Revista UNIFICA - 3ª edição - ano 2022

Revista Revista de Jornalismo Científico e Cultural

Projetos de Saúde Mental

3ª EDIÇÃO | Agosto de 2022 | Universidade Federal do Pampa

contribuem para o bem-estar de estudantes no ambiente universitário

Imagem: Unipampa

Reitor Roberlaine Ribeiro Jorge Vice-reitor Marcus Vinicius Morini Querol Direção de campi Ederli Marangon - Campus Alegrete Alessandro Carvalho Bica - Campus Bagé José Waldomiro Jiménez Rojas - Campus Caçapava do Sul Nádia Fátima dos Santos Bucco - Campus Dom Pedrito José Carlos Severo Corrêa - Campus Itaqui Silvana Maria Gritti - Campus Jaguarão Alexandre Vicentine Xavier - Campus Santana do Livramento Valmor Rhoden - Campus São Borja Luciana Benetti - Campus São Gabriel Cheila Denise Ottonelli Stopiglia - Campus Uruguaiana Coordenação acadêmica do Campus São Borja Thiago da Silva Sampaio Coordenador do curso de Jornalismo Leandro Ramires Comassetto Professora responsável Alciane Nolibos Baccin

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Mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros - Cora Coralina

A frase da poetisa e escritora brasileira Cora Coralina, reflete a essência da pesquisa científica brasileira, que não se deixa abater pelas dificuldades do caminho, e resiliente busca iluminar o futuro. Por dois anos a pandemia forçou o mundo a parar, e as universidades, dentre elas a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), a adotar o ensino remoto. Foi graças à ciência, pesquisa e às vacinas que o retorno às atividades presenciais vem sendo possível. Ainda que a pandemia não tenha chegado ao fim, a esperança voltou a guiar nossos passos pelo caminho da ciência.

Desde 25 de abril de 2022, os dez campi da Unipampa voltaram a ser frequentados por estudantes de diversos estados do Brasil. E a pesquisa, que nunca cessou, ganhou novo fôlego, a despeito dos cortes orçamentários enfrentados pelos pesquisadores e pelas universidades públicas ao redor do país. No Campus São Borja, uma nova turma de estudantes do 5° semestre de Jornalismo, orientados pela sua professora, aproveitaram o potencial dos laboratórios e suporte técnico da Universidade para, pela terceira vez, através da esperança no jornalismo e no conhecimento, produzir uma nova edição da UNIFICA. O objetivo da revista, desenvolvida ao longo de um semestre de readaptação, onde os estudantes passaram a conhecer mais de perto as expressões e feições dos colegas, foi mostrar e divulgar a produção científica feita na Unipampa. As reportagens e conteúdos aqui apresentados são fruto do trabalho de um semestre de aulas, reuniões, discussões, pesquisas, apuração, entrevistas, e muita dedicação.

Sem, em nenhum momento, esquecer os vários desafios que repousam sobre os om-

bros de professores e estudantes, nem deixar de lado o peso do nome de uma Universidade, que audaciosamente e corajosamente, propõese a trazer desenvolvimento para o interior do Rio Grande do Sul, os nossos passos são baseados na esperança de fazer do conhecimento uma ferramenta de transformação social.

A pandemia deixou muitas marcas doloridas na vida de milhares de brasileiros. Além dos espaços vazios, a tristeza em forma de adoecimento mental tem tornado esse período ainda mais difícil para todos, desde a população geral, até a comunidade acadêmica. Na reportagem especial desta edição, abordamos os diferentes transtornos e patologias que podem afetar a vida de universitários/as, pesquisadores/ as, e seres humanos em geral. Trazemos também explicações de especialistas e as ações feitas pela Unipampa na área da saúde mental.

Além disso, nas diversas editorias da UNIFICA, os leitores podem conhecer projetos como o Clube de Astronomia do Campus Alegrete, Grupos de Pesquisa sobre o mundo árabe e pesquisas sobre filmes biodegradáveis. Na editoria “Muito Além dos Números” trazemos informações sobre o ingresso de Pessoas com Deficiência (PCDs) na Unipampa. Já na editoria de Cultura, o tema são os músicos independentes da Universidade. Desejamos uma boa leitura para você, e que a esperança acompanhe, tanto sua jornada pelas páginas desta revista, quanto seus passos pela vida.

Alciane Baccin, Caroline Ledesma, Maicon Mendes e Micael Olegário

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UNIFICA

Revista de Jornalismo Científico e Cultural

sumário

Universidade Federal do Pampa Editoras-chefe Alciane Baccin Caroline Ledesma Maicon Mendes Micael Olegário Reportagem Cassiano Battisti Danilo Perez Ester de Oliveira Barbosa Giovanna Rodrigues Isis Ferreira Jéssica Ávila Joaby Máxima Maicon Mendes Marina Cruz Micael Olegário Moiziane Utzig Naju Pereira Nathielly Paz Paloma Souza Raissa Pinheiro Renata Carvalho Vitória Rios Produção gráfica Caroline Ledesma Isis Teixeira Micael Olegário Naju Pereira Raissa Pinheiro Missão Ser um veículo de divulgação científica e cultural das ações da Universidade, dando visibilidade e importância aos projetos que visem o desenvolvimento social das comunidades onde a Unipampa está inserida, bem como ser um meio para que a sociedade local se integre à Universidade.

Endereço: Rua Ver. Alberto Benevenuto, 3200 - Bairro Passo - São Borja, RS - 97670-000 Fone (55)3430-9850 E-mail: unifica.unipampa@gmail.com

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CARTA DOS EDITORES

A 3ª edição da Unifica traz contribuições da Unipampa ao desenvolvimento da sociedade em tempos de pandemia

06 INOVAÇÃO

Dispositivo criado por estudante reduz consumo de combustível

08 TECNOLOGIA

Clube de Astronomia traz população para dentro da Universidade

10 EDUCAÇÃO

O Oriente Médio como objeto de estudo

12 VOCÊ SABIA?

A contribuição da Unipampa no diagnóstico do HIV

14 SAÚDE

A importância da pesquisa em veterinária para a saúde pública

17 PAMPA SUSTENTÁVEL

Biofilmes - Uma opção sustentável para embalagem de alimentos

20 REPORTAGEM ESPECIAL 26 ENTREVISTA

Um olhar científico sobre a memória, com Pâmela Carpes

Imagem : Pixabay

Transtornos mentais: a diferença dos sofrimentos psíquicos e a presença desta realidade no meio acadêmico

30 CULTURA

Músicos independentes movimentam cenário cultural na Universidade

Imagem: Fundação Brasil Meu Amor

32 CULTURA

Um pedaço da história do Brasil por Juscelino Kubitschek

34 CULTURA

A Galeria Intercultural Magliani e o contato com a arte dentro e fora da Universidade

35 ESPORTE

Imagem: Daniel Marques

Atléticas universitárias promovem integração e troca cultural

38 MUITO ALÉM DOS NÚMEROS

Unipampa se destaca como espaço de inclusão

40 TÁ NA REDE

Cortes de verbas na educação impõem desafios à Universidade

42 POST-IT

Clubes e projetos voltados ao movimento negro conquistam espaço na Unipampa

Redução de combustíve

Aluno da Unipampa Campus Bagé desenvolve partícu

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ocê já sonhou com o carro que você tem consumindo menos combustível e ainda poluindo menos? Acredito que esse seja o sonho de boa parte dos motoristas brasileiros, ainda mais em período de elevação constante nos preços dos combustíveis.

Pois saiba que um aluno da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) já descobriu a fórmula para esse sonho se tornar realidade. Alejandro Reyes, aluno do curso de especialização em Gestão de Processos Industriais Químicos, da Unipampa, Campus Bagé, orientado pelo professor Cesar Mantovani, desenvolveu um protótipo de célula eletrolítica para reduzir o consumo de combustível de seu Chevrolet Classic 1.0. Os resultados da pesquisa dele foram muito promissores, tanto em termos de redução do consumo de combustível, quanto

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para diminuição da emissão de gases na atmosfera. Além disso, o dispositivo construído é feito a partir de materiais reaproveitados, podendo também ser replicado e aprimorado em outras pesquisas.

Reyes explica que, primeiramente, para a célula, são necessários três materiais básicos, aço inoxidável, borracha HDPE (material plástico de polietileno de alta densidade) e acrílico. De acordo com ele, primeiro, é importante saber que a célula não funciona sem uma fonte elétrica, não é uma reação espontânea, você precisa de uma energia a partir de uma bateria. .

Utilizando células eletrolíticas para produzir oxi-hidrogênio - uma mistura de gás hidrogênio e oxigênio (HHO) - Reyes desenvolveu a pesquisa sobre o uso de sistemas geradores à base dessa mistura. O objetivo foi diminuir o gasto de combustível e

a emissão de gases poluentes.

Ao final do projeto, o estudante constatou 73% de eficiência no processo de produção de oxihidrogênio, e redução de 50% no consumo de combustível do veículo 1.0, com maior grau de dissolução dos gases CO e CO², diminuindo a emissão na atmosfera. “A célula está subdividida em sete ‘semicélulas’, logo toda essa diferença potencial vai sendo distribuída de uma forma homogênea.

A reação tem que ser explicada de forma básica, para isso se precisa da relação de 12 volts por semicélula, cumprindo com uma diferença potencial que precisa para ganhar a reação para que aconteça em cada semicélula, e aí entra na outra parte que ajuda a explicar o assunto, que é a termodinâmica e segundo é a parte da eletroquímica’’, explica Alejandro.

Inovação - UNIFICA

el: uma célula inovadora

ula que diminui o consumo de gasolina em seu carro Consumo de energia eletrica vs HHO gerado (NaOH)

Fonte: Silveira (2012 p. 20)

Durante a fundamentação do trabalho, denominado de “Construção e aplicação de um sistema gerador de gás HHO em um veículo Chevrolet Classic 1.0”, Reyes precisou de uma intensa pesquisa para descobrir qual seria o melhor modelo de célula para seu protótipo.

Logo, avaliando o volume de gás produzido e a eficiência do consumo através da célula, ele teve de estudar uma por uma.

Após essa fase, comparou a geração de gases do motor com e sem o eletrolisador. ‘‘Em primeiro lugar, os veículos poluem da mesma maneira mesmo tendo o catalisador. Então a gente vai aplicar a célula em um veículo de comunicação interna para monitorar aquilo que está acontecendo tanto no consumo de combustível, como também na poluição de gases ’’, justifica Reyes.

Em uma fase de testes, foi analisado que o veículo sem célula, sem aplicação, consumia 13km por litro, o que segundo o Detran (Departamento Esta-

Consumo de energia eletrica vs HHO gerado (KOH)

Fonte: Silveira (2012 p. 20)

dual de Trânsito), é uma análise dentro do padrão. Entretanto, quando o veículo funciona com o eletrolisador, o carro começa a funcionar de uma maneira diferente, tendo um menor consumo de combustível, fazendo 23km por litro assim resultando em uma diferença de 93% de economia a partir deste experimento feito com e sem eletrolisador.

Na análise de gases, foi totalmente comprobatório, pois o teste de gases depende da queima de combustível, logo os 93% de redução do consumo foi verificado também na emissão de gases pelo escapamento. O veículo com a presença do hidrogênio, tem melhor queima. O carro reage diminuindo com uma injeção de combustível convencional pela câmara de combustão, porque há presença de outro propulsor, porém não detecta a presença do outro gasóleo fazendo com que o veículo reaja e injete menos gasolina.

Vale ressaltar a singularidade do estudante, que com pouco investimento financeiro, conse-

guiu elaborar uma pesquisa que pode acabar com problemas ambientais e econômicos, ajudando muitas pessoas ao redor do mundo.

No entanto, apesar de tocar o projeto até aqui sem patrocinadores, para que o projeto continue em desenvolvimento e passe pelas modificações necessárias para que seja uma possível opção ao combustível fóssil, o universitário precisa de investimentos na ideia. por Joaby Máxima

Imagem: Alejandro Reyes

Desbravando o universo com a Unipampa

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oda universidade tem como objetivo expandir o conhecimento para que a sociedade se beneficie. E não seria diferente com a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), o projeto de extensão “Clube de Astronomia”, criado em 2008 no Campus Alegrete pelo professor de Engenharia Elétrica, Alessandro Girardi, tem como objetivo apresentar a astronomia de maneira simples e acessível. Como ressalta Alessandro, “é um projeto que faz com que pessoas de fora da Universidade tenham contato com telescópios, observação do céu e de eclipses, para que a comunidade se interesse pelos nossos cursos, a área das engenharias, e assim, se tornem futuros ingressantes na Unipampa”.

O clube conta com um bolsista no momento. O aluno do 5° semestre de Engenharia de Telecomunicações, Jose Eduardo Correa, está atuando como monitor e conta que seu primeiro contato com a Universidade foi por conta da competição de foguetes de garrafas PET que é realizada pelo clube em parceria com as escolas. “Em 2018, no ensino médio, chegou até nós esse projeto da Unipampa, o campeonato de foguete, e o pessoal apresentou o telescópio, eu cheguei na Unipampa através daquele conhecimento dos lançamentos de foguetes. De como é que você prepara um foguete, quantidade

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de química, aerodinâmica”, comenta.

Já houve três edições da competição, que é municipal e focada em alunos do ensino médio.

Durante o evento as escolas são convidadas e algumas tornaram até obrigatórias a participação dos alunos. A última edição ocorreu em 2019 e contou com 87 equipes inscritas. O processo de participação começa na escola, ensinando os alunos a fabricarem seus próprios foguetes, feitos com água e ar comprimido ou reações químicas, como relembra Alessandro. “No dia da competição é mais formal, cada

um tem suas pedras. Chegar lá, preparar, lançar, fazemos a medida da distância e depois determinamos os vencedores”, relata.

Latitude e Longitude: O Relógio Solar Analemático Uma maneira de chamar a atenção não só dos universitários como da comunidade. Em 2016, o clube teve a ideia de criar um relógio solar analemático, com mais de 15.000 azulejos, em uma localização estratégica, próximo ao Restaurante Universitário (RU) onde sempre há mo-

Competição de Foguetes realizada em 2019 no Campus Alegrete.

Reprodução: Facebook/ Clube de Astronomia UNIPAMPA/Alegrete

Tecnologia - UNIFICA vimentação de estudantes e de curiosos. O relógio funciona em relação a posição do Sol. Os cálculos, para determinar a posição do sol, são feitos a partir da relação de altitude e longitude, e pelo uso de uma vareta na vertical, que indica a sombra das horas.

Alessandro ressalta que durante esses anos o clube colaborou para trazer os jovens para a Universidade. “É uma forma de chamar atenção das pessoas para a engenharia como um todo, porque

O Relógio solar quando estava sendo produzido por alunos.

Reprodução: Clube de Astronomia da UNIPAMPA

envolve muitos conceitos relacionados ao universo que a gente vive, mas às vezes não prestamos atenção”, comenta.

(EXOSS), uma organização sem fins lucrativos, que tem o objetivo de registrar os meteoros e colaborar com instituições parceiras como observatório nacional, além de incentivar a produção de artigos científicos. Todas as noites um sistema de câmeras que ele tem em casa grava e registra os meteoros que transitam na atmosfera. Em Uruguaiana tem outro telescópio que Jose quer utilizar para otimizar o seu projeto “é um projeto que eu pretendo finalizar lá em Uruguaiana, fazer o pareamento comigo lá e assim conseguir observar e estudar ainda mais sobre a origem, se ele pode trazer risco para a terra”, comenta.

A astronomia é um xodó dos curiosos de plantão, o clube se utiliza disso para chamar o público geral para conhecer a Unipampa. Todos esses eventos são abertos ao público, sem precisar se inscrever ou ser discente na instituição.

Segundo o professor Alessandro “astronomia é um tema que chama a atenção, e as pessoas são curiosas nesse sentido, mesmo quem não é da área gosta de olhar o céu a noite… Chegamos a uma conclusão que a astronomia é um tema transversal que pode atrair alunos para os cursos das ciências exatas e engenharias”, completa.

O clube de astronomia está de volta com encontros toda segunda-feira às 18h, horário em que já começa a ficar escuro e se torna fácil a observação do céu, das estrelas e planetas. A observação tem duração de duas horas e ocorre no Centro de Tecnologia de Alegrete (Av. Tiaraju, 810). Já a volta da competição de foguetes está sendo organizada pelos membros do clube e a previsão é de que ocorra em outubro ou novembro de 2022.

Por Giovanna Rodrigues

O Relógio solar finalizado e próximo ao Restaurante Universitário (RU) em Alegrete. Reprodução: Clube de Astronomia da UNIPAMPA

Caça aos meteoros Você sabia que cerca de 50 meteoros atravessam o céu todas as noites? O bolsista Jose tem um projeto individual de monitoramento de meteoros, em conjunto com o Projeto EXOSS Citizen Science Project 9

O oriente sob o olhar acadêmico: conhecimento sem fronteiras

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ano é 2022, e ainda pouco se sabe sobre os povos e a cultura do Oriente Médio. Ao observar a carência educacional acerca do tema, professores do Campus Jaguarão e Santana do Livramento criaram grupos e projetos para debater sobre uma das regiões mais antigas da história humana, berço das primeiras civilizações. As iniciativas têm como foco debater a temática, como o “Laboratório de Estudos da História do Mundo Árabe e Islã (Lemhai)” do professor de História, Edson Cruxen, e o “Grupo de Análise Estratégica - Oriente Médio e África Muçulmana (GAE-OMAM)” do professor de Relações Internacionais, Renatho José.

O principal objetivo dos grupos é quebrar os preconceitos preestabelecidos sobre a cultura árabe a partir do seu estudo. Os encontros geralmente são voltados para questões religiosas, geopolíticas e direitos humanos. O professor Edson explica um pouco mais sobre a diversidade do Lemhai. "Nós temos um quadro bastante diversificado de leituras e, justamente, esses temas são abordados, não apenas dentro dos encontros de leitura que nós fazemos - porque também um dos grandes objetivos do Lehmai é a condução dos TCCs. Então no momento em que os alunos se engajam, eles já começam a ser conduzi10

dos ao desenvolvimento da sua própria pesquisa”, comenta o professor.

Cruxen também costuma indicar leituras para os alunos desenvolverem o raciocínio e pesquisas. “O primeiro passo são leituras de contextualização histórica, para que eles possam se situar e ter os principais ‘nós’, desse debate que se desenvolve em relação a essa situação, e depois cada um vai conduzindo a sua pesquisa individualmente”, relata.

Já no grupo GAE-OMAM, do professor Renatho, após a consolidação do grupo, outros estudantes começaram a se interessar pela temática: “O grupo discute a questão do que está acontecendo no Oriente Médio, qual a importância religiosa, cultural, política e econômica da região. Hoje não tem só discentes de Relações Internacionais no grupo, tem também alguns de direito, mas já tiveram de economia e muitos de administração”, comenta o professor.

Um projeto desenvolvido em uma universidade requer participação dos alunos para seguir crescendo. Como esses projetos surgiram antes da pandemia, com a chegada do vírus o grupo teve que se adaptar ao modelo de ensino remoto, sem parar as atividades durante o período.

Mas com essa nova maneira de ensino, surgiram também novas perspectivas para o laboratório.

Segundo Edson, o grupo se reinventou com lives no Youtube e engajamento maior no Instagram. “Na pandemia migramos para o ambiente virtual. Antes eram apenas ações internas do curso de história, agora vamos passar a aceitar pessoas de fora da instituição. Estudantes de outros cursos da Unipampa também podem se engajar, podem iniciar assistindo às reuniões”, explica.

Por outro lado, o professor Renatho relata as dificuldades para manter as atividades do grupo: “Acho que até agora, do nosso primeiro ano, eu tenho apenas quatro pessoas que ficaram do ano passado, outros se formaram e foram embora. A gente tentava manter as reuniões virtuais, mas às vezes não funcionavam do mesmo jeito”, comenta. No entanto, de acordo com o professor, agora os estudantes voltaram com pique total. “Eu estou muito impressionado. É um pessoal que está querendo, a maioria que está hoje no grupo nunca nem tinha pisado na Unipampa. Então eles querem viver a Universidade,” complementa Renatho.

Educação - UNIFICA

Novas alternativas de explorar o oriente médio Um dos objetivos da universidade é incentivar o crescimento acadêmico de alunos e professores, provocando a participação em eventos, tanto fora, quanto dentro da instituição. Os grupos de pesquisa e extensão são responsáveis por abrir caminhos para a inserção dos discentes nessas atividades, sempre alimentando perspectivas para o desenvolvimento do ensino. Esta também é uma das preocupações do professor Edson. “Incentivo dos centros integrados ao laboratório a participarem de eventos. Acho que o laboratório tem justamente essa função de experimentação acadêmica”, comenta. Além disso, o professor afirma a importância dos alunos e alunas buscarem se inscrever e colaborar com eventos para desenvolver mais habilidades.

O contato com outras universidades é uma atividade enriquecedora para os acadêmicos, mas demanda questões econômicas. ”Então a gente teve duas reuniões já, o pessoal está empolgado, mas a dificuldade é realmente em recursos”, explica o professor. Para Renatho, os jovens são fundamentais na construção das atividades acadêmicas, por terem várias visões diferenciadas da sociedade. “Eu só consigo trabalhar com essa garotada porque é um pessoal que cria muito, inventa muito e a gente vai tentando colocar em

prática essas coisas”, relata o professor.

O coordenador do GAE-OMAM criou uma revista para o IV Festival Sul-Americano da Cultura Árabe, para publicar os estudos realizados pelos alunos do grupo. No momento, a revista GAE-OMAM está parada, mas uma das metas para o segundo semestre é o retorno do conteúdo de forma virtual. O estudo e compreensão da importância do Oriente Médio é um dos pilares para o Lemhai e GAE-OMAM. dá por meio dessa perspectiva “Eu acredito que tudo que traz o esclarecimento, tudo que tenta desconstruir preconceitos, e incentivar a naturalização é fundamental. O preconceito se pronta que nos impede de contestar sobre. Nós tomamos como natural e a universidade está aqui justamente pra isso, para contestar, para nos fazer pensar, para abalar as bases que estão dadas como seguras e definidas”, ressalta Edson Cruxen.

O docente da Unipampa ainda complementa apontando o respeito e o entendimento de diferentes culturas como uma forma de combater o preconceito, violência e silenciamento que as afetam. “Nós temos dentro do próprio Brasil, comunidades árabes muito grandes, que muitas vezes passam por preconceito, passam por agressão justamente por falta de conhecimento”, acrescenta Edson.

Renatho segue a mesma linha de pensamento e reforça a relevância cultural e religiosa do Oriente Médio. Segundo ele, o primeiro passo para desmistifi-

car esses aspectos, é o conhecimento e humanismo. ”Eu acho que o mais importante é estimular as pessoas a conhecer. Nós temos a oportunidade de estar dentro de uma academia, de estudar, acho que é nosso papel levar informação para ajudar as pessoas a entenderem que essa diversidade é fundamental”, comenta Renatho.

Os estudos sobre o Oriente Médio são tema de extrema importância para formar uma sociedade aberta à compreensão sobre uma cultura diferente, e que merece respeito e atenção. É com esse intuito que surgiram grupos de estudos como o Lemhai e o GAE-OMAM, meios de contato acadêmico entre o Brasil e o Oriente Médio, uma ligação de troca de conhecimento pessoal e profissional. Na Unipampa, estes grupos são exemplos da contribuição da educação e da ciência para uma sociedade mais plural e compreensiva. por Giovanna Rodrigues e Moiziane Utzig

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Você Sabia? - UNIFICA

Unipampa contribui para tratamento de pessoas com HIV

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o início da pandemia no corpo e o contágio no linfóresponsável pelo laboratório. de Covid-19, a capital cito CD4, os pacientes conseDurante a pandemia da Codo Rio Grande do Sul guem entender a quantidade vid-19, o laboratório também lidava com outra preocupação de células que foram atacadas contribuiu com os exames na área da saúde, além do pelo vírus. “Antigamente, as para detectar o vírus no estaCoronavírus: um aumento nos pessoas que positivavam para do do Rio Grande do Sul. Isso números de mortalidade por o vírus, iniciavam seus trataporque, os exames feitos na Síndrome da Imunodeficiência mentos e enviavam os exames contabilização da carga viral Humana (Aids). Segundo o Mipara Santa Maria e Porto Aledo HIV é um exame de RT-PCR nistério da Saúde, desde janeigre, tendo o retorno cerca de (exame de sangue), mesma ro de 1982 (dois anos depois um mês depois. técnica usada para descobrir do primeiro caso o vírus da Covid. registrado de HIV Em maio de 2020, no Brasil), o Estado o Laminf passou a “Agora, por meio do laboratório da atuar com análise pertence a uma das Unipampa, o resultado chega uma do HIV e também três federações com maiores taxas de deda SARS-CoV-2 semana depois do exame. tecção. Os dados do voltando com o Para diminuir a sobrecarga do Estado, Boletim Epidemiolóatendemos as cidades da fronteira oeste foco em HIV no fim gico de 2021 mosda pandemia. pelo Laminf”. tram que de 100 mil De seis em seis habitantes, 41,9 mil Renata Montagnerr meses, o paciente pessoas positivaram faz o exame para para o vírus em Porque o Laminf conto Alegre. siga acompanhar Na Universidade Federal A prefeitura de Uruguaiana o processo do vírus nas células do Pampa (Unipampa), em detem como parceiras as demais e assim atuar para neutralizá zembro de 2017, foi criado o prefeituras dos municípios da -lo a partir do acompanhamenLaboratório de Monitoramento Fronteira Oeste do Estado. to dos dados. “Quando o vírus de Infecções de HIV (Laminf), Após o paciente positivar com destrói as células CD4 (examino Campus Uruguaiana. A criao vírus, é feita uma coleta que nadas no nosso laboratório), a ção contou com a colaboração irá para a prefeitura da cidade pessoa fica vulnerável à Aids do governo do Rio Grande do e em seguida o material pronto e outras infecções levando a Sul e da prefeitura de Urué encaminhado para o Laminf. complicações na saúde e até guaiana. A unidade integra a “As amostras são enviadas à mortalidade”, afirma RenaRede Nacional de Laboratóàs farmacêuticas da prefeituta. O Laboratório comemora rios de Contágio de Linfócitos ra de Uruguaiana, tanto das o crescimento da ciência e da CD4 e de quantificação de outras regiões contempladas pesquisa, chegando à marca carga viral de HIV. O objetivo é quanto da cidade. O material de dez mil pacientes desde diminuir o tempo do resultado já pronto, chega para nós efesua criação, cinco anos atrás. dos exames das pessoas que tuarmos a análise. Não temos já apresentam o vírus e escontato direto com os pacienpor Naju Pereira tão passando por tratamento. tes”, explica Alessandra Golke, Através da quantificação do farmacêutica 13

A contribuição da medicina veterinária na saúde pública A importância das pesquisas universitárias para compreender e prevenir novas doenças

E

m dezembro de 2019, o mundo ainda não sabia que em alguns meses entraria em colapso, por conta da pandemia de Covid-19. Já são mais de seis milhões de mortos no mundo e 11% dessas mortes ocorreram no Brasil. Desde então, o mundo está tentando remodelar a rotina e entender o que se tornou normal.

Esse período foi de grande preocupação social e de muito trabalho para a ciência. Meses de estudos, produção de vacinas, remédios, estudo de causas, efeitos e consequências. A cada dia novas doenças surgem, isso é um ciclo natural, o diferente é a gravidade dessas doenças e a aceleração da disseminação em escala global.

Com base nesse cenário, prin-

cipalmente decorrente da pandemia, professores da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) iniciaram um projeto de pesquisa para entender o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com Covid-19. A iniciativa é coordenada pela professora do curso de enfermagem Josefine Busanello, e conta com a colaboração de outros professores, como o professor de Epidemiologia e Bioestatística Lucas Pitrez Mocellin.

Um dos objetivos do estudo é investigar os pacientes com essa infecção e a assistência hospitalar disponibilizada na metade sul do Rio Grande do Sul. O projeto visa contribuir para a construção de protocolos assistenciais, que possam auxiliar os profissionais da saúde responsáveis pelo cuidado na tomada de decisão, instituindo medidas

resolutivas e efetivas durante o tratamento hospitalar dos pacientes acometidos pela enfermidade.

A pesquisa tem a intenção de “contribuir para a vigilância epidemiológica regional, permitindo a definição de aspectos elementares da infecção que condicionam à apresentação clínica do paciente com Covid-19. Também colabora na articulação de dados epidemiológicos com a assistência em saúde disponível localmente e no auxílio para qualificar a rede de atenção em saúde”, como destaca o professor de epidemiologia. Segundo Mocellin, o estudo ainda está em fase de coleta de dados e é desenvolvido em serviços hospitalares de Uruguaiana, Santana do Livramento, Santa Maria, Bagé e Rio Grande.

Mudanças ambientais favorecem a disseminação de doenças Os doutores em veterinária e professores da Unipampa, Campus Uruguaiana, Mário Brum e Débora Pellegrini, destacam que além da Covid-19, as outras doenças que manifestaram-se nos últimos anos são frutos das ações dos seres humanos.

Dentre todas as principais causas, destaca-se a inserção humana em diversos locais, cuja necessidade de explorar novos territórios causa um desequilíbrio ao ecossistema nativo de determinadas regiões, e a partir disso ocorrem os contágios por vírus desconhecidos.

“

Por exemplo, nós pegamos a África ou a Amazônia, um ecossistema fechado, um ambiente que tem seus vírus, seus animais, estão todos em equilíbrio. Então nós construímos uma casa lá, começa-se a montar uma vila no meio de uma região dessas, e nós estamos levando pessoas que são possíveis novos hospedeiros pra lá. Os vírus que estão lá vão ter oportunidade de entrar em contato com essa pessoa. Junto com essa pessoa, não vai só um vilarejo, vai o cachorro, o gato, o cavalo, todos são possíveis hospedeiros”.

Professor Mário Brum

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Saúde - UNIFICA A mudança climática e o desmatamento também contribuem para a migração de animais silvestres para zonas urbanas, transportando diversos tipos de vírus, dos quais ainda não temos anticorpos. Segundo os dados divulgados, neste ano, pela Universidade de Maryland, no site Global Forest Watch, houve a perda de 11,1 milhões de hectares de cobertura arbórea no mundo em 2021; 40% do dano foi no Brasil.

Com isso, é cada vez mais comum casos de zoonoses virais (doenças transmitidas entre seres humanos e animais).

Esses vírus procuram uma forma de se manterem vivos e buscam evoluir a cada nova espécie, por isso ocorrem tantas mutações. Segundo os especialistas da Unipampa, os vírus “não estão interessados em causar mortes, mas de manter a própria existência”, porém não são todos os sistemas que possibilitam sua reprodução. No caso da multiplicação na espécie humana, os vírus obtêm considerável sucesso, tendo em vista que a espécie é

numerosa. Segundo a professora Pellegrini, os vírus tornam-se cada vez mais “fracos”, ou seja, menos fatais e mais transmissíveis, justamente, por buscarem permanecer vivos, quanto menos agressivos, menos pessoas morrem ou medicam-se para matar o micro-organismo, consequentemente mais imperceptível ele se torna e maior será sua capacidade de propagação. É possível identificar essa condição nas diferentes variantes do Coronavírus, como a Delta, que é aproximadamente 40% mais contagiosa que a Alfa.

A facilidade no trânsito internacional, favorece a disseminação dos vírus. O primeiro caso de Covid-19 no Brasil, surgiu em fevereiro de 2020. O paciente era um homem que havia feito uma viagem para a Itália, dias antes. Em maio de 2022, foi anunciado o primeiro caso possível de Hepatite misteriosa no país, enquanto outros casos já ocorreram em ao menos 30 países. Os casos dessas doenças servem de alerta internacional para o cuidado com

o meio ambiente. Apesar do temor social, por causa de tantas doenças, o docente da Unipampa - Campus Uruguaiana, Mário Brum, destaca que algumas dessas doenças são reemergentes, ou seja, são patologias conhecidas, mas que haviam sido controladas e que ressurgem, principalmente, em locais incomuns para a morbidade, como o caso da Varíola dos Macacos.

Este vírus foi identificado em 1958, e o primeiro caso de infecção humana ocorreu 12 anos depois, na República Democrática do Congo. Já no início dos anos 2000, houve um surto nos Estados Unidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enfermidade, que chegou ao Brasil no final de maio deste ano, é considerada endêmica em diversas nacionalidades, como: Benin, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Gabão, Gana (identificado apenas em animais), Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, República do Congo, Serra Leoa e Sudão do Sul.

Ilustração: Ester de Oliveira Barbosa

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Saúde - UNIFICA

Como mudar este cenário “ A natureza é extremamente resiliente, ela vai

Ilustração da internet

se estruturar, mas a gente precisa dar espaço para que ela se organize”, Debora Pellegrini

imagem

da inte rnet

A ciência mundial mostrou possuir capacidade tecnológica e, principalmente, intelectual para produzir soluções. As vacinas e remédios desenvolvidos em um curto tempo são exemplos disto. O maior empecilho é a falta de investimento e comunicação entre as diversas áreas do conhecimento, e tanto o professor Mario Brum, quanto a professora Debora Pellegrini, destacam esses fatores.

A falta de comunicação não só na academia médica, como com a população, dificulta a compreensão do que está acontecendo no mundo.

Pellegrini lembra que a ciência veterinária contribuiu nas pesquisas e vacinas para a Covid, pois a bronquite em galinhas, por exemplo, possui uma patogênese similar ao Coronavírus.

A ciência não pode impedir o surgimento de no-

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“

vas doenças, mas é possível minimizar o impacto.

Remodelar a forma como vivemos pode diminuir a degradação ambiental e a invasão territorial, bem como proteger e restaurar os ecossistemas, respeitando os habitantes das comunidades locais.

“A gente vai ter que ficar fazendo esse atendimento sempre curativo? Precisando voltar no tempo pra pegar alguma coisa, pra tentar resolver um problema? Ou será que não vale a pena a gente olhar nossas ações e pensar no modo que vivemos?”, questiona Pellegrini.

A ciência está apontando o caminho para o futuro do planeta, basta que repensemos a forma como utilizamos os recursos naturais e o impacto que causamos para o ecossistema.

Por fim, cabe enfatizar à toda população a importância da vacinação contra a Covid-19, realizando o esquema vacinal completo e as doses de reforço disponibilizadas, assim como a adesão ao calendário vacinal disponibilizado pelo SUS para o enfrentamento das diversas doenças infecciosas” por Ester de Oliveira Barbosa

Pampa Sustentável- UNIFICA

Filme biodegradável

Alternativa sustentável para embalagens de alimentos Pesquisa desenvolvida no Campus Bagé da Unipampa levou ao desenvolvimento de filme bioativo antimicrobiano com potencial para aumentar vida útil de alimentos

Imagem: Lucio Patone - Unplash

A

busca por alternativas sustentáveis para o consumo e indústrias é um dos desafios da atualidade. Investir em medidas que contribuem para a preservação do meio ambiente é uma iniciativa que começa a atrair cada vez mais o interesse de empresas e pessoas.

Segundo dados da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Meio Ambiente, são produzidas 400 milhões de toneladas de plástico por ano. O uso excessivo desse material de lenta decomposição é um dos maiores problemas para a sociedade.

Uma pesquisa publicada em março de 2022 pela Vrije Universiteit Amsterdam, dos Países Baixos, identificou a presença de partículas de microplásticos no sangue humano. A descoberta publicada na revista Environment International, e amplamente divulgada, causa apreensão em especialistas, em virtude do desconhecimento sobre os impactos futuros disso na saúde das pessoas. Além disso, o plástico afeta milhares de espécies de animais, com a poluição dos seus habitats naturais, em especial nos oceanos.

Na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), um estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Unipampa (PPEng)

do Campus Bagé, teve como resultado a criação de um “Filme Bioativo Antimicrobiano à Base de Carragenana e Extrato de Oliveira”. A pesquisa teve como objetivo buscar soluções para substituir os tradicionais filmes de PVC, feitos de plástico, por uma embalagem biodegradável.

A equipe responsável pelas pesquisas contou com a participação da pesquisadora da Unipampa, Thamiris Renata Martiny, das professoras Gabriela Silveira da Rosa, Caroline Costa Moraes, e das alunas Vitória Olave de Freitas, Priscila Baruffi Ribeiro e Barbara de Zorzi Silva. Além disso, colaboraram para o desenvolvimento do filme bio-

ativo, a também pesquisadora, Bruna Silveira Pacheco e o docente da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Claudio Martin Pereira de Pereira.

O sucesso do projeto foi reconhecido inclusive pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). A Unipampa recebeu do Inpi a carta-patente pela embalagem biodegradável produzida no programa de mestrado.

O documento foi concedido em abril deste ano, e é válido pelo período de 20 anos, a partir da solicitação feita pela Universidade em 28 de junho de 2018.

Thamiris Martiny, menciona o desafio e a dificuldade de conseguir a concessão de uma carta-patente, além de destacar o potencial da Unipampa em termos

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Pampa Sustentável- UNIFICA de ciência e inovação. “Temos pesquisas muito importantes e que têm impacto no mundo científico. Essa patente e outros artigos publicados de outros grupos de pesquisa comprovam isso”, afirma a pesquisadora. A pesquisa é um dos exemplos de como a Unipampa e o conhecimento científico podem colaborar para a busca de soluções sustentáveis para o planeta.

Imagem: Polina Talnkilevich - Pexels

A produção dos filmes biodegradáveis: duas etapas de muitas pesquisas e testes

A

pesquisa de embalagens biodegradáde oliveiras, resíduos normalmente descartaveis já acontecia no grupo de pesquisa dos após a colheita e na época da poda das Engenharia de Processos em Sistemas Partiárvores. O extrato de oliveira obtido na segunculados (GPEPSP), coordenado pela profesda etapa do projeto é uma espécie de chá feito sora Gabriela Silveira da Rosa, antes de Thadas folhas de oliveira. Após a produção dos exmiris ingressar no mestrado. A primeira fase tratos, foi feita a caracterização dos mesmos teve como foco encontrar a melhor formulação através de análises antimicrobianas e antiopara a produção de um filme biodegradável. xidantes. A conclusão desse estudo levou à “Desde a utilização identificação destas do solvente, tínhamos características nos essa preocupação. A extratos de folhas de gente testou várias Desde o início a gente teve essa oliveira. alternativas, incluindo Segundo a profespreocupação de utilizar ingredientes a água, que é um solsora Gabriela, o Grupo vente “verde” e não de Pesquisa GPEPSP que fossem menos agressivos teria nenhum impacda Unipampa tem se ao meio ambiente. to”, conta Thamiris dedicado à identificaMartiny. ção, quantificação e Thamiris Martiny Além da água, a extração de composcarragenana, um potos bioativos presenlissacarídeo biodegradável, usado na indústria tes em diferentes resíduos agroindustriais de cosméticos, foi um dos ingredientes esseneconomicamente relevantes na região que o ciais para o desenvolvimento da embalagem grupo se insere. “Ainda na temática de suspara os alimentos. De acordo com a pesquisatentabilidade, as pesquisas têm foco também dora da Unipampa, o uso da carragenana posno desenvolvimento de novos materiais sibilitou a produção de um filme manuseável e baseados em biopolímeros de fontes a incorporação de um outro componente charenováveis e abundantes, desve para o sucesso da pesquisa, o extrato de tinados à proteção e conservafolhas de oliveira. ção de alimentos”, comenta a Por meio da parceria da Universidade com professora. uma empresa produtora de azeite de oliva da O novo material desenvolvido região, o grupo passou a aproveitar as folhas une essas duas áreas, propondo o 18

reaproveitamento de resíduos e apresentando uma alternativa de produto biodegradável com potencial para substituir os plásticos de origem fóssil, que podem degradar o meio ambiente quando descartados de forma inadequada. A professora destaca que a concessão da carta-patente é um marco para o grupo e para a Unipampa, pois confirma que o trabalho desenvolvido tem potencial inovador e que os avanços baseados na ciência têm potencial para serem utilizados pela sociedade.

Filme Biodegradável à base de carragenana - Imagem: Divulgação

Além de conseguir fazer todo o estudo de formulação de filme, extração e incorporação do extrato de folhas de oliveira, conseguimos comprovar que esse filme produzido é eficiente na embalagem de carne de cordeiro, reduzindo a população microbiana, podendo aumentar a vida útil e disponibilidade dessa carne para o consumo por mais tempo, comparado com a embalagem de PVC. Thamiris Martiny Martiny explica que a adição do extrato ajuda a tornar o filme bioativo ainda mais benéfico para a sociedade. “Além de embalar e proteger fisicamente, essa embalagem visa interagir com o alimento, diminuindo a população microbiana dele, deixando a qualidade do alimento válida por mais tempo”. Para testar essa hipótese foram feitos testes com carne de cordeiro, uma escolha que não foi por aca-

so. De acordo com Thamiris Martiny, a carne de cordeiro foi selecionada por ser uma cultura local, e também pelo baixo consumo e preço elevado desse alimento.

A pesquisa feita no Campus Bagé também contou com a parceria de outras universidades brasileiras e estrangeiras. A pesquisadora da Unipampa cita a importância da colaboração do apoio da Universidade Federal de Pelotas

Patente gera expectativa de interesse por alguma empresa Até o momento, o filme à base de carragenana e extrato de oliveira não está sendo produzido por nenhuma empresa. “Com a patente depositada, gera uma esperança, porque estando no NPI, pode acontecer de alguma empresa em uma pesquisa nas patentes se interessar em nossa pesquisa para a produção em larga escala desse filme”, comenta Martiny.

O projeto desenvolvido no mestrado de Engenharia da Unipampa se destaca pelo seu potencial em termos de sustentabilidade. O filme bioativo não só pode substituir o uso excessivo de PVC e plástico, como contribui para o melhor aproveita-

mento de resíduos industriais. O trabalho conjunto entre economia e ciência, universidade e empresa, é possível e produz bons resultados, como mostra o exemplo de Thamiris e da equipe do PPGEng. Buscar soluções sustentáveis para um futuro melhor para o meio ambiente e a vida humana das próximas gerações é urgente. A pesquisa mostra ser um dos principais caminhos para encontrar alternativas que, aliada à sociedade civil e ao poder público, possam corrigir anos de danos ambientais no planeta. Tanto Thamiris, quanto diversos outros pesquisadores e pesquisadoras da Unipampa demonstram estar engajados com essa missão. por Micael Olegário e Vitória Rios 19

Nem tudo é o

R

Projetos de Saúde Mental da Universidade Federal do Pampa contribue

ecentemente o mundo precisou desacele- cos, precisam ser recarregadas de forma particurar sua rotina. O isolamento, decorrente da lar por cada indivíduo. pandemia, foi conveniente para algumas Determinadas pessoas conseguem lidar pessoas que consideram a socialização um far- bem com esse gasto de energia e com as adverdo do cotidiano. Para outras foi ao sidades que isso acarreta, sendo contrário, porque tinham a necescapaz de gerenciar e viver bem em sidade de estar em uma roda de sociedade. A psicóloga da Pró-Reiconversa com seus amigos, por toria de Gestão de Pessoas (Proexemplo, e tiveram que abdicar gepe) da Unipampa, Camila Perez, destes momentos. explica que essas flutuações de A “Teoria das Colheres”, desempenho social podem desencriada por Christine Miserandino, cadear algum transtorno mental, em 2003, é uma maneira de enpois para algumas pessoas é difíIlustração: Raissa Pinheiro tender o gasto de energia social cil lidar com o convívio social, ou que ocorre em formato de colher. Cada pessoa co- a interrupção abrupta dele, e acabam não dando meça o dia com uma quantidade de energia e ao conta de administrar os seus sentimentos. Esse longo de suas atividades vai perdendo elas. Cer- desencadeamento ocorre, na maioria das vezes, tas atividades podem gastar muitas “colheres”. por causa de traumas que demoraram a ser diagIr ao mercado, por exemplo, gasta três colheres, nosticados ou que são deixados de lado e onde segundo a teoria. As pessoas possuem baterias a ajuda psicológica profissional foi buscada como sociais, que assim como as de aparelhos eletrôni- último recurso.

Mas o que são transtornos mentais?

Sobram denominações para definir o que são transtornos mentais. Loucura, delírio e distúrbio psíquico são algumas delas. No entanto, há pouca explicação e compreensão de algo que possa, de fato, classificar o significado da nomenclatura

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“transtornos mentais’’. Por isso, a sua classificação é tão difícil de ser comentada por aqueles que sofrem desses transtornos. Mas, calma! Nem todo sofrimento psíquico é de fato um transtorno mental. Os transtornos mentais são adoecimentos psíquicos que acometem as pessoas e existem vários tipos de transtornos, como abordaremos na reportagem.

Além disso, é importante relatar, denominar, e delimitar corretamente a diferença de transtornos mentais e sofrimentos psíquicos. Como explica a psicóloga da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Campus Bagé, Giordana Chaves, os transtornos são diagnosticados pelo Código Internacional de Doenças (CID) e pelo código ame-

ricano Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, sigla em inglês de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders). Ao contrário, os sofrimentos psíquicos não possuem um diagnóstico detectado, visto que são sentimentos naturais que encontram-se presentes na vida cotidiana. Um exemplo que a psicóloga cita, é justamente a ansiedade demasiada após um término de relacionamento, que desperta sentimentos como medo e incerteza.

Através do CID e do DSM, os profissionais da psicologia e psiquiatria conseguem identificar os mais variados transtornos, como depressão, ansiedade, borderline e demais doenças mentais.

o que parece

Reportagem Especial- UNIFICA

em para o bem-estar de estudantes e servidores no ambiente universitário Transtorno do Pânico

Transtorno dissociativo de identidade (TDI)

Recorrência do ataque de pânico, palpitações, sudorese (suor) excessiva, dor de barriga, treIdentidades múltiplas que se alternam, há mores, sensação de morte, vertigem, medo de per- duas formas: der o controle, sentimento de irrealidade, agitação.

Possessão: As identidades são facilmente diferenciadas por familiares e terceiros, a persoDepressão nalidade pode ser baseada em outra pessoa (conhecidos que faleceram).

Desesperança, insônia, alteraNão Possessão: As identidades poções alimentares (perda ou ganho de dem não ser evidentes para observaapetite), desinteresse por hobbies ou dores, sentimento de despersonalizaações comuns (higiene pessoal, tareção (como se não estivessem em seu corpo), pensamentos repentinos, imfas domésticas), baixo desempenho pulsivos e sentimentos que parecem no trabalho ou estudos. Além dos ser de outra pessoa, mudanças súbisintomas de tristeza e melancolia, a tas de atitudes, opiniões e preferênirritação ou agressividade também pocias (alimentares, culturais…) dem se manifestar, ou, até mesmo, o deHá amnésia assimétrica/dissociatisenvolvimento do alcoolismo. va (uma personalidade não se recorda das ações da outra), alucinações visuais, táteis, olfativas e gustativas, ansiedade, autolesão, crises não Transtorno histriônico de epilépticas. personalidade (TPH) Necessidade de reconhecimento, preocuAnsiedade pação com a aparência, depressão, fala de modo Palpitação gradual, sudorese (suor) excesdramático, influenciável, trata as relações com siva, dor de barriga, tremores, baixa no desempemais proximidades do que existe. nho profissional ou escolar.

Síndrome de Borderline Suprir as necessidades que ele(a) cria de alguém ou direcionar para outra pessoa. Uma relação de amor e ódio. Também possuí a fase maníaca e a depressiva, mas com intervalos menores, podem ocorrer no mesmo dia.

Transtorno de bipolaridade Existem duas fases:cManíaca (euforia e impulsividade) e depressiva (melancolia).

A duração dessas fases é mais longa, podendo, cada uma, durar dias ou semanas.

Síndrome de Bour Sobrecarga do trabalho, não vê sentido no trabalho. E perde a paciência com os colegas de trabalho.

Ilustração: Ester de Oliveira

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Desvendando os transtornos mentais

U

ma síndrome é um conjunto de sintomas que depende do relato que o paciente faz ao psicólogo, descrevendo como chegou àquela situação psíquica e sintomas que vem apresentando. Este momento é de suma importância pois o paciente pode ter mais de um transtorno, como por exemplo, depressão e ansiedade e ambos podem se intensificar durante a avaliação, a ser percebido pelo médico. No entanto, o diagnóstico de um transtorno depende da síndrome identificada, aliada ao relato do paciente.

Cada transtorno tem uma evolução, por isso é importante o uso do DSM para evitar erros e ajudar no tratamento e na recuperação da pessoa.

Até aqui já sabemos que os traumas podem desenvolver transtornos mentais, mas há outro fator que pode influenciar a incidência ou não de um transtorno mental, que é o biopsicossocial.

O ser humano tem um lado biológico, psicológico e social. “A gente pode ter uma predisposição genética para desencadear um transtorno mental, por exemplo, os pais que já têm depressão, já têm um transtorno mental, ou avós, parentes, em geral.

Então, a gente pode ter uma predisposição genética”, explica a psicóloga Camila Perez. Ela ainda salienta que se a pessoa estiver em um ambiente

Um exemplo disso vem de uma aluna do curso de Matemática da Unipampa Campus Bagé, que não quis se identificar. Segundo ela, apesar de gostar dos colegas e professores que conheceu na Universidade, começou a desenvolver crises de ansiedade por conta da falta de interesse no curso e também devido às dificuldades enfrentadas a partir do ensino remoto. “Eu entrei na faculdade, para não ficar sem fazer nada em casa”, diz a ex-aluna. Ela optou pelo curso por não haver o que deseja nas universidades próximas, na ilusão de estar aproveitando o tempo. Com isso, transtornos foram desenvolvidos e, consequentemente, venho a desistência.

Segundo censo de 2015, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2014, 49% dos alunos admitidos no ensino superior abandonaram o curso. A aluna citada trancou o curso por não ter a pretensão de retornar, tornando-se parte da estatística.

A pressão para que se conclua tarefas de pouco interesse podem causar grande sofrimento psíquico, e quando esta tarefa acaba sendo uma escolha de grande prioridade como cursar uma faculdade, por exemplo, podem ser desencadeados

Esses três lados biológicos, psicológicos e sociais estão interconectados.Para cada pessoa vai ser de uma forma.

Mas é importante termos essa compreensão de que somos um ser biopsicossocial e que isso influencia, ou não, em algum momento da vida.

Psicóloga da Progepe Camila Perez

catastrófico, pode desenvolver um transtorno e ter predisposição para outro.

A predisposição a um transtorno não significa que uma pessoa vai desenvolvê-lo, principalmente se ela mantiver um cuidado mental, estiver em um ambiente com pessoas acolhedoras e em um meio social agradável e desviar de traumas. Estes fatores podem ser a chave para diminuir a chance de uma pessoa desenvolver algum transtorno. Porém, é preciso atenção a cada caso de forma particular.

De acordo com a psicóloga Giordana, o meio em que a pessoa está pode influenciar tanto no seu bem-estar, como no seu mal-estar, a depender também da convivência com outros indivíduos. Por isso, todo o cuidado é pouco para que a saúde mental dos estudantes não se perca durante sua trajetória.

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problemas psicológicos. Segundo a psicóloga da Unipampa Giordana Chaves o ensino superior já é potencialmente estressante, “independente do am-

biente, independente de qual curso a pessoa vai estar, em qual universidade vai estar, é um momento da vida potencialmente estressor, ansiogênico e que pode ser uma coisa muito boa, mas é um período que a gente precisa lidar com muitas coisas, com muitas coisas novas, para além de todo o resto da vida que já vínhamos lidando”, atesta a psicóloga.

De acordo com a psicóloga Giordana Chaves, é de grande importância que haja um suporte psicológico para os alunos em todas as universidades, não apenas implementar sessões, mas divulgar palestras, rodas de conversas e atividades, de forma que atraia a todos. A Unipampa tem trabalhado nisso juntamente com a Pró-Reitoria de

Assuntos Estudantis e Comunitários (Praec) ao oferecer o projeto Diálogos Digitais, uma roda de conversa com os alunos de todos os campi. A aluna mencionada acima, conta que durante a pandemia passou por momentos muito difíceis e as rodas de conversa virtuais a ajudaram, não só com as questões universitárias, como também com situações familiares e pessoais .

Mesmo com apenas dois psicólogos da Pra-

ec tocando o projeto para os dez campi, ele teve maior abrangência com a pandemia, visto que mais alunos puderam participar de forma remota. O fato dos encontros serem voluntários e não haver insistência para manifestações durante a conversa, ajudou muito. “Ter com quem conversar é muito bom. Eu aprendo com a vida dos outros e reflito sobre o que eu já vivi”, relata a ex-discente de Ma-

temática.

Saúde mental e bem-estar da Unipampa

A

vida acadêmica pode ser muito desgastante. Em vista disso, a professora de Relações Públicas, Juliana Rhoden, junto com o formando em Relações Públicas na época, Igor Rios, pensaram no desenvolvimento de um projeto que promovesse a saúde mental na Universidade, campus São Borja.

Com o nome “Projeto de Saúde Mental e Bem-estar”, a iniciativa tinha como objetivo promover a saúde mental através da arte e do diálogo. Foram feitas diversas oficinas durante 2019, o primeiro ano do projeto, nas quais vale destacar a oficina de dançaterapia, de arteterapia e de desinibição. De acordo com Igor Rios, “a dançaterapia tinha o objetivo de trazer outra forma de comunicação. Além desta oficina também tinha a oficina de desinibição, onde fazíamos rodas de conversa com as psicólogas e cada um falava um pouquinho de si”.

Segundo Igor, o projeto também trouxe atendimento psicológico para a comunidade acadêmica. Alunos, professores e servidores puderam ser atendidos no “Cantinho do Acolhimento” pelas psicólogas voluntárias, Chaiane Ajala Gauna e Sofia Priscila Weber. “Eram duas profissionais maravilhosas que acolheram toda a comunidade acadêmica de uma forma sensacional. Foi ocupada uma sala de aula para fazer o Cantinho do Acolhimento.

O agendamento foi através de e-mail e teve uma

boa adesão. Foi um sucesso instantâneo”, relata.

Além dessas iniciativas o projeto também contou com as ações do Setembro Amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul. Porém, o grande destaque foram as ações feitas em setembro, que representavam diretamente a proposta do projeto de prevenir o suicídio e o adoecimento mental no ambiente acadêmico. A equipe da Progepe juntamente com a Assessoria de Comunicação da Unipampa desenvolveu uma cartilha de prevenção ao suicídio a fim de disseminar informações e proporcionar debates sobre o tema. Segundo Camila a equipe viu que era necessário o desenvolvimento da cartilha, em vista dos tabus e desinformações que cercam o tema do suicídio. Com conteúdos sobre os mitos, as verdades, as prevenções e os sinais de alerta, a cartilha informa de modo fácil toda a comunidade acadêmica.

Atualmente o projeto conta com duas psicólogas no Cantinho do Acolhimento, Bianca da Rosa e Patrícia Fagundes. Além disso, há atividades integrativas, como o Yoga e o Correio do Amor.

Uma forma de comunicação não pelas palavras, mas pelas ações do corpo. Tínhamos a oficina de arteterapia, que era através da pintura, dos papéis, do pincel, do manuseio mesmo com os materiais.

Egresso da Unipampa - Igor Rios

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Leis antimanicomiais e a arte como aliadas da saúde mental

A

arte e a cultura são promotoras de uma boa saúde mental e bem-estar. Prova disso, é a importância adquirida pelas artes durante a pandemia, como vimos no Projeto Saúde Mental e Bem-estar na Pandemia. Por meio das manifestações artísticas foi possível passar pelo período de isolamento social, em meio a um contexto de medo e insegurança. “A arte resistiu na pandemia e ajudou muitas pessoas de verdade”, comenta o antropólogo e professor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Thomas Josué Silva. O docente do Campus Jaguarão possui estudos na área da saúde mental e Ciências Sociais.

Thomas realiza esse trabalho de pesquisa na Universidade e já ministrou palestras sobre as contribuições da arte no contexto da saúde mental.

Segundo ele, a arte pode ser uma ferramenta muito importante de promoção à saúde mental principalmente quando funciona para a humanização: “A arte pode ser grandemente solidária à humanização num processo social de desumanização. A arte nos promete humanização, ela nos promete a ideia de que somos seres capazes de produzir beleza, capazes de produzir subjetividade, que nós não somos seres empobrecidos numa miséria da nossa condição de existência humana”, destaca o professor.

Apesar do debate crescente sobre saúde mental, não existem muitas políticas públicas no país ou ações de promoção à saúde mental atualmente. As iniciativas mais significativas são dos anos 90, Thomas destaca uma delas: “a determinação do fim dos manicômios no Brasil através de lei e das indicações de políticas de atenção à saúde mental’’.

Com estudos voltados não apenas às contribuições da arte, o professor faz uma análise

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da importância das leis antimanicomiais. Essas leis surgiram da organização civil para a garantia dos direitos humanos das pessoas em sofrimento mental. Para que a gente não reproduzisse mais os horrores vividos nos hospitais psiquiátricos, que foi uma história de encarceramento, torturas e mortes. Os hospitais psiquiátricos no Brasil e também no mundo serviram como lugares de tortura, como verdadeiros laboratórios de morte. Segundo ele, as leis antimanicomiais garantem também ao doente mental ser considerado um cidadão pleno, com seus direitos humanos garantidos.

Esse tipo de política traz à tona o debate sobre a história e identidade das pessoas que passam por algum sofrimento mental. Por isso, trabalhos que levam em consideração a antropologia e saúde mental são tão importantes para a sociedade, inclusive no campo psicossocial.

As produções culturais estudadas nesse campo são produzidas por pessoas com algum transtorno ou sofrimento mental. São produções difíceis de classificar no mundo das artes, por isso vai levar o nome de arte “outsider”, isto é, arte fora de lugar. A possibilidade que essas pessoas têm de se expressarem é muito positiva. Segundo Thomas, esse conteúdo oportuniza de entendê-las melhor e promover a saúde mental dessas pessoas que socializam, que manifestam-se por meio da arte e são tiradas da invisibilidade. “A arte deixa de ser um mero objeto do mercado e se torna justamente uma necessidade de expressão, uma necessidade afirmativa das identidades, daquilo que eu sou frente ao mundo. Então dentro dessa perspectiva ela é promotora de saúde mental”, conclui Silva.

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Para ter felicidade eu só preciso meditar?

promoção de saúde mental não é feita apenas obtendo melhora das doenças ou transtornos mentais. De acordo com o professor da Unipampa e especialista em neurociência aplicada à educação, Rui Seabra Machado, as atividades que têm como pressuposto melhorar e promover a saúde mental devem ser exercidas por todos. Nessa perspectiva, Machado destaca as práticas contemplativas, que são atividades como Tai chi chuan, Yoga e meditação. Essas atividades têm como objetivo desenvolver a atenção plena e estimular áreas do nosso cérebro mal desenvolvidas que nos fazem sentir mais alegres. “É difícil pra gente identificar um momento feliz de verdade porque as áreas corticais que estão relacionadas a isso estão mal desenvolvidas. A felicidade está relacionada à geração de estímulos felizes para que essas áreas corticais se desenvolvam”, destaca o professor. Por essa razão, as experiências que temos ao longo da vida geram os estímulos que formam nosso encéfalo.

O docente destaca que a formação do encéfalo vai ser diferente de pessoa para pessoa, uma vez que as experiências negativas e positivas serão diferentes para cada um. Ele acredita que as práticas contemplativas são uma excelente maneira de obter mais estímulos e sentimentos positivos. “As práticas contemplativas têm o objetivo de desenvolver as áreas focais e de desenvolver a capacidade de experienciar bondade, altruísmo e compaixão”, explica Rui. Por meio da iniciativa do professor de dar aulas de Tai chi chuan em Uruguaiana e da reaproximação com a Universidade, nasceram as pesquisas sobre as contribuições das práticas para a saúde física e mental. Com grande requisição e apoio popular, as atividades de contemplação ganharam espaço. Rui realizou atividades com a Secretaria de Saúde e a participação nas aulas de Tai chi chuan levou à implementação das aulas no SUS do município.

Como desdobramentos da tese de Rui, a Unipampa e a comunidade acadêmica teve como presente a disciplina de Felicidade e Corporeidade,

que abrange as técnicas de relaxamento e contemplação. Ofertada no segundo semestre de 2020 pelo doutorando Rui e pelo professor Álvaro da Cunha, a disciplina ensina a relaxar, meditar e realizar práticas físico-contemplativas baseadas na neurociência. Rui acredita contribuir com a aprendizagem dos alunos, “porque uma pessoa que não contempla, não aprende. O processo contemplativo permite que a formação das memórias no nosso encéfalo aconteçam de uma maneira mais sólida. Eu aprendo melhor, de uma maneira mais rápida, com menos esforço”, conclui o docente.

Com a retomada das aulas presenciais, o componente complementar de Felicidade e Corporeidade ficará restrito ao Campus Uruguaiana. No entanto, visando continuar suas atividades e seus serviços para outros campi.

Rui desenvolve como um desdobramento de sua tese o projeto “A Contemplação vai à universidade”, que busca oferecer suporte teórico -prático em exercícios contemplativos para os docentes a fim de que eles conheçam essas práticas e promovam a saúde mental dos estudantes. Segundo ele, o objetivo é que os docentes insiram essas atividades em todas as aulas junto com o conteúdo, e não apenas em um componente específico.

As técnicas contemplativas e meditativas estão se mostrando importantes para a saúde mental de estudantes e professores. Porém, vale ressaltar que apenas isso não basta para a manutenção da saúde psicológica. Segundo o docente, é preciso ter relações saudáveis, ter o espaço do ser e do sentir e o equilíbrio do corpo e da mente, pois nenhum é mais importante do que o outro.

Ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV): 188 ou acesse o chat no site www.cvv.org.br por Cassiano Battisti, Ester de Oliveira Barbora, Jéssica Ávila e Raissa Pinheiro

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Entrevista - UNIFICA

“Eu me descobri quer

Professora associada da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) Campus Uruguaiana, onde lidera o Grupo de Pesquisa em Fisiologia da Unipampa, Pâmela Billing Melo Carpes já realizou e coordenou diversas pesquisas de destaque que trouxeram a ela o reconhecimento merecido. Um dos exemplos é a participação como sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, como membro regular da American Physiological Society.

Pâmela Carpes também é consultora do Escritório da Educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência, e a Cultura (Unesco) para assuntos relacionados à neurociência aplicada à educação.

Com um currículo notável, que inclui o título de Doutora em Ciências Biológicas, com especialização na área da neurofisiologia da memória, Pâmela já conquistou alguns dos prêmios importantes em sua área, como “Prêmio Para Mulheres na Ciência L’Oreal/Unesco/Academia Brasileira de Ciências” em 2017, e o “Prêmio Espírito e Público” em 2019.

Pesquisadora internacional, apaixonada pelo que faz, mãe de um filho adolescente e atuante na causa das mulheres na Ciência, Pâmela é o avesso do que se espera de alguém com tamanho status. De uma simpatia e simplicidade admiráveis, revela um pouco de sua trajetória, esclarece algumas de suas pesquisas, e explica o motivo de continuar fazendo ciência no interior no Brasil, com todos os desafios que isso impõe, mesmo tendo a possibilidade de trabalhar fora do país. Além de oferecer um vislumbre do que vem pela frente em sua carreira.

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Imagem: Divulgação L’Oreal

erendo ser cientista” Pâmela Carpes é destaque na área da Neurofisiologia da Memória e conta um pouco de sua trajetória e pesquisas em entrevista.

Entrevista - UNIFICA

Da graduação em Fisioterapia para o mestrado e doutorado na área das Ciências Biológicas, mais especificamente na área da Fisiologia. O que despertou em você esse interesse pela ciência e pela carreira de cientista?

Eu fiz vestibular, acabei passando e começando o curso de Fisioterapia, então decidi continuar, porque nos primeiros semestres a gente tem disciplinas que são comuns a todos os cursos da área da saúde: disciplinas como fisiologia, anatomia de modo geral, genética, disciplinas que estão relacionadas às ciências biológicas. Eu gostei muito dessas disciplinas e já fui conversar com os professores que ministravam disciplinas dessas áreas para fazer iniciação científica. Lá eu entendi como funcionava a ciência, então percebi que precisava fazer mestrado e doutorado. Decidi terminar o curso de fisioterapia mesmo sem a certeza se eu queria ser fisioterapeuta mas, com a certeza, que eu queria continuar estudando fisiologia. Para fazer a pós-graduação em fisiologia eu podia ter qualquer curso de graduação que tivesse entre suas disciplinas fisiologia e esse foi o contexto inicial de como eu entendi que eu queria ser cientista! Na verdade eu não sabia o que eu queria ser, eu entrei na graduação e dentro da graduação eu me descobri como querendo ser cientista.

Então ao longo da graduação fui me preparando para depois fazer o processo seletivo do mestrado, fazia pesquisas, publicava algumas coisas, participava de eventos e comecei a me envolver.

E no geral, como é o processo de concepção, condução e finalização de pesquisas científicas?

A primeira coisa que a gente precisa ter é uma pergunta que vai ser respondida. A pesquisa é feita para responder uma pergunta que não se sabe a resposta 27

Entrevista - UNIFICA Como que a gente chega a uma pergunta de pesquisa? Lendo! Tem muita coisa saindo todo dia dentro da área da ciência, por isso é importante a gente definir o nosso campo de interesse.“No momento em que a gente encontra uma pergunta é bem importante sempre discutir com outros grupos e essa é a importância também dos grupos de pesquisa, que é o espaço onde a gente pode debater e criar hipóteses”.

A sua especialidade é neurofisiologia da memória. O que exatamente suas pesquisas revelam?

A gente pesquisa os efeitos do exercício físico sobre o cérebro saudável, normal, e também os efeitos neuroprotetores e terapêuticos do exercício. Seja como o exercício pode ajudar a prevenir ou minimizar os déficits de memória causados por doenças, como por exemplo o Alzheimer, e também como que o exercício físico pode atenuar a propensão dessa doença.

O exercício aumenta a circulação sanguínea cerebral. Então, desta forma vou ter mais oxigênio e mais glicose que são combustíveis que geram energias para o funcionamento do nosso cérebro. O exercício físico também tem dois efeitos muito interessantes, diretamente sobre o tecido nervoso, que é o efeito de neurogênese e neuroplasticidade. Neurogênese quer dizer o nascimento de novos neurônios, algo que recentemente não se acreditava muito que podia acontecer no cérebro adulto e hoje já se sabe que em alguns locais específicos do cérebro podem sim nascer novos neurônios.

Pesquisas mostram que praticar exercício físico pode induzir o nascimento de novos neurônios.

A neuroplasticidade não requer nascimentos de novos neurônios e sim modificação de redes neurais existentes, quando o estímulo que vem do ambiente promove mudanças nas redes neurais, mudanças morfológicas. Exercícios também facilitam esse processo, é essencial para que a gente aprenda coisas novas. O exercício também modula a liberação de hormônios e de neurotransmissores, os hormônios direto ou indiretamente podem Iinfluenciar o funcionamento do cérebro.

Imagem: Divulgação L’Oreal

Como o exercício físico pode influenciar na consolidação e persistência da memória?

Por exemplo, [Em um experimento] eu exponho o animal a dois objetos novos. Ele vai explorar esses objetos, aprender e conhecer esses dois objetos. Em uma sessão de teste eu coloco um objeto que o animal já conhece e um objeto que é novo. Então, os roedores têm uma curiosidade: se ele aprendeu, ele vai reconhecer e vai gastar mais tempo explorando o objeto novo. O que a gente viu é que essa memória é uma memória fraca. Após 7 dias ele já não lembra mais.“No entanto, nós vimos que, se eu ensinar para o animal, e logo depois fazer ele praticar exercício, e testar essa memória, ela passa a durar mais tempo. Ele lembra no dia seguinte, depois de 7 dias, 14 dias. Chegamos a testar até 21 dias depois! E a memória continua ali” Aí, a gente se perguntou: Por que isso acontece? E fomos estudar os neurotransmissores que estariam envolvidos. Sabemos que o exercício físico estimula a liberação de cateco-

laminas, algumas que são bem conhecidas, como a noradrenalina e a dopamina. E vimos que de fato, esses neurotransmissores estavam aumentados nos cérebros dos animais que faziam o exercício, e que se bloqueados os receptores onde a noradrenalina e a dopamina se ligam lá no hipocampo da região lateral do cérebro dos animais que faziam exercício, o exercício deixava de ter efeito. Isso nos mostra que o exercício modula aprendizagem a partir da secreção de alguns neurotransmissores que são essenciais para que tenha esse efeito sobre a memória, é preciso ter esses neurotransmissores lá no hipocampo atuando.

Nisso, propomos a estudar os mecanismos, como também a aplicabilidade, vamos fazer uma translação do modelo animal para os seres humanos. Devemos começar isso nos próximos meses, ir para dentro das escolas que temos parceria com professores de educação básica, e lá vamos trabalhar com adolescentes do oitavo ano. O professor vai dar uma aula para esses alunos, algumas turmas vão fazer exercícios físicos e outras não, e vamos medir diretamente os níveis da noradrenalina. A gente vai fazer isso pela saliva, vamos coletar salivas dos alunos e fazer testes de aprendizagem com esses alunos tempos diferentes após a aula! Vamos ver se na escola também tem esse efeito e aqueles alunos que fizeram exercícios depois de ter uma aula diferente vão lembrar desse conteúdo melhor que aqueles que não fizeram exercícios.

Como é fazer ciência num momento em que esta área é tão desprezada pelo orçamento público, visto os recentes cortes no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Educação?

O país que não investe em tecnologia e educação não tem futuro. Se olharmos o histórico de países mais desenvolvidos, com mais riqueza, são os países que gradativamente foram investindo cada vez mais na área da Ciência e Tecnologia. É muito difícil fazer ciência no Brasil.

Acabamos frequentemente recebendo

pareceres que o projeto foi aprovado no mérito, que poderia ser executado, mas não está aprovado dentro do valor disponível para financiamento da pesquisa. Isso é muito triste, porque temos potencial, mas não conseguimos fomentar esses pesquisadores para desenvolverem ciência e formar outros pesquisadores.

Existe um efeito de bola de neve, porque começamos a ter menos ciência e menos cientistas se formando. Mas, de certa forma, ao mesmo tempo que tivemos pouco investimento na Ciência por parte do governo, houve uma grande valorização da ciência por parte da população em função da pandemia. Eu acho que hoje mais que nunca as pessoas sabem o quanto a ciência é importante. Grande parte da população que antes não tinha ideia, não conhecia bem o que o cientista fazia, hoje tem condições de entender minimamente como a ciência é importante!

Quais são os próximos passos nas suas pesquisas?

Estamos desenvolvendo pesquisas dentro do contexto escolar. Isso é algo que tem gerado bastante perspectiva. Também temos trabalhos na linha de privação de cuidados no início da vida. Percebemos que quando priva o animal dos cuidados nos primeiros dias de vida, no caso dos ratos, retirando a mãe da caixa moradia por algumas horas por dia, vemos que esses filhotes, quando ficam adultos, ainda têm dificuldades de aprendizagem, têm déficits de memória. Essa é uma linha que pesquisamos bastante e entendemos um pouco o que acontece no cérebro desses animais. A gente também já estudou algumas intervenções que podem amenizar esses déficits ao longo da vida. E agora também tenho alunos que estão trabalhando com intervenções durante a gestação, para saber se a prática de exercício físico, transfere algum efeito positivo para o cérebro em desenvolvimento, para ver se esses animais no futuro estarão mais protegidos dos efeitos da privação materna. Entender o que o exercício físico faz lá dentro do cérebro que permite que tenha esses efeitos positivos sobre a memória. por Paloma Souza e Maicon Schlosser 29

COMPARTILHAN

A influência de músicos independentes A música é uma das principais vias de cultura presentes na vida das pessoas. Elas têm interações musicais quando crianças, através dos pais e familiares até desenvolverem o seu próprio gosto musical, ou então em seu próprio bairro onde crescem ouvindo e descobrindo diferentes vertentes musicais. Além disso, percebe-se que a música é uma via cultural mais acessível do que opções como teatro e cinema, por exemplo, e dentro da música, é possível acessar diferentes ritmos como funk, mpb, samba, sertanejo, entre outros.

A cultura é uma via de muita importância na vida das pessoas, pois oferece um lazer cotidiano, e dentro das universidades não é diferente. Por isso, reconhecer a importância das diferentes manifestações culturais para o desenvolvimento dos estudantes, ao conhecer novas culturas e estilos musicais, é imprescindível. O contexto cultural dentro das universidades pode ser identificado por meio de alunos e alunas, músicos independentes, que carregam consigo o sonho de compartilhar a sua arte.

KpetadaKebrada - foto por Samih Salem

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A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) é um berço de artistas, sejam eles das palavras, dos pincéis, dos versos, e principalmente, do canto e da música.

Alguns exemplos destes artistas são Diego Camargo, que faz uso do pseudônimo Kpetadequebrada, Ygor Gualiume e Lucas Arruda da banda Canzone que representam a cena artística do Campus São Borja, Uruguaiana e Bagé, respectivamente. Eles compartilham juntos o gosto pelo cantar e a vontade de seguir seus sonhos, expressando suas culturas e experiências por meio da arte.

Todos eles acreditam que a Universidade é um ambiente cultural que lhes dá liberdade: “É um espaço cultural, espaço que a gente precisa usar como cultural”, comenta Kpetadequebrada. O discente Lucas salienta que a universidade sempre está promovendo apresentações artísticas no campus de Bagé, e que muitos professores trazem projetos para fora da sala de aula. Ele relembra que no começo do ano, sua banda “Canzone”, se apresentou na abertura do ano letivo.

Segundo o pró-reitor adjunto da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proext), Franck Peçanha, a cultura e a arte fazem parte da formação humana dos estudantes. A Proext procura fomentar eventos culturais, não diretamente realizando-os, mas atuando como uma facilitadora para que a comunidade acadêmica promova eventos culturais. As ações da Proext se baseiam em três pilares: a construção da política de cultura da Unipampa; a criação do fórum de cultura, com expectativa para acontecer em outubro de 2022; e o último, utilizar a arte e a cultura como ferramentas de formação humana.

Cultura - UNIFICA

NDO O CANTAR:

s como estímulo à cultura na Unipampa “

A gente só tá vivo por causa da cultura, sem cultura não há sobrevivência”. - Franck Peçanha

Para seguir estes pilares, o projeto ProAr- como comenta Franck Peçanha. A arte e a culte foi criado com o objetivo de fazer com que os tura unem pessoas de diversos nichos e classes discentes criem obras de arte vinculadas a um sociais, além de trazer mensagens importantes tema. Estas obras poderiam ser poemas, músi- e colocar problemáticas em pauta que ajudam cas e pinturas, por exemplo. Em 2022, o projeto a transformar a sociedade, e por isso, é imporestá celebrando o centenário da semana da arte tante a fomentação e criação de espaços de dimoderna. “A gente começou com 30 estudantes, versidade cultural, inclusive nas universidades. este ano já são 70”, comenta o Frank Peçanha .

O pró-reitor adjunto reitera que para a realização destes projetos e eventos, a Proext tem lutado por um orçamento próprio voltado para a cultura.

Estudante do campus Uruguaiana, Ygor Gualiume, que é músico há 10 anos, comenta que o lado bom de trabalhar de forma independente é a liberdade de mesclar diversos estilos musicais numa mesma apresentação. Ele salienta que por ser recém chegado no campus, ainda não teve a oportunidade de se apresentar na ou pela Universidade.

O estudante de serviço social da Unipampa Campus São Borja, Kpetadequebrada, conta que a maioria das apresentações que é convidado são eventos criados pelos alunos, mas que também professores e os núcleos da Unipampa o procuram. Ele acredita que, a partir destes eventos, Banda Canzone - foto por Igor Montonari consegue mais visibilidade para o seu trabalho pois há uma grande divulgação feita pelos alunos nas redes sociais que geram um bom engajamento. Kpetadequebrada também salienta a importância que a música significa para ele. “Chegar até pessoas que muitas vezes não escutavam o rap, e esse gênero fala muito sobre resistência, do lugar de origem e a partir disso as pessoas podem levar essa mensagem para outros lugares”, comenta.

Lucas relata que os gestores são os que mais o procuram para a realização de shows na Unipampa e que as apresentações no Campus lhe rendem visibilidade, seja através de pessoas que param para falar com ele por lá ou pelas redes sociais.

A arte e a cultura estão muito conectadas à palavra liberdade, e “por isso quando querem cercear a liberdade o primeiro alvo é a cultura”, Ygor Gualiume - acervo pessoal por Renata Carvalho

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Exposição inspirada no ex-presidente Jusc A exposição “O silêncio que grita”, inspirada em Juscelino Kubitschek, está percorrendo os campi da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). A mostra esteve recentemente, entre os meses de maio à julho, no Campus São Borja. Na exposição, os visitantes podem conferir obras que buscam despertar o sentimento de amor pelo Brasil, e que abordam temas como pertencimento e cidadania. A exposição é aberta a toda a comunidade.

As obras da exposição evidenciam o desenvolvimento do povo brasileiro em diferentes fases.

Os quadros, além de imagens, possuem trechos do livro “O Silêncio Que Grita”, de Jean Obry, idealizador, fundador e presidente da Fundação Brasil Meu Amor (FBMA), que serve de fio condutor da exposição. Segundo o autor, o texto serve de amálgama à verdadeira essência do brasileiro e desperta um profundo sentimento de amor ao Brasil. As imagens que constituem os painéis buscam trabalhar com personagens e fatos históricos que marcaram o país. A montagem das imagens e textos dos painéis

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tem como fundamento o resultado de pesquisas sobre Juscelino Kubitschek realizadas por Jean Obry.

Dora Lucia Lopes, uma das co-fundadoras da fundação afirmou em entrevista que “o objetivo da exposição é resgatar a memória do Brasil, fazer com que os brasileiros conheçam a sua verdadeira história e seus heróis, tomem consciência de quão grandes nós já fomos, honrem o seu passado. Para construirmos o país que sonhamos, precisamos conhecer e honrar as nossas raízes”.

A cantora e co-fundadora Glaucia Nasser compartilhou os planos futuros com relação à exposição.

“Os nossos planos nesse momento a curto prazo é levar exposição para todos os campi da Unipampa, no Sul do país, o que a gente já está realizando. No médio prazo é fazer uma parceria com uma instituição no Sul, de mãos dadas também com a Universidade. Poder levar o espetáculo e as palestras de uma forma mais ampliada. É essa a nossa ideia, é o que nós também estamos fazendo em outros locais do Brasil. Nesse momento também

Cultura - UNIFICA

celino Kubitschek é exibida na Unipampa futuro: eu quero ser um herói’”.

O coordenador da Exposição no Campus São Borja, professor Evandro Guindani, relata que “a expectativa é que a exposição proporcione um espaço de aprendizagem crítica-reflexiva sobre a história do Brasil, sobre o povo brasileiro, para estudantes do ensino médio, acadêmicos e comunidade em geral que visita a mostra”.

Guindani afirmou ainda que “as turmas de ensino médio que visitam estão avaliando positivamente a experiência de conhecer a exposição”.

As atividades envolvem a coordenação de diversos cursos e professores da Universidade. Além do coordenador dos trabalhos, Evandro Guindani, a exposição conta com o apoio de professores, técnicos, alunos de vários cursos como monitores, e do produtor cultural Hamilton Souza. A exposição é promovida pela Fundação Brasil Meu Amor, e apoiada pela Unipampa, pela Prefeitura de São Borja, pelo Instituto Federal Farroupilha (IFFar) e pelo Sicredi. por Marina Cruz

Foto: Arquivo pessoal da Fundação Brasil Meu Amor

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Crédito: Rayssa Mambach

no Distrito Federal. E fazendo isso, a gente consegue ampliar os nossos projetos no Sul”, explica.

A exposição, que percorre o Brasil, já passou pelas cidades gaúchas de Bagé, Santana do Livramento, Porto Alegre, Passo Fundo e São Borja, além das capitais do Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Santa Catarina.

Glaucia divide as experiências que a exposição pelo mundo afora tem causado nos indivíduos. “Destacamos dessa jornada que são experiências bem pessoais mesmo. De ver um jovem olhar para uma tela e ler o trecho do livro que está colado àquela imagem e ouvirmos do jovem ‘esse é o país que eu gostaria de construir’. Em um segundo momento um jovem olhando as telas e de repente ele fala ‘diga ao artista: Muito obrigada.

Ele me fez uma viagem’. Em outra situação, foi o nosso próprio fundador que vendo um menino entusiasmado, olhando a exposição, perguntou: ‘Você está gostando? O que você está achando?’ ‘Eu estou gostando muito, eu já decidi o que eu quero ser no

Cultura - UNIFICA

Galeria intercultural não se resume a portas fechadas A Galeria Intercultural Magliani é um espaço de transitoriedade cultural localizada na Universidade Federal do Pampa (Unipampa) Campus Jaguarão.

Idealizada em 2017, a primeira ideia da Galeria Intercultural Magliani surgiu de um plenário onde os alunos de Produção Política Cultural trouxeram a necessidade de exercitarem atividades práticas.

O objetivo foi atender a demanda dos alunos que vêm de fora do Estado, por um local onde possam compartilhar suas culturas, além de servir para fomentar debates. O projeto transformou um corredor com mesas encostadas na parede, em um espaço decorado com instalação de cor e emoção. O nome do local é inspirado na artista gaúcha natural de Pelotas, Maria Lídia dos Santos Magliani.

A partir da iniciativa de alunos da disciplina Administração e Gestão Cultural, a intervenção artística se estendeu para outros cursos e a comunidade externa à UNIVERSIDADE, que passaram a participar do projeto. Desde a

inauguração, sempre há exposições de artistas locais à mostra, e até mesmo de outras cidades, com duração média de 15 dias.

A Galeria Intercultural Magliani, seja de forma física ou digital (através do site e redes sociais), é aberta a todos e hospeda durante o ano obras de artistas, atividades culturais, momento de fala, além de visitas guiadas com escolas. A instalação auxilia na possibilidade de pôr em prática os trabalhos realizados dentro e fora da UNIVERSIDADE. Segundo a coordenadora do projeto, Patrícia Severo, a galeria “é muito mais que um espaço de arte, sendo ela um espaço político, de representações culturais em que todos os cursos do campus realizam atividades”. Com a ajuda do projeto, os trabalhos que antes ficavam retidos em sala de aula ou iam para os corredores, agora têm visibilidade na exposição.

por Isis Ferreira 34

Imagem: Galeria Intercultural Magliani

Esporte - UNIFICA

As ações das atléticas universitárias na melhoria do ambiente acadêmico

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studar em uma Universidade, leva a aquisição de muitas experiências, as quais vão além das que o próprio curso pode oferecer. O saber adquirido dentro de sala de aula, a interação com culturas diferentes, assim como as responsabilidades e novas vivências, por exemplo, estão englobados nessa “experiência universitária”. As atléticas universitárias têm um papel de extremo valor quando o assunto é integração da comunidade acadêmica e obtenção de experiências culturais.

As atléticas são associações criadas por alunos de determinada universidade, que são responsáveis por comandar todas as ações e integração. Essas associações têm como objetivo a realização de eventos para toda comunidade acadêmica. No passado, o objetivo era, exclusivamente, a execução de eventos ligados ao esporte. Porém, as atléticas passaram a se envolver mais, realizando festas, recepção de calouros e ações sociais. Dessa forma, com tamanha influência no cenário universitário, fica claro que as atléticas contribuem para garantir a integração social no campus em que estiverem.

Divulgação: Facebook AADUL Associação Atlética Desportivo Unipampa Livramento

A Associação Atlética Desportiva Unipampa Livramento (AADUL), é uma das atléticas da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) do Campus Santana do Livramento. Ela existe desde 2018 e realiza diversas confraternizações para os estudantes da Unipampa. De acordo com o graduando de administração da Unipampa e presidente da AADUL, Gilberto Furtado, as atléticas possuem o importante papel de unir os estudantes e colaborar para troca de experiências entre eles. “É uma ótima ideia ter uma atlética que desenvolve atividades acadêmicas e esportivas, para, justamente, fazer essa troca de conhecimento, não só no próprio campus, mas também, em eventos com outras faculdades”, comenta. A função de apenas gerenciar treinos e campeonatos esportivos, já é algo pequeno para essas associações.

As ações das atléticas nos campi contribuem para um ambiente

acolhedor e positivo para todos acadêmicos. Ainda segundo Gilberto, é fundamental que haja o apoio dos estudantes para que a atlética mantenha-se em pé. Afinal, quem a constrói e a mantém viva, são os próprios universitários. De acordo com o presidente da AADUL:

“

temos um bom apoio da comunidade acadêmica, com bastante adesão de sócios e apoio dos professores e dos funcionários da Unipampa “Há uma boa interação entre os sócios e toda diretoria”, completa. Sócios esses, que pagando uma pequena mensalidade, ganham benefícios e acabam colaborando para que os eventos - esportivos ou não - possam ocorrer da melhor forma possível.

Diretoria da AADUL em evento realizado no Campus Livramento Imagem: Kairo Fotografia

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Esporte - UNIFICA No Campus Santana do Livramento, a Associação Atlética de Direito Ovelhas Negras (AAON) possui grande papel na realização de eventos esportivos, filantrópicos e sociais para os alunos. “PassaDivulgação: Facebook Atléticamos (diretoria) a maior parte do tempo se diverOvelhas Negras tindo e pensando ideias mirabolantes do que fazer e como impulsionar nossa atlética”, diz o universitário do curso de Direito e vice-presidente da AAON, Rodrigo Sales. Para ele, a integração gerada pelos eventos esportivos é um dos objetivos principais da atlética. A proximidade formada entre os estudantes do campus e também com a comunidade local, é um exemplo dessa integração. Rodrigo deixa claro o papel das Ovelhas Negras: “Diferente dos Diretórios ou Centros Acadêmicos, a atlética tem o papel de fomentar o lado da integração, esporte e lazer”. O vice-presidente ainda valoriza o apoio de todo campus para a existência da associação, desde os docentes até os técnicos administrativos. Segundo ele, a comunidade acadêmica tem um papel fundamental.

“Embora nossa atlética seja voltada para o curso de direito, em nossos treinos, abrimos a possibilidade de outros cursos participarem. O campus, de maneira geral, nos dá suporte”, conta.

Já na Unipampa Campus Uruguaiana, há a Atlética Narcóticos, do curso de farmácia. A presidente da atlética e estudante do 6° semestre do curso, Nicolle Lauay, afirma que toda comunidade acadêmica está engajada e apoia a existência da associação no campus. “A atlética promove e coordena atividades esportivas e de integração entre os estudantes. Toda comunidade ajuda e contribui, positivamente, para cumprir as atividades.”, diz Nicolle.

Quando trata-se de responsabilidade e gerenciamento, ela ainda destaca a organização para melhor realização dos eventos. “Somos uma equipe de seis pessoas, tendo cargos como tesoureiro, marketing e eventos, para tentar manter a melhor organização e desempenho da atlética”.

Divulgação: Facebook AAAF - Narcóticos Unipampa

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Equipe de futebol Ovelhas Negras no Interjuris, em Santa Maria Imagem: Rodolfo Sales

A reportagem entrou em contato com as direções de todos os campi da Unipampa para buscar informações sobre quais cursos possuem atléticas.

Nesta pesquisa, obtivemos resposta da existência das duas atléticas em Santana do Livramento, de sete em Uruguaiana (cursos de Ciências da Natureza, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina e Medicina Veterinária), uma em Alegrete e uma em Bagé. Já os campi de São Borja, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Jaguarão e Itaqui, não nos informaram se possuem associações. Por fim, a direção do Campus São Gabriel nos informou que não possui atlética no campus.

Equipe da Narcóticos, vencedora da Copavet Imagem: Daniel Marques

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Cultura e Esporte: a Copavet

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Copa Pampa Vet, mais conhecida como Copavet, é um evento esportivo, artístico e cultural que ocorre duas vezes ao ano na Unipampa Campus Uruguaiana. A primeira edição ocorreu em 2011, ainda durante o período de transição da antiga Sede dos Funcionários da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) para a Unipampa. Desde então, ela ocorre todo ano com o apoio do Diretório Acadêmico de Medicina Veterinária, exceto no período da Pandemia de Covid-19, em que o distanciamento social foi necessário.

A partir de 2014, o local do evento tem sido a Sede Campestre do Grêmio Recreativo Tiradentes, onde conta com várias quadras esportivas e um espaço que possibilita a realização de diferentes tipos de jogos.

Em 2022, a primeira edição do evento aconteceu nos dias 11 e 12 de junho, momento que também foi aproveitado para celebrar a união das equipes. Ocasião que teve um papel importante na reintegração dos alunos, já que durante dois anos, não vivenciaram a experiência de conhecer e conviver com colegas.

Segundo a professora e pesquisadora da Unipampa, Daiana de Ávila:

A Copa Pampa Vet é um projeto organizado pelos acadêmicos do nono semestre de Medicina Veterinária com o objetivo principal de arrecadar fundos para a formatura. No entanto, segundo a aluna e uma das responsáveis pelo evento, Elise Guerra, a ideia é transformar a copa em um projeto de extensão da Universidade. “Além disso, vamos atrás de cadastrar o projeto para validar horas de extensão para quem organiza e culturais para quem joga”, comenta a estudante. Elise também cita o apoio do Diretório Acadêmico para o evento. “O papel que o Diretório Acadêmico realiza conosco é no empréstimo de alguns equipamentos e materiais e também na divulgação”, comenta. Assim, a comissão organizadora da Copa discute as priorida-

Alunos viram torcedores durante a competição Imagem: Daniel Marques

O futebol feminino está presente na Copa Pampa Vet Imagem: Daniel Marques

É extremamente importante fazer exercícios físicos para a questão metabólica, mas também para a questão da saúde mental. Fazer um exercício libera hormônios que ajudam a nos sentirmos bem e felizes.

Organização

des e distribui as tarefas entre os formandos responsáveis pelo evento. Ao longo dos dois dias de evento, as equipes inscritas participam de competições esportivas de futebol (masculino e feminino), vôlei (misto), cabo de guerra (masculino e feminino), tiro de bodoque (misto), chasque (misto), laço na vaca parada (misto, feminino e masculino), basquete (misto), dança. Além disso, as competições também envolvem a doação de alimentos, doação de sangue, coletar o lixo que pode ser reciclado durante o evento e muito mais.

Além dos alunos, os professores também são convidados a jogar, e nesse ano, Elise conta que teve mais participação deles, tanto no jogo quanto no suporte financeiro às equipes e na torcida. Para a estudante de Medicina Veterinária, Elise Camargo, a Copavet é um evento que torna possível a criação de novas amizades e novos vínculos, além de possibilitar aos alunos aprender a conviver em grupo. “Muitos não vêem só como uma competição e sim um entrosamento entre os cursos’’, completa. por Danilo Perez e Nathielly Paz

Força e garra: a luta pela vitória no cabo de guerra Imagem: Daniel Marques

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Unipampa inclusiva Enquanto a média nacional de pessoas com deficiência no ensino superior é de 0,52%, na Unipampa esse número chega 2,89%

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urante muito tempo, pessoas com qualquer tipo de deficiência eram consideradas incapazes no Brasil, vivendo isoladas da sociedade. As políticas educacionais voltadas para essas pessoas começaram a tomar forma em 2007, com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, elaborada por um Grupo de Trabalho nomeado pelo Ministério da Educação (MEC).

Nesse cenário, o ensino superior, para muitas pessoas com deficiência (PcDs), por muito tempo não foi cogitado. Dados publicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no censo de 2020, apomtam que apenas 55 mil estudantes PcDs estão matriculados em cursos de graduação presencial ou à distância, seja em instituições públicas ou privadas, o que mostra como o acesso dessas pessoas não é fácil.

A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) conta de 2018 a 2022 com 1.261 alunos com deficiência, cerca de 2,89% do total de estudantes, sendo que a média de pessoas com deficiência no ensino superior é de 0,52%, segundo o Censo Superior da Educação de 2018.

Dados sobre o ingresso de alunos Pcd’s na Unipampa Fonte: Unipampa

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A Unipampa caminha para a inclusão de discentes no meio acadêmico. O Núcleo de Inclusão e Acessibilidade (Nina) e o Núcleo de Desenvolvimento Educacional (Nude) estão presentes nos dez campi da Universidade, e contam com servidores responsáveis por apoiar pessoas com deficiência. A norma está inclusa na Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

Além das cotas para pessoas com deficiência no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a Universidade oferece auxílios financeiros e prevê apoio aos discentes em suas ações de acessibilidade arquitetônica, informacional, comunicacional e pedagógica. Na Unipampa, os PcDs possuem preferência nos processos e espaços com sinalização em braille, o apoio com as tecnologias informacionais de leitura e produção de textos e visualização de filmes, com transcrição de áudio, mediações com intérpretes de libras e Sistema de Frequência Modulada (Sistema FM) que é utilizado por estudantes com deficiência auditiva para melhorar a compreensão da fala, especialmente em ambientes com ruídos, além de monitorias individuais.

O estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária com deficiência auditiva, Patrick Marques, 32 anos, do Campus Caçapava está prestes a se formar e conta que os desafios foram grandes ao longo da sua vida. “No começo foi bem complicado. Por ter perdido a audição aos cinco anos, fiz o ensino fundamental, médio e técnico em contabilidade sem ajuda do aparelho auditivo, que me facilitaria a comunicação com as pessoas. Na Universidade, faz pouco tempo que participo do Nina. Mas eu recebo o apoio do Nina, dos monitores e do pessoal do Nude que estão sempre disposto para ajudar”, relata.

Muito Além dos Números- UNIFICA

Os problemas devido a falta de acessibilidade permeiam a vida de pessoas com deficiência como Patrick. Ele afirma que foi preciso fazer adaptações para que conseguisse estudar, mas que conta com o apoio de discentes e profissionais do campus. “Sim, o pessoal do campus compreende as dificuldades e acessibilidade do campus, claro tem sempre que buscar evoluir nessas questões no Brasil”, complementa.

Uma maneira de incentivar alunos a se engajarem na Imagem ilustrativa de um aluno com deficiência no meio acadêmico causa é o programa de bolsas que é dispoReprodução: banco de imagens do canva nibilizado pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Acadêmicos (Praec) e pela Pró-Reitoria Sessão Azul no Planetário de Graduação (Prograd), associado também às Um exemplo de inclusão e acolhimento é a Sesações e iniciativas do Nina. Atualmente, o Núcleo de Inclusão e Acessibilidade da Unipampa são Azul do planetário da Unipampa. O projeto foi oferta três bolsas de monitoria de 20 horas se- idealizado pela professora Amelia de Bastos, com objetivo manais, uma bolsa de 20 horas semanais para o proporcionar o apoio de discentes com deficiência, além de outra bolsa de 12 horas semanais para apoio uma sessão de docentes na produção de materiais aces- voltada para síveis. O Nina também conta com um edital Pessoas com em aberto para um bolsista auxiliar na políti- Tr a n s t o r n o Especca de inclusão das pessoas com deficiência. do tro Autista Pessoas com deficiência precisam de políticas de inclusão para que possam acessar am- (TEA) no PlaO Planetário da Unipampa recebeu o CRA – bientes que antes não eram possíveis. ressalta netário.

Patrick, que tem orgulho de estar na universidade. trabalho foi Centro de Reabilitação e Apoio na Sessão Azul planejado de forma a oferecer todos os recursos de acessibilidade necessários para que crianças com TEA e suas famílias tivessem a experiência de conhecer o amFoi muito gratificante biente da Universidade, em especial o Planetário. entrar na universidade, no A experiência contou com a parceria e apoio ensino superior, porque é da equipe do planetário. Até o momento fouma porta que te abre um ram feitas três sessões de teste e o próximo leque de possibilidades, tu passo é avaliar os resultados para definir uma conviver com várias pesperiodicidade e implementar a Sessão Azul soas e culturas diferentes. como uma prática recorrente na Unipampa.

Traz um enriquecimento A expectativa da equipe é implementar outras inique tu leva para tua vida, ciativas, para que surdos e cegos tenham uma expeo Brasil tem uma diversiriência completa ao visitar a Universidade. “Sempre dade incrível de talentos, existiu no planetário essa preocupação de atender todas as pessoas. Para o planetário a inclusão é um valor, então toda sessão já começa a ser pensada com recursos de acessibilidade”, comenta Amelia.

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por Giovanna Rodrigues e Nathielly Paz 39

Cortes orçamentários afetam as atividades e o futuro das Universidades Federais Desfalque nos recursos da Unipampa chegam a sete milhões de reais somente no primeiro semestre de 2022

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esponsáveis pela formação de profissionais em diversas áreas do conhecimento e pelo desenvolvimento da ciência e pesquisa, as Universidades Federais enfrentam um cenário de incerteza.

O ano de 2022 está sendo de retomada das atividades presenciais para as instituições, depois do período remoto, forçado pela pandemia do Covid-19. Com a volta das aulas presenciais nas 69 instituições federais, cresce a demanda por orçamento, para que seja possível manter os cuidados de higiene devido ao vírus, e a qualidade do ensino. Além do trabalho de pesquisa e extensão no desenvolvimento acadêmico.

Diminuindo ano a ano, as verbas para as Universidades sofreram cortes também em 2022.

Um cenário que vem preocupando as diversas instituições públicas de ensino superior.

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A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) é uma delas, e está passando por dificuldades com as despesas de ensino, e com o custeio da manutenção dos seus dez campi. Inicialmente, o governo divulgou um bloqueio orçamentário, ou seja, os recursos poderiam vir a ser liberados no futuro. No entanto, como explica o reitor da Unipampa, Roberlaine Ribeiro Jorge, não tem como pegar dinheiro em 2022 para gastar em 2023.

Segundo ele, por conta da burocracia que envolve a gestão pública, não seria possível utilizar os recursos. O que torna a situação dos cortes orçamentários ainda mais grave.

O dia 24 de Junho gerou muito alvoroço nas instituições federais. Na Unipampa, foi confirmado um corte no orçamento efetuado pelo governo federal sendo oficializado no Diário Oficial da

União do dia 24 de junho de 2022.

Para a Unipampa o impacto foi de R$3.577.931,00, correspondente a 7,2% do orçamento no referido período. Os impactos afetarão todos os setores da instituição, em ensino, pesquisa e extensão. “A situação continua difícil. Na proporção da Unipampa isso é muito recurso, é difícil a gente conseguir num prazo curto, daqui até o final do ano, atingir uma meta de redução nas despesas” manifestou o reitor.

Cortes orçamentários abruptos e em altos valores como o que foi divulgado em maio em universidades como a Unipampa, que é composta por dez campi, são de grande impacto para a educação.

“Nós vamos ter que cortar, diminuir viagens. Porque despesas com combustível, diárias, visitas técnicas dos alunos, aulas de campo, tudo isso vai afetar. Então muitas ve-

Tá na rede- UNIFICA si só já se autodefine e já se coloca como prioridade.

Nesse sentido, é uma luta no nosso dia a dia de gestor público, temos que buscar os recursos, comenta. Para Roberlaine, áreas como a saúde, segurança pública e educação não representam gastos, mas sim investimentos, principalmente

Estamos próximos de um colapso, se não houver uma reversão do quadro, se o governo não repor, de fato, vai ficar muito difícil.

Roberlaine Ribeiro quando se trata da educação.

“Quando se coloca dinheiro nesses setores é investimento, ou seja, isso vai ter um retorno para sociedade. É por isso que temos que brigar, junto com todos

os órgãos, entidades e outras Universidades, mas sobretudo com a população. A população precisa, por isso que é importante”, complementa o reitor.

Roberlaine enfatiza a responsabilidade social que uma instituição de ensino, pesquisa e extensão tem, pois a base da Universidade é construída por todos nós, e é a partir de nós que ela manterá a excelência em qualidade educacional.

Os alunos, juntamente com os professores, servidores e a comunidade têm um papel fundamental na luta por uma Universidade como a Unipampa. “As universidades têm esse lema de [oferecer] uma educação pública, laica, de qualidade e inclusiva, e é por isso que a gente vai lutar e é nessa luta que a gente tem que cada vez mais estar de mãos dadas, de braços dados e nesse sentido a gente vai trabalhar pra continuar essa conexão cada vez mais forte”, finaliza. por Moiziane Utzig e Vitória Rios

Imagem: Maicon Mendes

zes não vai ser uma economia de recursos, e não gastar porque eu não tenho. Eu não tenho como pagar a diária, então eu vou deixar de ter aquele suporte pra aula, insumos de laboratórios… Isso vai dificultar também, porque a dispensa de custeio, de manutenção, contratos de terceirizados de uma forma geral, isso nos preocupa muito”, comenta o reitor.

Uma das grandes preocupações sinalizadas pelo Reitor é sobre o ano que vem, com a possibilidade de piorar a situação. “[os cortes] vêm acontecendo todos os anos.

Infelizmente essa é uma realidade, nos últimos anos os orçamentos vêm diminuindo ano a ano, só que nessa diminuição chegou no limite”, comenta. Segundo Roberlaine, não há mais margem para estes novos cortes. O cenário nas Universidades Federais é de luta pela qualidade e suporte na educação, para defender o ensino, a pesquisa e extensão. “A educação é prioridade, educação por

Estudantes da Unipampa de São Borja manifestam contra os cortes orçamentários.

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Iniciativas do movimento negro A história do movimento negro no Brasil é marcada pela luta e resistência. Desde a célebre figura de Zumbi dos Palmares, passando por diversos outros personagens que fizeram história ao defender a cultura negra. Apesar de muitas vezes desprezada, a memória desses povos permanece presente e ativa até os dias de hoje. O marco inicial da escolarização das pessoas pretas no Brasil foi a partir de 1888, e a primeira instituição pública federal a adotar um sistema de cot as foi a Universidade de Brasília (UnB), em 2004.

Na Universidade Federal do Pampa (Unipa-

mpa), projetos e ações foram criados nos últimos anos com o intuito de fortalecer, empoderar e fomentar discentes e docentes pretos que ocupam a Universidade. O Campus São Borja tem apresentado um aumento significativo de alunos autodeclarados pretos e pardos desde 2014. Segundo dados apresentados pela secretaria acadêmica, nas matrículas de 2014, 14 alunos se autodeclararam pretos e pardos. Já em 2019, a participação sobe para 336 alunos. O autoconhecimento é o que potencializa que esses discentes possam ter acesso à universidade através de participações em projetos, pesquisas e ensino.

Alunos autodeclarados pretos e pardos de 2014 a 2019 250 pardos

200 200

pretos

150 100 50 2014

2015

2016

2017

2018

2019

FONTE: Dados fornecidos pela secretaria acadêmica (Unipampa Campus São Borja)

Neabi (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígenas) A criação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena (Neabi) impulsiona a aplicação das leis n°10.639/2013 e n°11.645/2008 que incluem as culturas afro-brasileiras e indígenas no ensino brasileiro. Os Neabis formam uma rede de cooperação científica e já reúnem mais de 100 núcleos no país, incluindo a Unipampa. Na instituição, o primeiro Neabi foi criado em 2010, no Campus Uruguaiana. tutor: Merli Leal

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Afrotelas O projeto é voltado para pesquisa de Gênero e Raça na Produção Audiovisual, com o intuito de empoderar, reeducar e pesquisar sobre o audiovisual brasileiro, entender como as mulheres negras são vistas nestes meios através de referências de pesquisadoras negras e como se dá a construção audiovisual anti racista. Coordenadora: Merli Leal

Post-It - UNIFICA

o ocupam espaço na Unipampa PET - História da África (Campus São Borja) O Programa de Educação Tutorial (PET) está voltado para o resgate da cultura africana no município de São Borja, possibilitando reflexões sobre racismo e desigualdades étnicas, na construção de um sistema educacional mais inclusivo. O PET participa de forma ativa em projetos voltados para a comunicação e ensino para o campus e também para a comunidade e, além disso, organiza eventos voltados à história da negritude como no mês da Consciência Negra em novembro e no mês de julho o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

Coordenador: Edson Romario

Clube Harmonia O clube fica no Campus de Caçapava do Sul e conta com a parceria do Núcleo de Estudos Afro -brasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade.

Catia destaca a importância das pesquisas para os Clubes Sociais Negros na qualificação dos atores sociais destas instituições. “O conhecimento aumenta nossa capacidade de influenciar e ocupar os espaços”.

Coordenadora: Catia Cilene

Clubes Sociais Negros do Brasil e Uruguai O projeto é da Unipampa Campus Jaguarão, e nasceu a partir do Clube 24 de Agosto, que possui 103 anos de história. Os Clubes Sociais Negros são espaços organizados por mulheres e homens negros para exercer sua cultura e liberdade. Estes locais começaram a ganhar maior reconhecimento a partir de 2008, com a conceituação feita pelo poeta da Consciência Negra, Oliveira Silveira, Doutor Honoris Causa pela Unipampa, e a criação da Comissão Nacional de Clubes Sociais Negros do Brasil.

Coordenadora: Giane Vargas

Estas iniciativas comprovam a imptortância de projetos para a história do movimento negro e ressaltam a importância da diverisdade étnica e cultural dentro dos campi e da Universidade. Os trabalhos conjuntos das comunidades locais e de pesquisadores e discentes é o que

torna viável o sucesso e a realização de iniciativas potencializadoras da cultura, memória e desenvolvimento social da população preta, trazendo um crescimento desses estudantes nos nossos campi e contribuindo para que a Unipampa seja um lugar seguro e inclusivo.

por Naju Pereira e Micael Olegário 43