Finanças
O “ajustamento” português foi uma violência, e faria muito mais sentido fazê-lo em dez anos do que em dois ou três.
Porém, não é correto dizer-se que a culpa é apenas do devedor e que os credores é que têm de ser protegidos. Onde há um devedor irresponsável, há também um credor irresponsável, que
não
devia
ter
emprestado
tanto dinheiro a quem tinha menos capacidades. Assim, quando se torna necessário um “ajustamento”, ele não deve recair apenas sobre os devedores – como é o caso atual de Portugal – mas também sobre os credores, que têm de suportar perdas pelos excessos que também eles cometeram.Se a
O “ajustamento” português foi uma violência, e faria muito mais sentido fazê -lo em dez anos do que em dois ou
três.
Assim,
acabámos
numa
profunda recessão e sem saída à vista. Ou seja, acabámos com ainda mais dificuldades de pagar dívidas. Se
a
ideia
era
ajustarmos
para
melhor pagar as nossas dívidas, não é certamente com um milhão de pessoas no desemprego que as vamos conseguir pagar.
Europa, e sobretudo a Alemanha, tivesse
reconhecido
que
não
se
tratava apenas de um problema de mau comportamento dos devedores,
DOMINGOS AMARAL
o ajustamento português não teria
JORNALISTA, ECONOMISTA E ESCRITOR www.domingosamaral.com
sido tão brutal e tão cego. MARÇO 2013 | REVISTA PROGREDIR | 41