26 15 – OS PRIMEIROS CONTATOS “FORASTEIRO-NATIVO”: HOSTILIDADE, RISO E AMIZADE32. Wagner diz que esses primeiros contados são marcados três fatos: 1) estremecimentos por mal entendidos e 2) mascaramentos por formalidades e 3) abrandamentos por cortesias. O estremecimento, mascaramento e abrandamento são, segundo Wagner, necessários que ocorram. Isso se deve a que o mero fato de ser humano e de estar num lugar, por si só, gera DEPENDÊNCIAS. Ele exemplifica as dependências mais triviais e até ridículas como 1) realizar as necessidades biológicas de evacuação, 2) fazer um fogão funcionar e 3) lidar com um “senhorio” ou “anfitrião”. Estas dependências são o grosso das relações sociais do principiante. Wagner diz que as dependências propiciam A ÚNICA “PONTE” DISPONÍVEL para que haja EMPATIA entre o forasteiro e o nativo. São elas que humanizam o forasteiro ao tornar seus problemas tão imediatamente compreensíveis que qualquer um poderia se identificar com ele. Por este modo empático, o riso e a ternura surgem facilmente nessas ocasiões; porém, diz ele, não substituirão o companheirismo e a compreensão mais íntimos e profundos, elementos importantes e necessários da vida em qualquer cultura. Adverte que um relacionamento que se baseie na simplificação de si mesmo ao mínimo essencial não leva a lugar algum, exceto se o antropólogo esteja disposto a assumir, permanentemente, o PAPEL DE IDIOTA DA ALDEIA. Em outras palavras, o antropólogo deve transformar o riso e a ternura iniciais de identificação empática em formas de companheirismo e compreensão para que possa sobreviver com dignidade no seu trabalho de campo; ele deve evitar se tornar o BOBO DA ALDEIA, pois, sem o respeito do local, não conseguirá ir em frente na sua pesquisa. Deve superar a fase hostil pela fase empática e, desta, passar para a fase integrativa, de maior aprofundamento nas relações sociais de campo. Dada a importância, organizei um quadro sinóptico que reorganiza em fases o que Wagner está nos sugerindo como método inicial de campo.
AS TRÊS FASES INICIAIS DO CONTATO DE CAMPO
32
Fase
Descrição
Sentido
1
Fase de hostilidade
O pesquisador é hostilizado pelos nativos, como um forasteiro temeroso.
2
Fase de empatia
O pesquisador é objeto de riso e ternura por parte dos nativos, por suas dependências triviais.
3
Fase de integração
O pesquisador se torna amigo e companheiro dos
Os nativos percebem o antropólogo como um estranho na tribo e tendem a dificultar a sua permanência no local, como forma de defesa. Os nativos, conhecendo um pouco melhor o antropólogo, passam a percebê-lo como parecido, com necessidades ou dependências comuns a eles, tais como comer, evacuar, ser guiado; parece-se com um bobo da tribo. Os nativos passam a recepcionar o antropólogo em seu meio social,
Cfe. WAGNER, Roy. A Presunção da Cultura, in: A Criação da Cultura, p. 32-33.