DIALÉTICA E DEFESA DO CONSUMIDOR

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Pág. 24 formação de uma síntese; e essa síntese, tomada como tese, já surge com a sua antítese, de cujo embate surge uma nova síntese, e assim indefinidamente. Pode-se representar pela fórmula “T+A=S” (A + não-A = B). Há uma unidade na contradição dos opostos. Este princípio subverte, aparentemente, os princípios da identidade, da não contradição e do terceiro excluído. O ser só existe porque há o “não-ser”, o seu oposto necessário, junto a ele, em contradição permanente, gerando atrito, movimento, transformação.

É o princípio da contradição ou da unidade dos contrários. O pai só existe porque existe o filho; ele só é pai na medida em que há o filho. O filho é a negação do pai ou mãe, eis que não é o pai ou mãe, mas foi gerado por ele ou ela; quanto mais pai, mais filho. Não há pai sem filho. Na relação professor-aluno ocorre o mesmo. O aluno é a negação do professor; quanto mais o aluno for aluno, tanto mais o professor será professor. A moeda só é moeda porque possui cara e coroa; a cara nega a coroa, posto que é cara e não coroa. A moeda não é a cara e nem a coroa, mas a síntese das duas.

1.3.1.4 - Princípio do salto qualitativo. Enunciado do princípio: “Tudo evolui aos saltos”. Esse princípio afirma que quantidade gera qualidade e que, nesta passagem, ocorre um salto, pois muda o estado quantitativo para um estado qualitativo. O exemplo clássico é do adicionamento gradativo de calor à água faz com que a um certo grau ela se transforme do estado líquido em estado gasoso; retirando gradativamente calor da água em estado líquido, ela passa para o estado sólido. O aluno, de aula em aula, de prova em prova, de ano em ano, atinge o momento em que muda da qualidade de aluno para profissional, mediante a diplomação. É o princípio da contradição em operação interna que faz com que ocorra a síntese qualitativa, operando transformação. A realidade opera ao saltos, portanto.

1.3.1.5 - Princípio da superação. Enunciado do princípio: “tudo é superável”. Também chamado princípio do desenvolvimento em espiral. A história não é circular fechada, não se repete; a circularidade, dada no tempo e no espaço, é espiralada, de modo que só na aparência tudo volta ao ponto de retorno, pois a cada momento, pela transformação contínua, as mudanças já se operaram, e o ser já não é mais o mesmo no curso da história. Tudo supera seu estágio anterior, continuamente, ainda que essa superação possa não significar progresso, comparativamente com um referencial adotado pelo intérprete.

Não é o progresso que é contínuo, mas sim a evolução; superar o estágio anterior não significa, necessariamente, progresso em relação ao mesmo, mas sim mudança para um estágio distinto. Ainda que certas estruturas se repitam no tempo, os fatos já são outros, a realidade não é mais a mesma de outrora. O exemplo é o da legislatura dos poderes legislativos republicanos, que se repetem de tempos em tempos, renovadas por seus membros e suas novas demandas. As guerras possuem as mesmas estruturas, porém, com novos sujeitos envolvidos, com novas tecnologias etc.


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