Revista Progredir nº 014

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Finanças

O “ajustamento” português foi uma violência, e faria muito mais sentido fazê-lo em dez anos do que em dois ou três.

Porém, não é correto dizer-se que a culpa é apenas do devedor e que os credores é que têm de ser protegidos. Onde há um devedor irresponsável, há também um credor irresponsável, que

não

devia

ter

emprestado

tanto dinheiro a quem tinha menos capacidades. Assim, quando se torna necessário um “ajustamento”, ele não deve recair apenas sobre os devedores – como é o caso atual de Portugal – mas também sobre os credores, que têm de suportar perdas pelos excessos que também eles cometeram.Se a

O “ajustamento” português foi uma violência, e faria muito mais sentido fazê -lo em dez anos do que em dois ou

três.

Assim,

acabámos

numa

profunda recessão e sem saída à vista. Ou seja, acabámos com ainda mais dificuldades de pagar dívidas. Se

a

ideia

era

ajustarmos

para

melhor pagar as nossas dívidas, não é certamente com um milhão de pessoas no desemprego que as vamos conseguir pagar.

Europa, e sobretudo a Alemanha, tivesse

reconhecido

que

não

se

tratava apenas de um problema de mau comportamento dos devedores,

DOMINGOS AMARAL

o ajustamento português não teria

JORNALISTA, ECONOMISTA E ESCRITOR www.domingosamaral.com

sido tão brutal e tão cego. MARÇO 2013 | REVISTA PROGREDIR | 41


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