O português quinhentista

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O Português Quinhentista - Estudos Lingüísticos

58 En esta regra não entram os nomes de "!a silába como: sál, mél, sól, sul, porque são irregulares e não tem plurár (316, ls. 21-23 e 317, 1-2).

Veja-se, no item 3.3.2b, o que propõe Fernão de Oliveira para sol e rol. b. Quando trata das Figuras, ao definir a antitésis, exemplifica com a variação gráfica e, provavelmente, fônica, do perfeito dixe/disse do verbo dizer: Antitésis quér dizer postura de lêtera "!a por outra, como quando dizemos [grifo nosso] dixe por disse. A qual figura é açerca de nós mui usáda, prinçipalmente nestra lêtera x que tomámos da pronunciaçám mourisca, ainda que alguns digam que devem dizer dixe porque o preteríto latino deste vérbo dico faz dixi (355, ls. 17-21).

A sua regra é favorável a disse e considera a variante dixe interferência da pronúncia dos árabes (“mourisca”). c. Trata-se do particípio passado dos verbos da 2ª. conjugação. Diz a regra de João de Barros: Tódo verbo de segunda conjugaçám fáz no preterito perfeito em i e no partiçipio em –ido, como: leo – li – lido. Tiram-se desta regra aprouve, trouve, coube (342, ls. 4-7).

Embora não esteja explícito, fica claro que para o normativista de 1540 o particípio passado dos verbos da “segunda conjugaçám” não fazem mais o particípio em <udo>. d. Na Ortografia, ao tratar da “lêtera u”, apresenta uma informação diacrônica precisa: O segundo u sérve na composiçám das dições e antigamente servia per si de avérbio local, como quando se dizia: U vás? U moras? A qual já não usamos (380, ls. 1-3).

Embora não seja este um fato estritamente mórfico, mas antes morfossintático, foi incluído aqui, sobretudo, pela avaliação diacrônica sobre o seu caráter arcaico em 1540. 3.4.3 Avaliações léxicas Ao iniciar o que designa de terceira parte de sua Gramatica, “Da diçam”, recusa-se a apresentar etimologias porque “se quisérmos buscar o fundamento e raiz donde vieram os nossos vocábulos, seria ir buscar as fontes do Nilo”. Mas afirma que: Basta saber que temos latinos, arávigos e outros de diversas nações que conquistámos e com que tivémos comérçio – assi como eles tem outros de nós (198, ls. 16-18).

Admite, portanto, os empréstimos lexicais e nomeia suas origens, considerando, em destaque, os “latinos” e ‘arávigos”. Genericamente outros, dando as razões para isso. No Diálogo em louvor de nossa linguagem volta aos empréstimos, respondendo a uma pergunta do “Filho”, seu interlocutor: Mas agóra, em nossos tempos, com ajuda da empressam, deu-se tanto a gente castelhana e italiana e francesa às treladações latinas, usurpando vocábulos, que ôs fez mais elegantes de que foram óra [h]á çincoenta anos. Este exerçiçio, se

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