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O problema dos 3 corpos e o cansaço da sociedade contemporânea
VASP 375: a história do voo que mudou a segurança da aviação
Geração Z: 90% dos jovens prezam por equilíbrio entre vida pessoal e profissional, revela pesquisa

A (des)arborização de Valadares e região: O desaparecimento das árvores na cidade
E D I T O R I A L
M 2 0 2 4 , P E R G U N T A M O S P A R A V O C Ê :
Q U E É A C I Ê N C I A ?
Possivelmente, sua resposta estará voltada para algo que se relacione com as Ciências Exatas, da Natureza ou da Saúde Contudo, é importante ir além!
Ciência seria tudo que melhora a vida. Aquilo que constrói de forma inteligente e articulada, sem deixar de lado o social e o contexto. Ciência hoje é riqueza! Uma ferramenta que vale muito, mas que tem sido questionada. A
Ciência busca reencontrar o seu espaço em mentes poluídas pela desinformação. Ela quer ser o farol que guia o caminho, não a barreira que interrompe a passagem!
Pensando nisso, os alunos e alunas do 7º período de Jornalismo, da UNIVALE, se munem da Ciência para distribuir conhecimento de forma ética e preocupada com o contexto em que se insere. A Revista Vale da Ciência é um produto das inquietações desses e dessas (quase) jornalistas, que veem a profissão como farol que pode conduzir a sociedade no caminho da cidadania e justiça.

coluna do editor
Você está cansado? Sabe aquela sensação de que a qualquer momento o mundo vai acabar? Essa realidade há tempos não é coisa de ficção Será que a única salvação da humanidade é o relacionamento com os extraterrestres?
Um dos maiores sucessos de 2024 da Netflix é a série “O problema dos 3 corpos” baseada na obra do autor chinês Liu Cixin. Ela tem ganhado destaque mundial, não apenas por sua complexidade científica e narrativa, mas, principalmente, por tocar na ferida da população
A série retrata a ansiedade e o cansaço em uma sociedade em colapso eminente
A série tem como foco um grupo de cientistas que enfrenta uma calamidade extraterrestre quando seres humanos fanáticos, cansados da falha humana, decidem entregar a Terra para os alienígenas em troca de salvação Porém, os ETs decidem criar uma forma de recrutar os seres mais inteligentes da Terra por meio de um jogo em que o objetivo é compreender o problema envolvendo 3 corpos celestes
Esta metáfora é poderosa ao considerar o estado atual da nossa sociedade: enfrentamos crises globais interconectadas – mudanças climáticas, instabilidade política e crises econômicas – que são igualmente complexas de se resolver, entretanto a série critica a força de vontade da humanidade em combater a ameaça alienígena, ao invés de investir em tecnologias que resolvessem as crises

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Essa busca infinita por uma solução resulta em um cenário de cansaço acizentado, as cenas em sua grande maioria são cinzas ou escuras, melancólicas e com os personagens se acabando em situações precárias simbolizando o apodrecimento da humanidade
A série retrata uma humanidade exausta, buscando desesperadamente por respostas e salvação, muitas vezes em lugares errados ou de maneiras destrutivas. Esta exaustão não é estranha ao telespectador. Vivemos em uma era marcada pelo cansaço crônico, um fenômeno amplamente estudado por sociólogos e psicólogos. A velocidade da vida moderna, a constante exposição a informações e a pressão por produtividade e sucesso têm gerado uma sensação de fadiga coletiva
Além disso, a série questiona como a ciência e a tecnologia são armas poderosas, mas não infalíveis A confiança cega no progresso técnico, sem considerar os aspectos éticos e humanos, pode levar a consequências desastrosas Essa é uma lição crucial para nossa era, em que debates sobre Inteligência Artificial, biotecnologia e exploração espacial estão na vanguarda das preocupações sociais
Como você se sente sabendo que o fim está chegando? A série é um convite a questionar onde estamos colocando os nossos esforços e se vamos precisar recorrer a seres extraterrestres para salvar o nosso planeta O cansaço sempre estará presente, mas o desânimo é opcional!
I M A G E M D O F R E E P I K


Embora ainda aspire a cargos de prestígio, a nova geração demonstra não ter interesse em comprometer aspectos pessoais em busca de validação profissional Essa tendência reflete uma ambição discreta, porém impactante, que está redefinindo os padrões de sucesso no mercado de trabalho contemporâneo
Em uma sociedade que valoriza a competitividade, é cada vez mais comum encontrar jovens adultos que idealizam a vida desejada. Seja conquistando o diploma ou alcançando um salário de cinco dígitos em um cargo supervalorizado, os planos e sonhos estão sempre presentes
Uma enquete realizada nos campi universitários da Universidade Vale do Rio Doce, em Governador Valadares, revelou que jovens adultos entre 18 e 30 anos estão priorizando empregos que ofereçam um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional
Embora mais de 90% dos alunos se considerem ambiciosos, percebe-se uma variação significativa na interpretação desse conceito em comparação com a geração anterior Um relatório da plataforma canadense de people analytics, Visier, revelou que apenas 4% dos jovens funcionários consideram a promoção ao alto escalão uma meta de carreira importante, o que representa uma ameaça ao desenvolvimento de talentos nas empresas. Além disso, 91% dos entrevistados apontaram o estresse, a pressão e as longas horas de trabalho associadas à liderança como razões para evitarem a promoção.
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No contexto acadêmico, os jovens disseram preferir cargos que lhes permitam lidar com pressão e responsabilidade de forma mais gerenciável, buscando posições alinhadas às suas capacidades reais Seguindo essa abordagem, alguns alunos tendem a colocar a saúde mental e as realizações pessoais em primeiro lugar, em vez de se concentrarem apenas no sucesso dentro do mundo corporativo
Um aluno da faculdade de Direito da UNIVALE conta que, para ele, a ambição vai além do trabalho "Com o tempo, percebi que ser ambicioso não é algo ruim Vai além de almejar um bom emprego ou status social Significa ter um impulso que me motive nas pequenas tarefas do dia a dia "
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Se a motivação faz bem e move o ser humano a ser mais produtivo e satisfeito, fica o questionamento: "O quão intensamente devemos ir atrás das nossas metas?" É o que a Revista Vale da Ciência perguntou durante a conversa com a psicóloga e professora do curso de Psicologia, Priscila Coelho, que desempenha um papel fundamental ao lidar diretamente com os alunos que frequentam o Espaço A3 ponto de apoio psicológico e psicopedagógico para os discentes da UNIVALE.
"É muito importante identificar nossos limites emocionais e físicos ao traçarmos metas Em muitas situações, traçamos objetivos que não são nossos e isso pode causar um processo de adoecimento Diria que o limite entre o saudável e o doentio está quando não conseguimos identificar nossas reais necessidades e as possibilidades que temos no presente "

Próximo à data de graduação, o futuro advogado conta que recebeu propostas para a tão sonhada promoção Porém, na prática, não saiu como esperado: "Me lembrou um pouco de como era minha vida no período do coronavírus pelo jeito que eu fiquei Atuei durante um período de seis meses em um escritório de advocacia Já entrei com um pensamento inseguro, sentindo que, apesar de ser algo sonhado por mim, exigiria muito mais do que eu poderia lidar naquele momento Em poucos meses, comecei a abandonar hobbies importantes para minha saúde física e mental, negligenciei um pouco a alimentação e mal tinha tempo para sair com meus amigos "
É inegável que a crise epidemiológica representou um marco importante, ocasionando mudanças significativas no mercado de trabalho e nas empresas. Os empregos e a forma de conduzir negócios mudaram. A indústria percebeu que a eficiência não está ligada à necessidade de estar presente fisicamente no local de trabalho, e os empregadores notaram benefícios como a diminuição de custos com materiais. Sobretudo, a pandemia foi uma era marcada pela flexibilidade e pelo equilíbrio proporcionados pela modalidade de trabalho à distância. Adicionalmente, novas possibilidades surgiram, possibilitando que as pessoas trocassem de profissão, desenvolvessem competências diferentes e ocupassem novas posições
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Entretanto, para a psicóloga Priscila Coelho é impossível anular que "a pandemia exacerbou e trouxe à tona muitas das dificuldades já enfrentadas pela juventude, principalmente no estabelecimento de metas e objetivos, como, por exemplo, a dificuldade na comunicação, na interação com seus pares, na convivência social, na capacidade de lidar com frustrações, na resolução de problemas e, sobretudo, na necessidade de viver o tempo presente"
Na enquete, foi utilizada uma escala de 0 a 5 para avaliar o bem-estar mental, onde 0 representa "péssimo" e 5 "excelente"
Apenas 3,3% dos participantes consideraram suas condições mentais atuais como excelentes Metade dos respondentes se avaliou com nota 3, enquanto 6,7% classificaram seu bem-estar em extremamente ruim.
Para o psiquiatra e professor do núcleo de Medicina da UNIVALE, Dr Jacques Berman, é necessário identificar o momento certo para pausar e avaliar o que é melhor para a mente: "O momento certo é quando a pessoa percebe uma grande queda na sua qualidade de vida, começa a não sentir prazer, não se sente pertencente a um determinado grupo que anteriormente participava, acaba se isolando Além disso, é essencial entender que esse é o momento de cuidar de si mesma."
Alguns dos sinais de exaustão apontados pelo médico psiquiatra são bruscas alterações no sono, mudança no apetite, irritabilidade, diminuição da libido, além de compulsões e ausência de energia para as atividades do cotidiano
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Para evitar que isso aconteça, o caminho mais certo a seguir é se cuidar. A orientação da psicóloga Priscila Coelho é que "(os jovens) busquem ajuda profissional como forma de promoção à saúde e prevenção de doenças. Muitos jovens têm adoecido porque se julgam capazes de enfrentar sozinhos os desafios vividos na família, na sociedade, na busca por uma formação e na inserção no mercado de trabalho Nesse sentido, a psicologia pode contribuir muito para um desenvolvimento saudável, que significa lidar com impaciências, frustrações e até mesmo tristezas."
No ambiente de trabalho, os empregadores também podem contribuir para criar uma atmosfera mais acolhedora, promovendo a saúde mental e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O "quiet ambition" (ambição silenciosa) é um conceito emergente que está se tornando mais comum no Brasil à medida que a geração Z ingressa no mercado de trabalho. Esta perspectiva indica um foco maior em assuntos pessoais e uma menor priorização das metas de carreira Profissionais de Recursos Humanos têm discutido bastante sobre o assunto, pois pode causar problemas nos planos de sucessão das empresas. Indivíduos que demonstram essa atitude dão mais importância a questões pessoais e colocam o seu bem-estar acima dos objetivos profissionais Dessa forma, buscam metas profissionais menos chamativas, as quais proporcionam um equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional.
Por ser um termo relativamente novo, procuramos saber se os universitários da Universidade Vale do Rio Doce estão familiarizados com a temática. As respostas surpreenderam: 80% não conhecem, enquanto 20% conhecem ou já ouviram falar
Quem são as netas das bruxas que eles não conseguiram queimar?
O termo “bruxa” foi usado na Inquisição para definir mulheres que não seguiam o que era pregado pela Igreja
Naquela época havia fome, doenças e falta de acesso a tratamento, então as bruxas cuidavam do povo, foram elas: parteiras, benzedeiras, enfermeiras, entre outras denominações. Para Vanessa Maia, doutora em Educação, pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e professora na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), a palavra bruxa é vista como negativa, porque foi forjada para ter um significado ruim
Todos nós pertencemos a uma grande cultura nacional e, enquanto sujeitos praticantes, podemos fazer uso de elementos dessa cultura
A professora ainda argumenta que o patriarcado amaldiçoou as coisas de cura, dando um significado negativo para elas. “A cultura do patriarcado invalida tudo aquilo que é trazido pelas mãos femininas”, ressalta
Na época da Inquisição, a Igreja e o Estado não tinham mais quem culpar pelos desastres, afinal eles eram “os bons pilares” da sociedade Daí surge a cultura do medo e a demonologia usada como prática política para reforçar o poder da Igreja e culpar os hereges de todo o caos
Além disso, em uma época em que as pessoas enfrentavam a fome, não saber dividir as refeições podia se tornar um problema de sobrevivência para toda a família

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e, com as paternidades ausentes, sobrava para as mães criarem a imagem da bruxa má, aquela que castiga “Ninguém vê a bruxa também como uma pessoa exausta”, reflete Vanessa Maia
A figura das bruxas está diretamente ligada às questões de gênero, poder e resistência Elas sempre estão situadas em um corpo feminino que não se adequa Os principais estereótipos são as características caricatas da velhice, da verruga, da corcunda e da malícia. Vanessa Maia destaca que todos esses aspectos, de alguma forma, recaem sobre a mulher Ela ainda faz um paralelo com Eva, que talvez tenha sido a primeira bruxa. Ela foi amaldiçoada pelo desejo de conhecer o mundo o protagonismo de Adão não foi páreo para ela E não é à toa que todas as dores retornam para a mulher, como nas santas católicas “Eu acho que a bruxa foi essa mulher que foi jogada fora”, ressalta a pesquisadora.
Fica fácil perceber que algo está errado quando curandeiros homens são vistos como herois e dignos de peregrinação, como Chico Xavier, enquanto mulheres ainda hoje são questionadas
João Sacramento, jornalista e escritor de São João del-Rei, acredita que o primeiro passo para valorização de mulheres que praticam a cura é ressignificar o termo bruxa Afinal, elas estão a serviço do povo e o trabalho que fazem é de subverter o machismo Houve resistência por parte das mulheres que foram queimadas por alguma fogueira e hoje, a nova leitura do termo permite que elas possam nos curar, inclusive, do preconceito
Em seu livro-reportagem, João as chama de “Bruxas de Cura” para que as fogueiras da intolerância, enfim, se apaguem A chegada das novas leituras do feminismo colaborou para que o termo fosse reapropriado e, por alguns, avaliado positivamente. “O feminismo fornece instrumentos de pensamento para que a gente possa olhar para essa bruxa não mais como a fonte de todo o mal, mas como aquela mulher que foi incompreendida desde o começo”, argumenta Vanessa Maia.

A F I N A L , A S B R U X A S S Ó E X I S T E M E M S A L E M ?
João pesquisa, em seu livro-reportagem, mulheres que chegaram ao Brasil pela fuga da Inquisição elas vieram de Portugal e da Espanha majoritariamente E essa fuga aconteceu simultaneamente com a colonização e a escravidão. Com uma visão europeia, essas mulheres entraram em contato com a natureza indígena, com as plantas e chás de ervas, além de terem convivido com pajés e africanos escravizados, dando origem a uma mescla cultural. As rezas foram criadas sobrepostas às orações católicas por causa do contexto de catequização aí que entra o sincretismo As bruxas, então, reúnem a diversidade do Brasil; foi no encontro de culturas que nasceu a nossa, que é única.
As bruxas más não existem, mas as benzedeiras são reais A prática da benzeção está prestes a ser reconhecida como um bem de valor imaterial, cultural e social de Minas Gerais pelo Projeto de Lei (PL 2024/2024), mas ainda estamos longe de reconhecimento e valorização Em uma época em que um comprimido era quase um status na comunidade, o tratamento e cura de doenças vinham de ervas e chás caseiros Quando o Estado e a Igreja não conseguiam ajudar, as famílias recorriam à vizinha que benzia As benzedeiras e/ou curandeiras vivem marginalizadas, geralmente em bairros periféricos, pois não têm autorização da Igreja para as práticas de cura.
P R E S E R V A Ç Ã O E V A L O R I Z A Ç Ã O
A benzedura é uma tradição que perdura e se renova a cada geração É a benzedeira que realiza orações e rituais com a natureza e isso reflete um rico universo cultural. A prática não apenas cura, mas também fortalece a identidade cultural e social das benzedeiras, consolidando seu papel vital dentro da comunidade
Elas carregam a nossa história viva valorizar as narrativas e tradições é preservar a cultura do nosso país e principalmente de Minas Gerais. Porém, ainda há fogueiras acesas. Essas mulheres fazem serviço social; elas chegam onde o dinheiro público não chega e mesmo assim não as conhecemos Diante do processo de ataque e violência, é difícil encontrar uma mulher que cura que esteja disposta a dar entrevista, por exemplo. “Elas parecem não existir, mas pior do que parecer é inexistir”, afirma João Sacramento
O medo que assombra os amantes da magia é o fim das gerações de benzedeiras Quem serão as próximas? É o fim da bruxa no Brasil? João conta que um dos principais objetivos do seu livro-reportagem é servir de inspiração para que uma nova geração de bruxas se erga. Ele compreende que os desafios para isso, hoje, vem da falta de interesse da nossa geração
É fato, não somos interessados fervorosamente pela religião como nossos pais e não existe curso on-line de benzedura, a tradição é oral. Portanto, as práticas belas e poderosas que estão debaixo do nosso nariz e não enxergamos são dignas de compreensão e contemplação que possamos passá-las adiante, não há motivo para medo
VASP 375: a história do voo que

O cinema brasileiro produziu mais uma obra-prima no ano de 2023 O longa-metragem “O sequestro do voo 375”, dirigido por Marcus Baldini, conta uma das mais impressionantes histórias da aviação civil no mundo, que ocorreu em terras tupiniquins. Mas, como aconteceu esse sequestro e qual sua repercussão junto a especialistas brasileiros?
O A T E N T A D O
Em 1988, o voo VASP 375, que fazia seu último trecho – entre os aeroportos de Belo Horizonte-Confins e do Rio de Janeiro-Galeão – tomou trágicas proporções e só não foi pior por causa da experiência do piloto Raimundo ‘Nonato’ Alves da Conceição (vivido por Jorge Paz), um tratorista desempregado e decepcionado com a situação do Brasil da época, anunciou o sequestro da aeronave usando um revólver e ordenou a mudança da rota do voo para Brasília, visando colidir o avião com o Palácio do Planalto e matar o Presidente da República, José Sarney.
Ao acionar no transponder (dispositivo comunicador) do avião o código internacional 7500, que significa “interferência ilícita”, o piloto Fernando ‘Murilo’ de Lima e Silva (interpretado no filme por Danilo Grangheia) comunicou o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) e uma série de negociações começaram a partir daí O copiloto Salvador Evangelista (interpretado por César Mello), ao tentar um dos primeiros contatos com o CINDACTA, recebeu um disparo do revólver e morreu na hora. Murilo ficou sozinho no comando da aeronave a partir deste momento
Para preservar a segurança do voo, Murilo fez o que muitos consideram impraticável em um Boeing 737, modelo do avião sequestrado: com as habilidades que ele desenvolveu em escola militar, Murilo realizou manobras acrobáticas naquele avião, dignas de Esquadrilha da Fumaça A primeira manobra, chamada Tonneau Barril, fez com que o jato ficasse de ponta cabeça no ar e até derrubou o sequestrador, porém não foi o suficiente
A outra manobra, denominada estol, coloca o avião em parafuso e, literalmente, em queda livre
Esta manobra demanda uma habilidade incrível e força sobrehumana para ser executada em um avião tão grande como o 737, pois poderia fazer com que o avião se desintegrasse no ar e todos os ocupantes viessem a óbito. O piloto conseguiu fazer com que o avião pousasse no Aeroporto Internacional de Goiânia, deixando todos os passageiros seguros e possibilitando a evacuação da aeronave
Mas o sequestro ainda não havia acabado. Em solo, Nonato recuperou a consciência e fez todos os passageiros do VASP 375 reféns, solicitando, como condição para a soltura destes reféns, que um avião menor da Força Aérea Brasileira, o deixasse fugir Os passageiros foram liberados e Nonato entrou na aeronave, utilizando o piloto Murilo como um escudo humano. Ao entrar no avião, o sequestrador foi alvejado e caiu. Dois dias depois, Nonato faleceu, com a causa oficial da morte sendo “anemia falciforme”


filme na opinião dos especialistas
ara o doutor em Comunicação e Semiótica e profissional com xperiência nos aeroportos de Belém (PA) e Navegantes (SC), ernando Moreira Araújo, o filme conseguiu retratar a falta de speção de segurança no Aeroporto de Confins, mas não teve ma abordagem sobre a escassez de regras que permeavam a egurança de Aviação Civil contra Atos de Interferência IlícitaVSEC. “O filme, na perspectiva de quem não trabalha na área da viação, foi bem apresentado. No que tange à falta de estrutura ormativa, faltou apresentar”, apresentou Dr. Fernando Araújo. ernando compartilha da mesma opinião que Thiago Carvalho opes, Agente de Proteção de Aviação Civil - APAC e consultor VSEC, graduando em ciências aeronáuticas e exuperintendente do Aeroporto de Governador Valadares “O filme i bem fiel ao sequestro, em geral, em todas as ações do piloto, zendo manobras nunca feitas antes, como o Tonneau Barril com Boeing, mas acho que poderiam ter falado um pouco mais do ro do aeroporto em relação a AVSEC, em não averiguação”, disse Thiago Lopes.
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A V S E C : O Q U E É ?
Ainda segundo os especialistas, a tentativa de “abafamento” do sequestro e a motivação política de minimizar o atentado corroboraram para ele não ter ganhado repercussão. “Como naquela época não existiam redes sociais, era muito fácil para os detentores do poder e os veículos de grande mídia escolher tudo o que seria repassado à população. A maior ênfase que foi dada a este atentado foi, de fato, o filme exibido no ano passado, e podemos ver que já faz quase 40 anos do ocorrido”, relatou Lopes Para entender esse conceito e a falha de segurança do aeroporto, que foi o que ocasionou o sequestro do VASP 375, temos que passar pelo conceito de atos de interferência ilícita De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil, são “atos ou tentativas de atos que põem em risco a segurança da aviação civil”, o que inclui sequestro de aeronave em solo ou no ar, destruição de aeronave, entrada de itens proibidos ou perigosos sem a devida autorização e acompanhamento e comunicação de alguma informação falsa que possa prejudicar a segurança do(s) voo(s).
A Organização da Aviação Civil Internacional - OACI define, em seu Anexo 17, as práticas para garantir a Segurança da Aviação Civil contra Atos de Interferência Ilícita, ou AVSEC (do inglês Aviation Security), as quais são regulamentadas aqui no Brasil pelo Decreto nº 11 195, mais conhecido como Programa Nacional de Segurança da Aviação Civil contra Atos de Interferência Ilícita - PNAVSEC.
A AVSEC é, sem dúvida, objeto de estudo de muitos profissionais do ramo de aviação comercial no Brasil e muitas pessoas não a conhecem a fundo, apenas reduzindo-a aos processos de inspeção, anteriores ao voo De acordo com o profissional com mais de 25 anos na carreira AVSEC e instrutor há mais de 20 anos, Darci Batista da Silva, a AVSEC se faz necessária e obrigatória em todos os aeroportos. “O segmento é fundamental no contexto da comunidade aeroportuária Basta vermos que se não tivéssemos


A cidade de Governador Valadares vem sofrendo com a contínua poda de árvores, ações que têm afetado o clima do município e causado incômodo nos cidadãos “Vira um forno, fica insuportável, as pessoas ficam adoecidas” diz Renata Bernardes
O processo de arborização é definido pelo plantio e manutenção das árvores em áreas urbanas, mas pode-se perguntar: porquê isso é tão importante? Manter uma cidade arborizada é essencial para promover o bem-estar da população, além de reforçar a sustentabilidade ambiental
As árvores absorvem energia solar durante a fotossíntese, evitando que o calor se espalhe de forma agressiva através do solo Se as árvores são removidas não há nada para realizar a arborização da cidade, causando a alteração do clima e desconforto geral da população
Dra Renata Bernardes, pesquisadora do Laboratório Cidadão de Ecologia do Adoecimento e Saúde dos TerritóriosLeas, da Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE, manifesta sua preocupação com o desmatamento
“Quando a gente pensa na arborização da cidade, a gente vê que tem um esforço de plantio, mas o que foi arrancado é muito maior do que o que está sendo plantado. A gente arranca, porque atrapalha a calçada, porque junta sujeira, porque atrapalha a fachada, impede minha loja de aparecer. Só que isso compromete a qualidade de vida de todo mundo, porque as árvores são importantes para a melhoria do clima, para fazer coisas que a marquise não faz, porque marquise tampa o sol, mas não vai umidificar a atmosfera”, afirma a professora que é doutora em funcionamento e recuperação de ecossistemas de matas ciliares
Dr Hernani Ciro, coordenador do curso de Engenharia Civil e Ambiental da UNIVALE, reflete sobre os impactos negativos que o desmatamento das árvores podem trazer às condições socioeconômicas da cidade: “A degradação ambiental pode levar à deterioração da qualidade do ar e da água, impactando a saúde pública Além disso, a perda de áreas verdes reduz a qualidade de vida dos moradores e diminui a atratividade da cidade para o turismo Economicamente, o desmatamento pode prejudicar atividades como a agricultura e a pesca, além de aumentar os custos associados à mitigação de desastres naturais, como enchentes e deslizamentos”.
De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos (SMOSU), de Governador Valadares, existem aproximadamente 70 mil árvores no município, em sua maioria sendo das espécies Oitis e Sibipiruna.
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Em 2023, surgiram protestos com faixas escritas “Salve os Oitis” espalhadas por algumas das locações mais famosas da cidade, como o Estádio José Mammoud Abbas, mais conhecido como “Mamudão” O perfil oficial dos protestos na rede social Instagram. @salveosoitisgv publicou a seguinte legenda acompanhada de uma foto das faixas: “Essa faixa está próxima aos oitis envenenados na calçada dos fundos do Democrata na Rua Sete de Setembro”.
A espécie Oiti possui um papel fundamental na arborização urbana por conta de sua copa cheia de folhas e ramos que proporciona uma grande sombra, recurso efetivo durante o período do verão. A sibipiruna, outra espécie predominante, mede cerca de 16 metros de altura e o tronco possui 30 a 40 metros de diâmetro, também sendo utilizada para arborização. O território de Governador Valadares é composto 100% pelo bioma da Mata Atlântica, o bioma brasileiro com o pior índice de ocupação vegetal original De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, 71,3% das áreas de florestas tropicais nativas já foram exploradas, isso se deve a ocupação urbana já que cerca de 70% da população brasileira vive no bioma e por atividades como construção de ferrovias e avanço da agropecuária

Dr. Hernani Ciro aponta as principais dificuldades para combater o desmatamento na região: “Escassez de financiamento e recursos humanos para fiscalização e projetos de conservação; falta de cumprimento ou inadequação das leis ambientais; pressão de setores econômicos que se beneficiam do desmatamento; nível insuficiente de conscientização ambiental entre a população e os líderes e as mudanças climáticas agravam os efeitos do desmatamento, dificultando a recuperação ambiental”
O pesquisador aponta ações que as comunidades locais podem realizar para ajudar na preservação do bioma e lutar contra o desmatamento: “Promover campanhas de conscientização sobre a importância das florestas; engajar-se em iniciativas de plantio de árvores e recuperação de áreas degradadas; participar de conselhos ambientais e pressionar por políticas de conservação; adotar práticas sustentáveis no dia a dia, como reciclagem e consumo consciente e monitorar e denunciar atividades ilegais de desmatamento”.
Agricultura & Futuro: Dia de Campo na UNIVALE traz inovações e tendências
O Dia de Campo teve sua última edição em 2023 com o tema “Integração Lavoura Pecuária”, interessando vários estudantes em adotar novas práticas envolvendo a tecnologia O evento acontece na Fazenda Experimental da UNIVALE e conta com todos os equipamentos para auxiliar os universitários na prática Helen Lages é estudante de Agronomia do 6º período e contou sobre sua experiência como uma das organizadoras deste evento: “Os profissionais que ministraram as palestras, nos mostraram técnicas para aumentar o conhecimento e incentivar o uso de novas ferramentas, agregando o saber de cada um presente ali, tanto produtores, profissionais da área, alunos e demais interessados”
Os tópicos discutidos foram divididos em 3 estações, sendo elas: Implantação de pastagens em sistemas integrados, Sistemas Integrados da Produção para recuperação de áreas degradadas e Avaliando o custo benefício da Integração da Lavoura Pecuária
Em dezembro de 2023, aconteceu a segunda edição do Dia de Campo com o assunto “Caprinocultura leiteira no Vale do Rio Doce” O evento teve o objetivo de ensinar: Critérios na aquisição de matrizes e reprodutores, manejo nutricional de cabras leiteiras e cuidados sanitários para manter a saúde animal, bem como a obtenção do leite de qualidade
Em junho de 2022, aconteceu a primeira edição do Dia de Campo da UNIVALE e teve como assunto principal “Desafios e tecnologias para a alimentação e nutrição de rebanho de corte e leite”

Nele, foram abordados 5 subtemas: produção de silagem, uso da cana de açúcar na alimentação de ruminantes, mineralização do rebanho de corte e leite, manejo de pastagem com práticas conservacionistas e o manejo e controle de plantas daninhas em pastagem
A professora Dra Janaina Gonçalves, professora dos cursos de Medicina Veterinária e de Agronomia da UNIVALE, contou sobre a importância do Dia de Campo para os estudantes: “O evento é importante para os estudantes, porque oportuniza uma aproximação da realidade profissional. Eles têm a possibilidade de se aproximar do agricultor, de empresas e de pesquisadores Dessa forma os universitários ampliam suas redes de contato profissional Além disso, é um evento que permite o aperfeiçoamento por meio do acesso a novas tecnologias e práticas agropecuárias” O Dia de Campo tem previsão de acontecer no segundo semestre de 2024
DE FRENTE COM A ESPECIALISTA
I A E S O C I E D A D E
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A inteligência artificial está disponível para muitas pessoas em todo o mundo, seja nos parâmetros gratuitos ou pagos. Esta nova tecnologia oferece uma gama de recursos que pode ser usada em diferentes áreas.
Há uma ampla discussão entre os especialistas que divergem opiniões Enquanto alguns estão satisfeitos e otimistas, outros sugerem que determinadas ramificações de aprimoramento dos recursos da IA sejam melhor regulamentadas, alegando que no futuro possa haver um descontrole no sistema, podendo supostamente prejudicar a vida dos seres humanos
Para compreender mais sobre o tema, a Revista Vale da Ciência entrevistou a Dra. Cristiane Mendes Netto, que atua como Diretora de Educação a Distância na Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE e como professora no Programa de Pós-graduação em Gestão Integrada do Território da UNIVALE Ela doutora em Gestão e Organização e Mestra em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Cristiane Netto também é bacharela em Informática pela Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
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T I D I A N A S ?
C N: Hoje, a inteligência artificial está fazendo parte das nossas vidas e acredito que ainda vamos viver muitas transformações
A vejo como uma possibilidade de trazer melhorias no auxílio às nossas atividades Então, a inteligência artificial, as tecnologias que possuem essa estrutura, elas têm capacidade de processamento, de análise de volumes de texto e de dados muito maior do que há um ano.
A gente pode vir a usar essas tecnologias como aliadas para nos apoiar na comunicação, no aprendizado dos estudantes e no próprio processo de ensino dos professores Acredito que sempre há uma limitação, a inteligência artificial é produzida a partir de programação, instruções orientadas e lógicas de dados, mas nós não vamos ser substituídos, e poderemos usar bastante no futuro essas tecnologias como auxiliares do dia a dia
V C : Q U A I S R E C U R S O S E S E R V I Ç O S P O D E M S E R
D E S E M P E N H A D O S P E L A I A ?
C N: Hoje em dia temos um acesso muito fácil pelos smartphones podendo baixar aplicativos,como o ChatGPT, que é um dos mais conhecidos, conseguimos baixar os aplicativos e fazer uma pesquisa, uma consulta, uma conversa com as inteligências artificiais a partir dos prompts, e, para isso, não precisa de nenhum supercomputador, nada muito avançado e elevado para adquirir Hoje, o que temos de principal mudança são as possibilidades de acesso que ficaram muito facilitadas
DE FRENTE COM A ESPECIALISTA
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J O S E L M A R N U N E S F O N S E C A
Com um computador pessoal básico é possível entrar na internet e usar ferramentas de inteligência artificial para fazer consultas, pedir para criar imagens. Para cada finalidade tenho soluções específicas.
As mais comuns tem sido esses prompts com propostas para inteligência artificial nos auxiliar As possibilidades vão desde planejamento de viagens, propostas de receitas, análises de livros, elaboração de planos de aula, em que cada pessoa pode usar para uma finalidade
Acreditamos muito que a IA vai fazer cada vez mais parte da nossa vida Nos acostumamos a usar o Google e acredito que, no futuro, vamos nos acostumar a conversar com as plataformas de inteligência artificial.
V . C : S E M E L H A N T E A O U T R O S M O M E N T O S
T E C N O L Ó G I C O S D A H I S T Ó R I A , A C H E G A D A D A I A
T R O U X E S A T I S F A Ç Ã O , M A S T A M B É M
D E S C O N F I A N Ç A P O R P A R T E D O P Ú B L I C O . O Q U E V O C Ê P E N S A A R E S P E I T O ?
C.N: Tudo que é novo, toda nova tecnologia, traz desafios e desconfianças. Alguns têm repulsão, outros adoração. Fazemos comparações, mas muitos processos irão mudar Eu mesma já fiz essas comparações: ‘‘ah é só mais uma tecnologia, é como a calculadora que surgiu para auxiliar ”
Mas hoje, diante do que eu tenho estudado e visto, percebo que a transformação vai ser muito maior e que muitas relações vão ser reconfiguradas em função do que poderemos utilizar das inteligências artificiais Obviamente, vamos ter sempre os desafios éticos quanto ao uso.
As questões também de desigualdades podem ser ampliadas e o nosso olhar tem que ser sempre crítico, ponderando as oportunidades novas que também são criadas, os riscos, os princípios éticos e legais É um novo cenário que se apresenta e acho que irá transformar e reconfigurar muito da maneira como a gente vive.
V C : E M S U A O P I N I Ã O , T E M O S P O N T O S P O S I T I V O S
E N E G A T I V O S Q U A N T O À E V O L U Ç Ã O D A I A ?
C N: Essas novas tecnologias são como essas grandes viradas, por exemplo o surgimento da imprensa, a internet e, agora, a inteligência artificial
Isso vai trazer oportunidades e riscos também, porque a tecnologia em si não é neutra e tem as possibilidades de uso para criar, tendo aqueles que vão fazer uso para coisas ruins A finalidade é de acordo com o que cada um vai querer usar
EXPEDIENTE
Jornalistas responsáveis: Deborah Luísa Vieira dos Santos
(MTB/MG 21058) e Ana Luiza Ferreira Coelho (MTB/MG 19421)
Editor-chefe e diagramador: Lucas do Vale Braga Alexandre
Repórteres: Ana Clara Novais Santana de Freitas, Emanuel
Alves de Assis, Isabela Vaz de Resende Bernadino, João
Marcos Lima Gomes, Joselmar Nunes Fonseca e Mariana Ferson Ferman.
Imagens: Banco de imagens Freepik.
A Revista Vale da Ciência é uma revista experimental desenvolvida nas disciplinas de Jornalismo Científico e Estágio Supervisionado, do 7º período do curso de Jornalismo da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE.

