e-book "Teatro de Papel - manipulação e criação"

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e-book do projeto Caravana Anima Roça

Teatro de Papel, manipulação e criação

Gênero: Animação - Teatro de Bonecos

Roteiro e apresentação: Ricardo Salem

Captação e edição: Melissa Rahal

Produção: Ricardo Salem

Livreto, edição e editoração: Ricardo Salem

Textos: “Les Brigands dans la Salle à Manger: Histoire du Théâtre de Papier”.

Trad. Lina Dupuis. Marktbreit: Museum Malerwinkelhaus, cop. 1999.

Ricardo Salem

Foto capa: Edilson Pereira

Fotos miolo: Ricardo Salem e Melissa Rahal

Apoio: Teatro Marcelo Denny

Realização: Governo do Estado de São Paulo - Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Programa de Ação Cultural - Proac - Edital Proac Expresso Direto 39/2021

Direitos autorais

Esse arquivo não pode ser comercializado por terceiros.

O teatro de papel

O Teatro de Papel conhecido também como Toy Theatre e Juvenile Drama é um teatro em miniatura. Toma como referência o verdadeiro teatro e tenta copiá-lo, não só naquilo que se refere à técnica cênica e ao ambiente, mas também no que diz respeito ao repertório. Os princípios do Teatro de Papel remontam ao fim do séc. XVIII. No primeiro número da sua publicação semanal o jornal O Amigo das Crianças, em 1775, Christian Felix Weisse evoca “os aspectos agradáveis e divertidos de um pequeno teatro para crianças. Fazem-se representações com este pequeno brinquedo nos dias de festa, ou seja, em aniversários e ocasiões semelhantes”.

Peças apropriadas para os pequenos teatros, a maior parte das vezes de conteúdo moralizador, surgiram nessa publicação. No fim do séc. XVIII o editor J.M. Weiss publicou nos seus folhetos, em Augsburg, algumas destas pequenas peças com personagens. As figurinhas eram feitas para recortar

1 - Teatro de Brinquedo - 2 - Drama Juvenil 1

e brincar. É um elemento importante que faz a ligação entre as marionetes de mão ou de fio anteriores e o Teatro de Papel, mais recente. É evidente que o Teatro de Papel se distingue em muitos aspectos do teatro de bonecos, de personagens com volume capazes de movimento. Na maneira de atuar e na adaptação artística, o teatro de bonecos segue leis próprias, enquanto que o Teatro de Papel se mantém muito próximo do teatro real e constitui, portanto, um verdadeiro teatro em miniatura. O Teatro de Papel, no sentido restrito do termo, deve ser interpretado como um fruto típico da época romântica.

Teve na sua origem a grande paixão pelo teatro sentida pela alta burguesia no séc. XIX, e servia para reproduzir no seio das famílias as peças de teatro célebres e que tinham tido sucesso nos grandes palcos, e também para torná-las acessíveis e visíveis às crianças. É constituído por decorações como o fundo de cena e os bastidores laterais, uma cortina e um proscenio, e figurinhas em papel. Estes elementos eram apresentados sobre grandes folhetos impressos, colados sobre cartão, recortados e montados para com

eles se fazer um palco sobre uma armadura de madeira. As figurinhas de papel, de 9 a 13 centímetros, reproduziam inicialmente os atores da época, quer nos figurinos quer na fisionomia. Eram fixadas em pequenos pedaços de madeira e deslocavam-se sobre o palco com a ajuda de um fio, quer por cima quer pelos lados.

O estilo do Teatro de Papel corresponde à disposição dos bastidores na época barroca ou então às cenas em trompe-l’oeil que se podem ver ainda em alguns velhos teatros como Drottningholm ou Böhmisch-Krumau. A instalação técnica da maquinaria de cena era muitas vezes reproduzida nos teatros de papel.

3 - Trompe-l’oeil - Pintura que dá a ilusão da realidade. Figurado aparência enganosa. 3

Teatro de papel - Benjamim Pollock
Teatro de papel - Benjamim Pollock

Os precursores do Teatro de Papel

As estruturas que estão na origem do Teatro de Papel podem ser encontradas nos presépios de papel, nos desdobráveis e nas pequenas caixas panorâmicas de cartão, especialidade de Augsbourg. O ponto comum a todos eles é o fato de serem fabricados em papel, a partir de uma vontade individual, de se referirem a um tema encenado de uma forma próxima da cena real, num espaço tridimensional, e de poderem ser modificados.

O presépio de papel tem as suas raízes essencialmente na Áustria e na Baviera. No séc. XVIII e, por maioria de razão, no séc. XIX encontrava-se já no seio de numerosas famílias. Rapidamente se encontraram vantagens econômicas neste presépio: figurinhas planas recortadas em papel e mantidas em pé com a ajuda de uma pequena haste de madeira colocada por trás, por oposição às personagens com volume colocadas em primeiro plano. Nesta mesma época, as pequenas caixas panorâmicas adquiriram também a sua celebridade, porque permitiam às pessoas satisfazer os seus novos

Presépio antigo de papel - imagem do site cesarpapini.com.br - Casa de Leilões

hábitos de ver, o seu desejo de perspectiva. “A expansão destas pequenas caixas está confirmada desde o princípio do séc. XVIII. Inicialmente expostas como atrações nas feiras, foram em seguida fabricadas para uso particular, primeiro em Augsbourg e depois em Paris. Mais uma vez é o fabrico de Martin Engelbrecht (em Augsbourg, 1684-1756), que assume uma grande importância.

Essas caixas em miniatura, amplamente difundidas e fabricadas a partir de gravuras coloridas, imitavam os bastidores dos palcos do teatro barroco, com seis profundidades de campo ou mais, e um fundo de cena. Os grupos de figurinhas fixas evocavam temas religiosos ou mitológicos, cenas de caça, festas de corte ou campestres, passeios de trenó e mesmo cenas de ópera ou de comédia. “Destinavam-se ao divertimento de um público aristocrata”. (Sigrid Metken, Geschnittenes Papier: Eine Geschichte des Ausschneidens in Europa von 1500 bis heute, Hamburgo, 1978, pág. 253.)

O repertório

As peças que foram representadas nesses teatros de papel correspondiam em geral às encenações dos grandes palcos europeus. O teatro clássico assume aqui um lugar preponderante, além da inúmeras peças de ópera, o teatro de boulevard – a farsa, a peça popular e a opereta pertenciam igualmente ao programa dos palcos em miniatura. De teatro em miniatura, o Teatro de Papel transformou-se, no fim do séc. XIX, em teatro para crianças, e a encenação de contos, lendas e peças de Natal surgiu no lugar do repertório de teatro habitual. É certo que, desde o princípio, se aceitaram as crianças como espectadores, mas no início da época do Teatro de Papel não havia peças para crianças propriamente ditas.

A partir da segunda metade do século, reconheceram-se, paralelamente ao papel educativo do teatro, os aspectos criativos que ele podia também suscitar nas crianças, e foi só nessa altura que o Teatro de Papel se tornou um brinquedo dedicado às crianças. As representações tradicionais e os conteúdos culturais podiam continuar a ser transmitidos. Em 1878, o editor

J.F. Schreiber de Esslingen lançou no mercado o primeiro verdadeiro teatro para crianças, com o qual elas poderiam criar as suas próprias representações. Com este objetivo, modificaram-se os textos originais das peças e reescreveram-se as mesmas numa versão reduzida, simplificada e purificada segundo a opinião da época, tanto do ponto de vista moral como lingüístico. A lista dos títulos dos 69 livretos comercializados para o teatro de Schreiber atesta bem esta evolução.

Os editores do Teatro de Papel na Inglaterra

O primeiro editor que realmente começou a produzir folhetos para o Teatro de Papel foi o gráfico William West, em Londres, em 1881. Estes teatros eram efetivamente destinados a que se pudesse brincar com eles. Ao longo dos anos vieram juntar-se a ele os editores Skelt, Webb, Redington e Pollock, ou melhor, assumiram a sucessão uns dos outros. O sucesso surpreendente destes primeiros folhetos desencadeou outras edições, que se inspiraram em encenações populares dos palcos londrinos de Covent Garden e Drury

Lane.

Com este objetivo, alguns desenhistas faziam esboços de decorações e figurinos, por altura dos ensaios gerais, e no momento das representações eram postas à venda as maquetas dos palcos sobre os quais as pessoas podiam voltar a representar a peça. A designação “Toy Theatre” (teatro-brinquedo) ou “Juvenile Drame” (teatro para crianças) mostra qual o tipo de público a quem estas brochuras eram destinadas, ou seja, a juventude. 500 peças no total, 150 só de William West, foram objeto de comercialização.

Ao lado dos dramas de Shakespeare e das adaptações dos romances de Walter Scott, a história de salteadores de Isaac Pocock, criada em 1813 em Covent Garden, The Miller and His Men, atingiu a tiragem mais elevada, com nada menos do que 40 edições diferentes. Embora o “Toy Theatre” fosse destinado às crianças e aos jovens, nunca – ao contrário da Alemanha – se publicou uma peça especial para crianças. Robert Louis Stevenson descreve, no capítulo “A Penny Plain and Twopence Coloured” do livro Memories

and Portraits, a impaciência tingida de alegria que sentia de cada vez que comprava novas brochuras. Um folheto a preto e branco custava um penny, a cores custava o dobro.

Ao contrário da Alemanha, onde o Teatro de Papel funcionava essencialmente como objeto de distração e de jogo para a camada mais elevada da burguesia, em Inglaterra visava antes de mais os jovens do meio operário, artesão e pequeno-burguês. Estes jovens não tinham dinheiro para ir ao teatro e apenas podiam adquirir pequenas brochuras baratas. Até 1860 foram constantemente acrescentadas ao repertório novas peças, após o que nenhuma outra foi produzida, apesar de se continuarem a reeditar as antigas. Ainda hoje se pode comprar em Inglaterra um “Original Pollock Toy Theatre”. […]

Como se brincava com o Teatro de Papel?

Depois de se terem comprado os tão desejados folhetos de teatro, ou depois de as crianças os terem recebido de presente, era muitas vezes toda

a família que se sentava à mesa para repartir o trabalho de recortar, colar e montar. Na montagem particularmente delicada do esqueleto do teatro com o proscênio, era sobretudo o pai quem ajudava. Não era raro que este trabalho fosse também confiado a um marceneiro. Os ensaios exigiam a colaboração ativa de todos os membros da família para manipular as personagens, ler o texto ou fazer o acompanhamento ao piano.

A maior parte das vezes era para as festas, sobretudo o Natal, que se fixava a data da estreia. Habitualmente, o teatro tinha o seu lugar na sala de estar.

Os espectadores ficavam sentados, cheios de impaciência, em frente ao proscênio e os empregados tinham também ocasionalmente autorização para assistir ao espetáculo. Regra geral, os rapazes e o pai assumiam a direção do teatro, a gestão dos acessórios, a iluminação do palco e todas as manipulações técnicas, ou seja, tudo o que era necessário para a vida do teatro, enquanto que as moças tinham preferencialmente as casinhas de bonecas para se iniciarem no papel de futura esposa e mãe.

A dramaturgia dos acontecimentos no palco era transmitida mais pelos

efeitos técnicos, como raios e trovões, do que pelo movimento das figurinhas de papel que, de fato, não podiam fazer muito mais do que agitar-se ligeiramente ou balançar de um lado para o outro no momento em que falavam. Podemos dar-nos conta, ao ler as memórias de juventude de homens célebres desta época, até que ponto estes momentos de teatro marcaram a alma e o caráter das crianças de então.

O Teatro de Papel nos nossos dias: um anacronismo?

Hoje em dia o Teatro de Papel perdeu os seus atrativos e caiu no esquecimento enquanto objeto e meio de educação estética. Mas é ainda capaz de proporcionar prazer e divertimento àqueles que sabem avaliar a magia dos objetos propostos para a aprendizagem e aquisição de experiência graças à sua criatividade e imaginação. […]

O Teatro de Papel é ainda capaz de sensibilizar para o jogo da representação ou para o teatro em geral; a sua complexidade – que resulta de uma experimentação através do jogo, do contato, forma, conteúdo, imagem,

língua e música – contribui para isso. Porque este teatro pode modificar e tornar mais dinâmicos os nossos hábitos de percepção, o nosso comportamento de espectador essencialmente sensível ao consumo, à sensação e à seleção, ou seja, incitar-nos a participar pelo pensamento e pelo jogo. É claro que o Teatro de Papel não se propõe assumir o lugar da televisão ou do computador, mas constitui um enriquecimento que estimula a imaginação e a criatividade. Continua palpável, previsível e próximo, e faz participar no jogo, de uma forma ativa, tanto o espectador como o actor.

Texto: “Les Brigands dans la Salle à Manger: Histoire du Théâtre de Papier”. www.marktbreit.de/museum/les_brigands.htm Trad. Lina Dupuis. Marktbreit: Museum Malerwinkelhaus, cop. 1999. Disponibilizado originalmente por TFA – Teatro de Formas Animadas - www.teatroemminiatura.wordpress.com

Oficina “Teatro de Papel˜, para professoras da rede pública em São José dos Campos - Foto: Melissa Rahal

Producao do teatro de papel

Como apresentado anteriormente, o teatro de papel inicialmente surgiu com a reprodução de grandes clássicos do teatro. Entretanto, para produção nos dias atuais, você poderá partir de adaptações de histórias e contos populares ou criar algo autoral. Seja como for, antes de por a mão na massa é importante escolher uma história de fácil adaptação e execução, pensando em poucos personagens ou simplificando para que seja possível a manipulação e troca de personagens. A partir da definição da história, será preciso fazer uma leitura atenta para identificar quem é o herói, heroína e vilões.

PERSONAGENS, QUEM É O HERÓI E QUEM É O VILÃO?

O herói é um dos personagens que vive a história, o principal, o protagonista. À medida que vive a história, o herói se transforma. O herói busca alguma coisa, ou pode acontecer dele estar distraído e de repente encon-

trar algo que nem busca. O herói pode ser forte ou fraco, ter dons de inteligência e beleza, ou ainda ser atrapalhado e querido. Se for o segundo caso, chamamos este personagem de anti-herói. Mas um vive dentro do outro, pois todo mundo que se transforma, tem hora que vacila. E é nessa hora que o herói se parece mais com a gente.

Atividade: Escolha uma história para contar no teatro de papel e identifique o herói ou heroína.

TRAVESSIA – CENOGRAFIAS

Travessia é um caminho. Um percurso. Um pedaço de tempo em que nos transformamos. Em palavras simples, toda história pode ser olhada como uma travessia. Grande ou pequena. Como atravessamos o dia? Como atravessamos o ano? Como atravessamos a aventura que vamos contar?

As histórias são caminhos, travessias. Carregam despedidas, desafios, percalços e, muitas vezes, retornos, reencontros. As histórias são vividas por

personagens

A palavra travessia está ligada a outra: a palavra atravessar. Passar por alguma coisa. Sair de um lugar e ir para outro. Mudar de lugar e ambiente. A história escolhida por você com certeza apresentará os lugares de travessia do herói e demais personagens.

Atividade: Leia novamente a história escolhida e identifique em quais espaços e cenário se dá a jornada do herói ou heroína. Registre e então selecione até três possibilidades de cenários para travessias lembrando a elas que a jornada do herói começa como quando começamos uma viagem.

ELEMENTOS DA NARRATIVA, TEMPO, ESPAÇO E PERSONAGEM

Toda narrativa é composta de certos elementos, sempre presentes, mesmo que de formas muito variadas. É a combinação desses elementos que faz a montagem da história em si, ou o que chamamos de enredo. Esses ele-

mentos são necessários à narrativa e isso significa que, se o texto for uma narrativa, eles devem estar lá, sempre. Em outros tipos de texto eles podem ou não existir, não são obrigatórios.

Tempo cronológico - “Nas escolas, as pessoas costumam chamar esta estrutura de “começo, meio e fim”. Realmente, a estrutura da narrativa costuma ser do tipo cronológica, ou seja, o tempo – um dos elementos da narrativa – é o critério lógico usado para organizar as idéias de que se quer falar; assim, seria mais apropriado dizer que pensamos no que aconteceu primeiro, depois e ainda depois!

Toda narrativa tem personagens, ou, pelo menos, um personagem. Personagens, é claro, são aquelas entidades que levam a história dentro de si.

São seus atos que determinam os rumos da história. Um personagem pode ser qualquer coisa, de agulha de costura a fantasma, mas, como a palavra diz, ele sempre assume ares de pessoa, ou seja, ares mais ou menos humanizados. Isso acontece porque toda história é feita por seres humanos,

para falar sobre problemas e questões humanas, para outros seres humanos. Para que isso seja possível, os personagens têm que permitir alguma identificação, que os humaniza.

Narrativas Diacrônicas - Uma coisa depois da outra, que nos dá a sensação de causa e efeito todo o tempo – a princesa beija o sapo e por isso ele se transforma em príncipe, por exemplo.

Narrativas Sincrônicas - Um tempo sincrônico nas narrativas, mais evidente nas narrativas mais elaboradas, como os romances, e raramente percebido pelas crianças (enquanto Branca de Neve dormia em seu caixão de cristal, o príncipe vagava pela floresta encantada e os anões trabalhavam tristemente em sua mina). O tempo sincrônico, como vemos, trata de coisas que acontecem ao mesmo tempo e que são relacionadas entre si (a tristeza dos anões é causada pela ausência da princesa, que o príncipe eventualmente encontrará, apenas porque vaga pela floresta).

FAÇA UM STORYBOARD

Um storyboard é uma série de miniaturas que mostra o desenrolar de uma história, ilustrando as cenas-chave — como será o ambiente, quem estará presente e quais ações acontecerão. Ele é muitas vezes usado como demonstração de cenas de filmes, vídeos de música, produção de TV e mais e podem ser criados a mão ou usando um meio digital.

Para seu teatro de papel será um importante material de apoio antes de fazer os desenhos finais, por isso, faça um storyboard contando sua história em quadrinhos. A ideia não é tentar recriar a experiência inteira, mas demonstrar as partes-chave que irão captar a atenção do espectador. Esse é apenas um rascunho, então não se preocupe em deixá-lo perfeito.

• Escolha cenas que mostrem o desenvolvimento da trama do início ao fim.

• Também é importante mostrar as reviravoltas. A qualquer momento que tiver uma reviravolta, ou mudança importante da trama, você deve incluir esse momento no storyboard para que sua história siga o fluxo.

• Você também pode querer mostrar as mudanças na ambientação. Se a história começa em uma cidade e vai para outra, certifique-se de que isso

está claro em suas ilustrações.

• Adicione outras informações importantes. Abaixo de cada célula, coloque a descrição do que está acontecendo. Inclua o diálogo (se houver).

modelo de storyboard

DESENHOS DAS PERSONAGENS

No teatro de papel cada personagem tem entre dois a três desenhos com pequenas mudanças de partitura física e facial. Os desenhos são importantes para que o narrador possa ilustrar as mudanças de humor e transição de tempo na história. A variação de desenhos ajuda na audiência do público.

HORA DE DESENHAR PRA VALER

Depois de escolher a história, identificar as personagens e criar o storyboard com a definição do números de cenas, será hora de criar os desenhos das personagens e cenários. Como a linguagem do teatro de papel apresenta figuras 2D – desenhos estáticos, será importante ter em mente que para cada personagem você deverá criar pelo menos dois a três desenhos com diferentes movimentos. Esses desenhos darão toda dinâmica de mudança de movimento ou emoção durante a narração da história no teatro de papel. Veja o modelo abaixo de alguns personagens e histórias.

Em relação aos painéis cenográficos você poderá criar um painel para cada ambiente que queira retratar na história.

IMPORTANTE: Nem tudo precisa ser detalhadamente desenhado, muitas coisas você poderá simplificar na narração/ apresentação. Lembre-se que a narrativa é um elemento importante no teatro de papel, é a partir a narração de histórias que o espectador também é levado a imaginar a história.

Personagens da história Ö macaco e a velha”- Criação: Felipe Cambuzano
Personagens da história “Pedro Malasartes e a sopa de pedra”- Criação: Felipe Cambuzano

CENOGRAFIAS

Os painéis cenográficos conduzem a transição do tempo e dos acontecimentos na história. Geralmente eles ilustram os ambientes descritos durante a narrativa. A quantidade de painéis fica a critério do contador de histórias, mas é interessante avaliar quais cenários devem ser ilustrados, para que não haja um excesso de desenhos e esses eliminem o estimulo do público em imaginar ambientes.

Painél da história “O macaco e a velha”- Criação: Felipe Cambuzano
Painél da história “Pedro Malasartes e a sopa de pedra”- Criação: Felipe Cambuzano
Painél da história “Pedro Malasartes e a sopa de pedra”- Criação: Felipe Cambuzano

MANIPULAÇÃO E APRESENTAÇÃO

No Teatro de papel é importante que os encenadores percebam que a leitura e a oralidade das histórias requer alguns cuidados. Na apresentação procure separar os momentos entre narração e fala das personagens, assim você poderá pontuar momentos de de tensão e climax que o texto e a história propõe.

Essas emoções se revelam com toda a sua intensidade quando temperamos cada uma das palavras com entonações diferentes que podem indicar surpresa, dúvida, descontentamento, alegria, raiva, medo, por exemplo.

As emoções se revelam também quando as palavras vêm acompanhadas de olhares e gestos, quando as dizemos em voz baixa ou alta, de um jeito áspero ou doce, quando saem de nossa boca rápida ou lentamente, quando as sussurramos...

Em relação à movimentação dos personagens você poderá utilizar varetas para prender as personagens e explorar diferentes formas de entradas e saídas; Lembrando de trabalhar a manipulação dos desenhos sempre pela

lateral, com entrada das personagens pelas cochias ou também pela parte superior, caso a cena possibilite essa manipulação.

A manipulação das personagens presas as varetas tende a ter um movimento de vai e vem ,como se estivesse sobre um pequeno trilho. Em conjunto com a manipulação você deverá trabalhar a narrativa, buscando explorar sua maneira de contar a história e modular sua voz.

Em relação ao direcionamento do olhar, trabalhe a triangulação entre o teatro de papel e o público. O olhar do narrador/ encenador vai conduzir o olhar do público. Quando não estiver manipulando um boneco de papel e mesmo assim estiver narrando algo da história, deve-se olhar para o publico; Quando a cena for a personagem de papel dialogando deve-se olhar para a personagem. Desta forma seu olhar irá direcionar o público para o jogo entre narrador e personagem.

Agora é com você. Divirta-se!

BIBLIOGRAFIA

Texto: Ö TEATRO DE PAPEL”

“Les Brigands dans la Salle à Manger: Histoire du Théâtre de Papier”.

www.marktbreit.de/museum/les_brigands.htm

Trad. Lina Dupuis. Marktbreit: Museum Malerwinkelhaus, cop. 1999.

Disponibilizado originalmente por TFA – Teatro de Formas Animadas www.teatroemminiatura.wordpress.com

Texto: “PRODUÇÃO DO TEATRO DE PAPEL” Ricardo Salem

manipulação e criação

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e-book do projeto Caravana Anima Roça contemplado pelo EDITAL LPG004/FCCR/2024

“Fomento teatro, dança, circo, música, artes visuais, literatura e espaços culturais”

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