Apiaí - O Homem de branco do Bairro Bem-Vindo Etiquetas: Apiaí, Relato, Vale do Ribeira Onde: Bairro Bem-Vindo (Apiaí) Quando: Entre os anos de 1.980 Autor: Sérgio Taborda.
Eu tinha meus 6 anos de idade, me lembro que na época, não havia infraestrutura no Bairro Bem-Vindo, a luz era ainda de lampião, não havia luz publica, por isso depois das 18:00 horas, o bairro virava um "breu". Bom, eu estava brincando com um amiguinho meu, na época, não recordo o nome, estávamos brincando de cavalinho de pau, conforme foi ficando escuro, meu amigo foi embora e eu fiquei só, foi então que minha mãe bradou de nossa casinha no meio de mato, feito de pau a pique: "Fiooooooooooooooo", venha emboraaaaa!!!! Daí eu não sei o que passou na minha cabeça que eu mandei minha mãe tomar naquele lugar, não sei mesmo, pois minha mãe era muito rigorosa na educação, qualquer coisa me batia de vara de marmelo, e eu aí dei um motivo obvio para apanhar naquela noite. Mas eu não tinha escolha, pois tinha que voltar pra casa, pois já era tarde, e se ela não me pegasse naquela noite, me pegaria outro dia, mas eu é que não ia ficar no meio do mato, pois morria de medo de sapo, e meu padrasto ainda estava por vir do trabalho. Bom, fui descendo aos poucos a ruazinha de casa, um trilhozinho, dos dois lados havia plantações de milho, e lá em baixo eu podia ver a silhueta de minha mãe, refletida pela luz do lampião e do fogão a lenha, me aguardando na porta, com a cinta na mão. Eu falava: Mãe, guarda a cinta que eu vou. Ela me respondia: Venha logo, hoje precisamos conversar. Eu sabia que aquela noite eu não escaparia de uma surra. Eu ia descendo aos poucos e qualquer movimento de minha mãe, eu estava disposto a correr para o mato, enfrentaria todos os sapos, mas não seria pior que apanhar de minha mãe. Quando eu estava na metade do trilhozinho, quase perto de casa, ela me disse: Agora você não escapa, ou você entra ou seu pai te pega. Foi quando eu olhei para trás, no meio da escuridão, pude ver algo, que não era o meu pai, e sim algo muito branco, branco como a neve, me parecia como uma pessoa, não consegui identificar o que era, mas sabia que não era o meu pai. Então foi quando o medo de minha mãe se evadiu e eu corri aos braços dela, e ela me abraçou forte, pois nós dois víamos a mesma "coisa". Foi então em um piscar de olhos a "coisa branca" sumiu de nossas vistas. Sei que minha mãe naquela noite não me bateu, ainda que estivera um bom e grave motivo, mas não o fez.
Hoje quando conto a historia, pessoas dizem que, o que nos apareceu naquela noite, foi um anjo de Deus, que veio para me dar um livramento, pois se minha mãe me batesse, poderia me matar ou me ma machucar muito, já que tinha o motivo, Bom, ela nunca tocou no assunto, e ficou na nossa lembrança e depois desse dia, nunca mais a respondi com palavrões, foi a primeira e última vez. Foi isso, hoje minha mãe é falecida, ficou só eu de testemunho desse fato, mas assim como existe Deus, esse fato é verdadeiro, posso chamar de "O HOMEM DE BRANCO DO BAIRRO BEM-VINDO".Relato escrito pessoalmente por Sérgio Taborda