Revista Arquitetura & Aço nº 48

Page 1

& ARQUITETURA AÇO

ARQUITETURA AÇO Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 48 dezembro de 2016

PORTO MARAVILHA O AÇO MOSTRA SUA VERSATILIDADE E CONTRIBUI PARA A TRANSFORMAÇÃO DA ZONA PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO


O Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, entidade sem fins lucrativos gerida pelo Instituto Aço Brasil, procura ampliar e promover a participação da construção em aço no mercado nacional por meio de ações de incentivo ao conhecimento, divulgação, normalização e apoio tecnológico. Conheça o CBCA!

Principais ações do CBCA

Cursos online e presenciais

Desenvolvimento de material técnico e didático, como as videoaulas e manuais da construção em aço, disponibilizados gratuitamente em seu site

Pesquisas anuais junto às principais empresas do setor, traçando um panorama da evolução e expectativas para o futuro desse sistema no país;

Promoção de palestras e Road Shows gratuitos por diversas cidades brasileiras

Realização do Concurso CBCA para Estudantes de Arquitetura, que anualmente incentiva a investigação das possibilidades da construção em aço e a manifestação criativa de alunos de arquitetura de todo o Brasil

Acesse o site

www.cbca-acobrasil.org.br e descubra tudo que o CBCA tem a oferecer!


EDITORIAL

REVITALIZAR E QUALIFICAR COM AÇO A REGIÃO PORTUÁRIA E O CENTRO DO RIO DE JANEIRO passam por uma profunda transformação desde que a cidade foi escolhida para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 e iniciou um grande programa de requalificação urbana e revitalização da área, o projeto Porto Maravilha. Foram realizadas obras em diversas frentes, as quais reconfiguraram a região e criaram um novo polo de desenvolvimento comercial e cultural na cidade. Um amplo projeto que contemplou, entre outras melhorias, uma nova infraestrutura viária, espaços públicos bem planejados, novos equipamentos culturais e um moderno sistema de mobilidade urbana. Como resposta natural, surgiram vários empreendimentos comerciais e residenciais na região, alguns já concluídos, outros em construção ou anunciados para iniciar em breve. É neste cenário que o aço mostra toda a sua versatilidade, presente em diferentes soluções, como nos casos que selecionamos para esta edição de Arquitetura & Aço. No projeto do consagrado arquiteto Norman Foster para o edifício corporativo Pátio da Marítima, por exemplo, o aço foi essencial para viabilizar a execução da arrojada estrutura com pilares inclinados. Já no megaempreendimento Porto Atlântico Leste, complexo com três torres para usos distintos, além de um centro comercial, a adoção de uma solução estrutural mista, em aço e concreto, garantiu velocidade construtiva e redução de custos à obra. Temos, ainda, o caso do AquaRio, no qual um antigo armazém frigorífico foi transformado para receber o maior aquário marítimo da América do Sul, com área 22,8 mil m², tirando partido de estruturas em aço preexistentes. A revitalização da região central do Rio de Janeiro também abriu espaço para projetos de modernização de vários edifícios que estavam deteriorados ou mal aproveitados. E, nesses projetos de retrofit, o uso do aço aparece com grande destaque, como no caso do edifício comercial RB12, que recebeu soluções inovadoras para modernizar e conferir características sustentáveis ao prédio. Para compreender melhor a dimensão dessas transformações e, em especial, explorar detalhes de projetos como o Pátio da Marítima e alguns casos de retrofit, trazemos a entrevista com o arquiteto Anibal Sabrosa Gomes da Costa, que à frente da RAF Arquitetura trabalhou em parceria com o escritório Foster + Partners e também assina outros projetos na região. Por fim, abrimos espaço para o registro de uma construção do início do século XX, com estrutura metálica, onde hoje funciona o restaurante Ancoramar. Ao longo dos últimos 110 anos, o local testemunhou e se adaptou às diversas mudanças ocorridas na região. Agora, comprovando a durabilidade do material, inicia uma nova fase. Boa leitura!

ARQUITETURA&AÇO

1


04.

24.

Ricardo Werneck

sumário Arquitetura & Aço nº 48 dezembro 2016

ENTREVISTA

Foto da capa: Pátio da Marítima, Rio de Janeiro, RJ

16

Anibal Sabrosa Gomes da Costa, arquiteto e diretor da RAF Arquitetura, fala sobre a importância do aço na revitalização da região do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro CONTATOS

32


08.

12.

20.

28.

30.

31.

04. Raio X do Porto: operação de requalificação de zona portuária, no Rio de Janeiro, abre espaço para novos empreendimentos públicos e privados e transforma região degradada em novo polo de desenvolvimento da cidade 8. Porto Atlântico Leste:

com linhas arquitetônicas sóbrias e volumetria elegante, complexo multiuso ganha qualidade construtiva

12. Edifício Pátio da Marítima: empreendimento assinado por Norman Foster foi concebido para ser um novo marco arquitetônico na região 20. Aquário Marinho do Rio de Janeiro: inaugurado em novembro, AquaRio conta com 1.430 toneladas de aço 24. Edifício RB12: estruturas em aço na fachada e na cobertura colaboram para retrofit com padrão sustentável e soluções inovadoras 28. Memória: restaurante Ancoramar, com estruturas em aço do início século XX 30. Edifício Gamboa: estruturas em aço viabilizam a requalificação do antigo galpão 31. Moinho Fluminense: construção do século XIX passa por reforma que transformará o antigo complexo fabril em com soluções em aço

um megaempreendimento comercial


1

AS MARAVILHAS DO PORTO Aço confere identidade e desempenho aos novos empreendimentos que, pouco a pouco, transformam a região central do Rio de Janeiro

CRIADA EM 2009, a Operação Porto Maravilha

4

Atualmente, além das obras de infraestru-

propõe a revitalização completa da antiga

tura, edifícios corporativos marcam a paisa-

região portuária da cidade do Rio de Janeiro por

gem da região, como é o caso do Port Corporate

meio da renovação da infraestrutura e fomento

Tower, do Pátio da Marítima, a nova sede da

ao desenvolvimento de projetos imobiliários

L’Oreal, o Porto Atlântico Leste e Oeste, o Vista

corporativos e residenciais. A OUC (Operação

Mauá, e muitos outros.

Urbana Consorciada) do Porto Maravilha foi

A Cdurp (Companhia de Desenvolvimen-

viabilizada por meio da emissão de 6,4 milhões

to Urbano da Região do Porto do Rio) mapeou

de Cepacs (Certificados de Potencial Adicional

123 dos empreendimentos previstos, sendo 51

de Construção), que ao mesmo tempo em que

residenciais, 38 comerciais, oito culturais, sete

permitiram às incorporadoras construir além

de hotelaria, seis institucionais e 13 de outras

do previsto no Código de Obras – 1,2 milhão de

características. Há prédios em construção e pro-

metros quadrados no total –, proporcionaram

jetos em desenvolvimento e aprovação, como é

R$ 3,5 bilhões em recursos para o FIIPM (Fundo

o caso das grandes transformações programa-

de Investimento Imobiliário Porto Maravilha),

das para a área do Gasômetro, com 1 milhão de

controlado pela Caixa Econômica Federal.

metros quadrados, e o projeto para o Moinho

ARQUITETURA&AÇO


Ygor Rodrigues Ygor Rodrigues 3 4

2

Fluminense, que abrigarão construções resi-

conforme relata o presidente da Cdurp, Alberto

denciais, escritórios, hotel e shopping center.

Gomes Silva. O Elevado era símbolo de uma

1. Edifício sede da L'Oreal 2. Píer Mauá

lógica rodoviarista, de uma cidade voltada para

3. Moinho Fluminense

os automóveis. Com a sua demolição, entre-

4. Pátio da Marítima

E, como era de se esperar, a presença do aço tem

tanto, o centro da cidade pôde ser devolvido

sido fundamental para o desempenho de boa

ao pedestre e a vista da Baía de Guanabara

parte dessas obras, tanto no âmbito da infra-

ficou melhor, dando destaque aos prédios de

5. Museu do Amanhã e trecho do Boulevard da Orla Conde

estrutura como nos projetos do setor privado.

relevância histórica que estavam escondidos

Revitalização em aço

sob a sombra do viaduto. “É gratificante ver que o carioca está retomando o hábito de cami-

da Perimetral e o reaproveitamento parcial de

nhar pelo centro da cidade e que a Praça Mauá,

suas estruturas em aço, que surge como um

muito diferente do que há cinco anos, hoje é

case importante, talvez o mais relevante deles,

um sucesso absoluto”, diz Silva.

Divulgação / Bruno Bartholini

Uma intervenção essencial para a transformação da região foi a demolição do Elevado

5

ARQUITETURA&AÇO

5


Fotos Divulgação 6

A demolição do antigo viaduto demons-

Outra obra emblemática para a Operação

trou a flexibilidade e a capacidade que o aço

Porto Maravilha é a implantação do VLT (Veí-

tem de se adaptar a diferentes situações e

culo Leve sobre Trilhos), que faz a interligação

necessidades. As vigas em aço, que integra-

entre a região portuária, o centro financeiro

vam o antigo sistema viário, foram direcio-

da cidade e o Aeroporto Santos Dumont. Pre-

nadas para obras do próprio Porto Maravilha

visto para ter 28 km de trilhos, sendo 15 km

e, também, reaproveitadas para a construção

apenas na etapa 1 da obra, o VLT contará, ao

dos piscinões da Praça da Bandeira. De acordo

término de sua execução, com 32 estações.

com o presidente da Cdurp, embora os pis-

O novo sistema de transporte transformou a

cinões da Praça da Bandeira não façam parte

mobilidade na região central do Rio de Janeiro

das obras de revitalização do Porto, são de

e, mais uma vez, é marcante a contribuição do

importância fundamental para a cidade, pois

aço, já que o material foi escolhido pelo desig-

ajudam a combater os históricos alagamentos

ner Guto Indio da Costa para ser o elemento

daquela região.

principal das estações de parada.

7

6. Elevado da Perimetral demolido para dar lugar à Orla Conde 7. Orla Conde 8. VLT e Museu de Arte do Rio ao fundo 9. Praça Mauá 10. Estação de parada do VLT

8

Divulgação/Joao Paulo Engelbrecht

9

6

ARQUITETURA&AÇO


AS OBRAS DO PORTO MARAVILHA

Divulgação

Públicas

9

Com calçadas niveladas na altura do piso

foram palavras-chave na definição do conceito,

das composições, as estações contam com

que aponta o impacto urbanístico e a relação

rampas antiderrapantes para o acesso de

do novo sistema com o espaço público”, afirma

pessoas com necessidades especiais, linha de

Guto Indio da Costa ao se referir ao projeto.

piso podotátil e faixas em alto relevo para a

Enriquecendo a paisagem, o belíssimo

locomoção de deficientes visuais. Além da

projeto do arquiteto espanhol Santiago Cala-

ênfase na acessibilidade, destaca-se a propos-

trava para o Museu do Amanhã, inovador

ta de transformar a experiência de utilização

e comprometido com a sustentabilidade,

do transporte público na cidade do Rio de

utilliza 3.800 toneladas de aço e surge como

Janeiro. “As diretrizes urbanísticas e de design

um símbolo da revitalização da região, for-

para o VLT procuram reforçar os valores e a

talecendo a promessa e a esperança de con-

identidade do transporte público no Rio de

tarmos, cada vez mais, com espaços públicos

Janeiro. Integração, transparência, eficiência,

bem planejados, concebidos para acolher as

bem-estar, contemporaneidade e DNA carioca

pessoas com respeito e comodidade. (B.L.) M

Ygor Rodrigues

10

• Demolição do Elevado da Perimetral • Museu de Arte do Rio (MAR) • Museu do Amanhã • Via Binário do Porto e Túnel Rio 450 • Via Expressa e Túnel Prefeito Marcello Alencar • Nova Orla Conde • Veículo Leve Sobre Trilhos • 70 km de vias reurbanizadas e 650 mil m² de calçadas refeitas • 700 km de redes de infraestrutura urbana reconstruídas (água, esgoto, drenagem) • 17 km de novas ciclovias • 15 mil árvores plantadas

Privadas • Aquário Marinho do Rio de Janeiro (AquaRio) (pág. 20) • Banco Central • Complexo Imobiliário Moinho Fluminense • Complexo Porto Atlântico Leste e Oeste (pág. 8) • Galeria Sul América (retrofit) • Gasômetro • Hotel Design do Moinho • Hotel Marriott • L’Oreal • Pátio da Marítima – Torre I e Torre II (pág. 12) • Port Corporate Tower • Porto Maravilha Corporate – Torre I e Torre II (em fase de aprovação) • RB12 (retrofit) (pág. 24) • Quadra Carioca (em fase de aprovação) • Residencial Lumina Rio • Torre Olímpica • Trump Towers (em fase de aprovação) • Vista Guanabara • Vista Mauá ARQUITETURA&AÇO

7


Divulgação / OR

TRÊS VEZES AÇO Estruturas mistas em aço e concreto conferem velocidade e asseguram qualidade construtiva a um complexo empresarial com três torres no Rio de Janeiro

UM DOS MAIORES empreendimentos do

Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, o Porto

8

Os edifícios, que originalmente seriam concebidos totalmente em concreto armado,

Atlântico Leste é formado por três torres de

tiveram sua estrutura alterada para um siste-

usos distintos e um conjunto de lojas, dis-

ma misto em aço e concreto, a fim de aumen-

tribuídos em um terreno de pouco mais de 16 mil m2. O complexo foi idealizado pela STA

tar a previsibilidade do cronograma e raciona-

Arquitetura com linhas arquitetônicas sóbrias

de forma simultânea às intervenções para os

e volumetria elegante para abrigar escritó-

Jogos Olímpicos Rio 2016. “Quando analisamos

rios-padrão triple A em duas das torres e um

a conjuntura econômica e os prazos de execu-

hotel na terceira torre.

ção, percebemos que realizar um empreen-

ARQUITETURA&AÇO

lizar os custos da obra, que foram realizadas


Ygor Rodrigues

dimento desse porte com soluções construtivas artesanais seria arriscado. Tínhamos de cumprir as metas de cronograma e qualidade. Por isso, optamos por uma solução mista em aço e concreto”, explica o engenheiro Edson Kater, diretor de construções da Odebrecht Realizações. Assim, apenas os núcleos rígidos onde ficam as caixas dos elevadores e escadas foram executados em concreto para que pudessem receber e ancorar a estrutura em aço. As vigas, por sua vez, foram projetadas em aço, enquanto os pilares e lajes receberam soluções mistas. “Os pilares metálicos preenchidos com concreto e as lajes steel deck foram soluções acertadas”, diz Kater. Segundo o profissional, a escolha agregou qualidade e assertividade geométrica à estrutura, evitando retrabalhos decorrentes de falhas na amarração das fôrmas. Em especial no caso do steel deck, o fato de dispensar escoramento e liberar rapidamente novas frentes de trabalho foi decisivo para garantir rapidez construtiva.

Opção por solução estrutural mista ajudou a cumprir o cronograma de 36 meses e reduziu a demanda por mão de obra in loco

Divulgação / Codeme

Empreendimento no padrão triple A é composto por duas torres de uso corporativo e um hotel, com núcleo de elevadores em concreto armado e periferia em estrutura metálica. No térreo, um espaço comercial de 1.900 m² abriga lojas de 37 a 218 m²

ARQUITETURA&AÇO

9


Fotos Divulgação / OR

Em conjunto com outros sistemas construtivos industrializados, como a fachada unitizada e os banheiros prontos (usados apenas na torre hoteleira), a solução estrutural adotada ajudou a cumprir o cronograma de 36 meses e a reduzir a demanda total por mão de obra in loco. Segundo Kater, o planejamento original previa 1.600 trabalhadores no pico da obra. “Com os sistemas construtivos adotados, instalamos tudo em um período inferior a quatro meses e reduzimos o contingente para 800 pessoas na fase de pico”, revela o engenheiro. Nas obras do Porto Atlântico Leste, assim como em muitas outras da região do Porto Maravilha, foi detectada a presença de materiais de valor arqueológico no terreno, como balas de canhão, fundo de barcos e âncoras, que exigiram atenção especial para sua remoção. A localização dos edifícios em um aterro próximo ao mar, com lençol freático alto e leito rochoso com alta capacidade de suporte a 17 m de profundidade, também impuseram desafios técnicos importantes. Para a execução das paredes diafragma, por exemplo, uma hidrofresa, equipamento próprio para escavação em solos resistentes, foi necessária. A solução permitiu embutir as paredes diafragma na rocha, criou uma caixa estanque no solo e dispensou a construção de uma laje de subpressão que, neste caso, teria mais de 1,5 m de altura. 10 ARQUITETURA&AÇO


Divulgação / OR

Projeto arquitetônico: STA Arquitetura

>

Projeto estrutural: Knijnik Engenharia Integrada (fundações rasas e laje de subsolo), Bedê Engenharia de Estruturas (núcleos de concreto) e Codeme (estruturas metálicas)

>

>

bilidade para o Porto Atlântico.

tos ambientais e somar pontos para a obten-

Para assegurar maior sustentabilidade aos

ção do selo LEED (Leadership in Energy and

edifícios, diversas soluções foram combinadas,

Environmental Design) nas categorias Gold e

segundo Francine. A principal delas foi o estu-

Silver, pleiteado para duas torres do complexo

do da envoltória, que considerou análises com

– a corporativa e a de salas comerciais. “O aço

vários tipos de vidro e culminou na escolha

é um material que pode ser continuamente

por um vidro laminado de controle solar, com

reciclado. Além disso, tende a gerar menos

alto fator de sombreamento. O paisagismo

Aço empregado:

resíduos no canteiro e reduz o tempo de obra,

também contribuiu ao usar um sistema de

o que contribui para diminuir impactos na

irrigação eficiente e prever o plantio de espé-

vizinhança”, comenta a arquiteta Francine

cies nativas, que demandam menos água para

Vaz, gerente da filial Rio de Janeiro do CTE,

a própria sobrevivência. (J.N.) M

Área construída:

>

Volume de aço: 870 t

>

ornecimento da F estrutura de aço: Codeme

>

Execução da obra: Odebrecht Realizações Imobiliárias

>

O aço também colaborou para reduzir impac-

empresa que prestou consultoria de sustenta-

109 mil m² ASTM A572 GR50, ASTM A36, ASTM-A500-C (perfis tubulares) e ASTM-A-570 GR36 (perfis formados a frio)

>

Construção “verde”

Local: Rio de Janeiro, RJ

Ygor Rodrigues

>

Conclusão da obra: setembro de 2016

O empreendimento conta com uma parada do VLT bem à sua frente, favorecendo o acesso e conforto dos usuários ARQUITETURA&AÇO

11


ARROJADO E PRECISO Marcado por uma arquitetura ousada, o Pátio da Marítima, em construção no Rio de Janeiro, leva pilares inclinados de aço e a assinatura de Norman Foster

UM DOS EDIFÍCIOS MAIS IMPACTANTES na paisagem do Porto Maravilha, no Rio de

Janeiro, o Pátio da Marítima é um empreendimento-padrão triple A com 140 mil m2 de área, distribuídos entre 21 andares de escritórios e cinco subsolos. O projeto, marcado pela presença de duas torres retorcidas que se unem no topo, leva a assinatura do renomado arquiteto britânico Norman Foster e deverá ser ocupado por grandes empresas nos próximos anos. Viabilizar o empreendimento com formas tão arrojadas como as concebidas por Foster (vencedor do Prêmio Pritzker em 1999), entretanto, não foi uma tarefa fácil. Muitos desafios tiveram de ser superados pelos engenheiros brasileiros. A estrutura, nada convencional, se caracteriza por diferenças entre os pavimentos sucessivos e pilares inclinados, que provocam excentricidades de até 21 m em relação à base. Alguns pavimentos chegam a ter 3,8 mil m2 de área, com pilares apenas na periferia e no core. No lobby, o pé-direito chega a 8,5 m. Toda a concepção estrutural foi baseada em linhas de vértices que se encontram de modo preciso em forma de V e Y. Segundo Luiz Henrique Ceotto, diretor de Design & Construction da Tishman Speyer, “a exatidão requerida para a manutenção dos vértices seria impossível de se obter em concreto armado”. Por isso, foi adotada uma solução mista, que

Divulgação

combina as características do aço e do concreto.

12 ARQUITETURA&AÇO

Pilares de aço inclinados viabilizaram a execução do projeto do renomado arquiteto britânico Norman Foster, garantindo a precisão necessária à montagem das fachadas


Ygor Rodrigues ARQUITETURA&AÇO

13


14 ARQUITETURA&AÇO Fotos Ygor Rodrigues


Fotos Divulgação

A exatidão requerida na montagem das linhas de vértices que configuram o edifício só poderia ser obtida com o uso de estruturas em aço

O núcleo, onde foram acomodados elevado-

A realização do projeto estrutural em 3D e

res e escadas, foi construído em concreto arma-

a compatibilização do mesmo com a arquite-

do e executado com fôrmas trepantes com

tura pela ferramenta de clash detections trou-

elevação hidráulica, formando um eixo rígido

xeram maior precisão geométrica. “O projeto

que recebe e ancora as estruturas metálicas e

sai do 3D e vai direto para as máquinas em

absorve as cargas horizontalmente. Pilares e

que as peças são fabricadas”, diz Lanza, que

vigas são de aço. As lajes, por sua vez, foram

reforça que o uso do laser escâner para o con-

executadas em steel deck com chapas de aço

trole dimensional da estrutura durante a exe-

zincado com 0,95 mm e 1,25 mm de espessura.

cução também foi crucial para o projeto. “O

Encaixe milimétrico

O principal diferencial da estrutura são as megacolunas inclinadas junto às fachadas. >

Projeto arquitetônico: Foster + Partners (autoria) e RAF Arquitetura

>

Área construída: 119 mil m²

>

Aço empregado: ASTM A572 GR50, ASTM A36, ASTM A500-C (perfis tubulares de seção circular) e ASTM A570 GR50 (perfis formados a frio)

>

Volume de aço: 3.690 t

>

Projeto estrutural: JKMF e

Tratam-se de pilares mistos, de aço preenchido com concreto e revestidos com alumí-

equipamento realiza a leitura de milhões de pontos e monta uma imagem 3D da superfície analisada numa escala de 0,1 mm.”

Empreendimento sustentável

No edifício projetado por Foster, as fundações

nio. Em alguns trechos, como nos pontos de

são em sapatas apoiadas diretamente em

intersecção dos vértices, as colunas receberam

rocha. A contenção foi executada em parede

concreto de alta resistência (de até 85 MPa).

diafragma feita com hidrofresa e tirantes. A

Devido à complexidade imposta na monta-

fachada inclinada, ainda em execução, está

gem de escoramentos e fôrmas, foi essencial

sendo montada com painéis unitizados e

o uso do aço para garantir qualidade e pre-

vidro de alto desempenho.

cisão à execução. “Havia um risco grande de

Em relação à vedação, inúmeros estudos

não executar a estrutura com precisão e isso

e ensaios de conforto térmico foram realiza-

ornecimento da estrutura F de aço: Codeme

implicaria em problemas na montagem das

dos visando chegar à melhor solução estética e técnica, inclusive para definir o ângulo

>

Execução da obra: HTB

fachadas”, conta o engenheiro Juliano Lanza,

>

Local: Rio de Janeiro, RJ

projetista da Codeme. “Optando por peças de

de inclinação de cada trecho da fachada e

>

Conclusão da obra: 1º

aço de 12 m a 16 m de comprimento e ligações

a especificação do vidro de revestimento. O

parafusadas, a montagem não foi apenas faci-

Pátio da Marítima almeja a certificação LEED

litada, como também pôde ser realizada com

(Leadership in Energy and Environmental

maior segurança”, continua Lanza.

Design) na categoria Gold. (J.N.) M

Codeme >

trimestre de 2017 (primeira torre) e 3º trimestre de 2020 (segunda torre)

ARQUITETURA&AÇO

15


Divulgação/RAF Arquitetos

O AÇO E O PORTO

Anibal Sabrosa Gomes da Costa formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Úrsula em 1988 e, à frente do RAF Arquitetura, especializou-se em projetos de centros comerciais, residenciais e de saúde. Após a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas 2016, também voltou os olhos para o setor de infraestrutura, atuando em importantes projetos de estações de trem e na revitalização da Rua Uruguai, entre as obras. Atualmente, Costa também é vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura do Rio de Janeiro (AsBEA/RJ).

AA – A revitalização do Porto Maravilha,

tos importantes e em aço.

degradada da cidade. Como o senhor enxerga

AA – Muitas das obras já executadas e que

ção da RAF nos novos projetos que estão des-

vilha contam com elementos em aço. Como as

transformação de uma área abandonada e

essa mudança de cenário e qual a participapontando na região do Porto?

Anibal Sabrosa Gomes da Costa – A revitalização é um longo processo do qual temos orgulho de participar. Atuamos na infraestrutura

16 ARQUITETURA&AÇO

projeto de destaque que também terá elemen-

no Rio de Janeiro, tem contribuído para a

ainda estão por vir na região do Porto Mara-

estruturas metálicas estão colaborando para a revitalização da região?

ASGC – O aço é um elemento multifacetado

que pode ser usado de inúmeras maneiras em

urbana, com as estações do VLT (Veículo Leve

uma obra. O material nobre vem ganhando

sobre Trilhos) da Central do Brasil, bem como

cada vez mais a confiança dos arquitetos, que,

na concepção de novos edifícios residenciais

por sua vez, estão aprendendo a utilizar e a

e comerciais; o AQWA Corporate, conhecido

tirar proveito do mesmo da melhor forma pos-

como edifício Pátio da Marítima e assinado

sível. No Pátio da Marítima, o aço trouxe velo-

pelo arquiteto Norman Foster, é um deles. Tam-

cidade e redução de custo à obra. Além disso,

bém participamos do retrofit de importantes

seria muito complexo obter a forma desejada

obras no Rio de Janeiro, como o Into (Instituto

para o edifício caso ele tivesse estrutura de

de Traumatologia), de 2008, e a Villa Aymoré,

concreto. Em aço foi mais simples. Já no caso do

de 2015. O retrofit do Moinho Fluminense, que

Moinho Fluminense, a escolha se deu em fun-

ainda terá início na região portuária, é outro

ção de ser uma construção que já existe. Antes


de fazer a intervenção, temos que escorar a estrutura existente e o escoramento metálico acaba servindo de estrutura ao novo recheio do edifício. AA – Quais as principais características do edifício Pátio da Marítima?

AA – Os projetos arquitetônicos em que o seu

escritório está envolvido no Porto Maravilha são muito diferentes entre si. Por qual razão

a linguagem das obras acaba sendo tão distinta?

ASGC – Sem dúvida, nossos projetos se destacam pela diversidade. Diria que a característica prin-

ASGC – O Pátio da Marítima é o primeiro do

cipal é acertar o produto conforme a realidade

Foster + Partners no Brasil. Será um edifício

socioeconômica da região na qual está inserido.

icônico, que tem o aço como principal elemen-

Não só em quantidade ou categorização, mas

to estrutural. Fomos contratados pela Tishman

fundamentalmente na viabilidade e sucesso

Speyer para trabalhar no projeto, auxiliando no

para os nossos clientes. Em todos eles, buscamos

desenvolvimento de estudos, da concepção até

uma arquitetura com qualidade internacional

o executivo, com total liberdade e parceria para

e conceituação nacional, aliando tecnologia às

sugerir e buscar soluções. A decisão pelo uso do

raízes brasileiras, para criar uma arquitetura

aço passou não somente pela viabilidade eco-

que o mundo passe a reparar novamente. Com

nômica, como também pela técnica em função

relação ao desenho urbano do Porto, estamos

do design escolhido para a construção. Bus-

sempre sugerindo novos arranjos ao traçado ori-

camos inspiração nas raízes brasileiras para

ginal, pois todos sabemos que o plano nasceu

desenhar o edifício, que tem core em concreto

como um instrumento inicial de ocupação e que

e entorno em aço.

ajustes se fazem necessários e são bem-vindos.

Retrofit do Moinho Fluminense, que ainda terá início em 2017, receberá importantes intervenções em estrutura metálica

edifício neste caso?

ASGC – O aço foi fundamental para garantir

a leveza desejada para o Pátio da Marítima,

Divulgação

AA – E como o aço colaborou com o design do

principalmente no sky lobby. A solução ajudou a reduzir os custos, o prazo e, também, garantiu a exequibilidade do projeto. A montagem das estruturas metálicas, sem a concretagem, foi importante por viabilizar uma obra mais limpa. AA – Como se dá a fixação dessa estrutura à estrutura principal do edifício?

ASGC – Foram fixados com tirantes metálicos do quarto pavimento para baixo. São braços metálicos que partem do 15º metro de altura do edifício, criando um belo efeito. Exceto pelo core central do elevador e das escadas, a estrutura principal é toda metálica, com steel deck para as lajes. O mesmo ocorre no sky lobby para aliviar ao máximo a carga que incide nos tirantes. ARQUITETURA&AÇO

17


“ Com o aço, conseguimos executar um retrofit seguro, rápido e com pouca interferência visual, no qual a forma e a leveza sejam prioridades, e também onde seja necessário vencer grandes vãos.

AA – Paralelamente aos novos edifícios que estão sendo construídos, o Porto tem sido

era um dos poucos galpões industriais ainda em atividade na região portuária. Em 30 de

palco de um movimento em que o retrofit

novembro, ele foi desativado e suas ativida-

está sendo muito valorizado. Como o senhor enxerga essa questão?

des foram transferidas para outro local. Vamos transformar o local, que tem 180 mil m2, em

ASGC – A renovação de edifícios históricos é

um complexo multiuso, com residência, hotel,

muito forte e está sempre presente em nosso

apart-hotel, prédios corporativos com lajes

escritório. O Rio de Janeiro é uma cidade reple-

grandes e também em um prédio de salas

ta de bons exemplares que requerem cuidados, especialmente na região em questão. A reabili-

comerciais menores. Posteriormente, também haverá um shopping center com 20 mil m2 de

tação do elemento construído, como costuma-

área construída.

mos falar, é mais do que um restauro ou reforma; é uma nova maneira de entender o edifício histórico, valorizando-o e permitindo recriar e adicionar novas arquiteturas complementares.

AA – A estrutura metálica estará presente nesta intervenção?

ASGC – Os cinco prédios, que são tombados

pela Prefeitura, serão restaurados e ampliados, AA – O aço também desenvolve um papel

importante nesse tipo de intervenção? Como

o material agrega valor à obra e à linguagem arquitetônica?

todos com intervenções em estrutura metálica. Inclusive o edifício da moagem, que é o mais antigo, em estilo inglês, com fechamentos em paredes de tijolo, pilares metálicos e vigas em

ASGC – O aço garante a preservação de ele-

madeira. Vamos manter os pilares originais

mentos antigos, quando escorados e abra-

e substituir as vigas de madeira por vigas

çados em uma nova estrutura. Permite uma

metálicas. Com a desativação do Moinho, os

intervenção que não afeta a estrutura exis-

elementos em aço serão utilizados de manei-

tente e deixa clara a intervenção numa nova

ra preliminar para escorar as edificações e, só

época, reforçando o discurso de reabilitação da

depois e em definitivo, para recriar lajes e adi-

edificação. Com o aço, conseguimos executar

cionar novas áreas ao fundo das residências.

um retrofit seguro, rápido e com pouca interferência visual. AA – O que é a obra do Moinho Fluminense?

ASGC – Até hoje, o Moinho é um dos maio-

res fabricantes de farinha do Rio de Janeiro e fornece para diversas padarias e empresas de biscoito. Estava instalado numa área central do Porto, em frente ao boulevard olímpico e 18 ARQUITETURA&AÇO

AA – O retrofit da Villa Aymoré, concluído em 2015, no bairro da Glória, trouxe contribuições

significativas para o restauro de outras obras

históricas na região do Porto Maravilha. O senhor pode dar mais detalhes?

ASGC – A Villa Aymoré é, hoje, considerada um

exemplo a ser seguido na requalificação de edificações históricas. Mesmo antes da obra,


o aço foi usado para salvar as construções que

tinha nove casas geminadas. Nosso cliente, um

estavam realmente em ruínas, sendo poste-

investidor, as comprou para transformar em

riormente utilizado nas edificações preser-

imóvel comercial. A nossa primeira ação foi

vadas. Comercialmente, a Villa ganhou um

chamar uma construtora para fazer o escora-

anexo corporativo. Já em relação à recupera-

mento da fachada, que estava ruindo. São casas

ção, criamos pequenos anexos ao fundo das

do final do século XIX, com mais de 100 anos.

casas, que ampliaram os espaços e trouxeram

Escoramos com elementos metálicos e tam-

um aspecto mais contemporâneo a interven-

bém fizemos todas as adições internas com

ção. Uma curiosidade dessa obra passa pela

estruturas em aço. Ou seja, demolimos parte

arqueologia. As contenções e as novas cons-

dos pisos, criamos uma nova estrutura inter-

truções foram feitas considerando-se as des-

na e a fachada foi restaurada. Todas as novas

cobertas arqueológicas do local, que continha

obras são metálicas, exceto o prédio anexo, que

uma infinidade de elementos de época, tais

é em concreto.

como louças, garrafas, roupas, brinquedos e até joias, que precisavam ser protegidos e preservados. O material encontra-se sob a guarda do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

AA – Somente com o aço essas intervenções seriam possíveis?

ASGC – As estruturas internas são metálicas

devido à delicadeza da construção original. Seria complicado usar fôrmas para concreto.

AA – Como se deram as intervenções?

Além disso, a estrutura metálica grampeia bem construções antigas. O Cândido Magalhães,

já foi muito nobre, foi esvaziada e agora está

engenheiro calculista especializado em preser-

voltando a receber investimentos. Fica entre o

var edifícios históricos, sempre usa escoramen-

centro da cidade e a zona sul. A Villa Aymoré

tos metálicos nessas situações. (B.L.) M

Elementos em aço também ajudaram a recuperar as estruturas internas e a fachada da Villa Aymoré, no bairro da Glória

Fotos Divulgação

ASGC – A região da Glória é uma área que

ARQUITETURA&AÇO

19


O AQUÁRIO DO PORTO Construído no local onde antes funcionava um antigo armazém, o AquaRio se aproveita das estruturas originais em aço do projeto do início do século XX para trazer uma nova proposta de lazer à zona portuária

20 ARQUITETURA&AÇO


Ygor Rodrigues

PRESERVAR A FACHADA DE UM ANTIGO ARMAZÉM datado de 1914 e adaptar as estruturas internas da construção já existente foi o princi-

pal desafio da equipe do ALHORA Arquitetos Associados ao projetar o Aquário Marinho do Rio, o AquaRio. A edificação, recém-inaugurada e que ocupa uma área de 22,8 mil m2, demorou quase nove anos para sair do papel, mas, enfim, ficou pronta e passou a receber o público no início de novembro na zona portuária do Rio de Janeiro, mais precisamente na extremidade da Orla Conde, entre a Avenida Rodrigues Alves e a via Binário do Porto. O empreendimento, executado com recursos da iniciativa privada, foi idealizado para ser o maior aquário marinho da América do Sul: os cinco andares do edifício abrigam 28 tanques, com capacidade para receber até 8 mil animais de 350 espécies. O maior reservatório, conhecido como recinto oceânico, ocupa dois andares do prédio e leva 3,7 milhões de litros de água. Conforme conta o arquiteto Alcides Horacio Azevedo, da ALHORA Arquitetos Associados, o partido arquitetônico proposto para o projeto considerou o resgate e a valorização das fachadas preservadas, além do surgimento de uma nova edificação metálica em seu interior. “As instalações frigoríficas da Cibrazem (Companhia Brasileira de Armazenamento) tinham superestruturas em aço moduladas, que puderam ser parcialmente reaproveitadas. Algumas vigas e pilares foram removidos, mas outros elementos foram aproveitados de maneira natural.” Basicamente, com exceção do tanque oceânico, executado em concreto armado, todo o restante da nova edificação foi concebido em aço para permitir a integração das novas estruturas com os elementos remanescentes originais e em aço, que tinham uma modulação básica de 4,88 x 4,88 m. “O aço trouxe vantagens ao conferir velocidade à obra e permitir, com os seus esbeltos componentes, a conciliação das limitações da estru-

Divulgação/Medabil

tura datada de 1914 com o projeto atual.”

As estruturas em aço permitiram conciliar a preservação das fachadas originais com a reconfiguração do espaço interno e o reforço estrutural do edifício do antigo armazém frigorífico, erguido em 1914

ARQUITETURA&AÇO

21


Ygor Rodrigues

Guilherme Leporace / Agência O Globo

Edifício AquaRio, que tem fachadas norte e leste preservadas pelo IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade), aproveitou parte da estrutura metálica interna e original do antigo armazém da Cibrazem com reforços também em aço

22 ARQUITETURA&AÇO


Divulgação/Bruno Bartholini

O percurso de visita tem início no 4º andar, onde tanques de águas-vivas, de praias arenosas e recifes de corais podem ser contemplados. A partir deste ponto, o visitante é conduzido para os andares inferiores da edificação, onde fica o recinto oceânico, atração principal do local. No interior do AquaRio, o aço é presença constante em elementos estruturais, passarelas e até no túnel transparente que leva os visitantes a um passeio no "fundo do mar"

Segundo o engenheiro Paulo Roberto de

conta com generosos balanços laterais, que

Souza Naice, da MPNaice Cálculo Estrutural,

servem de proteção ao passeio e ajudam a

o AquaRio conta, em sua totalidade, com

captar a água das chuvas. “As telhas metá-

1.430 toneladas de aço. “Além das 992 tonela-

licas pré-pintadas e zipadas, com miolo iso-

das presentes na estrutura existente, outras

térmico e estrutura em pórticos retos, for-

438 toneladas do material foram acrescen-

mam uma área central quase plana, envolta

>

tadas de modo complementar para atender

por platibandas periféricas recurvadas, que

Volume de aço: 1.430 t

>

às novas solicitações estruturais”, explica

resultam em balanços nos beirais”, detalha

Projeto estrutural: MPNaice

o engenheiro.

Azevedo.

O reforço dos pilares no bloco A foi feito a

De acordo com a Medabil, a cobertura

partir de chapas laterais de diferentes espes-

estruturada em aço é formada por um con-

suras. “Ao modificar a seção I para seção cai-

junto de pilares metálicos e vigas mistas

xão, garantimos uma maior resistência para

– esta última, com laje steel deck. Enquan-

cargas, bem como a absorção de deforma-

to os pilares em aço têm seções variáveis e

ções. Na estrutura que suporta o recinto oce-

podem chegar a 12 m de altura, as vigas da

ânico, por sua vez, optamos pela criação de

cobertura, sobre as quais se apoiam as terças,

novas vigas do tipo I com 610 mm de altura,

vencem um vão de aproximadamente 30 m.

mesa de 360 mm e espessuras variáveis em

Já os prolongamentos da estrutura da cober-

função das solicitações”, detalha Naice.

tura, com balanços de 2 m nas fachadas, ser-

A presença do aço é marcante ainda na cobertura sustentável do AquaRio, que

>

Projeto arquitetônico: ALHORA Arquitetos Associados

>

Área construída: 22,8 mil m²

>

Aço empregado: ASTM A36 e A572

Cálculo Estrutural e Medabil Sistemas Construtivos S.A. >

ornecimento estruturas F de aço: Medabil Sistemas Construtivos S.A.

>

Execução da obra: Kreimer

>

Local da obra: Rio de

Engenharia Janeiro, RJ >

Conclusão da obra: 2016

vem de proteção e marcam a identidade do edifício. (E.Q.) M ARQUITETURA&AÇO

23


Na fachada bioclimática, os antigos caixilhos com abertura basculante horizontal foram substituídos por vidros em zigue-zague, sustentados por estruturas em aço, com posicionamentos definidos a partir de estudos de insolação

24 ARQUITETURA&AÇO


Fotos Leonardo Finotti

RETROFIT VERDE Soluções sustentáveis e inovadoras, aliadas a estruturas em aço, modernizam edifício comercial RB12

ADOTAR NOVAS TECNOLOGIAS em meio a uma série de limitações estruturais foi o

desafio do Triptyque Architecture ao idealizar o retrofit de um antigo edifício localizado na Avenida Rio Branco, principal via comercial do centro do Rio de Janeiro. O prédio corporativo de 21 pavimentos, conhecido como RB12, integra a revitalização urbana da cidade e acompanha as melhorias que integram o projeto Porto Maravilha. As adequações interna e externa da construção foram baseadas em um conceito conhecido do mercado nacional, mas ainda pouco utilizado pelos profissionais do segmento e empreendedores: o retrofit verde, que consiste, basicamente, na reforma de uma construção convencional para que ela possa apresentar desempenho compatível com padrões modernos de sustentabilidade. ARQUITETURA&AÇO

25


Fotos Divulgação

Ao lado, escada técnica em aço liga o último pavimento ao topo do edifício. Abaixo, estruturas em aço para sustentar o sistema de vidros em zigue-zague que configuram a nova fachada

A intervenção considerou aspectos como o conforto térmico, a gestão do consumo de água e o aproveitamento da luz natural, e foi conduzida pelo grupo francês Natekko, especializado em construção e incorporação imobiliária sustentáveis e em edifícios de consumo energético neutro, que geram a própria energia, e, para tanto, teve o aço como um de seus protagonistas. Na readequação finalizada neste ano, a estrutura original com lajes e pilares em concreto foi mantida, mas novos elementos em aço foram incorporados ao projeto original, que passou a contar com vigas em aço em substituição ao concreto do segundo ao 21º pavimentos, além de importantes elementos também em aço na fachada e cobertura. As estruturas em aço revestidas com placas ACM e com acabamento em inox espelhado foram usadas para apoiar os vidros da fachada, que têm brises horizontais. Os elementos servem de proteção solar e ajudam a rebater a luz solar para o interior do edifício, reduzindo, com isso, o consumo energético durante o dia. Para a execução da estrutura metálica, que dá suporte à nova fachada bioclimática composta por um jogo de vidros em zigue-zague, foram usados perfis verticais tubulares retangulares 120 x 80 x 6,3 e perfis hori-

26 ARQUITETURA&AÇO


Corte fachada

Substituição da viga em concreto armado V4 por um perfil em aço – pisos 2º ao 21º

Escoramento provisório a ser colocado antes de iniciar os trabalhos de demolição

0.62

Vigas de distribuição de cargas

Demolição da Viga V4 0.20

Vigas de distribuição de cargas

Demolição parcial da laje existente, sem danificar as barras de aço existentes

FASE 1 – DEMOLIÇÃO DA VIGA V4

Laje existente

0.15

Laje existente

0.20

Laje existente

0.15

Zona a ser concretada Laje existente

W200x35.9 (H)

Escoramento provisório a retirar após o período de cura do elemento concentrado

Superfície picada, lavada e pintada com resina epoxy do tipo Sikadur 32 Gd, da Sika ou equivalente

FASE 2 – COLOCAÇÃO DO PERFIL METÁLICO

Detalhamento mostra a substituição das vigas em concreto por perfis em aço

zontais tubulares quadrangulares 50 x 50 x 4

trados no centro dos pavimentos. São exem-

soldados. A estrutura em aço foi dimensiona-

plos dessas intervenções as furações feitas

da para resistir às ações verticais e horizontais

nas vigas para a passagem da infraestrutura

(do vento) e foi escolhida por suas proprieda-

e o reforço da laje técnica, que recebeu novas

des, que trouxeram leveza, velocidade cons-

estruturas em aço.

trutiva e plasticidade ao projeto. De acordo com os autores, o uso do aço na sustentação da caixilharia da fachada per-

>

Projeto arquitetônico:

>

Além dos novos elementos estruturais, o

mitiu a execução de estruturas mais leves e

projeto também previu uma série de inter-

delgadas sobre as já existentes, sem sobre-

venções para possibilitar o reuso da água, a

carregá-las.

economia de energia e o aproveitamento da

Os projetistas também previram o empre-

luz solar. Pela disposição do edifício no terre-

go de uma tela em aço na cobertura para

no – ele se encontra cercado por outras duas

4.728 m²

dar leveza ao coroamento do edifício. Além

construções verticais –, a revitalização privile-

Aço empregado: perfis

do apelo estético, o elemento arquitetônico,

giou o redesenho completo da face principal

assim como a nova caixilharia, permitiu deli-

do RB12, que agora recebe mais luz natural e

mitar a estrutura sem, contudo, impedir a sua

produz energia elétrica própria.

Triptyque Architecture >

Soluções sustentáveis

Área construída:

tubulares ASTM A500 GRB; perfis laminados ASTM A572 GR50 e chapas ASTM A36

visão. Os módulos de chapa expandida em

Um dos destaques do prédio é o uso de

>

Volume de aço: 13 t

inox são requadrados por perfis L 25 x 25 mm,

painéis fotovoltaicos nas empenas cegas e

>

Projeto estrutural:

fixados nos perfis tubulares da estrutura loca-

na cobertura, que permitem transformar luz

lizada na cobertura.

solar em eletricidade. O sistema de refrigera-

Greenwatt Engenheiros Consultores >

>

Além da fachada e da cobertura, o aço

ção, por sua vez, adota a tecnologia de vigas

foi empregado nas duas escadas técnicas que

frias que otimizam a climatização do ambien-

Serviços e Montagem de Estrutura Metálicas

ligam o último pavimento ao topo do edifí-

te e reduzem o consumo energético. Com a

Execução da obra:

cio. Apesar da manutenção da estrutura exis-

implantação dessas tecnologias, segundo os

tente, alguns reforços pontuais em aço tive-

arquitetos do Triptyque, a intenção é reduzir os

ornecimento da F estrutura de aço: VB

RR Compacta >

Local: Rio de Janeiro, RJ

ram de ser executados, sobretudo por conta

custos operacionais do prédio, além de posicio-

>

onclusão da C obra: 2016

da realocação dos núcleos de área molhada

nar positivamente as empresas instaladas do

(banheiros e copas), originalmente concen-

ponto de vista socioambiental. (G.C.) M ARQUITETURA&AÇO

27


Edson Gomes

HISTÓRIA PRESERVADA Com estrutura metálica do início do século XX, construção que abriga o restaurante Ancoramar é referência de uma arquitetura típica da Revolução Industrial, da qual restam poucos exemplares no Brasil

Quando a Praça Marechal Âncora ainda se

longitudinais e um torreão grande, com reló-

chamava Largo do Moura, existia lá o antigo

gio no centro e 35 m de altura. O edifício foi

Mercado Central da cidade do Rio de Janeiro.

executado em elementos padronizados de

Com mais de 20 mil m² de área construída, o

ferro fundido, trazidos da França pelo arqui-

espaço foi inaugurado em 14 de novembro de

teto General Souza Aguiar, que também foi

1907 e funcionava como centro de distribuição

prefeito da cidade.

da cidade, oferecendo à população grãos, frutas, legumes, verduras e pescados.

A ampliação, em 1908, incluiu quatro pavilhões laterais, com mais de 500 lojas e quatro

O projeto original do mercado, que data da

outros torreões octogonais nos vértices, cada

primeira metade do século XIX, é de autoria

um com 24 m de altura. Esses elementos foram

do arquiteto francês Grandjean de Montigny

importados da Antuérpia, na Bélgica. O esti-

e previa uma planta quadrada, com pavilhões

lo de todo o projeto seguia as tendências da

28 ARQUITETURA&AÇO


MEMÓRIA

época para mercados e grandes projetos, com

Nas décadas de 1980 e 1990, no entanto,

intenso uso de estruturas metálicas. Interna-

o estabelecimento sofreu com a degradação

mente, havia 16 ruas de paralelepípedo, sendo

do entorno malcuidado e ermo, que assustava

oito radiais e oito transversais.

os clientes.

Por estar localizado em uma região nobre do Rio de Janeiro, o Mercado Central chamou a atenção do empresário Rodolfo Souza Dantas

Renascimento

Com as obras de revitalização do projeto Porto

que, em 12 de novembro de 1933, inaugurou no

Maravilha, o local pode voltar a brilhar como

local o restaurante Albamar. O estabelecimen-

uma das atrações da cidade. A demolição do

to, especializado em frutos do mar, ocupou

elevado da Perimetral permitiu que o entorno

um dos torreões da edificação, onde ficava o

voltasse a respirar e, com isso, a clientela pas-

portão de número 4 do mercado.

sou se interessar novamente pelo local.

Com uma incrível vista em 360º para a

O restaurante, por sua vez, também não

Baía de Guanabara e público composto pela

ficou parado. Com novos proprietários, ganhou

alta sociedade carioca, o restaurante se tornou

um novo nome, Ancoramar, em homenagem

uma das referências gastronômicas do Rio de

à Praça Marechal Âncora, revitalizada recen-

Janeiro e mantém as portas abertas até os

temente. Neste período, a edificação também

dias atuais.

foi reformada e ganhou um bar no pavimento

Trajetória de sucesso

térreo. (B.L.) M

nos anos 1950, o estabelecimento fez esforços para sobreviver à demolição de todo o restante do Mercado Central. A torre de número 4

Fotos Acervo

Mas a história do Albamar não foi fácil. Já

só continuou de pé graças ao empenho dos funcionários que conseguiram, em 1962, que o pavilhão onde funciona o restaurante fosse tombado pelo Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural), do Rio de Janeiro. Embora fisicamente o prédio estivesse protegido, o restaurante já não podia contar com o fluxo natural de pessoas que frequentavam o mercado. Além disso, a partir de 1958, o empreendimento testemunhou de perto a construção do elevado da Perimetral, que isolou completamente a edificação e toda a região da Praça Marechal Âncora e da Praça XV. Em 1964, o interior do restaurante foi totalmente reformado, com projeto do arquiteto Roberto da Costa Soares, e, mesmo com o mergulhão do elevado prejudicando todo o entorno, fez muito sucesso na década de 1970, quando passou a receber diplomatas e até mesmo presidentes do país, como Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek. ARQUITETURA&AÇO

29


Imagens Nelson Sadala

Antigo galpão terá sua fachada restaurada e e o interior renovado para receber escritórios corporativos

RETROFIT EM AÇO Transformar um antigo galpão em avançado estado de deterioração em um edifício corporativo é a proposta da Cité Arquitetura ao idealizar o Gamboa Offices, na zona portuária do Rio de Janeiro. A obra, com início previsto para janeiro de 2017, prevê o restauro e conservação da fachada original e o acréscimo de novos elementos estruturais em aço na parte interna. De acordo com Fernando Costa, da Cité Arquitetura, o layout interno será transformado com a utilização de vigas e pilares em aço, em perfis de seção H e circulares, além de lajes steel deck. A expectativa é que 160 toneladas de perfis laminados ASTM A572 GR50 e ASTM A36 sejam usados em uma área construída de 4.500 m2. A preferência pelo sistema metálico foi motivada pelas vantagens construtivas do aço nesse tipo de intervenção e pela esbeltez que o mesmo confere aos projetos. “A opção pelo aço se deu pela rapidez na execução, praticidade e, principalmente, por ser o material mais indicado para obras de retrofit. Com o aço, também conseguimos uma maior liberdade no projeto arquitetônico ao garantir vãos livres mais extensos”, explica Costa. O retrofit prevê a exposição de algumas áreas por meio das estruturas metálicas que poderão ser facilmente reconhecidas pelos usuários do edifício. “O projeto reinterpreta o antigo prédio em vista das transformações necessárias para tornar possível a recuperação do edifício, assim como do seu entorno. A proposta respeita a estrutura e os materiais originais, mas também valoriza a identidade do edifício com novos elementos de aço integrados às novas ocupações.” O edifício se desenvolverá a partir de um pátio central, que privilegia a iluminação das áreas internas por meio de uma grande claraboia no teto. (E.Q.)

30 ARQUITETURA&AÇO


ACONTECE

Imagens Nelson Sadala

Instalações do Moinho Fluminense serão adaptadas e darão origem a um megaempreendimento comercial, residencial e hoteleiro

A TRANSFORMAÇÃO DO MOINHO O Moinho Fluminense, instalado na zona portuária do Rio de Janeiro e conhecido por produzir, desde 1887, farinha para boa parte das padarias cariocas, se prepara para passar por uma profunda transformação. A partir de 2017, a icônica construção será restaurada e reformada para dar lugar a um megaempreendimento comercial, que inclui um hotel, escritórios, torre corporativa triple A, shopping center, área residencial e centro médico. A intervenção, que terá importantes elementos em aço em sua estrutura, deverá ficar pronta a partir de 2018. O projeto, que une o retrofit de um símbolo arquitetônico tombado pelo IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade) às construções modernas, terá a participação de dois escritórios de arquitetura, o RAF Arquitetura e o B+ABR – Backheuser e Riera Arquitetura. Enquanto o primeiro responde pelo retrofit do complexo, o B+ABR foi designado para o novo empreendimento do setor hoteleiro, o Hotel Design. A obra, idealizada pela Vinci Partners, conta, ainda, com a participação da Carioca Engenharia. “Os cinco prédios tombados pela Prefeitura serão restaurados e ampliados, todos com intervenções em estrutura metálica”, informa o arquiteto Anibal Sabrosa Gomes da Costa, do RAF Arquitetura. Os pilares metálicos originais do complexo serão mantidos e as vigas em madeira serão substituídas por vigas em aço. “As estruturas metálicas serão usadas de maneira preliminar para escorar as edificações e, só depois e em definitivo, para ajudar na recomposição das lajes e no processo de criação de novas áreas ao fundo das residências.” O complexo multiuso terá 180 mil m² de área construída. A Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro) informa, ainda, que o empreendimento será contemplado com uma estação de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para facilitar o transporte e o acesso do público ao local. (E.Q.) ARQUITETURA&AÇO

31


CONTATOS >E SCRITÓRIOS

DE ARQUITETURA

Alcides Horacio Azevedo Arquitetos Associados alcideshoracioarquitetos@gmail.com

Cité Arquitetura

www.citearquitetura.com.br

Foster + Partners

www.fosterandpartners.com

RAF Arquitetura

www.rafarquitetura.com.br

STA Arquitetura

www.staarquitetura.com.br

Triptyque Architecture www.triptyque.com

>P ROJETO ESTRUTURAL

> ESTRUTURA METÁLICA

Bedê Engenharia de Estruturas

Codeme

www.bede.com.br

www.codeme.com.br

Codeme

Medabil Sistemas Construtivos S.A.

www.codeme.com.br

www.medabil.com.br

Greenwatt Engenheiros Consultores www.greenwatt.com.br

> EXECUÇÃO DA OBRA

HTB

JKMF

www.hochtief.com.br

www.jkmf.com.br

Kreimer Engenharia

Knijnik Engenharia Integrada

www.kreimer.com.br

www.engenhariaintegrada.com.br

Medabil Sistemas Construtivos S.A. www.medabil.com.br

Odebrecht Realizações Imobiliárias www.orealizacoes.com.br

RRCompacta

MPNaice Cálculo Estrutural

www.rrcompacta.com.br

pnaice@yahoo.com.br

Sinco Engenharia

www.sincoengenharia.com.br

EXPEDIENTE Revista Arquitetura & Aço é uma publicação trimestral do CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) produzida pela Roma Editora CBCA: Av. Rio Branco, 108 – 29º andar 20040-001 – Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br www.cbca-acobrasil.org.br

Roma Editora Rua Barão de Capanema, 343, 6º andar CEP 01411-011 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3061-5778 cbca@arcdesign.com.br

GESTOR: INSTITUTO AÇO BRASIL

Coordenação Editorial Eliane Quinalia

Conselho Editorial Bruno Mello – Gerdau Carolina Fonseca – CBCA Eneida Jardim - CSN Humberto Bellei – Usiminas Silvia Scalzo – ArcelorMittal Tubarão

Redação Bruno Loturco, Eliane Quinalia, Gisele Cichinelli e Juliana Nakamura

Supervisão Técnica Arq. Silvia Scalzo Publicidade Ricardo Werneck: (21) 3445-6332

Revisão Deborah Peleias

Direção Cristiano S. Barata

Revisão Técnica Arq. Roberto Inaba

Endereço para envio de material: Revista Arquitetura & Aço – CBCA Av. Rio Branco, 108 – 29º andar 20040-001 – Rio de Janeiro/RJ Tiragem: 5.000 exemplares Distribuídos para os principais escritórios de engenharia e arquitetura do país, construtoras, bibliotecas de universidades, professores de engenharia e arquitetura, prefeituras, associações ligadas ao segmento da construção e associados do CBCA. É permitida a reprodução total dos textos, desde que mencionada a fonte. É proibida a reprodução das fotos e desenhos, exceto mediante autorização expressa do autor.

Edição de arte Cibele Cipola

Agradecemos a todos aqueles que contribuíram para a produção desta edição, fornecendo imagens, informações e comentários sobre as obras publicadas e os processos construtivos.

NÚMEROS ANTERIORES Os números anteriores da revista Arquitetura & Aço estão disponíveis para download na área de biblioteca do site: www.cbca-acobrasil.org.br A&A nº 01 - Edifícios Educacionais A&A nº 02 - Edifícios de Múltiplos Andares A&A nº 03 - Terminais de Passageiros A&A nº 04 - Shopping Centers e Centros Comerciais A&A nº 05 - Pontes e Passarelas A&A nº 06 - Residências A&A nº 07 - Hospitais e Clínicas A&A nº 08 - Indústrias A&A nº 09 - Edificações para o Esporte A&A nº 10 - Instalações Comerciais A&A nº 11 - Retrofit e Outras Intervenções A&A nº 12 - Lazer e Cultura A&A nº 13 - Edifícios de Múltiplos Andares A&A nº 14 - Equipamentos Urbanos A&A nº 15 - Marquises e Escadas A&A nº 16 - Coberturas A&A nº 17 - Instituições de Ensino II

32 ARQUITETURA&AÇO

A&A nº 18 - Envelope A&A nº 19 - Residências II A&A nº 20 - Indústrias II A&A Especial - Copa do Mundo 2014 A&A nº 21 - Aeroportos A&A nº 22 - Copa 2010 A&A nº 23 - Habitações de Interesse Social A&A nº 24 - Metrô A&A nº 25 - Instituições de Ensino III A&A nº 26 - Mobilidade Urbana A&A nº 27 - Soluções Rápidas A&A nº 28 - Edifícios Corporativos A&A Especial - E stação Intermodal de Transporte Terrestre de Passageiros A&A nº 29 - Lazer e Cultura A&A nº 30 - Construção Sustentável A&A nº 31 - Construções para Olimpíadas

A&A nº 32 - Instalações Comerciais II A&A nº 33 - Hotéis A&A nº 34 - Shopping Centers A&A nº 35 - Hospitais e Edificações para a Saúde A&A nº 36 - Pontes e passarelas A&A nº 37 - Estádios da Copa 2014 A&A nº 38 - Mobilidade Urbana A&A nº 39 - Varandas, Mezaninos e Escadas A&A nº 40 - Residências A&A nº 41 - Centros de Pesquisa e Tecnologia A&A nº 42 - Especial 10 anos A&A nº 43 - Edifícios Multiandares A&A nº 44 - Centros de Distribuição e Logística A&A nº 45 - Aeroportos A&A nº 46 - Jogos Olímpicos Rio 2016 A&A nº 47 - Light Steel Framing


CURSOS ONLINE Introdução à Construção em Aço Sistemas Estruturais em Aço Dimensionamento de Estruturas de Aço (básico) Dimensionamento de Estruturas de Aço (avançado) Execução de Estruturas de Aço Mais informações:

www.cbca-acobrasil.org.br


www.cbca-acobrasil.org.br


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.