Revista Mosaico Manaus Outubro 2022

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ANO 01 | NÚMERO 05 | EDIÇÃO ESPECIAL ANIVERSÁRIO DE MANAUS - OUTUBRO 2022 | MANAUS - AM 01 | NÚMERO 05 | EDIÇÃO ESPECIAL ANIVERSÁRIO DE MANAUS - | MANAUS - AM

expediente

David Almeida

Preefe ito de Manaaus

Marcos Rotta

Vicee-pprefeeito o de M an au s

Israel Conte

Se crretário Municiipal de C Com m unicação

Michael Serafim

Subse crettárrio Municipal de e Coom u unicação

Kleiton Renzo

Dirretor r de C Coomun icaçção

Andréa Vieira

Coorden a ação Ediittorial

Beathriz Torres, Bruna Greco, Clinsman

Brito, Deborah Azevedo, Hellen Miranda, Juliana Matos, Maurício Freire, Samira El Kebbe, e Thiago Fernando

Textoos

Antônio Pereira, Elton Viana, João Viana

Fo t tografias

Wilson Martins

Diaagrramação

Ana Paula Maciel e Bernard Dalmeida

De sign n

Gracy Oliveira

Revisão

Mene & Portella

Proojetto G ráfico o e Impressão

Secretaria Municipal de Comunicação

Reaalizaçção

Editorial

História Ancestralidade Cultura e Desenvolvimento. Manaus chega aos seus 353 anos comemorando seu lugar como o maior centro econômico da região N orte do Brasil e cidade q ue abraça mais de 2 milhões de habitantes, muitos deles vindos de outras cidades brasileiras e do mundo. Manaus é assim acolhedora, rica, exuberante e sempre de abraços e sorrisos para receber quem se decide por morar aqui Nesta edição especial da revista Mosaico Manaus, mostramos um pouco do legado desses migrantes e imigrantes que construíram esta Manaus de todos os povos. Capital que ocupa o sexto lugar entre as cidades mais ricas do Brasil, fruto do seu pun gente Polo Industrial de Manaus (PIM) com mais

de 600 indústrias beneficiadas pelos incentivos da Zona Franca de Manaus (ZFM)

Aqui na nossa terrinha, a gente comemora o aniversário de Manaus com muito boi-bumbá e este ano retorna o “Boi Manaus”, a nossa maior festa popular que resgata o brilho de suas grandes edições, consolidando sua importância no calendário turístico de eventos, na c apital e na região Norte Serão três dias de festa com o “boi elétrico” subi ndo e de scendo o s ambódromo e a galera pelo chão dançando com seus tururis.

A revista Mosaico Manaus te convida a conhecer um pouco mais a nossa amada e querida Manaus. Vem com a gente comemorar.

Nossa Capa

A beleza noturna da zona Leste de Manaus ilustra a capa da edição de aniversário da revista Mosaico Manaus. Segunda maior zona em concentração de habitantes a querida ‘ZL’ pulsa sob o anoitecer manauara.

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Su má rio. Su má rio.

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A maior metrópole da região Norte

Nossa cidade é o principal centro demográfico, econômico e político do Amazonas

2 A única capital do Brasil com nome indígena

A formação histórica, econômica, social e multicultural da maior metrópole do Norte do país

2 Tudo pronto para a largada da Maratona de Manaus

4 Expressões para ‘grelhar’ em qualquer lugar

2 Manaus de todos os povos

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Manaus comemora aniversário resgatando o Boi Manaus

Reafirmando as tradições da capital amazonense, o Boi Manaus 2022 promete ser o maior já realizado e embalar com muita festa, dança e alegria os 353 anos de Manaus

‘Comeu jaraqui, não sai mais daqui’

Cidade acolhedora, Manaus conquista e dá oportunidade a todos, inclusive aos que não nasceram na capital amazonense

6 Momentos que contam a história de Manaus

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Manaus A maior metrópole da região Norte

Em plena floresta amazônica, pulsa o coração de uma das maiores metrópoles do país e também de área tropical do mundo, a cidade de Manaus Localizada no Amazonas, a capital do estado ostenta sua beleza à margem esquerda do rio Negro de onde se expande para uma grande cidade apontada como principal centro demográfico, econômico e político da região Nor te Manaus ocupa o posto de sexta cidade mais rica do Brasil com Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 78 bilhões, o que representa cerca de 20% de par ticipação regional e 1,12% do nacional Tem um papel de destaque por concentrar o polo de produção de grandes marcas, indústrias e multinacionais instaladas na Zona Franca de Manaus (ZFM)

A cidade é a mais populosa do Amazonas e do Nor-

t e b r a s ileiro, com uma população estimada de 2,255 milhões de habitantes em 2021, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Em 2010, ano do último Censo Demográfico no Brasil, a cidade registrava mais de 1 802 milhão de pessoas A densidade demográfica é de 158,06 habitantes por km², concentrando boa par te do contingente regional

Na leitura do geógrafo e professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marcos Castro, o crescimento populacional dos últimos anos reflete um processo concentrador urbano que impacta no aumento demográfico da cidade Ele é mestre em Sociedade e Cultura pela Ufam e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo.

“Desde 1980, a cidade passou por um crescimento acelerado devido ao processo migratório do interior e de outros estados brasileiros, por conta do ‘boom’ da ZFM, principal centro econômico e político da região. Com isso, a capital se tornou esse espaço de busca que provocou o surgimento de ocupações irregulares, refletindo na expansão territorial Hoje, Manaus reúne mais de 52% de toda a população e do ponto de vista da economia, populacional e do poder de decisão, ela é uma cidade-estado dentro do Amazonas", destacou Castro

8 CAPITAL DA AMAZÔNIA

“Desde 1980, a cidade passou por um crescimento acelerado devido ao processo migratório do interior e de outros estados brasileiros, por conta do ‘boom’ da ZFM, principal centro econômico e político da região. Com isso, a capital se tornou esse espaço de busca que provocou o surgimento de ocupações irregulares, refletindo na expansão territorial. Hoje, Manaus reúne mais de 52% de toda a população e do ponto de vista da economia, populacional e do poder de decisão, ela é uma cidade-estado dentro do Amazonas"

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O especialista que atua na área de Geografia Urbana reforçou que a demanda acelerada dentro da capital ocorreu de forma contraditória evidenciada pelas diferenças de infraestrutura entre as regiões da cidade e ressaltou que boa par te dos bairros cresceu a par tir de ocupações feitas sem planejamentos, sendo necessários arranjos urbanísticos por parte do poder público Ele também citou que houve dois vetores de expansão nas últimas décadas, um para zona Nor te (bairro Cidade Nova) e outro para zona Leste (bairro São José)

Ainda na avaliação de Castro, em termos demográficos, Manaus ainda tem um índice de desenvolvimento alto, considerando o crescimento natural e o advindo de migrações, tomando como base o aumento de 48% para mais de 50% o número de manauaras “É maior do que a metade do estado, sendo uma tendência de continuidade, ou seja, ela vai continuar concentrando e centralizando, sobretudo para os eixos estruturantes que são as margens de rodovias para o Nor te e Leste e agora, com a construção da ponte Rio Negro, também vai expandir para o município de Iranduba, Região Metropolitana de Manaus”, projetou

Cabe destacar que o território manauara conta com rede de rodovias, mas a principal estrutura de transpor te ainda é o fluvial, que interliga Manaus aos municípios do interior. A cidade aproveita a maior rede hidrográfica do Brasil, banhada por dois dos principais rios locais, o Negro e o Solimões, cuja combinação de afluentes escura e barrenta forma o majestoso rio Amazonas Já o transpor te aéreo é impor tante para conectar a cidade com o restante do país

Inserida no bioma amazônico, Manaus é caracterizada pelo clima equatorial, marcado pelas altas temperaturas e for tes chuvas, além de ter sua fundação em área de relevo classificado como planície, geografia dinâmica e território que se estende por 11 401 km², onde abriga uma mistura de povos

Para onde Manaus cresceu

A cidade tem 63 bairros distribuídos pelas zonas Norte, Leste, Sul, Oeste e CentroOeste. De acordo com o IBGE, a zona Norte foi a que registrou o maior índice de aumento em uma década, alcançando 77,6% Considerada a área mais populosa de Manaus, ela engloba 10 bairros que surgiram da necessidade de atender o crescimento populacional em meio a vários cenários Hoje, ela hoje abriga boa área de comércios,

teAtRo AMAzoNAs distRito iNdustRiAl AReNA dA AMAzôNiA

serviços, escolas, clínicas e áreas de lazer, que possibilitam para a população local a experiência de ter tudo que precisa dentro dos bairros No bairro Cidade Nova, o mais populoso de Manaus, o desenvolvimento local fez com que o bairro se tornasse referência de ser viços e lazer para moradores de outras zonas da cidade

Ao lado da Nor te, a zona Leste é uma “ zona de expansão”, sendo a segunda que mais cresceu ao longo dos anos, com população estimada em mais de meio milhão de pessoas Um dos fatores para isso foi a instalação de plantas do Distrito Industrial 2, por meio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que segundo o professor Marcos Castro, também limitam a crescente expansão populacional “As terras dessa área são da esfera federal e isso impede a ocupação, além disso, tem o limitador natural que é o rio Puraquequara Então, por cenário, ela tende a crescer menos que a Nor te”, avaliou

A zona Leste concentra um intenso fluxo de comércio e ser viços para atender o público de 11 bairros oficiais Um dos grandes centros de compras da área é o Shopping Phelippe Daou, que fica no meio ner voso do bairro Jorge Teixeira

Administrado pela Prefeitura de Manaus, o espaço abriga 500 lojistas vendendo produtos diversos em um ambiente com conforto e segurança O local também é um grande centro de ser viços públicos como o Pronto Atendimento ao Cidadão (PAC) Municipal, o Sine Manaus, o programa “Leite do Meu Filho”, Sinetran, Manaus Atende, Defensoria Pública, Posto de Vacinação, além de agência bancária

Polo Industrial de Manaus

Na zona Sul da capital amazonense, podemos citar a principal fonte de economia do Amazonas, que é o Polo Industrial de Manaus (PIM) Atualmente, é um dos modelos econômicos mais modernos dos Centros Industriais e Tecnológicos de toda a América Latina, reunindo mais de 500 indústrias O primeiro semestre de 2022 terminou com o faturamento de R$ 82,32 bilhões, segundo informou a Suframa, alta de 10,74%, frente ao mesmo período de 2021

A economista Denise Kassama declarou que a Zona Franca de Manaus é um grande gerador de riquezas não só no município como para o Amazonas “A economia do Estado depende dessa matriz econômica e, por isso, ele carrega esse peso de ser uma grande riqueza do Estado, falando economicamente”, concluiu

Ainda na zona Sul, outra matriz econômica da cidade ocupa grande par te territorial, o bairro que abriga o centro histórico, os principais atrativos turísticos como largo São Sebastião, Teatro Amazonas, Mercado Municipal Adolpho Lisboa, Palácio Rio Negro, Paço da Liberdade, entre outros Além disso, o bairro é a principal área de comércio de Manaus reunindo um grande número de lojas, galerias e empreendimentos que geram emprego e renda para a população “O centro de Manaus é a principal parte comercial da cidade, ele é um grande centro financeiro da capital amazonense ” , reiterou Kassama.

Já a Centro-Oeste abriga o complexo espor tivo e cultural da cidade formado pela Vila Olímpica, avenida do Samba,

sambódromo, Centro de Convenções Vasco Vasquez, Arena da Amazônia e Arena Poliespor tiva Amadeu Teixeira, todos palcos de grandes eventos de espor te, lazer e entretenimento que movimentam a economia e faz de Manaus um polo de opor tunidades para o turismo espor tivo, de negócios, shows e espetáculos internacionais como o recente show da banda nor te-americana Guns N'Roses, que colocou a cidade na rota de grandes eventos mundiais

A região também concentra uma impor tante área comercial com um dos principais shoppings da cidade e ainda sim o crescimento populacional é visível para os moradores De acordo com Alessandra Amaral, moradora do bairro Planalto, esse crescimento é muito visível para quem mora ali “Estou aqui há 9 anos e desde que cheguei eu consegui notar não só novas pessoas chegando, como comércios se abrindo Antigamente, próximo a minha casa, não existia quase nenhum supermercado, era raro, hoje você consegue ir em um na esquina da rua Sem contar que antes a vizinhança era mais reduzida, era muito difícil você ter contato, hoje em dia não, na rua onde eu moro, no bairro Planalto, muitas famílias se mudaram para cá nos últimos anos ” , contou

Por outro lado, o mapa da zona Oeste com área de 128 km² mostra que tem um caso específico, principalmente nos bairros Ponta Negra e Tarumã, por ser considerada uma zona de baixa densidade ocupacional “O processo de ocupação nessa área ocorreu de uma forma mais cadenciada com a expansão do setor imobiliário formal, ou seja, a nível empresarial Tem construção de condomínios e a venda de loteamentos caros, no entanto, há registros de ocupações irregulares, mas com menor fluxo”, analisou Marcos Castro

Enquanto o bairro da Compensa é o mais populoso com mais de 89 mil pessoas, até 2017, o bairro Ponta Negra é considerado área nobre da cidade e um ponto turístico por conta do Parque Ponta Negra. O local também abriga a marina do Davi, ponto de par tida para comunidades próximas de Manaus e para inúmeros flutuantes usados por banhistas para fins de lazer. Já o Tarumã abriga os maiores cemitérios e o Aeropor to Internacional de Manaus e divide com o Tarumã Açu a concentração de áreas verdes da cidade “No caso do rio Tarumã Açu, é um limitador natural da metrópole Manaus, mas deve ser acompanhado para garantir sua preservação”, finalizou

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lARgo são seBAstião

Manaus A única capital do Brasil com nome indígena

Manaus A única capital do Brasil com nome indígena

A formação histórica, econômica, social e multicultural da maior metrópole do Norte do país

12 HISTÓRIA

“Manaus inicia em torno de um for te chamado São José da Barra do Rio Negro. Era um for te pequeno, que começa sendo habitado por um povoado indígena que já vivia há 15 mil anos É um

dos territórios mais antigos com a presença de ocupação humana na Amazônia Ocidental, onde está Manaus hoje”, frisou o escritor e historiador Márcio Souza

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por Deborah Azevedo e Samira El kebbe

Daqui em diante, a Revista Mosaico Manaus, em sua edição especial de aniversário da cidade, te guiará nesta viagem de volta aos afluentes do tempo e navegaremos de barco até as confluências do rio Negro com o rio Amazonas, onde está localizada Manaus, para te envolvermos na história dessa cidade que acabou se tornando a grande metrópole do Amazonas, cidade inesquecível e portuária, localizada bem no centro da maior floresta tropical do mundo, a selva amazônica

A primeira parada de nossa viagem será na origem do nome “Manaus”, seu significado afetivo e mais curiosidades dos nossos ancestrais indígenas que compõem os primeiros habitantes desta terra Em seguida, nos deparamos com a chegada dos colonizadores europeus para a formação de uma nova civilização e a resistência das populações indígenas diante disso

Por fim, desembarcamos no auge da economia da borracha, período em que o Amazonas vira foco do mundo, sobretudo no setor automobilístico, e a cidade de Manaus inicia de fato a sua integralização com o Brasil e, assim, tem a sua internacionalização para outros países Esse movimento atrai interesses financeiros e novos ares modernizadores que impactam diretamente a

vida das populações regionais e sobretudo a nova paisagem urbanística da cidade

Vamos, maninhos e maninhas, que a viagem vai ser longa Arranje logo um cantinho para armar as suas redes que o barco "Meu país, Manaus!" já está saindo

Meu país: Manaus!

Precisamos relembrar que Manaus é a única capital do Brasil que possui nome indígena e claro que o significado de seu nome também carregaria uma relação afetiva com a ancestralidade presente nas raízes de todos que nesta terra nasceram e formaram as suas vidas. O nome Manaus significa “Mãe dos Deuses”; e era esse o nome da tribo dos “Manáos”, que compõem os primeiros habitantes de Manaus

Antes da chegada dos europeus, os povos indígenas que habitavam Manaus estavam divididos em diferentes etnias, com línguas, mitologias e costumes próprios, entre as tribos se destacam os Baré, Mura, Tarumã e Manáos

“A tribo dos Manáos tinha uma cultura de diplomacia, pois eles agregavam outras etnias. Então, Manaus começa com uma sociedade multiétnica, onde se falavam trinta, quarenta idiomas, e o português, é claro”, explicou Márcio Souza

AJURICABA: O MAIS IMPORTANTE INDÍGENA NA HISTÓRIA DO PAÍS

A tribo dos Manáos era comandada pelo ícone indígena de luta e resistência conhecido como Ajuricaba. Não se sabe o verdadeiro nome dele, sendo Ajuricaba o seu nome de guerra, ele tinha apenas 20 anos quando os colonizadores portugueses invadiram a sua terra para exploração Ajuricaba reuniu todas as tribos do rio Negro e lutou incansavelmente durante 8 anos contra a ocupação por tuguesa, defendendo as suas raízes Após todos esses combates, os indígenas acabam sendo aprisionados pelos portugueses e são vendidos como escravos em Belém, e Ajuricaba estava no meio Porém, na viagem de barco, a caminho para a prisão, o jovem guerreiro consegue se rebelar dos soldados e se eterniza ao dizer a frase: “Digam ao futuro que caí aqui... mas caí lutando!”, e logo depois atirou-se no rio Assim, tornando-se símbolo da insubmissão dos índios à opressão colonial e mergulhando para sempre na alma do povo manauara

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Das primeiras expedições à Belle Époque da Borracha

“Deve ter sido uma aventura incrível, não? A região amazônica foi sendo descober ta por numerosas expedições europeias e assim sendo civilizada Entre as que se destacam estão as desbravações realizadas por Francisco Orellana e Gonzalo Pizarro Eles tiveram contatos que nenhum outro conquistador europeu conseguiu nas andanças pela América. Eles não imagi-

navam que esta cidade se tornaria o portal para conhecer toda a diversidade da Amazônia, mostrando-se cada vez mais poderosa, rica de belezas naturais e multicultural”, destacou o escritor amazonense Márcio Souza

E rg u i d a e m u m a p e q u e n a f o r t a l e z a f e i t a d e p e d r a e ba r ro , c o m a re s d e u m arraial provinciano e pacato, a cidade de

M a n a u s f o i f u n d a d a pa r a d e m a rc a r a p re s e n ç a l u s i t a n a e f i x a r d o m í n i o p o rtuguês na região amazônica, que na époc a j á e ra co n s i d erad a p o s i ç ão e s t raté g ic a e m te r r i tó r i o b r a s i l e i ro p e l o s c o l o n iz a d o re s O n ú c l e o u r ba n o , l o c a l i z a d o à margem esquerda do rio Negro, teve iníc i o c o m a c o n s t r u ç ã o d o F o r te d a B a r r a d e S ã o J o s é , i d e a l i z a d o p e l o c a p i t ã o d e

Revista Mosaico indica: conheça autores da terrinha!

Ficou interessado na história de Manaus e quer se aprofundar mais ainda? A gente já imaginava que sim. Por isso, te indicamos cinco livros dos principais autores amazonenses para você mergulhar de cabeça na nossa região de onde estiver Boa leitura, maninhos e maninhas!

“Amazônia - Um pouco antes e além depois”, do economista Samuel Benchimol

“Cinzas do Norte”, do escritor e arquiteto Milton Hatoum

“História da Amazônia: Do período précolombiano aos desafios do século XXI”, do escritor e historiador Márcio Souza

“Manaus: História e arquitetura (1669-1915)”, do jornalista e artista plástico, Otoni Mesquita

“O Paiz Do Amazonas”, de autoria da socióloga Marilene Corrêa 15

Deve ter sido uma aventura incrível, não? A região amazônica foi sendo descoberta por numerosas expedições europeias e assim sendo civilizada. Entre as que se destacam estão as desbravações realizadas por Francisco Orellana e Gonzalo Pizarro. Eles tiveram contatos que nenhum outro conquistador europeu conseguiu nas andanças pela América. Eles não imaginavam que esta cidade se tornaria o portal para conhecer toda a diversidade da Amazônia, mostrando-se cada vez mais poderosa, rica de belezas naturais e multicultural”

Márcio Souza, escritor amazonense

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a r t i l h a r i a , F r a n c i s c o d a M o t a Fa l c ã o , e m

1 6 6 9 , d a t a q u e f o i u s a d a c o m o o n a s c im e n to d a c i d a d e .

E foi ao redor do For te de São José do Rio Negro que se desenvolveu o povoado do Lugar da Barra, que por conta da sua posição geográfica passou a ser sede da Comarca do São José do Rio Negro No entanto, com a elevação da comarca à categoria de Província, em 1850, a Cidade da Barra passou a se chamar, em 4 de setembro de 1856, cidade de Manaus, tornando-se independente do Estado do Grão-Pará

Boom da economia

Com relação ao sistema econômico, Manaus vivenciou demasiadas fases O advento da Revolução Industrial na Europa também influenciou o Amazonas como um dos lugares que experimentaram tal expansão de modernidade e crescimento, nos referimos à época de 1890 a 1920, conhecida também como “Belle Époque”

Período este decorrente do Ciclo da Borracha por volta de 1879 Transformações na paisagem daquela pequena província no meio da selva como água encanada, eletricidade, sistema de esgotos, teatros, museus e cinemas, por exemplo, foram construídos nos moldes padrão europeu, dando a fama de “Paris dos Trópicos ” , e designa o clima intelectual e ar tístico do período em questão O grande símbolo que marca esse período econômico em Manaus é o Teatro Amazonas, o maior car tão-postal da cidade

A par tir de 1870, Manaus viveu o surto da economia gomífera, encerrando-se em 1913, em vir tude da perda do mercado mundial para a borracha asiática

O jornalista, historiador e ar tista plástico Otoni Mesquita é um pesquisador assíduo dos períodos históricos que ajudaram na formação de Manaus O professor relatou brevemente sobre a duração desse “boom” que foi o impacto do plantio das seringueiras e cultivo do látex, originando

a economia gomífera na região “A vida inteira estudei como o Período Áureo da Borracha, que nos é passado como um período da riqueza, mas não foi essa exuberância toda da Paris dos Trópicos que se divulgou sempre ” , contou Otoni

Ele acrescenta que a economia do látex durou por 30 anos na época em que Manaus era uma pequena cidade com ares europeus no meio da selva amazônica “Durante as minhas pesquisas, levantei relatórios e outros documentos históricos e é possível perceber que começa a surgir uma prosperidade na cidade a partir da década de 1880, ainda estávamos na monarquia, mas em 1913 isso paralisa, quando perdemos o monopólio da economia gomífera para as colônias inglesas na Ásia, se apropriaram indevidamente do domínio da semente da seringueira, e tornaram-se as maiores produtoras de látex do mundo, enterrando o milionário ciclo da borracha na Amazônia”, fundamentou o historiador Otoni Mesquita

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Manaus comemora aniversário resgatando o Boi Manaus

Com a expectativa de bater o recorde de público no Sambódromo para dançar ao ritmo do ‘dois para lá, dois para cá’, o Boi Manaus 2022 promete muitas emoções Confirmado para acontecer nos dias 21, 22 e 23 de outubro, a grande festa cultural fará parte das comemorações de aniversário de 353 anos da capital amazonense Organizado pela Prefeitura de Manaus, por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), o evento irá resgatar os tempos áureos do ritmo e também homenageará artistas impor tantes como Zezinho Corrêa, Klinger Araújo e Arlindo Júnior

Essa será a primeira edição do ‘Boi Manaus ’ com o público total após a pandemia da Covid-19. Por isso, o diretor-presidente da Manauscult, Alonso Oliveira, destacou o compromisso e empenho de todas as se-

cretarias municipais envolvidas para que o evento obtenha o mesmo sucesso que o festival #SouManaus teve, concretizando assim, um novo capítulo na história da administração municipal “ Trabalhamos, ao longo desses meses, fazendo o nosso dever de casa que era ouvir o segmento Já tínhamos basicamente um formato ali Precisávamos alinhar as ferramentas Definimos a nossa matriz de responsabilidade e conversamos com todas as secretarias envolvidas para fazermos o melhor Boi Manaus dos últimos tempos Nós já tivemos um case de sucesso que foi o #SouManaus. Temos algumas pequenas correções que nós já estamos tomando as providências e tenho cer teza que o Boi Manaus vai ser u m marco na histó ria”, afirmou Oliveira. Neste ano, o formato do evento será em “Bois Elétricos”, permitindo ao visitante o maior aproveita-

mento e interação com os ar tistas

Para o cantor Carlinhos do Boi, presente em todas as edições do evento, a realização do maior “Boi Manaus” da história é motivo de comemoração visto que movimenta uma cadeia produtiva que sobrevive da realização de evento.

“É de extrema impor tância o Boi Manaus, não só pela uma questão de evento, mas por causa de uma cadeia produtiva que gera renda para muitas pessoas além dos ar tistas Estamos construindo um super evento junto com a prefeitura A gestão municipal ouviu o nosso apelo de voltar para o sambódromo, que é a casa do Boi Manaus e da cultura na nossa cidade O mais importante de tudo é que a prefeitura abriu esse espaço para os ar tistas falarem Estamos felizes pela impor tância do evento e por tudo aquilo que essa cultura representa para gente”, destacou Carlinhos

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Reafirmando as tradições da capital amazonense, o Boi Manaus 2022 promete ser o maior já realizado e embalar com muita festa, dança e alegria os 353 anos de Manaus
ALEGRIA

Homenagens

Nesta edição, o Boi Manaus trará homenagens aos cantores Klinger Araújo, Arlindo Junior e Zezinho Corrêa Para a artista Marcia Novo, é de fundamental importância que ocorra um resgate desses artistas que deixaram o seu legado marcado na história da cultura amazonense.

“É um prazer enorme par ticipar dessa grande festa e representar as mulheres Agora vamos poder comemorar, abraçar e aproveitar esse espaço. Acho que fundamental impor tância essa valorização da nossa cultura Quando eu era pequena, lembro que nas escolas tinham o boi

em data comemorativa Eu sinto uma lacuna de gerações, por isso, acho importante que todas as gerações conheçam e lembrar de artistas que nos deixaram, mas deixaram o seu legado Temos que saudar esses grandes ar tistas que não podem morrer ” , afirma Márcia

Programação

O “Boi Manaus 2022” contará com um line-up estrelado com cantores como Canto da Mata, Carlinhos do Boi, Carlos Batata, David Assayag, Edilson Santana, Edmundo Oran, Fabiano Neves, Jr Paulain, Fábio Casagrande, Grupo A Toada, Hellen Ve-

ras, Israel Paulain, Leonardo Castelo, Mara Lima, Paulinho Viana Show – Corre Campo, Show-Garanhão, Batucada Prince do Boi, Grupo KUARUP, Robson Júnior, Klinger Júnior, Robson Júnior, Patrike Araújo, Arlindo Neto e Márcia Novo

Feira do Tururi

A Feira do Tururi, que é um “ esquenta” para o “Boi Manaus 2022”, começou no dia 12/10 e seguiu até dia 20, na alameda do Samba. Cerca de 50 apresentações animaram o público na antecipação para as apresentações dos bois elétricos no Boi Manaus

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Tudo pronto para a largada

Como par te das comemorações do aniversário de 353 anos da capital amazonense, a 1ª Maratona Internacional de Manaus já é considerada um sucesso. Com mais de 5 mil par ticipantes confirmados somando todas as provas, o evento colocou Manaus na rota das grandes corridas internacionais e virou destino cer to para quem realiza o turismo espor tivo A prova acontecerá nos dias 22 e 23 de outubro com os percursos de 42km, 21km, 10km, 5km e o kids.

Organizador da prova, James Junior destacou a proporção que a prova ganhou nos últimos meses, atraindo atletas de todas as par tes do planeta e movimentando os setores turísticos da capital

“Estamos vendo a ansiedade da população As vagas para as provas se esgotaram antes do dia final de inscrição. Com toda cer teza, essa será o maior evento deste tipo já realizado na nossa cidade Teremos muitas atrações e isso

motiva os par ticipantes, eleva o nível da prova e a competitividade Nós temos confirmado a participaçã d lh redores do Brasil e ternacionais. Vai se ta do espor te”, afirm Sem ser dispu devido à pandemia va foi totalmente ref passou a atrair com res de todo o mu não só pela prem ç ã o h i s tó r i c a , c o m mais de R$ 210 mil distribuídos para os melhores colocados das categor i a s e m d i s p u t a , mas também pela p de correr na capita zônia.

Além de se desa completar o percu 42km, os par ticipa

Maratona Internacional de Manaus 2022 terão a opor tunidade de conhecer um d belezas naturais da camazônia e seus pontos nho para Manaus está ito alto, porque oporática do espor te tanto as, que estão iniciando alidade, quanto para os ta performance Todos o a opor tunidade de er em uma cidade linda e c o n h e c i d a m u nd i a l m e n te p o r s u a s b e l e z a s n a t u r a i s Além disso, o atleta não vai ficar apenas em Manaus, ele terá a e de conhecer outros icípios que são vizis Isso vai desenvolver to o Amazonas”, desou o organizador

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Com mais de 5 mil participantes confirmados, a 1ª Maratona Internacional de Manaus coloca a capital do Amazonas na rota do turismo esportivo
MARATONA DE MANAUS
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Aponte sua câmera para o QR Cod e ouça a música.

Manaus

Expressões para ‘grelhar ’ em qualquer lugar

Linguajar da nossa terra surge da tradição e ancestralidade

A diversidade linguística é uma das principais características de um povo, possuindo significados distintos baseados na vivência e história de uma população No dia a dia do manauara, é muito comum a utilização de termos e expressões como “até o tucupi”, “chibata”, “ mano ” e “carapanã”

Sendo uma individualidade tão marcante para nós manauaras, sua origem vem de diferentes fontes. O professor de Linguística na Universidade Federal do Amazonas Sérgio Augusto Freire de Souza, 54 anos, explica de onde vem essa forma tão

única de falar de quem vive em Manaus

“A língua é um dos mais for tes índices de identidade de um povo Assim, ela vai se modificando junto com a história desse povo A linguagem oral amazonense tem sua história e vem de três lugares: do por tuguês europeu - que nos deu a base e o 's' chiado, do por tuguês nordestino - que migrou para cá em dois momentos: no primeiro ciclo da borracha no fim do século 15 no segundo ciclo da borracha, na década de 1940 - e das várias línguas indígenas da região Essa mistura deu no que chamamos hoje de "amazonês", comenta Freire

A tradição cultural que a linguagem conta a história de forma direta e deixa marcada a nossa identidade, como enfatiza o diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Alonso Oliveira

“As expressões amazonenses são um verdadeiro encanto do nosso ‘caboquinho’: é ‘maninha’ para lá, é ‘leseira baré’ para cá, é ‘pitiú’, é ‘até o tucupi’, ou seja, um vasto vocabulário que é uma singularidade só nossa. Expressões que, além de divertidas, são históricas e trazem hegemonia muito for te e até em alguns casos uma miscigenação”, concluiu Alonso

24 DICIONÁRIO MANAUARA

TERMOS E ExPRESSõES TiPiCAMEnTE AMAZOnEnSES

Até o Tucupi - Quando algo ou alguma coisa está muito cheia, como por exemplo: ‘Maninha, o #SouManaus estava até o tucupi de gente’

Brocado - O mesmo de estar com fome: ‘Eu tô brocado para comer um x-caboquinho’

Chibata - Alguma coisa muito boa: ‘A Maratona de Manaus vai ser chibata, mano ’

Fuleiro - Algo de procedência duvidosa (para objetos) ou pessoa pouco confiável: ‘Pense numa caneta fuleira’

Telezé - Referência à abreviação da frase: ‘ Tu és leso’

Mano/Mana - Pronome muito utilizado no lugar de você ou tu, além de suas variações como maninho e maninha

Maceta - Termo usado para expressar que algo é grande: ‘Mana, a minha fatura de luz veio maceta demais’

Escangalhado/Esculhambado - Refere-se a alguma coisa que esteja quebrada ou mal-arrumada: ‘Menino, vai trocar essa roupa, para de ficar andando todo escangalhado’

Nem com Nojo - Usado principalmente quando não se quer fazer algo: ‘Não perco o show do Nunes Filho nem com nojo’

Kikão - Muitos dirão ‘hot-dog’ ou cachorro-quente, mas só aqui no Amazonas a gente tem Kikão: ‘É 3 kikão por 10, mano ’

Carapanã - Expressão de origem indígena para mosquito/pernilongo

De bubuia O mesmo que ficar tranquilo ou sem fazer nada: ero tá de bubuia’

m um bom sentido), fazer sucesso: esse penteado’

Expressão usada para quando as coisas dão cer to: ar o 640 passar nesse momento’

essão 'que só' é usada comumente para enfatizar oje, Manaus tá quente que só’

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séRgio, pRofessoR dA ufAM

Manaus

Manaus

‘Comeu jaraqui, não sai mais daqui’

Cidade acolhedora, Manaus conquista e dá oportunidade a todos, inclusive aos que não nasceram na capital amazonense

Em Manaus, uma expressão popular afirma que “ quem come jaraqui, não sai mais daqui”, uma referência a um dos peixes mais saborosos e abundantes da bacia amazônica e muito consumido pelos

moradores da capital amazonense Não faltam exemplos de pessoas que vieram de outras cidades, “ comeram o jaraqui e nunca mais saíram daqui" O técnico de futebol Aderbal Lana, 74 anos, e o casal de empresários Moisés Davi Bicharra, 60, e

Carlen Kr yislen Kawamura Felipe Bicharra, 36, são alguns dos “forasteiros” que se instalaram em Manaus e hoje são considerados referências e exemplo de sucesso em suas áreas

Mineiro de Uberlândia, Aderbal Lana

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‘FORASTEIROS’

araqui” em 1985, o veio enfrentar a e do Nacional, dindo o Mixto-MT.

o m e s m o a n o , Lana foi convidado para treinar o N a c i o n a l e s e m u d o u p a r a M a n a u s “ F u i embora no comea década de 1990, em 97 para dirimundo, ficando die até 2004”, expli-

e i n a d o r d o S ã o Lana conquistou o clube e também

os moradores de Manaus, que logo se identificaram com a sinceridade e o estilo de vida simples e pacato do treinador, que se apaixonou pela cidade e se mudou de vez para a capital amazonense “Recebi alguns convites para treinar em times de outros Estados, mas não quis mais sair Tenho dois filhos amazonenses, me considero um manauara de coração”

Atualmente, Aderbal Lana é treinador do Princesa do Solimões, de Manacapuru (a 68 quilômetros a oeste de Manaus), mas ele continua morando na capital amazonense no período em que o clube não está disputando competições

Em um rápido passeio com o treinador pelas ruas da capital amazonense, é possível entender o carinho da população com Lana A todo instante ele é parado para ti-

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AdeRBAl lANA téCNiCo de futeBol

rar foto e torcedores se aproximam do lendário treinador para conversar sobre futebol O invejável currículo de Lana ajuda com que ele ganhe ainda mais simpatia Somente no futebol amazonense, são 11 títulos estaduais por diversos clubes e duas Copa Norte (ambas com o São Raimundo)

“O que mais gosto em Manaus é estar no meu cantinho, com a minha família, ou ir a um estádio de futebol para acompanhar as partidas, porque é o ambiente que me faz bem é onde estou ao lado de amigos e me sinto bastante querido”, destacou Lana

O treinador admite ser um apaixonado pela natureza e morar no meio da rica biodiversidade amazônica é, na opinião de Lana, um privilégio “Eu conheço o Brasil todo e muitos países e posso dizer que isso aqui é o eldorado do mundo Não existe uma biodiversidade e natureza tão exuberante quanto a Amazônia”, finalizou o treinador

Casal visionário

Ele nasceu em São Paulo de Olivença (a 985 quilômetros a oeste da capital) e ela em Urucará (a 261 quilômetros a leste da capital), mas Moisés e Carlen se conheceram em Manaus e passaram a construir, juntos, uma vida de sucesso, pautada pelo amor à família e à dedicação ao tra-

balho e à vontade de sempre criar e buscar novas formas de empreender

Moisés é filho de libaneses e mora em Manaus desde criança Por influência da família, ele tomou gosto pelo empreendedorismo e há 22 anos é proprietário do Amazonfish, um resor t em Iranduba, município na região metropolitana de Manaus

“Um professor uma vez disse que a pessoa já nasce empresário, eu discordei, porque existem pessoas que se preparam para ser empreendedores e pode não ser igual à pessoa que vem de berço. Os árabes têm essa tendência, nós somos criativos, colocamos o trabalho em primeiro lugar e isso vem da minha geração”, explicou Moisés.

O empreendimento de Moisés ganhou fama quando uma parte do hotel foi construída em uma área flutuante toda feita com garrafas PET. A ideia inovadora, dando um destino correto ao plástico, na verdade foi pensada apenas como uma forma de construir algo mais barato, sem levar em consideração os benefícios ambientais.

“Na época, eu queria construir algo que fosse prático e não usasse produtos caros Espalhei a ideia para os amigos, e recebi muitas garrafas, ou seja, tive um custo muito baixo Naquela época, há muitos anos, eu não tinha a consciência ambiental que hoje eu tenho Com o tempo eu adquiri

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“Um professor uma vez disse que a pessoa já nasce empresário, eu discordei, porque existem pessoas que se preparam para ser empreendedores e pode não ser igual à pessoa que vem de berço. Os árabes têm essa tendência, nós somos criativos, colocamos o trabalho em primeiro lugar e isso vem da minha geração”
Moisés, empreendimento
Moisés dAvi BiChARRA e CARleN KRyisleN KAwAMuRA, foRAsteiRos que fiCARAM eM MANAus pARA eMpReedeR

essa consciência e hoje não consigo mais deixar uma garrafa de plástico no chão Não só eu, mas todos da família têm essa consciência”, orgulha-se Moisés

Já Carlen passou a infância em Urucurituba e chegou em Manaus aos 19 anos para cursar faculdade de Direito Na reta final do curso, ela conheceu Moisés, e com a formação empreendedora dele, aliada à também visão empreendedora dela, que é filha de comerciantes, nasceu um novo empreendimento familiar, o restaurante de comida japonesa, o Nihachi, hoje localizado no conjunto Eldorado, bairro Parque 10, zona Centro-Sul de Manaus

“Em 2015, tivemos a ideia do restaurante e abrimos ele. Em 2019 para 2020 tivemos um insight de nos prepararmos para o deliver y Poucos meses depois veio a pandemia e com a loja fechada nós estávamos preparados para seguir em frente fazendo deliver y Se não estivéssemos preparados, cer tamente teríamos fechado durante a pandemia Hoje, conseguimos conciliar o deliver y com o atendimento ao público na loja”, comemora Carlen

Na avaliação do casal, Manaus é uma cidade que favorece o empreendedorismo e as ideias inovadoras “Em Manaus todo mundo se dá bem e as dificuldades são mínimas, as pessoas abraçam as novas

ideias”, ponderou Moises “O manauara quer o melhor Apesar de estarmos longe geograficamente de grandes centros, o público busca a qualidade e quem investe tem retorno”, completou Carlen.

Empreendedorismo

O empreendedorismo de Manaus destacado pelo casal Moisés e Carlen tem forte influência e incentivo da Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi). De acordo com levantamento da Semtepi, a gestão municipal disponibilizou, neste ano, mais de 60 cursos em diversas áreas, emitindo 3 267 cer tificados. Juntos, os programas “Salto, Aceleradora de MEIS” e “Mais Inovação”, disponibilizaram cerca de mil vagas neste ano, além de 2 mil vagas para o programa “English Manaus”.

A pandemia de Covid-19 tem sido um grande problema enfrentado pelos empreendedores manauaras Para que eles não deixassem de ter renda durante os m o m e n to s m a i s c r í t i c o s , a p re f e i t u r a d i s p o n i b i l i z o u o “A u x í l i o E m p re e n d edor ” no valor de R$ 500 para 3 mil empreendedores. Com ações estratégicas, a Prefeitura de Manaus tem contribuído para que a cidade se torne cada vez mais empreendedora

Em 2015, tivemos a ideia do restaurante e abrimos ele. Em 2019 para 2020 tivemos um insight de nos prepararmos para o delivery. Poucos meses depois veio a pandemia e com a loja fechada nós

Carlen, empreendedora

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estávamos preparados para seguir em frente fazendo delivery. Se não estivéssemos preparados, certamente teríamos fechado durante a pandemia.
pRefeituRA eMitiu 3,2 Mil CeRtifiCAdos eM MAis de 60 CuRsos voltAdos Ao eMpReeNdedoRisMo

Manaus de todos os povos

Origens e mistura de tradições enriquecem a história da cidade ao longo dos seus 353 anos de existência

Manaus é conhecida no mundo afora por suas riquezas naturais, mas também chama atenção por conta da sua população miscigenada, que desper ta olhares de vários lugares do mundo para os costumes, tradições e turismo da capital da Amazônia. Prova disso é o grande fluxo migratório que movimenta a região

Nor te há muitos anos e que faz par te da história de Manaus

Povos de diversas origens, etnias e culturas, como os portugueses, libaneses, venezuelanos, haitianos, paraenses, amazonenses de municípios vizinhos, entre ou-

tros, chegam a Manaus em busca de qualidade de vida e se depararam com o maior centro financeiro e industrial de todo o estado. A formação social da capital é motivo de muito orgulho, a mistura de diferentes povos soma com o desenvolvimento e expansão territorial da cidade desde o século 19.

“Há registros arqueológicos de cerca de dez mil anos atrás, na região da cidade de Manaus, nas proximidades, de vários povos, culturas, hábitos e línguas diferentes que colonizaram a região, povos que trabalharam o solo, que domesticavam plantas, animais, nos legaram com toda a

nossa tradição gastronômica, medicinal Então, hoje, quando um manauara pede um café com tapioca, isso é tradição dos povos originários, pede no almoço o jaraqui, tudo isso é tradição gastronômica regional, herança desses povos Todo conhecimento, saberes e fazeres, nós herdamos desses povos ” , pontuou o historiador e diretor do Museu da cidade de Manaus (Muma), Leonardo Novellino

O historiador reforçou ainda que Manaus sempre recebeu imigrantes e outros povos pela perspectiva de uma vida melhor e que a boa localização para o comércio e navegação foram um dos prin-

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CORAÇÃO DE MÃE

centro de Manaus

Dados da Agência das nações Unidas para os Refugiados (Acnur). De junho de 2021, estima que dos atuais 5,4 milhões de refugiados venezuelanos em todo o mundo, 260 mil vivem no Brasil, sendo pelo menos 20 mil em Manaus. Aqui, é o maior grupo de imigrantes, antes dos haitianos, que totalizam uns 5 mil.

cipais fatores registrados na época

“Atualmente, nós temos uma população de mais de dois milhões de habitantes Manaus é uma das cidades que mais cresce no país e, naturalmente, esse crescimento sempre atraiu e vai continuar atraindo imigrantes, como por exemplo as migrações do Nordeste, do final do século 19, que vierem trabalhar nos seringais como soldados da borracha Os judeus, novos cristãos, que desde o século 19 migram para Manaus também, junto com os sírio-libaneses para trabalhar com comércio, outros europeus E no começo do século 20 essa imigração continua E mais recente, nós tivemos a chegada dos haitianos, em seguida dos venezuelanos, com os problemas que cada país sofreu e sofre, a sua permanência se deve naturalmente ao que Manaus sempre ofereceu, uma beleza singular, as nossas raízes, além de empregos formados por comércios e o distrito industrial”, disse o historiador.

Rota de ' esperança '

Em 2016, Manaus se tornou a principal rota dos refugiados venezuelanos que fugiam da crise econômica e da fome que assolavam o país, localizado no nor te da América do Sul Com a entrada de muitos indígenas da etnia Warao, entre outros adultos, idosos e crianças, a capital decretou situação de emergência e passou a prestar assistência social e saúde a essas famílias.

Atualmente, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), atende 97 indígenas venezuelanos em dois espaços de acolhimento, ambos localizados no bairro Tarumã, zona Oeste da cidade, e todo trabalho é desen-

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"Pequenas comunidades" no
leoNARdo NovelliNo CoMpARtilhA CoM todos As RAízes, essêNCiA e peCuliARidAdes dA CidAde

volvido com o objetivo de for talecer, criar e implementar políticas públicas que garantam os direitos e a integração local dessa população

Morando em Manaus há quatro anos, Milenys Delvalle Conche, 47, veio de Barcelona, capital do estado de Anzoatégui, que fica na Venezuela. Acompanhada do filho Johangel Luis, de 10 anos, a refugiada atravessou a fronteira com a esperança de recomeçar sua história e dar uma vida digna aos seus familiares.

“Em primeiro lugar, agradeço a Deus e a este país por me abrirem os braços, também agradeço a uma boa família que me estendeu as mãos. Nos primeiros

dias, meu Deus! Foram dias for tes, já que eu estava em um país diferente, com uma língua diferente, foi difícil para entender no começo Mas, meu filho, apesar da pouca idade, arrasa no por tuguês Então, uni essa aptidão do Johangel com a minha força de mãe e mulher guerreira, e vim aqui lutar pelos meus filhos e pela minha mãe Eu nunca tive vergonha de sair na rua para trabalhar, desde que fosse honesto e, assim, estou seguindo em frente escrevendo novas páginas na minha vida”, relatou a venezuelana

Milenys foi bem acolhida pela capital amazonense Hoje em dia, reside no centro da cidade, trabalha como ser viços

gerais e assegura o sustento de sua família com muita garra O pequeno Johangel também já se habituou na sua nova cidade e já está inserido entre os estudantes da rede municipal de ensino

“O que mais me faz querer voltar à Venezuela é a saudade que carrego no peito da minha querida mãe e das belas praias que têm lá Mas, apesar dos desafios, eu me sinto em casa A diferença de Manaus para Barcelona é que na minha cidade eles comem arepa e aqui comem farinha, o resto é questão de adaptação Em Manaus, estou rodeada de pessoas maravilhosas e, isso, me ajuda a confor tar o coração e a querer ficar nesta cidade calorosa”, disse a refugiada

Comércio estrangeiro

E não se pode falar de migração sem destacar a for te presença dos imigrantes libaneses que até hoje contribuem para a formação e crescimento econômico da capital, fomentando o comércio e gerando emprego e renda para a população

O imigrante libanês Fadi Ahmad, 46, carrega a tradição comercial de seus antepassados, originários de Kamed El Laouz. Há 30 anos no Brasil, o comerciante realizou o sonho de sair de seu país aos 16 anos e se fincou em Manaus, onde construiu uma família e movimenta a área central da cidade com sua loja “Di Sam”, com a venda de calçados e roupas espor tivas “Os meus avós eram fenícios, eles ti-

MileNys delvAlle e o filho JohANgel eNCoNtRARAM eM
MANAus A opoRtuNidAde de ReesCReveR uMA NovA históRiA

nham boas relações comerciais e de navegações com o Egito, Índia e outros países Os meus tios já estavam aqui no Brasil há muito tempo, eles moravam em São Paulo, pois sempre se instalavam onde havia uma forte movimentação comercial Em seguida, eles foram para Foz do Iguaçu, no Paraná, fronteira com Paraguai e Argentina. Aos 16 anos, cheguei em Foz do Iguaçu, onde fiquei durante quase cinco anos Na época, com a escassez do dólar, minha fa-

mília já tinha lojas aqui em Manaus, então viemos para cá Em Manaus, comecei a trabalhar com minha família e acabei conhecendo uma pessoa, dei início a um relacionamento e gerei frutos, que são os meus três filhos manauaras ” , contou Ahmad

O comerciante já vivenciou várias fases que marcaram a evolução e os obstáculos das empresas e pequenos negócios na área central de Manaus, inclusive, durante o per í o d o d a pa n d e m i a d a C o v i d - 1 9 , q u e

ocorreu nos anos de 2020 e 2021, momento em que o setor comercial sofreu um for te impacto.

“Por aqui, presenciei o fechamento de várias lojas e o desemprego em massa A pandemia desestruturou muitos comerciantes, o Centro ficou completamente vazio e com um intenso policiamento, que proibia a circulação das pessoas, os nossos clientes Mas, ainda bem que tudo isso passou, e agora estou buscando me equilibrar financeiramente para poder alavancar os negócios Mesmo com todos os problemas, o Centro é um espaço de sucesso para todas as áreas, porque todas as pessoas frequentam este lugar, seja morador ou visitantes Eu estou satisfeito com as ações da Prefeitura de Manaus, com os novos rumos que a gestão do prefeito David Almeida vem tomando para tornar o Centro melhor e para oferecer qualidade de vida para a população”, elogiou o libanês

Estimativa

De acordo com o Departamento de Migrações do Ministério da Justiça, que divulga os dados de migrações em todo o país, em 2020, todos os estados registraram queda nos índices de migração, principalmente em decorrência da pandemia da Covid-19 Mesmo assim, os estados da região concentraram, em 2020, cerca de 20% do fluxo migratório nacional. Os dados apontam que os principais fluxos migratórios na Amazônia são dos países: Venezuela, Japão, Haiti e Cuba

Quem não

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gosta de calor, não é amazonense. Eu já me considero desse lugar. Eu me adaptei mais no calor, do que no frio, porque no Líbano neva. não pretendo voltar mais para o meu país, Manaus agora é o meu lugar”
CoNtRiBui
A CApitAl AMAzoNeNse MoviMeNtANdo A eCoNoMiA dA áReA CoMeRCiAl do CeNtRo
Fadi Ahmad, libanês há
30 ANos No BRAsil, o liBANês fAdi AhMAd
CoM

Momentos que contam a história de Manaus

Fotografias que revelam um verdadeiro encontro de décadas desde o passado até esta grande metrópole

manauara que temos hoje

Século 17

1669 - Forte São José da Barra do Rio negro: Localizava-se na margem esquerda da barra do rio Negro, um pouco acima da sua confluência com o rio Solimões, atual cidade de Manaus. Com o crescimento urbano e a evolução da cidade, a estrutura perdeu importância tática até a sua completa inexistência

Século 19

1871 - Museu da Cidade de Manaus: No início da inauguração, abrigou o governo da Província do Amazonas assim como o presidente da mesma, após a proclamação da República, foi sede do governo do estado Apenas no ano de 1917 é que se tornou a sede da Prefeitura de Manaus

1883 - Mercado Adolpho Lisboa: Também conhecido como Mercadão, está localizado às margens do rio Negro, no centro da cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas Construído durante o ciclo da borracha com material importado da Europa, sua estrutura em ferro fundido foi projetada pelo engenheiro francês Gustave Eiffel, o mesmo que projetou e deu seu nome à famosa Torre Eiffel de Paris

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1996 - Início da construção do Teatro Amazonas
AFLUENTES DO TEMPO

Século 20

1901 - Teatro Amazonas: Oficialmente inaugurado, possui o estilo renascentista entorno de sua estrutura externa com os detalhes únicos na sua cúpula, tornou-se um dos monumentos mais conhecidos do Brasil e, consequentemente, o maior símbolo cultural de Manaus, e uma das expressões arquitetônicas responsáveis pela fama da cidade de Paris dos Trópicos

1905 - Museu da Cidade de Manaus: Localizado no Paço da Liberdade, no centro histórico, durante décadas foi usado como sede do governo municipal Com o tempo, tornou-se a casa que conta a história do povo manauara, reunindo beleza arquitetônica, exposições tecnológicas, peças arqueológicas e artigos regionais

1950 - i.A.P.T.E.C. é primeiro prédio de Manaus: O prédio abrigava o antigo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Trabalhadores em Empresas de Cargas, localizado na avenida 7 de Setembro, foi o primeiro arranha-céu da cidade de Manaus Atualmente, é sede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)

1957 - Zona Franca de Manaus: O Polo Industrial de Manaus possui aproximadamente 600 indústrias de alta tecnologia gerando mais de meio milhão de empregos, diretos e indiretos, principalmente nos segmentos de eletroeletrônicos, duas rodas e químico Entre os produtos fabricados, destacam-se: aparelhos celulares de áudio e vídeo, televisores, motocicletas, concentrados para refrigerantes, entre outros

1960 - Criação da “TV Ajuricaba”, sendo a primeira emissora de TV do Amazonas: Os esforços para a implantação de uma emissora de televisão no Amazonas se deram a partir de 1965, quando os empresários Sadie Hauache e Khaled Hauache criaram a TV Manauara, um dos primeiros sistemas de televisão a cabo do país, utilizando cabos de transmissão alimentados pela rede elétrica que transmitiam para alguns dos cerca de 2 mil cidadãos manauaras que possuíam televisores em Manaus

1970 - Praia da Ponta negra: Originalmente, foi habitada pelos Manaós, que deram origem ao nome da cidade Possui uma infraestrutura que a transformou em um dos principais pontos turísticos da cidade e ponto de encontro de pessoas de todas as idades

1909 - Alfândega: Foi construído na primeira década do século 20 e hoje faz parte do Conjunto Arquitetônico do Porto de Manaus, tombado como patrimônio histórico nacional em 1987 Os dois prédios foram construídos pela firma inglesa Manaos Harbour Limited, como parte do contrato de concessão do porto da cidade.

1930 - Balneário do Parque 10: Nesta época, o turismo em Manaus já era uma proposta oferecida Desportos, banhos de igarapé e outras atividades que favoreciam à natureza estavam sendo valorizadas

1938 - Palácio Rio Branco: Foi sede provisória do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas e depois abrigou as instalações do Poder Legislativo do Amazonas até meados dos anos 2000 O prédio está localizado na Praça Dom Pedro II e a sua finalidade inicial era abrigar a Chefatura da Polícia, porém nunca ser viu para este fim. Atualmente, é administrado pela Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas (SEC) e funciona como Centro Cultural

1940 - instituto de Educação do Amazonas (iEA): Conhecido como IEA, é uma escola pública na cidade brasileira de Manaus, localizada no centro da capital, perto do Teatro Amazonas É uma das mais tradicionais e mais antigas instituições de ensino médio e fundamental do Estado, nasceu da necessidade de se ter na cidade uma escola tradicional que formasse professores para a prática do ensino Hoje é dedicada à formação de estudantes do ensino secundário e primário

1980 - Cine Chaplin: Inaugurado em 21 de abril de 1980, foi localizado na avenida Joaquim Nabuco e era a grande opção de divertimento nos anos 80 O cinema foi de propriedade da empresa Cinemas de Artes Ltda, de Joaquim Marinho e Antônio Gavinho.

1990 - inauguração do Amazonas Shopping em 1992: É reconhecido como um marco divisor de águas no desenvolvimento do comércio local, sendo o responsável por certa evolução no nível de estabelecimentos e consumo na cidade. O ponto onde está localizado o shopping também é estratégico no que se refere à malha viária, pois recebe fluxos de trânsito de todos os bairros de Manaus

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