Harpia

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Harpia

João Marcos Rosa
Harpia
João Marcos Rosa
A harpia em seus domínios, na Floresta Nacional de Carajás, Pará
The harpy in its area in the Carajás National Forest, Pará

Originalmente, as harpias habitavam as florestas tropicais entre o sul do México e o norte da Argentina. Nos vales da Floresta Nacional de Carajás, a espécie ainda se mantém em equilíbrio Originally the harpy eagle inhabited the tropical forests from southern Mexico to northern Argentina. This species is still living in balance in the Carajás National Forest valleys

O olhar vigilante da fêmea varre o dossel no entorno do ninho. Com apenas 2 meses, o filhote de harpia ainda é muito vulnerável. O papo cheio revela que ele acabou de ser alimentado. Carajás, Pará The female’s watchful eyes scan the canopy in the vicinity of the nest. Only two months old, the nestling is still very vulnerable. The full crop shows that it has just been fed. Carajás, Pará

Pesquisador maneja filhote que receberá radiotransmissor via satélite. Reserva Florestal de Imataca, Venezuela l Researcher manipulating nestling which will have a satellite radio transmitter implanted. Imataca Reserve Forest, Venezuela
hábitos crepusculares, como gambás, mucuras e juparás. Carajás, Pará
opossums, and kinkajous. Carajás, Pará

A harpia constrói seus ninhos em árvores emergentes, com alturas entre 35 e 50 m. As maiores árvores oferecem forquilhas com tamanho suficiente para sustentar estruturas que podem chegar a 3 m de diâmetro. Carajás, Pará l The harpy builds its nest in 35 to 50-meter tall growing trees (115 to 164 feet). The largest trees offer them forks large enough to support structures as big as 3m diameter (9.8 feet). Carajás, Pará

Fotos Photos João Marcos Rosa
Textos Texts Frederico Drumond
Tânia Sanaiotti
Roberto Azeredo
Harpia

Mensagem do Presidente

Message from the CEO

O compromisso com a sustentabilidade é um dos principais focos da Vale. Somos atualmente uma das empresas brasileiras que mais colabora com a preservação da biodiversidade do Brasil, integrando nossas atividades operacionais com a busca contínua pela conservação e recuperação dos ecossistemas das áreas onde atuamos. Temos, por isso, muito orgulho de fazer parte de um projeto tão importante e nobre quanto o da preservação da harpia (gavião-real), uma das maiores e mais belas aves de rapina do mundo.

Em parceria com o Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a Vale monitorou durante oito meses dois ninhos de harpia encontrados na Floresta Nacional de Carajás, trabalho que resultou na publicação deste livro, com informações e fotos inéditas sobre uma espécie tão importante para a biodiversidade brasileira.

Espero que as lindas imagens que embelezam as páginas deste livro contribuam para estimular a conscientização ambiental e demonstrem que podemos e devemos nos empenhar para conservar e proteger o meio em que vivemos.

Commitment to sustainability is a key focus of Vale. By integrating our operational activities with conservation and restoration of the ecosystems of the areas where we are settled into, we became one of the Brazilian companies which contribute the most to the preservation of Brazil’s biodiversity. Therefore, we are very proud of being part in such an important and noble project: the preservation of the harpy eagle, one of the largest and most beautiful birds of prey in the world.

In partnership with Chico Mendes Institute for Biodiversity Conservation (ICMBio) and National Institute for Amazonian Research (INPA), during eight months Vale monitored two harpy nests found in the Carajás National Forest. As a result, this book is coming out with pictures not published before and with information on a species which is very important to the Brazilian biodiversity.

I hope the images which beautify the pages in this book help stimulate environmental awareness. I also expect it to be evidence of our ability and obligation to preserve and protect our environment.

Roger Agnelli

Diretor - Presidente da Vale

Coordenação"editorial"e"fotos"l Publisher"and"photos"

João"Marcos"Rosa

Textos" Texts

Frederico"Drumond"Martins

Roberto"Azeredo

Tânia"M Sanaiotti

Design" Graphic"design Flávia"Guimarães"

Produção"executiva" Executive"production Nitro"Imagens

Assistência"editorial" Editorial"assistant Ana"Paula"Carvalhais

Daniel"Barcelos

Assistentes"de"fotografia" Photographic"assistants

Marcus"Canuto Olivier" audoin

Copidesque"e"revisão""l Copydesk"and"proofreading Letícia"Féres

Tradução" English"version

Ana"Luiza"Libânio"Dantas

R788h"""""Rosa,"João"Marcos

Harpia"/"João"Marcos"Rosa"(fotos)."Textos"de"Frederico"Drumond," Tânia"Sanaiotti,"Roberto"Azeredo."Belo"Horizonte:"Nitro,"2010.

144"p.,"principalmente"fotografias"(coloridas). Texto"em"português,"com"tradução"paralela"em"inglês.

ISBN:"978(85(62658(01(3

1."Harpia"–"Fauna"silvestre."2."Biodiversidade"–"Pesquisa"–"Con servação."I Título."II Drumond,"Frederico."III Sanaiotti,"Tânia." IV Azeredo,"Roberto."

CDD:"598.2

CDU:"598.2

Informação"bibliográfica"deste"livro,"conforme"a"NBR"6023:2002"da"Associação" Brasileira"de"Normas"Técnicas"(ABNT):

ROSA ," oão"Marcos."Harpia."Belo"Horizonte:"Nitro,"2010."144"p."ISBN"978(85( 62658(01(3.

O"Gavião"Real"na"Floresta"Nacional"de"Carajás

The"Harpy"Eagle"in"Carajás"National"Forest

Analista Ambiental do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade)

Chefe da Floresta Nacional de Carajás

Aceitei com muita satisfação o convite para participar deste livro de fotos incríveis, que coroa o trabalho sobre a harpia, uma das espécies que mais admiro. E, antes de mais nada, deixo ao leitor um convite: venha conhecer a Floresta Nacional (Flona) de Carajás. Este é um lugar de beleza indescritível, imensa diversidade de plantas e animais e cenário para a maioria das fotografias aqui impressas.

A Flona de Carajás tem 400 mil hectares de área protegida e uma significativa amostra da biodiversidade amazônica, e faz fronteira com outras quatro unidades de conservação e uma reserva indígena. Este mosaico de unidades de conservação, em uma área de floresta amazônica contínua de mais de um milhão de hectares, tornou-se o maior remanescente de ecossistemas preservados das regiões sul e sudeste do Pará. Pela grande pressão antrópica nessa parte do Brasil, a Flona de Carajás acabou se tornando abrigo para diversas espécies da fauna e flora consideradas raras e ameaçadas.

Rainha do dossel

Entre as mais de 600 espécies de aves já registradas em Carajás, encontramos a maior águia brasileira, a harpia. Os registros visuais da espécie são relatados na região desde as primeiras listas publicadas de aves. Recentemente foram descobertos dois ninhos – ambos com casais em atividade reprodutiva –, e este é um importante indicador de preservação ambiental. Uma área preservada é requisito primordial para que o casal escolha uma árvore emergente que proporcione boa visão da floresta, possa coletar galhos para manutenção do ninho e, principalmente, caçar em um território definido, garantindo a sobrevivência das novas gerações.

Os estudos de espécies bioindicadoras, como é o caso da harpia, são ferramentas fundamentais para a gestão de uma unidade de conservação. Eles ajudam a interpretar o ambiente e a direcionar as ações prioritárias para o cumprimento do objetivo maior de qualquer área protegida: a conservação de seus ecossistemas.

A descoberta e o monitoramento desses dois ninhos já nos impõem algumas questões, como a necessidade de se restringir o uso das áreas de nidificação, desde a preservação das árvores usadas para sua construção até a proteção do território dos casais de harpia.

Environmental Analyst for ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Chico Mendes Institute for Biodiversity Conservation)

Head of the Carajás National Forest

It was with great honor that I accepted the invitation to participate in this book of wonderful pictures, which crowns the work on the Harpy, one of the species I admire the most. And before all, I leave the reader an invitation: Come visit the Carajás National Forest. It owns an indescribable beauty, an immense diversity of plants and animals, and it is the landscape in most of the pictures in this book.

The Carajás National Forest is an area of 400 thousand hectares (988.4 acres) of protected land and significant sample of Amazonian biodiversity. The forest borders four other preserved areas as well as an indigenous reserve. This mosaic of protected areas, within a one-million-hectare area of continuous rainforest, has become the biggest remaining preserved ecosystem in southern and southeastern Pará. For the great anthropogenic pressure in this part of Brazil, Carajás National Forest became shelter for several species of the rare and endangered fauna and flora.

Queen

Among the more than 600 bird species already catalogued in Carajás, one can find the largest Brazilian eagle, the Harpy Eagle. The first accounts of seeing this species have been reported in the region since the first time there was a published list of birds. Two nests have recently been discovered – both with couples actively reproductive –indicating environmental protection. A preserved area is the primary requirement for the couple’s choice of a growing tree that will provide them with a good view of the whole forest. A good vista will allow them collect sticks for nest maintenance and mainly hunt in a defined territory, ensuring the survival of future generations.

Studies of bioindicators, such as the Harpy Eagle, are fundamental tools for the management of a conservation unit. They help interpret the environment and direct priority actions for achieving the ultimate goal of any protected area: The conservation of their ecosystems. The finding and monitoring of these two nests raise some questions, such as the need to restrict the use of nesting areas, ranging from protection of the trees used for its construction to protection of the territory of the Harpy couples.

The Canopy
Frederico Drumond Martins

Conscientização e união

A beleza e a imponência dessa águia colaboram imensamente para despertar o interesse em conhecer e preservar a nossa biodiversidade. Neste sentido, a educação ambiental tem sido um instrumento de suma importância para a conscientização da comunidade residente no entorno da floresta. Os registros visuais e as informações adquiridas a partir do monitoramento dos ninhos têm sido divulgados em mostras científicas, semanas temáticas, palestras em escolas e trabalhos voltados para a comunidade, despertando a consciência dos vizinhos da floresta para a importância da preservação ambiental.

A descoberta do primeiro ninho impulsionou o nascimento de uma forte parceria para a proteção desta espécie. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão gestor, abriu as portas para o Programa de Conservação do Gavião Real, dando todo o apoio para a Floresta Nacional de Carajás se tornar um importante núcleo de estudo da harpia. A mineradora VALE, empresa com responsabilidade ambiental, abraçou o programa, garantindo os recursos necessários para que as pesquisas e os registros visuais possam ser compartilhados com a sociedade. O Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA), instituição especializada na região, coordena as atividades em Carajás, trazendo toda sua experiência para plantar nesta floresta uma semente que já começa a gerar frutos.

O segundo ninho encontrado fortaleceu ainda mais essa parceria, estimulando cada instituição a refletir sobre seu papel para conter a ação predatória do ser humano, especialmente o desmatamento e a substituição da floresta por paisagens que não permitem a preservação da biodiversidade. Com a união e o trabalho de todas as instituições envolvidas no projeto, abre-se agora um novo horizonte para buscarmos, com realismo e maturidade, a conservação da harpia no Brasil.

Awareness and union

The beauty and grandeur of the Harpy Eagle promotes the interest in knowing and preserving our biodiversity. Thus being the environmental education such an important tool to raise awareness of the surrounding forests dwellers. The accounts and information acquired from monitoring the nests have been shown in science fairs, academic lectures, and social works. These actions have raised awareness of the forest’s neighbors for the importance of environmental protection.

The discovery of the first nest incited a strong partnership for the protection of these species. Chico Mendes Institute for Biodiversity Conservation (ICMBio), paved the way to the Harpy Eagle Protection Program by supporting the Carajás National Forest in becoming an important area in the studies of the Harpy. The mining company Vale, an environmental responsible company, has embraced the program providing necessary resources for sharing research and visual records. The National Institute for Amazonian Research (INPA), a specialized institution in the region, coordinates activities in Carajás. With all its experience in this forest it is planting a seed that is already beginning to bear fruits.

The second nest found further strengthened this partnership. The finding encouraged each institution to reflect on their role in controlling human predatory activities, particularly deforestation and replacement of forests in landscapes that do not allow preservation of biodiversity. Group work among the institutions involved in this project will open up, with realism and maturity, new ways toward the protection of the Harpy Eagle in Brazil.

Apesar do grande porte – pode alcançar 2,2 m – a harpia demonstra graça e habilidade na chegada ao ninho. Carajás, Pará Despite its large size that can reach 2.2 m (7.2 feet) the harpy shows grace and skill when landing at the nest. Carajás, Pará

Na pequena clareira em meio à floresta, o alojamento às margens do rio Águas Claras é um dos principais pontos de apoio para os pesquisadores. Eles aproveitam essas estruturas, que foram construídas inicialmente para abrigar equipes de prospecção mineral. Carajás, Pará In the small clearing amid the forest, the housing by the Águas Claras River serves as one of the main bases for the researchers. They fully utilize the structure, which has initially been built to house mineral exploration teams. Carajás, Pará

Aos 4 meses de idade, o filhote do ninho localizado no Igarapé

Bahia já exibe seu penacho. Carajás, Pará In the nest in Igarapé

Bahia, the four-month old nestling already displays its plumage. Carajás, Pará

A população local ajuda a encontrar e a monitorar ninhos. Estes folheiros de jaborandi auxiliam os pesquisadores em campo, buscando novos ninhos enquanto trabalham na floresta.

Carajás, Pará The local people help find and monitor nests. In the field these jaborandi reapers assist researchers looking for new nests while working in the forest. Carajás, Pará

A presa levada pelo macho alimentará o filhote de apenas um mês e a fêmea. Durante os dois primeiros meses a mãe permanece sempre próxima ao ninho, e somente o macho caça. Carajás, Pará The prey taken by the male will feed the female and the one-month-old nestling. Until the nestling reaches two months of age the mother remains close to the nest and only the male hunts. Carajás, Pará

O avanço das fronteiras agropecuárias é uma das maiores ameaças à espécie. Na imagem, observa-se a pastagem avançando até o rio Parauapebas, fronteira natural da Floresta Nacional de Carajás The expansion of farming is one of the biggest threats to the species. In the picture, there is a pasture land moving towards the Parauapebas River, natural border of the Carajás National Forest

A bióloga Helena Aguiar coleta dados sobre a alimentação da espécie. Sua tese de mestrado, realizada em Parintins, mostrou que 99% das espécies predadas eram arborícolas. Os bugios (à direita) fazem parte dessa dieta The biologist Helena Aguiar collects data on the eating habits of the species. Her master’s thesis, written in Parintins, argues 99 percent of the harpy’s prey is arboreal. On the right side of the picture, the howler monkey, also known as Bugio, is part of its diet

Bahia, em Porto Seguro
The biologist Benjamim da Luz analyzes
first harpy nest found in Bahia, Porto Seguro

Parte de floresta de terra firme queimada em Parintins, Amazonas. Um dos maiores desafios dos pesquisadores é conseguir coletar dados sobre o habitat das harpias mais rapidamente do que a derrubada das matas Part of a forest land burned in Parintins, Amazonas. Collecting data on the harpy’s habitat before the deforesting is one of the major challenges of researchers

Esta harpia, reintroduzida no Parque Nacional do Pau Brasil, atingiu 2,1m de envergadura. A espécie pode chegar aos 2,2m This harpy, after being reintroduced to the Pau Brazil National Park, reached a 2,1m (6.8 feet) wingspan. This species can reach 2,2m (7.2 feet)

Fragmentos de penas são coletados para estudo genético da espécie. A ideia é relacionar diferenças e congruências entre populações de harpias da Mata Atlântica e da Amazônia. Museu de Ciências Naturais PUC Minas In order to relate differences and consistencies between the harpy population in Amazon and in Atlantic rainforest, feather fragments are collected for genetic studies of the species. Museum of Natural Science, PUC Minas

O biólogo Áureo Banhos utiliza amostras coletadas em cativeiro e em ambiente selvagem. O pesquisador também se vale das coleções de museus para obter melhores parâmetros e variedade de indivíduos. Museu de Ciências Naturais PUC Minas Biologist and researcher Áureo Banhos uses samples collected in captivity and in the wild. Banhos also draws on the museum collections in order to obtain better parameters and variety of individuals. Museum of Natural Sciences, PUC Minas

Sobre"o"autor

Em fevereiro de 2006, um ensaio sobre as harpias publicado em National Geographic Brasil foi o primeiro registro, na imprensa, do precioso trabalho realizado por João Marcos Rosa com a maior ave de rapina das Américas, que culmina agora na publicação deste livro pioneiro.

A ideia da documentação dessa espécie extraordinária, a Harpia harpyja, surgiu em 2004. Quando, em Parintins (AM), João foi apresentado aos gaviões-reais, um barulho de moto serras nas proximidades dos ninhos já alertava: era preciso mostrar que a ave, apesar da aparência tão imponente, estava vulnerável, exposta ao desatino do desmatamento das florestas, seu habitat.

No início da carreira, João atuou como assistente de Araquém Alcântara, figura de proa da fotografia ambiental no Brasil há mais de 30 anos. Deste, João herdou a importância do uso da luz natural e certa veia poética para compor retratos da fauna. Mas, em um aspecto fundamental, João foi além: o da diversidade dos registros de comportamento animal, como este livro tão bem atesta.

Foram dezenas de viagens para o Pará, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Bahia e Venezuela – milhares de horas a pé, de avião, barco, canoa, carro, balsa, helicóptero. Assim como nas reportagens de National Geographic, que pregam uma imersão do fotógrafo no ambiente e no cotidiano da espécie – seja um urso polar ou uma formiga –, João teve de tirar os pés do chão, literalmente. Aprendeu a escalar as árvores para chegar aos ninhos. Encarou um antigo medo de altura (que, segundo ele, ainda persiste) para enxergar a vida das harpias pelo ângulo delas: do alto.

Na Amazônia e na Mata Atlântica, ele obteve flagrantes inéditos de harpias procurando caça, exibindo a envergadura de suas asas em voos plenos, protegendo seus ninhos, alimentando filhotes. Tornou-se marcante o instante da jornada pioneira a Parintins, em que ele não conseguiu acionar sua câmara, atônito diante da beleza do bicho imenso de asas rajadas cruzando o céu. Com as mãos trêmulas, segundos depois pôde enfim fazer a imagem da ave pousada na árvore com a presa nas garras. E, ao buscar um equilíbrio entre registro de vida selvagem e ciência, seu trabalho avançou rumo ao dia a dia dos pesquisadores no campo, nos laboratórios e nas iniciativas de procriação em cativeiro.

Os momentos mais especiais de sua longa jornada certamente ocorreram na Floresta Nacional de Carajás (PA), em 2009. Uma plataforma construída sobre uma castanheira, a 35 metros do solo, lhe deu a chance de acompanhar a cópula de um casal de harpia, a incubação do ovo, o nascimento do filhote e o seu desenvolvimento. A história dessa ave de Carajás é simbólica: conforme nos contam as fotos de João Marcos Rosa, a vida se renova para as harpias no Brasil, felizmente, e este livro é um alento para a conservação da espécie.

About"the"author"

In February 2006, an essay on the harpies published in National Geographic Brazil was the first publication about João Marcos Rosa’s valuable work on the largest bird of prey in the Americas. It now culminates in the publication of this groundbreaking book.

The idea of documenting this extraordinary species, the Harpy harpyja, arose in 2004. When João was introduced to the harpy in Parintins (AM), the sound of chain saws next to the eagle’s nests warned him: It was necessary to show that the bird, despite being apparently imposing, was vulnerable and exposed to the folly of its habitat deforestation.

Early in his career, João served as assistant to Araquém Alcântara who has been for over 30 years an important figure in environmental photography in Brazil. João inherited from him knowledge in using natural light and certain poetic vein to compose pictures of wildlife. Nevertheless, in an underlying aspect, the diversity of animals’ behavior, João went further. This book attests that.

He traveled dozens of times to the Pará, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Bahia and Venezuela – he spent thousands of hours either on a plane, boat, canoe, ferry, helicopter, walking, or in a car. As done for the National Geographic magazine, which preaches the total immersion of the photographer into the environment of the species – whether it’s a polar bear or an ant – João had to literally get off the ground. He learned to climb trees to reach nests. He faced an old fear of heights (he says it still exists) to see the harpy’s life from its angle: the top.

In the Amazon and in the Atlantic rainforest, he caught unseen images of the harpies hunting, showing their wingspan in full flights, protecting their nests, and feeding their nestlings. During his journey to Parintins, he had a remarkable moment when amazed at the beauty of the enormous animal crossing the sky he couldn’t trigger his camera. With trembling hands, a few seconds later he could finally catch the image of the bird landing on the tree with a prey in its claws. And, seeking a balance between wildlife records and science, his work progressed toward recording the daily life of researchers in the field, in laboratories, and the efforts of captive breeding.

The most special moments of his long journey has certainly happened in the Carajás National Forest (PA) in 2009. From a 35m tall platform (114.8 feet) built on a chestnut tree he could follow the copulation of a couple of harpies, the hatch of an egg, the birth and development of the nestling. The history of this bird of Carajás is symbolic: As João Marcos Rosa’s pictures show us, fortunately, life is renewed for the harpies in Brazil, and this book is an encouragement for the preservation of the species.

Senior Editor - National Geographic Brazil

De
fotógrafo João Marcos Rosa registra o cotidiano de um ninho. Carajás, Pará.
(FOTO: Marcus Canuto / SOS Falconiformes) From a 131.2 feet
Marcos Rosa
nest. Carajás, Pará. (Photo: Marcus Canuto / SOS Falconiformes)

Bahia: Carlos André, Catão, Davi, Delgado, Denise, Eduarda, Fernando Brutto, Gil, Jaílson, Lígia, Manoel, Olândia, Rafael, Raquel, Sandro, Sara, Sérgio e Valdemir

Bonito: Adílio, Alexandre, Faete e Nelson Chemin

Carajás: Aline, Borges, Deuzimar, Duarte, Edna, Ezaú, Fernanda, Figueiredo, Fred Drumond, Jardel, Joãozinho, Josiel, Mesquita, Nívea, Nonato, Roberto, Renilson e Seu Manoel

Manacapuru: Dunga, Peruano e comunidades do Lago do Cururu

Manaus: Adnes, Áureo, Benjamin, Capitão Ferreira, Dica, Helena, Ivan, Júlio, Marcelo, Olivier e Tânia

Minas Gerais: Bete, Bruno, Cadu, Canuto, Carol, Daniel, Eduardo, Geer Scheres, Gislene, Gustavo, James Simpson, Jorge , Leo, Marcus, Nidin e Roberto Azeredo.

National Geographic Brasil: Cris Catussatto, Cris Veit, Felipe Milanez , Karen Pegorari, Matthew Shirts, Ronaldo Ribeiro e Roberto Sakai

Parintins: Domingos, Seu Paraná e comunidades da Vila Amazônia

Vale: André, Alexandre Castilho, Eduardo, Fernanda Magalhães, Jeovanis, João Carlos Magalhães, José Carlos Martins, Karla Melo, Luiz Batista, Paulo Bueno, Regina e Sérgio

Venezuela: Blás e família, Fernando Juaregui, Pilar Alexander Blanco e Roger

APOIO

CRAX Brasil - Sociedade de Pesquisa do Manejo e da Reprodução da Fauna Silvestre

FUNPZA - Fundación Nacional de Parques y Acuarios de Venezuela

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

National Geographic Brasil

SOS Falconiformes

Veracel

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