Revista Ponto de Encontro

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Por MARIA HELENA BELLINI

Ginástica para o cérebro >>> Com o passar do tempo, a capacidade de guardar fatos recentes começa a dar sinais de desgaste. Esse é o momento certo para exercitar mente e músculos, seja qual for a sua idade

Ponto de Encontro: Quais são os benefícios de ter uma boa memória? Paulo Cunha: Muitos. A memória é a nossa vida, a nossa história. Acompanhar as novidades, especial-

mente para o idoso, é algo singular. Há muitos eventos sociais e familiares, como, por exemplo, o nascimento de netos, que podem ser vivenciados de maneira muito mais prazerosa com a memória em dia. PE: Quais doenças podem ser prevenidas ou estabilizadas com os exercícios para estimular a memória? PC: Esses exercícios tendem a estimular a nossa reserva cognitiva, algo que pode melhorar o nosso potencial para realizar diversas atividades. Infelizmente, não há dados científicos que comprovem que essa reserva cognitiva possa prevenir a doença de Alzheimer, por exemplo, que é determinada geneticamente. Entretanto, acredita-se que ela possa, no mínimo, retardar o aparecimento dos sintomas ou reduzir o impacto da doença. PE: Como os familiares podem reconhecer e ajudar o idoso que está com dificuldades para reter a “memória recente”? PC: Um dos primeiros sintomas (e mais significativos) é a perda da memória para eventos novos, chamada popularmente de “memória recente”. É quando o idoso demonstra dificuldade de lidar com eventos atuais ou de acompanhar as informações que fogem da rotina. Podem esquecer-se de datas, nomes de pessoas que conheceram há pouco tempo, repetir a mesma pergunta algumas vezes ou esquecer-se de objetos e compromissos. Como uma forma de compensar as dificuldades, o idoso com esse perfil tende a se apegar a eventos do passado, relacionados a memórias que, geralmente, se mantêm preservadas, mesmo nas primeiras fases de uma doença de Alzheimer. PE: É verdade que existem jogos eletrônicos para idosos? PC: Sim, foram lançados alguns jogos que tendem a estimular certas áreas cerebrais, com repercussões positivas no desenvolvimento de funções de memória e concentração. Mas os estudos ainda são muito incipientes e acredito que há muito por vir nesses próximos anos. >>>

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foto: stock.xchng

Cuidar bem do cérebro é tarefa para toda a vida e deve ser iniciada ainda na infância. O neuropsicólogo Paulo Jannuzzi Cunha explica que é necessário estimularmos diariamente as funções que ele exerce, tais como a concentração, a memória, a aprendizagem, a inteligência e as emoções. A “ginástica” ideal para estimulá-lo é encontrar atividades que melhor se adaptem às características de personalidade de cada um e que proporcionem prazer. “O exercício de lidar com situações novas (fugir da rotina) e desafiadoras, especialmente nos idosos”, conta Paulo, “estimula áreas frontais do cérebro e ajuda em sua flexibilidade mental e na manutenção da qualidade de vida”. Além disso, Paulo explica que o cérebro é uma “máquina” extremamente desenvolvida, e a memória somente funciona se o cérebro tiver boa disponibilidade de energia. “A energia, na forma de glicose, estará disponível se a pessoa seguir uma boa alimentação, sono regular, atividades físicas e se estiver de bem consigo mesma. A própria atividade sexual saudável, moderada e prazerosa pode ser um excelente exercício físico inclusive na terceira idade, e que também pode ajudar nas funções cognitivas e na memorização”, diz Cunha. Veja, a seguir, a entrevista completa com Paulo Cunha, que dá dicas preciosas de como cuidar bem do seu “computador pessoal”.


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