Lisboa - cultural, criativa e fascinante

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Turismo, ar te e conhecimento 31

Lisboa

cultural, criativa e fascinante


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Editorial A idade nos trazer maturidade, sabedoria, amplia a nossa consciência. Começamos a nos atentar a mais detalhes e, ao mesmo tempo, no que realmente importa. Ficamos mais saudosos, mais cautelosos, mais calmos e nos sentimos mais tocados pelas boas histórias, músicas... Passamos a valorizar mais as atitudes de afeto e a solidariedade. Assim compreendo Lisboa. Uma cidade com tanta história, com tantos de dias de glória e muitos de luta. Guerras, terremoto, crises econômicas, o que os abala, parece que os fazem crescer ainda mais. Lisboa está madura, mais sabia e criativa. Sua arquitetura está sempre se renovando, a atmosfera de suas ruas continua a atrair centenas de jovens artistas e, a cada ano, mais e mais turistas interessados, não somente em suas belezas naturais, mas na sabedoria de vida que seu povo sabe compartilhar. Entenda Lisboa, boa leitura!

16 Conselho Editorial Ana Lucia F. dos Santos, Célio Emerique, Eduardo Hentschel, Evellyn Alves, Luigi Longo, Márcio Alves, Mário Zelic , Ricardo Martins, Renata Weber, Roberto Turrubia, Thabata Alves e Thiago de Andrade Foto Capa Márcio Masulino CIDADEeCULTURA.com LISBOA é uma publicação do Coletivo Cultural CidadeeCultura com apoio técnico da KM Marketing Cultural CONHEÇA NOSSO SITE - www.cidadeecultura.com

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Índice

46 Fauna Diversidade de espécies

48 Pássaros

06 História

Lugares para observação

Lisboa, cidade do mundo

50 Flora

14 Naufrágios

Espécies atlânticas, mediterrânias...

A força do mar

54 Praias 16 Museus

Capital européia com praias atlânticas

Guardiões do saber

56 Oceanário/Jardim Zoológico

22 Turismo Religioso

Tradição no estudo e pesquisa animal

Templos de amor e fé

60 Aromas e Sabores

30 Arte nas ruas

Sabores que vem do mar e da terra

Arte na alma e o palco nas ruas

68 Bairros Históricos

32 Literatura A beleza do nosso idioma

Em cada bairro, uma Lisboa diferente

34 Arquitetura

76 Sintra

Desafios vencidos pela criação humana

A beleza suntuosa de Sintra

38 Castelo de São Jorge

86 Cascais/Estoril

Dos dois lados da História

A Riviera portuguesa

42 Meio Ambiente

90 Almada/Mafra

Paraísos protegidos

Cristo Rei e o Palácio Nacional de Mafra

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Fotos Arquivo Municipal de Lisboa

Linha do Tempo

1930 - funeral do ministro da Alemanha

1878 -Mosteiro dos Jerónimos, desmoronamento da torre central

Entre 1898 e 1908 - Travessa do Olival a Santos

• Primeiros habitantes

Período Neolítico

Ocupação romana

Invasão Moura

Século I 714

Reconquista por D. Afonso Henriques

Elevação à capital do Reino

1147 1385


Lisboa

4 1912 - Rua Garret

1919 - Cais de Belém

Grandes navegações

1481

1927 - Antigo Largo da Cantina Escolar

O grande terremoto

Golpe Militar e início da Ditadura

1755 1926

Revolução dos Cravos

1974

Membro da União Europeia

1986

2020


História

Lisboa, cidade do mundo ESCREVER SOBRE UMA CAPITAL DE UM PAÍS que já foi um dos maiores impérios da história da humanidade não é uma tarefa fácil. Principalmente quando esta começou a ser habitada bem antes de Cristo. Com muitas invasões e influências de tantos povos, conseguir, em poucas páginas contemplar todas as passagens históricas é impossível. Portanto, escreveremos aqui apenas os fatos que foram mais decisivos na trajetória social e econômica de Lisboa. Cosmopolita, Lisboa tem sua história sempre ligada ao mar por sua posição estratégica na foz do rio Tejo. Tanto é que foram inúmeros nomes dados a ela por várias civilizações que aqui permaneceram ao longo dos séculos. Teorias e estudos não faltam para esclarecer a etimologia correta de seu nome. Muitos pesquisadores apontam que o primeiro nome dado a Lisboa foi Olisipo, porém não há um consenso sobre quem ou quando foi 06 cidadeeecultura.com

nomeada. Alguns declinam para a teoria dos fenícios, outros para Ulisses, outros para Júlio César e outros a dos visigodos. Porém, Lisboa vem de al-Lixbûnâ, nome dado pelos mouros, quando da invasão muçulmana. Lisboa começou a ser habitada já no período Neolítico, o que é demonstrado por meio dos vários monumentos megalíticos que podem ser vistos ao redor da cidade. De lá para cá, muitos povos se estabeleceram na região como os celtas, fenícios (somente para o comércio de sal, pescados e os conhecidos cavalos lusitanos), os púnicos, romanos e mouros. No caso dos romanos, a região era tão estratégica, que a então Olisipo foi elevada à categoria de cidade romana, que no caso era uma nomeação importantíssima dentro das leis do Império Romano, pois as áreas designadas como cidade, não pagavam impostos à Roma, o que quer dizer que aqui era uma região altamente rentável aos cofres


REPRODUÇÃO

AUTOR DESCONHECIDO SÉC XVII ÓLEO SOBRE TELA

A lenda de Olisipo e Ulisses

do Império apenas pela quantidade de mercadorias que circulavam em seu porto. Um dos vestígios ainda possíveis de conhecer são as Ruínas do Teatro de Olisipo datado do século I. Com a decadência do Império Romano, os povos bárbaros invadiram a cidade até a invasão dos mulçumanos em 714. Um belo exemplar dessa dominação é o Castelo de São Jorge. A reconquista se deu somente em 1147, pelas mãos dos cristãos. Em 1385, Lisboa torna-se capital do Reino. GRANDES NAVEGAÇÕES Se há algum país que redesenhou o mapa mundial, esse país foi Portugal. Com sua ancestralidade marítima, o sal do mar nas mentes e corações, esse povo foi, nos séculos XV e XVI, o mais ousado, destemido e desbravador do até então desconhecido Oceano Atlântico. E toda essa transformação se deu pelas mãos de D. João II, quando subiu ao trono em 1481 e fez de seu reino um centro tecnológico na área naval. Para avançar nas pesquisas náuticas, D. João II trouxe muitos estudiosos de regiões da Itália, da

Essa lenda se refere ao início da cidade de Lisboa e como ela nasceu. O herói grego Ulisses, após o término da Guerra de Tróia, navegou além das Colunas de Hércules, situadas no Estreito de Gibraltar, e subiu até a foz do rio Tejo. Ali, encontrou o reino de Ufiusa. Deslumbrado pela beleza local, Ulisses bradou para seus homens que ali iria fundar a cidade mais bela do mundo e a chamaria de Ulisseia. Porém não foi fácil. Seus homens morriam por picadas de serpentes que sorrateiramente os atacavam. Mas Ulisses insistia em construir sua cidade. E, por essa insistência e bravura, a rainha de Ufiusa, uma mulher metade serpente, finalmente deixou mostrar-se para aquele destemido desbravador. Apaixonada, a rainha fez uma proposta a Ulisses: ele poderia construir a sua cidade desde que ficasse ali para sempre. Ulisses concordou, não com palavras, mas apenas com um gesto. Com a cidade já lindamente construída, Ulisses queria e precisava voltar para a sua esposa e traçou um plano para fugir. Em uma noite, Ulisses iria passear, ao luar, com a rainha, e a ludibriou enviando um de seus homens no seu lugar, assim poderia escapar em um barco. Quando a rainha descobriu que foi enganada, gritou enraivecida e envenenou o “sósia” de Ulisses com sua picada. Do alto de sua montanha, a rainha desceu até o porto para alcançar seu amado, e sua força foi tão grande, que conseguiu modelar a única montanha em sete, pelo serpentear de seu corpo, e veio a falecer por tamanho esforço. Sem sua rainha, as serpentes foram embora, mas os homens de Ulisses permaneceram e a chamaram de Olisipo.

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História

Alegoria ao Terramoto de 1755, João Glama Strobërle. O pintor português nascido em Lisboa testemunhou o terremoto

Alemanha, da Catalunha, de Aragão e também do Oriente. Nas primeiras viagens foram descobertos os arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias. Contornaram o Cabo das Tormentas (Cabo da Boa Esperança); chegaram à América do Sul e Ásia. Em todos os territórios conquistados instalou feitorias e explorou as riquezas disponíveis, escravos, especiarias, ouro e prata, elevando assim Portugal ao maior centro comercial do Ocidente. Dominou os mares e conseguiu fundar um enorme Império. Porém, tudo o que explorou de suas colônias eram produtos que serviam como matéria-prima básica, enquanto outros reinos, como o Britânico, apostaram no uso da tecnologia para produção de produtos manufaturados. Assim sendo, Portugal decaiu frente ao desenvolvimento dessas novas tecnologias. Além das dificuldades econômicas e as constantes ameaças da Espanha, Lisboa sofre um grande abalo: o terremoto de 1755. TERREMOTO DE 1755 Depois da reconquista em 1640 do trono português que estava em poder da Espanha, Lisboa torna-se um centro religioso contando em sua área cerca de setenta conventos. A consequência dessa concentração de

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templos religiosos foi um conservadorismo desmedido, além da mácula da Inquisição que a transformou, no que antes uma capital cosmopolita e aberta, a uma capital fechada e autoritária, onde o braço forte da perseguição tirou a liberdade de trabalho e de culto a outra fé, prendendo ou afugentando os “diferentes”. Esse período tenebroso foi testemunha de outra catástrofe, só que natural: o Terremoto de 1755. Considerado um dos terremotos mais devastadores da história, calcula-se de 8,7 a 9 na Escala Richter e seguido de um maremoto com um tsunami de mais ou menos 20 metros de altura. Nunca uma capital da Europa sofreu tantos danos com catástrofes naturais. O terremoto aconteceu no dia de Todos os Santos, em 1° de novembro de 1755. As pessoas estavam, em sua maioria, nas muitas igrejas de Lisboa que conclamavam os fieis às missas de um dia tão sagrado. Em sinal do que estava a vir, um forte ruído subterrâneo foi o início do que muitos chamaram o evento de “o mal está na terra”, seguido de um movimento no chão que simplesmente ruiu praticamente todas as estruturas das edificações. Lisboa estava em ruínas, repleta de pessoas absortas, feridas e mortas. A partir daí, houveram incêndios por toda a capital, assombrando ainda mais os moradores. Aos que


IMPÉRIO PORTUGUÊS Apesar de Portugal nunca ter se autodenominado como um Império, sua dominação abrangeu quase todos os continentes, começando com a conquista de Ceuta, em 1415, e perdurou até a devolução de Macau para a China em 1999. Conquistas: Espanha (Ceuta de 1415 a 1640); Marrocos (Alcácer-Ceguer de 1458 a 1550); Mauritânia (Arguim de 1461 a 1633); Cabo Verde (de 1462 a 1975); São Tomé e Príncipe (1470 a 1975); Marrocos (Arzila de 1471 a 1589); Marrocos (Tânger de 1471 a 1661); Guiné Equatorial (Ano Bom de 1474 a 1778); Fernando Pó (Guiné Equatorial de 1474 a 1778); Mauritânia (Ouadane de 1487 até o século XVI); Gana (São Jorge da Mina de 1482 a 1642); Brasil (de 1500 a 1822); Índia (Índia Portuguesa de 1500 a 1961); Moçambique (de 1501 a 1975); Tanzânia (Zanzibar de 1503 a 1698); Tanzânia (Quiloa de 1505 a 1512); Marrocos (Santa Cruz do Cabo Gué de 1505 a 1541); Marrocos (Aguz de 1506 a 1525); Marrocos (Mogador de 1506 a 1510); Iêmen (Socotorá de 1506 a 1512); Omã (Mascate de 1507 a 1650);

ainda estavam de pé, puderam assistir as águas da foz do rio Tejo sumirem e depois sucumbiram ao violento tsunami que assolou ainda mais a já devastada cidade. Nunca houve consenso sobre o número oficial de mortos, tamanha a catástrofe. Sua reconstrução foi liderada por Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. INVASÃO NAPOLEÔNICA Com as vitórias sucessivas das tropas de Napoleão Bonaparte no território europeu, Portugal, até então um reino neutro, deparou-se com a determinação de Bonaparte em fechar os portos portugueses, principalmente para barrar o comércio com os ingleses, prendê-los e confiscar seus bens. Por sua parte, os ingleses traçaram um plano para transferir a Família Real portuguesa para o Brasil e combater com o exército português, as tropas franco-espanholas. Mesmo com o trono de Portugal vazio, portugueses e ingleses conseguiram expulsar os franceses do país em 1811. Logicamente que esse período foi complicado para o Rei D. João VI que teve parte dos bens da coroa confiscados assim como os dos fidalgos que o acompanharam para a colônia.

Marrocos (Safim de 1508 a 1541); Malásia (Malaca de 1511 a 1641); Indonésia (Macassar de 1512 a 1665); Marrocos (Mazagã de 1514 a 1769); Irã (Ormuz de 1515 a 1622); Sri Lanka (Ceilão de 1518 a 1658); Índia (Coulão de 1518 a 1661); Índia (Paliacate de 1518 a 1610); Indonésia (Ternate de 1522 a 1575); Marrocos (Azamor de 1523 a 1541); Timor Leste (de 1533 a 2002); Índia (Bombaim de 1534 a 1661); China (Macau de 1553 a 1999); Gana (Acra de 1557 a 1578); Angola (de 1575 a 1975); Indonésia (Tidore de 1578 a 1605); Guiné-Bissau (Cacheu de 1588 a 1974); Quênia (Mombaça de 1593 a 1729); Índia (Masulipatão de 1598 a 1610); Irã (Queixome de 1621 a 1622); Senegal (Ziguinchor de 1645 a 1888); Uruguai (Colônia do Sacramento de 1680 a 1777); Benim (São João Baptista de Ajudá de 1680 a 1961); Guiana (França de 1809 a 1817); Guiné-Bissau (Guiné Portuguesa de 1879 a 1974); e Marrocos (Protetorado Internacional de Tânger de 1923 a 1956).

QUEDA DA MONARQUIA Após o conturbado período em que a Família Real permaneceu no Brasil, Lisboa viveu uma época de muita cultura e vida social. O fado, cantado em vários clubes era a música da moda. Até que em 1910, em um golpe de estado, o último rei, D. Manuel II cai e a república é o novo regime político de Portugal. As motivações do Partido Republicano Português em destituir a monarquia foram: grandes gastos com a Família Real, a dominação dos projetos ingleses nas colônias portuguesas, a influência da Igreja e a ditadura do então Presidente do Conselho, João Franco.

DINASTIAS PORTUGUESAS O período monárquico português compreendeu entre 1096 a 1910. As dinastias foram: de Borgonha (1096 a 1383); de Avis (1382 a 1581); de Habsburgo (1581 a 1640) aqui os espanhóis estavam no poder; de Bragança (1640 a 1836); e de Casa de Bragança-Saxe-Coburgo e Gotha (1836 a 1910).

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História

Soldados portugueses na Frente de Combate na Flandres Francesa

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL Entre 1878 e 1911, Lisboa duplicou sua população (um pouco menos que o total de todos os habitantes de Portugal). Avenidas foram abertas e a modernização chegou, entretanto parte de seus habitantes sofriam ainda com a falta de infraestrutura que não crescia concomitantemente. Com a Primeira Guerra Mundial em curso, Lisboa sofre com o desabastecimento de alimentos, inflação descontrolada e desemprego. Portugal entrou na guerra, pois o Eixo visava dominar as colônias portuguesas: Angola e Moçambique. Junto aos Aliados, Portugal combateu na frente da região de Flandres, Bélgica, onde sofreu muitas baixas no ataque alemão de abril de 1918. GRIPE ESPANHOLA A Gripe Espanhola, também chamada de Gripe Pneumônica, entrou em Lisboa em 1918, matando, em todo o território português, entre 50 a 100 mil pessoas, mais que todos os portugueses que morreram na Primeira Guerra Mundial. Lisboa, como qualquer cidade da época, não possuía um sistema de saúde e funerário capazes de suprir os acometidos pela influenza. Assim, a capital sofreu as consequências de mais uma catástrofe dentro de seus limites.

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SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Lisboa teve papel fundamental nos rumos da Segunda Guerra Mundial graças a uma rede de espionagem e contraespionagem em seu território. Apesar da preferência aos ideais nazistas, o ditador português Antônio de Oliveira Salazar, respeitou o compromisso com a Inglaterra e permaneceu neutro no conflito. Porém, graças ao único porto europeu aberto, Lisboa tornou-se centro de atividades de informações de todos os lados e muitos espiões se concentraram aqui pela segurança e oportunidade de contatos com pessoas de várias nacionalidades. Alguns exemplos: segundo historiadores, no fatídico Dia D, a invasão dos Aliados no norte europeu, o agente duplo espanhol Juan Pujol Garcia, passou informações erradas para as tropas de Hitler, que concentrou seus exércitos em Pas-de-Calais, deixando menos fortificadas outras áreas da Normandia; e o iugoslavo Dusko Popov (conseguiu a informação da iminência do ataque a Pearl Harbor, mas foi desacreditado pelo FBI), que pode ter sido a inspiração de Ian Fleming para o personagem James Bond - 007. Fleming também passou por Lisboa, incumbido de investigar as ações de Francisco Franco, ditador espanhol.


Ilustração de Carlos Alberto Santos, pintor português que retratou como poucos a história e a cultura do país.

UNIÃO EUROPEIA Em 1986, Portugal entra para a União Europeia, e, na Zona do Euro, em 1999. Com uma democracia consolidada, Lisboa é uma das mais belas capitais da Europa e a que menos desigualdade social possui. Sua rica história está preservada nas ruas antigas e em seus monumentos. Uma das capitais mais visitadas, é refúgio de artistas e da alta sociedade. Suas especificidades a tornam um destino dos mais atrativos. A sempre ensolarada Lisboa é sinônimo de cultura, lazer e bom acolhimento aos que desejam conhecê-la em todas as suas nuances.

USA REISE BLOGGER

REVOLUÇÃO DOS CRAVOS Em 1926, com o golpe militar, Portugal viveu uma ditadura tendo como ícone, Antônio de Oliveira Salazar, entre os anos de 1932 e 1964 (afastado por um derrame cerebral), onde seus ideais eram inspirados no fascismo italiano. Com uma nova Constituição, na qual suprimia direitos e liberdades, Salazar foi um forte oponente da independência das colônias africanas, como Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Guiné-Bissau, tendo como consequências a formação de guerrilhas nos estados africanos. Seu sucessor foi Marcelo Caetano, que prosseguiu com a mesma política de seu antecessor. Os conflitos nas colônias africanas aumentaram, causando um gasto enorme do erário público, e o descontentamento das Forças Armadas e da população em geral culminou em uma revolução no dia 25 de abril de 1974, denominada Revolução dos Cravos. Em consequência, Marcelo Caetano foi deposto e se exilou no Brasil. Subiu ao poder o general António de Spínola. Em comemoração à vitória, cravos foram distribuídos aos que lutaram contra a ditadura. Em 1976, o Primeiro Governo Constitucional de Portugal foi instituído.

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Imagens Fundação Calouste Gulbenkian

História

Rua Garret

Vendedores de castanhas

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Sé de Lisboa


Largo de São Domingos

Rua do Alecrim

Praça Dom Pedro IV

Largo do Chiado

Praça Marquês de Pombal

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SHUTTERSTOCK

Naufrágios

A força do mar A COSTA PORTUGUESA DESDE A IDADE ANTIGA foi frequentada por muitas civilizações, isso por si só dá uma ampla visão da possibilidade de milhares de navios naufragados. Daqui, partiam e chegavam navios de todas as bandeiras em um intenso comércio de produtos agrícolas, produtos vindos do Brasil, repletos de ouro, especiarias da Índia e até escravos vindos do continente africano. E toda essa movimentação teve seu preço: muitos naufrágios. Pela quantidade de naufrágios, a catalogação de cada um deles, é praticamente impossível. Além da problemática da quantidade, há também a “caça ao tesouro”, praticada até os dias de hoje. Essa prática existe desde sempre. Os navios tinham como carga produtos preciosíssimos como ouro, prata, porcelanas, faianças, pedras preciosas, joias, entre outros. O problema da “caça ao tesouro”, é que não há um critério de preservação do sítio arqueológico e as peças encontradas são diretamente destinadas ao mercado negro. Ou seja, os caçadores encontram o naufrágio, retiram tudo o que podem, até sinos e canhões, e 14 cidadeeecultura.com

deixam apenas restos destruídos e totalmente fora de contexto. O que se sabe é que dentre os milhares navios naufragados, 320 tinham como carga, tesouros. ARQUEOLOGIA SUBAQUÁTICA A localização de um naufrágio não é importante apenas por sua carga. Os locais dos naufrágios desvendam: como aconteceu, por que aconteceu e são indícios vivos de uma micro história dentro de um período mais amplo. Os sítios subaquáticos guardam informações cruciais de magnitude ímpar para contextualizar várias situações, tanto na tecnologia marítima, do cerne do mercantilismo, da capacidade de navegação, de entender os obstáculos geológicos do local e da vida social de uma época, como também da política. Ou seja, por meio da Arqueologia Subaquática, o profissional está apto a desenvolver as técnicas de retiro, de conservação e dar destino histórico ao que foi encontrado. Por isso mesmo, Portugal está criando várias ações para evitar a depredação desse patrimônio e dar destaque e importância necessária, além de


subsídios econômicos e técnicos para esse fim, como o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática. ALGUNS NAUFRÁGIOS:

Nau Nossa Senhora dos Mártires - de bandeira portuguesa, naufragou em 1606, na foz do rio Tejo e tinha como carga pimenta preta. No retorno da Índia, já na costa de Cascais, foi afetada por uma tempestade, quando o capitão Manuel Barreto Rolim tentou entrar no rio Tejo, desgovernada, a nau foi de encontro às rochas onde está o Forte são Julião da Barra. Os restos da nau foi localizada em 1994. Nau Nuestra Señora de la Encarnación – de bandeira espanhola, comandada pelo capitão Pedro Rebolo, vinda de Porto Rico.

já se encontrava em suas cabines e muitos homens trabalhavam no convés. Às 04h30min o paquete foi trespassado pelo esporão do couraçado inglês, Sultan. Em 10 minutos, tudo, literalmente, foi por água abaixo. Não houve tempo de tirar tanto os passageiros como os tripulantes. Dezembro é inverno e as águas geladas tornaram-se enormes armadilhas. Ao todo, 32 pessoas morreram. O que mais chocou, foi a velocidade com que tudo aconteceu e tão próximo da terra. Ao longo dos dias, pipas de vinhos foram achadas nas praias, pedaços de madeira do casco, bagagens e cadáveres. Um desastre que envolveu três nações: Portugal, França e Inglaterra. Por isso, o enterro foi um encontro de diplomatas e representantes das comunidades dos três países, que despertou a curiosidade dos moradores locais.

Nau Nossa Senhora da Conceição – de bandeira portuguesa, naufragou em 1724, próximo ao Cabo da Roca.

LENNY ARAGON

Nau Santa Catarina de Ribamar – de bandeira portuguesa, naufragou em 1635, próximo ao Cabo da Roca. Seu último capitão foi Luís Castanheda de Vasconcelos. Vinda de Goa com mais de 450 passageiros e tripulantes, e apenas 15 sobreviventes, fez desse naufrágio um dos mais vultosos da época. Tartana Notre Dame de Misericorde – de bandeira francesa, naufragou em 1731, próximo ao Cabo da Roca, vinda de Marselha, também vítima de uma forte tempestade. HMS Medusa – de bandeira inglesa, naufragou em 1798, próximo ao Cabo das Rocas, comandado pelo capitão Alexandre Becker, com uma caga de 50 canhões. Vapor Lunefeld – de bandeira inglesa, naufragou em 1871, próximo ao Cabo das Rocas. Sua carga era composta por peças de ferrovias, com destino a Trieste. Ville de Victória – O naufrágio do paquete de bandeira francesa Ville de Victória causou grande comoção na comunidade de Lisboa. No dia 24 de dezembro de 1886, o Ville de Victória era abastecido para logo zarpar em direção ao Rio de Janeiro. A maioria dos passageiros

CABO DA ROCA Talvez o Cabo da Roca seja o local onde mais naufrágios aconteceram na costa portuguesa. Isto se dá pela pelas pedras submersas, denominadas mesas, além das que despontam e ficam invisíveis com forte nevoeiro. Os vestígios oficiais de naufrágios nessa região datam de 1966, quando foi encontrado um canhão com mais de 2 metros de comprimento e 1500 kg, do século XVII.

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Museus

DESSY DIMCHEVA

MATT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia

GuardiĂľes do saber cidadeeecultura.com


JUNTAS

Museu da Eletricidade

Os museus são importantes instrumentos de preservação da memória cultural de um país, pois resgatam, guardam e divulgam seus patrimônios materiais e imateriais. A maneira como as nações cuidam de seus acervos, por si só, já diz muito sobre elas. E neste ponto, na preservação de seus museus, os portugueses mostram mais uma vez a importância que dão à sua história e sua gente. Só na região de Lisboa é possível listar uma centena de museus, dos mais variados temas e relevância, todos organizados, mantidos e bem avaliados. Destacamos alguns deles: MATT - MUSEU DE ARTE, ARQUITETURA E TECNOLOGIA Inaugurado em outubro de 2016, na zona histórica de Belém, o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, nasceu com a proposta de unir e celebrar três processos criativos do ser humano. A forma que imaginamos (arte), como habitamos (arquitetura) e o meio que criamos (tecnologia). Mais do que isso, o espaço se propõe a ser um local de análises críticas, debates, troca de idéias e entendimentos, visando repensar o presente na busca de um futuro cada vez mais alinhado com as necessidades do ecossistema planetário.

pertencente a Fundação EDP (Energias de Portugal), e hoje está integrado ao MATT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, também integrante do patrimônio do Grupo EDP. Com exposições permanentes e temporárias e grandes espaços (didático e lúdico) pode-se apreciar os antigos equipamentos da Central Tejo (responsável pela energia de Lisboa por mais de 40 anos) e as mais novas tendências em energia solar e outras. MUSEU DO DINHEIRO A criação e evolução do dinheiro no mundo, com consequências em Portugal, são apresentadas neste espaço, na Baixa de Lisboa, na antiga igreja São Julião. Com o intuito de atrair diversos públicos, de escolas a famílias inteiras, o museu desenvolveu atividades lúdicas e interessantes, como a possibilidade de se cunhar e imprimir moedas e notas virtuais com o rosto do visitante, observação em microscópio dos detalhes no processo de produção das notas, além das histórias interessantíssimas da produção do dinheiro no mundo.

DIVULGAÇÃO

MUSEU DA ELETRICIDADE Passado, presente e o futuro da energia são mostradas neste espaço que já foi um antigo museu Lisboa e Região


PEDRO BELTRÃO

Museus

Museu Nacional dos Coches

MUSEU DO AZULEJO No antigo edifício do Mosteiro da Madre de Deus, o Museu do Azulejo, se propõe a resgatar, preservar e divulgar este patrimônio imaterial dos portugueses, a criação e produção dos seus famosos azulejos. Pode-se “viajar” pela beleza e originalidade desta arte ao longo do tempo, do século XV aos dias atuais. 18 cidadeeecultura.com

ALTA FALISA

Museu do Azulejo

VITOR OLIVEIRA

MUSEU NACIONAL DOS COCHES Um dos museus mais visitados de Portugal, fica na freguesia (bairro) de Belém e reuni uma coleção singular de carruagens dos séculos XVI a XIX, provenientes da Casa Real Portuguesa, coleções particulares e bens da igreja. Tamanho acervo permite ao visitante acompanhar a evolução deste meio de transporte de tração animal e utilizado pelas cortes europeias. Surpreende a suntuosidade dos coches e a riqueza de detalhes concebidas em suas construções.

Museu Nacional de Arte Antiga


EKSANDR ZYKOV

MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA Este é o museu mais relevante de Portugal quando se trata de arte dos séculos XII a XIX, por reunir em sua coleção pública de arte antiga mais de quarenta mil itens de arte como: pintura, escultura, desenho e artes decorativas europeias, asiáticas e africanas. Muitos decorrentes das relações de Portugal com outros continentes na sequência de seus descobrimentos. Assim como o Museu Nacional dos Coches, é um dos mais visitados da cidade.

MUSEU CALOUSTE GULBENKIAN O industrial armênio e colecionador de arte, Calouste Sarkis Gulbenkian, orientou em testamento a doação de seu acervo à sua fundação, assim como a criação do museu no seu edifício-sede. O museu é dedicado a arte oriental e clássica e a arte europeia. São mais de seis mil peças de arte antiga e moderna, porém o visitante só tem acesso a parte deste acervo, cerca de mil objetos de arte.

Museu Arqueológico do Carmo

GONÇALES RIBEIRO

MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO Um terremoto e um incêndio em 1755, destruiu parcialmente o Convento do Carmo, inaugurado em 1389. Suas ruínas passaram a ter interesse turístico e continuam sendo visitadas desde então. Em 1864, passou a sediar o Museu Arqueológico do Carmo, recebendo, para seu acervo, objetos do Império Romano, cerâmicas pré-colombianas e peças do Egito.

Museu Calouste Gulbenkian

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VITOR OLIVEIRA

Museus

Museu de Marinha

VITOR OLIVEIRA

MUSEU DE MARINHA Na freguesia de Belém, anexo ao Mosteiro dos Jerónimos, é o lugar onde os portugueses homenageiam, com um acervo riquíssimo de peças, seus heróis da navegação e seus descobrimentos. Modelos de navios e embarcações reais, armas, instrumentos de navegação, pinturas, livros, textos e fotografias históricas nos remetem à época de ouro da navegação portuguesa.

Museu do Oriente

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MUSEU DA PÓLVORA NEGRA Durante séculos a fábrica de pólvora foi a força motriz da região de Barcarena. Em 1487 a região já começava a receber ferrarias para a fabricação de armas, mas foi em 1618 que começou a funcionar a fábrica de pólvora negra com seu encerramento em 1988. Hoje, no antigo complexo industrial, podese visitar o Jardim da Caldeira dos Engenhos, o Jardim das Oliveiras, a Praça do Sol, o Pátio do Enxugo, o Edifício das Oficinas a Vapor e o Edifício das Galgas.


MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA O MUHNAC pertence a Universidade de Lisboa e é um espaço voltado à educação, ciência e cultura. O Museu inclui diversos espaços, entre eles o Jardim Botânico, Laboratório, Anfiteatro, Observatório Astronômico e Picadeiro do Colégio dos Nobres.

OLMOZOTT - ISTOCK

Museu Coleção Berardo

VITOR OLIVEIRA

MUSEU COLEÇÃO BERARDO Principal centro de arte moderna e contemporânea de Lisboa, o Museu reúne mais de 900 obras que retratam de maneira didática e singular os movimentos artísticos do século XX até os dias atuais. Salvador Dalí, Picasso, Miró, Marcel Duchamp, Piet Mondrian, Francis Bacon e outros renomados artistas possuem obras expostas aqui.

Museu da Pólvora Negra

MUSEU DO ORIENTE O museu pertence à Fundação Oriente e tem como objetivo manter os vínculos criados com o hemisfério oriental desde a época dos descobrimentos. O espaço contribui para uma harmonização entre Ocidente e Oriente por meio do intercâmbio cultural, conhecimento e arte. Exposições, espetáculos, cursos e conferências, fazem parte da agenda do museu.

VITOR OLIVEIRA

MUSEU NACIONAL DE ETNOLOGIA Na zona do Restelo foi criado, em 1965, um espaço para salvaguardar cerca de meio milhão de espécimes patrimoniais dos povos do mundo todo, não se restringindo a Portugal e antigas colônias. Sua história está intimamente ligada a da antropologia portuguesa.

Museu Nacional da Etnologia

Lisboa e Região


Turismo Religioso

Templos de amor e fé BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA Um dos maiores centros de peregrinação em honra à Virgem Maria. O complexo religioso de Fátima é duas vezes maior que o da Praça São Pedro, no Vaticano, e atrai mais de 7 milhões de fiéis por ano. Está a 120 quilômetros de Lisboa e a 180 km do Porto, 300 metros acima do nível do mar. O nome da cidade tem origem moura, uma vez que Fátima era o nome da filha de Maomé. Até 1917 era uma simples aldeia desconhecida que vivia da agricultura, até que se iniciaram as aparições de Nossa Senhora aos 3 pastorinhos. Daí em diante, o comércio, a hotelaria e o turismo tomaram conta do local, procurando atender à demanda de peregrinos. No local exato da primeira aparição foi erguida uma capelinha e desde então o complexo não parou de crescer. Nos anos 50 foi construída a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, com uma torre de 65 metros de altura, com 62 sinos. Nesta 22 cidadeeecultura.com


FOTOS MÁRCIO MASULINO

basílica neobarroca, estão os túmulos dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto e, desde 2006, o da Irmã Lúcia, transladado do Convento Carmelita de Santa Teresa. Em 2007, em comemoração aos 90 anos das aparições, foi inaugurada a Igreja da Santíssima Trindade, a quarta maior do mundo, com capacidade para receber nada menos do que nove mil pessoas sentadas. Aljustrel é a pequena aldeia onde nasceram as três crianças a quem Nossa Senhora apareceu, em 1917. Lá é possível visitar suas casas. Está próxima de Fátima, assim como a Cova da Iria, o lugar onde Nossa Senhora apareceu cinco vezes aos videntes.

Lisboa e Região


Turismo Religioso

Mosteiro dos Jerónimos ESTAMOS NO SÉCULO XVI, em 1496, no exato momento em que rei D. Manuel I pede à Santa Sé a autorização para construir, às margens do Tejo, um grande mosteiro. O local escolhido já abrigava a igreja de Santa Maria de Belém, onde os marinheiros em viagens eram assistidos pelos monges da Ordem de Cristo, herdeiros dos templários em Portugal. O rei viabilizou a obra com recursos provenientes do comércio com a África e o Oriente, escolheu a matériaprima a ser utilizada, o calcário de lioz (pedra) que é encontrado em abundância em Lisboa e região, mas infelizmente, o rei não estava presente no final da obra, cem anos depois. ESTILO MANUELINO O Mosteiro é considerado o exemplo mais emblemático do estilo manuelino, também chamado de gótico 24 cidadeeecultura.com

português e, apesar de ter começado no reinado de seu primo D. João II, recebeu a referência ao nome de Manuel por ter sido fortemente influenciado pela personalidade e aspirações deste. Exuberância de formas e uma forte interpretação simbólica marcam o estilo. Houve então uma euforia construtiva que ajudou a conceber belas construções portuguesas: Torre de Belém, capelas do Mosteiro da Batalha (inacabadas), igreja do Convento de Cristo em Tomar e o claustro do Mosteiro de Alcobaça. No Brasil, os Gabinetes Portugueses de Leitura (Rio de Janeiro e Salvador) e o Centro Português em Santos são exemplos de prédios neomanuelinos. SÃO JERÓNIMO A ocupação do Mosteiro foi dada aos monges da Ordem de São Jerónimo, com funções claras como rezar pela alma do rei e guardar pela espiritualidade


FOTOS MÁRCIO MASULINO

Pátio interno

Pátio interno

CURIOSIDADES

dos navegantes que dali partiam para terras distantes. Os monges adotaram hábitos brancos e escapulários castanhos. Espelhavam-se em Santo Agostinho pelos seus princípios e vivência em comunidade. Orações distribuídas ao longo do dia, jejum, abstinência de carne, penitências, devoção em silêncio e estudo da música sacra faziam parte da cultura da Ordem. A Ordem permaneceu no local até 1833, quando foram fechados os conventos e mosteiros de Portugal, em função da revolução liberal iniciada quatorze anos antes.

- O Mosteiro dos Jerónimos cumpria a função de jazigo real e somente eram permitidos o sepultamento, além da realeza, dos religiosos da Ordem. - Em 1833 o Mosteiro perdeu, por decreto, sua influência religiosa e social e é entregue à Real Casa Pia de Lisboa, instituição de acolhimento de órfãos, mendigos e necessitados. - Algumas características da fachada e do anexo foram modificadas em 1867 e posteriormente em 1878, dando as formas que conhecemos nos tempos atuais. - A partir de 1988, o Mosteiro recebeu os túmulos de Alexandre Herculano, Vasco da Gama, Luís de Camões, Almeida Garret, entre outras figuras políticas e literárias. - Em 1907, o Mosteiro dos Jerónimos recebeu o título de Monumento Nacional e, em 1983, o de Patrimônio Mundial pela Unesco.

Lisboa e Região

Antigo refeitório


MÁRCIO MASULINO

Turismo Religioso

que se tornou Bispo de Lisboa. A CONSTRUÇÃO DA SÉ DE LISBOA No local da antiga mesquita, a construção da Sé de Lisboa deu-se imediatamente após a reconquista. Relíquias de São Vicente de Saragoça foram trazidas de Alarve, pelo rei Afonso, e depositadas no relicário da futura catedral. Apesar da rapidez com que foi decidida a sua construção, a Sé de Lisboa demorou quase um século para ficar pronta. No final, a Sé contava com três estilos arquitetônicos: românico, gótico e barroco, sendo o românico predominante. Essa mescla de estilos está bem demarcada nas áreas construídas. Assim sendo, o românico está evidente na fachada, no transepto e nave; o gótico está nas capelas, claustro e deambulatório (espécie de corredor que fica ao redor do altar-mor); e o barroco na capela-mor.

Sé de Lisboa Também chamada de Igreja de Santa Maria Maior, a Sé de Lisboa é um Patrimônio Nacional de Portugal, datado do século XII. Sua construção é um marco da reconquista territorial das mãos dos mouros pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, o Conquistador. Importante destacar que mesmo com o domínio islâmico em terras lusas, haviam cristãos (moçárebes), bispos e trabalhadores de Cristo que praticavam sua fé. A RECONQUISTA Em 1147, D. Afonso Henriques e cavaleiros do norte que formavam a Segunda Cruzada, cercaram o Castelo de São Jorge, também em Lisboa, e após três meses conseguiram expulsar os mouros da região. A Segunda Cruzada foi convocada pelo Papa Eugênio III, com o objetivo de reconquistar a Península Ibérica. Os Cruzados normandos, germanos, escoceses, ingleses e flamengos, partiram da cidade de Dartmouth, Inglaterra, em 1145. Depois de chegarem à cidade do Porto, tomaram Santarém e, posteriormente, Lisboa. Após a derrocada dos mouros, alguns Cruzados partiram para a Terra Santa e muitos outros permaneceram em Lisboa. Um deles foi o inglês Gilberto de Hastings, 26 cidadeeecultura.com

CAMPAS NOBRES Por muitos séculos as igrejas católicas foram locais de sepultamento, na maioria de clérigos e nobres. Os mais humildes eram enterrados nos terrenos ao redor das igrejas. Com o passar dos anos e, principalmente, pela falta de espaço dentro das igrejas e mesmo nos terrenos externos, os cemitérios começaram a ser utilizados. No caso da Sé de Lisboa, além dos clérigos, os únicos laicos enterrados são o Rei D. Afonso IV e sua esposa D. Beatriz. Então, quando visitamos uma igreja do porte da Sé de Lisboa, não entramos apenas uma construção gigantesca. Entramos em espaço único onde o tempo arrefeceu suas rédeas e perpetuou a glória em Deus que abençoa e transcende em toda sua magnitude! Onde: Largo da Sé, 1100-585


ALVES GASPAR

Igreja da Conceição Velha

ROB OO

Igreja de Santo Antônio

Mosteiro de São Vicente de Fora

VERNACCIA

IGREJA DE SANTO ANTÔNIO – Visitada pelo Papa João Paulo II em 1982, a igreja foi erguida em 1767, substituindo uma capela do século XV. Este é o local de nascimento do Santo, e onde viveu antes de viajar pelo mundo difundindo a fé cristã. É a sua casa por excelência e guarda sua imagem, intacta apesar do terremoto que assolou a cidade. Onde: Largo de Santo António da Sé, 1100-401 Lisboa IGREJA DA CONCEIÇÃO VELHA - Referência do estilo manuelino, a igreja está localizada na Rua da Alfândega, centro de Portugal. Ela foi construída após o terremoto de 1755 que praticamente destruiu a antiga Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia de Lisboa, que ficava neste local. Onde: Rua da Alfândega 108, 1100-585 Lisboa

Panteão de Santa Engrácia

J GANZARAIN

MOSTEIRO SÃO VICENTE DE FORA - Em 1147, durante o cerco a Lisboa, D. Afonso Henriques prometeu construir um mosteiro em homenagem a São Vicente, caso conseguisse conquistar a cidade. O Mosteiro que já foi ocupado por cônegos da Ordem Regrante de Santo Antônio, presenciou a passagem de Santo Antônio em sua época de monge. Hoje, o edifício abriga os serviços da cúria diocesana, onde o Cardeal Patriarca de Lisboa governa a Diocese. Um espaço museológico guarda o legado do Patriarcado de Lisboa. Onde: Largo de São Vicente, 1100-572 Lisboa PANTEÃO DE SANTA ENGRÁCIA - Destinado a homenagear e perpetuar a mémoria de ilustres cidadãos portugueses que exerceram algum papel relevante na defesa dos ideais da nação, o Panteão Nacional, por decreto, foi instalado na Igreja de Santa Engrácia, situada na atual freguesia de São Vicente. Considerado o primeiro monumento barroco no país, possui em seu interior diversos tipos de mármores e cores. Onde: Campo de Santa Clara, 1100-471 Lisboa Lisboa e Região


Turismo Religioso

VITOR OLIVEIRA

Igreja de São Roque

BASÍLICA DA ESTRELA - No intuito de cumprir uma promessa, D. Maria I e D. Pedro III, na metade do século XVIII, após terem seu desejo satisfeito, um filho, iniciaram a construção do templo. A escola de arquitetura de Mafra foi a responsável pela construção que mescla os estilos barroco final e neoclássico. Porém, o menino faleceu de varíola dois anos antes da igreja ficar pronta. Um convento de freiras carmelitas funcionou no local. O templo ainda possui o título de primeira igreja no mundo dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Onde: Praça da Estrela, 1200-667 Lisboa

IGREJA DE SÃO ROQUE – Uma ermida dedicada ao santo protetor dos pestíferos (contagiosos) foi construído em 1506. Aqui foi instituido a irmandade São Roque e, em 1553, sob os cuidados da Companhia de Jesus, foi construído o templo que visitamos hoje, porém, com a capela preservada em seu interior. Onde: Largo Trindade Coelho 1200-470 Lisboa 28 cidadeeecultura.com

Basílica da Estrela

ALVES GASPAR

CAPELA DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE – Por iniciativa dos artilheiros de Lisboa e em homenagem à São Sebastião, protetor de males como fome, guerra e pestes, em 1505, ela foi erguida. Em 1569, foi dedicada à Nossa Senhora da Saúde, recebeu sua imagem e assim ficou conhecida até os dias atuais. Onde: Praça Martim Moniz 1100-341 Lisboa


SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DO CABO ESPICHEL – Em 1410, foi encontrada a imagem de Nossa Senhora do Cabo na extremidade do Cabo Espichel. O local onde dois senhores a encontraram fora previamente mostrado em seus sonhos. A atual igreja foi construída de costas para o mar e finalizada em 1707. Paineis de azulejo contam a lenda da Senhora do Cabo. Onde: Cabo Espichel 2970 Sesimbra

Capela de Nossa Senhora da Saúde

Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel

WALDO MIGUEZ

DIVULGACÃO

VITOR OLIVEIRA

CONVENTO DO CARMO – O antigo convento da Ordem dos Carmelitas da Antiga Observância já foi considerado a principal igreja em estilo gótico da capital. Em virtude do terremoto de 1755, foi praticamente destruída e suas ruínas hoje abrigam o Museu Arqueológico do Carmo. Onde: Largo do Carmo, 1200-092 Lisboa

Convento do Carmo

Lisboa e Região


ANNE GORDON

Arte nas ruas

Arte na alma

MONEZIMONE

MÁRCIO MASULINO

e o palco nas ruas

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TALVEZ OS ARTISTAS QUE ESCOLHEM as ruas para expressar a sua arte, seja por amor a ela, por dinheiro ou pela riqueza da experiência, não tenham ideia do impacto social de sua iniciativa. Não por acaso, as cidades mais charmosas e criativas, não abrem mão dessa forma de produção artística que se iniciou na Grécia Antiga, passou pelo teatro popular que vigorou na Europa e se mantém ativa até os dias de hoje. Ela encanta, entretém, ensina, educa, sensibiliza e transforma. Nós, do projeto cidadeecultura. com, somos imensamente gratos a eles e, sempre que temos a oportunidade, expressamos nosso respeito e admiração. Com certeza, Lisboa é uma cidade melhor, mais alegre e bonita, com a presença destes artistas..


Lisboa e Região

RICHARD MC

MÁRCIO MASULINO

PAOLO GHEDINI

DANIEL ANGELE

NUNO SOUZA


Literatura

Casa Fernando Pessoa

JOSÉ FRADE

surrealista, Mário Cesariny. A Casa da Liberdade, abriga obras Surrealistas nacionais e internacionais, de Arte Moderna e Contemporânea de países africanos que compartilham a língua e a cultura portuguesa. Onde: Rua das Escolas Gerais, 13, Alfama.

A beleza de nosso idioma

A CASA FERNANDO PESSOA Lisboa foi a última cidade onde viveu Fernando Pessoa. Mudou-se para cidade em 1920, para um prédio adquirido pela Câmara Municipal da cidade na década de 1980. Hoje é local de exposição de parte de seu espólio, em espaço que recria o seu apartamento e acolhe sua biblioteca, objetos pessoais, documentos seus e de seus heterônimos, além de espaços para exposições temporárias. Onde: Campo de Ourique - Rua Coelho da Rocha, 16-18.

OS LITERATOS DO BAIRRO ALTO As paredes centenárias do prédio de três andares de número 6 da Rua João Pereira da Rosa, no bairro alto, abrigou sete inquilinos dignos de placa. O historiador Joaquim Pedro Oliveira Martins, o pintor Bernardo Marques, o poeta José Gomes Ferreira, o jornalista e escritor António Ferro, o também escritor Ramalho Ortigão, a escritora Fernanda de Castro e a ilustradora de livros infantis Ofélia Marques. CASA DA LIBERDADE - MARIO CESARINY Aqui encontra-se para visitação o acervo do escritor e pintor

CESÁRIO VERDE Hoje, habitado por outras pessoas, os números 12 a 14 do Largo de São Sebastião, abrigou o poeta Cesário Verde em seus últimos dias de vida. FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO A Casa dos Bicos abriga a fundação dedicada à vida e à obra de José Saramago (1922-2010), Nobel de Literatura. Com exposição permanente, palestras e eventos.

VERNACCIA

UMA CIDADE QUE AO LONGO de sua extensa história assistiu ao nascimento de uma infinidade de artistas ilustres e, ao mesmo tempo, serviu de palco de despedida para outros tantos, tem guardado em seus endereços parte desse patrimônio cultural. Alguns prédios não tiveram o privilégio de participar da vida dos artistas, mas passaram a ter a honra de guardar suas histórias.

CASA DA ACHADA Na Rua da Achada, 11, se encontra por iniciativa de 58 fundadores, uma associação cultural que cuida do acervo de Mário Dionísio (19161993). Escritor, pintor, crítico e professor, tem neste lugar a exposição de seu trabalho. O espaço contempla também, ciclos de cinema, oficinas, debates etc.

CALÇADA DE SANTANA DE CAMÕES Luís Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas, despede-se de seus leitores aqui, em 1580. Casa dos Bicos

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VERNACCIA

Livrarias

LIVRARIA BERTRAND Em 1732, no bairro do Chiado, nascia a livraria que, segundo o Guinness Book (2011), é a mais antiga em atividade. Por aqui passaram Eça de Queiroz, Antero de Quental, Aquilino Ribeiro, Alexandre Herculado e agora estão esperando por você! Rua Garret, 73-75 Chiado.

Livraria Bertrand

PARA QUEM GOSTA DA PRAZEROSA EXPERIÊNCIA de entrar em uma livraria e deixar o tempo e as preocupações do lado de fora, Lisboa é o local ideal. São diversas livrarias que, cada vez mais, oferecem espaços diferenciados aos leitores. Selecionamos algumas para os nossos leitores e vamos

LER DEVAGAR Milhares de livros, novos e usados, espalhados em três pavimentos. Com uma programação cultural intensa e excelente café servido com bolos de receitas centenárias. Rua Rodrigues de Faria, 103 TIGRE DE PAPEL Projetada para oferecer uma experiência diferenciada para seus clientes, o espaço oferece sessões de cinema, áreas de debate, oficinas e lançamentos de livros. Aqui tanto o público infantil quanto adulto encontram o que procuram. Rua dos Arroios, 25 - Arroios

LIVRARIA DO SIMÃO Talvez a menor de Lisboa, mas uma das que guardam as grandes raridades literárias da cidade. É daquele espaço que você entra, fica amigo(a) do dono, o simpático Simão e não quer sair mais. Escadinhas de São Cristovão, 18 - Mouraria LIVRARIA SOLIDÁRIA DE CARNIDE Com mais de 7.000 livros usados em suas prateleiras, essa interessante livraria cumpre um papel social de grande relevância. A receita é revertidas para projetos culturais, sociais e comunitários. Rua General Henrique Carvalho, 3 - Carnide LEYA NA BUCHHOLZ Uma das livrarias favorita dos portugueses, foi fundada em 1943, passou por momento de instabilidade financeira mas se recuperou com a colaboração de um grupo editorial português. Possui uma excelente oferta de livros em um espaço agradável de três andares. Rua Duque de Palmela, 4.

CLÁUDIO SCHWARZ

começar pela mais antiga do mundo em atividade.

Livraria Ler Devagar

Lisboa e Região


Arquitetura

TEWEBS

Desafios vencidos

ACS COSTA

entrada da galeria pela Rua da Conceição Galerias Romanas

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ANDAR SEM DESTINO CERTO PELAS RUAS DE LISBOA e apreciar sem pressa as curvas, retas, desenhos, formas e cores é viajar no tempo, atravessar costumes, vivenciar culturas e maneiras diferentes de se contemplar a beleza. A arquitetura portuguesa, assim como as outras expressões artísticas não poderiam deixar de ser influenciadas pelos diversos povos que aqui habitaram. Entenda as diferentes vertentes da arquitetura ao longo do tempo. PERÍODO ROMANO Em Lisboa, pode se visitar obras marcantes de influência romana do século I, como as ruínas do Teatro Romano, descobertas após o terremoto de 1755 e, no subsolo da baixa lisboeta, as Termas dos Augustais (Galerias Romanas da Rua da Prada), aberto em datas específicas. Vestígios deste período podem ser vistos também no Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros, no Hotel Eurostars Museum, Palácio do Governador e no subsolo dos claustros da Sé.


GRANITO

Praça do Comércio - Terreiro do Paço

PERÍODO MUÇULMANO No século VIII, com a ocupação da Península Ibérica pelos Muçulmanos, foram erguidas mesquitas e palácios usando como matéria-prima pedras e taipa intercalada. O Castelo dos Mouros em Sintra, construído no Século IX, retrata a época.

Castelo dos Mouros em Sintra

GRANITO

pela criação humana

ROMÂNICO Nobres e monges franceses sob o comando do Conde D. Henrique foram os responsáveis por trazerem para Portugal o estilo românico. Este movimento aconteceu no período de reconquista do território e as igrejas construídas na época tinham como objetivo reconverter a população para a fé cristã. Exemplo de construção românica em Lisboa é a catedral da Sé. GÓTICO TARDIO - O MANUELINO O estilo manuelino, ou gótico português tardio, embora tenha se iniciado no reinado de D. João II, foi no reinado de D. Manuel I, em momento de economia propícia, que teve o seu apogeu. O termo “Manuelino” foi criado por Francisco Adolfo Varnhagen ao descrever Lisboa e Região


ALVES GASPAR

MIGUEL HEMOSO CUESTA

Arquitetura

RODOLFO LINO

Antigo Mosteiro de Jesus - Setúbal

Convento de Mafra

o Mosteiro de Belém. O estilo mescla o gótico tardio com elementos renascentistas. Na região de Lisboa pode-se apreciar o estilo em diversas construções como no Mosteiro de Jesus de Setúbal, Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. RENASCIMENTO E MANEIRISMO O estilo renascentista clássico nunca fez escola em Portugal. Porém, certos edifícios nesse estilo podem ser vistos em alguns lugares do país. É o caso da Ermida de Nossa Senhora da Conceição, em Tomar; a igreja do Convento do Bom Jesus de Valverde, em Évora; a Casa dos Bicos e o Palácio da Bacalhoa, em Lisboa. O maneirismo se caracterizou pela sofisticação, originalidade, complexidade de formas e dinamismo. Buscou-se transmitir emoção, elegância, poder e reflexão. Exemplo do estilo na cidade de Lisboa é a Igreja de São Vicente de Fora. CHÃ Valoriza a métrica e geometria clássica. Utiliza com frequência as linhas retas e sempre que possível evita a decoração. Nascida em um período de grande crise econômica e política do país, é um estilo tipicamente português. Exemplos na cidade: Igreja de Santo Antão e Igreja de Santa Marta. 36 cidadeeecultura.com

Igreja de São Vicente de Fora

BARROCO A arquitetura barroca portuguesa teve início por volta de 1600. Assim como aconteceu com o gótico, o estilo também chegou de forma tardia ao país em relação a outros países da Europa. Isso aconteceu porque Portugal vivia um regime absolutista em razão do domínio Espanhol. Foi uma fase de crise política e econômica, o que fez com que o país se fechasse para preservar sua identidade sociocultural. O barroco na arquitetura portuguesa é marcado pelo dinamismo, contrastes marcantes, dramaticidade exacerbada, opulência e maior realismo, frequentemente voltado à espiritualidade. Exemplos: Convento de Mafra, Aqueduto das Águas Livres (Lisboa) e Palácio de Queluz. ESTILO POMBALINO D. José I e seu primeiro-ministro, o Marquês de Pombal, após o terremoto de 1755 e, no intuito de reconstruir a parte baixa da cidade, reuniram um grupo de profissionais para repensarem os edifícios locais. Nasceu assim um estilo inteligente, tipicamente português, que criou um sistema antissísmico e o primeiro método de construção de pré-fabricado em grande escala do mundo. O “abana mas não cai”, como se dizia na época,


MÁRCIO MASULINO

MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia

Palácio Nacional da Ajuda

ALEV TAKIL

MISTER NO

Arco da Rua Augusta

usava madeira flexível inserida nas paredes, lajes e coberturas e cobertas com material pré-fabricado. O arco da Rua Augusta e os prédios na Praça da Figueira são exemplos deste estilo. NEOCLÁSSICO O estilo, em Portugal, ganhou características muito próprias. Ele surge em um momento conturbado no país com a fuga da família portuguesa para o Brasil, a invasão francesa e outras. No resto da Europa o estilo surge entre 1750 e 1760, mas em Portugal se desenvolve a partir da década de 1970. Exemplos: Palácio Nacional da Ajuda e o Palácio de São Bento ARQUITETURA MODERNA Rejeitar as escolas de arquitetura anterior e buscar soluções inovadoras para resolver novas questões advindas das constantes mudanças econômicas e sociais posteriores a Revolução Industrial é a marca deste movimento que surgiu no final do século XIX e meados do século XX. Na verdade, extrapola a ideia de estilo arquitetônico porque engloba outras formas de expressão, como artes visuais, literárias e cênicas, com poder de influenciar atitude e comportamento social. Espaços abstratos, geometria definida, poucos ou

nenhum ornamento, pilotis, vidros contínuos, entre outros, marcam a arquitetura neste período. PÓS-MODERNA E CONTEMPORÂNEA A arquitetura pós-moderna abrange os estilos criados a partir do final da década de 1920 e tem como marca a heterogeneidade e o respeito às diferentes formas de pensar e viver. A contemporânea surge nas últimas décadas do século XX, contemplando tendências divergentes como a futurista, sustentável e o desconstrutivismo. Sob diferentes influências o estilo busca resolver questões como funcionalidade, conforto térmico, economia verde, entre outras preocupações atuais. Lisboa e Região


FOTOS: MÁRCIO MASULINO

Castelo de São Jorge

Dos dois lados

da História

80 cidadeeecultura.com


O Castelo de São Jorge, em Lisboa, na freguesia de Santa Maira Maior, é um Monumento Nacional de Portugal. É datado do século XI e construído pelos muçulmanos. Porém, há registros anteriores de uma fortificação erguida no mesmo local. Aliás, o nome Lisboa vem do al-Lixbûnâ, dado pelos invasores islâmicos. Não podemos esquecer que o território onde Lisboa está situada, foi invadido por inúmeros povos, como, fenícios, gregos, cartagineses, romanos, suevos, visigodos e, finalmente, muçulmanos. INVASÃO ISLÂMICA NA PENÍNSULA IBÉRICA Com o norte da África sob o domínio muçulmano, a invasão da Península Ibérica pelo Estreito de Gibraltar foi mais um passo na expansão em território europeu, entre os séculos VIII e XIII. Esta invasão deixou marcas visíveis até os dias de hoje em vários segmentos, cultura, arquitetura e patrimônios históricos. A RECONQUISTA O Castelo, diante da retomada lusa, foi um refúgio para a elite muçulmana. Após três meses de cerco, no ano de 1147, promovido por D. Afonso Henriques (primeiro rei de Portugal), com ajuda de cruzados ingleses, normandos, flamengos e alemães, o Castelo foi retomado. Uma vez dominado pelos cristãos, foi denominado Castelo de São Jorge, padroeiro dos cruzados e do Exército.

STATUS CONQUISTADO Após a elevação de Lisboa à capital do Reino de Portugal, em 1255, o Castelo de São Jorge tornouse Paço Real ou Paço Alcáçova, abrigando também o Palácio dos Bispos, a fortificação militar e o albergue dos nobres. Somente três séculos mais tarde, o Paço Real foi transferido para o Paço da Ribeira, em virtude do terremoto de 1755, que obrigou a Coroa Portuguesa a construir edificações novas. RESTAUROS Entre 1938 e 1940, muitas descobertas arqueológicas importantes foram feitas quando da restauração do Castelo, restabelecendo o áureo período de predominância de outrora. Esses vestígios do passado estão na Exposição Permanente no Sítio Arqueológico. O CONTO DOS BESTEIROS DE LISBOA Os Besteiros eram uma espécie de Ordem muito respeitada em toda a Europa. Lisboa possuía o maior

Lisboa e Região


Castelo de SĂŁo Jorge

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número de Besteiros do reino de Portugal. A besta, arma medieval, tornou as batalhas mais letais e com menos combate corpo a corpo. Por isso, D. Dinis, no século XIII, deu certos privilégios aos Besteiros do Conto de Serpa. Essa atividade ensina o visitante a capacidade bélica das bestas, a história dos Besteiros do Conto, suas obrigações reais, a perícia dos besteiros, suas táticas e todos os artefatos necessários para lidar com a arma e seus modelos criados ao longo dos séculos. ALCÁÇOVA Alcáçova, em árabe, significa cidadela e foi como ficou conhecido o Castelo de São Jorge na época da ocupação moura. A alcáçova possui arquitetura militar típica das construções mourisca, com os pátios divididos em dois: um para abrigar o povo e outro para a mesquita. Onde: Rua de Santa Cruz do Castelo, 1.100 – Lisboa

ATIVIDADES PARA OS VISITANTES O visitante terá experiências inesquecíveis que remontam aos séculos anteriores. Poderá participar de atividades inigualáveis que transcendem ao senso da realidade. Jogos da Cavalaria - O visitante irá aprender como organizar um exército medieval, quais os equipamentos de cavaleiros eram necessários, como montar um cerco em uma fortificação e como atacá-la e invadi-la. Essa atividade tem como cenário o cerco castelhano em Lisboa no ano de 1384. Aqui, tática e logística são aprendidas rapidamente empunhando espadas e todos os artefatos bélicos medievais. Antes do Castelo - O visitante irá aprender séculos e séculos da história de Portugal, tendo como pano de fundo o próprio Castelo de São Jorge até o século V, com a chegada dos visigodos.

Lisboa e Região


ParaĂ­sos


Cascais

protegidos


PAULO VALDIVIESO

Meio Ambiente

Estuário do Sado

EM PORTUGAL, O TERMO ÁREA PROTEGIDA é utilizado

pequenas intervenções humanas), são preservadas para que

para delimitar espaços onde a presença humana é sujeita a

não se percam o valor estético e as características naturais,

regulamentos pré-estabelecidos no intuito de preservar o

caso da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de

ambiente. A Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP)) engloba

Caparica.

áreas de âmbito nacional, regional e privado.

Existe também a classificação de Monumento Natural, quando

Em Lisboa e região temos o Parque Natural de Sintra-

por questões ecológicas, estéticas, científicas ou culturais se faz

Cascais e o Parque Natural da Arrábida. São considerados

necessário a preservação cuidadosa de toda a área. Na região de

paisagens naturais de interesse nacional, representam um

Lisboa é o caso do Carenque, uma jazida de pegadas de dinossauros

bioma ou região natural e podem estabelecer uma integração

situado na freguesia de Belas, concelho de Sintra. E também dos

harmoniosa com seres humanos.

Monumentos Naturais dos Lagosteiros, da Pedreira do Avelino e

As Reservas Naturais da região são os Estuários do Tejo e

da Pedra da Mua, todos com pegadas de saurópedes, em Sesimbra,

do Sado, zonas limitadas e controladas para preservar a fauna

Distrito de Setúbal. Ainda no Distrito de Setúbal, se encontra a Gruta

e flora locais com o mínimo de interferência humana.

do Zambujal com formações cristalinas singulares e, por este motivo,

Áreas com paisagens naturais ou seminaturais (sofreram

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recebeu o título de Sítio Classificado de Interesse Espeleológico.


FELIPE FIRIX

ZITO COLAร O

Monumento Natural da Pedra da Mua

LUIS MIGUEL LEITAO MATEUS

Estuรกrio do Tejo

Flamingos

PATMAR

FELIPE FIRIX

Arriba Fรณssil


ART TOWER

Meio Ambiente

DIRK SCHUMACHER

Raposa Vermelha

FAUNA Em Portugal existe uma diversidade que inclui espécies europeias e do norte da África. Na região da Serra da Estrela ainda pode-se observar os lobos e na região do Alentejo os linces. O porco, veado e javali se espalharam pelo interior do país, assim como as lebres, raposas e coelhos bravos. Os peixes do Atlântico trazem as sardinhas, o robalo e o dourado. E os crustáceos estão mais presentes na costa rochosa do norte. Em função do país estar na rota de migração de diversas espécies de aves da Europa Central e Ocidental, a observação de pássaros é uma atividade turística que floresce por aqui.

Toupeira

Falamos sobre o tema nas páginas seguintes. Mamíferos na Região de Lisboa: coelho-bravo, rato-docampo, musaranho, toupeira, esquilo-vermelho, ouriço-cacheiro, saca-rabos, gineta e raposa.

46 cidadeeecultura.com


JAY FEATHER

Musaranho

Coelho Bravo TURISMO PORTUGAL

MICHAEL BUBMANN

KARSTEN PAULICK

KARSTEN PAULICK

Esquilo Vermelho Lontra

Texugo

Rato do Campo

Veado

Lisboa e Região SKEEZE

FAUKE


Meio Ambiente

Andorinhas

Observação de pássaros pombo-das-rochas, entre outras. Em parques e jardins: alvéola-branca, carriça, chamariz, melro-preto, periquito-de-colar, pintassilgo, pisco-de-peito-ruivo e outras. Em áreas protegidas: chapim-preto, chapim-real, estorninho-preto, gaio, mocho-galego, perdiz, tentilhão-comum e tantos outros. Junto às margens do Tejo: andorinha-do-mar-anã, corvo-marinho-de-faces-brancas, gaivota-argêntea, garajau, guincho-comum, pato-real , gaivina-preta, pilrito-sanderlingo, garça-real e cegonha.

GERHARD G

KATHY KELLY

WAL172619

PORTUGAL É CONSIDERADO UM DOS DESTINOS mais interessantes da Europa para a observação de pássaros. Com aves endêmicas, de habitats mediterrâneos ou macaronésicos (Ilhas do Atlântico Norte próximas da Europa e África, faixa costeira do Noroeste da África e grupo de ilhas de Marrocos à Senegal). Algumas, infelizmente, ameaçadas de extinção. Na região de Lisboa, mais de 350 espécies já foram catalogadas. É possível observar nas zonas urbanas: andorinha, coruja-das-torres, estorninho-malhado, pardal-comum,

Garça-real Meiro-preto 48 cidadeeecultura.com

Coruja-das-torres


KATRINA WESTON IRENE K

MÔNICA HELMECKE

Pardais

Pardais

BRUNO HABRAN

Estorninho Preto

Carriça

NADINE TRIIEF

NATURE PIX

Gaio

Pintassilgo

ISTVAN POCSAI

SKEEZE

Chapim-real

ONDE OBSERVAR: Cabeço de Montachique Cabo da Roca Cabo Espichel Cabo Raso Cheleiros Corroios Coruche Costa de Caparica Costa do Estoril Ericeira Escaroupim Foz do Sizandro Lagoa de Albufeira Lisboa Paul da Barroca Paul do Boquilobo Serra da Arrábida Serra de Montejunto Serra de Sintra Sesimbra Tomar Várzea de Loures Estuário do Tejo: Mata da Machada e Sapal do Rio Coina Pancas Parque do Tejo Ponta da Erva Ribeira das Enguias Salinas de Alverca e do Forte da Casa Sítio das Hortas


HANS BRAXMEIER

Meio Ambiente

Plรกtano

50 cidadeeecultura.com

Flora


DANIEL ALBANY

Jacarandá

ERWIN NOWAK

NÃO POR ACASO E EM VIRTUDE das invasões sofridas e dos descobrimentos atribuídos a Portugal, sua vegetação é bastante diversificada reunindo espécies atlânticas, mediterrânicas, africanas e, claro, européias. Alguns estudos apontam para a presença, na região de Lisboa, de mais de 800 mil árvores (autóctones e exóticas), pertencentes a mais de 100 espécies diferentes e outras centenas de arbustos e herbáceas. Árvores mais comuns: plátano, palmeira-dascanárias, olaia, pinheiro-manso, ameixoeira-dejardim, acácia-bastarda, bôrdo, castanheiro-da-índia, magnólia, cipreste-comum, bôrdo-comum, choupo, freixo, tília-prateada, lodão, jacarandá, entre outras. Arbustos mais comuns: loentro, folhado, alfenheiro, lantana, anguinho-das-sebes, pyracantha, romanzeira-de-jardim.

SHELL GHOSCAGE

HANS BRAXMEIER

Castanheira da Índia

Magnólia

Lantana

Lisboa e Região


RICARDO FILIPO PEREIRA

Meio Ambiente

Jardim Botânico Tropical

Jardins Botânicos em Lisboa

SALIX

JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA Pertencente ao Museu Nacional de História Natural e Ciência (MUHNAC) e classificado como Monumento Nacional em 2010 (incluindo as esculturas e edificações), o Jardim Botânico de Lisboa guarda uma fascinante diversidade de espécies, aproximadamente 1.500, com diversas raridades como a imponente árvore-doimperador, existente apenas em seis jardins no mundo! Foi fundado em 1878 com o intuito de auxiliar os professores e alunos da Escola Politécnica no estudo da botânica. Interessante destacar que o local já servira esse intuito pelo colégio jesuíta da Cotovia que ali existiu entre os anos de 1609 e 1759.

52 cidadeeecultura.com

Chama a atenção de quem anda pelos corredores a quantidade de palmeiras trazidas de todos os continentes, assim como as diferentes espécies tropicais originárias da Nova Zelândia, Austrália, China, Japão e América do Sul. O tratamento de tantas espécies provenientes de climas tão diferentes só é possível pela criação de diferentes microclimas inseridos na topografia. Para se ter uma idéia a temperatura entre as partes de cima e de baixo variam entre dois e três graus centígrados, diferenciando as partes mais quentes e secas das mais úmidas. Onde: Rua da Escola Politécnica 54 1250-096, Lisboa.


MÁRCIO MASULINO

JARDIM BOTÂNICO TROPICAL Na zona Monumental de Belém, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, em uma área de aproximadamente 7 hectares, funciona o Jardim Botânico Tropical. Especializado em flora tropical, o jardim, a partir de 2015 passou a integrar a Universidade de Lisboa e a ser gerido em conjunto com o Museu de História Natural e da Ciência e o Jardim Botânico de Lisboa. Desenvolve atividades científicas, educativas e culturais. Por tratar da botânica tropical colabora, na preservação e memória da ciência e das técnicas desenvolvidas na época dos descobrimentos e colonização. São mais de 600 espécies de origem tropical ou subtropical originárias de diversos continentes. Por estar situado em um espaço de quintas e casas nobres dos séculos XVI a XVIII, possui também um inestimável patrimônio artístico-cultural, nas edificações e nas esculturas de renomados artistas. Onde: Largo dos Jerônimos 1400-209, Lisboa

RICARDO FILIPO PEREIRA

JARDIM BOTÂNICO D`AJUDA Convidado pelo Rei D. José, o naturalista italiano, Domingos Vandelli, natural de Pádua, projeta, em meados de 1768, um jardim com o intuito de lazer e educação para os filhos e netos do monarca. Ele foi planejado para manter, estudar e colecionar o maior número possível de espécies advindas da África, Ásia e Américas. Chegou, nos tempos áureos, a ter quase 5.000 diferentes espécies dispostas obedecendo ao sistema sexual proposto pelo mestre Lineu. Destaque para o Jardim dos Aromas que exibe plantas aromáticas e medicinais. Onde: Cimo da Calçada da Ajuda, 1300-010

Jardim Botânico Tropical

Lisboa e Região


DIVULGAÇÃO

TIAGO EIRA

DIVULGAÇÃO

Meio Ambiente

Duna da Cresmina - Cascais

Carcavelos

THIAGO EIRA

RUI RIBEIRO

SAM74100

Guincho

Cascais

Capital europeia

com praias atlânticas

A COSTA DA CAPARICA É CONHECIDA pelas suas belas praias. A construção da ponte sobre o rio Tejo na década de 1960 mudou muito as características da região. Frequentada por pescadores no passado, as praias se tornaram badaladas e muito procurados pelos moradores e turistas de Lisboa. Suas praias: Nova Praia, Praia do Castelo, Praia da Sereia, Praia de São João, Praia do CDS, Praia da Fonte da Telha, entre outras. Terras da Costa, Acácia e Medos, ainda na Costa de Caparica e, seguindo em direção a Fonte da Telha, na área protegida de Arriba Fóssil, encontra-se 30 km de areia branca e paisagem paradisíaca, que recebe diversos nomes a cada trecho (as vezes em função da entrada para a praia ou pelo 54 cidadeeecultura.com

concessionário). Aqui encontra-se a Praia da Bela VIsta, famosa por ter sido a primeira reservada para o naturalismo. SINTRA Praia da Adraga COLARES Praia da Ursa (Azóia-Sintra) Praia do Magoito Praia Grande (Colares-Sintra) SÃO JOÃO DO ESTORIL Azurujinha


HANNAI HAI

Praia da Poça São Pedro do Estoril VILA DA ERICEIRA - MAFRA Praia da Calada Praia da Foz do Lizandro Praia da Ribeira d’Ilhas Praia de São Julião Praia de São Lourenço Praia de São Sebastião Praia do Norte Praia dos Coxos (Ribamar) Praia do Peixe Praia da Baleia ou do Sul

Ericeira

Setúbal

PEMANUELP

Serra da Arrabida

DIVULGAÇÃO

Praia das Avencas - Cascais

CASCAIS Praia da Conceição Praia da Parede Praia das Avencas Praia da Rainha Pequena do Guincho ou Cremina Praia Grande do Guincho Praia do Abano Praia da Duquesa Praia das Moitas (Monte Estoril) OIERAS Praia da Torre Praia de Santo Amaro

ESTORIL Praia do Tamariz

CARCAVELOS Praia de Carcavelos

SETÚBAL Praia da Figueirinha Praia de Galápos Praia do Portinho da Arrábida

SESIMBRA Praia de Sesimbra Praia do Meco Praia dos Lagosteiros (Cabo Espichel) Lisboa e Região


Oceanรกrio

FOTOS: Mร RCIO MASULINO


de Lisboa


FOTOS: MÁRCIO MASULINO

FOTOS: MÁRCIO MASULINO

Meio Ambiente

NÃO HÁ QUEM NÃO SE DESLUMBRE com o Oceanário de Lisboa. No Brasil, chamamos de aquários as instituições que possuem coleções de espécies marinhas. Porém, ao conhecermos a fundo o Oceanário de Lisboa, entendemos que o termo “oceanário” faz jus pela profundidade de suas ações e das responsabilidades assumidas no que tange a conscientização e conservação de espécies marinhas ao redor do mundo. Os projetos desenvolvidos com sucesso são exemplos a serem seguidos, pois são substanciais à preservação dos animais com riscos de extinção. Oceanário de Lisboa não se restringe apenas a “vitrines de exposição”, mas vai além do alcance de nossas vistas. O que o visitante observa é uma pequena parte do que está por trás de toda uma cadeia de trabalhos científicos de alto nível desenvolvidos por profissionais dedicados e empenhados nas funções a que foram designados. Além dos projetos (descritos abaixo), o Oceanário de Portugal é pioneiro na reprodução de várias espécies e compartilha com outras instituições os conhecimentos adquiridos. As espécies reproduzidas aqui são: raia-lenga, ratãoáguia, lontra-marinha, pinguim-de-magalhães, andorinhado-mar-inca, uge-americana, uge-de-manchas-azuis, pataroxa, cavalo-marinho-de-barriga, tubarão-gato-listrado, uge redonda, medusas, tubarão-de-port-jackson e diferentes espécies de corais. Suas atrações e a forma de interagir vão além do que estamos acostumados, com atividades inusitadas como: “dormindo com tubarões”, “concerto para bebês”, “férias debaixo d’água”, “ciência sob investigação”, entre outras tantas. 58 cidadeeecultura.com


PRIMEIRO PARQUE COM FAUNA E FLORA da Península Ibérica, o Jardim Zoológico de Lisboa, fundado em 1884, chegou a criar uma das mais diversificadas variedades de animais do mundo, provinientes de suas colônias na África e do Brasil. Com a queda do Estado Novo em 1974, independência das antigas colônias e mudanças de paradigmas sobre a preservação ambiental, o Zoológico passou a ter uma preocupação maior com a questão científica, veterinária e educacional. Criou-se um departamento, o Centro Pedagógico, para promover a preservação do meio ambiente em uma das melhores salas de aula do país, com atividades e passeios que proporcionam uma aprendizagem prazerosa e eficaz. Neste espaço habitam mais de 2.000 animais divididos em 300 espécies, entre mamíferos, répteis, anfíbios e aves. Onde: Praça Marechal Humberto Delgado, 1549-004 Lisboa. Lisboa e Região

FOTOS: JUNTAS

Jardim Zoológico de Lisboa


Vôngole

Sabores que vêm do mar e da terra 60 cidadeeecultura.com

DIVULGAÇÃO

Aromas & Sabores


MÁRCIO MASULINO

Frutos do Mar

Sardinhas grelhadas ISTOCK - AETB

A posição privilegiada do país em relação ao oceano estimula o consumo de frutos do mar. Com a abundância de ingredientes e as diversas influências culturais pela qual o povo português passou, era de se imaginar que por estas terras encontraríamos várias receitas criativas e saborosas. O famoso bacalhau português com inúmeras formas de servilo, as sardinhas com pimentão e batata, os peixes de águas fundas, mexilhões, camarões, lagostas, lulas e os polvos. Experimente pesquisar na internet qualquer receita de frutos do mar e coloque a palavrinha mágica, “à portuguesa”, verá que tem receitas de todos os tipos e para todos os gostos com a assinatura da criação lusa.

MOGENS PETERSON

DIVULGAÇÃO

Arroz com frutos do mar

Peixe espada

Lisboa e Região


DIVULGSÇ~SO

Aromas & Sabores

Feijoca

ANTÔNIO CAVALCANTI

Carnes

ANTÔNIO CAVALCANTI

As principais carnes consumidas pelos portugueses são as de boi, porco, ovelha, javali e cabra. Destaca-se a criação de porcos onde, além da carne, se produz os embutidos, muito utilizados na culinária do país. As aves, como galinhas e patos, também são muito consumidas por aqui como o arroz de pato à portuguesa e a galinha à cabidela (originária da região do Minho).

Feijão com Enchidos

62 cidadeeecultura.com

A MÍSTICA DA ALHEIRA Alheira é um embutido defumado com algum tipo de carne, pão, azeite, alho, entre outros ingredientes. Alguns historiadores concordam com a ideia de que a origem da alheira possa ter ocorrido com a presença dos judeus, na região de Trás-os-Montes, no princípio do Século XVI. Acredita-se que pelo fato do povo judaico não comer carne suína era facilmente identificado pela inquisição e a mistura de outros tipos de carne com pão, em formato similar a dos embutidos, foi a solução encontrada. Fato que a receita se espalhou e, entre os cristãos, passou-se a usar carne de porco em algumas receitas.


STEVE BUISSINNE

Azeite AZEITE EM PORTUGAL É COISA SÉRIA! A relação dos portugueses com as oliveiras é muito antiga e o azeite foi um dos primeiros produtos nacionais de exportação. Para se ter uma ideia, os Visigodos que ocuparam a Península Ibérica dos séculos V à VIII tinham em suas leis agrícolas itens que tratavam unicamente da proteção das oliveiras. Portugal já se destacava na exportação do azeite em 1555, mas viu sua produção aumentar em função de sua utilização frequente na iluminação. Neste século, Portugal desenvolveu o mercado interno, ampliou sua participação nos países do norte europeu e asiáticos, com destaque para a Índia. Algumas regiões de Portugal possuem uma lista de de produtos com denominação de origem, como, Azeite de Moura, Azeite de Trás-dos-Montes, Azeite do Alentejo, Azeites da Beira Interior, Azeites do Norte Alentejano e Azeites do Ribatejo.

Concordam os historiadores que pelo menos à época da presença do Império Romano em Portugal o vinho já era amplamente cultivado. Ao longo do tempo diversas foram as fases de produção do vinho, mas merece destaque a iniciativa do Marquês de Pombal ao criar, em 1756, a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Assim, ele delimitou a região, primeira no mundo, registrando e classificando as vinhas de acordo com sua qualidade. De lá para cá, diversas regiões, com características diferentes de clima e topografia, conquistaram suas denominações de origem. Na região de Lisboa contemplam esta classificação: Alenquer, Arruda, Bucelas, Carcavelos, Colares, Encostas d’Aire (Alcobaça e Medieval de Ourém), Lourinhã, Óbidos e Torres Vedras e ainda a indicação geográfica homônima (“Vinho Regional Lisboa”).

DIVULGAÇÃO

Vinhos de Lisboa

Arrabida

Lisboa e Região


Aromas & Sabores

SCOTT DEXTER

Bolinhos de Bacalhau

Petiscos à portuguesa DIVULGGAÇÃO

OS PORTUGUESES NÃO SÃO FAMOSOS SOMENTE pela sua rica e diversificada culinária, mas nos grandes centros como Lisboa, o que chama atenção também são os petiscos em tascas, bares e restaurantes, regados a vinho ou cerveja. Como as castanhas assadas, caracóis, pipis (miúdos de galinha com molho de tomate, cebola, alho e ervas), fígado de porco com vinho branco, cebola e alho, favas com rodelas de chouriços, os famosos ovos verdes (cozidos, recheados e fritos), sardinhas, bolinhos de bacalhau, amêijoas (vôngole). Destaque também para a Ginjinha, licor da fruta da ginja, parecida com a cereja e o café da bica de Lisboa, um café expresso com açúcar, que conta a lenda, ficou com esse nome depois de experimentarem o café brasileiro e acharem um pouco amargo. Então se lia na tabuleta: Beba Isto Com Açúcar.

Ginjinha

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Castanhas assadas DIVULGGAÇÃO

DIVULGGAÇÃO

Café da Bica

DIVULGGAÇÃO

Caracóis


FOTOS: MÁRCIO MASULINO

SE VOCÊ JÁ EXPERIMENTOU ALGUM DOCE PORTUGUÊS sabe que para dar certo uma dieta neste país tem que se ter uma dose extra de determinação! São centenas de receitas singulares advindas de todo território português e cada qual com sua rica história. Doces conventuais Em meados do século XV, Portugal era o maior produtor de ovo da Europa. Porém o interesse dos outros países era na clara, seja para engomar roupa ou para ser usada na produção de vinho. Com isso, passou-se a ter uma fartura de gema que, somado a boa quantidade de açúcar vindos da Ilha da Madeira e do Brasil, instigavam, para não haver desperdícios, a criatividade das freiras e monges nos conventos e mosteiros. Assim foram surgindo no território português diversas receitas de doces com uso da farinha, gema, açúcar e eventualmente amêndoas. O mais famoso internacionalmente é o Pastel de Belém, sua história é contada nas páginas a seguir.

Pastel de Santa Clara - Gemas de ovos, açúcar, farinha de trigo, manteiga, canela e aroma artificial de baunilha.

Queijadinha de Abrantes - Coco ralado, açúcar, gemas de ovos,

Pastel de Coimbra - Gemas de ovos, açúcar, farinha de trigo,

farinha de trigo, manteiga e aroma artificial de baunilha.

xerém de castanhas, manteiga e aroma artificial de baunilha.

Lisboa e Região


MÁRCIO MASULINO

Pastéis de Belém

produzindo iguarias desde 1837

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PONTO OBRIGATÓRIO DE PASSAGEM para quem visita a capital de Lisboa, a Confeitaria de Belém, fundada em 1837, é a pioneira na fabricação da famosa iguaria “Pastel de Belém” (o famoso pastel de nata). Aberta todos os dias da semana e com um cardápio de encher os olhos e salivar a boca, a casa recebe centenas de turistas do mundo todo. Sua cozinha é aberta ao público e você consegue ver o dinamismo de toda a produção. Em um salão confortável ou no balcão próximo a entrada, você vai experimentar a “receita secreta” oriunda do Mosteiro. Por isso, antes de saborear o melhor pastel de Belém que você já comeu, vale a pena conhecer a história. A HISTÓRIA DA CASA A história da casa nos remete ao Século XIX e tem uma ligação muito forte com o Mosteiro dos Jerónimos (outro ponto turístico obrigatório). Perto de onde hoje funciona a confeitaria Pastéis de Belém, funcionava uma pequena refinadora de açúcar, associada a um pequeno comércio varejista. Em função da revolução liberal ocorrida em 1820, quatorze anos depois, em 1834, são fechados os conventos e mosteiros de Portugal, com consequente

expulsão do clero e trabalhadores. No desespero pela sobrevivência, alguém do mosteiro, não se sabe quem ao certo, colocou nessa loja alguns doces artesanais para venda. A zona de Belém nessa época era distante do centro de Lisboa e o transporte para se chegar lá era feito em barcos a vapor. Porém, como você já pôde perceber, a beleza da região, a suntuosidade do Mosteiro, da Igreja e da Torre de Belém, já naquela época, atraia turistas para o local. Não tardou para que os doces vendidos na loja, ficassem famosos e recebessem o nome “Pastéis de Belém”, em referência a localidade. Assim, em 1837, iniciou-se a fábrica em instalações próximas a refinaria e, como você já deve ter percebido, com enorme sucesso que perdura até os dias de hoje. Além dos pastéis de nata (são vendidos mais de 20.000 por dia), você vai apreciar o bolo inglês, a marmelada de Belém, sortidos, salgados, bolo-rei, bolorainha e outras iguarias portuguesas. É diferente! Não sei se é a atmosfera do local, se é o fato de você comê-lo no instante que sai do forno, se a receita ainda guarda o segredo… é diferente, e muito bom. Onde: Rua de Belém nº 84 a 92 – Belém – Lisboa

Lisboa e Região


Bairros Históricos

Em cada bairro, uma

Lisboa diferente

Padrão dos Descobrimentos ou Monumento aos Navegantes Foi erguido um monumento no ano de 1940 por ocasião do evento “Exposição do Mundo Português”. Posteriormente, nos anos 60, foi reconstruído em betão e pedra de lioz. Em 1985, teve seu interior redesenhado para exercer a função de mirante, auditório e salas de exposição, onde funciona hoje o Centro Cultural das Descobertas.

68 cidadeeecultura.com

BELÉM O POVOADO DE RESTELO ERA CONHECIDO pela sua praia de águas calmas e seguras e, por consequência, lugar de atracagem de barcos. Com o crescimento das cidades foi incorporado à Lisboa e recebeu o nome de Santa Maria de Belém em homenagem a Nossa Senhora. Belém é o bairro que mais representa a era dos descobrimentos de Portugal. Para entender melhor, vamos voltar ao século XV e imaginar um porto agitado, em meio a uma área popular, de onde saiam as naus e caravelas para as grandes viagens (aventuras) no Atlântico. Do altar da pequena capela de Santa Maria, a virgem protegia os corajosos navegadores, inclusive Pedro Álvares Cabral que partia daqui para suas viagens e descobertas. Para onde você olha, por onde você anda, o passado vem até você. Conforme você visita os patrimônios históricos culturais do bairro, mais fascinado fica porque os fatos vão se entrelaçando. A história do Mosteiro


MARTINE AUVRAY

Monumento aos Navegantes

dos Jerónimos se confunde com a da Torre de Belém, que sobrepõe a da Fábrica de Pastel e outras tantas histórias do bairro... Pontos de interesse cultural do bairro: Mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, Planetário Calouste Gulbenkian, Padrão dos Descobrimentos, Palácio Nacional da Ajuda e diversos museus: Museu de Marinha, Museu Nacional de Arqueologia, Museu Nacional dos Coches, Museu Nacional de Etnologia, Museu do Oriente, Museu Nacional da Arte Antiga e Museu Coleção Berardo.

Torre de Belém Declarado Patrimônio Cultural pela Unesco, a Torre de Belém que inicialmente tinha o nome do patrono da cidade, São Vicente, é um dos maiores símbolos do bairro e da cidade. Planejada por D. Manuel e construída por Francisco de Arruda em 1521, tinha como objetivo, assim como a torre de São Sebastião na outra margem, proteger a entrada do rio Tejo.

FRANCISCO CALADO

BELIKART

Mosteiro dos Jerónimos

Torre de Belém

Lisboa e Região


Bairros Históricos

JUÇIA SOLONINA

Elevador de Santa Justa Também chamado Elevador do Carmo, foi construído na virada do século XIX para o século XX, em estilo neogótico. Ponto turístico da Baixa de Lisboa, liga a Rua do Ouro e a Rua do Carmo ao Largo do Carmo. Antes de funcionar com energia elétrica, usava energia a vapor.

MÁRCIO MASULINO

Rua Augusta

Elevador de Santa Justa

BAIXA A Baixa pulsa. A região mais movimentada da cidade tem em sua diversidade de lojas, nacionais e internacionais, restaurantes, bares e hotéis, o maior charme. Houve períodos em que a Baixa concentrava uma quantidade enorme de pequenos negócios e ofícios e isso de alguma maneira explica os nomes de suas ruas: Rua dos Correeiros, Rua dos Douradores... E cruzam com nomes de santos: São Nicolau, Nossa Senhora da Conceição... Pontos de visitação: Praça do Rossio, Elevador de Santa Justa, Rua Augusta, Arco da Rua Augusta, Praça do Comércio e Casa dos Bicos.

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Praça do Comércio


Mirador

PETER SKITTERIANS

ALFAMA Em suas ruas íngremes e charmosamente antigas, ouve-se ao fundo o som do fado. Alfama é um reduto deste estilo musical que é o mais característico de Portugal. Foi do topo de sua colina, a partir do Castelo de São Jorge, que o primeiro rei de Portugal conquistou Lisboa, em 1147. Um bairro de natureza marinha e consequentemente de muita fé e devoção. Não por acaso é o local onde se celebra as Festas dos Santos Populares durante o mês de junho. Pontos de visitação: Miradouro das Portas do Sol, Castelo de São Jorge, Museu do Fado, Sé de Lisboa, Igreja de Santo Antônio.

VERNACCIA

Museu do Fado

VICTOR OLIVEIRA

Museu do Fado O espaço contempla exposições permanentes e também temporárias, centro de documentação, auditório para apresentações e cursos de guitarra portuguesa e viola. Na internet pode-se acessar um Arquivo Sonoro Digital com milhares de registros sonoros.

Lisboa e Região


TURISMO DE LISBOA

Bairros Históricos

TURISMO DE LISBOA

Miradouro

MAURÍCIO FRIAS

CHIADO Efervescente, sempre em estado de ebulição criativa e artística. Chiado é o bairro dos teatros, cafés com tradição literária, livrarias antigas. Bairro de Fernando Pessoa e Almada Negreiros. Pontos de Interesse: Museu do Chiado, Teatro Nacional de São Carlos, Teatro São Luiz e Teatro da Trindade, Miradouro de Santa Catarina e Elevador da Bica.

José Malhoa (1907) Festejando o São Martinho(1907)

Elevador da BIca

72 cidadeeecultura.com

Museu do Chiado


PAULA GUERREIRO

Rua Rosa

RICHARD MCALL

STEFANIE KONSTANTA

CAIS DO SODRÉ Destino badalado de vida noturna, com bares e restaurantes. A praça de alimentação do Mercado da Ribeira do Século XIX com comidas diversificadas é o ponto principal. A tradicional Rua Rosa e o calçadão da Ribeira também merecem ser apreciados.

BAIRRO ALTO No Bairro Alto é possível visitar mais o miradouro de São Pedro de Alcântara, a Igreja de São Roque e o Elevador da Glória.

Mercado da Ribeira

Lisboa e Região


Bairros Histรณricos

80 cidadeeecultura.com cidadeeecultura.com


Pavilhão de Portugal

PARQUE DAS NAÇÕES As margens do Rio Tejo, ao longo de cinco quilômetros, foi recuperada uma área industrial totalmente degradada para receber a Exposição Internacional de Lisboa de 1998. Em seu lugar surgiram construções arquitetônicas que após o evento consolidaram a área como a mais moderna da cidade. O local de vias largas e muito bem planejadas sugere passeios a pé, de biclcleta e, para os mais ousados, de skate. Um dos edifícios construídos de maior destaque é o do Pavilhão de Portugal, projetado por arquitetos portugueses, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura, cuja a arquitetura sugere uma folha de papel assentada sobre dois tijolos. Mais à frente, foi construído o Pavilhão Atlântico, projeto de Regino Cruz, com aspectos que nos lembram uma nave espacial.

VITOR MONTEIRO

MARTIN DE LUSENET

A Estação do Oriente, projetada pelo espanhol Santiago Calatrava, mostra uma complexa estrutura de linhas verticais que nos remete aos arcos do estilo gótico.

CONCIERGE

MPNLIS

Pavilhão Atlântico

Lisboa e Região


Sintra

A beleza suntuosa

de Sintra

LOCALIZADA NA ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA, a Vila de Sintra se destaca por suas edificações em estilo romântico, o que lhe conferiu o título de Patrimônio Mundial da UNESCO. De topografia recortada, Sintra agrega valores em seus edifícios, sítios arqueológicos, palácios, santuários que registram o passar dos séculos de sua ocupação. Sintra é um daqueles lugares onde a preservação dos vestígios históricos e a conservação de sua vegetação convivem em plena 76 cidadeeecultura.com

harmonia, onde um reforça a beleza do outro. A história da Vila de Sintra remonta ao período Neolítico, com registros no Sítio Arqueológico São Pedro e Penaferrim. Mais tarde, os romanos que a ocuparam, deixaram suas marcas em lápides ao longo das estradas que a ligariam a então Olisipo (Lisboa). A invasão moura também deixou sua assinatura em várias edificações, como o Castelo dos Mouros que veremos mais para frente. Depois, a Reconquista


CARLOS PAES WALKERSSK

pelos exércitos cristãos do rei Afonso VI de Leão e, finalmente, o desenvolvimento da história de Portugal como império que, ao passar dos anos, preservou a riqueza deixada pelas civilizações anteriores que constituem o legado patrimonial e cultural de seu território. CENTRO HISTÓRICO DE SINTRA Nas vias estreitas que dão para a praça principal, as construções se destacam pela plasticidade das cores e da arquitetura. Vestígios de muitas épocas se misturam em meio às lojas e restaurantes. O vai e vem dos turistas conferem um charme a mais com idiomas distintos, porém com o mesmo entusiasmo de observar o belo. Quantas histórias, quantas lutas foram travadas para chegar a esse magnífico conjunto arquitetônico!

Lisboa e Região


RUI CUNHA

Sintra

FAROL DO CABO DA ROCA No Parque Natural de Sintra-Cascais está o Farol do Cabo da Roca. Foi construído, em pedra, no ano de 1772, e está no ponto mais ocidental do continente europeu. Uma lápide registra a frase do maior escritor português, Luís de Camões, quando este se refere ao Farol como: “Aqui... Onde a terra se acaba e o mar começa...”. Entre os seis faróis da costa portuguesa, o do Cabo da Roca é o segundo mais antigo. Em 1843, foi reestruturado com dezesseis candeeiros com refletores parabólicos movidos a azeite. Quarenta nos mais tarde, o Plano Geral de Alumiamento e Balizagem de Portugal autorizou a utilização da energia elétrica para seu funcionamento, o que veio a ocorrer em 1897. O local é pitoresco, com rica fauna e flora. Muitos observadores de pássaros costumam visitar o Farol, pois as aves que aqui habitam são curiosas e únicas como o andorinhão-preto e o real, o falcão-peregrino, a alvéola-branca, o pardal-das-neves, entre outros. Além da visão fantástica do oceano Atlântico, das falésias, dos promontórios e dos rochedos, podemos conhecer a loja de lembranças e saborear pratos deliciosos no Restaurante Cabo da Roca. PALÁCIO NACIONAL DA PENA Patrimônio Mundial, o Palácio

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Nacional

da

Pena em Sintra, é um expoente do Romantismo arquitetônico do séc XIX no mundo. Na Europa foi o primeiro a ser construído neste estilo. A Serra de Sintra, antes da construção do Palácio, abrigava no reinado de João II, a pequena capela de Nossa Senhora da Penha. Posteriormente, no século XVI, Manuel I a doou à Ordem de São Jerónimo, ampliando a construção e determinando ali um convento. No século XVII toda estrutura foi abalada por um raio e apenas a parte do altar-mor ficou intacta. Em 1834, com a consolidação do liberalismo e extinção das ordens religiosas em Portugal, o local ficou disponível para venda. Porém quatro anos depois, Fernando II encantou-se pelas ruínas e adquiriu as terras da capela, o Castelo dos Mouros (construção século IX) e adjacentes. A Capela foi restaurada e em seu entorno o rei construiu, com a orientação do arquiteto amador Barão Von Eschwege, sua casa de verão. O temperamento romântico do rei é percebido em centenas de detalhes arquitetônicos e decorativos, o que mostra sua total ingerência na obra. Alguns exemplos são as torres medievais, arcos ogivais (arquitetura gótica) e diversos elementos árabes. Essa miscelânea de estilos, típico do exotismo da mentalidade romântica, faz-nos contemplar em uma mesma visita o estilo neogótico, neomanuelino, neoislâmico, neorenascentista e como se não fosse


OLEG SHAKUROV

pouco, traços indianos. Em 1889, o Palácio passa integrar o Patrimônio Nacional de Portugal e da Coroa Portuguesa. E após a proclamação da República Portuguesa em 1912, o Palácio Nacional da Pena é transformado em museu.

época. Após a morte de D. Fernando II, Elise recebeu vários bens de herança como o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, que mais tarde foram comprados pelo rei D. Carlos I. Elise faleceu aos noventa e dois anos ao lado de sua única filha, Alice Hensler.

RUI BEJA

CHALET DA CONDESSA D’EDLA Situado no Parque da Pena, o Chalet da Condessa D’Edla foi construído na segunda metade do século XIX a mando de D. Fernando II como presente para a sua segunda esposa, Elise Hensler, a Condessa d’Edla. A arquitetura projetada seguiu a tendência dos chalés alpinos. A romântica edificação está rodeada por um jardim ricamente elaborado com espécies provenientes de todas as partes do mundo. Elise Friederike Hensler nasceu na Suíça em 1836. Morou nos Estados Unidos e estudou em Paris. Cantora, poliglota, pintora, florista e escultora, foi mãe solteira aos vinte e um anos. Em 1860, fez uma turnê na cidade de Lisboa, quando, na plateia figurava D. Fernando II, o qual imediatamente se apaixonou por Elise. O polêmico casamento foi realizado com sucesso, mas antes Elise recebeu o título de Condessa para ser elevada à categoria de Nobres. Como esposa, abandonou a música, mas não o seu amor às artes, sendo incentivadora de vários artistas renomados da Lisboa e Região


MARCIO MASULINO

Sintra

QUINTA DA REGALEIRA Como se sabe, uma “quinta” em Portugal, é uma propriedade rural, uma fazenda e a Quinta da Regaleira é uma das mais belas do país. Um dos primeiros registros da propriedade data de 1697, quando José Leite era seu dono. Depois, foi comprada, em 1715, por Francisco Albertini Guimarães de Castro que a denominou como Quinta do Castro. Mais tarde, por 80 cidadeeecultura.com

Manoel Bernardo, depois pela Baronesa de Almeida e, em 1892, pelo Dr. António Augusto de Carvalho Monteiro que contratou o renomado arquiteto Luigi Manini para a construção do Palácio da Regaleira. Carvalho Monteiro nasceu no Brasil e herdou uma enorme fortuna oriunda do comércio do café e de pedras preciosas. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, retornou ao Brasil e, em 1876, mudou-se para


MAURIZIO

Sintra. Amante de Camões, monarquista, bibliógrafo, maçom e filantropo, Carvalho Monteiro sofreu muito com a derrubada do rei D. Manuel II e veio a falecer em 1920. Foi enterrado no jazigo da família (repleto de simbologia) também projetado por Luigi Manini. A construção em todo o terreno foi minuciosamente pensada e planejada dentro do conceito de vida de Carvalho Monteiro. Os estilos arquitetônicos foram o neomanuelino e renascentista, com ênfase na imersão das construções em um jardim aos moldes do bíblico Jardim do Éden. Referências à mitologia grega dão a grandiosidade do pensamento de Monteiro, assim como grandes nomes da história como Dante, Camões e Templários da Ordem de Cristo. Aqui, reúne-se a mais lúcida expressão intelectual do desenvolvimento humano. Cada pedra colocada foi posta com um propósito. O que poderia ser um caos, na realidade, é um verdadeiro templo dedicado à Sabedoria Divina dada aos homens. Um lugar inesquecível!

mais turístico. Foi declarado como Patrimônio Mundial da Humanidade Pela UNESCO em 1995. PALÁCIO NACIONAL DE SINTRA O início da construção do Palácio Nacional de Sintra data de 1489, sobre as ruínas de uma antiga construção moura. Os estilos arquitetônicos renascentista, romântico, gótico e medieval misturam-se harmoniosamente. Constante residência real, muitos marcos históricos foram vividos dentro de suas paredes, como a notícia do descobrimento do Brasil, o nascimento e morte de D. Afonso V, a coroação de D. João II, entre outros.

ANA JIM

CASTELO DOS MOUROS No alto da Serra de Cintra, o Castelo dos Mouros é a representação clássica do período da ocupação moura em terras portuguesas. Datado do século VIII, a fortificação servia para controle das vias que ligavam Sintra a Lisboa, Cascais e Mafra. Reza a lenda que após a Reconquista o rei D. Afonso Henriques, temendo um ataque dos mouros residentes de Sintra, convocou um grupo de vinte templários para vigiar qualquer movimento suspeito nos arredores das vias terrestres até a costa. Com a ajuda de Nossa Senhora, o perigo foi detido e a capela em devoção à Santa foi erguida. Em 1839, D. Fernando II, esposo de Maria II, adquiriu o castelo e nele fez reformas, com um caráter

Lisboa e Região


NBORGES

Sintra

Emily Lucas eram filantropos, e construíram ao redor uma série de benesses à comunidade, e por isso Cook recebeu de D. Luís I o título de Visconde de Monserrate. O Palácio é composto por vários ambientes altamente ricos em detalhes e materiais oriundos de todas as partes do mundo.

VILA SASSETTI Da união de ideias do empresário da rede hoteleira Victor Sassetti e do arquiteto Luigi Manini, surge, no final do século XIX, a Vila Sassetti. Essa Vila foi construída para receber hóspedes. E foi um sucesso, ilustres portugueses e estrangeiros acharam o local DIEGO DELSO

PALÁCIO DE MONSERRATE Localizado dentro do Parque Monserrate, esse Palácio começou a ser construído quando da compra da propriedade pelo inglês Francis Cook, em 1856. A área que hoje pertence ao palácio passou por vários proprietários e muitas obras foram edificadas, mas foi nas mãos do industrial do ramo de tecidos, que foi caracterizado como projetos de James Knowles e com o paisagismo de Willian Stockdale, Willian Nevill e James Burt. Para ter a noção exata da dimensão da construção, foram utilizados mais de dois mil trabalhadores e, depois de concluídas as obras, 300 pessoas foram empregadas apenas para tomar conta do dia a dia da propriedade. Cook e sua esposa

Quinta da Regaleira

80 cidadeeecultura.com


VITOR OLIVEIRA

Convento dos Capuchos

de refúgio perfeito. Bela, a mini fortaleza foi cenário de muitas novelas e filmes.

CONVENTO DOS CAPUCHOS Segundo a lenda local, o vicerei da Índia, D. João de Castro,

adormeceu de cansaço quando perseguia um veado. Sonhou que deveria construir uma igreja nesse local. Enfermo, revelou a designação a seu filho, e que este deveria erigir o templo. Então, um convento franciscano foi erguido no ano de 1560. Os franciscanos ficaram no convento até a sua extinção, em 1834. Anos mais tarde, Francis Cook adquiriu a edificação e, em 1949, foi transferido ao Estado.

CURTIS SIMMONS

SANTUÁRIO DA PENINHA Localizado na Serra de Sintra, o Santuário da Peninha data do fim do século XVII, construído a mando de Frei Pedro da Conceição. É um complexo arquitetônico com a ermida de São Saturnino e o palacete, de 1918. O que faz desse local especial é sua aura mística em torno da imagem milagrosa de

Nossa Senhora, que atrai muitos fiéis em peregrinação. O interior da capela possui painéis que retratam a vida de Maria, confeccionados por Manuel dos Santos, pintor lisboeta pertencente ao denominado “Ciclo dos Mestres”. Nomes como Oliveira Bernardes e João Antunes compõem os autores da decoração interior.

Santuário da Peninha

Lisboa e Região


PETER HEMPEL

Sintra

PALÁCIO NACIONAL DE QUELUZ Nos estilos rococó, neoclássico e barroco, o Palácio Nacional de Queluz foi construído a partir de 1747, com projeto de Mateus Vicente de Oliveira. Inicialmente era reduto de verão para D. Pedro de Bragança, mais tarde, residência da Família Real no período da segunda metade do século XVIII e início do XIX. Foi daqui que a Família Real partiu para o Brasil fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte e, como consequência, o palácio foi saqueado e só voltou a ser habitado quando D. Carlota Joaquina 82 cidadeeecultura.com

retornou do Brasil. São muitos ambientes ricamente decorados como: Sala do Trono, Sala da Escultura, Sala da Música, Sala de Fumo, Sala de Café, Sala do Lanternim (ou Sala Escura), Sala das Açafatas, Sala de Porcelanas e Faianças, Sala D. Quixote, entre outros. Um destaque a mais é o Corredor das Mangas, decorado com azulejos de Francisco Jorge da Costa e painéis de autoria de Manuel da Costa Rosado. Como podemos observar, conhecer Queluz é entender um pouco do cotidiano da realeza portuguesa.


GUTO AMBAR

ESCOLA PORTUGUESA DE ARTE EQUESTRE A qualidade do cavalo Puro Sangue Lusitano da Coudelaria de Alter remonta a um passado glorioso, desde os tempos mais remotos. Elegante, esse animal foi o preferido da Corte e da Realeza. Bem treinados, eram e ainda são símbolo de status e honraria. Hoje, a Escola Portuguesa de Arte Equestre proporciona uma experiência fantástica de volta ao passado. Essa escola está localizada nos jardins do Palácio Nacional de Queluz e faz apresentações impecáveis que deixam os espectadores perplexos, tamanho traquejo e delicadeza de cada formação e da intimidade ente cavaleiro e cavalo.

Considerada Patrimônio Cultural, tem como objetivo, além de manter a tradição, divulgar e ensinar novos adeptos e assim perpetuar essa, que é uma das principais tradições culturais portuguesas. Além do tratamento, treinamento e ensino, a Escola Portuguesa de Arte Equestre adquiriu o acervo da Biblioteca de Arte Equestre de D. Diogo de Bragança, quando do seu falecimento em 2012. D. Diogo, cavaleiro de primeira linha, colecionou e publicou inúmeros estudos sobre a Arte Equestre. Além de obras de vários autores, a biblioteca conta com um acervo de manuscritos, gravuras e livros do século XVI até o século XX. Lisboa e Região


Cascais

A bela e serena Cascais PERTENCENTE À REGIÃO METROPOLITANA DE LISBOA, Cascais é elevada à categoria de Vila em 1364, separando-se da Vila de Sintra, em decreto do rei D. Pedro I de Portugal. Sua vocação para o turismo vem desde tempos remotos. Por suas belas paisagens, grande parte da elite encontrava na vila o lugar ideal para o lazer e descanso. E continua até os dias atuais, sendo um dos principais destinos turísticos de Portugal. Como toda a região de Lisboa, Cascais é habitada desde a Idade Antiga, com muitos vestígios encontrados em várias regiões da Vila como na zona da Parede, no Murtal, entre outros. Na ocupação romana, Cascais era composta de vários e pequenos assentamentos dispersos, e de alguns complexos industriais como exemplificam as ruínas da Rua Marques Leal Pancada. Há também vestígios 86 cidadeeecultura.com

das ocupações dos visigodos e dos mouros. Com a Reconquista, a Vila de Cascais desenvolveu ainda mais a agricultura, a pesca e o escoamento de produtos. E passou a ser mais protegida a partir das novas fortificações. CENTRO HISTÓRICO O Centro Histórico de Cascais é um verdadeiro museu a céu aberto. Suas ruas estreitas dão para praças ornadas com personalidades históricas, tão conhecidas por nós. A praia dá o toque final na compreensão do cotidiano dos antigos moradores que não viam o mar como um lazer e sim como sua principal fonte de subsistência e, ao mesmo tempo, um perigo constante de invasões.


BERNSWAELZ JOSÉ ALMEIDA

FORTE (RESTOS) E FAROL DE SANTA MARTA Construído no século XVII, a fortaleza tinha como objetivo proteger à zona da baía. Somente em 1864, foi desativada de suas funções militares e três anos depois, com a construção do farol, passou a sinalizar esta zona da costa, cruzando com o Farol de Nossa Senhora da Guia. Hoje no local funciona o Farol-Museu de Santa Marta, dedicado à história, ao patrimônio e à tecnologia dos fárois portugueses. Lisboa e Região


SAM74100

Estoril

A Riviera portuguesa MARCO COELHO

Localizada no Concelho de Cascais, Estoril possui uma das mais belas paisagens naturais de Portugal. Seu desenvolvimento teve início na impetuosidade de Fausto Cardoso de Figueiredo, grande nome do turismo português. Farmacêutico por profissão, foi na criação da Sociedade Estoril que, após muitas viagens internacionais a destinos turísticos, Cardoso conseguiu comprar terras, financiar obras e incrementar as linhas férrea e rodoviária para fazer de Estoril um dos mais requintados lugares com oferta abundante para turistas. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Estoril recebeu refugiados ilustres, como reis e rainhas, perseguidos pelo regime fascista. Além de ser o local da residência de férias de António de Oliveira Salazar.

JOSE IGNACIO SOTO

Piscinas naturais do Tamariz Em frente ao Cassino Estoril está a praia do Tamariz que, além de bela, nos presenteia com formações denominadas piscinas naturais. Em boa parte do ano, peixes e crustáceos coloridos fazem a diversão dos banhistas.

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CASSINO ESTORIL Inaugurado em 1931, depois de anos de complicações devido à Primeira Guerra Mundial, o Cassino Estoril sempre foi frequentado pela mais alta sociedade europeia, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, já que Portugal se manteve neutro. Um reduto perfeito para a discussão do futuro do continente, encontros de espiões e um lugar para lazer. Na década de 1960, foi reformado e ampliado com a supervisão de Filipe Nobre de Figueiredo e José Segurado, ambos arquitetos. Um destaque para sua fama foi quando serviu de cenário para o filme Cassino Royale da série James Bond.


CARCAVELOS E OEIRAS TÊM SUAS HISTÓRIAS e desenvolvimentos interligados, assim como sua vocações turísticas. Atualmente, seja por patrimônios preservados, seja por novos locais inaugurados com fins turísticos, todos compõem um complexo cultural arraigado. Destacamos alguns:

VITOR OLIVEIRA

VINHOS DE CARCAVELOS Considerada a menor região vinícola de Portugal, Carcavelos e Oeiras possuem a tradição vinícola que se destaca desde o século XIV, com documentos chancelados pela Casa Real. Segundo a história local, esse vinho foi ofertado ao então Imperador da China pelo rei D. José I, que tinha o vinho de Carcavelos como uma opção a altura de um presente real. FÁBRICA DE PÓLVORA DE BARCARENA Inaugurada em 1540, esteve ativa até 1940, ou seja, quatro séculos de existência. O prédio da antiga fábrica atualmente é um centro cultural que abrange o Museu da Pólvora Negra, uma galeria de arte, restaurante e muitos eventos culturais realizados ao longo do ano.

VITOR OLIVEIRA

Carcavelos - Oeiras

Museu da Fábrica de Pólvora Negra AQUÁRIO VASCO DA GAMA Desde 1898, e construído em homenagem ao IV centenário da partida do navegador até as Índias, o local encanta crianças e adultos com a diversidade de espécies marinhas. Além dos animais, o aquário mantém atividades de educação ambiental e tem como objetivo maior mostrar a coleção de D. Carlos I, profundo conhecedor e pesquisador da área de oceanografia.

GUALDIMG

Aquário Vasco da Gama

Lisboa e Região


MÁRCIO MASULINO

Almada

NÃO RESTA DÚVIDA QUE OS MELHORES pontos de observação de Lisboa estão em Almada, cidade pertencente ao Distrito de Setúbal e na Área Metropolitana de Lisboa. Destaca-se o elevador panorâmico da Boca do Vento, o Castelo de Almada e o monumento do Cristo Rei. Cristo Rei As margens do rio Tejo e inspirado no Cristo Redentor do Corcovado, no Rio de Janeiro, ergueu-se a escultura do mestre Francisco Franco. Conta a história que D. Manuel Gonçalves Cerejeira, cardeal-patriarca de Lisboa, teria se inspirado no monumento carioca em uma visita à cidade brasileira. A obra arquitetônica foi um agradecimento a Deus por Portugal ter se mantido neutro na Segunda Guerra Mundial. Cristo de braços abertos, voltado para a capital (Lisboa) simboliza a proteção de Deus a todo o país. O projeto é de autoria do arquiteto António Lino e do engenheiro D. Francisco de Mello e Castro, mede mais de 110 m de altura e pesa 40 mil toneladas. O monumento pertence a Almada e foi inaugurado em 17 de maio de 1959. Recebe centenas de visitantes diariamente e é considerado o melhor local para se admirar Lisboa. Com o céu aberto, pode-se avistar a Baía do Seixal, Serra da Arrábica, o Mar da Palha, o Castelo de Palmela e a Serra de Sintra. Onde: Alto do Pragal, Avenida Cristo Rei, Almada, distrito de Setúbal.

Cristo Rei Ponte 25 de Abril ou Ponte Sobre o Tejo A ponte que liga a cidade de Almada à capital Lisboa foi inaugurada em 1966 e recebeu o nome de Ponte Salazar, em homenagem a António de Oliveira Salazar, presidente do Conselho de Ministros do governo ditatorial do Estado Novo. Tempos depois, com a revolução dos cravos em 25 de abril de 1974, ela foi rebatizada. Uma construção de 2,2 km, que em seu ponto mais alto, mede 190 metros. É a ponte rodoferroviária com o maior vão suspenso da Europa e a terceira no mundo. Em 2014, foi considerada pelo portal European Best Destination a ponte mais bonita da Europa.

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ALVES GASPAR

Mafra

PALÁCIO NACIONAL DE MAFRA Também conhecido como Convento de Mafra, é formado por um palácio e um convento.Como outras edificações em Portugal, o convento iniciou sua construção em 1717, para pagar uma promessa de D. João V, que queria descendentes de D. Maria Ana de Áustria. Foi considerado Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, em 2019. Destaca-se a biblioteca que além de sua beleza e dimensão, possui um enorme acervo que conta com livros sagrados, obras clássicas e livros raros.

DIVULGAÇÃO

MAFRA, UMA VILA PORTUGUESA pertencente a área metropolitana de Lisboa, ainda preserva suas paisagens naturais e sua forte cultura rural. Alguns dos Patrimônios Arquitetônicos da Região de Lisboa se encontra aqui, é o caso do Palácio Nacional de Mafra, o maior símbolo da arquitetura barroca portuguesa e a aldeia da Mata Pequena, conhecida pela sua arquitetura tradicional. Outros pontos de interesse: Tapada Nacional de Mafra (zona de caça nacional) e a Reserva Mundial de Surf da Ericeira.

Biblioteca Lisboa e Região


MARCIO MASULINO

Depoimento

ESSA PUBLICAÇÃO É SOBRE LISBOA e confesso que ao editá-la, mesmo conhecendo bem a cidade, me surpreendi por diversas vezes. É como se ao visitar suas ruas e dobrar suas esquinas estivéssemos entrando em um livro de história e virando suas páginas. A beleza, o charme singular, a atividade cultural intensa, tudo neste lugar nos encanta. Mas não queria me ater a cidade em si e sim aos portugueses. Visitei Portugal para conhecer a minha história! A cultura dessa gente sofrida e corajosa que superou obstáculos enormes e com atrevimento desbravou oceanos. Deles, todos nós herdamos muito, a forma de falar, de comer, vestir e se relacionar. Os portugueses valorizam seus laços familiares e sua ancestralidade. E isso explica um pouco o carinho e a curiosidade deles pelo Brasil. Afinal, muitos de seus parentes atravessaram o Oceano Atlântico atrás de oportunidades nas terras descobertas. Alguns não tiveram a felicidade de regressar para revisitar a famíllia, mas seus descendentes viajam para o país nos rastros de sua história familiar. É um povo trabalhador, honesto, educado e com costumes bem tradicionais. Acolhedores, gostam de sentar a uma farta mesa e brindar a vida com bons vinhos. É verdade que nos grandes centros como Lisboa, Porto e a universitária Coimbra, percebe-se que a forte imigração brasileira dos últimos anos tem “cansado” um pouco a relação. Afinal, somos um povo alegre, brincalhão, barulhento e, para padrões mais conservadores, às vezes, pouco convenientes. O fato é que as nossas histórias estão eternamente interligadas e que a relação entre países e povos devem sempre prezar pela colaboração e respeito mútuo. Não vejo a hora de retornar a este incrível país. Márcio Alves



“A cultura humaniza, traz sabedoria e resgata o sentido da vida� /cidadeecultura

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