Revista Tecnologística - Ed. 208 Março/2013

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Montamos todo o cenário, simulamos, o erro foi detectado e o processo foi revisto.” Segundo Tannuri, o armador ou a praticagem apresentam uma demanda específica, como uma simulação de manobra depois da inauguração de um berço em determinado porto, por exemplo. A simulação ajuda a conhecer todos os aspectos envolvidos na operação antes mesmo de serem iniciadas de fato as obras físicas. O SMH já foi utilizado para prever manobras nos portos de Tubarão (ES), Suape (PE), Pecém (CE), Itaqui (MA), Rio Grande (RS) e Rio de Janeiro. “No porto catarinense, simulamos a atracação do maior navio do mundo, o Vale Brasil”, lembra o professor. Para esse tipo de trabalho, a equipe responsável pelo simulador cria um modelo virtual do porto em questão. São representados no simulador todos os detalhes relacionados ao local e aos navios que vão fazer parte da simulação. “Temos, inclusive, um banco de dados dotado de uma grande variedade de embarcações”, lembra Tannuri. O professor calcula que, em média, são despendidas duas semanas para se construir um porto no ambiente virtual. Passada essa etapa, o TPN conta com a ajuda de um importante elemento em todo o processo: o prático. Tannuri explica que a experiência desse profissional é de suma importância para garan-

tir a excelência do SMH. “Nós somos capazes de construir modelos muito aproximados daqueles encontrados no mundo real, mas somente o conhecimento de quem vive a rotina do porto pode validar o que construímos.” Para isso, a praticagem precisa estar diretamente ligada aos projetos. São realizadas diversas reuniões com os práticos, para que eles possam indicar pontos de extrema importância que precisam estar na simulação. “Eles apontam que, em determinada situação, o navio pode pegar uma correnteza, guinar para um lado e encalhar. Não há como prevermos esse tipo de coisa sem as dicas desse profissional, que conhece o ambiente de trabalho como ninguém.” Tannuri destaca que, na construção de um porto em específico, o prático que auxiliava a equipe de desenvolvimento indicou que havia uma caixa d’água ao longe que era utilizada como ponto de referência durante as manobras. “Nem é preciso colocar todas as construções que estão no porto dentro da simulação; isso conta mais como elemento para trazer maior realismo visual. Mas, às vezes, uma simples caixa d’água no horizonte é essencial”, diz. Hans Hutzler, presidente da PE Pilots, empresa especializada em serviços de praticagem em Pernambuco, é um desses profissionais. Hutzler visitou o TPN em nononono

em 2011 à sua segunda etapa, que consiste na simulação de operações de embarcações com posicionamento dinâmico. Durante a demonstração, a tela mostrava o navio plataforma P-50, da Petrobras, na Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro, facilmente reconhecido em sua versão digital. “Esta é uma unidade que se controla sozinha. A embarcação sabe a posição em que está e o comandante supervisiona a operação, intervindo apenas quando necessário. Portanto, temos também que simular condições de lógica de posicionamento”, explica. Apesar de se tratar de um trabalho contínuo e que sempre pode ser aperfeiçoado, em 2012 o SMH estava formatado como é utilizado hoje, atendendo não somente às demandas iniciais ligadas à navegação em rios, mas podendo simular também operações com embarcações em canais e portos. Atualmente, o sistema está implantado em várias instalações da Transpetro. “Temos também um simulador na unidade da USP em Jaú (SP), onde se formam muitos capitães fluviais, além de ele ser utilizado no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga), a escola de treinamento da Marinha brasileira, no Rio de Janeiro”, indica o professor. Mesmo tendo sido financiado pela Petrobras, o SMH não possui qualquer restrição de uso. “Trata-se de um projeto de pesquisa. Logicamente, realizamos muitos trabalhos para a Petrobras, mas é uma tecnologia compartilhada com a universidade”, explica Tannuri.

Praticagem De acordo com o coordenador do projeto, a versão atual do SMH vem sendo muito mais utilizada para simulações de projetos portuários do que efetivamente para treinamentos. “Hoje em dia existem muitos planos de reforma, dragagem e construção de novos terminais. E a simulação é ótima para isso. Temos casos em que a praticagem achou que a dragagem estava sendo feita de maneira errada.

O SMH possui cinco telas dianteiras, que proporcionam uma visão de 120º do ambiente Março/2013 - Revista Tecnologística - 103


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