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Alexandre Wagner
10 Cursei Artes Visuais na UFMG, com habilitação em Pintura. Vivo e trabalho em São Paulo. Fui aluno do professor Rodrigo Naves e frequentei o grupo de prática e reflexão em pintura orientado por Paulo Pasta no Instituto Tomie Ohtake. Desde 2011, em atividade paralela à minha produção, também trabalho como assistente do artista plástico Nuno Ramos.

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Sem título 2 (da série Desenhos), 2014 / nanquim e guache sobre papel / 21 x 29 cm (cada desenho) São trabalhos em pequeno formato e de execução rápida, obedientes ao tempo do material de que são feitos. Os espaços abertos entre as formas parecem responsáveis por boa parte de seu fôlego, como se sua sustentação derivasse destes intervalos preservados. Os vazios - ora maleáveis, ora compactados e sólidos - trocam de função o tempo todo, variando entre apoio e peso, preenchimento e luz. Apresentá-los em série, talvez seja uma boa tentativa de apreender essa movimentação.
Estruturas, formatos, materiais e procedimentos aparentemente se repetem. Existe neles uma preguiça, um desejo de suspensão onde constantemente deixam de ser o que são. Se são desajeitados ou cômicos, é também pela tentativa meio patética (como nos personagens de Beckett) de aderir a um mundo amolecido e displicente. Formas que se anunciam rígidas, amolecem, entortam e escorrem sem muita cerimônia. Às vezes aparentam levantar um braço - como se fosse o único gesto que lhes coubesse. Resistem a qualquer vontade mais firme, avessos à possibilidade de grandeza da pintura a óleo - são, pelo contrário, feitos em papel, suscetíveis a deterioração mais rápida, vida mais curta. Se desfazem com a água. Não erguem catedrais, nem travam sangrentas batalhas: optam por transações precárias.
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