Do Integracionismo à Interculturalidade - Simone Rebouças

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Povo Xukuru na tradicional descida da Serra do Ororubá, para o encerramento do ritual do dia 20 de maio. Os Xukuru descem a Serra do Ororubá até Pesqueira, com gritos, anunciando que Xicão não morreu e clamando por justiça, dignidade, respeito e mobilizações por seus direitos.

Figura 11 – Descida da Serra do Ororubá Fonte: Heck; Silva; Feitosa (2012, p. 50). / Arquivo CIMI.

2. A EFETIVIDADE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RECONHECIMENTO E DEMARCAÇÃO DA TERRA INDÍGENA XUKURU DO ORORUBÁ. Em 1989, a titulação de Xicão como cacique intensificou as mobilizações, dentre as quais a primeira buscou unificar todas as aldeias, antes isoladas umas das outras e sem muitas informações sobre os direitos que lhes foram recém-assegurados. Constituiu-se, no período, um conselho de representantes, composto por 24 indivíduos, com vistas a não só discutir questões atinentes ao território e direitos relacionados, mas também aproximar e promover maior diálogo entre as próprias aldeias Xukuru (Cf.: OLIVEIRA, 2014). A Funai, diante da situação de conflito, se viu pressionada a acelerar o processo demarcatório. Após a publicação da Portaria Presidencial nº 218, de 14 de março de 1989, foi designado um grupo de trabalho composto por técnicos do órgão indigenista, da Fundação Estadual de Planejamento Agrícola de Pernambuco (CEPA-PE) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), com o objetivo de identificar e definir os limites da terra indígena Xukuru do Ororubá. Os trabalhos de campo, iniciados em maio do mesmo ano, foram finalizados em junho (Cf.: SOUZA, 1992). O primeiro fruto desse trabalho surgiu com a retomada do imóvel Pedra d’Água em 1990. A empreitada contou com o auxílio jurídico do CIMI-NE e de outras entidades, como o Instituto Brasileiro para Amizade e Solidariedade entre os Povos (IBASP), a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), a Prefeitura e o Sindicato Rural de Pesqueira e a Procuradoria Geral da República (Cf.: SOUZA, 1992).

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