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ESPECIAL FESTA DA PENHA 2022

ESPECIAL

TEMPO DE RECOMEÇO

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AFesta da Penha 2022, de edição número 452, foi a festa do recomeço, do reencontro dos devotos e peregrinos ao Santuário de Nossa Senhora da Penha, Padroeira do povo capixaba. Com o tema “Saúde dos Enfermos, rogai por nós!”, a Festa quis refletir os tempos difíceis que vivemos nestes últimos dois anos de pandemia. No entanto, não ficamos focados na pandemia simplesmente, mas na esperança de dias melhores, no cultivo de novos ares, carregados de alegria, pois a Festa da Penha celebra a alegria de Maria ao contemplar o seu Filho ressuscitado. A Festa teve como novidade seu formato híbrido, ou seja, toda a programação com o Oitavário e as Romarias, acontecerem presencialmente e ainda foram transmitidas pelas redes sociais, tvs e rádios.

A Festa ocorreu num clima de muita tranquilidade e serenidade, sem nenhum grande incidente. Mais de 3 milhões de pessoas participaram da Festa, numa edição considerada histórica, com superação do número de fiéis dos últimos anos.

TEMPO DE RECOMEÇO

Dias antes da Festa, ainda vivíamos a incerteza se a Festa seria presencial. Mas com a queda do número de mortes pela pandemia e o aumento da vacinação, a Festa pode acontecer cem por cento presencial. A notícia mais feliz que recebemos ao final da Festa, por meio do secretário de saúde do Estado do ES, foi que durante a Festa o Estado não registrou nenhuma morte por Covid. O que consideramos um sinal, uma bênção, um verdadeiro milagre.

Agradecemos imensamente a Arquidiocese de Vitória, a Associação dos Amigos do Convento da Penha, pela bela parceria na realização da Festa. Nosso agradecimento especial aos confrades da Província que estiveram conosco durante os festejos de nossa Padroeira. Não podemos esquecer nossos inúmeros voluntários, empenhados em dar o seu melhor. E que venha 2023, para que possamos repetir o mesmo empenho e recebermos sempre a proteção maternal da Virgem da Penha, a Senhora das Alegrias!

Frei Djalmo Fuck

GUARDIÃO

OITAVÁRIO DA FESTA DA PENHA

1º DIA - PROVÍNCIA DA IMACULADA E ÁREA PASTORAL VILA VELHA

RESSURREIÇÃO É CURA!

“Precisamos cultivar a abertura de coração e o olhar atento do bom Samaritano”, pede Frei Medella

Os fiéis e devotos de Nossa Senhora da Penha puderam, enfim, voltar ao Campinho do Convento da Penha no domingo de Páscoa, 17 de abril, para celebrar o início da 452ª edição da Festa da Virgem das Alegrias, Nossa Senhora da Penha. Além desta liberação presencial pelo Governo do Estado do Espírito Santo, os fiéis puderam participar da primeira Missa do Oitavário sem máscara.

“A Mãe das Alegrias, certamente, alegra-se com as belas e sinceras homenagens que a Ela serão dirigidas nos próximos dias. Mais alegre e grata ainda ela ficará se cada demonstração que fizermos de carinho e devoção nos transformarem em pessoas melhores capazes de dar o seu melhor a fim de vivermos num mundo melhor”, pediu o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, como presidente da Santa Missa de abertura da Festa da Penha, representando o Ministro Provincial Frei Paulo Roberto Pereira e todos os frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição.

Ele teve como concelebrantes sacerdotes da Área Pastoral de Vila Velha, entre eles os frades do Santuário do Divino Espírito Santo e do Convento da Penha, as duas Fraternidades na cidade de Vila Velha. A Festa também é a primeira sobre a liderança do guar-

dião Frei Djalmo Fuck. Entre as autoridades civis, o Governador do Estado, José Renato Casagrande, e o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo. O povo que estava com saudades desta grande homenagem à Mãe da Penha, lotou o Campinho. Segundo o celebrante, a Festa da Penha 2022 está começando e, com certeza, já é uma edição histórica.

O belo dia de sol garantiu um cenário belíssimo no alto do Morro para iniciar o Oitavário da Penha, como fez o devoto Frei Pedro Palácios há 452 anos, quando instituiu esta festividade em 1571, um pouco antes de falecer.

O tema deste ano da Festa é “Saúde dos enfermos, rogai por nós”, trecho da Ladainha de Nossa Senhora que foi escolhido devido ao momento pandêmico. Nos dois anos anteriores, a Festa ocorreu com restrições. No primeiro ano da pandemia, quando se celebrava 450 anos das festividades, a decisão de cancelar todos os eventos presenciais ocorreu alguns dias antes. No ano passado, ainda com o agravamento da pandemia, as transmissões foram virtuais.

Frei Medella abriu sua reflexão com a canção “Laços”, gravada por Nando Reis e Ana Vilela. “Escolhi-a para abrir esta breve reflexão por acreditar que ela sintetiza o espírito Pascal que tem nos conduzido até aqui, especialmente nos dois últimos anos para cá. Com todas as circunstâncias duras e difíceis que temos vivido e experimentado, não temo em dizer que a Semana Santa de 2022 traz consigo um sabor profundamente pascal”, explicou o celebrante, que foi interrompido várias vezes com aplausos.

Segundo ele, a possibilidade de celebramos juntos em nossas comunidades, a alegria do reencontro e da proximidade, o fato de podermos ver este Campinho do Convento da Penha novamente cheio de pessoas, mas também de fé e devoção à Mãe do Senhor, representam verdadeiro bálsamo, remédio que cura as feridas e amarguras do nosso coração.

“Ressurreição é cura, é saúde! ‘Saúde para todos’, conforme propõe o tema de hoje do nosso Oitavário”, situou o frade. “A ressurreição de Cristo é sinal da garantia do amor incondicional que Deus nutre pela humanidade, sem distinção. Deus não criou ninguém para passar fome, morar na rua, ser agredido física ou psicologicamente ou sucumbir sem nenhuma espécie de cuidado diante das enfermidades. A saúde integral é, portanto, direito universal e imprescindível que pode ser fundamentado também pela fé em Jesus Cristo”, ressaltou o Vigário Provincial.

“E justamente por isso não precisamos ter medo de declarar: o Sistema Único de Saúde do Brasil, em sua proposta e concepção, é profundamente Pascal e Cristão, pois tem como meta levar saúde e cuidados para todos, sem nenhuma espécie de distinção”, disse, recebendo aplausos. “Se na prática ele nem sempre funciona como deveria, não devemos menosprezar o sistema, mas trabalhar para que suas operações sejam sempre mais aprimoradas e cheguem aonde devem chegar. A Igreja, que é mãe e deseja ver seus filhos com saúde, apela, a todas as esferas de governo, à sociedade, e também se compromete a fazer o que está a seu alcance para que tenhamos um sistema de saúde universal: público, gratuito e de qualidade”, avaliou Frei Medella.

“Estamos felizes e somos gratos a Deus por todos os que se empenharam para que esta pandemia estivesse sob controle e também àqueles que se desdobraram para que os serviços essenciais fossem garantidos. O cuidado que devemos agora é o de não cairmos na tentação do comodismo, de imaginarmos que o controle da pandemia seja nosso ponto de chegada, de que hora de descansarmos em berço esplêndido. Ao contrário: o trabalho de reconstrução está apenas começando”, alertou o frade.

Segundo Frei Medella, assim como o túmulo vazio foi apenas o início de uma história vitoriosa de esperança e amor, ao modo de Maria Madalena, Pedro e João, estamos ainda tentando compreender os acontecimentos

tumultuosos que nos deixaram fragilizados e confusos. “Temos um caminho muito exigente diante de nós, com diversos obstáculos a serem vencidos, dentre eles a guerra, a violência, a fome, o desemprego, a exclusão, fora a avalanche de ódio e mentira que dia após dia invade as redes sociais. Sobre este fenômeno nos alerta o Papa Francisco na Carta Encíclica Fratelli Tutti: ‘Os movimentos digitais de ódio e destruição favorecem o efervescimento de formas insólitas de agressividade, com insultos, impropérios, difamação, afrontas verbais que chegam a destroçar a figura do outro, em um desregramento tal que, se existisse no contato pessoal, acabaríamos por nos destruir mutuamente. A agressividade social encontra um espaço de ampliação incomparável nos dispositivos móveis e nos computadores’, escreve o Santo Padre. Como discípulos e discípulas do Ressuscitado, tenho certeza de que este não é o caminho pelo qual desejamos seguir. Que nossos celulares e computadores e nossas redes eletrônicas sejam espaços de vida, de saúde, de ressurreição”, pediu o celebrante.

“Se, como Cristo nos sentimos ressuscitados, amados e curados, mesmo com as dores e angústias que sofremos, nossa reação natural é a de nos sentirmos chamados a promover, entre nossos irmãos e irmãs, a ressurreição, o amor e a cura. Trabalho certa-

Prefeito de Vila Velha: Arnaldinho Borgo Governador do Espírito Santo: José Renato Casagrande

mente não vai nos faltar. O que precisamos é cultivar a abertura de coração e o olhar atento do bom Samaritano para enxergamos os que jazem caídos à beira do caminho, fazendo o que está a nosso alcance para reerguê-los, a fim de que sigam conosco esta bela caminhada em companhia de Jesus, o Vivente!”, exortou Frei Medella.

“Quem cuida com carinho de outra pessoa / Se importa com alguém que nem conheceria / Quem abre o coração e ama de verdade / Se doa simplesmente por humanidade / Se coloca no lugar do outro, sente empatia.

Você que vai à luta e segue sempre em frente/ Enfrenta os desafios que o destino traz/ A vida é preciosa, todo mundo sente / Afeto e compaixão, a gente sempre entende. / Máximo respeito a você que faz / Laços de ternura e aliança / Hão de ser a diferença / O impossível pode acontecer / Só o amor é capaz de dar a vida / E encontrar uma saída pra esperança vir de novo a cada novo amanhecer”.

MOMENTO DEVOCIONAL

O Oitavário é o momento de oração e meditação mais tradicional da Festa e foi aberto pelo guardião Frei Djalmo Fuck. Neste ano, a cada dia do Oitavário, os frades farão uma reflexão sobre o tema da saúde. O de deste dia foi “Saúde para todos”.

Destaque sempre para a equipe de músicos e cantores, que animam a liturgia do Oitavário e da Missa com beleza e harmonia, sempre com a presença de Frei Paulo Ferreira, a voz da Penha.

Na abertura, um momento sempre emocionante e belo é a chegada da imagem de Nossa Senhora da Penha ao altar do Campinho. Às 15h30, a imagem, vestida com seu manto azul e rosa, deixou a Capela de São Francisco – onde Frei Pedro Palácios faleceu no dia 2 de maio de 1570 - e foi levada num andor até o altar central do Campinho, enquanto o povo cantava e dava “vivas”. É sempre um momento emocionante da Festa. Até o encerramento, esta imagem ficou no altar do Campinho, palco de todas as celebrações do Oitavário. À frente da imagem, seguiu o cortejo de anjinhos e os frades vieram em seguida.

Esse momento é composto de cantos a Nossa Senhora; a história do frade franciscano que trouxe a devoção mariana, orações e bênção. No final, duas crianças ofereceram flores a Nossa Senhora, enquanto o povo cantou “Virgem da Penha”.

2º DIA – ÁREA PASTORAL SERRANA

ALEGRAI-VOS!

Pe. Daniel: “Apesar do período de medo, que possamos correr alegres para cantar os louvores da Mãe”.

Obom público que veio ao Campinho do Convento da Penha na segunda-feira da Páscoa, 18 de abril, ouviu do Pe. Daniel Calil Mascalubo, da Paróquia São Sebastião do Alto Guandu, em Afonso Cláudio, uma mensagem de esperança e alegria. Ele presidiu a Celebração Eucarística deste segundo dia do Oitavário da Festa da Penha, tendo como concelebrantes os frades do Convento e os padres da Área Pastoral Serrana da Arquidiocese de Vitória (formada por 9 paróquias, localizadas nos municípios de Afonso Cláudio, Brejetuba, Domingos Martins, Marechal Floriano, Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá).

Uma boa parte do povo que esteve no Campinho do Morro da Penha também veio da Região Serrana, já que neste dia esta Área Pastoral ficou com a responsabilidade litúrgica da Festa. Pe. Daniel partiu do tema “Saúde dos enfermos, rogai por nós” e do Evangelho do dia (Mt 28,8-15), que narra o encontro das mulheres com o Ressuscitado, para fazer a sua reflexão. “Que sentimento interessante dessas mulheres que partiram ao sepulcro. Aparentemente duas coisas contraditórias. Estavam com muito medo, mas correram com alegria. E partindo, então apressadamente, alegres, elas se encontram com o autor da felicidade. A alegria é o próprio Jesus e Nosso Senhor aparecendo. No primeiro momento não diz: ‘Não tenham medo’, mas ‘Alegrai-vos’. A primeira ordem de Jesus é se alegrar. Apesar de tudo aquilo que passaram, se alegrem, porque Ele está no meio de nós. E se alegrando nós não temos mais medo”, destacou o celebrante.

Segundo ele, esse é o ímpeto que o Senhor coloca no nosso coração para a Festa da Penha: Alegrai-vos e não tenham medo! Eu sou a saúde dos enfermos! “Essa confiança no Senhor nós precisamos ter porque o tempo pascal, constantemente, nos projetará no coração uma alegria que vai para além deste mundo. O Senhor é saúde dos enfermos, mas não de uma doença somente deste mundo ou de um sofrimento para esta realidade. O Senhor é a saúde dos enfermos que nos afasta constantemente daquilo que é o pecado e a morte eterna. Portanto, o Senhor nos diz: ‘Alegrai-vos porque a salvação de vocês não está próxima!. Já aconteceu. Se deu na cruz e na ressurreição!’.

Não precisamos pedir ao Senhor que nos cure daquela doença que nos faz sair da visão dele para sempre, a doença do pecado e da morte. É contra isso que nós temos que nos alegrar porque o Senhor nos deu a condição de viver para sempre”, insistiu.

“E nós precisamos, durante todo esse período de Festa da Penha, pedir a Nossa Senhora que nos interceda por nós, ela que é saúde dos enfermos, e possa curar no nosso coração aquilo que nos causa medo, que nos afasta do seu filho Jesus, que nos tira do seu caminho da graça eterna, para que Ele possa reinar no nosso coração e ser nossa eterna alegria. Porque a alegria do Senhor é a nossa força!”, exortou.

“E nessa Festa da Penha nós queremos, com grande alegria, saudar a nossa Mãe, saúde dos enfermos, que ela cure do nosso coração tudo aquilo que nos afaste de Jesus. E que nós, apesar de um período de medo, possamos correr alegres para cantar os seus louvores”, pediu.

Um pouco da cultura da Região Serrana pôde ser vista no final da missa, quando um grupo de jovens mostrou os costumes e tradições do povo europeu que está presentes nas montanhas do interior do Espírito Santo, seja nas danças italianas, pomeranas, alemãs, holandesas e polonesas que resistem ao tempo e são transmitidas de geração em geração.

MOMENTO DEVOCIONAL

Neste segundo dia do Oitavário da Festa da Penha, o tema do dia foi “Saúde do Corpo”. A imagem de Nossa Senhora foi conduzida por quatro profissionais que atuam como nutricionistas, educação física, fisioterapeutas, acompanhados pelos anjinhos, cantando o Hino da Festa da Penha. Frei Robson de Castro Guimarães, do Convento da Penha, conduziu a celebração e fez uma reflexão sobre o tema do dia, tendo como base o Evangelho de Lc 17,11-16, em que Jesus cura 10 leprosos e apenas um teve gratidão: “Gostaria de tirar dessa passagem do Evangelho, três mensagens para a nossa vida de intimidade com Deus. A primeira é que não nos basta somente reconhecer a nossa miséria e ter consciência que somos pecadores necessitados do perdão e da misericórdia de Deus. Em segundo lugar, nós necessitamos estar prontos para obedecer ao que o Senhor Jesus nos propõe todos os dias. E, por terceiro e último, necessitamos ter diante de Deus no coração a gratidão”. Nesse segundo dia, fazendo memória do início da devoção mariana, lembrou-se que Frei Pedro chegou à Vila do Espírito Santo, hoje Vila Velha, e começou a procurar um abrigo. “Deparou-se com uma pequena gruta, formada por uma pedra. Ali entrou e colocou o painel da Virgem das Alegrias. A fisioterapeuta Nádia Monteiro de Assis Sá cantou belamente “Primeira Cristã” perto da imagem de Nossa Senhora da Penha.

3º DIA – ÁREEA PASTORAL CARIACICA/VIANA

NÃO AOS SINAIS DE MORTE!

Pe. Vitor: “O Cristo não é um Cristo com arma na mão mas bacia e toalha”

Na terça-feira, 19 de abril, no terceiro dia do Oitavário da 452ª edição da Festa da Virgem das Alegrias, o Campinho voltou a ficar lotado.

A Missa foi presidida pelo Pe. Rodrigo

Costa Silva, C.Ss.R., da Paróquia Sagrada

Família, em Cariacica (ES). Os presbíteros, diáconos e seminaristas da Área Pastoral

Cariacica/Viana (formada por 18 paróquias nesses municípios) concelebraram, juntamente com Vigário Provincial,

Frei Gustavo Medella, o guardião Frei

Djalmo Fuck, os frades do Convento da

Penha e do Santuário Divino Espírito Santo e os frades que chegaram de São Paulo, Frei Jeâ Paulo Andrade e Frei Gabriel

Dellandrea, do Serviço de Animação Vocacional (SAV). Mais um belo dia de sol garantiu um cenário propício para subir o Morro e festejar a Mãe das Alegrias.

Uma boa parte do povo que esteve no Campinho do Morro da Penha também veio dos municípios de Cariacica e Viana, já que neste dia esta Área Pastoral ficou com a responsabilidade litúrgica da Festa.

O pregador escolhido para este terceiro dia do Oitavário foi o Pe. Vitor César Zille Noronha, do Santuário Bom Pastor de Cariacica. Segundo ele, a liturgia nos ensina que é fundamental a experiência pessoal com Jesus Ressuscitado. “Nos ensina que nosso Deus não está morto, que nosso Deus está vivo, está no meio de nós”, disse.

Segundo Pe. Vitor, foi preciso fazer uma experiência pessoal com o Cristo Jesus, que aparece sob a forma de um jardineiro. “E para nós isso tem um significado fundamental, ao menos dois: um teológico e outro espiritual. No significado teológico, o Evangelho de João resgata a ideia do Gênesis, da criação, no qual Deus fez o Jardim do Éden e colocou o homem e a mulher para viver a justiça e a verdade”, disse, lembrando que o Papa Francisco nos ensina a sermos cuidadores da Casa Comum. Para o celebrante, entrou no mundo o pecado, a violência e a desigualdade, e essa realidade esteve desordenada. Por isso, o evangelista João coloca o túmulo de Jesus no jardim, mostrando que ele reconstitui o paraíso original e que Cristo Jesus é o novo Adão, o novo início da humanidade.

No significado espiritual, João faz questão de ressaltar que as aparições de Jesus sempre são com pessoas e o termo que ele usa é confundido. “Confundiu-se com pessoas pobres. Vejam só.

Ali era um jardineiro, mais à frente nos discípulos de Emaús será um peregrino, um viajante, um retirante. Um pouquinho depois será um fantasma. Mais ainda para frente será um mendigo que tem fome e pede, na margem do rio Tiberíades, de comer. Vejam só. Nessas pessoas, o Ressuscitado vai aparecendo, repara que confundido com eles, conjunto e misturado”, explicou.

Segundo ele, Cristo Jesus ressuscitou, já venceu o pecado e a morte e deve voltar para a Casa do Pai, mas ele permanece confundido com os pobres, com os oprimidos deste mundo. “Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, se queremos encontrar o Cristo Ressuscitado, devemos, ouvindo aquele o clamor do Papa Francisco, ser uma Igreja em saída nas Galileias deste mundo. Devemos estar, sim, com as pessoas em situação de rua, com os encarcerados, com as pessoas LGBTs, com os negros, todos aqueles que sofrem opressão, discriminação, ali a Igreja deve estar e isso tem um fundamento espiritual. Espiritual não é aquele que fica muito alienado e fora das coisas deste mundo, não. O espiritual, tal como diz Jesus, é aquele que se faz carne na carne dos últimos. É esta a espiritualidade de Jesus, que ele ensinou. Porque aquilo que não é assumido não é revivido, como ensinaram os Padres da Igreja”, observou.

Pe. Vitor lamentou tantos sinais de morte hoje. “Recentemente pudemos observar, não sei se vocês acompanharam, uma coisa triste. O Governo Federal vetou, e temos aí a Campanha da Fraternidade sobre educação, a distribuição de absorventes para as meninas pobres. Professores e professoras que estejam aqui presente não vão me deixar falar sozinho. Como que isso leva meninas faltarem às aulas, terem déficit de aprendizado. Para isso, não tem dinheiro. E em meio a Campanha da Fraternidade, tantos católicos que se calam, fecham os olhos. Não, temos que ser profetas. Enquanto isso, tem dinheiro para viagra, para prótese peniana e lubrificantes para as Forças Armadas (aplausos). Sinais de morte. Uma grande sacanagem, podemos dizer assim. Vejam só que coisa triste. Sinais de morte”, enfatizou.

“Cristo Jesus é aquele que não pode ser retido. Seu Espírito vivificador permanece vivo no meio de nós. Ele ascendeu ao Pai, e pela primeira vez no Evangelho de João, ele nos chama de irmãos. Mas lembremos sempre que em Cristo Jesus aqueles que assassinaram, que mataram Deus, fez Senhor e Cristo. O Cristo não é um Cristo com arma na mão. O Cristo é um Cristo com toalha e bacia nas mãos. O Cristo não está por cima, dominando e explorando como os poderosos deste mundo. O Cristo está por baixo lavando os pés. Os poderosos deste mundo, como Pôncio Pilatos lavam as mãos. Jesus Cristo está a serviço lavando os pés. Este é Cristo Jesus. Por isso, irmãos e irmãs, ele não disse ‘Armai-vos uns aos outros’, não. Desde Pio XII, a Doutrina da Igreja é pelo desarmamento. O nosso Cristo disse: “Amai-vos uns aos outros” e assim é ser sinal da Ressurreição. Sejamos sinais do Ressuscitado!

Pe. Vitor César Zille Noronha Pe. Rodrigo Costa Silva, C.Ss.R

MOMENTO DEVOCIONAL

O Oitavário, o momento devocional da Festa da Penha, começou às 15h30, quando o vigário paroquial do Santuário Divino Espírito Santo, José Clemente Müller, convidou o povo a conhecer um pouco o devoto da Virgem da Penha, Frei Pedro Palácios, e também abordou o tema do dia: Saúde emocional.

A imagem de Nossa Senhora da Penha foi carregada por quatro profissionais que atuam como psicólogos, médicos e enfermeiros, entre eles Osmar Sales, o criador do Terço entre as palmeiras. Na procissão de entrada, crianças vestidas de anjinhos abriram o cortejo com o hino da Festa da Penha.

Na sua reflexão sobre o tema do dia. Frei Clemente disse que a Mãe de Deus olha especialmente a cada um de nós. “Irmãos e irmãs, subimos esta montanha ou pelo amor ou pela dor. Mas tanto pela dor ou pelo amor, nós vamos ao louvor a Deus através de sua Mãe Santíssima. Que ela abençoe a cada romeiro, a cada peregrino que aqui veio, abençoe nosso bairro e nossa família”, pediu o frade.

Frei Paulo César Ferreira terminou este momento cantando a música de Pe. Zezinho “Maria de Minha Infância”.

4º DIA – ÁREA PASTORAL BENEVENTE

CRISTO CAMINHA CONOSCO!

“Em quem estamos depositando a nossa fé?”, pergunta Pe. Rafael

Oquarto dia do Oitavário (20/4) da Festa da Penha reuniu no Campinho do Morro da Penha, os sacerdotes, movimentos, pastorais e o povo da Área Pastoral Benevente (formada pelas cidades Anchieta, Alfredo Chaves e Guarapari) para homenagear Nossa Senhora das Alegrias. A Missa foi presidida pelo Pe. Alexandre Ferreira dos Santos, da Paróquia São José, de Guarapari. Além dos celebrantes desta Área Pastoral, concelebraram, juntamente com Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, o guardião Frei Djalmo Fuck e os frades da Província da Imaculada Conceição.

O Evangelho de Emaús serviu de inspiração para o Pe. Rafael Martins do Nascimento, da Paróquia São Pedro, Muquiçaba, em Guarapari, fazer a homilia. Segundo ele, é bonita a fé do povo na Virgem Maria, aquela que traz o nosso Salvador. Aquela que veio ao nosso encontro trazendo a esperança. “Que saudade de estarmos reunidos! Dois anos de pandemia, dois anos de desespero, dois anos de angústia, dois anos de tristeza e nós estamos aqui, neste ano, manifestando a nossa fé no Deus Salvador”, disse.

“E a liturgia (discípulos de Emaús) mostra exatamente isso. Em quem nós estamos depositando a nossa fé, em quem nós estamos de fato escutando, a quem nós de fato estamos olhando? ramos fazer o bem. Mas quando fazemos o mal não acontece nada”, observou.

Para ele, é Cristo que nos chama, que caminha conosco. “Olhe o que

Pe. Rafael Martins do Nascimento

nós vivemos nestes dois anos, quantas pessoas perderam a vida. Quantos conhecidos, quantas parentes você perdeu. Você mesmo pode ter ficado entre a vida e a morte e hoje está aqui para agradecer a Deus, louvar a Deus, para agradecer a Nossa Senhora por sua intercessão. Mas eu espero que você não fique somente nesse agradecimento, espero que você permaneça firme naquilo que Deus está te dando. Porque se você não vai pelo amor, vai pela dor. Mas vai ser aquele que mesmo pela dor vai abandonando, vai dando as costas para Jesus”, alertou.

“Eu não sei quais são suas dores, não sei os anseios que o trouxeram neste Campinho, não sei quais graças vocês estão pedindo à Virgem da Penha, mas Jesus conhece, Jesus sabe. Por isso, você precisa clamar pelo nome de Jesus. Precisa clamar com fé e confiança. Sem a presença de Jesus a sua vida não tem sentido. A sua vida é em vão. Muitas pessoas vão se perdendo porque buscam na Igreja o batismo, a porta da salvação, mas depois dão as costas a Jesus achando que está tudo certo, que está correto. Não está”, disse, fazendo uma oração à Virgem da Penha, que sem ela não vem a nós o Salvador.

No final da Celebração Eucarística, uma homenagem do Santuário de Pe. José de Anchieta, que trouxe uma relíquia do santo brasileiro para a bênção final.

MOMENTO DEVOCIONAL

O Momento Devocional Franciscano e Mariano do Oitavário começou às 15h30, quando Frei Alessandro Dias do Nascimento, do Convento da Penha, convidou o povo a conhecer um pouco o devoto da Virgem da Penha, Frei Pedro Palácios, e como ele procurava evangelizar a todos sem distinção, fossem eles colonos, fossem eles nativos. Frei Alessandro teve como tema do dia “Saúde da Fé” e tomou o trecho do Evangelho de Lucas 7,1-10, que relata a cura do criado do centurião. Jesus fica admirado com a fé do centurião, que é estrangeiro: ‘Eu vos digo que nem mesmo em Israel encontrei uma fé como esta!’

“A gente sabe que não basta estar se sentindo fisicamente bem. Nós temos a dimensão espiritual, a dimensão social, e essa dimensão da fé é necessária. Às vezes, se a fé não é vivida de forma madura, pode nos adoecer”, disse Frei Alessandro. “O sentido aqui é termos a naturalidade da fé. Infelizmente, às vezes, criamos muros, excluímos as pessoas”, lamentou.

Com o canto “Magnificat”, voluntários ofertaram a Nossa Senhora terço, novena da Festa, folhinha do Sagrado, encerrando este momento devocional.

5º DIA – ÁREA PASTORAL SERRA/FUNDÃO

NÃO DEIXAR A RELAÇÃO COM DEUS DE LADO!

Vivemos num mundo de relações, mas a relação com Deus muitas vezes é deixada de lado”, alerta Pe. André

Como era de se esperar, o Campinho do Convento da Penha lotou no feriado de Tiradentes, 21 de abril, durante a Celebração Eucarística, às 16 horas, do quinto dia do Oitavário da Festa da Penha. Além do povo fiel de Vila Velha, o dia foi da Área Pastoral Serra/Fundão da Arquidiocese de Vitória coordenar a liturgia. Um dos municípios que mais cresceu na Grande Vitória, Serra tem hoje mais de 500 mil habitantes, muitos problemas e um povo muito religioso. Sacerdotes e fiéis romeiros foram acolhidos na casa da Mãe pelos frades do Convento e da Província Franciscana da Imaculada.

Pe. Tárcio Siqueira Rosa, da Paróquia Bom Pastor de Serra, foi presidente da Celebração e o Pe. André de Paiva Oliveira, da Paróquia Epifania do Senhor aos Reis Magos da Serra, foi o pregador. Pe. André destacou a celebração presencial da Festa da Penha neste ano de 2022 e o tema geral que, segundo ele, é muito propício, haja vista que estamos passando a pandemia: “Saúde dos enfermos, rogai por nós” e, nesta tarde, o subtema: “A saúde das relações”. Nesta Missa, rezou-se pelas víti-

Pe. André de Paiva Oliveira,

Pe. Tárcio Siqueira Rosa

mas do desabamento de um prédio de três andares em Cristóvão Colombo, em Vila Velha, na Grande Vitória, na manhã deste dia.

“Mas temos muito que olhar e contemplar no horizonte desta Festa que não começou ontem. Já são mais de 400 anos e não acaba amanhã porque é de Deus e perdurará na história do nosso povo”, ressaltou. “Mas uma Festa que nos desafia a uma reflexão a cerca daquela que é nossa relação com Deus. Vivemos num mundo muito marcado por relações, é verdade, mas a primeira de todas, a nossa relação com Deus, muitas vezes é deixada de lado, ocultada, ofuscada, por causa da nossa relação intrapessoal. A relação conosco, porque muitas vezes somos muito duros, muito rígidos, somos carrascos de nós mesmos, por isso adoecemos”, observou.

“ E, de repente, porque queríamos trazer a cura, Deus nos deu a Virgem Maria. Ela é aquela escolhida por Deus, no meio dos mais pobres, podemos até exagerar na palavra e dizer no meio dos insignificantes, Deus recorre a Maria e nela prefigura toda a nova humanidade. Ela vai ser o auxílio para todos os cristãos diante da dor, da doença e do medo, diante da recusa daquilo que é a vontade do pai. Quantas vezes, amados irmãos e irmãs, não fomos nós também aqueles que preferimos enveredar pelo caminho da doença. Quantas vezes não fomos nós que fizemos crescer a fila daqueles que se orgulham das doenças que carregam”, questionou.

Segundo Pe. André, Maria é a saúde dos enfermos para aqueles enfermos que buscam em seu filho bendito a cura, a salvação: “Buscar a verdadeira saúde do corpo e da alma passa diretamente por essa contemplação da Virgem Maria, porque ela é aquela que nos aponta para o seu filho que nos traz a paz”.

MOMENTO DEVOCIONAL

Frei Adriano Dias Nascimento, do Santuário do Divino Espírito Santo, presidiu o Momento Devocional que aconteceu antes da Celebração Eucarística, às 15h30. O tema do dia foi “Saúde nas Relações” e Frei Adriano fez sua reflexão com base no versículo de Jo 3,14: “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos aos irmãos. Quem não ama permanece na morte”.

Segundo o frade, o ser humano criado por Deus é chamado para a vida. “Mas também chamado para a comunhão. Seu grande desejo é viver em paz uns com os outros. Viver em paz com Deus. Encontrar essa paz entre nós. Mas essa paz é alcançada quando nós conseguimos colocar a nossa vida a serviço do bem, da família, da sociedade, da Igreja”, disse o frade, destacando a família nas relações humanas.

Recordando Frei Palácios, foi escolhido para o dia o momento em que o frade perdeu o quadro da Virgem das Alegrias e o achou entre as palmeiras. No final, a adolescente Heliana cantou “Ave Maria dos seus andores” em homenagem a Nossa Senhora.

6º DIA – ÁREA PASTORAL DE VITÓRIA

UM GRITO PELA CASA COMUM

No sexto dia do Oitavário, um clamor pelo cuidado do nosso Planeta

Tendo como inspiração São Francisco de Assis, a Virgem da Penha e o Papa Francisco, o sexto dia do Oitavário da 452ª Festa da Penha, no dia 22/4, uniu numa só voz as reflexões em torno do tema do dia “Saúde do Planeta”. A começar pelo Frei Mário Aparecido, agostiniano, que fez a homilia da Santa Missa, e Frei Jeâ Paulo Anddrade, que fez a reflexão do Momento Devocional.

A Área Pastoral da Capital capixaba se responsabilizou pela liturgia da Celebração Eucarística, que foi presidida pelo pároco Pe. Robson Lemos, da Paróquia Nossa Senhora das Graças. Os frades do Convento da Penha e da Província da Imaculada acolheram os sacerdotes e religiosos desta região pastoral e o povo que lotou o Campinho, num dia de calor e sol forte.

Frei Mário lembrou que desde 1986, a Campanha da Fraternidade vem trazendo um apelo para que cuidemos do Planeta Terra, com o lema ‘Terra de Deus e terra de irmãos’. A partir de então, o cuidado com a terra foi tema de várias Campanhas da Fraternidade: ‘Por uma terra sem males’ (2002), ‘A água fonte da vida’ (2004), ‘A Fraternidade e a Amazônia’ (2007), ‘Fraternidade e vida do planeta’ (2011); ‘A casa Comum nossa responsabilidade’ (2016), e ‘Biomas brasileiros e defesa da vida (2017).

“Em 2015, o Papa Francisco chamou a atenção do mundo inteiro com a encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado da Terra como nossa Casa Comum. Assim começa o Papa: ‘Louvado sejas, meu Senhor, cantava São Francisco de Assis. Nesse gracioso cântico, recordava-nos que nossa casa comum ora se pode comparar a uma irmã, que partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços’. Mas já em seu início, o Papa denuncia os males que causamos à Terra dizen-

do: ‘Esta irmã clama contra o mal que provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos pensando que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência está no coração humano, ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados da nossa Terra, oprimida e devastada, que geme e sofre as dores do parto, esquecemos que nós mesmos somos terra’”, citou.

O nosso corpo é constituído pelos elementos do Planeta, disse o Papa. O seu ar permite nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos. “Portanto, queridos irmãos e irmãs, o cuidado com o Planeta Terra é de nossa responsabilidade. Todo mal que fazemos contra a obra da criação, constitui um pecado. Peçamos, nesta tarde, a intercessão de Maria, Saúde dos Enfermos, para que sejamos curados desse pecado e aprendamos a cuidar do Planta Terra, nossa casa, e como Maria, em tudo fazer a vontade de Deus”.

ROMARIA DOS MILITARES

O Momento Devocional Franciscano, que antecede a Santa Missa, marcou o testemunho e a homenagem dos Militares a Nossa Senhora da Penha. Às 15h00, a procissão, reunindo cerca de 100 militares, subiu a ladeira do Convento da Penha e chegou ao Campinho. A imagem de Nossa Senhora foi trazida num andor por um representante do Exército, da Marinha, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. O guardião do Convento, Frei Djalmo Fuck, fez a acolhida e pediu que rezassem pelos “responsáveis por nossa segurança”.

Pe. Adelson Soares da Silva, que é Capelão da Marinha, fez uma oferta a Nossa Senhora da Penha da Escola de Aprendizes de Marinheiros. Foram ofertados dois símbolos da Marinha: um quepe e um apito marinheiro.

MOMENTO DEVOCIONAL

Frei Jeâ Paulo Andrade, do Serviço de Animação Vocacional da Província, fez a reflexão sobre o tema do dia da Festa da Penha: ‘Saúde do Planeta’. Teve como base o texto do Gênesis (2,15): “Javé Deus colocou o homem no Jardim do Éden, para que o cultivasse e o guardasse”.

Segundo o frade, a gente pode pensar em lugares onde encontramos descanso, onde nos refugiamos quando estamos cansados, tristes e estressados. “E no meio dessa mata, aqui no alto dessa montanha, Frei Pedro Palácios construiu essa casa de oração. Um lugar para nos aproximarmos de Deus. É um lugar de paz, porque é um lugar bem cuidado”, acrescentou o frade. Ele, então, pediu para olharem para imagem de Nossa Senhora da Penha e observassem que ela está carregando o Menino Jesus e ele carrega em suas mãos um globo. “Este símbolo representando nossa casa, nos diz que Jesus é quem sustenta o mundo e quem o mantém. A cruz sobre esse globo terrestre nos fala que foi através dela que Jesus salvou a humanidade. Quando pensamos no cuidado da nossa casa, da nossa terra, precisamos conceber a cada um de nós como jardineiro, cuidador dessa grande obra. Quando nós cuidamos, limpamos, fazemos tudo para que nossa casa fique apresentável. Esse globo que Jesus carrega é a casa de todos nós. Precisa ser cuidada, precisa acolhida”.

“Queremos, cada dia mais, servir em nosso coração o desejo de cuidar, de amar a todas as criaturas. Porque é cuidando do nosso Planeta que estaremos também saudáveis. Nós, muitas vezes, podemos nos comportar como esse vírus que quer destruir a nossa casa, mas precisamos saber que quando nós mesmos cuidamos, estamos sendo antídotos para esse vírus. Que Maria nos ajude a preservar a nossa Casa Comum!”, concluiu.

No final, os profissionais que defendem o Meio Ambiente ofertaram mudas de plantas, dois bombeiros ofertaram seus capacetes, usados em combate de incêndio, crianças se enfeitaram de sol, lua, flores, bichos e se juntaram aos profissionais perto da imagem, enquanto se cantou o “Cântico das Criaturas”.

7º DIA – ROMARIA DE CACHOEIRO

TER COMPAIXÃO

Dom Luiz: “Queremos confirmar nossa esperança em tempos novos”

Como já é uma tradição na Festa da Penha, o sétimo dia do Oitavário é tomado pelos romeiros da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, que lotam o Campinho. Um total de 30 ônibus, 15 vans e 2 micro-ônibus trouxeram 2 mil fiéis para homenagear a Mãe de Deus, a Virgem das Alegrias, depois de dois anos de pandemia.

O bispo de Cachoeiro, Dom Luiz Fernando Lisboa, presidiu a Celebração Eucarística: “Estamos aqui para, com muita fé, celebrar a Eucaristia e queremos fazê-la por que somos peregrinos, somos povo de Deus que caminha como a Mãe Maria. Ela que nos ensina que temos que fazer tudo que Jesus nos disser, e nós queremos obedecer, queremos seguir o seu filho Jesus. Ela sempre nos encaminha para ele”, disse.

Dom Luiz destacou o momento difícil nestes últimos anos da pandemia: “Queremos confirmar nossa esperança em tempos novos e pedir ao Senhor ressuscitado pela intercessão da Virgem da Penha para que alcance as milhares de famílias em nosso Estado do Espírito Santo e no país inteiro que perderam seus entes queridos por causa da pandemia, suplicando a graça divina sobre todos que se dedicam à assistência aos doentes nos hospitais e em suas casas. De modo especial, queremos agradecer a todos os trabalhadores e trabalhadoras da área da saúde”, ressaltou.

Dom Luiz lembrou que esta edição 452ª da Festa da Penha tem como tema “Saúde dos enfermos, rogai por nós”. Segundo ele, ao longo de todo o seu ministério, Jesus encontra enfermos em seu caminho. Jesus não vê a doença como a crença que a ligava mecanicamente com o pecado, próprio ou dos pais. Ou o doente cometeu um pecado ou os

pais o cometeram. Era essa a mentalidade. Diante da doença, Jesus sente compaixão e essa compaixão o move à ação. Compaixão e ação. Quem sente pena, sente dó, não faz nada, passa adiante. Jesus nos ensina a ter compaixão e quem tem compaixão faz alguma coisa e leva a ação”, ensinou o bispo.

O bispo de Cachoeiro enfatizou que, além das enfermidades físicas, o mundo de hoje tem adoecido diante da guerra e dos riscos do enfraquecimento da democracia e citou outra fala do pontífice, na audiência geral do último dia 23 de março: “Com a guerra tudo se perde, tudo, não há vitórias em uma guerra. Todo mundo é derrotado”, disse.

“Mais do que nunca é tempo para ter coragem, para pedir a Deus coragem. E que nossas mãos sejam sempre operosas e disponíveis para assistir os que mais precisam. Nossa Senhora Saúde dos enfermos, rogai por nós”, concluiu.

Ao fim da Santa Missa a Diocese de Cachoeiro prestou uma homenagem à Nossa Senhora da Penha. Duas crianças subiram ao altar levando em suas mãos um coração – representando o coração da Virgem e mãe que acolhe as preces de todos que rogam pela saúde, pela educação e pela Paz.

MOMENTO DEVOCIONAL

No 7º dia do Oitavário da Festa da Penha, o tema refletido por Frei Gabriel Dellandrea foi “Maria, caminho de saúde e salvação”. Na homenagem a Maria, usou-se um dos símbolos da nossa devoção mariana, com mulheres, jovens e um adolescente passando o terço de mãos em mãos no altar. Uma mulher entrou cantando a música “O Terço” de Roberto Carlos e todos se voltaram para a imagem de Nossa Senhora da Penha.

Frei Gabriel fez a reflexão com base em Jo 19,25-27. “Hoje, o tema é ‘Maria, caminho de saúde e salvação’. E quando falamos em salvação quase todo mundo tem na mão um aparelho de celular. Quantas e quantas vezes tivemos o mesmo problema: não conseguimos salvar uma imagem porque o celular estava cheio. Aquela foto bonita que queríamos tirar no Morro da Penha não sobrou espaço. Para salvarmos algo de importante, às vezes, precisamos perceber se a memória não está cheia. E o que a gente faz quando a memória está cheia? A gente deleta o que não precisava e fica com o essencial. O número mais importante do whatsapp a gente não exclui, assim como a foto mais mais bonita. Assim o caminho de salvação quer nos ensinar que para sermos salvos nós também precisamos salvar na nossa memória apenas aquilo que é bom. Aquilo que de fato nos dignifica, nos torna melhores, para oferecermos a Deus o que podemos oferecer de melhor em nossas vidas”, disse Frei Gabriel.

ROMARIA DE SÃO MATEUS VEM DO NORTE CAPIXABA

Na madrugada do dia 23 de abril, a alegria da Ressurreição tomou conta de um povo devoto e religioso do Norte do Espírito Santo. O município de São Mateus lotou cerca de 40 ônibus e, com a condução do seu pastor, o bispo Dom Paulo Bosi Dal’Bó, chegaram logo cedo a Vila Velha para prestar a homenagem a Nossa Senhora da Penha. Outro grande número de romeiros veio em seus carros. Todos foram acolhidos pelo guardião Frei Djalmo Fuck em nome do Convento da Penha e dos franciscanos da Província da Imaculada Conceição.

Muitos romeiros ficaram acordados porque alguns ônibus deixaram São Mateus a 1 ou 2 horas da madrugada. O bispo representa 710 comunidades e 20 paróquias, divididas em quatro foranias: Capixaba, Praiana, Mineira e Baiana.

Segundo o bispo, uma das maiores festas de devoção popular está de volta depois de dois anos em que ficamos um pouco travados, sem a experiência desse encontro que diversos romeiros vêm dos mais diversos lugares além do nosso Estado do Espírito Santo. “Voltar aqui hoje é de fato agradecer a Deus. Deus seja louvado por esse retorno”, disse.

“Nós viemos aos pés da Virgem Mãe para agradecer e buscar forças para a Igreja depois desse tempo de pandemia. Que ela volte mais reforçada ainda, mais fervorosa na fé, mais comprometida com a vida. Hoje somos convidados à luz de Cristo buscar essa força”, emendou o bispo.

ROMARIA DOS ADOLESCENTES E JOVENS A ALEGRIA VOLTA AO CAMPINHO DA PENHA

Com apenas cinco anos de existência, a Romaria dos Jovens e Adolescentes vem crescendo a cada ano. Grupos de Perseverança e Adolescentes da maioria das paróquias de Vitória e Vila Velha estiveram presentes, como se pôde ver durante a concentração na Prainha do sábado (23/4). Para fugir do sol forte, as sombras das árvores acolheram os adolescentes, que, portando bandeiras, camisetas e outros adereços, fizeram muito barulho para homenagear Nossa Senhora.

Às 10 horas, os grupos se uniram e subiram o Morro da Penha para a Celebração Eucarística, às 11h00, no Campinho. Pe. Ruan Coutinho da Cruz, Vigário Paroquial da Paróquia São Pedro, em Muquiçaba, Guarapari, foi o presidente. Em sua homilia, ele questionou os jovens: “É impossível ser santo se não tivermos alegria no coração”, disse.

“Não existe um santo na história da Igreja que não experimentou a alegria do coração. E aí nós precisamos fazer uma diferenciação importante aqui. Que alegria que nós estamos falando?”, perguntou.

“Vou falar de duas formas, vocês vão ver qual é a mais adequada: Nós temos a alegria frisante. Quando você abre aquele refrigerante e depois vem aquela espuma. Só que depois que começa passar o tempo, quem aguenta tomar refrigerante quente? Eu te apresento um copo d’água geladinho. Deixa o tempo passar, não faz barulho, ele está ali. E você pode beber depois. Essas as diferanças das duas alegrias: uma é barulhenta, faz espuma, mas daqui a pouco acaba. A outra é silenciosa como a água e vai nutrindo. Jesus disse ques quem tem sede vem a mim e beba. E essa água, que é o próprio Jesus, sacia a sede da nossa alma”, ensinou.]

ROMARIA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA CHEGA À 15ª EDIÇÃO

A Festa da Penha, como espaço de manifestação da fé e da devoção do povo capixaba, acolheu mais uma vez a Romaria das Pessoas com Deficiência. Realizado desde o ano de 2006, o ato reúne diversas instituições de atenção e apoio aos deficientes e seus familiares da capital Vitória, de Vila Velha e de outras cidades do Estado. Depois de dois anos de edições virtuais, a Romaria pôde ser realizada pela 15ª vez, resgatando a sua relevância para a garantia de direitos e sendo um grito contra preconceitos.

A concentração, no sábado, 23 de abril, ocorreu na Praça Duque de Caxias, no Centro de Vila Velha, de onde os participantes percorreram a distância de 01 quilômetro, até chegar em frente à Igreja do Rosário, onde foram acolhidos por Frei Gustavo Medella e pela equipe de voluntários da Romaria.

Chegando ao destino, os romeiros fizeram saudações a Nossa Senhora da Penha e, em seguida, começou a Missa de encerramento, presidida pelo Padre Carlos Pinto, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Alfredo Chaves.

Antes da homilia, foi lido uma Carta da 15ª Romaria das Pessoas com Deficiência da Festa da Penha. Segundo a carta, mais de 24% da população, ou seja, 46 milhões de brasileiros e brasileiras, e cerca de 900 mil capixabas têm algum tipo de deficiência - intelectual, visual, física, auditiva ou múltipla. “Superamos em parte a exclusão e o esquecimento e conquistamos o direito de participação e de cidadania (Lei Brasileira da Inclusão, 13.146 de julho de 2015). Entretanto, para assegurar o exercício pleno de nossa cidadania, precisamos de políticas públicas eficadez, ações e atitudes que garantam o pleno exercício de nossos direitos”, aponta o documento.

“Negar a igualdade de oportunidades é promover a exclusão. Nossa sociedade não avançará na busca de justiça social se fechar os olhos para essa realidade”, denuncia a carta do Fórum de Entidades das Pessoas com Deficiência do Estado do Espírito Santo, lembrando que a realidade pandêmica nos últimos anos privou-os de avançar em novas conquistas e revelou demandas gritantes. A carta lista uma série de reivindicações e faz uma denúncia: “Registramos nossa indignação diante das ameaças de perda de direitos que vem nos assombrando, com a proposta de reforma da Previdência e o fechamaneo de órgãos colegiados, inclusive o Conselho Nacional de Direitos sda Pessoa com Deficiência - CONADE, que é uma afronta à democracia do nosso país”.

Na homilia, Padre Carlos explicou que a romaria, além de um ato de fé e devoção a Nossa Senhora da Penha, também deseja ser um espaço de manifestação das lutas junto à sociedade, ao poder público e à Igreja. .

A celebração contou com a participação efetiva das pessoas com deficiência. Acompanhando com devoção e fé, os familiares também não pouparam esforços para estarem juntos daqueles a quem no dia a dia dispensam amor e atenção.

ROMARIA DOS HOMENS A MULTIDÃO VOLTA A CAMINHAR COM A MÃE DA PENHA

Depois de dois anos sem caminhar com a Mãe da Penha, o povo pôde finalmente matar a saudade de uma das demonstrações mais esperadas da Festa da Penha: a Romaria dos Homens. Durante sete dias, a Virgem das Alegrias ganhou homenagens no alto do Morro da Penha, mas no sábado, 23 de abril, ela reuniu todo o povo capixaba da Região Metropolitana de Vitória e do Estado do Espírito Santo para caminhar, na planície, com uma multidão de cerca de 800 mil pessoas, num percurso de 14 quilômetros, da Catedral de Vitória até o Convento da Penha. Inicialmente, a Romaria dos Homens foi criada para estimular a participação masculina na Festa da Penha, hoje se tornou a maior ‘romaria de homens’ do Brasil. Na verdade, todo o povo quer caminhar com a Mãe dos Caminhantes: homens, mulheres, jovens, idosos e crianças. Por isso, Dom Dario Campos informou que o novo título é Romaria das Famílias. É a maior demonstração de fé de uma festa essencialmente devocional.

Esta gigante procissão com a Padroeira do Espírito Santo teve início no final da Missa de Envio celebrada na Catedral, quando os sinos da Catedral avisaram que a Romaria iria começar às 19h10. As velas foram se acendendo e tomaram conta da praça da Catedral. Um grupo de homens, que formam a “Corrente da Penha”, abriu caminho para o ‘Penhamóvel’ passar, especialmente nas ruas mais estreitas do Centro da capital, a partir da praça Dom Luiz Scortegagna, ruas José Marcelino, São Francisco, Caramuru, Cais de São Francisco, Cleto Nunes, Marcus de Azevedo, Duarte Lemos e Nair Azevedo Silva.

Foi emocionante ver a força dessa manifestação de fé em todo o percurso da romaria. Velas acesas, cantos e orações acompanharam a imagem de Nossa Senhora das Alegrias, que

parecia deslizar nos braços da multidão dentro de uma berlinda, uma espécie de andor ornado de flores naturais. A emoção tomou conta de todo o trajeto e, certamente, mesmo aqueles que não têm fé foram pegos de surpresa por essa gigantesca demonstração de fé. E não poderia ser diferente. O cenário era místico e frenético (alguns peregrinos caminhavam rapidamente). Milhares de pessoas rezando nas ruas, nos prédios, nas casas; fogos de artifício estourando no céu durante o percurso, e muita, muita, devoção.

A música não poderia expressar melhor esse momento: “Maria, Mãe dos caminhantes,/ Ensina-nos a caminhar./ Nós somos todos viandantes, /Mas não é fácil sempre andar”.

Foi o momento de epifania, de manifestação divina, que durou algumas horas mas ficará para sempre iluminando a alma desse fervoroso povo.

Na longa avenida Carlos Lindenberg, a romaria cresce assustadoramente quando recebe novos peregrinos, como os de Guarapari e dos bairros da capital e Vila Velha. A procissão de Guarapari acontece há mais de 30 anos e os romeiros caminham aproximadamente 11 horas, sendo assistidos por uma equipe de apoio com socorristas e ambulâncias.

Depois de completar o longo percurso com as grandes avenidas Carlos Lindenberg e Luciano das Neves, a imagem chegou à Prainha por volta das 23h00. A Eucaristia teve início e a multidão ainda continuava a chegar na Prainha, no pé do Morro da Penha. A Santa Missa foi presidida pelo Arcebispo de Vitória, Dom Frei Dario Campos, e concelebrada pelo bispo auxiliar Dom Andherson Franklin, o guardião do Convento da Penha, Djalmo Fuck, e sacerdotes da Arquidiocese e da Província da Imaculada Conceição.

Segundo D. Dario, a Romaria dos Homens recebe um novo título: Romaria das Famílias. “Todos os passos que demos até aqui, saindo de di-

versos lugares, próximos ou até mesmo muito distantes, foi realizado na companhia da Virgem da Penha, a Nossa Senhora das Alegrias. Ao chegarmos aqui fomos iluminados pela Palavra de Deus, que deseja aquecer os nossos corações e confirmar os nossos caminhos como discípulos, como filhos e filhas, missionários de Jesus”, disse o Arcebispo.

“Também aqueles homens e mulheres apresentados na multidão, que a mesa da Palavra nos apresentou na primeira leitura, foram atraídos por Jesus Cristo.

Nesta noite, todos nós fomos atraídos pelo amor de Deus, que a todos deseja comunicar a sua Palavra, deseja comunicar a sua graça, deseja dar o seu consolo, deseja buscar a sua bênção, afim de que possamos retornar para nossas casas, para nossas Comunidades Eclesiais de Base, para o nosso trabalho, fortificados na fé, mas cheios de esperança e animados na caridade”, ressaltou Dom Dario. “Com a multidão que acorria aos apóstolos, também nós deixamos nossas casas e nos propusemos a fazer esta Romaria, na certeza de que seremos acompanhados ao longo de todo o caminho pelo Senhor e que também nos acolheu aqui nesta noite, na Casa da nossa Mãe”, acrescentou. “De fato, meus irmãos, ao longo de toda a Romaria cada um de nós apresentou ao Senhor a própria vida, apresentou a família, apresentou ao Senhor o trabalho, as dificuldades cotidianas, apresentou as dores, o

sofrimento. Eu escutei alguém dizer: Nossa Senhora, arrume emprego para mim! Apresentemos nossas alegrias e esperanças, nossos sonhos e nossas conquistas, e, sobretudo neste tempo Pascal, seja um recomeço para todos nós. Foi o Senhor que nos acompanhou até aqui. Foi a sua graça e sua graça nunca faltou. E a sua proteção que nos foi oferecida, ou seja, fomos amparados pelas mãos bondosas Daquele que nos amou e salvou em Jesus Cristo”, disse o Arcebispo, contando que ouviu um repórter na televisão dizendo: são mais de 800 mil pessoas nesta Romaria. “Que bonito!”

“”Que todos que vieram, os que ficaram em casa, percebam que fomos tocados pela Palavra de Deus e dela nos tornamos testemunhas vivas como verdadeiros sinais do Reino. Que a Virgem da Penha, Senhora das Alegrias e da Ressurreição, Senhora da Saúde, Senhora dos Enfermos, interceda a seu Filho Jesus de Nazaré por todas as famílias”, desejou.

Na Prainha, muitos peregrinos descansavam os pés, os joelhos e as mãos, deitados ou sentados no chão. Mas um grande número de romeiros só conclui a peregrinação no alto do Morro, aos pés da Virgem da Penha, com muitas velas acesas pelo caminho.

O apelo do Papa Francisco para uma Igreja de saída, itinerante e missionária deu uma mostra de como pode crescer na fé. A igreja do caminho valoriza a comunhão, como diz os Atos dos Apóstolos (2,42-47).

8º DIA – ENCERRAMENTO DO OITAVÁRIO E ROMARIA DAS MULHERES

SÓ O AMOR CURA FERIDAS

Dom Andherson: “O feminicídio nos entristece porque temos como Padroeira uma mulher”

ARomaria das Mulheres da Festa da Penha prima sempre pela beleza e fé para expressar em grau máximo a devoção à Virgem das Alegrias, Nossa Senhora da Penha. Esta devoção, com elas, sempre tem um colorido especial no percurso do Santuário do Divino Espírito Santo até a Prainha, palco das grandes celebrações desta Festa. Cerca de 70 mil mulheres lotaram a Prainha por volta das 16h30, quando o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, presidiu, no domingo (24/4) o último momento devocional franciscano no Oitavário da Festa da Penha.

Muitos balões coloriram as ruas de Vila Velha e deram um espetáculo à parte na Prainha durante a Celebração Eucarística. É de se impressionar com a multidão de devotos, menos de 24 horas da grandiosa Romaria dos Homens, mostrando a fé do povo capixaba.

A Santa Missa, às 17 horas, foi presidida pelo bispo auxiliar de Vitória, Dom Andherson Franklin, e teve como concelebrantes os frades do Convento da Penha, o guardião Frei Djalmo Fuck, e Pe. Renato Criste, pároco da Catedral de Vitória, além de religiosos, diáconos e seminaristas.

Dom Andherson lembrou que diante da Virgem da Penha somos peregrinos. “Seremos enviados daqui como salmistas para cantar a vontade de Deus. O Evangelho diz que Jesus se apresenta. É um apresentar-se na sua plenitude de Ressuscitado. Ele recorda aos discípulos que ele é o Crucificado. Ele deu a vida para que toda a humanidade pudesse viver em comunhão com o Pai. E ao se apresentar aos discípulos, eles se alegram e cantam a alegria da vitória da vida sobre a morte, que nunca terá e nunca teve a última palavra”, disse. “Nós somos estes que acompanhamos a Virgem, que canta a alegria da ressurreição. O texto dos Atos dos Apóstolos diz que Maria estava com os discípulos no Cenáculo e, com certeza, ela se alegrou ao ver o seu Filho Ressuscitado.

Com a alegria impressa no coração da mãe que se traduz hoje para nós em devoção, em amor e fé. A Nossa Senhora da Penha é a Nossa Senhora que nos convida a vivermos a alegria do Evangelho”, acrescentou o bispo auxiliar.

Para ele, somos homens e mulheres marcados por uma esperança inquebrantável, que não se dobra diante das dificuldades que vivemos. “Cada um, cada uma, aqui, sabe a dor que traz da ausência não só dos dois anos que passamos sem nos reunirmos aos pés da Virgem, iluminados pela luz do Convento, um farol no Estado do Espírito Santo. Mas porque fomos privados de tantas coisas, porque o povo brasileiro sofreu com o aumento da miséria, com as dores causadas pela fome, pelo feminicídio que atinge de forma tão dura o coração desse Estado. Mas hoje nós nos reunimos diante da Virgem das Alegrias porque ela diz que ele está vivo. Cristo está vivo, irmãos! E, por isso, o coração dos discípulos se alegrou, se inflamou do sopro do coração do vivente”, ensinou. O bispo lembrou que muitas cinzas ficaram sobre o nosso coração nesse tempo, impedindo-nos até de manter viva a fé, a esperança de tempos novos. “Mas hoje, nesta celebração, diante da Palavra de Deus, acompanhados diante da Virgem das Alegrias, queremos pedir: Sopra, Senhor, o espírito novo em nós, aqueça-nos o coração com o maior de todos os dons do Espírito, o amor”, pediu.

Para o celebrante, só o amor é capaz de curar as feridas de um mundo marcado pelo sofrimento, pela dor, de um mundo doente em suas estruturas. “Doente nos corações das pessoas impedidas de dialogar pelo fechamento, doente na diferença que dilacera o tecido social e nos impede de nos entendermos, como irmãos e irmãs. Só o amor é capaz de curar e transformar o coração daqueles que nos governam, para que de fato, com solicitude, com bondade, generosidade e compromisso, sejam pastores de um povo a eles confiados. Só o amor de Cristo soprado em nossos corações é capaz de extirpar do nosso Estado o feminicídio que atinge nossas famílias e nos entristece porque temos como Padroeira uma mulher, uma mulher que ousou crer em Deus e viveu marcada pelo amor”, lamentou.

“Aí sim, irmãos, a exemplo da Virgem, nos alegraremos porque ele está vivo. Com ela seremos transformados pelo poder do Espírito que faz surgir em nossos corações, o maior e o melhor, o mais excelso, o mais necessário dos dons: o amor. E nós sairemos daqui cantando com a Palavra e, sobretudo, com a vida: Eterna é a bondade de Deus. Eterno é seu amor e misericórdia porque me atingiu e por mim atingirá os corações das pessoas. Ao sairmos daqui cantemos com a vida o amor de Deus que acolhemos, acompanhados da Virgem que celebra a vitória da vida sobre a morte porque nos acompanha a cada passo. Ela nos ensinará que o amor que vence, que o amor reconstrói, o amor cura, o amor salva e liberta, o amor educa, não vai embora. Este lugar se torna uma grande igreja, pois Cristo, por sua Palavra, por meio de nós e da Eucaristia está aqui”, orientou, rezando: “Senhor Ressuscitado, sopra sobre o meu coração e inflama-me com o fogo do amor que inflamou o coração da Virgem para que eu também seja onde estou um sinal concreto do teu infinito amor”.

FREI MEDELLA ENCERRA OITAVÁRIO

Durante os oito dias, o Momento Devocional Franciscano, feito com cantos e orações, trouxe também para a reflexão o tema desta Festa, “Saúde dos Enfermos, rogai por nós”. No encerramento, neste domingo (24), Frei Gustavo Medella abordou o tema “Saúde Integral”

Para falar do tema, ele tomou um trecho do Evangelho de Lucas 8,45-48. “Faz arrepiar o coração a intensidade desse encontro entre Jesus e essa mulher. O Evangelho, antes, explica a situação dela. Sofria com uma hemorragia há 12 anos e já gastara toda sua economia e não conseguia ser curada. E nesse encontro com Jesus, ela recebe a cura integral: da saúde física, da saúde emocional, da saúde social, porque uma vez que ela era enferma, era desprezada e considerada impura. Quanto pavor e medo não circularam no coração daquela mulher! Cada um de nós, cada uma de vocês pode também se identificar com essa mulher em suas dores, em suas lutas, em seus medos e inquietações. E cada uma de vocês tem a chance de tocar o manto de Jesus e sentir essa cura por inteira, querida mudia falando sobre um aspecto da saúde: a saúde do corpo, a saúde da fé e da espiritualidade, a saúde do coração, emocional, a saúde das gerações, a saúde do planeta, Maria, caminho de saúde para todos. “E aí nós recordamos do Papa Francisco quando, naquela semana de Oração durante a pandemia, sozinho na Praça São Pedro, ele disse o seguinte: ‘Seria muita ilusão de nossa parte imaginarmos que poderíamos viver saudáveis num mundo doente’. A nossa saúde depende da saúde do mundo e vice-versa. Por isso, vamos trabalhar por esse equilíbrio, vamos proteger o nosso planeta, vamos cuidar das nossas gerações, vamos olhar nos olhos uns dos outros e nos reconhecermos como irmãos e irmãs e dizer: Não à guerra, não à violência, não à fome, não à injustiça e saúde para todos. Saúde para todos é o grande programa proposto por Jesus Cristo, no capítulo 10, versículo 10: ‘Eu vim para que todos tenham vida e a tenham plenamente’”, concluiu.

Para encerrar, pediu que todas as mulheres que estavam no palco para se aproximarem da imagem de Nossa Senhora para dar a bênção final com Frei Medella.

lher, participante desta Romaria das Mulheres”, indicou o Vigário Provincial.

Segundo ele, ao falar de saúde integral, fez um resumo do tema da Festa que se desdobrou a cada

FAFÁ DE BELÉM ENCERRA O DIA

A cantora brasileira Fafá de Belém encerrou as festividades do dia na Prainha, ela que tem uma forte ligação com Nossa Senhora de Nazaré e com o tradicional Círio de Nazaré, que acontece todos os anos em Belém. O repertório do show foi formado por esses principais sucessos da sua carreira, que já completou 47 anos, além de canções em homenagem a Nossa Senhora.

ROMARIA DE COLATINA D. PAULO: “NÃO FOI A IGREJA CATÓLICA QUE INVENTOU A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA...”

ADiocese de Colatina foi a última do Estado a subir o Morro da Penha no domingo, 24 de abril, para prestar sua homenagem à Padroeira do Estado do Espírito Santo, Nossa Senhora da Penha. Cerca de 30 ônibus, que envolveu padres, seminaristas e devotos da maioria das paróquias da Diocese, vieram do Norte do Estado com o bispo diocesano Dom Paulo Bosi Dal’Bó. Às 8 horas, os romeiros subiram cantando e rezando o Morro da Penha e, às 9 horas, D. Paulo presidiu a Celebração Eucarística.

A Diocese de Colatina foi criada pelo Papa João Paulo II, no dia 23 de abril de 1990, como parte da província eclesiástica do Estado do Espírito Santo. Antes a região pertencia à Arquidiocese de Vitória. A Província da Imaculada Conceição tem a Fraternidade Frei Galvão a serviço da Paróquia Santa Clara em Colatina.

“Queridos irmãos e irmãs, que bom estarmos aqui hoje! Que bom termos podido celebrar com alegria e participação do povo e que está quase sem máscara a semana santa do Senhor, para podermos celebrar a festa de Nossa Senhora da Penha, Padroeira do Espírito Santo. A fé cristã católica é mais cara por estas terras por causa da devoção da Senhora da Penha. Aqui temos essa devoção profunda, que, com muito zelo é cuidada e alimentada pelos franciscanos. Nossa Senhora da Alegria, festejamos logo depois da Páscoa, exatamente pela alegria do Cristo Ressuscitado e porque a imagem foi trazida para este Convento da Penha e passou a ser chamada de Nossa Senhora da Penha”, disse D. Paulo.

“Não foi a Igreja católica que inventou a devoção a Nossa Senhora. Foi Jesus Cristo mesmo, que nos deu como Mãe. Acabamos de celebrar o Tríduo Pascal e lembramos a Sexta-feira da Paixão. O Cristo disse àqueles que estavam ao pé da cruz, a Virgem Maria e o discípulo amado que representava todos nós: ‘Mulher, eis aí o teu Filho. Filho, eis aí a tua mãe’. Então, vejam: Jesus pediu a Nossa Senhora que ela não se ocupasse tanto com seu sofrimento, com sua paixão, com sua morte, mas que ela assumisse uma maternidade em relação a nós, em relação aos seus discípulos. ‘Mulher, eis o teu filho; Filho, eis aí a tua mãe’. E desde aquele dia, o discípulo amado a recebeu em sua casa. Eis o que a Igreja Católica fez e faz. Ela acolhe em sua casa o testamento espiritual do Senhor manifestado no alto do Calvário. Aos pés da cruz, Jesus nos deu Maria como Mãe. Mãe de Jeus, a Mãe de Deus que se fez homem. Ela é a Mãe da Igreja”, explicou.

ROMARIA DAS PASTORAIS “A FOME CHEGOU EM NOSSO MEIO E ESTÁ DEVORANDO TUDO”, DENUNCIA PE. KELDER

Afome chegou em nosso meio e está devorando tudo, principalmente, a vida, a dignidade e a alegria das pessoas empobrecidas”, denunciou Pe. Kelder José Figueira Brandão, coordenador do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória e pároco da Paróquia Santa Teresa de Calcutá, em Vitória. Ele presidiu a Celebração Eucarística das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Vitória na segunda-feira, 24 de abril, festa de Nossa Senhora da Penha.

Na sua homilia, disse que o projeto de Deus para a humanidade profetizado pelo canto de Maria é o inverso dos projetos políticos e institucionais de opressão e morte, que estão em curso no mundo, especialmente no Brasil, com falsos valores em uma sociedade que estimula o individualismo, o acúmulo, o consumo, o desperdício e a exclusão, aceitando como natural que uns possam viver com muito, enquanto outros, sequer têm direito à vida. O canto de Maria nos exorta e motiva à construção de um projeto de vida e dignidade para todas as pessoas.

“A Mãe do Cristo Ressuscitado é a mesma Mãe do Cristo Crucificado; aqui no Convento, ao lado do altar mor de Nossa Senhora das Alegrias está o altar de Nossa Senhora das Dores e o altar de Nosso Senhor dos Passos, para nos lembrar que a Senhora das Alegrias, no alto da montanha, é, também, a Senhora das Dores, aos pés da Cruz. E ela continua sofrendo com os açoites, espinhos e cravos que atingem seus filhos, nas periferias das cidades, só porque são pobres e pretos. Está mais do que provado que criminalizar, encarcerar e matar jovens e adolescentes pobres, não diminui em nada a violência ou o tráfico de drogas e de armas, que cada vez está mais forte, movimentando montanhas de dinheiro, financiando campanhas políticas e fundando igrejas, ocupando o lugar do Estado e de outras instituições, cujos gestores não querem saber dos pobres, a não ser em ano eleitoral”, acrescentou Pe. Kelder.

Segundo o celebrante, Maria bendiz a Deus porque Ele não é indiferente aos dramas dos pobres que são vítimas dos poderosos, saciando de pão os famintos. “E nós sabemos que a fome não é causada pela falta de alimentos, já que somos um dos países que mais produz alimentos no mundo. Temos sim alimentos para todos, mas os pobres não têm como comprá-los. Os alimentos estão caros, o povo está empobrecido, desempregado, neste país historicamente marcado pela desigualdade”, criticou.

“Carecemos de políticas decentes de distribuição de renda e políticas emergenciais para matar a fome do povo que sofre. Dia a dia testemunhamos a insensibilidade e má vontade dos gestores municipais, estaduais e federais, que se recusam a oferecer aos empobrecidos alternativas de acesso à alimentação, como restaurantes populares, cozinhas comunitárias e bancos de alimentos. Só em nossa Arquidiocese temos mais de quatorze mil famílias cadastradas para receberem cestas básicas e sabemos que no Estado são mais de um milhão e duzentas mil pessoas passando fome diariamente”, pediu.

Pe. Kelder informu que a Campanha “Paz e Pão” já distribuiu mais de 500 toneladas de alimentos no decorrer do último ano e “sabemos que isso é pouco diante de tanta gente faminta. Estamos dando a nossa contribuição, organizando uma rede ampla de parcerias que tem amenizado um pouco o drama de milhares de pessoas. Entretanto, sabemos que isso é muito pouco! É preciso muito mais!”

No coração da Mãe de Deus, a Virgem das Alegrias, há espaço para todos. No último dia da Festa da Penha (25/4), as bandas de congo do Estado subiram logo cedo a ladeira do Convento, ao som dos tambores, casaca, reco-reco, para prestar sua homenagem à Padroeira do Espírito Santo, como diz a letra que é considerada o hino do congo: “Menina que vai na frente / carrega sua bandeira / é pra santa milagrosa / é a nossa padroeira”. Frei Paulo César Ferreira acolheu e agradeceu as bandas de congo por esta demonstração de alegria e fé.

Frei Paulo deu a bênção nos estandartes e instrumentos do congo, além do mastro que será fincado no início da Ladeira da Penitência na Prainha. Segundo o frade, o povo que guarda sua memória, sua tradição, guarda também os valores do espírito, da fé.

O congo é arte, é expressão da cultura do Brasil, acrescentou Frei

Paulo, enfatizando o amor profundo das bandas de congo no Espírito Santo pela Mãe dos Capixabas, a

Nossa Senhora das Alegrias.

Conjunto musical típico das

ROMARIA DOS CONGUISTAS CONGO TRAZ MAIS ALEGRIAS PARA A FESTA

regiões litorâneas do Espírito Santo, a banda de congo toca e canta principalmente em festas religiosas, como as de São Benedito, São Pedro, São Sebastião e Nossa Senhora da Penha. No passado era a forma que os escravos encontravam para homenagear seus santos de devoção, já que eles não podiam participar das festas oficiais da Igreja Católica.

ENCERRAMENTO

NA “FESTA DO REENCONTRO”, DOM DARIO PEDE “SINAIS DIVINOS NA VIDA DAS PESSOAS”.

Diante de quase cem mil pessoas, o Arcebispo de Vitória, Dom Dario Campos, chegou a insistir para sermos “sinais divinos na vida das pessoas, sinais do cuidado do Pai, sinais de vida, justiça e fraternidade” no encerramento (25/4), da 452ª Festa da Penha, depois de nove dias de muita devoção e celebrações. Nesse tempo, Maria voltou ao centro das atenções do povo capixaba, especialmente nas grandes demonstrações de fé da Romaria dos Homens e das Mulheres, que levaram às ruas mais de 900 mil pessoas.

Como disse o guardião do Convento da Penha, Frei Djalmo Fuck, foi a Festa do Reencontro: “Embora estivéssemos todos saindo de uma pandemia, tão difícil e sofrida nestes dois anos, a presença dos fiéis e devotos da Virgem Penha, a Senhora das Alegrias, foi expressiva e envolvente. Podemos dizer com certeza que esta foi uma edição histórica. Foi a Festa do recomeço, do encontro, do abraço, do sorriso sem máscaras, da saudade de estarmos juntos, de celebrarmos os nossos louvores a nossa Mãe e Rai-

nha, de nosso Oitavário e de nossas Romarias”.

Neste dia, feriado em Vila Velha para festejar a sua Padroeira, o Convento da Penha foi o destino da grande maioria do povo capixaba, que já começou a peregrinar para este “Santuário da Graça e do Perdão” a partir da meia-noite desta segunda-feira, quando foi celebrada a primeira Missa do dia.

Às 16h30, uma procissão cruzou a multidão trazendo os acólitos, os seminaristas e diáconos, os sacerdotes, os bispos Dom Paulo Dal’Bó (São Mateus), o Arcebispo de Vitória Dom Dario Campos, Dom Décio Sossai Zandonade (emérito de Colatina), Dom Geraldo Lyrio, arcebispo-emérito de Mariana, e o bispo auxiliar Dom Andherson Franklin. A Missa solene contou com a presença de autoridades civis, entre elas o Prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, o Governador do Estado, Renato Casagrande, e autoridades militares do Estado. Logo em seguida, a Padroeira do Espírito Santo entrou no meio da multidão da Prainha, palco das grandes celebrações na reta final da Festa da Penha, carregada por um grupo de marinheiros.

Um dos principais pontos abordados pelo Arcebispo na sua homilia foi o tema da Festa deste ano: “Saúde dos Enfermos, rogai por nós”. “No texto do Evangelho que acabamos de escutar, Maria responde positivamente aos apelos de Deus e se torna portadora da Palavra Viva do Pai, isto é, aquela que gerou Jesus, o Filho de Deus. Oferecendo ao mundo inteiro Aquele que redimiu a humanidade de seus pecados e dores mais profundas, o autor da Vida Plena para todos os filhos e filhas de Deus. De fato, todos os que se aproximavam de Jesus e o ouviam falar do amor do Pai e de Seu Reino de vida para todos, reconheciam a força de sua Palavra e a vida plena que indicavam. Ele não revelou o poder e a graça divina somente por suas Palavras, mas, acima de tudo, por meio de suas atitudes, escolhas e ações”, explicou Dom Dario.

Segundo ele, Jesus o fez comprometendo-se e empenhando-se sempre em ir ao encontro dos necessitados e sofredores, dos doentes e aflitos, manifestando-lhes a bondade, a misericórdia e o consolo divinos. “Deste modo, ao invocarmos a Virgem Maria, como a saúde dos enfermos, voltamos o nosso olhar para o Seu Filho Jesus que a todos acolheu, acompanhou e curou, de suas dores e sofrimentos”, observou.

“Meus irmãos e irmãs, a exemplo da Virgem Maria que foi tocada pela Palavra de Deus, também nós devemos deixar que esta graça nos alcance e transforme. A fim de que nos tornemos sinais divinos na vida das pessoas, principalmente, junto aos que mais sofrem e passam por grandes tribulações. Como verdadeiros discípulos missionários, seguidores de Cristo e portadores de Sua Palavra, devemos nos tornar sinais do cuidado do Pai, alcançando a todos com o amor e ternura divinos”, exortou Dom Dario.

Para o celebrante, hoje somos convidados a dirigir o nosso olhar na direção da Virgem das Alegrias, pedindo que por sua intercessão ao Seu Filho que todos tenham a plena saúde, principalmente, todos os que sofrem e pedem nossas orações. “Todavia, não podemos nos esquecer de que como discípulos missionários de Jesus Cristo, devemos também nos empenhar para que todos e todas tenham saúde integral, isto é, vida digna e plena”, indicou.

Segundo ele, que diz respeito desde à segurança alimentar, passando pela criação e incentivo às políticas públicas que promovam

a saúde de todos e todas, tocando todos os aspectos e as necessidades humanas, para que todos tenham vida digna e plena. “Além, é claro, da promoção do acesso à educação inclusiva, única via capaz de consolidar as esperanças de uma sociedade marcada pelos valores da justiça, da fraternidade e da solidariedade. Uma educação iluminada pela sabedoria do Evangelho que indique o caminho do Amor solidário, compassivo e misericordioso”, ensinou.

“Por fim, hoje damos início ao projeto: ‘Dá-lhes vós mesmos de comer’, um apelo que nasce no coração do Evangelho e quer chegar a todas as casas, principalmente, oferecendo alimento, saúde plena e auxílio necessário aos mais empobrecidos. Meus irmãos e irmãs, o mundo mais justo, sinal do Reino requer compromisso de todos os cristãos católicos, os cristãos de outras denominações. Algo que toca também aqueles que estão em posições de governo e liderança social e todos os homens e mulheres de boa vontade. A fim de que unidos possamos, com a graça de Deus, contribuir para que o nosso

Estado do Espírito Santo seja marcado pelos sinais de vida, justiça e fraternidade”, enfatizou.

FREI DJALMO FALA DA “FESTA DO REENCONTRO”

“Tempo de plantar, tempo de colher. Tempo de pedir, tempo de agradecer. A Palavra de Deus é bem clara quando nos diz que existe um tempo para todas as coisas. Chegou a hora de fazer um agradecimento especial público por todos quantos se envolveram na Festa da Penha, nesta edição de número 452. Embora estivéssemos todos saindo de uma pandemia, tão difícil e sofrida nestes dois anos, a presença dos fiéis e devotos da Virgem Penha, a Senhora das Alegrias, foi expressiva e envolvente. Podemos dizer com certeza que esta foi uma edição histórica. Foi a Festa do recomeço, do encontro, do abraço, do sorriso sem máscaras, da saudade de estarmos juntos, de celebrarmos os nossos louvores a nossa Mãe e Rainha, de nosso Oitavário e de nossas Romarias”, avaliou o frade.

Segundo ele, a Festa foi um “verdadeiro sucesso” e Deus se mostrou generoso para conosco. “Queremos começar agradecendo a Deus que é motivo e razão de realizarmos todas as coisas, porque absolutamente tudo o que fazemos é para glorificar o seu nome. Queremos louvar Maria, Saúde dos enfermos, nossa Mãe especialmente Mãe do povo capixaba”, disse. Ele manifestou o contentamento, em nome dos Freis do Convento e da Comissão Organizadora da Festa, pelo empenho na organização desta festa. “O envolvimento das pessoas e das equipes de trabalho na doação do seu precioso tempo, dos inúmeros voluntários e funcionários. Não devemos esquecer nossos patrocinadores”, disse, enumerando todos.

“Que possamos repetir o mesmo empenho e sucesso em 2023!”, pediu, sendo muito aplaudido no final.

COLETIVA

Foi realizada antes da Missa de encerramento uma coletiva para falar da Festa deste ano. Presentes o Arcebispo de Vitória, Dom Dario Campos; o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo; o bispo auxiliar, Dom Andherson Franklin; o guardião do Convento da Penha, Frei Djalmo Fuck; e o pároco da Catedral, Frei Renato Criste.

Segundo Frei Djalmo, esse ano a Festa da Penha trouxe muitas inovações. Entre elas o fato de ter mantido a programação virtual simultaneamente ao retorno da festa presencial depois de dois anos. - Foram 9 dias de programação com atrações culturais e litúrgicas; - 8 dias com Programação noturna, com atrações que trouxeram grande público: a cantora Fafá de Belém, Pe. Patrick Fernandes, Pe. Anderson Gomes, Bnda Big Beatles, Raquel Carpenter; - Mais de 50 missas realizadas; - Somente nas missas do Campinho, foram mais de 120 mil pessoas presentes, fora as que acompanharam on-line; - 11 romarias (contando as das dioceses), entre elas as Romarias dos

Homens e das Mulheres que, juntas, somam quase 1 milhão de pessoas presencialmente, isso sem contar os que acompanharam de forma on-line a Romaria dos Homens; - Foram Mais de 120 horas de programação – presencial e on-line; - Cerca de 50 horas de transmissões on-line – número de alcance ainda será fechado; - Mais de 52 horas de toda programação, on-line e presencial, traduzidas em libras, o que também foi uma inovação deste ano - Pela primeira vez tivemos a Santa Iluminada em duas cidades: Vila Velha e Serra; - A Santa Peregrina esteve em Cariacica, na Serra, visitou o comércio da

Glória e participou de várias romarias; - A Festa ganhou a Exposição Procissão Fotográfica, coordenada pela professora Zanete Dadalto, que ficará no Boulevard Shopping, em Vila

Velha, até 08/05; - Importante: a Campanha Paz e Pão, que arrecadou toneladas de alimentos para famílias em situação vulnerável.

O SÍMBOLO QUE ENCANTA A FESTA

Oterço entra na história da Festa, simples e por acaso. O primeiro, em 1998, era para subir em bolas de gás, mas o destino o fez ficar entre as palmeiras.

Começou em família e, hoje, 24 anos de tradição, com algumas dificuldades no percurso, seria impossível realizá-lo sem uma rede de amigos voluntários que abraçam a causa com devoção, fé e alegria.

A cada ano, a arte expressa a fé, e esta se robustece no Ressuscitado. “Alegra-te Maria”, diria o anjo novamente. “Teu filho ressuscitou”. O terço em 2020 foi pensado para homenagear os 450 anos da Festa da Penha e traria na medalha o próprio quadro da Virgem das Alegrias. Sua cor verde seria uma reflexão pela agressão da natureza pelas queimadas. Mas a pandemia paralisou tudo, a festa grandiosa não aconteceu e o espaço entre as palmeiras ficou vazio. O terço estava em execução e também falava de esperança e do abraço de Deus na humanidade. Repetiu-se um terço antigo no ano seguinte como que para dizer: “Estou aqui, vamos seguir com fé”.

O terço deste ano, ressignificado, utiliza o mesmo material de bolas de grama sintética.

É como um jardim com lírios para simbolizar a beleza da criação e também a pureza de Maria.

Seguindo o tema da festa deste ano “Saúde dos enfermos, rogai por nós” e por inspiração no sofrimento de um familiar que na pandemia, hospitalizado, encontrou forças para lutar e se curar, colocando-se no colo de Nossa Senhora, criamos a medalha que retrata a virgem cuidando de um enfermo, que não tem rosto para que cada um se veja retratado ali.

A cruz, que de instrumento de tortura e morte, se tornou símbolo da vitória da vida sobre a morte, reflete o Cristo em sua glória.

Em todo o processo de criação do terço, da ideia inicial à arte final, todo um grupo participa, por etapas (serviço de marcenaria, arte plástica, eletricista, decoração, montagem, bombeiros para a instalação entre as palmeiras, e armazenamento de todo material após desmontagem no terraço de uma voluntária (essa guardiã reformou o local da casa especificamente para acondicionar todas as peças.).

Dr. Osmar Salles

CRIADOR DO TERÇO

Os três dias de grandes celebrações da Festa da Penha na Prainha receberam uma estrutura com capacidade 30% maior que as edições presenciais anteriores, garantindo mais conforto e segurança aos fiéis devotos que participaram das programações tradicionais, como a chegada da Romaria dos Homens, Romaria das Mulheres e Missa de Encerramento.

O palco foi reposicionado no canto esquerdo do Parque, na reta da Casa da Memória, ampliando o raio para o público se acomodar melhor. Nas últimas edições presenciais do evento, o palco ficava mais à direita. “A ampliação do espaço é um ganho para a segurança e comodidade e, além disso, o público terá um campo de visão maior e melhor, com bom acesso e rota de fuga”, disse o Frei Djalmo. Essa estrutura absorveu 30 toneladas de equipamentos de som, 20 toneladas de equipamentos de luz e 60 toneladas de estrutura metálica em um palco de 18 metros de altura. Mais de 150 painéis de LED também foram montados para que o público presente tivesse uma visibilidade melhor das homenagens à Padroeira.

Imagem com Dom Dario em Cariacica

Durante a visita da imagem de Nossa Senhora da Penha no Pronto Atendimento de Alto Lage, em Cariacica, no dia 20, Dom Dario Campos falou sobre a importância dos profissionais do setor de saúde, evidenciada ainda mais nesses últimos dois anos. “Sabemos como foram duros esses dois anos de pandemia, e ainda são, além da tragédia causada pelas perdas e privações, principalmente dos mais pobres”, disse ele na celebração.

Remaria reúne devotos na Baía de Vitória

Com a bênção do frei remador Pedro Engel cerca de 200 remadores dos participaram da Remaria, da Praia do Ribeiro pela baia de Vitória até o Parque da Prainha. Uma imagem de Nossa Senhora da Penha também participou do trajeto de cerca de 5 quilômetros. “O trajeto foi difícil por causa do vento que estava fazendo, mas os romeiros e as romeiras foram firmes e completaram o trajeto. Para mim, é uma alegria participar da Remaria!”, disse Frei Pedro.

EVENTOS NOTURNOS

O Pe. Patrick Fernandes, pároco capixaba que tem mais de 4,7 milhões de seguidores só no Instagram, foi uma das atrações noturnas da Festa. Ele destacou na sua apresentação a saúde emocional, um dos temas apresentados na programação. Com seu bom humor e alegria, ele contagiou o público. Um show musical na segunda noite levou ao Campinho a Camerata Vale Música. Fundada em 2018 sob a regência do maestro Lucas Anizio, a Camerata Jovem Vale Música é um dos Grupos de Referência do Projeto Vale Música Espírito Santo. Iniciativa do Instituto Cultural Vale, o Projeto Vale Música atende 200 alunos, de 7 a 29 anos, na Estação Conhecimento de Serra, em Cidade Continental, e 70 alunos, de 07 a 11 anos, no Núcleo do Vale Música no Parque Botânico Vale, em Vitória. Música de boa qualidade foi o belo concerto da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (Oses), no Santuário Divino Espírito Santo. Além da orquestra, a apresentação teve a participação de dois corais, o Coro Vox Victoria e o Coro Sinfônico da Fames, ambos regidos pelo Maestro Sanny Souza. O repertório trouxe obras sacras, como o “Ave Verum Corpus” de Mozart, ao lado de obras clássicas, de compositores como Vivaldi, Massenet e da compositora Florence Price. O público teve mais música. O Clube Big Beatles e o Padre Anderson Gomes apresentaram um repertório carregado de simbolismo. A primeira parte do show foi do Clube Big Beatles, trazendo diversos clássicos dos garotos de Liverpool. Padre Anderson Gomes entrou na segunda parte interpretando “Don’t Let Me Down, “Help”, “I Want To Hold Your Hand” e “Love Me Do”, entre outras. Outra atração foi a Noite de bênçãos e graças para os casais. Esse momento foi conduzido pelo Pe. Renato Criste e show com a Comunidade Água Viva.

O simbolismo do jequitibá-rosa

Uma muda de jequitibá-rosa, árvore símbolo do Espírito Santo, foi plantada na manhã do dia 21/4. Esse momento contou com a presença do Frei Djalmo; da secretária de Saúde do município de Cariacica, Roberta Goltara; do engenheiro florestal e ambientalista Luiz Fernando Schettino, responsável pelo plantio da muda; e a vacinadora Michele Nascimento, de Cariacica, que aplicou mais de 4 mil doses da vacina durante a pandemia.