custos absurdos em função da utilização er-

A operação de carga seca exige investimentos menores, mas os problemas culturais e estruturais atingem a todos igualmente

rada dos equipamentos. Usam a empilhadeira elétrica, por exemplo, para fazer as operações em platafor-ma. Isso está errado, empilhadeira é só para movimentar material dentro de câmara. Fora dela, para ter velocidade, deve-se usar paleteiras elétricas ou hidráulicas, que têm uma perfor-mance melhor. Outra coisa que afeta diretamente a operação e impede um melhor rendimento: a manutenção da bateria. Este acessório custa uma fortuna e mesmo assim as empresas não respeitam as recomendações técnicas, reduzindo sensivelmente sua vida útil. Há, ainda, outros pro-blemas, como temperatura de antecâ-mara interferindo na condensação dentro das câmaras, o que acaba aumentando custos e afetando os resultados. Claro que esta é uma questão cultural que demanda muito treinamento e tempo para ser mudada. Mas as empresas precisam começar a investir num contato mais próximo com seus fornecedores, para que eles passem as recomen-dações para utilização e conservação dos equipamentos. Tecnologística – O mercado loJulho/2006 - Revista Tecnologística - 63


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