Seminário de Dissertação e Tese | PROPUR 2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL

SEMINÁRIO DE DISSERTAÇÕES E TESES 2022

Caderno de Resumos

Comissão de Pós-Graduação

Prof. Dr. Júlio Celso Borello Vargas - Coordenador

Prof.ª Dr.ª Luciana Inês Gomes Miron - Coordenadora Substituta

Prof.ª Dr.ª Clarice Maraschin

Prof.ª Dr.ª Clarice Misoczky de Oliveira

Representação Discente

Maria Cecília Pereira da Rocha (Mestrado)

Lucas Boeira Bittencourt (Doutorado)

Comissão Organizadora Seminário 2022

Prof.ª Dra. Clarice Misoczky de Oliveira

Prof.ª Dra. Inês Martina Lersch

Prof.ª Dra. Luciana Inês Gomes Miron

Prof. Dr. Paulo Edison Belo Reyes

Discente Mateus Henrique Hillebrand (Mestrado)

Discente Nicole Leal de Almeida (Doutorado)

Discente Priscila Maynara Arbigaus (Mestrado)

Discente Ramon Lucato de Aguilar (Doutorado)

APRESENTAÇÃO

O programa de ensino do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional orienta os mestrandos e doutorandos a construir suas propostas de dissertação/tese desde o ingresso no curso – isto é, os temas e conteúdos definidos como objeto de trabalho e as opções metodológicas - no decorrer dos períodos que antecedem a realização das disciplinas ‘Seminário de Dissertação’ e ‘Seminário de Tese’.

Admitindo-se variedades, especificidades e diferentes graus de avanço na construção das propostas, parte-se do pressuposto que, na fase do curso na qual se inserem estas disciplinas, os projetos de dissertação/tese, elaborados a partir de contatos entre os orientados e os orientadores de cada linha de pesquisa, já deverão estar esboçados.

A finalidade principal destas disciplinas, envolvendo a participação de todos os professores do Programa, é estimular o desenvolvimento das tarefas de elaboração dos projetos de dissertação/tese. Portanto, a concepção, apresentação e debate do projeto de dissertação/tese, em versão preliminar aos exames de qualificação, são os aspectos a serem avaliados.

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AS CIDADES QUE HABITAM NAS MARGENS: Proposta de um método de avaliação de Qualidade de Vida Urbana nas margens do Arroio Dilúvio................................................................10

Ana Andrieli Todero

Orientadora: Luciana Inês Gomes Miron

A relação entre os eixos rodoferroviários e os espaços urbanos na Região Metropolitana de Porto Alegre: um estudo sobre Sapucaia do Sul/RS...........................................................11

Andressa Valentin de Menezes

Orientadora: Profª Heleniza ÁvilaCampos

Urbanização, fragmentação socioespacial e repercussões na paisagem da cidade média de Santa Cruz do Sul-RS...................................................................................................................

Carolina Rezende Faccin

Orientadora: Profa. Drª. Heleniza ÁvilaCampos

Co-orientador: Prof. Dr.Rogério Leandro Lima da Silveira

O aprofundamento de práticas neoliberais na produção do espaço público: a privatização das áreas verdes urbanas em Porto Alegre/RS........................................................................13

Isabelle Carolina Mangoni Soares

Orientadora: Profa. Drª ClariceMisoczky de Oliveira

A configuração urbana e regional do norte rio-grandense: uma abordagem sob a ótica do sistema ferroviário........................................................................................................................

Janaina Piazza

Orientadora: Profa. Drª Wrana Maria Panizzi

SUMÁRIO CRONOGRAMA............................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 8 Planejamento e Espaço Urbano e Regional...................................................................................................................................................................................................................................................... 9
12
14
4

Josiane Andréia Scotton

Profa. Drª Luciana Miron

Profa. Drª ClariceMisoczky de Oliveira

Profa. Drª Heleniza ÁvilaCampos

Flávia Sutelo da Rosa

Profa. Drª Inês Martina Lersch

Gustavo de Oliveira Nunes

Prof. Drº PauloReyes

Jorge Luís Stocker Júnior

Orientadora: Profa. Drª Inês Martina Lersch

Paisagens em Devir: as retomadas dos povos originários como reflorestamento das urbanidades no sul de Abya

Juliana Lang Pádua

Orientadora: Profa. Drª Daniele Caron

A questão da moradia e as melhorias habitacionais: desafios e possibilidades para a consolidação de uma política pública permanente...................................................................... 15
Mulheres e a participação
urbano:
perspectiva
construção
cidade inclusiva............................................................................................... 16
Orientadora:
A relação urbano-rural na produção do espaço da cidade média brasileira: um estudo sobre Toledo, no Paraná....................................................................................................................... 17
Orientadora:
Piccinini Financeirização e produção do espaço urbano: transformações recentes na dinâmica do mercado imobiliário.......................................................................................................................... 18
Orientadora:
Cidade, Cultura e Política................................................................................................................................................................................................................................................................................... 19 CIDADE, TERRITÓRIO ANCESTRAL INDÍGENA: movimentos e poeti(cidades), resistências ao planejamento urbano...................................................................................................................... 20
Orientadora:
social no planejamento
a
de gênero na
de uma
Luiza Weber
Millena Fernanda Bedin
Profa. Drª Livia Teresinha Salomão
Nicole Leal de Almeida
Orientadora:
Cidade e diferença, o planejamento urbano crítico em chave pós-estruturalista................................................................................................................................................................................ 21
Patrimônio Cultural Brasileiro: Conflitos e contradições de um campo em disputa
século XXI................................................................................................................................................ 22
Orientador:
no
Yala.......................................................................................................... 23
5

Imagens urbanas em Le Corbusier: montagens e sintomas por uma política das imagens...............................................................................................................................................................24

Lucas Boeira Bittencourt

Orientador: Prof. Drº PauloReyes

Tecendo territórios: a dimensão territorial de práticas de trabalho coletivo protagonizado por mulheres da periferia..........................................................................................................25

Maria Cecília Pereira da Rocha

Orientador: Prof. Drº Eber Pires Marzulo

Quando a parede vira nuvem: o muralismo na paisagem do Centro Histórico de Porto Alegre/RS.................................................................................................................................................

Mateus Henrique Hillebrand

Orientadora: Profa. Drª Daniela Marzola Fialho

Quilombo vive: escrevivências Ialodês na luta pela produção do espaço urbano antirracista em Porto Alegre/RS...................................................................................................................

Nathália Pedrozo Gomes

Orientadora: Profa. Drª Daniele Caron

Planejamento Urbano integrado aos Recursos Hídricos: Uma análise sobre a integração de instrumentos de gestão das águas e

Bruna Luz Dias

Orientador: PhD. André LuizLopes da Silveira

Camila Bellaver Alberti

Orientador: Prof. DrºJúlio BorelloVargas

Co-orientador: PhD. André LuizLopes da Silveira

JUSTIÇA NA MOBILIDADE E DIREITO À CIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA EM PORTO ALEGRE: Análise das condições de mobilidade urbana,

Diego Buss de Oliveira

Orientador: Prof. DrºJúlio BorelloVargas

26
27
Infraestrutura
Planejamento Urbano e Ambiental.................................................................................................................................................................................................................................... 28
e
planejamento urbano no contexto da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (RS)................................................................................................................................................................................................................................................................... 29
Vulnerabilidade e exposição às mudanças do clima em cidades brasileiras de grande porte......................................................................................................................................................... 30
acesso à cidade
percepção das pessoas com
31
transporte público e
na
deficiência.......................................................................................................................................................................................................................................
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Prof. DrºJúlio BorelloVargas

Orientador: Prof. Drº. Fábio LúcioLopesZampieri

A produção desigual da vitalidade urbana: proposta metodológica de análise das correlações entre valor do solo e atributos morfológicos e socioeconômicos conferentes de dinamismo

Profa. Drª Clarice Maraschin

Infraestrutura cicloviária e o acesso a parques urbanos – Estudo de caso de cidades brasileiras................................................................................................................................................. 32 Henrique
Orientador:
Sistemas Configuracionais Urbanos................................................................................................................................................................................................................................................................. 33 Indicadores de desempenho da forma urbana............................................................................................................................................................................................................................................... 34 Aline
Orientadora:
Indicadores de cidades inteligentes e sustentáveis
planejamento urbano:
relação
configuracionais e suas relações com a dinâmica socioespacial......................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 35 Ângela Candeia Todescatto
Orientador:
Fábio LúcioLopesZampieri Espaços livres públicos curitibanos: uma análise configuracional da paisagem................................................................................................................................................................................. 36 Priscila Maynara Arbigaus
de Mello Cabral
de Moura Ribeiro Xavier
Profa. Drª Clarice Maraschin
no
Análise da
entre os processos
Cattani
Prof. Drº.
casos
Alegre (Brasil) e Barcelona (Espanha)...................................................................................................................................................................................... 37 Ramon Lucato de Aguilar
Percepção e Análise do Espaço Urbano........................................................................................................................................................................................................................................................... 38 7
urbano - os
de Porto
Orientadora:
8
CRONOGRAMA

Planejamento e Espaço Urbano e Regional

Na linha de pesquisa se considera a distribuição espacial das atividades como determinada por processos sociais interagindo com o meio físico, estabelecendo-se uma composição de relações na qual os traços principais são de tipo sócio-econômicos relacionados a diferenciações na apropriação de renda, de recursos naturais e construídos e de tecnologias; do tipo político-organizacional; e por variáveis físicas do tipo locacionais. Esses processos determinam um continuum de situações, estímulos, conflitos, condicionamentos e regulações, demandando para sua análise, uma visão histórica. As pesquisas analisam esses processos sócio-espaciais tendo como objetos casos de desigualdades regionais e urbanas, e de práticas do planejamento urbano e regional, através de análises empíricas, bem como de análises críticas e propositivas sobre abordagens teóricas referentes a questões sócio-espaciais urbanas e regionais.

Docentes integrantes: Aldomar Arnaldo Ruckert, Heleniza Ávila Campos, Livia Teresinha Salomão Piccinini, Luciana Inês Gomes Miron, ClariceMisoczky de Oliveira e Wrana Panizzi.

Grupos dePesquisa: LEUrb – Grupo dePesquisa Laboratório de Estudos Urbanos e Cidade em Projeto.

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AS CIDADES QUE HABITAM NAS MARGENS: Proposta de um método de avaliação

de Qualidade de Vida

Urbana nas margens do Arroio Dilúvio

Ana Andrieli Todero

Orientadora: Luciana Inês Gomes Miron

Palavras-chave: qualidade de vida urbana; gestão urbana; planejamento urbano sistêmico; rios intraurbanos; ecossistema.

A relação entre as margens dos rios intraurbanos e a qualidade de vida urbana é o tema da presente pesquisa. Os rios e suas margens são estruturadores das cidades, podendo fornecer uma variedade de funções ecológicas, através de mitigação de enchentes, amenização de mudanças climáticas e sociais, gerando oportunidades recreativas, educacionais e de conexão homem x natureza. Consequentemente sua preservação e gestão são fundamentais para garantir uma maior qualidade de vida para a população. Contudo, esses canais têm sido negligenciados ou modificados em nome do progresso das cidades, o que tem resultado em problemas como enchentes, perda de biodiversidade, descaracterização da paisagem urbana, entre outros A partir dos impactos desses problemas para a sociedade, muitos governos e organizações vêm trabalhando com a finalidade de aliar os estudos urbanos ao meio ambiente. Essas ações ainda carecem de abordagem sistêmica que efetivamente viabilizasse em melhorias na sustentabilidade urbana ecológica, social e econômica. Não obstante, pouco se produz sobre planejamento urbano sistêmico, essa abordagem, buscaria compreender e otimizar os sistemas em sua totalidade, visando a promoção de sustentabilidade e uma melhora na qualidade de vida urbana. A partir desse contexto se propõe a questão de pesquisa: como analisar a qualidade de vida urbana nas margens de rios intraurbanos? A fim de responder essa questão, o objetivo da pesquisa

é desenvolver um método de avaliação da Qualidade de Vida Urbana no entorno de rios intraurbanos. A estratégia adotada é a de pesquisa construtiva (design Science research). O corpus empírico selecionado é o Arroio Dilúvio que tem sua nascente nos limites municipais de Porto Alegre e Viamão. No arroio, o ciclo hidrológico se encontra modificado pela urbanização e é notória uma ruptura urbana que descaracteriza todo ecossistema de suas margens A pesquisa será desenvolvida em três momentos, um primeiro de busca sistemática em fontes secundárias e bases de dados nacionais, que visa o aprofundamento em teorias conceituais e a elaboração de constructos próprios; em um segundo plano, será delineado um questionário quantitativo, que pretende levantar dados atuais e típicos com residentes, trabalhadores locais e usuários do espaço; e por fim, o último diz respeito à produção qualitativa de indicadores de qualidade de vida urbana, que visam contribuir com o diagnóstico de áreas de margens de rios intraurbanos e seus ecossistemas. Espera-se que a metodologia investigada possa enriquecer processos de levantamentos e análises de dados para compreensão e gestão urbana do espaço como um todo com o intuito de apoiar a melhoria de planejamentos urbanos futuros.

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A relação entre os eixos rodoferroviários e os espaços

urbanos na Região Metropolitana de Porto Alegre: um estudo sobre Sapucaia do Sul/RS

Andressa Valentin de Menezes

Orientadora: Profª Heleniza Ávila Campos

Palavras-chave: metropolização; efeito barreira; fragmentação socioespacial; Sapucaia do Sul.

A metropolização contemporânea produz configurações espaciais que extrapolam a noção de espaço urbano, grande parte em função dos elementos integradores do território metropolitano e dos fluxos de pessoas e mercadorias. Essas dinâmicas demandam estruturas viárias capazes de suportar a intensidade desses fluxos e de conectar as diferentes e extensas áreas envolvidas, mesmo que acabem sujeitas aos efeitos causados pela presença de elementos tão massivos, como ocorre em vias regionais. No caso da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), o papel de conexão é desempenhado, principalmente, pela rodovia federal BR-116 e pela linha férrea da Empresa de Trens de Porto Alegre (Trensurb), responsáveis por integrar o eixo estratégico formado pelas cidades localizadas entre a capital gaúcha e Novo Hamburgo, dois polos metropolitanos da região. Sabendo que tais infraestruturas ultrapassam os limites do urbano, questiona-se quais os efeitos das estruturas viárias de integração regional em uma cidade intermediária e qual a sua participação na fragmentação do território, tomando como recorte geográfico da pesquisa a cidade de Sapucaia do Sul, que fica centralizada no eixo estratégico da RMPA e tem sua malha urbana atravessada por esses elementos de maneira distinta. Para tanto, divide-se a pesquisa em três momentos. Primeiro com uma pesquisa documental, em projetos, leis e planos regionais referentes a rodovia e a ferrovia, buscando analisar as dinâmicas

socioespaciais metropolitanas ao longo do eixo estratégico, desde a implantação das vias até a atualidade, e as suas relações com o espaço urbano da região. A partir disso será possível comparar como esses processos se alteram quando observados na escala da cidade de Sapucaia do Sul, permitindo, em um último momento, entender qual a influência dessas estruturas na fragmentação do território, com base nas interseções de dados funcionais, tipológicos, sociais e viários do espaço A pesquisa se mostra pertinente por propor subsídios e novas escalas de análise para o planejamento urbano regional, a partir da perspectiva intrametropolitana de uma cidade considerada dormitório, além de estudar o efeito barreira (definido aqui como a relação entre a dificuldade de mobilidade, acesso a equipamentos e interações sociais com as infraestruturas de transporte) através de múltiplos elementos fragmentadores, que atuam simultaneamente na produção da cidade. Além disso, a pesquisa se atenta para participação da via férrea na organização do espaço, um elemento pouco abordado nos estudos do fenômeno da barreira.

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Urbanização, fragmentação socioespacial e

repercussões na paisagem da cidade média de Santa Cruz do Sul-RS

Carolina Rezende Faccin

Orientadora: Profa. Drª. Heleniza Ávila Campos

Co-orientador: Prof. Dr. Rogério Leandro Lima da Silveira

Palavras-chave: fragmentação socioespacial; paisagem; urbanização; cidades médias; Santa Cruz do Sul-RS.

Pretende-se abordar um dos aspectos da urbanização contemporânea, que é a fragmentação socioespacial e suas repercussões e efeitos na paisagem das cidades, particularmente de cidades médias. Uma das dimensões para compreensão da cidade é o conceito de paisagem, que se trata da expressão visível e perceptível do espaço urbano e da forma como ele é construído e transformado ao longo do tempo. No contexto da urbanização contemporânea, observa-se uma intensa expansão espacial do tecido urbano, com desigual distribuição da população e dos serviços no espaço urbano, sendo uma de suas características o processo de fragmentação socioespacial, que alterou a configuração espacial e a paisagem das cidades. Nas últimas décadas a urbanização de grande parte das cidades médias brasileiras têm experimentado um processo de fragmentação socioespacial decorrente de vários produtos, como os conjuntos habitacionais do Minha Casa Minha Vida; condomínios residenciais horizontais fechados; loteamentos populares; e os sítios de lazer. Esses produtos imobiliários demonstram um uso mais disperso e fragmentado da cidade, já que geralmente são construídos em áreas periféricas. A fragmentação socioespacial é um fenômeno mais amplo e posterior ao da segregação, mas, diferentemente, não se refere apenas à distância física, mas também ao isolamento social e cultural. Além disso, a

fragmentação implica em uma descontinuidade da paisagem. Entretanto, são inexistentes os trabalhos que discutam conjuntamente as temáticas de fragmentação socioespacial e paisagem. Portanto, a tese propõe investigar a fragmentação socioespacial considerando a cidade média como um todo, mas também analisando dois setores distintos da cidade com diferentes características, e que ao longo do tempo apresentam diferentes dinâmicas de ocupação do solo Essa abordagem permitirá identificar o que é comum e o que é particular nos processos de fragmentação, suas repercussões e efeitos na paisagem. A pesquisa utilizará um estudo de caso para desenvolver o tema, a partir da cidade média de Santa Cruz do Sul-RS-Brasil, mais especificamente, os setores norte e sul da cidade, respectivamente, espaços caracterizados pelo uso residencial destinados à classe alta e à classe baixa, no período de 1970 a 2022. Assim, questiona-se: no contexto da urbanização contemporânea da cidade média de Santa Cruz do Sul, como tem ocorrido o processo de fragmentação socioespacial e quais têm sido as suas repercussões na paisagem urbana?

A pesquisa parte de cinco conceitos principais, o de cidade, cidades médias, paisagem, urbanização contemporânea e fragmentação socioespacial. Ressalta-se que, nesta tese, adota-se a perspectiva da paisagem sob o ponto de vista geográfico. Para desenvolver a fundamentação teórica e o estudo de caso, serão coletados dados a partir de pesquisas bibliográficas e documentais, entrevistas semi-estruturadas e observação direta. A análise da paisagem poderá fornecer um melhor entendimento sobre o processo de fragmentação socioespacial e seus efeitos na dinâmica urbana. Espera-se contribuir para o aperfeiçoamento das políticas públicas de ordenamento territorial e de preservação da paisagem, que comumente estão desarticuladas. Também busca-se ampliar o debate teórico e metodológico sobre urbanização de cidades médias e os impactos do processo de fragmentação socioespacial na paisagem dessas cidades.

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aprofundamento de práticas neoliberais na

produção do espaço público: a privatização das áreas verdes urbanas em Porto Alegre/RS

Isabelle Carolina Mangoni Soares

Orientadora: Profa. Drª Clarice Misoczky de Oliveira

Palavras-chave: espaços públicos; privatização; produção do espaço; neoliberalismo.

As transformações socioculturais, políticas e econômicas, subjugadas pela lógica neoliberal, refletem diretamente na produção do espaço urbano. Essas transformações indicam uma tendência de privatização dos espaços públicos, alterando não somente o espaço físico, mas também o seu valor de uso e seu significado social, tornando-o mercadoria. O Estado se mostra presente na estruturação de um ambiente político-institucional ideal que visa garantir a hegemonia do mercado, do lucro e dos atores privados. Esta influência também atinge a esfera legislativa, construindo um conjunto de leis e normas que viabiliza, permite e estimula as ações de privatização. Porto Alegre, objeto deste estudo, vem se consolidando como campo empírico da produção neoliberal do espaço. Com a aprovação da Lei Complementar nº 12.559/2019 que concede o uso, operação e gestão de praças e parques urbanos à iniciativa privada, esta realidade toma novas proporções. A exploração comercial rege as contrapartidas e mesmo com gratuidade de acesso, o caráter público dos espaços é contestado, tornando-os - em vários níveis - elitizados e segregados. Torna-se relevante debater a produção espacial sob estas lógicas, visto que o atual cenário de privatização de espaços públicos se multiplica em escala municipal, estadual e federal, representando apenas uma parcela dentro do conjunto de práticas neoliberais vigentes no contexto urbano. O objetivo geral desta pesquisa é compreender as relações neoliberais de

produção do espaço público por meio da privatização das áreas verdes urbanas. Para tanto, a pesquisa se apoia nas contribuições acerca do neoliberalismo contemporâneo trazidas por Pierre Dardot e Christian Laval (2016) e na ótica de Leda Maria Paulani sobre o fenômeno neoliberal no contexto brasileiro (2006), dialogando com o pensamento de Marcio Pochmann (2022). Para explicar o conceito de privatização, utiliza-se dos estudos de David Harvey (2008, 2014) acerca da acumulação por espoliação. Na aproximação da temática urbana, são empregados conceitos de espaços de consumo, empreendedorismo e marketing urbanos elaborados por David Harvey (2006) e Neil Brenner (2018). O estudo tem como base teórica-metodológica a tríade da produção do espaço de Henri Lefebvre (1991 [1974]) e propõe uma pesquisa-ação participante do tipo exploratória com enfoque qualitativo. O objeto empírico é a cidade de Porto Alegre/RS que se decompõe em três unidades de análise. Estas unidades abrangem áreas verdes públicas que estão sob algum contrato ou estudo de desestatização: Parque da Orla (abrangendo o Trecho 1 da Orla do Guaíba e o Parque Maurício Sirotski Sobrinho), Parque Farroupilha juntamente com o Calçadão do Lami e a Prainha do Iberê. A pesquisa espera resultar na contribuição para o debate acerca da racionalidade neoliberal no planejamento urbano e na vida cotidiana, fornecendo subsídios para a produção e manutenção de espaços com enfoque no seu valor de uso para além da lógica de mercado.

O
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A configuração urbana e regional do norte

rio-grandense:

sistema ferroviário

Janaina Piazza

Orientadora: Profa. Drª Wrana Maria Panizzi

Palavras-chave: ferrovia; sistema logístico; integração econômica; desenvolvimento socioeconômico.

Esta pesquisa trata dos impactos socioeconômicos do sistema ferroviário na região norte do Rio Grande do Sul. O problema de pesquisa reside nas transformações ocorridas nesse território ao longo dos anos a partir da chegada e posterior desativação da ferrovia. A questão central pauta-se, portanto, em investigar como e com que intensidade a ferrovia contribuiu para o desenvolvimento socioeconômico da região? Em que medida as funções regionais e os arranjos econômicos interferem na estruturação desse sistema? Assim, o objetivo desta pesquisa é entender as consequências que afetaram o desenvolvimento urbano e regional no que se refere às transformações econômicas e sociais da região, tanto no crescimento quanto na decadência dos núcleos urbanos formados. Para tal, o trabalho buscará: a) entender os processos de desenvolvimento urbano ocorridos na região a partir da análise minuciosa da constituição do território local; b) investigar a relevância da participação da ferrovia na consolidação da economia local; c) compreender quais fatores contribuíram para o enfraquecimento desse modo de transporte; e d) descrever os impactos sociais e econômicos ocorridos na região após o processo de decadência desse sistema. O caráter interdisciplinar da temática em questão exige a análise teórica de um conjunto de conceitos com diferentes perspectivas analíticas relativas aos campos do planejamento urbano, economia, geografia, história e política. Para tanto, se articulam as teorias de

Milton Santos buscando analisar as relações que a cidade estabelece com a região, entendendo o papel dos sistemas de transporte para o desenvolvimento urbano e regional abordados por Albert Otto Hirschman, François Perroux, Gunnar Myrdal e Josef Barat, além de olhar para as contribuições deixadas por Paul Singer acerca do desenvolvimento econômico brasileiro. Para atingir o objetivo, o trabalho será dividido em quatro partes: a primeira abordará os processos históricos de ocupação e desenvolvimento socioeconômico do território enfatizando a chegada da ferrovia e entendendo as dinâmicas econômicas locais; a segunda parte tratará dos aspectos que fomentaram o auge do sistema ferroviário no local; a terceira buscará entender o processo de decadência e degeneração desse modo de transporte; enquanto a quarta dará foco aos reflexos e consequências deixados no espaço urbano e regional. Este estudo, de base qualitativa/quantitativa, tem como método de coleta de dados a pesquisa documental através da análise de documentos locais e regionais. Importa destacar a necessidade da utilização de outros instrumentos de pesquisa como mapas, gráficos e tabelas que permitam observar com maior propriedade as mudanças ocorridas e registradas. Os mapas serão gerados através da aplicação de Sistema de Informações Geográficas (SIG) pelo software QGIS. Espera-se como resultado os efeitos socioeconômicos relacionados ao sistema ferroviário e expressos no desenvolvimento dos núcleos urbanos da região. Este trabalho pode contribuir para expandir a compreensão acerca dos impactos sociais e econômicos positivos e/ou negativos deixados pelos diferentes momentos que compuseram a trajetória ferroviária no norte do Rio Grande do Sul.

uma abordagem sob a ótica do
14

A

as

Josiane Andréia Scotton

Orientadora: Profa. Drª Luciana Miron

Palavras-chave: moradia; melhorias habitacionais; política pública; ATHIS.

A problemática habitacional é um dos grandes assuntos que desafiam o poder público e, apesar de muitas vezes, haver um verdadeiro compromisso em relação à questão, outras vezes as propostas das políticas habitacionais parecem se distanciar da realidade. O que se consolidou no país foi justamente um modelo único de provisão de unidades novas e transferidas aos beneficiários como propriedade, que acabou por condicionar todos os recursos e esforços nacionais destinados à habitação, impedindo dessa forma a construção de políticas alternativas (CARDOSO; AMORE, 2018). Um modelo de política habitacional que foi insuficiente para fazer frente à volumosa demanda e à elevada precariedade habitacional provocadas pela intensa migração e pobreza que caracterizaram o processo de urbanização brasileiro. No campo das necessidades habitacionais, por mais que tenha se promovido ações e intervenções que procuram reduzir ou transformar os cenários, é preciso reconhecer a atual incapacidade de governos de diferentes países em lidar com os diferentes fenômenos de precarização habitacional (LEITÃO e FERREIRA, 2019). Podemos, de certa forma, considerar que as ações, intervenções e políticas, tentativas de conter ou resolver a precariedade habitacional e urbana têm sido insuficientes para enfrentar os problemas (LEITÃO e FERREIRA, 2019). Nesse sentido, fica reconhecida a limitação e a inércia técnica na adoção de soluções para a intervenção na precariedade habitacional ao admitirmos que

o déficit habitacional brasileiro é qualitativo, mais do que quantitativo (PASTERNAK e D’OTTAVIANO, 216). Nesse contexto, tem-se o Estado como órgão regulador do espaço urbano e promotor das políticas públicas, que atua na cidade; contudo, no campo das melhorias (na escala urbana ou na escala da habitação) as soluções e propostas e realizadas são, na maioria das vezes, pontuais e sem continuidade sobre os territórios vulneráveis que necessitam justamente de movimentos contínuos e permanentes, em direção a garantia dos direitos básicos e de uma maior igualdade. A partir disso, esta pesquisa tem por objetivo discutir os principais desafios para a construção de uma política pública de melhoria habitacional de caráter permanente, tendo a assessoria/assistência técnica (ATHIS) como um possível instrumento, e apresentar diretrizes para caminhos possíveis, considerando o contexto atual - político, urbano, social. A pesquisa se dá a partir de uma abordagem analítica com a realização de pesquisa bibliográfica, análise de legislações e políticas públicas e do desenvolvimento de Estudo de Caso, contando com entrevistas e grupos de foco para a discussão da temática.

questão da moradia e
melhorias habitacionais: desafios e possibilidades para a consolidação de uma política pública permanente
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Mulheres e a participação social no planejamento

urbano:

uma cidade inclusiva

Luiza Weber

Orientadora: Profa. Drª Clarice Misoczky de Oliveira

Palavras-chave: Gênero; Planejamento Urbano; Processo Participativo; Plano Diretor; Bom Jesus.

No campo do planejamento urbano, o enfrentamento à desigualdade de gênero tem sido historicamente negligenciado. A questão raramente é priorizada na elaboração de planos diretores, salvo algumas experiências recentes. O resultado disso é a forma em que a mulher é afetada pelas desigualdades socioterritoriais, revelando que o modelo urbanístico de nossas cidades incide de forma injusta e desigual sobre elas. Em termos de representatividade a presença de mulheres na área também vem se transformando.

Na cidade de Porto Alegre, o percentual de mulheres no Conselho de Desenvolvimento Urbano Ambiental (CMDUA) foi menor que 30%, entre os anos de 2010 à 2018. Já para o período de 2018 à 2023, têm-se pouco mais de 50% de participação feminina no Conselho. Dados como estes, revelam o período recente de transformação da participação de representantes mulheres no planejamento e gestão urbana. Entende-se relevante a participação das mulheres nos processos de elaboração de planos participativos, pois podem contribuir para a criação de políticas públicas mais sensíveis às necessidades das mulheres e para a consolidação de cidades mais inclusivas. Por meio da revisão sistemática foi possível perceber a falta de pesquisas com enfoque em metodologias aplicadas a planos territoriais participativos com o enfoque em gênero. Posto isso, questiona-se quais os espaços de participação que precisam ser criados para que as mulheres possam pensar e transformar a cidade. O

objetivo da pesquisa é propor uma metodologia de acolhimento das pautas femininas nos processos de planejamento urbano participativo. O arcabouço teórico baseia-se em conceitos de planejamento insurgente (Faranak Miraftab e Leonie Sandercock) e planejamento advocatício (Paul Davidoff), do direito à cidade e espaço fálico (Henri Lefebvre) e do urbanismo feminista (Zaida Muxi).A estratégia é pesquisa-ação, de acordo com a Design Science Research, que tem como objetivo resolver ou explicar problemas encontrados em certo sistema, além disso, produzir conhecimento tanto para a prática quanto para a teoria. O objeto empírico será a proposição da aplicação de metodologia temática de gênero na elaboração do Plano Territorial da Bom Jesus, bairro da zona leste de Porto Alegre A Bom Jesus trata-se de um bairro periférico com um grande índice de população negra, sendo 50% mulheres. O bairro conta com a presença de muitas lideranças femininas na comunidade. O rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 2,71 salários-mínimos. A abordagem de pesquisa será do tipo qualitativa. A coleta de dados será realizada através de pesquisa documental, realização de oficinas de aplicação da metodologia, observação participante e questionário de avaliação do método proposto. Os resultados desta pesquisa contribuirão com o aperfeiçoamento de processos participativos e democráticos no planejamento urbano.

a perspectiva de gênero na construção de
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A relação urbano-rural na produção do espaço da cidade média brasileira: um estudo sobre Toledo, no Paraná

Orientadora: Profa. Drª Livia Teresinha Salomão Piccinini

Palavras-chave: planejamento urbano e regional; planejamento municipal; cidades médias; relação urbano-rural; urbanização.

A partir do entendimento de que a produção do espaço está submetida às ações do Estado e do mercado, e essas ações ocorrem sob influência de uma razão neoliberal globalizada, esta pesquisa se propõe a desenvolver um estudo com o intuito de compreender o papel do planejamento urbano na produção do espaço de uma cidade média, frente à inversão do centro dinâmico econômico brasileiro contemporâneo. O estudo será realizado na cidade de Toledo (Paraná), no período entre os anos de 1969 e 2024. A relevância deste tema se constitui diante do protagonismo que assumem as cidades médias no Brasil do primeiro quarto do século XXI; da emergência de se (re)pensar a relação urbano-rural sob a perspectiva do planejamento urbano, devido a existência de lacunas do conhecimento acerca dessa temática; e a consideração de que a produção do espaço no século XXI vê-se diante de limites estabelecidos por um novo regime climático. A formação das cidades médias brasileiras, na década de 1960, ganhou impulso a partir de políticas de descentralização de aglomerados urbanos industriais, promovidas pelo governo militar (Planos Nacionais de Desenvolvimento).

Aquela intenção política, entretanto, modifica-se contemporaneamente frente à inversão da localização dos centros dinâmicos econômicos brasileiros e o país assume dois ritmos: a parte “atrasada”, situada na região litorânea, com baixo dinamismo econômico; e o Brasil da região interiorana, onde se encontram as cidades agrárias,

exportadoras de produtos primários, com dinamismo econômico elevado. Por isso, as noções tradicionais que conceituam o que é o "interior" ou o "rural" não conseguem capturar adequadamente os padrões de transformação socioespacial, econômica e ambiental que ocorrem nesses espaços. Anteriormente marginalizados ou remotos, os territórios “interioranos” ou “rurais” estão sendo operacionalizados, “infraestruturados” e redesenhados para servirem de apoio ao processo de aglomeração contínua de atividades econômicas das megacidades nacionais e mundiais. Com isso, a pesquisa proposta contribuirá para o entendimento do papel do planejamento urbano, como agente do Estado, na materialidade do município de Toledo e, também, auxiliará na atualização dos estudos referentes a relação urbano-rural no Brasil Do ponto de vista teórico-metodológico, este estudo é centrado na análise crítica (Pochmann, 2022; Santos, 2021, 2018; Krenak, 2019; Brenner, 2018; Dardot e Laval, 2016, 2021; Harvey, 2015, 2020; Maricato, 2013, 2021; Morin, 2001) e tem como base a pesquisa empírica quali-quantitativa. O método utilizará de pesquisa bibliográfica para revisão teórico-conceitual (Mog, 2022; Scherer e Amaral, 2020; Andrade, 2019; Gabe, 2017; Scheibe, 2016; Corrêa, 2012; Santoro, 2012; Monte-Mór, 2011; Sposito, 2007; Hirschl, 2006; Silveira, 2002); pesquisa documental a fim de elencar Leis, Normas e Documentos Oficiais relacionados à pesquisa e à cidade de Toledo (Prefeitura Municipal de Toledo; Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – IPARDES; PARANACIDADE). Serão realizadas também observações de campo (fotografias) e mapeamento com o auxílio de sistema de informações geográficas (SIG) e o Mapa Biomas. As discussões aqui abordadas vêm ganhando desenvolvimento e profundidade nas práticas de pesquisa oriundas do grupo de pesquisa LEUrb – Laboratório de Estudos Urbanos.

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Financeirização

Nicole Leal de Almeida

Orientadora: Profa. Drª Heleniza Ávila Campos

Palavras-chave: financeirização; fundos de investimento imobiliário; urbano-imobiliário; mercado imobiliário.

As políticas pró-crescimento das cidades e o capitalismo urbano-imobiliário no Brasil estão inseridas em uma tendência globalizada de dominância financeira. Nesse sentido, o setor financeiro vem se estabelecendo e pautando as tomadas de decisões, sobretudo no que se refere à produção do espaço urbano. Como resultado desse processo, apresenta-se uma crescente mobilização de capital para o mercado imobiliário e a consequente produção de imóveis que estão vinculados a setores de alta valorização. Tais propriedades, por vezes, parecem se descolar das características e demandas regionais e locais, além de constituir uma nova racionalidade, onde o capital fixo (fundos de "tijolo") passa a subordinar-se a instrumentos financeiros O que verificamos até então é que pouco se conhece sobre a repercussão dos imóveis geridos por Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs) para além da região sudeste, o que se apresenta como uma lacuna na compreensão deste fenômeno no Brasil. Diante disso, questiona-se: "Quais os efeitos socioespaciais resultantes de imóveis vinculados aos processos de financeirização?”. Como hipótese, entende-se imóveis geridos por FIIs e fixados em “tijolo”, podem produzir conflitos socioespaciais na cidade, seja por se desvincular das demandas locais e regionais, mesmo que localizados em setores estratégicos com infraestrutura e rede viária de fácil acessibilidade, ou por interferirem na organização do espaço urbano. Desta forma, o objetivo principal desta

pesquisa é analisar os efeitos socioespaciais da produção imobiliária a partir da lógica capitalista rentista em região brasileira a ser definida considerando a atuação dos FIIs como balizadores do tipo de projeto e do segmento de mercado a ser executado. Para tanto, o desenvolvimento da pesquisa foi dividido em duas etapas metodológicas.

A primeira, pretende demonstrar a expansão do FIIs sobre o território brasileiro, a fim de captar informações sobre a localização, segmento, uso e ano de aquisição dos imóveis pelas administradoras. As informações serão coletadas em instituições como Banco Central, Bolsa e Balcão (B3), Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais e relatórios gerados por gerenciadoras de FIIs e serão compiladas em uma base de dados O resultado esperado dessa etapa é a territorialização dos imóveis administrados por FIIs e, com isso, a definição do recorte espacial para análise na segunda etapa. A segunda etapa se concentra em compreender a dinâmica socioespacial dos imóveis, territorializados na etapa anterior, e analisar os efeitos socioespaciais resultantes desse processo. Como resultado, espera-se que seja possível verificar como imóveis disponibilizados em carteiras de investimentos consolidam suas próprias dinâmicas espaciais.

e produção do espaço urbano: transformações recentes na dinâmica do mercado imobiliário
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Cidade, Cultura e Política

Esta linha de pesquisa contempla as práticas sociais, as políticas públicas e as representações coletivas, expressas em discursos e imagens que se constituem historicamente sobre os espaços e as vivências que tem como marco a cidade.

Docentes integrantes: Daniela Marzola Fialho, Eber Pires Marzulo, Paulo Edison Belo Reyes, Inês Martina Lersch, César Bastos Mattos Vieira, Daniele Caron e Célia Ferraz de Souza.

Grupos de Pesquisa: GPIT – Grupo de Pesquisa Identidade e Território, POIESE Laboratório de Política e Estética Urbanas, Margem_Laboratório de narrativas urbanas, GEDURB – Grupo de Estudos e Documentação em Urbanismo.

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CIDADE, TERRITÓRIO ANCESTRAL INDÍGENA: movimentos e poeti(cidades), resistências ao planejamento urbano

Flávia Sutelo da Rosa

Orientadora: Profa. Drª Inês Martina Lersch

Palavras-chave: território ancestral; resistência indígena; planejamento urbano; decolonial; utopias.

Esta pesquisa tem como tema a contribuição dos povos originários aos saberes da cidade com base no ser, estar, resistir, no ir e vir indígenas, estabelecidos em um território ancestral e local de afirmação de direitos Poeti(cidades) assumem uma postura principiológica e orientante ao planejamento urbano, e se fundam nas conjunturas e lutas indígenas, em suas experiências cosmopoético-filosóficas. A violência aos corpos-territórios (BANIWA, KAINGANG, MANDULÃO, 2023; GAGO, 2021) e às fontes indígenas do conhecimento é histórica, e as inseguranças tiveram ressalto na conjuntura do último ciclo político (2016-2022), marcado por geno-etno-ecocídios. Diante deste contexto, a questão que se estabelece é: quais são as reflexões acerca do pensar e fazer a cidade, que podem ser compreendidas a partir de pautas indígenas, de suas cosmovisões, identidades e referenciais simbólicos? A relevância deste estudo se relaciona à constatação da não consideração, ao não debate e deliberação indígenas nos projetos e processos urbanos, povos que estão à margem na e da cidade, e que precisam, muitas vezes, recorrer à justiça para ser e estar no corpo citadino, dada a vulnerabilidade a invasões e violências, que operam através de uma lógica excludente e de extermínio. Tem-se como objetivo elaborar reflexões para o pensar e fazer a cidade a partir de pautas indígenas, de suas cosmovisões, identidades e referenciais

simbólicos. Como corpus empírico, busca-se observar o contexto da comunidade Mbyá-Guarani Guajayvi, em Charqueadas/RS e, a partir desta, faz-se um giro e olha-se a retomadas territoriais e de saberes tradicionais. Para a discussão teórico-conceitual, pensa-se o direito à cidade pluriétnico e multicultural, enquanto prática reivindicativa, uma demanda moral que se funda em princípios de justiça (LEFEBVRE, 2001; TAVOLARI, 2016), sob a ética e o espírito indígenas, considerando-se os seus modos de ser, a partir do mundo-aldeia (SEGATO, 2021), no campo do bem viver e de outras utopias insurgentes, como o devir-floresta (KRENAK, 2022), consubstanciando-se, essencialmente, nas decolonialidades. Este estudo, de base qualitativa, tem um cunho exploratório, e a metodologia adotará, de início, o levantamento documental, para compreender os discursos consolidados no sistema-mundo colonial-moderno e no planejamento urbano. Sequencialmente, através da escuta das narrativas indígenas e da observação participante, com base na antropologia por demanda de Rita Segato (2021), ferramenta que se estreita com o campo da justiça, procura-se subverter tais enunciados hegemônicos. Para tal, a pesquisa pretende realizar, em caráter preliminar, um estudo piloto com o povo Terena, no Centro Referencial da Cultura Terena, no pantanal sul-matogrossense, na cidade de Miranda/MS, refletindo-se acerca da estrutura política, da diversidade e pluralidade de culturas indígenas no fazer urbano. A partir dos aprendizados, propõe-se debruçar o olhar sobre a aldeia Guajayvi, no RS, sua luta por permanência, regularização e participação político-social. Fundamenta-se em uma dimensão crítica, cosmopolítica, poética e plural, e os resultados esperados são oxigenações de posições epistemológicas que são dadas a partir do padrão de poder e da oposição da cidade à natureza, princípios a inspirarem o planejamento do por vir, as políticas públicas indígenas, indigenistas e jurisdições não homogeneizantes e anticoloniais.

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Cidade e diferença, o planejamento urbano crítico

em chave pós-estruturalista

Gustavo de Oliveira Nunes

Orientador: Prof. Drº Paulo Reyes

Palavras-chave: planejamento urbano crítico; filosofia da diferença; cartografia.

A tese trata da relação entre o pensamento do planejamento urbano crítico e o pensamento da diferença em uma abordagem pós-estruturalista. A justificativa para esta pesquisa reside no fato de que a teoria consolidada no campo do planejamento urbano contra-hegemônico normalmente se baseia em uma postura crítico-dialética de inspiração marxista. Essa situação levanta algumas questões: Será que já existem correntes no campo do planejamento que constituem uma nova episteme? Existem indícios de que outros enunciados, que não sejam de inspiração marxista, estejam emergindo no campo do planejamento urbano crítico? Como a filosofia da diferença pode fundamentar esses novos enunciados? Assim, o objetivo é cartografar os enunciados que surgem no campo do planejamento urbano crítico atual, a fim de verificar se esses configuram uma nova episteme (baseada na filosofia da diferença) ou se ainda mantêm a postura crítico-dialética. A metodologia utilizada é qualitativa, interpretativa e bibliográfica, e articula dois eixos teóricos: um com pensadores de abordagem crítico-dialética; outro com teóricos da diferença e as ideias por eles engendradas. Inicialmente, é feita uma revisão dos trabalhos apresentados e publicados nos anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Enanpur). A partir disso, espera-se mapear a rede de pesquisadores e grupos de pesquisa brasileiros que estão experimentando outras formas de olhar e

vivenciar a cidade, evidenciando então novos conceitos e perspectivas sobre o urbano.

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Patrimônio Cultural Brasileiro:

Conflitos

e

contradições de um campo em disputa no século XXI

Orientadora: Profa. Drª Inês Martina Lersch

Palavras-chave: Patrimônio cultural; Políticas públicas; Patrimônio e Sociedade; Insurgências do Patrimônio Cultural.

O patrimônio histórico surgiu durante a Revolução Francesa como uma atividade estatal para consolidar uma identidade nacional, perpetuar uma história oficial e educar a população. Foi neste contexto de consolidação de um estado nacional que se implantaram as políticas de proteção no Brasil, notadamente com a constituição do SPHAN em 1937. Nas últimas décadas, no entanto, o conceito de patrimônio cultural vem se alargando, e estas práticas vem sendo substituídas por experiências mais plurais e fundamentadas na diversidade cultural. A Constituição Federal de 1988 reconheceu o papel da sociedade civil na preservação do patrimônio, mas os "novos atores" nem sempre se conformaram aos espaços ditos participativos que lhes foram conferidos: no início do século XXI, mobilizando diferentes narrativas sobre o passado e as cidades, movimentações da sociedade civil tensionaram o campo do patrimônio ao ponto de promover fissuras e rupturas. Numa década marcada por convulsões sociais e questionamento das estruturas políticas, as movimentações insurgentes do patrimônio travaram verdadeiros confrontos urbanos para discutir o destino de prédios e lugares históricos de grandes cidades. Na sequência, outra forma de movimentação revisionista passou a ocupar a centralidade do debate: o questionamento dos monumentos que homenageiam figuras escravocratas e eventos históricos controversos. Da mesma

forma, ganharam força visões reacionárias às políticas culturais e à própria democracia, culminando em manifestações destrutivas do patrimônio, como o observado na invasão dos prédios dos poderes da República em Brasília, em janeiro de 2023. Diferindo em discurso, forma e objetivos, fato é que as novas e múltiplas narrativas sobre o patrimônio cultural se impuseram, frente à fragilidade das anacrônicas visões “oficiais” de patrimônio Esta pesquisa parte da premissa de que o conflito e as contradições fazem parte da trajetória do conceito de patrimônio cultural, sempre caracterizado por tensionamentos políticos. A proposta é investigar os conflitos deflagrados no território brasileiro no intervalo compreendido entre os anos 2010 e janeiro de 2023 O pressuposto é de que os instrumentos de preservação hoje vigentes não atendem a recente dilatação do campo e nem a pluralidade de atores. De que forma as políticas de preservação do patrimônio podem contribuir na mediação destes conflitos e com a coesão social?

A estratégia de pesquisa será a construção de eixos de investigação e teorização; tendo como base questões norteadoras delimitadas pelo repertório teórico. Será empregada a pesquisa bibliográfica, técnica documental e análise de conteúdo, com delimitação de fatores qualitativos para apoio na compreensão do debate. A tese discutirá possibilidades de políticas públicas e instrumentos de preservação aliadas ao Planejamento Urbano e Regional que possam contemplar as novas concepções e práticas do campo do patrimônio Cultural.

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no sul de Abya Yala

Juliana Lang Pádua

Orientadora: Profa. Drª Daniele Caron

Palavras-chave: paisagem; povos originários; retomadas; Abya Yala; pensamento decolonial.

O objetivo geral da tese é discutir o conceito de paisagem tendo como fio condutor os processos de retomada no âmbito sul de Abya Yala, território conhecido como América desde a invasão colonial no século XV. Desde a invasão, na qual diversos povos originários foram desterritorializados da faixa litorânea brasileira e migraram para o interior do território, houve inúmeros modos de reterritorialização (HAESBAERT, 2003). Contemporaneamente, os processos de retomada indígena buscam reaver seus territórios, muitos dos quais concentram-se na faixa litorânea, hoje a principal área urbanizada do continente. Do ponto de vista teórico, de acordo com Cacique Babao (2017), liderança do povo Tupinambá da Serra do Padeiro na Bahia, as retomadas são agências que produzem espaços a partir de planejamentos coletivos a longo prazo. Essas agências podem ser entendidas como linhas de vida (TSING, 2019; INGOLD, 2007), ou vivências que se sobrepõem continuamente territorializando-se em uma paisagem devastada. Interessa aqui a dimensão narrativa da paisagem (CARON, 2017), sua relação com a memória, com o pensar-fazer cotidiano, tendo em conta os infinitos laços de co-determinaçao entre sujeitos humanos e não humanos. Pensa-se essa dimensão como contraponto ao arruinamento da paisagem (TSING, 2019) em decorrência de uma economia neoliberal que tem como uma de suas premissas um processo de

urbanização desenfreado que resulta em paisagens da renda (ROLNIK, 2019), ou paisagens insuportáveis (KRENAK, 2022). Contra essas paisagens, são abertas fendas, fissuras no sistema colonialista e eurocentrado que rege ainda no planejamento urbano, a partir de processos de luta pela terra, pela memória e pela ancestralidade, que podem ser observados como taskscapes (INGOLD, 2015; 2021) constituidoras das paisagens da vida (ROLNIK, 2019) Tendo em vista a hegemonia das paisagens urbanas geradas por um sistema produzido por saberes ocidentalizados que, para Vandana Shiva (2002), se caracterizam enquanto monoculturas do pensamento, a tese tem como problema de pesquisa a seguinte questão: Quais são as lógicas de reterritorialização nos espaços das retomadas dos povos originários que causam fissuras nas monoculturas das paisagens urbanas contemporâneas? Objetivamente busca-se discutir o conceito de paisagem em uma perspectiva decolonial; cartografar os processos de desterritorialização e reterritorialização dos povos originários a partir das migrações produzidas pelo colonialismo com enfoque no sul de Abya Yala; compreender como se planejam, se produzem e se vivenciam as retomadas dos povos originários. Em relação à abordagem teórico-metodológica, as teorias indígenas e decoloniais orientam a pesquisa. Para Linda Smith, pesquisadora maori da Nova Zelândia, os trabalhos com povos indígenas devem estar articulados com suas demandas, possibilitando que sejam participantes ativos, portanto pesquisar com e não sobre povos indígenas é premissa básica desse trabalho. Aprender a desaprender, como ensina Mignolo (2008), é uma ação de desobediência epistêmica que será aqui entendida como forma pesquisar, a partir do engajamento e co-labor-ação com povos originários. O estudo de caso com trabalho de campo é a estratégia principal de pesquisa, tendo na dimensão da oralidade uma ferramenta que atravessa as camadas do tempo para narrar a história de paisagens decoloniais em devir. Um dos resultados esperados é a ampliação do repertório teórico-prático do planejamento urbano contemporâneo a partir dos conhecimentos de territorialização produzidos nas retomadas.

Paisagens em Devir: as retomadas dos povos originários como reflorestamento das urbanidades
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Imagens urbanas em Le Corbusier: montagens e sintomas por uma política das imagens

Orientador: Prof. Drº Paulo Reyes

Palavras-chave: urbano; imagem; montagem; sintoma; Le Corbusier.

Esta pesquisa trata da questão contemporânea da imagem aplicada aos estudos urbanos. Se debruça sobre as raízes conceituais e disciplinares do urbanismo, no contexto do século XX europeu, e sua relação com outros trabalhos de vanguarda do período. Olha-se para a construção teórica de Le Corbusier na década de 1920, com a intensa produção visual presente em “Urbanisme” (1924) e “Vers une architecture” (1923), pela perspectiva conceitual da montagem de imagens. Percebe-se a importância dessas obras para a fundamentação de uma matriz disciplinar do urbanismo moderno, e que ainda possui reverberações nas formas urbanas contemporâneas. A construção do problema dá-se ao identificar um pensamento totalizante para o urbano e suas formas, expresso por panoramas, imagens figurativas e conceituais, de forte influência positivista e cartesiana. Parece-nos um ruído, que, no mesmo período, no campo da arte e filosofia, se expresse um pensamento contrário, dilacerante de qualquer homogeneidade cartesiana. Dilacerante é tomado como algo que desfaz estruturas dadas, abrindo-se às espessuras de diferença, conflito e sintoma. Ainda, é curioso que o urbano e a cidade em sua fundamentação disciplinar estejam pautados no interior de regimes totalizantes, ao invés de mais abertos e críticos Assim, valores das imagens pautados no século anterior, sobrevivem, ocupando-se em apaziguar possíveis sentidos para a diferença, algo sempre em jogo nas cidades. Espera-se evidenciar

os sintomas dessas imagens que a construção disciplinar dos estudos urbanos expressa, e, pela perspectiva de uma política das imagens no contemporâneo, contribuir para um campo epistêmico continuamente aberto à diferença e ao conflito.

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Tecendo territórios: a dimensão territorial de práticas de trabalho coletivo protagonizado por mulheres da periferia

Maria Cecília Pereira da Rocha

Orientador: Prof. Drº Eber Pires Marzulo Palavras-chave: território; trabalho feminino; organização feminina autônoma; mulheres da periferia.

Esse projeto de dissertação trata sobre as implicações que organizações de trabalho feminino tem sobre os territórios onde se inserem quando em bairros brasileiros social e geograficamente periféricos. Considera-se, aqui, gênero e territorialidade como marcadores sociais da diferença que impactam fortemente a maneira que as cidades são acessadas. A dicotomia entre espaços privados e públicos se relaciona diretamente com a noção de “feminino" e “masculino" imposta sistemicamente na sociedade moderna ocidental. Interessa, aqui, investigar de que maneira trabalho e gênero incidem nas territorializações periféricas populares, assim como investigar como essas territorializações incidem sobre o acesso ao trabalho e nas questões de gênero. Para o aprofundamento dessa investigação, acredita-se na importância de abordar as discussões de Verônica Gago sobre economia feminista, de modo a compreender as maneiras que o capitalismo encontrou para explorar as mulheres e seus corpos, considerando a dimensão territorial, e considerando também o que a autora denomina de diferencial de exploração. Também são parte da construção dessa pesquisa as discussões de Paula Santoro sobre as relações entre os espaços privados e espaços públicos nas vidas das mulheres, considerando os deslocamentos geográficos que as mulheres percorrem para efetuar os sobre-trabalhos a elas destinados para que, assim, tenham acesso ao trabalho. Ainda, como fundamentação teórica base desse

trabalho estão as discussões de Eber Marzulo sobre territórios populares, no intuito de articular os aspectos de territorialização das teorias que relacionam gênero e trabalho com as questões pertinentes às periferias populares. Propõe-se essa articulação no intuito de compreender como um grupo social formado por mulheres, constituído por práticas sociopolíticas e localizado em uma periferia popular, incide e disputa por esse e outros territórios, através de práticas econômicas próprias Entende-se que práticas econômicas que são realizadas de maneira horizontal, e que afetam positivamente seu entorno e a população do território onde se inserem, são ilustrações reais de um futuro de cidade possível. A pesquisa em desenvolvimento tem como objetivo compreender a incidência territorial de práticas de trabalho protagonizadas por mulheres das periferias populares de grandes cidades brasileiras, e tem como objeto empírico um caso de experiência territorializada de organização do trabalho feminino. O caso a ser investigado é de uma cooperativa de costureiras localizada na Vila Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre. A Cooperativa Univens, fundada em 1996 por um grupo de mulheres, apresenta forte incidência territorial na comunidade devido aos desdobramentos que se deram a partir do seu trabalho em diferentes âmbitos e escalas ao longo dos anos. Essa incidência territorial é enfoque de investigação desse trabalho e, para isso, articulará dados qualitativos e quantitativos, de modo a: compreender o panorama das condições do trabalho feminino no Brasil através de dados secundários; mapear as organizações brasileiras autônomas de trabalho; compreender as implicações territoriais da Univens ao longo do tempo através da análise de atas, publicações, e outros documentos; fazer um levantamento sociobiográfico espacializado das cooperativadas através de entrevistas, mapas cognitivos e etnografia.

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Quando a parede vira nuvem: o muralismo na paisagem do Centro Histórico de Porto Alegre/RS

Mateus Henrique Hillebrand

Orientadora: Profa. Drª Daniela Marzola Fialho

Palavras-chave: arte urbana; muralismo; paisagem urbana; marketing urbano; Porto Alegre.

A pesquisa busca compreender o impacto do muralismo na paisagem urbana do Centro Histórico de Porto Alegre/RS. Em suas inúmeras formas de representação, a arte urbana, como prática espacial, tem marcado presença nas superfícies das metrópoles contemporâneas. Nos últimos anos murais em empenas de edificações se multiplicaram, se apropriando da paisagem urbana ao pensá-la como espaço de livre expressão, tornando-se uma prática política e poética no território. No âmbito político, a influência de políticas e de interesses públicos e privados que agem sobre a produção da paisagem podem utilizar a arte urbana enquanto atributos do mercado dentro de processos de marketing urbano, especialmente em locais que passam por transformações em programas de reabilitação. Em sua dimensão poética, ao sair dos museus e ganhar as ruas, a arte se torna agenciadora de múltiplas narrativas sobre a realidade e fonte de expressão simbólica. Com isso, o trabalho buscará responder a seguinte questão: quais são as implicações da presença da arte urbana, por meio do muralismo, na composição da paisagem do Centro Histórico de Porto Alegre/RS? Parte-se do pressuposto de que elas possuem potencial para promover discussões acerca de questões sociais e políticas do espaço, podem servir como novos marcos orientadores capazes de compor a paisagem urbana. O recorte do corpus de pesquisa se dá pela execução, desde 2021, de ao menos 14 murais de grande escala no Centro Histórico de Porto Alegre/RS em

paralelo à aprovação da Lei Complementar que institui o Programa de Reabilitação do local. A pesquisa, de base qualitativa e de cunho exploratório, possuirá etapas de pesquisa bibliográfica e documental, somadas a mapeamentos e produções cartográficas.

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Quilombo vive: escrevivências Ialodês na luta pela produção do espaço

urbano antirracista em Porto Alegre/RS

Nathália Pedrozo Gomes

Orientadora: Profa. Drª Daniele Caron

Palavras-chave: quilombo urbano; escrevivência; mulher negra; ialodê; racismo institucional.

As práticas, as corporalidades e a luta pelo direito à terra das comunidades quilombolas atravessam a lógica de planejamento urbano brancocentrada e neoliberal, que guia a produção das cidades atualmente. Neste trabalho, tais práticas e corporalidades serão expressas através da perspectiva de lideranças femininas quilombolas, aqui referenciadas como as Ialodês de suas comunidades, um conceito reinventado por Jurema Werneck, para visibilizar as diferentes modalidades de luta urbana empreendidas pelas mulheres negras. Diante da problemática em torno dos processos de regularização fundiária que incidem nos territórios quilombolas e de suas práticas de resistência, se delineiam as seguintes questões: de que maneira o quilombo urbano afirma um território de luta contra o racismo institucionalizado nas práticas de planejamento urbano? E como as escrevivências das Ialodês dos quilombos urbanos de Porto Alegre refletem práticas e corporalidades que engendram possibilidades organizativas, direcionadas para o confronto ao racismo estrutural e institucional? Para tanto, como objetivos específicos, busca-se aprofundar a discussão sobre o direito ao território, na perspectiva das comunidades quilombolas, tendo como trama conceitual a relação entre os silenciamentos do racismo estrutural e institucional, e o apagamento das territorialidades quilombolas, compor um processo de produção de escrevivências

das Ialodês sobre suas atuações na construção da identidade da comunidade quilombola, sendo estas, uma encruzilhada de histórias, memórias e experiência, e identificar as práticas e corporalidades urbanas dos quilombos que interpelam uma produção de cidade racista, neoliberal e patriarcal. A relevância desse estudo se relaciona à necessidade de pensar modos de produzir cidade que acolham as práticas quilombolas, uma vez que estas vêm sendo negligenciadas pelo racismo expresso na institucionalidade do Estado, que aparta essas pessoas do direito à cidade, à memória, ao território e à sua ancestralidade. Para reforçar a produção científica antirracista, busca-se trabalhar a partir de um referencial teórico predominantemente de pessoas negras, como Grada Kilomba, com as discussões sobre apagamentos e silenciamento do povo negro, além de Lélia González, Beatriz

Nascimento, Angela Davis e Sueli Carneiro, que orientam os temas sobre o feminismo negro. A escrevivência, conceito abordado por Conceição Evaristo e central na construção metodológica desta pesquisa, é aqui entendida como teoria de luta, capaz de visibilizar narrativas histórica e sistematicamente apagadas por processos de planejamento coloniais, patriarcais e racistas. Através de um pesquisar-com as Ialodês dos territórios quilombolas de Porto Alegre pretende-se dar a ver táticas e estratégias de enfrentamento político que podem alicerçar outros modos de planejar as cidades, que tenham em conta memórias e saberes ancestrais amplamente qualificados para desestabilizar práticas coloniais e racistas que infelizmente seguem se atualizando no planejamento urbano vigente nas cidades brasileiras.

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Infraestrutura e Planejamento Urbano e Ambiental

Esta linha de pesquisa desenvolve análises da infraestrutura urbana relacionando-a com os demais aspectos das questões urbanas, em especial à questão ambiental, visando subsidiar a formulação de propostas de intervenção.

Docentesintegrantes: André LuizLopes daSilveira, Carlos André Bulhões Mendes e Júlio Celso BorelloVargas.

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Planejamento Urbano integrado aos Recursos

Hídricos: Uma análise sobre a integração de instrumentos de gestão das águas e planejamento urbano no contexto da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (RS)

Bruna Luz Dias

Orientador: PhD. André Luiz Lopes da Silveira

Palavras-chave: Planejamento Territorial; Gestão Integrada; Recursos Hídricos; Bacia Hidrográfica.

O tema do presente projeto é a articulação da gestão dos recursos hídricos com o planejamento urbano. Os Planos de Bacias Hidrográficas visam fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos no âmbito das bacias hidrográficas, apresentando metas de curto, médio e longo prazo. Enquanto o Plano Diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal e deve englobar o território do município, assumindo um papel fundamental no estabelecimento de políticas públicas que visam o ordenamento e toda a infraestrutura básica de uma cidade. Ao prever que a Política Nacional de Recursos Hídricos seja integrada à política de uso e ocupação do solo, saneamento e meio ambiente, a Lei 9433/1997 acaba por promover a necessidade de articulação entre os Planos de Bacia Hidrográfica e os Planos Diretores Municipais. Destaca-se, portanto, a complexidade entre a relação desses instrumentos de planejamento com competências e escalas distintas, que geram impactos diretos entre si e além disso, a dificuldade de uma gestão integrada, que seja traduzida em tomadas de decisão efetivas O objetivo deste trabalho é analisar a integração entre a gestão dos recursos hídricos, com o planejamento urbano,

considerando suas distintas escalas, através de um Plano de Bacia Hidrográfica e os Planos Diretores Municipais correspondentes. A metodologia adotada para elaboração deste trabalho, é de natureza qualitativa. Consiste em procedimentos de pesquisa bibliográfica e documental, e além disso, busca analisar aspectos conceituais e legais através de um estudo de caso. Para isso, como objeto de estudo de caso, foi escolhida a Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (G020), localizada no Rio Grande do Sul, especificamente na Região Hidrográfica da Bacia do Guaíba. A escolha se deu devido a situação de fragilidade da bacia, que possui graves problemas vinculados aos seus recursos hídricos, como escassez quantitativa e degradação da qualidade das águas superficiais, associada a intensa urbanização localizada na Sub-bacia Baixo Sinos Para a base teórica, utiliza-se estudos que abordam o planejamento urbano sensível aos recursos hídricos (WONG; BROWN, 2009; GRANT, 2016), bem como, trabalhos relevantes que tratam sobre a complexidade da gestão integrada de bacias hidrográficas e sua construção legal (SILVA; PRUSKI, 2000; TUCCI, 2001). Diante do contexto apresentado e análises a serem realizadas, como resultado, a pesquisa apresentará uma compreensão de como vem ocorrendo essa integração prevista pela Lei 9433/1997 e quais as principais complexidades a serem enfrentadas. Espera-se ampliar o conhecimento acerca da gestão dos recursos hídricos e evidenciar a importância da incorporação da gestão das águas no planejamento territorial existente, buscando garantir a segurança e qualidade dos recursos hídricos locais, que impactam diretamente na qualidade de vida das pessoas e no ambiente natural.

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Vulnerabilidade e exposição às mudanças do clima

em cidades brasileiras de grande porte

Orientador: Prof. Drº Júlio Borello Vargas

Co-orientador: PhD. André Luiz Lopes da Silveira

Palavras-chave: crise climática; justiça climática; vulnerabilidade; cidades brasileiras.

Embora mudanças climáticas possam ter origem em processos naturais, é inequívoco afirmar que o rápido aquecimento da atmosfera, dos oceanos e da superfície terrestre verificado nas últimas décadas é resultado direto das atividades humanas de produção, consumo e alteração do uso do solo. Por outro lado, ainda que os impactos da crise climática já possam ser sentidos em países de todo o mundo, observa-se que eles não são compartilhados de forma equitativo entre os territórios, uma vez que variam conforme a vulnerabilidade e exposição das populações, que tendem a ser mais acentuadas em regiões e cidades com maior desigualdade social. Como consequência, populações já vulnerabilizadas têm sofrido mais os impactos de eventos extremos como ondas de calor e tempestades, caracterizando o que vem sendo chamado de "injustiça climática". Desse modo, essa pesquisa propõe investigar como a territorialização desigual da vulnerabilidade socialmente produzida e da exposição aos riscos climáticos contribuem para uma realidade de injustiça climática em cidades brasileiras. Objetiva-se, assim, compreender como a vulnerabilidade e a exposição às mudanças climáticas são espacialmente distribuídas nas áreas urbanas de municípios brasileiros de grande porte a fim de identificar as populações afetadas e onde estão localizadas, estabelecendo uma medida relativa de vulnerabilidade municipal às mudanças do clima. A importância e atualidade de abordar a territorialização da

justiça climática está vinculada à necessidade de adaptação das cidades aos efeitos das mudanças do clima no contexto das históricas deficiências do processo de urbanização brasileiro, que determinam uma "exposição diferencial" dos grupos sociais aos eventos extremos. O referencial teórico articula os conceitos de "justiça ambiental" de Henri Acselrad, "justiça climática" de Mary Robinson e o clássico "direito à cidade" de Henri Lefebvre O corpus da pesquisa são as cidades brasileiras de grande porte, que concentram mais da metade da população nacional e tendem a apresentar riscos urbanos mais acentuados devido à maior densidade demográfica, desigualdade social e exposição em áreas de risco. A pesquisa tem abordagem mista, com métodos quantitativos e qualitativos e caráter exploratório, e se caracteriza como um estudo de caso com pesquisa bibliográfica, revisão documental, coleta e análise de dados secundários por meio de mapeamento digital e análise espacial.

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JUSTIÇA NA MOBILIDADE E DIREITO À CIDADE PARA

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA EM PORTO ALEGRE: Análise das condições de mobilidade urbana, transporte público e acesso à cidade na percepção das pessoas com deficiência

Diego Buss de Oliveira

Orientador: Prof. Drº Júlio Borello Vargas

Palavras-chave: direito à cidade; justiça na mobilidade; abordagem das capacidades; pessoa com deficiência; mobilidade urbana.

A mobilidade urbana é parte essencial da vida na cidade, dada a necessidade das pessoas de movimentar-se pelo espaço para participar das atividades não-domésticas, seja trabalhar, estudar, recrear e adquirir bens e serviços necessários. Neste contexto, a plena possibilidade de se movimentar e atingir os destinos distribuídos pelo território sempre foi desigual ao longo da história, com profundas diferenças entre os diferentes estratos sociais, raciais, étnicos, de gênero, idade, etc. Este quadro de desigualdade e exclusão promove o que hoje se conhece como "injustiça no transporte (mobilidade)", conceito tributário das discussões mais amplas e já clássicas sobre "direito à cidade".

No Brasil, esse quadro é mais crítico dada a profunda desigualdade social que se reflete de maneira radical na urbanização das cidades do país, nas quais as populações de baixa renda são relegadas a periferias distantes e/ou enclaves centrais precários, geralmente em áreas de fragilidade ambiental e com irregularidade fundiária. O transporte público, em tese, poderia minimizar essa desigualdade espacial, promovendo acesso mais favorável a essas populações, mas sua organização historicamente não corresponde a esse ideal de justiça, reforçando as desigualdades existentes. Um dos

grupos mais discriminados e excluídos das políticas urbanas e de transporte são as pessoas com deficiência, que, muitas vezes por serem de baixa renda e/ou por conviverem com limitações funcionais que os impossibilitam dirigir automóveis, recorrem ao transporte público, porém, a baixa disponibilidade e o tipo de serviço inadequado podem resultar em barreiras que dificultam o deslocamento dessas pessoas. A "abordagem das capacidades" fornece uma excelente estrutura para analisar o curso de vida das pessoas com deficiência, a importância da mobilidade e a exclusão social relacionada com o transporte público, uma vez que ela foca na capacidade das pessoas alcançar ou realizar aquilo que almejam ser ou fazer em suas vidas. Essa pesquisa tem como objetivo descrever os padrões de mobilidade urbana, explorar as necessidades de deslocamento e identificar as barreiras e facilitadores do transporte de pessoas com deficiência, especialmente através do transporte público. A abordagem propõe "métodos mistos", articulando aspectos descritivos básicos da mobilidade dos deficientes em Porto Alegre, oriundos de pesquisas quantitativas existentes, com a aplicação de entrevistas em profundidade e grupos focais para compreender profundamente a experiência de mobilidade e de acesso à cidade dessa parcela da população. As linhas teóricas abordam os conceitos de "direito à cidade", "abordagem das capacidades", "desigualdade", "exclusão" e "justiça na mobilidade urbana", tendo como principais referências Henri Lefebvre e David Harvey abordando o tema mais amplo do direito à cidade, Amartya Sen trazendo a abordagem das capacidades e René Leonir, Karen Lucas, Rafael Pereira e Eduardo Vasconcellos discutindo desigualdade, exclusão e injustiça na mobilidade urbana. Espera-se ao final da pesquisa apresentar um quadro sintético das condições objetivas e da percepção das pessoas com deficiência sobre o acesso à cidade e o uso do transporte público de Porto Alegre, contribuindo com evidências para políticas que considerem a diversidade humana e social e promovam sistemas de mobilidade urbana também diversificados, equilibrando as desigualdades e levando mais justiça à cidade.

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Infraestrutura cicloviária e o acesso a parques

urbanos – Estudo de caso de cidades brasileiras

Henrique de Mello Cabral

Orientador: Prof. Drº Júlio Borello Vargas

Palavras-chave: bicicleta; ciclovia; parque urbano; acessibilidade; sustentabilidade.

A crise climática global é cada vez mais latente, sendo a poluição atmosférica um dos seus grandes contribuintes. As cidades sentem diretamente os efeitos dessa crise, visto que a poluição do ar traz diversos problemas à saúde da população urbana e contribui para a degradação da qualidade do espaço urbano. O setor de transportes contribui com parcela significativa nas emissões globais, sendo os automóveis os maiores emissores de gases poluentes. Nesse sentido, a migração modal focada em uma mobilidade urbana menos motorizada se mostra como um caminho para a mitigação desse problema. A bicicleta, em especial, tem grande potencial de transformação dessa realidade ao contribuir com a redução de emissões, além de promover a prática de atividades físicas. Ainda, ela modifica a dinâmica do espaço urbano ao reduzir a circulação de automóveis, diminuindo congestionamentos e melhorando a paisagem urbana, além de promover maior vitalidade à cidade. Para que ela se perpetue e ganhe escala no cotidiano das cidades brasileiras, é fundamental a existência de infraestrutura dedicada, visto que esta propicia viagens mais rápidas, seguras e confortáveis. Para cumprir plenamente sua função social e promover impactos sensíveis na saúde e vitalidade urbana, a infraestrutura cicloviária deve propiciar o acesso a diferentes espaços e equipamentos urbanos, especialmente os parques, que –assim como a bicicleta – contribuem para a qualidade urbana e prestam serviços ecossistêmicos como captação de CO2, drenagem do solo e controle de temperatura e

umidade. O Brasil tem observado uma expansão significativa da infraestrutura cicloviária nos últimos anos, mas é comum que ela seja priorizada em regiões de maior poder aquisitivo ou construída de forma fragmentada, dificultando ou minimizando seu uso e, muitas vezes, não promovendo acesso aos parques. Frente a isso, não é possível afirmar se a malha cicloviária das cidades brasileiras contribui de forma equitativa no acesso aos parques urbanos por bicicleta Esta pesquisa tem por objetivo determinar o grau de acessibilidade aos parques urbanos de cidades brasileiras considerando viagens por bicicleta que utilizem, preferencialmente, a malha cicloviária existente. Para tanto, será realizado um estudo de caso quantitativo de cunho explicativo Primeiramente, será feita uma análise espacial da conectividade e continuidade da malha cicloviária existente em uma amostra de cidades brasileiras. Em seguida, será calculado o grau de acessibilidade dos parques urbanos dessas cidades através da bicicleta para diferentes grupos populacionais. Isso será feito utilizando-se de dois indicadores tradicionais - oportunidades cumulativas e tempo mínimo de viagem – por meio de pacotes em linguagem de programação R e dados de plataformas abertas, como Open Street Maps, e do Censo IBGE. Complementarmente, buscar-se-á identificar padrões entre diferentes cidades considerando suas tipologias e os conteúdos presentes nos seus planos e políticas públicas existentes. Como resultados, espera-se aferir, de forma quantitativa, o percentual da população que consegue acessar parques urbanos por bicicleta através da malha cicloviária considerando viagens com determinados tempos, bem como potenciais discrepâncias no grau de acessibilidade para diferentes grupos populacionais. Espera-se também identificar como esses dados estão relacionados com os diferentes perfis e políticas de mobilidade das cidades estudadas.

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Sistemas Configuracionais Urbanos

Esta linha de pesquisa centra-se no estudo da morfologia urbana, buscando descrever estados e processos configuracionais e suas relações com a dinâmica social correspondente. Abrange projetos voltados à concepção e construção de modelos de simulação e dinâmica espacial, análise espacial avançada e desenvolvimento de medidas de desempenho urbano.

Docentesintegrantes: ClariceMaraschin, Fábio LúcioLopesZampieri e Romulo Krafta.

Grupos de Pesquisa: Sistemas Urbanos – Grupo de Pesquisa Sistemas Configuracionais Urbanos e GDES –Grupo depesquisa DinâmicaEspacial e Sociedade.

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Indicadores de desempenho da forma urbana

Aline de Moura Ribeiro Xavier

Orientadora: Profa. Drª Clarice Maraschin

Palavras-chave: Morfologia urbana; Indicadores de desempenho; Desempenho urbano; Sistemas configuracionais urbanos.

Formas de urbanização e de seu crescimento apresentam características de natureza e de comportamento urbano distintos, que geram efeitos bastante diversos na sustentabilidade urbana. Diferentes padrões de morfologia e crescimento podem impactar diversos aspectos da vida urbana, desde o acesso da população aos serviços, a quantidade de infraestrutura disponível, o consumo de terra, a microeconomia, o ambiente natural, entre outros. Formas de crescimento espacial, tanto por densificação excessiva de áreas intraurbanas ou de dispersão periférica, vêm esgotando infraestruturas, impondo dificuldades de mobilidade e aumento do grau de dependência do automóvel. Essas relações entre a forma urbana e seus impactos ainda não são claramente compreendidas nos estudos urbanos. Vemos, assim, a necessidade de instrumentos capazes de mostrar as implicações do vínculo entre aspectos urbanos e seus efeitos, que repercutem sobre a própria equidade, eficiência, continuidade e sustentabilidade da cidade como local de desenvolvimento e manutenção das relações sociais. Torna-se importante contar com metodologias que permitam medir e avaliar os impactos da forma urbana sobre diferentes aspectos socioeconômicos e ambientais. A pesquisa procura responder a questão: Como analisar a relação entre a forma urbana e suas repercussões na sustentabilidade? Para isso, são reunidos e examinados os principais indicadores disponíveis de análise da forma urbana e são apresentadas críticas a sua habilidade de identificar e lidar com propriedades da forma Sendo assim, o trabalho tem como objetivo desenvolver indicadores que permitam analisar a

forma urbana e seu crescimento baseados em modelos configuracionais; e avaliar os indicadores propostos a partir da comparação com alguns indicadores de sustentabilidade. Dessa forma, procura-se avançar na questão da mensuração do desempenho da forma urbana através da introdução de sistema descritivo detalhado e indicadores sistêmicos a ser aplicado na cidade de Pelotas, RS.

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Indicadores de cidades inteligentes e sustentáveis

no planejamento urbano: Análise da relação entre os processos configuracionais e suas relações com a dinâmica socioespacial

Ângela Candeia Todescatto Cattani

Orientador: Prof. Drº. Fábio Lúcio Lopes Zampieri

Palavras-chave: cidades inteligentes; cidades sustentáveis; planejamento urbano; indicadores.

As cidades inteligentes são um fenômeno recente, e têm se destacado devido às iniciativas para a implantação de indicadores que avaliam aspectos econômicos, sociais, ambientais, entre outros. Uma das formas de definir a cidade inteligente é pela maneira como são aplicados os investimentos em capital humano, social, tradicional (transporte) e infraestruturas de tecnologias e comunicação (TIC), com a finalidade de fomentar o crescimento econômico sustentável e a qualidade de vida, através de uma gestão eficiente dos recursos naturais por meio de uma governança participativa. Em contrapartida, as cidades sustentáveis possuem uma pauta mais ativa, sendo tema de diversas iniciativas globais. Considerando que os pilares da sustentabilidade estão pautados nos setores econômicos, sociais e ambientais, ao levantar a pauta da cidade inteligente, se faz necessário a discussão da relação com a cidade sustentável. Na literatura, são raras as pesquisas relacionadas a forma como os indicadores desenvolvidos para cidades inteligentes e sustentáveis são inseridos ao planejamento urbano e pensados nos processos configuracionais e suas relações com a dinâmica socioespacial. De forma a contribuir com esses estudos, este trabalho busca relacionar a maneira como os indicadores de cidades inteligentes e sustentáveis existentes no Brasil são utilizados no desenvolvimento do planejamento urbano,

considerando a configuração urbana e suas relações na dinâmica espacial e social. Para tanto, o estudo busca também o entendimento dos conceitos de cidades inteligentes e sustentáveis inseridos na área de estudo do planejamento urbano e regional, bem como seus indicadores. As seguintes questões orientam essa investigação: como os indicadores de cidades inteligentes e cidades sustentáveis são aplicados no planejamento urbanos? Qual a relação entre os sistemas configuracionais urbanos e a aplicabilidade dos indicadores de cidades inteligentes e sustentáveis conforme o planejamento urbano? O objetivo geral da pesquisa é analisar a relação entre os indicadores de cidades inteligentes e de cidades sustentáveis e o planejamento urbano e a forma como esse resultado é apresentado no processo configuracional da cidade e a sua concordância com a dinâmica socioespacial. Para o desenvolvimento dessa pesquisa será utilizado Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e relatórios disponibilizados pelas entidades e órgãos envolvidos no levantamento de indicadores de cidades inteligentes e sustentáveis e de planos de organização e orientação do planejamento urbano. Para o relacionamento das informações obtidas serão geradas matrizes relacionais avaliando os dados minerados, além de mapas apresentando e ilustrando as informações conforme necessidade. Foi escolhido o município de Caxias do Sul, RS, como objeto de estudo devido a sua importância na região da Serra Gaúcha, sua distribuição social, econômica e ambiental, além de possuir dados levantados dos indicadores de cidades inteligentes e sustentáveis. Serão avaliadas as informações disponibilizadas a partir do ano de 2010, sendo estas substituídas por dados recentes quando houver, sendo este estudo de base quantitativa e cunho exploratório, permitindo a observação da dinâmica sócio espacial a partir de dados sintetizados. Como resultado, será apresentado uma proposta de um sistema organizado de informações em relação aos indicadores de cidades inteligentes e sustentáveis, relacionada a informações de planejamento urbano e a distribuição configuracional na dinâmica socioespacial.

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Espaços livres públicos curitibanos: uma análise configuracional da paisagem.

Orientador: Prof. Drº. Fábio Lúcio Lopes Zampieri

Palavras-chave: configuração urbana; Curitiba; espaços livres públicos; parques e bosques; acessibilidade.

O processo de urbanização do território brasileiro, fenômeno intensificado a partir da década de 1970 no país, mas experienciado desde a Revolução Industrial na Europa, causou desequilíbrio entre as bases do meio natural do território e o planejamento urbano. Em resposta a esse desequilíbrio, diversas teorias de planejamento urbano e da paisagem reguladas pela visão ecossistêmica despontaram na década de 1960. Curitiba – capital paranaense - é mundialmente conhecida por seu planejamento urbano e possui rótulos como “cidade modelo” ou “cidade ecológica”, onde um dos pontos mais enfáticos na construção dessa imagem diz respeito às questões ambientais, reduzindo-as a ações de preservação de áreas ambientais frágeis e quantidade de áreas verdes na cidade. Para transformar ações ambientalistas em um paradigma de capital ecológica, o planejamento urbano de Curitiba da década de 1990 resumiu e organizou todas as ações feitas pela prefeitura em gestões anteriores, a fim de garantir e manter esse “status”, onde as preocupações de ordem ecológica foram mostradas como estando na origem de política de preservação de áreas verdes. Amplificado pelo citymarketing feito pela gestão municipal, Curitiba busca por meio de divulgação de dados como índices de área verde por habitante, reafirmar esse título de capital ecológica. Entretanto, muitas vezes por não possuírem claros critérios na elaboração de tais índices, o slogan de “cidade modelo” passa a ser questionável. Ao mesmo tempo em que o planejamento urbano curitibano disseminou os elementos do discurso de “cidade

modelo”, utilizando-se de ferramentas subjetivas, encobriu fatores como a desigualdade socioespacial, produzindo uma cidade que favorece apenas uma classe social dominante. Tendo como premissa que os espaços livres públicos fazem parte da paisagem urbana, e que são espaços democráticos, acessíveis e devem ser utilizados para cumprir a função social do direito à cidade, este trabalho busca saber: de que forma os espaços livres públicos curitibanos estão organizados para cumprir essa função? Este projeto de pesquisa busca compreender, a partir do ponto de vista da configuração urbana, a estruturação dos parques e bosques de Curitiba – espaços livres públicos, analisar de que forma esses espaços são distribuídos, quem se apropria – ou não – destas paisagens, e avaliar aspectos qualitativos desses espaços tendo como enfoque a acessibilidade dos mesmos a pé. Para isso, propõem-se a realização de uma pesquisa qualitativa, utilizando-se da teoria da sintaxe espacial (HILLIER; HANSON, 1984) como ferramenta de avaliação teórico metodológica da configuração urbana com uma análise dos dados socioeconômico espaciais, para descobrir a relações dos espaços livres públicos e o perfil da população atendida pelos mesmos; e exploratória, uma vez que se faz necessário o levantamento de dados em campo para a análise dos espaços livres públicos descritos aqui.

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conferentes de dinamismo urbano - os casos de Porto Alegre (Brasil) e Barcelona (Espanha)

Ramon Lucato de Aguilar

Orientadora: Profa. Drª Clarice Maraschin

Palavras-chave: preço do solo; configuração espacial; densidade urbana; diversidade urbana; vitalidade urbana.

Este trabalho possui como problema de pesquisa a compreensão sobre como atributos formais, funcionais e socioeconômicos, componentes do conceito de vitalidade urbana, se relacionam à formação desigual de preços do solo. Busca-se responder à questão de pesquisa de como o preço do solo se relaciona com a vitalidade urbana em seus aspectos de centralidade, densidade, disposição dos edifícios em relação aos espaços públicos, diversidade de idades do estoque edilício, diversidade funcional e diversidade socioeconômica. O objetivo desta pesquisa será construir modelos de regressão múltipla que correlacionem esses atributos socioeconômicos e morfológicos com o preço do solo, bem como propor um indicador de vitalidade urbana, igualmente cotejado ao preço do solo. O solo urbano é utilizado como ativo financeiro e por isso interessa a seus detentores sua permanente valorização ou, minimamente, a conservação de seus valores simbólico e monetário (ABRAMO, 2009; SMOLKA, 1987). Para tanto, importa a conformação e preservação de certas características em termos formais, funcionais e sociais, conferindo a diferentes áreas urbanas distintos padrões morfosociais. Muitos modelos espaciais têm sido propostos para explicar essas

singularizações (CARTER, 1974; RICHARDSON, 1975). Essas teorias refletem premissas da economia urbana neoclássica, para a qual áreas mais centrais ou acessíveis são mais valorizadas (o preço do solo é maior), tendem a ser mais densas e a concentrar usos econômicos, além de residenciais (são mais diversas funcionalmente) (ALONSO, 1964; CHIARADIA et al., 2009; LEE; KIM, 2009; NARVAEZ et al., 1975). Jacobs (2011), Netto (2017) e Saboya (2017) anunciam que essa diversidade é favorecida pela predominância de tipologia que garanta fachadas contínuas ou alinhadas à calçada, bem como pela maior heterogeneidade nas idades dos edifícios (JACOBS, 2011). Para Solís et al. (2019), a vitalidade urbana coincide com a mescla de usos do solo e estaria intrinsecamente vinculada a atributos formais do espaço urbano, que facilitariam ou obstariam seu florescimento. Ye et al. (2016), por sua vez, consideram que o grau de urbanidade (i.e., vitalidade urbana) de distintos espaços pode ser acercada por um indicador composto a partir de atributos configuracionais, de densidade e de mescla de usos do solo, aos que poder-se-ia acrescentar a diversidade socioeconômica (JACOBS, 2011; KASHEF, 2016; LEES, 2010). No que tange a este último aspecto, Sabatini (2006) afirma que no contexto latino-americano áreas que concentram população de alta renda são mais heterogêneas socioeconomicamente do que setores que concentram população de baixa renda. Em vista do exposto, são propostas duas etapas metodológicas. Na primeira, variáveis independentes de configuração urbana (centralidade planar) (KRAFTA, 1994, 1996, 2014), densidade (PONT; HAUPT, 2009; VAN NES; MASHHODI; PONT, 2012, YE et al., 2016), tipologia edilícia, índice de diversidade de idades, índice de diversidade urbana e índice de diversidade socioeconômica serão correlacionadas com a variável dependente preço do solo, mediante a construção de modelo(s) matemático(s) de regressão múltipla. Na segunda etapa, propõe-se a construção de um indicador de vitalidade urbana, o qual corresponderá à centralidade ponderada (KRAFTA, 1994, 1996, 2014) pelas variáveis enumeradas anteriormente, também correlacionada com o preço do solo (variável dependente).

A produção desigual da vitalidade urbana: proposta metodológica de análise das correlações entre valor do solo e atributos morfológicos e socioeconômicos
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Percepção e Análise do Espaço Urbano

Investiga as relações entre usuários e o ambiente construído, envolvendo os processos de percepção e cognição ambiental como instrumentos no planejamento e construção do espaço urbano. É analisado o efeito de características físico-espaciais definidoras da estética e qualidade urbana, níveis de territorialidade, segurança, legibilidade e acessibilidade sobre as atitudes e comportamentos dos indivíduos. Desenvolve análises empíricas e avaliações de desempenho através de métodos de avaliação pós-ocupação e métodos de descrição e análise espacial.

Docentesintegrantes: Antônio Tarcísio da Luz Reis e Márcia Azevedo de Lima.

Grupo dePesquisa:Percepção, Análise e Avaliação doEspaço Construído.

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"Eu nãoquero me confundir com essa sociedade. Euquero ajudar a criar um novo modelo desociedade,que parta da fissura, doquebrado. Éinteressante notarque, na arte japonesa, a fissura valoriza o objetoque se quebrou.Depois de ser restaurado com pó deouro, o objeto é mais valioso.

Nossas vozes e nossas ideias sãopó de ouro."

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Percepção e Análise do Espaço Urbano

1min
pages 39, 41

Espaços livres públicos curitibanos: uma análise configuracional da paisagem.

4min
pages 37-38

Sistemas Configuracionais Urbanos

3min
pages 34-36

Waterscapes e a Trama Azul no Planejamento

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page 33

JUSTIÇA NA MOBILIDADE E DIREITO À CIDADE PARA

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pages 31-32

Vulnerabilidade e exposição às mudanças do clima

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Infraestrutura e Planejamento Urbano e Ambiental

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Quilombo vive: escrevivências Ialodês na luta pela produção do espaço

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e

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Cidade e diferença, o planejamento urbano crítico

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Cidade, Cultura e Política

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pages 19-20

aprofundamento de práticas neoliberais na

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pages 13-18

Urbanização, fragmentação socioespacial e

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A relação entre os eixos rodoferroviários e os espaços

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AS CIDADES QUE HABITAM NAS MARGENS: Proposta de um método de avaliação

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Planejamento e Espaço Urbano e Regional

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APRESENTAÇÃO

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pages 3-8

Percepção e Análise do Espaço Urbano

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